ZONEAMENTO AGRÍCOLA DA CULTURA DA SOJA (Glycine max (L.) Merril) NO
DISTRITO FEDERAL
Emerson Teixeira de Sousa *
Vânia Lúcia Dias Vasconcellos *
Eduardo Delgado Assad **
* Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária/UnB
Caixa Postal 04597 Cep. 70919-970 BsB – DF
** Laboratório de Biofísica Ambiental – EMBRAPA Cerrados
BR 020 Km 18 Rod. BsB/Fortaleza Planaltina -DF
ABSTRACT
In this work, nine dates of sow were simulated to verificate the climatics riscks. This
represents, a possibility to improve the agricultural practice of soy in the State of Distrito Federal by
maps analysis.
INTRODUÇÃO
Uma das principais causas da variação da produtividade de grãos de soja no Brasil tem
sido a ocorrência de déficit hídrico. Portanto, o plantio em datas desfavoráveis, aumenta sensivelmente
as chances de perdas. O zoneamento agrícola de uma cultura é basicamente uma simulação do balanço
hídrico que indica épocas e locais favoráveis ao plantio.
Com base nos dados diários de chuvas ocorridas no DF, foi montado este trabalho que
representa uma tentativa de diminuir os riscos de perdas na produção da soja para o Distrito Federal.
Trata-se do zoneamento agrícola da soja, realizado no Laboratório de Biofísica Ambiental da
EMBRAPA Cerrados.
METODOLOGIA
SIMULAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO PARA AS LOCALIDADES SELECIONADAS NO
DISTRITO FEDERAL.
Depois de identificar as principais áreas produtoras de soja no DF, foi realizado um
levantamento pedológico nestas áreas com base no Boletim No 53 (1973) e observou-se que os
Latossolos Vermelho-Escuro e Latossolos Vermelho-Amarelo juntamente com os Cambissolos,
respondem por mais de 80% da área agricultada no Estado. O levantamento, realizado entre os meses
de setembro e novembro de 97, teve fundamental importânica na decisão de quais classes de solos
fariam parte do estudo.
Em seguida, dados diários de chuva foram coletados de 32 estações pluviométricas da
região e entorno, todos com um histórico mínimo de 15 anos, para a otimização das épocas de plantio
para a soja no Distrito Federal. Os dados de precipitação, foram organizados e preparados para a
simulação do balanço hídrico pelo modelo desenvolvido por BARON & CLOPES (1996), o
SARRAMET.
Para a simulação do balanço hídrico, foi utilizado o Sistema de Análise Regional dos
Riscos Agroclimáticos (SARRAZON), também desenvolvido por BARON & CLOPES (1996). Ele
utiliza informações simplificadas, embora, resulte em simulações com pequena margem de erro
(inferior a 10%), quando comparado às medições da evapotranspiração real, obtida pela sondagem de
nêutrons e pelo método aerodinâmico do balanço de energia (ASSAD, 1987). Toda a simulação foi
realizada no Laboratório de Biofísica Ambiental da EMBRAPA Cerrados no 1o semestre de 98.
O SARRAZON é um modelo aprimorado do BIPZON (utilizado em vários
zoneamentos de algumas culturas) e seus parâmetros de entrada são:
Precipitacão Pluvial Diária – Foram utilizados todos os dados coletados das 32 estações
pluviométricas do DF preparadas pelo SARRAMET.
Coeficientes Culturais (Kc) da Soja – Os dados de coeficiente cultural utilizados foram os
obtidos em estudos no CPAC e foram todos relacionados aos dados de chuva de cada
estação. Estes dados culturais, representam uma das premissas do modelo por terem
abrangência local, devendo ser corrigidos sempre que se altere a referência espacial.
Evapotranspiração Potencial da Soja – Para determinar a quantidade de água transpirada na
unidade de tempo para a soja, foi utilizada a equação de PENMAN (1963).
Capacidade de Água disponível (CAD) – Foram considerados os 3 tipos de solos citados e
os valores médios dos CAD (EMBRAPA, 98) usados na simulação foram: 50mm/m,
70mm/m e 80mm/m correspondendo aos Cambissolos, Latossolos Vermelho-Escuro e
Latossolos Vermelho-Amarelo respectivamente. Estes foram os dados que correlacionaram
a disponibilidade de água do período simulado às características físicas dos solos.
Análise de Sensibilidade – São dados relacionados à umidade onde, até 30mm de
precipitação há completa infiltração da água no solo (chuva limite), acima desta
precipitação, ocorre 20% de escoamento e o restande infiltra.
Profundidade Radicular – Como profundidade efetiva da soja, isto é, a profundidade
máxima onde o sistema radicular ainda possui considerável capacidade de absorção foram
de 50cm (AMABILE & RESCK, 1990).
Datas de Simulação – Para a simulação foram estipuladas datas precedentes em 30 dias ao
plantio e 30 dias pós-colheita para as nove datas de plantio espaçadas em 10 dias (de 5 de
outubro a 25 de dezembro), proporcionando ao modelo de simulação maior confiabilidade.
Foram simulados balanços hídricos para todos os anos compreendidos entre 1960 a 1997
para todas a estações.
Duração do Ciclo – Foram analisados os comportamentos de cultivares de ciclo curto (110
dias) e tardio (140 dias). O ciclo da planta foi dividido em 4 fases fenológicas: germinaçãoemergência, vegetativa, floração-enchimento de grãos e maturação. Foi considerado um
período crítico (enchimento de grãos) de 35 dias para a cultura de ciclo precoce e de 40 dias
para a soja de ciclo tardio. Esses período abrange do 45 aos 80 dias pós emergência para a
precoce e dos 60 aos 100 dias para as cultivares de ciclo tardio.
Dos parâmetros obtidos da simulação do balanço hídrico, o mais importante foi a
relação Etr/Etm (Evapotranspiração Real pela Evapotranspiração Máxima). Expressando a quantidade
de água que a planta consumiu e a que seria desejável para garantir a sua produtividade máxima. A
relação Etr/Etm ou Índice de Satisfação das Necessdades de Água (ISNA); foi calculada para todas as 4
fases das cultivares de ciclos tardios e precoces, mas, os resultados que foram utilizados no
zoneamento, referem-se aos ISNA médios da fase de enchimento de grãos.
Depois de determinados os ISNA em cada ano, foi realizada a análise freqüencial para
20%, 50% e 80% de ocorrência. No caso da espacialização, foi utilizada somente a freqüência de 80%.
Para efeito de diferenciação agroclimática no DF, foram estabelecidas três classes de
ISNA para a cultura da soja segundo STEINMETZ et al. (1985).
ISNA 0,65 – Região agroclimática favorável, com pequeno risco climático.
ISNA 0,55 e 0,65 – Região agroclimática intermediária, com médio risco climático.
ISNA 0,55 – Região agroclimática desfavorável, com alto risco climático.
Os ISNA foram espacializados no Sistema Geográfico de Informações (SGI),
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A projeção cartográfica utilizada
foi policônica, na escala de 1:1.000.000 sendo necessário portanto, a transformação das coordenadas
geográficas em cartográficas. Então foi feita uma leitura do arquivo de pontos; organização das
amostras e geração de uma grade regular que é retangular, regularmente espaçada de pontos, onde, o
valor da cota de cada ponto, é estimado pela interpolação de um número de visinhos mais próximos;
foram todos limitados para definir áreas de abrangência.
Os dados foram então convertidos no formato varredura-vetor e em seguida, foi feito
um refinamento da grade regular e fatiamento (MNT) para uma reclassificação dos mapas. Foram
gerados 54 mapas (3 classes pedológicas x 9 datas de plantio x 2 ciclos culturais) que discriminam as
regiões favoráveis ou não ao cultivo da soja.
Por fim, os 54 mapas gerados foram cruzados com o mapa de solos digitalizado, pela
montagem de um arquivo de regras relacionando os mapas de ISNA à classe pedológica a que se
refere.
RESULTADOS
áre as fa v o rá v eis
áreas in term ed iárias
áreas d esfav o ráveis
lag o s
áreas u rb an as
F ig u ra 1 - IS N A p ara LV d p lan tio 5 /1 0
O mapa da figura 1, confeccionado no CorelDRAW 7.0, exemplifica os resultados
obtidos com os 54 mapas. Ele representa o cruzamento dos riscos climáticos para um cultivar de ciclo
precoce, com os Latossolos Vermelho-Amarelo, na data de plantio de 5 de outubro para a região do
DF. Neste zoneamento, podemos verificar grandes áreas de riscos agrocilmáticos intermediários e na
parte oeste do DF (Alexandre Gusmão e Ceilândia), ocorrem áreas indicadas ao cultivo da soja por seu
pequeno risco climático.
CONCLUSÃO
O modelo desenvolvido por BARON & CLOPES (1996), já validado em diversos
estudos, mostrou-se viável na elaboração do zoneamento agroclimático da soja que pode representar
um apoio técnico no momento da decisão de onde e quando plantar soja no Distrito Federal.
BIBLIOGRAFIA
AMABILE, R. F. e RESCK, D. V. S. IICA/EMBRAPA (CPAC). Pesquisa em Andamento
No31. Abril de 1990.
ASSAD, E. D. Utilization des satellites méthéorologiques por le suivi agroclimatique des
cultures en zone sahelienne. Cas du Senegal. Montpellieur, 1987, 258p. Tese Doutorado.
BARON, C. e CLOPES, A. Sistema de Análise Regional dos Riscos Agroclimáticos
(SARRA). CIRAD. Paris, 1996.
PENMAN, H. L. Vegetation and hydrology. Harpenden : Commonwealth Bureau of Soils,
1963. 125 p. (Techinical Communication, 53).
STEINMETZ, S.; REYNIERS, F. N.; FOREST, F. Evaluation or the climatic risck on
upland rice in Brazil. In: Colloque Resistance a la Recherches em Millien Intertropical: Quelles
Recherches and Yield Pour le Moyen Terme?, 1984, Dakar. Proceedings. Paris: CIRAD, 1985. p 4354.
Download

ZONEAMENTO AGRÍCOLA DA CULTURA DA SOJA (Glycine max