1272 DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DOS HOMENS NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DIFFICULTIES ENCOUNTERED IN THE IMPLEMENTATION OF THE NATIONAL POLICY FOR INTEGRAL ATTENTION TO MEN'S HEALTH IN PRIMARY CARE UNITS Danuza Conceição de Jesus Enfermeira. Especialista em Metodologia Ensino Superior, Faculdade Batista Brasileiro. Professora de Fundamentos do cuidar na Faculdade Dom Pedro II. E-mail: [email protected] Regianne Pereira da Silva Enfermeira. Graduada pela [email protected] Faculdade Dom Pedro II, Salvador-BA, Brasil. E-mail: RESUMO A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do homem (PNAISH) foi lançada em 2009 com a finalidade de aumentar a expectativa de vida da população masculina. Esta revisão sistemática teve como objetivo identificar quais fatores podem influenciar no processo de implementação da PNAISH nas Unidades Básicas de Saúde e sugerir medidas para diminuir a distância entre a formulação e a implementação, a nível municipal. Para isso foram analisados 9 estudos publicados no período entre 2010 e 2013 nas bases de dados indexadas na Biblioteca Virtual em Saúde. A partir dos resultados obtidos foi possível identificar fatores comportamentais, influenciados pelas relações de gênero e fatores institucionais, que foram posteriormente discutidos e concomitantemente apresentadas algumas medidas para diminuir a influência dos mesmos na procura pelos serviços. Os profissionais de saúde e os gestores podem a partir das suas convicções pessoais influenciarem no sucesso da implementação. Devem promover a dissolução das relações de gênero através da conscientização e sensibilização dos homens por programas específicos, focados nas suas necessidades. PALAVRAS-CHAVE: Saúde do homem. Atenção Primária à Saúde. Políticas de Saúde. Identidade de gênero. Homens. ABSTRACT The National Policy for Integral Attention to Men's Health (PNAISH) was launched in 2009 with the purpose of increasing the life expectancy of the male population. This systematic review aimed to identify factors which can influence the process of implementation of the PNAISH in Primary Care Units and suggest measures to reduce the distance between the formulation and the implementation at the municipal level. Were analyzed Nine studies published between 2010 and 2013 in the databases indexed in Virtual Health Library. From the results obtained, it was possible to identify behavioral factors, influenced by gender relations and institutional factors which were subsequently discussed and concomitantly some measures to reduce influence on demand for services were presented. The health professionals and managers can influence the successful implementation, from their personal convictions. They should promote the dissolution of gender relations through awareness and sensitization of men, through specific programs focused on your needs. KEY WORDS: Men's Health. Primary Health Care. Health Policy. Gender identity. Men. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1273 INTRODUÇÃO A Sociedade atual ainda carrega paradigmas quanto ao conceito do ser homem e do papel que um homem deve desempenhar perante a mesma. Frente às discussões sobre identidade de gênero e masculinidade, percebe-se que os homens acreditam que para serem vistos pela sociedade como tais, é necessário demonstrar “força”, “invulnerabilidade”, onde o cuidado é intimamente ligado à figura feminina, procurando os serviços de saúde mais para fins curativos do que para as ações preventivas, que são mais ligadas às mulheres (FIGUEIREDO, 2008). A ideia de invulnerabilidade masculina aos processos de adoecimento e o fato dos homens não reconhecerem suas necessidades em saúde, faz com que pratiquem menos o autocuidado, onde se expõem mais às situações de risco e adotam comportamentos perigosos à preservação e manutenção da saúde e da qualidade de vida, que também podem ser influenciados pelas relações de gênero e masculinidades, tidos como o uso abusivo de álcool e outras drogas ilícitas, tabagismo, além de também estarem mais expostos à violência e as mortes por causas externas, como os acidentes de transportes, as lesões autoprovocadas e/ou suicídios, os homicídios e as agressões (BRASIL, 2008). Segundo Carrara, Russo e Faro (2009) os homens, não lutam por melhores condições de saúde, uma vez que teriam que assumir suas vulnerabilidades e fragilidades para poderem, então, reivindicar que suas demandas e necessidades em saúde fossem atendidas, pois, fazendo isso estariam se igualando às mulheres, que lutaram através de movimentos organizados por melhores condições de saúde, se tornando “vítimas da sua própria masculinidade”. A mobilização em busca de melhoria na saúde masculina foi iniciada tendo em vista que os homens têm uma média de vida menor do que as mulheres, sendo necessário a implantação de medidas centradas na educação em saúde, na conscientização para mudança de comportamentos de risco e a importância do autocuidado para aumentar a expectativa de vida dessa população através da redução das mortalidades potencialmente evitáveis e diminuição das enfermidades graves e crônicas, como as doenças cardiovasculares; o diabetes; as neoplasias, como o câncer prostático e o de pulmão e as doenças sexualmente transmissíveis (BRASIL, 2008). Dessa forma, a fim de aumentar a expectativa de vida dos homens, foi lançada em 2009 pelo governo federal, considerando a Portaria nº 1.944/GM/MS, de 27 de agosto de 2009, uma política específica para a saúde do homem, intitulada Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), sendo regida sobre os princípios da universalidade, equidade e humanização dos serviços e ações voltadas ao homem (BRASIL, 2009). A PNAISH está atrelada à Politica Nacional de Atenção Básica, privilegiando a Estratégia de Saúde da Família, tendo como objetivo facilitar e ampliar o acesso dos homens aos serviços de saúde, atuando como uma porta de entrada aos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS), direcionando as ações voltadas para promoção e prevenção dos principais agravos que acometem os homens com faixa etária entre 20 à 59 anos, através da captação precoce dessa população com programas e estratégias elaboradas, buscando respeitar as diferenças socioculturais e as Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1274 particularidades de cada homem inserido dentro de uma área de cobertura (BRASIL, 2008). Formulada em âmbito federal, é grande o percurso da PNAISH até que de fato possa ser implementada nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), essa distância marcada entre o formulador e o implementador da Política provoca na implementação uma mudança de direcionamento das ações pensadas e formuladas inicialmente, significa dizer que os objetivos propostos podem ser alcançados utilizando-se de diferentes formas de abordagem, levando em consideração as realidades vividas em cada localidade, os serviços de saúde prestados nos municípios e as convicções pessoais dos agentes implementadores (ARRETCHE, 2001). Dessa forma, vários fatores que determinam o sucesso da implementação devem ser observados, tanto os que envolvem os profissionais responsáveis quanto os que se referem à realidade local da implementação, além, dos referentes ao próprio comportamento masculino; uma vez analisados, pode-se traçar metas mais eficientes de abordagem, além de melhorias nos serviços e na forma como são direcionados aos homens, e ao final, permite ainda fazer uma avaliação do alcance dessas metas, o que favorece à constante adaptação e aperfeiçoamento dos serviços ao público masculino. Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo geral identificar quais são os fatores que podem influenciar no processo de implementação da política nas UBSs, através da revisão sistemática, e sugerir medidas para diminuir a distância entre a formulação e a implementação, a nível municipal. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão sistemática. O levantamento dos dados foi feito entre o período de abril e maio de 2014, que usou como fonte de pesquisa a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizando os seguintes descritores: saúde do homem, atenção primária à saúde, política de saúde, homens e identidade de gênero. Os mesmos foram usados de forma combinada para aumentar a possibilidade de encontrar artigos que respondesse melhor ao objeto de estudo. Foram considerados logo na seleção inicial, documentos publicados como artigos; texto disponível na íntegra online e no idioma português. A delimitação temporal foi estabelecida entre os anos de 2009 e 2014. Foram excluídas as revisões de literatura; os artigos que não se enquadraram no recorte temporal estabelecido e escritos em línguas estrangeiras. Foi encontrado um universo de, aproximadamente, 124 artigos publicados na base de dados da literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e na Base de Dados de Enfermagem (BDENF), selecionados segundo os critérios de inclusão e exclusão; destes, foi escolhido um conjunto de 36 artigos, tomando como base os títulos dos que, possivelmente, abordavam o tema do estudo. Numa primeira etapa foi feito uma leitura criteriosa dos resumos e, em alguns casos onde houve dúvida sobre a abordagem completa do artigo, foi lido também os resultados e as discursões apresentadas. A partir dessa etapa, foram selecionados 09 artigos que constituíram a amostra desse estudo. Na segunda Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1275 etapa foi feita a análise dos artigos a partir da leitura na íntegra dos mesmos, assim como leitura e releitura dos resultados o que permitiu identificar aspectos que se destacavam em maior frequência, norteando o alcance dos objetivos propostos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para descrição do levantamento bibliográfico, duas tabelas foram construídas. A TAB. 1 demonstra a caracterização dos artigos conforme descritores e base de dados, conforme abaixo. TABELA 1 - Referências bibliográficas identificadas conforme os descritores e emprego dos critérios de seleção, 2009 a 2014. Referências Identificadas Descritores Após uso dos critérios de exclusão Seleção por Título* Amostra Final Banco de Dados Saúde do homem and Política de Saúde and Homens 52 12 3 LILACS (3) Saúde do homem and Políticas de Saúde or Identidade de gênero and Homens 23 8 2 LILACS (2)** BDENF (1) Homens and Atenção Primária à Saúde and Saúde do Homem 49 16 4 LILACS (4)** BDENF (1) (*) Os artigos selecionados nessa etapa foram contabilizados apenas uma vez, mesmo quando apareciam em mais de uma pesquisa realizada. (**) Os artigos se apresentavam em sua totalidade na Base de Dados LILACS, sendo dois destes também publicados na Base de Dados de Enfermagem. Já a TAB. 2 demonstra a caracterização dos artigos conforme autor, título, objetivos, materiais e métodos, resultados e conclusão (APÊNDICE A). Os nove artigos que compuseram a amostra deste trabalho, analisaram, de forma geral sobre a visão dos profissionais a cerca da implementação da Politica e sobre saúde do Homem, assim como a visão dos homens em relação ao serviço, os motivos que levam os homens a não procurarem o serviço de Atenção Básica, as deficiências do serviço e as relações de gênero e masculinidades que podem interferir no autocuidado masculino. Quanto ao ano de publicação, apresentaram-se nos anos de 2013 (2), 2012 (4), 2011(1) e 2010 (2), e com relação à autoria, os 09 artigos contabilizaram 31 autores, sendo que destes, 08 estavam participando de mais de um artigo analisado. Sendo contabilizado apenas uma vez o autor, independente de quantos artigos analisados o mesmo participou. Os achados sobre os fatores determinantes para a dificuldade na implementação efetiva da PNAISH nas UBSs foram divididos em: fatores Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1276 comportamentais relacionados à identidade de gênero culturalmente incorporada nas relações sociais e em fatores institucionais, estando incluso os recursos materiais e humanos, das UBSs. Foram percebidas diante das entrevistas realizadas por Knauth, Couto e Figueiredo (2012), o “machismo”, como uma característica ligada à crença na invulnerabilidade, o que representa um dos maiores obstáculos na promoção à Saúde do homem, que remete à ideia de que homem não adoece, é forte e corajoso. Essa ideia é ratificada pelos estudos de Vieira, et al (2013) que citam a “invencibilidade, capacidade de exposição a riscos, status de dominador, ativo e provedor da família” como traços identitários que orientam a construção da masculinidade e fazem com que muitos homens se declarem saudáveis, o que os afastam dos serviços de saúde, visto que não reconhecem a possibilidade de uma doença vir a acometê-los, e sob essa ótica o serviço se torna desnecessário. Nessa mesma pesquisa, alguns entrevistados alegaram ter se consultado pela ultima vez há mais de dez anos e outros que não sabiam nem informar, se declaravam como saudáveis e resolviam seus problemas de saúde por conta própria, sendo assim não se veem como alvo do atendimento, onde segundo Silva et al. (2012) os homens têm certa resistência em expressar suas necessidades, onde a doença é tida como sinal de fragilidade . Dessa forma Alvarenga et al. (2012) traz que as diferenças de expectativa de vida entre homens e mulheres se mantêm devido à exposição do homem aos fatores de risco e da não adesão às praticas de promoção à saúde e prevenção de agravos, devendo-se mais a fatores relacionados ao gênero do que ao sexo biológico em si, sendo determinados pela forma como o individuo se encontra inserido na sociedade e como o mesmo age perante ela. De acordo com Vieira et al. (2013) um dos motivos identificados pela não procura dos homens pelo serviço é o medo de adoecer, confirmando os estudos de Knauth, Couto e Figueiredo (2012), onde na visão dos profissionais, a ideia de invulnerabilidade masculina está menos associada às relações de gênero e mais à expressão de medo. Dessa forma, conforme Schraiber et al. (2010) e Silva et al. (2012) o homem tende à ignorar sinais e protelar o máximo a procura por ajuda médica, e só a procura quando não consegue mais suportar e lidar com os sintomas, onde muitas vezes já apresentam a doença manifestada, acrescentando Vieira et al. (2013), e quando a dor o impede de trabalhar. O grande desafio é, justamente, fazer com que os homens procurem os serviços antes de estarem doentes, para que de fato, os princípios da Política de promoção à saúde e prevenção de agravos, sejam efetivados. A UBS aparece também como uma das causas pela resistência masculina em procurar pelo serviço e pode ser assim percebida quando se pensa na demora para o atendimento e agendamento, devido ao número reduzido de fichas. Foi assim referida na avaliação negativa dos serviços pelos entrevistados na pesquisa de Gomes et al. (2011), que sugeriram aumento da oferta de atendimento e maior facilidade para marcação de consultas para resolução desses problemas. Vieira et al (2013) verificaram que para os homens fugirem das filas e da espera, o que segundo eles, seria perda de tempo, usam de outros métodos para disfarçar os sintomas. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1277 Segundo Schraiber et al. (2010) e Leal, Figueiredo e Silva (2012) a demora no atendimento acaba induzindo os homens a procurarem outros serviços de saúde, como pronto-socorro, farmácias e ambulatórios, visto que, baseados na característica de objetividade, buscam atendimentos que resolvam seus problemas de forma mais rápida. Em contrapartida, de acordo com Knauth, Couto e Figueiredo (2012) os profissionais, se referem aos homens de forma negativa no que diz respeito à impaciência em aguardar o atendimento. Ainda segundo Knaut, Couto e Figueiredo (2012) e Leal, Figueiredo e Silva (2012) a precariedade da rede para os encaminhamentos é apontada como a principal dificuldade em atender as demandas dos homens e consequentemente, para implementação da PNAISH, pois quando precisam de atendimento prestado por outros níveis de atenção, como alguns procedimentos mais complexos ou consultas com especialistas, os homens geralmente têm o serviço agendado para uma data muito distante, contrariando as expectativas masculinas de rapidez e impactando diretamente na credibilidade no serviço. Outro motivo apontado para a baixa adesão do público masculino nas UBS são as questões relacionadas ao trabalho, visto que os homens teriam que se ausentar do trabalho para agendamento/consulta nas Unidades, que em muitas empresas não é válido para abono da falta, pois para esses serviços não é fornecido atestado médico. (COUTO et al., 2010; KNAUTH; COUTO; FIGUEIREDO, 2012; LEAL; FIGUEIREDO; SILVA, 2012; SCHRAIBER et al., 2010; SILVA et al., 2012; VIEIRA et al., 2013.) Pensando nisso, os estudos de Alvarenga et al. (2012), Knauth, Couto e Figueiredo (2012), Silva et al. (2012), Storino, Souza e Silva (2013) propõem a definição de horários e turnos alternativos de atendimento, visto que poderia favorecer a busca pelo serviço, adequando as ações às necessidades do público alvo. Porém, segundo Leal, Figueiredo e Silva (2012) para tal ampliação é necessário disponibilização de recursos humanos e financeiros. A percepção que os homens têm dos serviços de saúde, pode ser também considerada como um dos fatores para a ausência masculina nesses serviços; com base nas pesquisas de Couto et al. (2010), de fato, os ambientes estudados não colaboram para a permanência dos homens, uma vez que são notadamente, direcionados na sua grande maioria de detalhes ao público feminino, o que representa para os homens, segundo Knauth, Couto e Figueiredo (2012), pouca intimidade com os ambientes e com a rotina dos serviços, gerando incomodo e desconfiança, o que justifica, ainda segundo esse ultimo estudo, a forma como os homens entram e saem do serviço o mais rápido que podem. Segundo Vieira et al. (2013) a maioria dos homens desconhecem o atendimento prestado na UBSF de sua localidade e os que afirmaram conhecer, alegaram ter conhecido ao acompanhar algum familiar. Nos cinco municípios estudados por Knauth, Couto e Figueiredo (2012) e Leal, Figueiredo e Silva (2012) as ações direcionadas aos homens são pontuais e geralmente de caráter clinicoassistenciais; assim como na UBS pesquisada por Silva et al. (2012) e nos serviços estudados por Couto et al. (2010) não foram identificados programas ou atividades especificas para a população masculina, onde as demandas de adultos jovens são atendidas por outros programas voltados para idosos, hipertensos e/ou diabéticos Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1278 por exemplo, o que pode gerar erros no cadastro dos dados ou até mesmo ausência de dados sobre o número de homens atendidos, que ainda conforme Leal, Figueiredo e Silva (2012), dificulta o planejamento de ações e da criação de subsidio para comprovação da politica como uma prioridade. As observações etnográficas nos serviços pesquisados por Leal, Figueiredo e Silva (2012) chamam atenção para a invisibilidade dos homens nos serviços, uma vez que muitas vezes não são vistos como usuários, e sim como “acompanhantes” ou “mediadores”. Assim como nos estudos de Couto et al. (2010) a ideia que alguns profissionais têm a respeito da presença de homens nas UBS é um quantitativo menor do que o de fato observada pelos pesquisadores; a invisibilidade é produzida a partir do momento em que os profissionais criam expectativas de que os homens não são agentes capazes de cuidarem de si mesmo e de outros e de que não procuram o serviço, dessa forma, quando estes procuram por atendimento, os profissionais deixam de incentivá-los à adoção de comportamentos mais saudáveis. De acordo com Schraiber et al. (2010) “os homens já estão presentes na atenção primária, mas sempre aguardam seu atendimento ao lado da porta de saída”. Segundo Storino, Souza e Silva (2013) o reconhecimento das necessidades de saúde dos homens é fundamental para vencer a invisibilidade desses sujeitos nos serviços, trazendo a importância da enfermagem nessa missão, visto que são profissionais que estão mais intimamente ligados ao cuidado e acolhimento. Os profissionais da saúde responsáveis pela implementação da Política também, segundo Schraiber et al. (2010), são responsáveis pela reprodução das atribuições tradicionais de gênero perante a saúde de homens e mulheres, um exemplo pode ser percebido nas diferenças de abordagem nas consultas realizadas, onde nas mulheres a consulta médica se estende um pouco além do problema patológico em questão, e as consultas voltadas aos homens, percebe-se a rapidez com que é realizada, e o seu foco é exclusivo aos sinais e sintomas questionados, voltando-se à medicalização e à exames para detectar o causador do sintoma, o que prejudica a criação de vínculos com os homens, não sendo abordados em outras questões que podem prejudicar a saúde dos mesmos, comprometendo a Atenção Primária à Saúde. É necessário que os médicos desenvolvam uma abordagem mais ampla para o atendimento masculino, a fim de fazer com que eles exponham com mais facilidade as suas queixas, necessidades e dúvidas, dessa forma, um especialista em saúde do homem nas UBSs facilitaria o atendimento das demandas especificas dos homens. Essa necessidade foi evidenciada por Schraiber et al. (2010) onde os entrevistados reclamam da falta de profissionais e da ausência de um urologista, que na opinião deles parece ser o profissional mais adequado, Gomes et al. (2011) acrescenta ainda, que no caso das mulheres as mesmas não têm o mesmo problema visto que são acompanhadas por ginecologista, sendo a problemática ratificada por Knauth, Couto e Figueiredo (2012) onde nos serviços estudados, existe uma procura ou participação mais efetiva dos homens nas atividades relacionadas às suas demandas específicas, como as que se referem a problemas urológicos, haja vista que a urologia está, não exclusivamente, mas conforme traz Silva et al (2012) intrinsecamente ligada à saúde masculina, embora revela-se na visão dos entrevistados grande defasagem destes serviços na maioria das UBS, o Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1279 que influencia a busca dos homens por atendimento. Por outra vertente, ainda Knauth, Couto e Figueiredo (2012) e Silva et al. (2012), trazem que a relação entre saúde do homem e a urologia é uma das criticas geradas contra a politica, visto que por essa relação a saúde do homem estaria sendo reduzida à saúde urológica, com ênfase ao câncer prostático, onde outras questões relacionadas à saúde do homem passam despercebidas aos olhos dos profissionais que não conseguem identificar outras demandas, sendo necessário novas percepções desses sujeitos implementadores para oferta de um atendimento integral, sendo possível através de um rede bem estruturada de referência e contrarreferência, garantindo a continuidade da assistência. De acordo com Alvarenga et al. (2012) a sobrecarga de trabalho, é apontada pelas enfermeiras como uma das dificuldades encontradas para implementação da política. Leal, Figueiredo e Silva (2012), também trazem essa problemática, onde os profissionais mencionam falta de incentivo, por parte da gestão, assim como pouco apoio material e financeiro para realização de atividades nos serviços e para a divulgação da politica. Essa falta de incentivo pode ser percebida pelos próprios usuários, visto que os entrevistados na pesquisa de Gomes et al. (2011) sugerem para que ocorra uma melhoria na qualidade da assistência prestada pelos profissionais de saúde é fundamental que haja uma melhor remuneração aos mesmos. Schraiber et al. (2010) verificaram que a dificuldade de acesso e o funcionamento dos serviços assim como complementa Silva et al. (2012) as deficiências na organização dos serviços de saúde, no que diz respeito à recursos humanos e materiais, assim como na estrutura física para acolher e atender os homens adequadamente, levam à diminuição na qualidade do atendimento, afastando os homens das UBS. Ainda conforme, os agentes implementadores dessa política, segundo Leal, Figueiredo e Silva (2012) e Silva et al. (2012) os profissionais entrevistados possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre a política, onde a grande maioria alega não ter recebido nenhuma capacitação para atender às demandas masculinas. Uma medida que poderia ajudar os profissionais na pratica dos serviços é trazida por Alvarenga et al. (2012), onde sugere a definição de protocolos de execução da Política para orientar as ações e que os agentes sejam capacitados para a sua execução. De acordo com Leal, Figueiredo e Silva (2012) apenas o fato dos profissionais se tornarem conscientes sobre a saúde masculina, já pode influenciar no acolhimento e acesso dos homens aos serviços, que de acordo com Storino, Souza e Silva (2013) a criação de vínculo entre profissional e usuário e o acolhimento adequado tornam-se essenciais na satisfação de necessidades relacionadas aos serviços de saúde, à medida que possuem suas necessidades atendidas eles se vinculam ao serviço. Embora Schraiber et al. (2010) notaram que os profissionais parecem não ter consciência do quanto a forma de prestar o atendimento repercute no acolhimento dos usuários, visto que atribuem aos homens a responsabilidade pela procura aos serviços, desconsiderando a emergente necessidade de adaptação no funcionamento destes para facilitar o acesso daqueles. Gomes et al. (2011) Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1280 relataram que numa avaliação negativa dos serviços pelos usuários um dos fatores que mais pesaram foi o acolhimento deficiente e já os motivos para uma possível indicação destes seriam a humanização da assistência e o acesso facilitado, o que reforça a importância da reestruturação do funcionamento das unidades e do acolhimento eficaz. Faz-se necessário a conscientização dos profissionais através de treinamentos contínuos uma vez que, conforme observado por Silva et al. (2012), a inexistência de acolhimento ou o acolhimento pouco atrativo relaciona-se a uma deficiente capacitação profissional para lidar com o público masculino. Gomes et al. (2011) aponta três indicadores para um bom atendimento, sob a ótica do usuário, sendo o primeiro o atendimento humanizado, baseado na atenção e no respeito; o segundo é o atendimento ancorado na comunicação, permitindo uma conversa entre médico-paciente, onde ambos possam falar e não apenas se reduza ao ato de informar; sendo o terceiro a prontidão do atendimento que visa um ideal desejado onde o tempo de espera seja o menor possível. Storino, Souza e Silva (2013) observaram que a capacidade de ouvir atentamente o que o usuário deseja, é imprescindível para o entendimento das suas necessidades e consequentemente um atendimento que as atendam de forma mais integral possível, entrando em conformidade ao segundo indicador de um bom atendimento. Leal, Figueiredo e Silva (2012) mencionam ainda como requisito fundamental para a implementação da PNAISH a importância da formação de uma equipe ou de uma gerência específica, no nível municipal que atue promovendo ações destinadas à saúde do homem. Deve ser realizado uma avaliação criteriosa de todos os possíveis fatores envolvidos na dificuldade em implementar ações que favoreçam a melhoria das condições de vida da população masculina no que diz respeito à promoção, proteção e recuperação da saúde, uma vez que reconhecendo essas dificuldades pode ser possível traçar planos e medidas para modificação da realidade, visto que conforme a Lei Orgânica da Saúde (8.080/90), a saúde é um direito de todo ser humano e é dever do Estado promover as condições necessárias, formulando e executando politicas que proporcionem à redução de riscos de doenças e de outros agravos, e que seja assegurado o acesso universal e igualitário. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos fatores que, possivelmente, interferem na prestação e na adesão aos serviços de saúde de Atenção Primária específicos para o público masculino, faz-se necessário um intenso esforço por parte de todos os profissionais envolvidos, para que a PNAISH seja de fato efetivada. Para isso é necessário que os agentes implementadores sejam capacitados e sensibilizados sobre a importância da política e os seus objetivos. Sendo assim, os gestores locais devem proporcionar os meios para a realização de um atendimento de qualidade, de fácil acesso e que passe credibilidade, firmado em uma rede eficaz de encaminhamentos, proporcionando um atendimento integral que supra todas as necessidades masculinas em todos os níveis de atenção, diminuindo assim a distância entre a formulação e a implementação da Política através de medidas baseadas em melhorias, adaptação e Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1281 aperfeiçoamento dos serviços. É interessante perceber que muitos destes fatores, se aplicam a qualquer sujeito que procure o atendimento na Atenção Básica, como as dificuldades de acesso ao serviço, como longas filas, ou demora para atendimento em outros níveis de atenção, assim como horário de funcionamento da UBS, visto que as mulheres também estão hoje inseridas no mercado de trabalho; mas só impactam na adesão masculina, remetendo as particularidades dos homens, chamando atenção para os profissionais de saúde, uma vez que os mesmos têm um papel importante na desconstrução das relações de gênero que criam desigualdades entre homens e mulheres; Esses profissionais podem disseminar informações, através de atividades educativas em grupo e na comunidade, assim como no próprio atendimento na UBS, levando à conscientização e promovendo a mudança de hábitos dessa população, devendo assim trabalhar as relações de gênero ao invés de incentivá-las e incorporá-las nas praticas da assistência, pois gera invisibilidade desses sujeitos quando procuram o serviço. Por fim, é essencial o reconhecimento das necessidades dos homens para além do olhar fisiopatológico, para isso é importante perceber a realidade social, os hábitos e as condições em que vivem. Essa percepção proporciona ao profissional a possibilidade de moldar o serviço de acordo com a realidade identificada. Uma vez que os possíveis agravantes à saúde a que os homens estão mais expostos, em cada localidade, forem identificados pode-se planejar uma abordagem mais abrangente e direcionada a cada contexto, o que permite captar, acolher e vincular o público masculino ao serviço, estabelecendo uma relação de confiança e resolubilidade. REFERÊNCIAS ALVARENGA, W. A. et al. Política de saúde do homem: perspectivas de enfermeiras para sua implementação. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.65, n.6, p. 929-935, nov./dez. 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672012000600007> Acesso em: 07 abr. 2014 ARRETCHE, M. T. S. Uma contribuição para fazermos avaliações menos ingênuas. In: BARREIRA, M. C. R. N.; CARVALHO, M. C. B. Tendências e Perspectivas na Avaliação de Políticas e Programas Sociais. São Paulo: IEE, PUC-SP, 2001. p. 4356. Disponível em: < http://www.fflch.usp.br/dcp/assets/docs/Marta/Arretche_2002.pdf> Acesso em: 20 abr. 2014 BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 19 set. 1990a. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1282 Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Plano de Ação Nacional (2009-2011). Brasília, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: Princípios e Diretrizes. Brasília, agosto de 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS: Informações de Saúde. [on-line] Indicadores Demográficos, 2011. CARRARA, S.; RUSSO, J.A.; FARO, L. A política de atenção à saúde do homem no Brasil: os paradoxos da medicalização do corpo masculino. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.19, n.3, p. 659-678, 2009. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73312009000300006&script=sci_arttext> Acesso em: 05 abr. 2014 COUTO, M. T. et al. O homem na atenção primária à saúde: discutindo (in)visibilidade a partir da perspectiva de gênero. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 14, n. 33, p. 275-270, abr./jun. 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832010000200003> Acesso em: 10 abr. 2014 FIGUEIREDO, W. S. Masculinidades e cuidado: diversidade e necessidades de saúde dos homens na atenção primária. 2008. 295f. Tese (Doutorado em Ciências) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-15122008-155615/ptbr.php> Acesso em 05 abr. 2014. GOMES, R. et al. A atenção básica à saúde do homem sob a ótica do usuário: um estudo qualitativo em três serviços do Rio de Janeiro. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, n.11, p. 4513-4521, nov. 2011. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232011001200024> Acesso em: 12 abr. 2014 KNAUTH, D. R.; COUTO, M. T.; FIGUEIREDO, W. S. A visão dos profissionais sobre a presença e as demandas dos homens nos serviços de saúde: perspectivas para a análise da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 10, p. 2617-2626, out. 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232012001000011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em: 07 abr. 2014. LEAL, A. F.; FIGUEIREDO, W. S.; SILVA, G. S. N. O percurso da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Homens (PNAISH), desde a sua formulação até sua implementação nos serviços públicos locais de atenção à saúde. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.17, n.10, p. 2607-2616, out. 2012. Disponível em: Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1283 < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232012001000010&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em: 07 abr. 2014 SCHRAIBER, L. B. et al. Necessidades de saúde e masculinidades: atenção primária no cuidado aos homens. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.26, n.5, p.961-970, maio 2010. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2010000500018> Acesso em: 12 abr. 2014 SILVA, P. A. S. et al. A saúde do homem na visão dos enfermeiros de uma unidade básica de saúde. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v.16, n.3, p. 561-568, jul./set. 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452012000300019> Acesso em: 07 abr. 2014 STORINO, L. P.; SOUZA, K. V.; SILVA, K.L. Necessidades de saúde de homens na atenção básica: acolhimento e vínculo como potencializadores da integralidade. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v.17, n.4, p.638-645, out./dez. 2013. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141481452013000400638&lng=en&nrm=iso&tlng=pt&ORIGINALLANG=pt> Acesso em: 08 abr. 2014 VIEIRA, K.L.D. et al. Atendimento da população masculina em unidade básica saúde da família: motivos para a (não) procura. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v.17, n.1, p. 120-127, jan./mar. 2013. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452013000100017> Acesso em: 10 abr. 2014 Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1272 Autor/Ano Storino, L. P.; Souza, K. V.; Silva, K. L. 2013 Titulo Necessidades de saúde de homens na atenção básica: acolhimento e vínculo como potencializadores da integralidade. Objetivos Analisar as necessidades de saúde de homens usuários de uma unidade básica de saúde, na cidade de Belo Horizonte/ Minas Gerais. Materiais e Métodos Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, com a abordagem qualitativa, com 27 homens entrevistados na faixa etária de 20 a 59 anos. Resultados -O vínculo e o acolhimento tornam-se elementares na satisfação de necessidades de saúde. - A capacidade de ouvir e a sensibilidade de quem recebe os sujeitos e suas demandas são fundamentais; - Dificuldade de reconhecer a vulnerabilidade; - A flexibilidade do trabalho e horários compatíveis para os trabalhadores reduz barreiras; Conclusão O homem pode encontrar a resposta à suas necessidades de saúde, no trabalho do profissional, assim como notar a importância de ser protagonista no processo saúde/doença, já os profissionais podem mudar suas práticas a fim de prestar uma assistência que reconheça integralmente as necessidades masculinas. Vieira, K.L.D. et al, 2013. Atendimento da população masculina em unidade básica saúde da família: motivos para a (não) procura. Conhecer os motivos que levam os homens a procurar atendimento de saúde e compreender os motivos que os afastam do atendimento de saúde prestado em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) situada no extremo sul do Brasil. Para conhecer os motivos que levaram os homens a procurar atendimento, foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa. E para entender os motivos que afastavam os homens da referida UBSF, foi feito estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa. -De 10 entrevistados apenas 3 reconheceram a possibilidade de vir a adoecer e 9 assumiram a automedicação; -Muitos entrevistados desconhecem os serviços prestados na UBSs; - Referem demora para o atendimento e reduzido nº de fichas, incompatibilidade de horário, medo de descobrir alguma doença e falta de especialista. Assim como os homens precisam repensar suas atitudes com a própria saúde, é preciso que os profissionais se capacitem e criem estratégias de acolhimento inclusivas para os mesmos. Knauth, D.R.; Couto, M. T.; Figueiredo, W.S.; 2012 A visão dos profissionais sobre a presença e as demandas dos homens nos serviços de Analisar as concepções que os profissionais da saúde possuem sobre as demandas e os comportamentos Foram feitas observações etnográficas em 11 serviços de saúde distribuídos em 5 municípios (Goiânia, -Nos serviços prestados nos 5 municípios estudados não há ações continuadas voltadas à saúde dos homens; -Medo de ser penalizado no trabalho ao faltar para ir à UBS; Um melhor autocuidado em relação à saúde masculina, a partir da mudança de mentalidade dos homens, sendo determinante para manter as condições de Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1273 Autor/Ano Titulo saúde: perspectivas para a análise da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Objetivos específicos da população masculina atendida nos serviços de saúde. Materiais e Métodos Petrolina, Rio Branco, Rio de Janeiro e Joinville) e entrevistas semiestruturadas com 21 profissionais de saúde Resultados -“Machismo” atrelado à ideia de que homem não adoece; -A precariedade da rede para encaminhamentos, falta de especialistas e demora para atendimento; -Pressa, objetividade, medo e resistência masculina. Conclusão Saúde dos mesmos, apontam para relações de gênero igualitárias, onde todos os sujeitos são igualmente vulneráveis Alvarenga, W.A. et al; 2012. Política de saúde do homem: perspectivas de enfermeiras para sua implementação. Descrever e analisar a percepção das enfermeiras da estratégia Saúde da Família acerca da importância e perspectivas de implementação da Política de Saúde do Homem. Pesquisa qualitativa realizada em Centros de Saúde de Teresina-PI. Os dados foram coletados por entrevistas semiestruturadas, os sujeitos foram dezesseis enfermeiras que compõem as equipes das referidas UBS. -A Política pode contribuir na manutenção da estrutura familiar. -As entrevistadas apontam para a importância da integração de todos os segmentos sociais no incentivo do homem; -Propõem a definição de novos horários e turnos de funcionamento das UBS; -Sobrecarga de trabalho das enfermeiras, a falta de sensibilização dos homens para buscarem os serviços de saúde. -Necessidade de definição de protocolos de execução da Politica e treinamento para a sua aplicação. Conclui-se então, que os homens merecem e precisam ser assistidos pelos programas de saúde, promovendo a continuidade da estrutura familiar e preservando a força produtiva e política do país. Assim como, conhecer a percepção das enfermeiras é valido, visto que irão incorporar essa política nas suas práticas. Leal, A.F.; Figueiredo, W.S.; Silva G.S.N.;2012. O percurso da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde dos Homens (PNAISH), desde a sua formulação até sua implementação nos serviços Compreender como a PNAISH chega aos serviços da Atenção Básica do SUS, a partir do ponto de vista dos seus profissionais. A pesquisa com abordagem qualitativa foi realizada em 5 municípios: Goiânia, Petrolina, Rio Branco, Rio de Janeiro e Joinville; observações foram feitas em 11 serviços de saúde. -Rotatividade dos profissionais nos cargos de gestão; -Profissionais com pouco ou nenhum conhecimento sobre a PNAISH; -Falta de capacitação e treinamento, de diretrizes e protocolos, de material didático e de apoio e falta de planejamento que oriente as ações; -Os profissionais criticam a ênfase em ações relativas a problemas urológicos; -Invisibilidade dos homens nos A falta de conhecimento dos agentes implementadores sobre a PNAISH, assim como a falta de melhores recursos institucionais, aumenta a distância entre a formulação e a implementação da Política. Onde uma estrutura apropriada de incentivos. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1274 de atenção à saúde. Silva, P.A.S. et al; 2012 A saúde do homem na visão dos enfermeiros de uma unidade Básica de saúde Conhecer e analisar a visão dos enfermeiros em relação ao atendimento à saúde do homem. Pesquisa qualitativa que teve como campo um Centro Municipal de Saúde. Os sujeitos foram sete enfermeiros que atuavam em setores que atendiam homens, dos quais três eram do sexo masculino e quatro, do sexo feminino. serviços; -Sobrecarga das equipes na Atenção Básica; -Falta de incentivo: material e financeiro, para os profissionais; -A ausência de ofertas de exames de média e alta complexidade. implementadores poderia motiválos a praticarem e a aderirem aos objetivos da PNAISH. -Inexistência de infraestrutura organizacional e sistematização dos serviços básicos para atender às demandas masculinas; -As UBS não disponibilizam programas ou atividades especificas para a população masculina; -Pouco ou nenhum preparo dos profissionais, sobre a política; -Revela-se grande defasagem na oferta de serviços de urologia na maioria das UBS; -Crença dos homens na invulnerabilidade; -Horários de funcionamento das UBSs incompatíveis com a jornada de trabalho. Sugere-se que haja capacitação dos enfermeiros e que os serviços sejam organizados, que tenha estrutura física e de pessoal para garantir assistência qualificada. É necessário ouvir e permitir que os homens expressem suas ansiedades, desconstruindo a ideia de invulnerabilidade masculina. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1275 Gomes, R. et al, 2011 Couto, M. T. et al, 2010 A atenção básica à saúde do homem sob a ótica do usuário: um estudo qualitativo em três serviços do Rio de Janeiro. Analisar a ótica dos usuários sobre o atendimento prestado a homens no âmbito da ABS e identificar elementos para a construção de indicadores qualitativos de satisfação de usuários masculinos. Utilizou-se a abordagem qualitativa em três serviços do Município do Rio de Janeiro (RJ) -Três sentidos atribuídos ao bom atendimento são focalizados nos estudos: o atendimento humanizado, comunicação e prontidão do atendimento. -As recomendações para melhorar o atendimento dos homens percebidas nos depoimentos dos mesmos caminham para ações que trabalhem as especificidades masculinas. Tanto os profissionais quanto os usuários devem ser preparados para que um atendimento que reconheça e atenda as necessidades masculinas aconteça. O homem na atenção primária à saúde: discutindo (in)visibilidade a partir da perspectiva de gênero Compreender a (in)visibilidade dos homens no cotidiano da assistência a partir da perspectiva de gênero, que discute os mecanismos promotores de desigualdades presentes no trabalho em saúde. Estudo de caráter etnográfico, realizado em oito serviços em cidades de quatro estados brasileiros: Pernambuco, Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte e São Paulo. -Os ambientes estudados não favorecem a presença e permanência dos homens; -Maior presença de homens nas unidades que criaram horários alternativos de atendimentos; -Nenhum programa ou atividade é voltado para a atenção aos homens. -Profissionais deixam de estimular os homens. A reprodução dos padrões de atendimento já incorporados impede a renovação dos serviços e o enfrentamento das questões de gênero. No entanto, não se pode responsabilizar apenas os profissionais pela pouca procura dos homens aos serviços. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 1276 Schraiber, L. B. et al, 2010 Necessidades de saúde e masculinidades: atenção Primária no cuidado aos homens. Analisar as relações entre masculinidades e cuidados de saúde. É parte de pesquisa realizada em quatro estados brasileiros (Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo) com oito serviços, sendo dois em cada estado. Triangulou-se observação etnográfica com entrevistas semi-estruturadas com 182 usuários de 15 a 65 anos e com 72 profissionais. -Retardam a busca por assistência, por razões relacionadas ao trabalho, ideia de invulnerabilidade; -Dificuldade de acesso e o funcionamento dos serviços; -As consultas com homens são diretas sobre as queixas e patologias diferente das com mulheres; -Os profissionais percebem e praticam os serviços como espaços principalmente das mulheres. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 2 - Nov./Dez. 2014 A desqualificação das particularidades de gênero leva à reprodução das diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito à sua saúde e a forma como deve ser encarada.