UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM TERAPIA DE FAMÍLIA A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À FAMÍLIA NO COMPLEXO DE MANGUINHOS – PAIF (RJ) por NINA BARI ORIENTADORA: DIVA NEREIDA MARQUES M. MARANHÃO JANEIRO / 2007 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU EM TERAPIA DE FAMÍLIA A IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À FAMÍLIA NO COMPLEXO DE MANGUINHOS – PAIF (RJ) Monografia apresentada como requisito parcial para disciplina de Metodologia da Pesquisa para conclusão do curso de PósGraduação Lato Sensu em Terapia de Família por Nina Bari. AGRADECIMENTOS Agradeço às famílias participantes deste projeto, que muito contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, como também o enriquecimento de minhas potencialidades enquanto pessoa. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família que muito me ajudou, compreendendo a importância deste trabalho, quando não pude estar presente em várias ocasiões. RESUMO Este trabalho teve como principal atuação a observação das famílias do projeto PAIF, inseridas no período de agosto de 2004 a agosto de 2006. Estas famílias estão inseridas no Complexo de Manguinhos, que é um encontro de treze favelas onde cada uma mantém diferenças geográficas, estruturais e históricas. Famílias estas de classes menos favorecidas e que como outras tantas merecem um olhar mais direcionado da classe política. Estas famílias são em sua grande maioria numerosas e chefiadas por mulheres, que garantem o sustento da prole. Traduzir o desenvolvimento da prática neste trabalho teórico, teve a árdua tarefa de observação e respeito às várias formas de atuação de cada família. O projeto teve o intuito de desenvolver o senso crítico e participação da autonomia destas famílias. Durante o desenvolvimento deste trabalho observaremos a intenção à que foi atendida. Aprofundar o diagnóstico social do território, a partir da articulação da análise macro-social originada dos diversos institutos de pesquisa às informações micro-sociais advindas do conhecimento aprofundado das famílias e da articulação com outros parceiros sociais. Neste sentido colocam-se como exigências a atuação da rede de serviços da área como: escolas públicas e creches municipais, Centros de Saúde, articulação com as entidades representativas de moradores. Todo esse processo tentou viabilizar a emancipação e autonomia dessas famílias e teve como meta a constituição e instituição de encontros permanentes de discussão, avançou no fomento da participação nas decisões políticas concernentes a este território. METODOLOGIA A principal metodologia utilizada foi a pesquisa de campo por meio da atuação no projeto PAIF durante o período de agosto de 2004 a agosto de 2006. A observação do grupo de famílias e o desenvolvimento desses grupos, no sentido de um senso crítico. Emitir opiniões à cerca do tema proposto ou mesmo temáticas abordadas pelo próprio grupo. Desta forma contribuiu para um pensar crítico, autônomo e colabora no desenvolvimento da auto-estima, dos envolvidos no processo. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I CONTEXTUALIZANDO A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA 08 CAPÍTULO II CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA COMPLEXO DE MANGUINHOS - RJ DAS FAMÍLIAS DO 20 CAPÍTULO III O PROGRAMA DE ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF) E A SUA IMPLEMENTAÇÃO NO COMPLEXO DE MANGUINHOS - RJ 26 CONCLUSÃO 29 BIBLIOGRAFIA 31 ANEXOS 32 ÍNDICE 35 INTRODUÇÃO A implementação do programa PAIF na comunidade Manguinhos representa uma experiência inovadora dentro da estratégia de Promoção Social. Além de visar à consolidação de diversas iniciativas e projetos desenvolvidos na área social, estabelece parcerias entre setores da administração pública, da iniciativa privada e organizações da sociedade civil local. A referência norteadora desse programa está ancorada na concepção de desenvolvimento social integrado e participativo, cujo objetivo principal é a melhoria das condições de vida e de promoção social da população do Complexo de Manguinhos. O programa tem como objetivo a idéia de que impactos sociais e promoção da cidadania, com efetiva melhoria da qualidade de vida, pressupõem a superação de práticas clientelistas, ações pontuais e fragmentadas por meio de metas e ações multisetoriais, a corresponsabilização das comunidades, garantindo a sustentabilidade política, a afetividade e a resolutividade dos projetos e propostas de desenvolvimento local. O ponto de partida para a implementação do programa — que envolve a perspectiva do monitoramento e da avaliação de estratégias fundamentais dentro de propostas inovadoras de gestão social — vem da realização de um diagnóstico participativo que evidencie necessidades, demandas e potencialidades locais, oferecendo subsídios para o planejamento de intervenções promotoras do capital humano e social das comunidades. 1 1 Trabalho fundamentado pela Fundação Centro de Defesa dos Direitos Humanos Bento Rubião com apoio do PNVD / Caixa Econômica Federal. CAPÍTULO I CONTEXTUALIZANDO A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA A política econômica vivenciada no presente está vinculada num tripé que não podemos pensar isoladamente: a reestruturação produtiva, a ideologia neoliberal e a globalização. A reestruturação produtiva, que surge a partir da necessidade de uma reorganização do capitalismo mundial, devido a mais de uma de suas crises de superacumulação em 1973, é viabilizada pelo desenvolvimento tecnológico. As novas tecnologias e as novas formas de organização do trabalho criam condições para a substituição dos trabalhadores por máquinas especialmente em funções repetitivas ou que demandam um número muito grande de mãode-obra. O resultado imediato tem sido a crescente dispensa de trabalhadores. Essas novas formas de organização do trabalho se expressam na flexibilização das relações trabalhistas e nos “contratos” de trabalhos impostos pelo grande capital financeiro, que estão provocando a redução de trabalho vivo na produção e o crescimento da terceirização, ampliando o trabalho temporário e gerando a desestruturação de organizações civis e sindicatos profissionais. O aumento de produtividade não tem levado a uma expansão da produção, que cria também uma expansão do desemprego. É importante reconhecer, que um dos aspectos centrais da atual configuração da “questão social” perpassa pelo aumento do desemprego e a ampliação da precarização do trabalho (IAMAMOTO, op. cit.) afetando diretamente a vida do trabalhador. O sistema cria não somente marginalização, mas também exclusão social. Vale ressaltar que os anos 90 foram denominados de “a década perversa” por terem provocado a eliminação de dois milhões de vagas de trabalho destinadas a jovens entre 14 e 25 anos recrudescendo a exclusão no mercado de trabalho, promovendo também a segregação daqueles que jamais terão acesso a esse mercado, gerando o que Castel denomina de “sociedade de trabalhadores sem trabalho”. O projeto neoliberal que hoje se espraia mundialmente tem na América Latina e em particular, no Brasil, um dos exemplos mais perversos do corte de direitos, notadamente os sociais. Segundo o ideário neoliberal, as raízes da crise do Estado de Bem-Estar social se localizam no movimento operário e nas lutas sindicais, que corroem as bases de acumulação capitalista ao realizarem pressões reivindicativas sobre o aumento dos salários e dos gastos sociais. O neoliberalismo vem romper com esses movimentos sindicais, restaurando uma “saudável” e “desejável” taxa de desemprego, criando um exército de reserva e desmobilizando os sindicatos. Vem ainda promover a redução da responsabilidade do Estado, privatizando o financiamento da produção e dos serviços e cortando os gastos sociais, canalizando-os somente para os grupos extremamente carentes. “Para os neoliberais, o Estado controlador é uma violação à liberdade econômica, moral e política, que só o capitalismo liberal pode garantir” (LAURELL, 1995:65). A globalização atinge profundamente o processo produtivo, mas também rebate nos processos políticos. Para preservar-se e reproduzir-se, o capitalismo adota um modelo de acumulação que possibilita o aumento das atividades financeiras e autônomas sem centralização estatal, posto que são dotadas de grande mobilidade (proporcionada principalmente pela Tecnologia de Comunicação). Por outro lado, a minimização do papel do Estado reduz a soberania. No Brasil, estes três fenômenos irão se refletir de forma feroz. Em 1989, a política econômica brasileira começava a se render ao ideário neoliberal com um plano que preconizava a privatização de empresas estatais, a abertura para o mercado de trabalho externo, o corte de gastos públicos e a desmobilização dos setores populares. Porém a desregulamentação, flexibilização e privatização, que são elementos essenciais da globalização econômica e estão expressos na ideologia neoliberal, só foram efetivamente implementados a partir de 1994. O Estado operou eficientemente contra a Constituição Federal promulgada em 1988, iniciando uma reforma constitucional que acabou por retirar elementos fundamentais de seu texto e subtraiu as bases de sustentação econômico-financeiras para a implementação daquela alternativa, ao mesmo tempo em que conduz a implementação do projeto do grande capital. Os direitos sociais consagrados na Constituição foram postos como “financeiramente insustentáveis” e desmontados a fim de que o país pudesse ser governado de acordo com a ideologia neoliberal (IBID, op. cit.). Neste sentido, ampliou-se a transferência de responsabilidade do Estado para a sociedade civil no campo da prestação de serviços sociais. Esta vem se traduzindo, por um lado, em um crescimento de parcerias do Estado com organizações não-governamentais (ONGs), que atuam na formulação, gestão e avaliação de programas e projetos sociais em diversas áreas. Trata-se de uma das formas de terceirização da prestação de serviços sociais, evitando-se a ampliação do quadro de funcionários públicos. Com a contratação das ONGs tende a se efetivar segundo projetos temporários ou de tarefas preestabelecidas esse caráter eventual também exprime os contratos de trabalho do corpo técnico recrutado pelas ONGs. Este passa a ser submetido à precarização de trabalho e à restrição de direitos sociais e trabalhistas. A administração das ONGs passa hoje, inclusive, pelo crivo gerencial, envolvendo o debate sobre as funções de planejamento, organização, direção e controle nas particularidades de tais organizações. A filantropia empresarial ou um novo tipo de ação social por parte das denominadas “empresas cidadãs”, “empresas solidárias”, que fazem investimento social em projetos comunitários considerados de “interesse público”, torna-se um potencial espaço ocupacional para os profissionais que atuam na área social. Mesmo diante do quadro que se coloca na sociedade brasileira, o Estado vem promovendo o desmonte das políticas sociais, e sem esse instrumental, com o que poderá contar a população? Nosso Estado de democracia aparente tem o discurso da liberdade e igualdade dos cidadãos sem garantir a todos o acesso a seus direitos. Dessa forma, a população passa a sofrer o que se chama de “violência estrutural”, onde o Estado possui um processo seletivo de escolha, decidindo quem são os cidadãos e portadores de direitos, e quem vai fazer parte da grande massa de excluídos. Logicamente, o novo contexto vem trazendo seguidamente novas demandas e é neste cenário que devemos pensar ações que possam fortalecer o projeto profissional engendrado desde a década de 80 do século XX comprometendo-se medularmente com a defesa dos direitos sociais, da cidadania e da ampliação da democracia política e econômica na sociedade. Não se pode limitar somente dar respostas imediatas às demandas que são postas na prática profissional, mas atender para uma reelaboração e redefinição das formas de enfrentamento destas, a médio e longo prazo. Hoje, o mercado demanda profissionais capacitados para atuar na esfera da formulação, da execução e da gestão de políticas públicas e de políticas sociais, indo além de rotinas institucionais. Para tanto devemos ser tradutores destas demandas e proporcionar a elaboração de políticas sociais a fim de atuar não só sobre as seqüelas sociais advindas dessa violência (LEITE e RODRIGUES, 2000), mas também na antecipação de demandas e soluções. A política social no Brasil tem funcionado ambiguamente na perspectiva de acomodação das relações entre o Estado e Sociedade Civil, e desde logo, cabe observar que as políticas sociais no contexto das prioridades governamentais, nos últimos anos, vêm se caracterizando por sua pouca efetividade social e por sua subordinação a interesses econômicos, configurando “aspecto excludente que marca os investimentos sociais do Estado” (JACOB, 1989:9). Por outro lado, cresce a dependência de segmentos cada vez maiores da população, da intervenção estatal no atendimento de suas necessidades, particularmente no que se refere às condições de vida no espaço urbano. No Brasil, a assistência social foi introduzida na Constituição de 1988 quase como uma cópia de projetos de seguridade social de outros países, enquanto garantia de proteção social aos cidadãos. De lá para cá, vai-se adensando uma reflexão sobre assistência social enquanto política pública e, mais enquanto política pública voltada para a proteção social. Nem sobre isso tinha-se muita clareza antes de 1988. Entendia-se que a Assistência social era basicamente uma ação para minorar ou combater a pobreza; não se tinha dimensão da Assistência Social enquanto política que compõe a seguridade social, voltada, portanto para a proteção social. Em face de uma demanda crescente, sobretudo das populações carentes, a intervenção do Estado vem se revelando inoperante e incapaz de modificar, ao final dos anos 80, o perfil de desigualdade social que caracteriza a sociedade brasileira, que, ao contrário, agrava-se diante da recente política recessiva e do enorme desemprego por ela gerado. Essa modalidade de tratamento que o Estado vem dispensando aos segmentos mais pauperizados da força de trabalho deve ser apreendida no contexto contraditório das mutações econômicas, sociais e políticas que vêm caracterizando o desenvolvimento capitalista no Brasil, sobretudo nas três últimas décadas. Produto de uma longa trajetória histórica marcada pela exacerbação do contraste entre riqueza e miséria, temos hoje no país um “Estado de Mal-Estar social das civilizações” (FREUD, vol. 20), em que as intervenções no âmbito social e particularmente na Assistência Social, vêm representando um espaço de menor relevância na administração pública. A política de Assistência Social vem sendo vinculada à pobreza da periferia urbana, com suas características típicas de grande incidência de pobreza e violência. A região Metropolitana do Rio de Janeiro composta por várias comunidades, que se alinham no entorno dos bairros aparece como um lócus privilegiado para o estudo das desigualdades sócio-econômicas e dos possíveis impactos que a reestruturação produtiva dos anos 90 pode ter provocado no padrão de pobreza e espacialidade da região. No que tange aos aspectos demográficos, as comunidades apresentam grande crescimento que inclusive ultrapassou aquele alcançado pelos núcleos urbanos, o que está vinculado ao esgotamento espacial e econômico do município e ainda ao crescimento progressivo do número de famílias que não possuem meios materiais suficientes para a sobrevivência nas áreas mais centrais dos municípios. Assim, o processo de periferização visível no conjunto das áreas metropolitanas do Brasil constitui também uma característica dos anos 80. Trata-se, segundo Oliveira e Felix (1995:38) da “expansão horizontal da população socialmente excluída”. Segundo Rocha (1994:130) a periferização tem também como um de seus condicionantes o fechamento do centro como lócus de moradia da população pobre “devido ao esgotamento de espaços lócus e conseqüente aumento do valor das moradias, seja devido a mecanismos institucionais ou não, que impedem o avanço da favelização do núcleo”. Especificamente, no que tange à Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a população do núcleo urbano passou de 46,3% do total populacional em 1970 para 42,8% em 1991; enquanto a população da comunidade evoluiu de 27,3% do total em 1970 para 33,8% em 1991 (OLIVEIRA e FELIX, 1995:39). O crescimento em geral da pobreza brasileira é encontrado portanto como resultado da estagnação econômica e principalmente da pior distribuição de renda que se verifica com maior ênfase nas regiões metropolitanas. O total de pessoas pobres na região Metropolitana do Rio de Janeiro atinge 27,8% do total de pobres em regiões metropolitanas no Brasil e perfaz um número absoluto de pobres que supera o da região Metropolitana de São Paulo, apesar do maior peso demográfico desta. Dupas (1999) demonstra que a espiral de exclusão se alonga na medida em que as populações pobres e miseráveis que possuem as menores taxas de escolaridade do país serão sempre os primeiros cortados (mas não os únicos) direta ou indiretamente por um processo de reestruturação capitalista que tende a: 1. Gerar menos empregos diretos e formais por dólar investido. 2. Uma flexibilização continuada da mão-de-obra que deve ser progressivamente “mais variável” no custo dos produtos (bens e serviços). 3. Incorporar crescentes espaços para a utilização de trabalho informal e de baixos salários. A discussão acerca desta nova pobreza vem sendo desenvolvida ao longo dos anos 90. Esta discussão aponta que as áreas periféricas estão se transformando em espaços de concentração de população pobre com características diferentes da tipicidade histórica que podia ser aí encontrada. Os habitantes desqualificados, de possuem tais uma espaços, imagem além de marcada serem socialmente publicamente pela negatividade, caracterizada pela associação direta da área com delinqüência e desclassificação social. Assim, além da privação material, a pobreza dessas áreas sofre uma desapropriação simbólica que faz com que os habitantes desenvolvam estratégias individuais e coletivas para retomar a posse de sua identidade e reafirmar a legitimidade de sua própria condição. A sobredeterminação da pobreza consiste no fato de que morar no bairro degradado impõe dificuldades de várias ordens: procura de emprego, o que leva a sedimentação do desemprego na região, envolvimentos amorosos e relação com a política principalmente. Mais uma vez trata-se aqui de um processo de degradação simbólica. “O espaço social reificado (isto é, fisicamente realizado ou objetivado) se apresenta, assim, como a distribuição no espaço físico de diferentes espécies de bens ou de serviços e também de agentes individuais e de grupos fisicamente localizados... e dotados de oportunidades de apropriação desses bens e desses serviços mais ou menos importantes (em função do seu capital e também da distância física desses bens, que depende ta,bem de seu capital) na relação entre a distribuição dos bens no espaço que se define o valor das diferentes regiões do espaço social reificado” (BOURDIEU, 1998:161). O instrumento legal que regulamenta os pressupostos constitucionais, ou seja, aquilo que está escrito na Constituição Federal, nos seus Artigos 203 e 204 que definem e garantem os direitos à Assistência Social, é a LOAS — Lei Orgânica da Assistência Social nº 8742, de 07 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. A LOAS institui benefícios, serviços, programas e projetos destinados ao enfrentamento da exclusão social dos seguimentos mais vulnerabilizados. Os pressupostos constitucionais de Assistência Social também se concretizam por intermédio da Política Nacional de Assistência Social. A Política Nacional de Assistência Social é um documento normatizador das ações de Assistência Social concebidas na LOAS. A Política, ao definir diretrizes, princípios, estratégias e formas de gestão da Assistência Social, constitui um instrumento de gestão que transforma em ações diretas os pressupostos legais, estabelece as competências e os fluxos entre as três esferas de governo. Elaborada em parceria com Organizações Governamentais e NãoGovernamentais, e propostas pelo gestor federal, a Política Nacional da Assistência Social. O Conselho Nacional é formado por igual número de representantes da Sociedade civil e das esferas governamentais. Dentre várias atribuições compete ao Conselho Nacional de Assistência Social, aprovar a Política Nacional de Assistência Social, normatizar as ações e regular a prestação de serviço de natureza pública e privada no campo da Assistência Social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada pelo órgão da administração pública federal responsável pela Coordenação da Política Nacional de Assistência Social. A organização da gestão das ações de assistência social está disciplinada pela Norma Operacional Básica da Assistência Social publicada em 1999 – NOB. A NOB é instrumento que explicita procedimentos e define estratégias e fluxos operacionais do processo descentralizado e participativo da Assistência Social. A Norma Operacional é, portanto, um documento regulador e normatizador que complementa a Política Nacional de Assistência Social. Municipalizar a Assistência Social não significa abster o estado da sua tarefa. Representa pelo contrário dar ao Estado o papel fundamental no apoio aos municípios, no acompanhamento das ações e na criação de pólos regionais para a solução de problemas que ultrapassem os limites municipais. O desafio da descentralização só poderá ser enfrentado com êxito se a coordenação e a implementação do modelo descentralizado e participativo da Política Nacional de Assistência Social forem conduzidas mediante uma atuação conjunta das e esferas de governo. A parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social constitui estratégia fundamental, cujo eixo central é o papel do município como executor da política de Assistência Social. A municipalização da Assistência Social possibilita a tomada de decisão mais próxima do local onde os problemas acontecem, o que permite uma chance maior de resposta imediata e concreta. Além disso, a proximidade propicia uma participação mais efetiva dos grupos que vivenciam o problema, em especial daqueles mais fragilizados, seja na tomada de decisão, ou seja, na implantação das medidas que se façam necessárias. Para isso, o Prefeito e seu Secretário, como autoridades mais próximas da comunidade representantes de seus municípios, devem conduzir o projeto político de desenvolvimento local integrado buscando propiciar maiores condições e qualidade de vida à população. Como prioridade devem focalizar o atendimento às necessidades básicas dos segmentos vulnerabilizados pela pobreza e pela exclusão social no âmbito de suas responsabilidades. O gestor municipal deve tomar conhecimento dos riscos a que está exposta a população do seu município colocando à disposição da sociedade a chamada rede de proteção, destinada àqueles que estão iniciando o processo de exclusão, como, por exemplo, os indivíduos que estão saindo da escola, faltando às aulas, que estão entrando no trabalho infantil, que estão se iniciando em atividades marginais. Outro enfoque municipal é buscar focalizar pessoas que estão fora dessa rede de proteção e que constituem, evidentemente, nos grupos mais fragilizados, mais vitimizados pelo processo de exclusão. Para este grupo, temse uma rede de inclusão, onde as condições mínimas de sobrevivência estão garantidas. As competências do gestor federal, ou seja, governo federal é representado hoje, pela Secretaria de Estado de Assistência Social, órgão responsável pela área em âmbito nacional. As principais competências da Secretaria — o gestor federal — são a implementação da Política Nacional de Assistência Social e a Coordenação Geral do Sistema descentralizado e Participativo da Assistência Social. As competências do gestor estadual, ou seja, o governo estadual é representado, de maneira geral, por Secretarias Estaduais de Assistência Social ou Secretarias de Ação Social, ou congênere, órgão responsável pela área no âmbito de cada unidade da Federação. As principais competências do gestor estadual são a implementação da Política Nacional de Assistência Social e a Coordenação Geral do Sistema descentralizado e Participativo da Assistência Social, no seu âmbito. O governo municipal é representado, de maneira geral, onde existe, pela Secretaria Municipal de Assistência Social, ou congênere, órgão responsável pela área no âmbito de cada município. Executar a Política Nacional de Assistência Social é a principal competência do gestor municipal. A idéia de esfera pública remete a um espaço de aparecimento e visibilidade, significando que tudo o que vem a público pode ser visto e ouvido por todos e é essa visibilidade pública que constrói a realidade, que forja um mundo comum. Os caminhos de formação dessa esfera comum são construídos pelo discurso e pela ação dos sujeitos sociais que, estabelecendo uma interlocução pública, possam deliberar em conjunto as questões que dizem respeito a um destino coletivo. As possibilidades de mudanças nesse quadro surgem a partir da conjuntura dos anos 80, quando, no contexto da crise social e da luta pela democratização, propiciou-se novo cenário político para a Assistência Social. Essas foram impressas na Constituição de 88 que estabelece forma de participação da sociedade civil no controle das políticas sociais e ganham destaque à criação dos conselhos. CAPÍTULO II CARACTERIZAÇÃO SÓCIOECONÔMICA DAS FAMÍLIAS DO COMPLEXO DE MANGUINHOS - RJ O Complexo de Manguinhos situa-se na Zona Norte do Município do Rio de Janeiro, IV Distrito Sanitário, ao longo da Estrada de Ferro da Leopoldina ocupando uma área localizada nas 10ª (Ramos) e 12ª (Inhaúma) Regiões Administrativas. Sua área é cortada pelos rios Faria e Jacaré, que, juntos, encontram o Canal do Cunha. Ao longo dos seus trajetos, esses rios são altamente poluídos, tanto por servirem de escoamento industrial, como por receberem dejetos da própria população que vive às suas margens. A compactação do solo da região dificulta, em larga escala, a absorção da água das chuvas de verão, provocando enchentes gravíssimas. O complexo é formado por 11 comunidades: Parque Oswaldo Cruz, Parque Carlos Chagas, Parque João Goulart, Vila Turismo, CHP2, Vila União, Vila São Pedro, Conjunto Nelson Mandela, Conjunto Samora Machel, Comunidade Agrícola de Higienópolis e Mandela de Pedra. Inicialmente uma área de chácaras e fazendas que abasteciam o centro urbano, Manguinhos iniciou seu processo de transformação urbana a partir da implantação da Estrada de Ferro do Norte (posteriormente, Estrada de Ferro da Leopoldina) em 1886. Com a função de transportar de transportar a produção das fazendas para o centro, a estrada foi responsável pelo processo de (sub) urbanização da área periférica à cidade, tradicionalmente rural. Por ser área de mangue constantemente invadida pelas marés, ficou conhecida como Manguinhos. A abertura da Estrada de Ferro e a implantação pelo Dr. Osvaldo Cruz, do Instituto Soroterápico Federal (atualmente Fundação Osvaldo Cruz) em 1900, definiram a reconfiguração do espaço, de rural para urbano, várias terras foram paulatinamente sendo desmembradas e parceladas sob forma de loteamentos para uso residencial. A implantação do Instituto na área, distante do centro para a época, instaurou o processo de ocupação desordenada da região, os próprios funcionários do Instituto, sem condições de arcar com os custos de transporte construíram suas casas na área hoje conhecida como “Parque Osvaldo Cruz”. Em 1941, a abertura da rua Carlos Chagas e a rua Leopoldo Bulhões (que teria sido a antiga estrada Rio de Petrópolis, segundo informações de moradores) possibilitaram a ocupação da área compreendida entre os rios Faria Timbó e Jacaré, conhecida como “Parque Carlos Chagas”, área tradicionalmente de Manguezal. O processo de ocupação de Manguinhos se acelerou a partir das décadas de 50 e 60, com a política de remoção de favelas. Parque João Goulart, Vila Turismo e CHP2 foram formadas por moradores removidos de favelas próximas ou da Zona Sul: Caju (Parque João Goulart), Praia do Pinto, Esqueleto Cachoeirinha, Catacumba, Rocinha (CHP2). O Conjunto Habitacional Provisório 2 (CHP2) denominação dada aos conjuntos construídos pela Fundação Leão XIII, foi resultado da política de erradicação de favelas da época levada adiante pelo governo Carlos Lacerda. Os conjuntos habitacionais Nelson Mandela e Samora Machel e a comunidade de Mandela de Pedra, limítrofe a estes, são ocupações mais recentes, de aproximadamente uma década, têm sido construídos pela Prefeitura para o assentamento de famílias desabrigadas às enchentes do final da década de 80. A Vila São Pedro e a Comunidade Agrícola Higienópolis, um pouco mais distantes das demais, completam o Complexo de Manguinhos. A área de ambas pertencia ao Abrigo Cristo Redentor, tendo sido ocupada, a 1ª, na década de 80 e, a segunda, na década de 90. Embora a relação da Comunidade Agrícola com a região de Manguinhos seja menor (devido à distância que a separa desta região), existem elementos que os aproximam como a Fundação Osvaldo Cruz, as escolas, o lazer (futebol), etc... A população atual do complexo está próxima a 60.000 habitantes. Destes, 54% encontram-se na faixa de 15 a 49 anos caracterizando uma população jovem/adulta. Existe ligeira predominância da população feminina (50%) em relação à masculina (48%). A área possui cerca de 12.000 domicílios ocupados por 3,7 habitantes, em média. A maior parte destes domicílios, cerca de 70%, é construída em assentamentos regulares. Os demais 30% estão construídos em áreas consideradas irregulares, provisórias ou de risco. No bairro de Manguinhos, a renda per capita está em torno de R$ 148, 00, segundo dados do IDH do RJ. Além disso, aproximadamente 45% da população economicamente ativa está no mercado informal de trabalho mantendo uma situação de trabalho precária. Em relação ao IDH, o bairro de Manguinhos fica em torno de 0,606, isto é, dentre os 161 bairros da cidade, Manguinhos ocupa a 155ª posição, tendo somente 06 bairros em pior situação quanto à qualidade de vida: Guaratiba, Complexo da Maré, Rocinha, Complexo do Alemão, Santa Cruz e Acari. Importante chamar atenção para o fato de que o complexo está longe de ser caracterizado como uma região homogênea, onde todos os seus habitantes partilham as mesmas condições de vida. Diferentemente disso, a configuração social de ocupação da área apresenta uma disposição altamente complexa, marcada por expressivas diferenças e contrastes socioeconômicos, embora dentro de um ambiente cujo denominador comum é a pobreza. Um dado importante neste cenário é, sem dúvida, a situação de falência das políticas públicas em qualquer dos três níveis em suprir tais comunidades (mesmo que situadas dentro da cidade do RJ, com uma infra-estrutura de serviços sociais públicos de qualidade), recuperando os déficits já existentes, planejando a expansão das necessidades, enfim, integrando as favelas ao conjunto dos bairros da cidade. Desemprego, trabalho informal, renda per capta baixíssima, baixos indicadores de educação e saúde, analfabetismo entre adultos, presença da desnutrição, alto índice de gravidez entre adolescentes, péssimas condições de habitação, saneamento e ambiente, ausência de oportunidades culturais e de lazer, revelam a ausência ou insuficiência de serviços dirigidos ao atendimento das necessidades essenciais. Isso se evidencia nas demandas e expectativas enunciadas pela população, quando da realização do Diagnostico Rápido Participativo junto às Comunidades do Complexo de Manguinhos. A questão está relacionada com a visível ociosidade dos adolescentes e adultos jovens no Complexo e com os baixos níveis de escolaridade da população em geral, uma alta taxa de desemprego nessa faixa etária. Há considerável evidência empírica mostrando a correlação entre anos de estudo e nível de renda. A população traduz com propriedade e preocupação com o futuro dos jovens e vislumbra nos cursos profissionalizantes, sobretudo na informática, um caminho para a inserção no mercado de trabalho e o conseqüente aumento da renda familiar. O desafio em Manguinhos, como em outros grandes complexos de favelas da cidade é retirar esse contingente considerável de jovens da fronteira tênue entre a desocupação pura e simples, o subemprego ou desemprego e a influência do tráfico. As soluções não são simples. A complexidade do problema exige a introdução de experiências bem sucedidas em outras regiões, bem como a ampliação ou esforço das parcerias existentes. Trata-se de buscar soluções que integrem a escolaridade formal — através da ampliação de matrículas e de medidas para evitar o fracasso escolar — com programas de aceleração escolar, cursos supletivos, cursos de capacitação profissional, cursos de informática, entre outros. É interessante perceber um relativo consenso entre o poder público e a sociedade como um todo, quanto à importância de se buscar soluções para o problema. A preocupação da SMAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) fica visível a partir do elenco de projetos e iniciativas voltados especialmente para o adolescente e o adulto jovem em situação de vulnerabilidade ou de risco social, convergindo para a proposta de implantação dos CRAS — Centros de Referência da Assistência Social. Há evidências no diagnóstico, a quase total ausência de áreas de lazer, praças, quadras esportivas, entre outros equipamentos urbanos. A exceção aqui é a presença de campos de futebol. Sem dúvida, a implantação de um Centro Olímpico ou algo do gênero para atender aos moradores e principalmente aos jovens, é central e prioritário em grandes complexos como é o caso de Manguinhos. Um desafio para o poder público é, sem dúvida, as questões que se referem ao meio ambiente, e do saneamento em seu sentido mais amplo (água, lixo, esgotamento sanitário). Vale ainda registrar que apesar da área possuir um sistema de coleta de lixo e de abastecimento de água, cobrindo a quase totalidade das moradias, a qualidade e precariedade dos mesmos é referido por toda a comunidade. Isso de traduz, na demanda pela melhoria de qualidade da água e na freqüência no abastecimento e não na extensão pura e simples da rede. A construção, a extensão de rede e o tratamento do esgoto constituem importantes demandas como implantação de cursos profissionalizantes, construção de postos de saúde, implantação de atividades culturais e educativas, creches comunitárias, ampliação do ensino fundamental ate a 8ª série, criação de escolas de ensino médio, reurbanização ampliada, construção de rede de esgoto, reparo e limpeza na rede de esgoto. Outra significativa reivindicação da população local é justamente a integração dos grandes equipamentos públicos da área, relevando a importância da intersetorialidade, da interlocução permanente e da realização de parcerias para a solução dos problemas locais. Como se sabe, é enorme a dificuldade de diálogo não só entre setores diversos da administração pública, mas, sobretudo entre os três níveis de governo. A intersetorialidade e a formação de parcerias para o desenho de uma agenda integrada é um dos grandes desafios para a gestão e para o monitoramento/avaliação de projetos de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável. CAPÍTULO III O PROGRAMA DE ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA E A SUA IMPLEMENTAÇÃO NO COMPLEXO DE MANGUINHOS - RJ O processo de aprofundamento da Assistência Social enquanto política pública avança com as diretrizes para a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), pautado na concepção de direitos e vinculado à perspectiva de universalização. Neste contexto observamos que as ações desenvolvidas no CRAS Manguinhos vêm contemplando algumas diretrizes centrais apontadas pelo SUAS, já que o mesmo representa um esforço de efetivação da LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social). O CRAS Manguinhos, tem como função precípua o atendimento às famílias, visando colaborar com a superação de suas vulnerabilidades. Neste sentido, o programa de atendimento Integral à família — PAIF — coloca-se como articulador de intervenção do CRAS, a partir das seguintes ações: ̇ Aplicação e articulação da rede de serviços visando propiciar às famílias acesso às políticas públicas como sujeitos de direito. ̇ Efetiva sistematização das informações, culminando com um banco de dados que deverá ser continuamente alimentado por insumos provenientes dos diferentes projetos, permitido maior alcance de vigilância da exclusão, bem como a construção de mecanismo de inclusão. ̇ Intensificação do trabalho intersetorial, objetivando que as diversas secretarias municipais trabalhem com a mesma concepção de direitos e universalização que dão suporte às ações de secretaria. No entanto, para que este objetivo seja alcançado faz-se necessário uma real articulação a nível gerencial, que possa refletir positivamente na constituição da intersetorialidade local. Destaca-se como estratégia fundamental para a qualificação da intervenção da Secretaria a articulação com os outros CRAS da mesma área de abrangência, visando uma ação integrada. O CRAS tem a função de trabalhar para a promoção social da população atendida visando retirá-la da sua situação de extremo risco social, buscando sua reintegração social. Integra-se a partir das diretrizes emanadas do SUAS (Sistema Único da Assistência Social). Assim desenvolve programas e projetos originados do Governo Federal em parceria com o Município e prioriza suas atividades pautadas nos princípios básicos da Constituição Federal e da lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Como construção do Programa de Atendimento Integral à Família implementamos os seguintes projetos: ̇ Rio experiente - Aprimorar o trabalho junto à população idosa no sentido de ampliar o vulnerabilidades exercício que da exijam cidadania uma como intervenção também de identificar cunho mais individualizado. ̇ Programa de aumento da Escolaridade (PAE) - Intensificar o processo de supervisão e articulação às demandas de escolarização identificadas visando à inclusão de novos sujeitos no programa. ̇ Acompanhamento sistemático de jovens e adultos em programas de educação para o trabalho e geração de renda. ̇ Acompanhamento psicossocial das famílias incluídas no programa BolsaFamília, através de encontros semanais onde são discutidos diversos temas emergidos pelo grupo. Neste sentido colocam-se como exigências fundamentais: ̇ Visitas às escolas: CIEP JK, Escolas Municipais Professora Maria de Cerqueira Albino Souza Cruz e Ema Negrão de Lima. ̇ Visita ao Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, situado na Fundação Osvaldo Cruz, objetivando apresentar as demandas identificadas no CRAS com o intuído de colaborar com as ações da unidade de saúde. ̇ Participação em espaços coletivos de representação institucional, visando fomentar o monitoramento das políticas públicas e colaborar na elaboração de estratégias de enfrentamento da pobreza. ̇ Articulação com as entidades representativas de moradores, objetivando intensificar a construção de mecanismos viabilizadores da emancipação e autonomia da população tendo como meta a constituição e instituição de um fórum permanente de discussão, que avance no fomento da participação da população nas decisões concernentes ao território. CONCLUSÃO Aprovar uma política de Assistência Social, enseja a adoção de um conjunto de medidas mediante planejamento estratégico do processo de implementação da mesma. Portanto faz-se necessário uma agenda das prioridades da Secretaria Nacional de Assistência Social, contemplando medidas de monitoramento, bem como medidas de ordem operacional, as quais deverão ser articuladas e objetivadas em um conjunto de iniciativas, dentre as quais: ̇ Planejamento de transição de implementação do Sistema Único de Assistência Social, como estratégias que respeitam as diferenças regionais e as particularidades da realidade brasileira. ̇ Elaboração e apresentação do Plano Nacional de Assistência Social na perspectiva da transição do modelo atual para o Sistema Único de Assistência Social. ̇ Elaboração de uma Norma Operacional Básica de Assistência Social que disciplina a descentralização político-administrativa, o financiamento e a relação entre as três esferas de governo. ̇ Elaboração de uma Política Nacional de Regulação da Assistência Social (Proteção Social Básica e Especial) pactuada com as comissões intergestoras. ̇ Elaboração de uma Política Nacional de Recursos Humanos da Assistência Social. ̇ Elaboração de uma Norma Operacional básica de Recursos Humanos da Assistência Social. ̇ Elaboração de uma metodologia de construção de índices territorializados de vulnerabilidade ou exclusão/inclusão social de todos os municípios brasileiros. Tendo em vista que a política de Assistência Social sempre foi o espaço para operar benefícios, serviços, programas e projetos de enfrentamento à pobreza, considera-se a erradicação da fome componente fundamental nesse propósito. A experiência acumulada da área que é preciso articular distribuição de renda com trabalho social e projetos de geração de renda com as famílias. É nesta perspectiva que se efetivará o novo modelo de gestão da política de Assistência Social, com a política de segurança alimentar e a política de transferência de renda, construindo-se, então, uma política de proteção social no Brasil de forma integrada a partir do território, garantindo sustentabilidade e compromisso com um novo pacto de democracia e civilidade. BIBLIOGRAFIA AFONSO, Lucia. Observação sobre a orientação metodológica para visitas domiciliares, entrevistas, trabalho com famílias, grupos e comunidade. Relatório Preliminar de Consultoria a SMAS/PBH, 2004. ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL. Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração/Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Brasília/DF, 2004. DI GIOVANNI, Geraldo. Sistemas de Proteção Social: uma introdução conceitual. In: Reforma do Estado e Políticas de Emprego no Brasil. Campinas/SP: UNICAMP, 1998. PAIVA, Beatriz Augusto. Bases de Construção do Sistema Único da Assistência Social – SUAS. Relatório Final de Consultoria ao MDS, 2003. PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – Gerência de Coordenação da Política de Assistência Social – Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, 2004. ANEXOS ÍNDICE RESUMO 04 METODOLOGIA 05 INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I CONTEXTUALIZANDO A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA 08 CAPÍTULO II CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA COMPLEXO DE MANGUINHOS - RJ DAS FAMÍLIAS DO 20 CAPÍTULO III O PROGRAMA DE ATENDIMENTO INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF) E A SUA IMPLEMENTAÇÃO NO COMPLEXO DE MANGUINHOS - RJ 26 CONCLUSÃO 29 BIBLIOGRAFIA 31 ANEXOS 32 ÍNDICE 35