CURSISTAS: NILCEMAR MARTINS COSTA MARIA ALICE DOS SANTOS MIRIAN DA SILVA MORAES TUTORA: FABRÍCIA SANTINA DE O. CARISSIMI “DROGAS, ESCOLA E FAMÍLIA” CURSO DE PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS PARA EDUCADORES DE ESCOLAS PÚBLICAS NOVA ANDRADINA, M.S. 2015 CURSISTAS: NILCEMAR MARTINS COSTA MARIA ALICE DOS SANTOS MIRIAN DA SILVA MORAES TUTORA: FABRÍCIA SANTINA DE O. CARISSIMI “DROGAS, ESCOLA E FAMÍLIA” CURSO DE PREVENÇÃO DO USO DE DROGAS PARA EDUCADORES DE ESCOLAS PÚBLICAS Projeto da Escola Estadual Austrílio Capilé Castro (INEP 500013416, Rua: Imaculada Conceição, n. 278, Centro) apresentado ao Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de Escolas Públicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), orientado pela Tutora Fabrícia Santina de O. Carissimi. NOVA ANDRADINA, M.S. 2015 1. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA, DOS EDUCANDOS E DA REDE SOCIAL A escola Estadual Austrílio Capilé Castro é uma escola identificada com a construção do saber e da cidadania, que se contextualizam com os aspectos socioeconômicos, políticos e culturais do Município de Nova Andradina, da Região do Vale do Ivinhema e do Estado de Mato Grosso do Sul. Estas preferências se manifestam no interesse de procurar melhores oportunidades profissionais e de trabalho, engajando em práticas político pedagógicas no cotidiano, ampliando o seu currículo na perspectiva de atendimento de cunho integral aos educandos, que na sua maioria contam com atendimento dos Programas Sociais. A população Novaandradinense se identifica pela sua peculiaridade cultural demonstrada pelos diversos grupos e suas representações em eventos, além das praças públicas que motivam a prática física e o encontro coletivo, as bibliotecas abertas à comunidade e locais públicos de acesso à internet e denotam intrínseco relacionamento, sendo as redes sociais externas com quem a escola pode contar na necessidade de parcerias fidedignas. O ambiente proporciona recreação coletiva e individual, com diversos jogos e salas para a integração social, além de quadras esportivas, sendo uma delas coberta. Em relação a sua localização, encontra-se em um bairro conceituado e procurado para moradia. O ponto é de fácil acesso, próximo à igrejas, comércios, academias, mercados, feiras populares, entre outros. Toda a comunidade escolar é mobilizada na busca de uma escola melhor, onde o ensino possa atender as aspirações a as necessidades do estudante. Formação Continuada, melhoria e ética são palavras de ordem. Consideramos a dimensão pedagógica como norte equalizador para o processo de ensino e aprendizagem, com atuação no atendimento ao aluno, quanto às suas necessidades de materiais (livros, apostilas, som, etc.), de problemas pessoais (saúde, orientação, etc.), de dispensa, etc.; no atendimento ao professor, quanto às suas necessidades de material de apoio (livros, apostilas, xerox, giz, som, TV e Vídeo, DVD, Data Show, notebook etc.), de orientação metodológica (prof. com dificuldades na sala de aula), de apoio tecnológico (digitação e impressão de provas), de suporte disciplinar, etc.; no atendimento aos pais sobre: problemas com seus filhos, vagas e matrículas e aconselhamentos, no atendimento em geral, considerando questões disciplinares, acompanhando projetos, atendendo à direção, à secretaria escolar, à sala de Recursos Multifuncionais, preenchendo documentos (fichas, relatórios, questionários, estatísticas), registrando ocorrências, entregando boletins, zelando pelo bom andamento da escola, entre outros. Proporciona em seu atendimento a oferta de matriculas para os anos finais do Ensino Fundamental com o Projeto Mais Educação em período Integral e Ensino Médio, na modalidade de Ensino Médio Regular e Ensino Médio Inovador, além do Projovem Urbano no período noturno. 1.1. Conhecendo a Escola e os Educados Em 2010, a Secretaria de Estado de Educação implantou na escola Capilé dois importantes Programas do MEC – Ministério de Educação e Cultura: O Mais Educação (Séries finais do Ensino Fundamental: de 6º ao 9º ano) e o Ensino Médio Inovador (1º ao 3º ano), ambos em Período Integral. Os estudantes têm direito às aulas, oficinas de sua preferência, atividades educativas e pedagógicas, alimentação, esportes e lazer. Também é oferecido à Comunidade o CIES- Cursinho Preparatório para o vestibular, no período vespertino, bem como o uso da Sala de Recursos Multifuncionais para atender estudantes que apresentam necessidades educativas especiais ( NEEs) da unidade escolar e demais escolas. Em 2013 a escola começou a atender com o ProJovem Urbano no período noturno, atendendo o específico do projeto. A Escola está orgulhosa de seu trabalho por conquistar um grande avanço no IDEB/2013 com uma proficiência de 5,3 para 5,2 de índice de desenvolvimento da educação básica nos anos finais do Ensino Fundamental. A escola considera que o décimo de diferença não foi considerado significativo, diante a concentração de esforços da equipe diretiva e pedagógica. Em relação a organização do tempo e espaço escolar a Escola Estadual Austrílio Capilé Castro oferece desafios reais às soluções também devem ser adequadas e eficientes. Os esforços da direção, coordenação e corpo docente se integram com o objetivo de ter alunos matriculados na escola nas modalidades ofertadas ao longo dos anos, bem com a sua permanência. Os alunos matriculados, um número reduzido está fora da faixa etária, mas um número significativo está em idade escolar correta, conforme descrito no gráfico (anexo 01). O ordenamento do tempo é muito importante para assegurar a eficiência e realização das atividades educacionais. Além do mais, é o tempo que proporciona ao professor momentos de estudos, de preparação e de realização do seu trabalho didático e pedagógico. Também é o tempo que propicia ao aluno o estudar e o aprender. As aulas são de cinqüenta minutos, sendo no período matutino as de base comum e no vespertino a parte diversificada. Para atendimento didático pedagógico a escola dispõe de um número favorável de recursos pedagógicos que implementam os instrumentos metodológicos ao planejamento das aulas das diferentes áreas de ensino, bem como, a disponibilidade de uso e de manutenção de máquina e equipamentos. Por conseqüência é sabível que a maior parte dos estudantes fazem opção de estudar em período integral espontaneamente, dessa forma é possível verificarmos que as atividades ofertadas são de interesse dos estudantes e apoio das famílias na dinâmica escolar. No interior de nossa própria cultura, sem sair de nossa própria cidade nem de nosso próprio bairro, um belo dia observamos nosso ambiente e nos damos conta de que tudo mudou tanto que mal somos capazes de saber como as coisas funcionam. Sentimo-nos, então, desorientados como se tivéssemos viajado para uma sociedade estranha e distante, mas sem esperança de voltar a recuperar aquele ambiente conhecido no qual sabíamos nos arranjar sem problemas. (ESTEVES, 2004, p. 24) 1.2. Identificando da rede social da escola A escola conta com parceiros que fortalecem a sua rede interna como a Direção, Direção Adjunta, Professores, Estudantes, Associação de Pais e Mestres, Colegiado Escolar, Funcionários em suas diferentes funções. Ao longo de sua trajetória escolar, vem sensibilizando outras esferas, para consolidar parcerias e voluntários em prol de realizar ações de cunho educativo, cultural e social, sendo os mais evidenciados: - da comunidade: as igrejas, ONGs, ex-alunos e profissionais parceiros; - da família; as famílias de alunos, professores e funcionários; - de proteção/assistência/segurança: Promotoria da Infância e Juventude, Conselho Tutelar e Vara da Infância e da Juventude; - saúde: Postos e Centros de Saúde, Programa da Saúde na Escola (PSE), Profissionais de equipes de saúde. A criação e fortalecimento das redes sociais se dão em decorrência da necessidade da escola desenvolver projetos que visem ampliar o foco voltado às dificuldades que vão surgindo no atendimento do alunado em decorrência do atendimento a uma clientela heterogênea em todos os seus aspectos cognitivos e sociais. 2. CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES DE PROTEÇÃO E DE RISCO NA ESCOLA Refletir sobre as características de nossos ambientes escolares têm sido uma tarefa árdua, pois temos um número significante de problemas heterogêneos, de esferas distantes, que eclodem nas salas de aulas e demais espaços escolares, sendo drogas um dos que são somados. Enquanto educador de Rede Estadual de Ensino é complexo estabelecer vínculos entre os demais discentes da mesma instituição, quiçá entre as do próprio município, haja visto a falta de comunicação entre ambas as partes. Se houvesse esta consolidação, com certeza nossos resultados seriam notórios. O quão é intricado demonstrar em registros uma visão compreensiva da complexidade dos fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência, bem como discorrer sobre a interdependência dos diversos contextos – individual, familiar, escolar, grupo de pares, midiático e comunidade de convivência – propícios tanto ao risco quanto à proteção ao uso das drogas lícitas e ilícitas. Perante as reais dificuldades é pertinente abrolhar inicialmente sobre o significado de risco e fatores de risco, para que seja possível um entendimento mais próximo à temática suscitada. Risco é uma conseqüência da livre e consciente decisão de se expor a uma situação na qual se busca a realização de um bem ou de um desejo, em cujo percurso se inclui a possibilidade de perda ou ferimento físico, material ou psicológico. O ser humano que possui a virtude cardeal da fortaleza expõe-se ao perigo da morte por um bem. Existem três condições para a definição de risco: (1) possibilidade de haver perda; (2) possibilidade de ganho; e (3) possibilidade de aumentar ou de diminuir a perda ou os danos. No campo filosófico o risco é inerente à vida, ao movimento, e à possibilidade de escolha. Viver é correr risco e por isso a incerteza é um componente essencial da existência e igualmente do conceito de risco. Giddens (1994) faz uma distinção interessante entre risco e perigo. Comenta o autor que esses dois termos não são sinônimos embora seu significado se aproxime. Perigo diz respeito a ameaças que rondam a busca dos resultados desejados. Risco constitui uma estimativa acerca do perigo específico A prevenção ao uso de drogas busca grupos explícitos (crianças, adolescentes, comunidades, escolas), incentivando-os a buscarem seu desenvolvimento integral, por meio de vivências pessoais da vida humana. No caso específico o uso das drogas, a finalidade dessas ações é atuar sobre fatores que predispõem o seu uso ou abuso, criando uma mentalidade de participar da dinâmica social de forma ativa e preventiva. Neste sentido, a prevenção fica reservada a medidas adotadas antes do surgimento ou agravamento da situação, visando a afastar ou diminuir a probabilidade de ocorrência de danos nos indivíduos ou na coletividade, procurando de forma pacífica inibir os “riscos” e ampliar a “proteção”. O quadro (anexo 02) revela de maneira inequívoca a caracterização dos fatores de proteção e de risco que nossos jovens estão sujeitos, entre outros. 2.1. Panorama do uso de drogas no contexto escolar A dependência às drogas tem prejudicado muitas famílias, separado muitos casais, provocado várias enfermidades, desacorçoando até mesmo o trabalho, desestimulado uma vida digna, pois alguns dependentes passam a praticar o roubo, furto, assassinato, levando não só os dependentes dessas drogas, mas também seus familiares e outras vítimas, a um estado de infelicidade, tristeza, angústia e depressão. É conhecido por nós, na escola em que trabalhamos que o problema com uso de diferentes drogas é existencial, é um panorama que fugiu ao controle das equipes diretivas e pedagógicas. Como a escola em questão, trata de uma escola de porte pequeno, com atendimento integral, a nossa percepção torna-se mais contundente, porém não se tem uma receita específica para cada caso. Em se tratando de aspectos relacionados à história de uso de drogas ou álcool pelos estudantes, constata-se que a introdução no uso se dá por meio de “colegas, amigos ou conhecidos”, sendo estes também indicados como companhia freqüente para o uso de drogas. Por meio de conversas informais, tem sido possível notar em algumas falas que o motivo do uso pela primeira vez é fundamentado pela busca de “diversão ou prazer”, ou ainda “curiosidade”. Os motivos mencionados para o uso freqüente de drogas ou álcool são principalmente a “quebra de rotina” e “para curtir efeitos destas substâncias”, seguidos pela “diminuição da ansiedade ou estresse”, o uso de medicamentos é inflexível, alunos com faixa etária entre 14 e 18 anos fazem uso de antidepressivos. Abordar o assunto de maneira contextualizada é uma maneira de aproximar os jovens das pessoas que lidam com ele na sua rotina diária, considerando que seus pares, a escola e a família devem intervir de modo a amenizar a acentuação do problema ocasionado, pois o uso ocasional de drogas por adolescentes pode ser entendido como manifestação de uma experimentação que pode ocorrer para sua etapa de desenvolvimento e busca de direção para a vida. O abandono escolar, a delinqüência, danos à saúde e violência são características peculiares que rondam a vivência dos estudantes que experimentam e que abusam de drogas. Conclui-se que, dada a quase onipresença e uma certa aceitação da maconha na cultura dos pares, fazem com que as pessoas da escola se afugentem ou faça de contas que nada acontece, os colegas de turma demonstram enxergar o problema com mais avidez e solicitam mediação dos segmentos da escola. Os esforços preventivos precisam ser muito mais abrangentes e voltados para os precursores dos riscos e da resiliência. O trabalho que acontece com uma acentuação pequena, no ambiente escolar, é o de explorar o que são drogas, males e conseqüências e a vinda de palestrantes a convite da escola. Uma questão que acera entre educadores e pais é o conflito que temos de abordar a temática, com receio de aguçar a curiosidade ao invés de erradicá-la. É sabido que para nosso fortalecimento, o compartilhamento de valores, atitudes e crenças sobre as drogas é fundamental para o amadurecimento das decisões e da responsabilização. 2.2. Fatores de risco e proteção na comunidade escolar Uma das maiores dificuldades que o ambiente escolar tem apresentado é a influência que o negativo tem sobre os mais frágeis. Em depoimento de estudante denota-se o “medo” em dizer não, se perpetua mesmo que ofertemos fatores de proteção e clima seguro. É exemplo, no caso do uso de drogas: ao fumar maconha, o adolescente pode aumentar a probabilidade de desenvolver doença pulmonar, e também sofrer conseqüências psicossociais ou sanções legais, conflitos com os pais, perda de interesse na escola ou culpa e ansiedade. Sobretudo quando se trabalha com adolescentes, o conceito de risco tal como visto pela epidemiologia não é suficiente, uma vez que nessa ótica é entendido, apenas, segundo suas conseqüências negativas. No exemplo dado acima, está claro que um adolescente que usa maconha em princípio busca prazer e não dor e sofrimento. Em geral estão à busca de extroversão, prazer, novas sensações, compartilhamento grupal, diferenciação, autonomia e independência em relação à família, dentre outros efeitos. E nessa procura faz um cálculo do perigo a que se expõe. Há muitos fatores de proteção extremamente poderosos no sentido de proporcionar que os jovens façam escolhas mais saudáveis. A postura amorosa e acolhedora da família pode colaborar para reverter casos de envolvimentos com drogas e álcool. Entre os fatores de proteção um dos mais importantes é fazer parte da sua comunidade, seja freqüentando clubes, igrejas, grupos escoteiros, centros culturais, de acordo com o estilo de cada família. Buscar o prazer em atividades diferentes e variadas que vão dos estudos ao trabalho, arte, esporte, amizades, namoro, passeios, etc. - quanto mais amplo for o leque de opções oferecidos a um jovem, sem pressões excessivas pelo desempenho, menos propenso ele estará para se fechar no mundinho limitado do abuso de drogas. 3. REFERENCIAIS TEÓRICOS, OBJETIVOS E SUJEITOS DA INTERVENÇÃO 3.1. Referenciais teóricos O consumo de drogas entre adolescentes tem sido alvo de várias pesquisas nos últimos anos. Sabe-se que a família pode ser um fator tanto de proteção quanto de risco para o uso de substâncias nessa fase. O presente projeto versa sobre a necessidade do resgate da autoridade na família e na escola com ações no âmbito escolar que possibilitarão corroborar com os estudantes por meio de ações preventivas direcionadas a comunidade interna. Observa-se que as famílias em sua maioria possuem características disfuncionais como laços familiares conflitivos, pouca proximidade entre os membros, falta de uma hierarquia bem definida e pais que não dão exemplo positivo quanto ao uso de drogas. Diferenças entre gêneros também são apontadas: meninas necessitam maior apoio familiar que os meninos como fator protetor do envolvimento com grupo de pares desviantes. As meninas também são tão sensíveis ao abuso psicológico quanto ao físico, diferentemente dos meninos que consideram pior o abuso físico. Destaca-se ainda que a presença de relações de apoio com irmãs mais velhas é fator protetor para o abuso de substâncias em meninas. O consumo de drogas representa um dos fenômenos mais estendidos nos jovens, com independência de seu nível social. Nos últimos anos de forma crescente este consumo aparece dentro das instituições escolares, tanto nas escolas públicas quanto privadas. Perante este fato, e tendo em conta a crescente significação da promoção e prevenção de saúde para o desenvolvimento humano, achamos importante o desenvolvimento de um projeto que vise aprofundar nos aspetos psicológicos e sociais do consumo indevido de drogas, com foco na presença/ausência da família, assim como também sobre as ações educativas que a escola pode desenvolver para a prevenção e ação contra as drogas dentro de seus programas educativos, bem como, tentativas de estabelecer uma relação de confiança entre a escola e a família de maneira a propiciar as relações entre a cultura escolar e a cultura familiar de maneira harmoniosa e solidária, no sentido de alargar as reflexões em prol de reflexões acerca dos valores morais, das crenças, dos padrões de comportamentos e das atitudes dos pais ao perpassarem o modelo de criação. Tendo em conta a tendência crescente à integração da escola na comunidade, esta proposta de intervenção, junto com seus objetivos em termos de conhecimento pretende-se converter num projeto de pesquisa-ação que transcenda os limites físicos da escola, incorporando ao trabalho toda a comunidade escolar. Partimos para a elaboração do referido projeto a partir da concepção de autores como Vygotsky (1988), Wallon (1995), Santander (2003), Santos (2000) Charbonneau (1988), Libaneo (1988), González Rey (1995), CNBB (2001), Saviani (1983) e de nossos próprios trabalhos, para os quais o desenvolvimento é um processo permanente da pessoa dentro do sistema de relacionamentos que caracteriza o espaço cultural em que ela vive. Desde esta perspectiva, o consumo de drogas responde a necessidades que aparecem na história de vida dos sujeitos e que vai desenvolver-se numa estreita relação com a qualidade de vida de aqueles dentro dos diferentes sistemas de relações sociais em que vivem. O consumo de drogas não é resultado nem de um tipo de personalidade padronizada, nem de certo tipo de família ou meio social que possam ser generalizados causas isoladas deste comportamento. O dispêndio de drogas é um comportamento complexo, plurideterminado, que se organiza de maneira diferenciada nas histórias de vida de cada sujeito concreto, sendo o resultado de verdadeiras configurações de elementos de sentido diferentes (GONZÁLEZ REY, 1995). Com frequência o jovem consome droga para enfrentar contradições no meio familiar e social que não consegue encarar de forma direta, sentindo na droga um estimulante que além de gerar nele uma identidade social diferente, facilita assumir comportamentos que não assumiria sem o efeito da droga. As configurações que levam a cada jovem ao consumo de drogas são de diferentes naturezas, sendo um dos objetivos do projeto definir estas díspares configurações e sua significação na vida atual do jovem de maneira pluralista de chamar os pais a usufruir a sua autoridade que tem de desvairado no tempo. O projeto vem ao encontro da ótica de promoção de saúde integral e vida dos/as adolescentes e jovens, visando atuar sobre os fatores de risco e de proteção no ambiente escolar com fortalecimento do resgate da autoridade da família e da escola. 3.2. Objetivos Objetivos Gerais - Estabelecer relação de confiança entre a escola e a família de maneira a propiciar as relações entre a cultura escolar e a cultura familiar; - Fomentar a participação da família e estudantes nas ações escolares, fortalecendo os vínculos como promoção da saúde e ênfase na prevenção do uso indevido de drogas no âmbito escola. Objetivos Específicos - Refletir sobre os valores morais, as crenças, os padrões de comportamentos e as atitudes dos pais ao perpassarem o modelo de criação; - Identificar fatores de risco, para minimizá-los; - Ampliar autoestima dos estudantes; - Desenvolver a capacidade de relacionamento interpessoal e de trabalhar em grupo; - Dilatar a autonomia na construção do conhecimento; - Reconhecer as conseqüências sociais, familiares e físicos psicológicas do uso de drogas; - Identificar e usar estratégias que possibilitem alternativas para escolhas saudáveis; - Encontrar formas saudáveis de se divertir, sem necessidade de usar drogas; - Analisar comportamentos que podem levar alguém a usar drogas. 3.3. Sujeitos da intervenção Este projeto privilegia o papel da família na prevenção e na promoção da resiliência, porque ela é a célula mater responsável pela socialização dos indivíduos. Mas como se observa, a problemática não se reduz ao contexto familiar. O indivíduo, inserido numa rede de relações, vive no contexto sociocultural e histórico. Mas a família tem um papel crucial: quando cuidadora, afetiva, amorosa e comunicativa, possui mais chances de promover condições de possibilidades para o desenvolvimento saudável dos filhos. Por isso, os programas de prevenção de uso de drogas precisam prever aplicações práticas de orientação familiar. O desfecho das ações deverá estar intimamente articulado para atender os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental do Programa Mais Educação, Ensino Médio Inovador, com faixa etária entre 11 e 19 anos de idade, professores do Programa Mais Educação, Monitorias, Coordenação e Direção Escolar, demanda interna, contando com a presença da família dos alunos de acordo com cronograma específico e representantes de rede de proteção externa. 4. METODOLOGIA Buscando a efetivação dos objetivos propostos, delineamos os procedimentos metodológicos que a escola deverá observar para garantir uma ação bem fundamentada e devidamente planejada, com foco na execução do projeto no que diz respeito à prevenção ao uso de drogas, os instrumentos metodológicos nortearão estratégias diversificadas, para que realmente aja o resgate da autoridade na família e na escola. 4.1. Eixos de ação Com intuito de ampliarmos as ações preventivas, identificamos a necessidade de entrelaçarmos dois eixos que nos possibilite a efetividade do projeto, sendo eles: Integração da prevenção no currículo escolar e o Resgate da autoridade da família e na escola, ambos a partir de atividades pontuais de encontro a intervenção preventiva. 4.2. Ações Com as ações na forma de atividades descritas no item seguinte, espera-se que os resultados obtidos possam ser positivos, especialmente no que se refere à abordagem, aos assuntos e a dinamização de jovens de maneira atuante e disseminadora. Com a consciência de que estes encontros nos levarão a amenização dos problemas, com a certeza, que eles contribuirão na conscientização dos estudantes a respeito da tomada de atitude em prol de família e escola, constatando que é possível resgatar a autoridade de ambos, sem autoritarismo, enfraquecendo os fatores de risco e fortalecendo as redes de proteção interna e externa. De forma que as ações estarão subsidiando integrar a prevenção do uso indevido de drogas e a promoção da saúde no currículo escolar, enriquecendo a exploração de temas transversais alusivos nos Parâmetros Curriculares Nacionais às práticas escolares rotineiras. Com ações coletivas propostas, partindo de situações concretas inferidas por meio do perfil diagnosticado, com informações científicas que denotam as conseqüências maléficas das drogas no ser humano e sua extensão na escola, família e na sociedade, faz-se necessário buscar sempre formas de melhorar a sua qualidade de vida, agindo com responsabilidade, preservando a nossa maior fonte de felicidade e realização: a saúde. 4.3. Atividades As atividades elencadas a seguir propositalmente, são os que na nossa práxis rotineira, evidenciam como bons indicadores: 1. Diagnóstico Diagnóstico trata-se do momento em que a escola reunirá as informações acerca da própria escola, sobre o consumo de drogas quanto ao conhecimento das expectativas e necessidades da comunidade. Tais informações poderão ser obtidas por meio de entrevistas, levantamento de dados estatísticos, pesquisa em sites especializados, etc. e com o apoio das entidades democráticas da escola (APM, Colegiado Escolar e Comitê do Programa Mais Educação). Várias disciplinas também poderão se envolver para efetivar este levantamento: matemática na construção de gráficos, estatísticas e tabelas, geografia na construção de mapas de consumo de drogas, Língua Portuguesa na elaboração de questionários e entrevistas, etc.. 2. Encontros Em relação ao conhecimento das expectativas e necessidades da escola, várias estratégias poderão ser utilizadas, como reuniões, debates, questionários que dêem conta de conhecer como a comunidade vê o consumo de drogas na escola a partir do diagnóstico, quais suas angústias, preocupações, curiosidades, dificuldades relacionadas ao consumo de drogas, etc. Este trabalho deverá ser articulado com as Entidades Democráticas da escola, tendo como uma grande ação o Dia da Família na Escola. Existem diversas contribuições que tanto a família quanto a escola podem oferecer, propiciando o desenvolvimento pleno respectivamente dos seus filhos e dos seus alunos. 3. Caixa de perguntas Com periodicidade, deixar disponível no ambiente escolar uma caixa: “caixa curiosa, vida sem drogas, eu posso”, disponível para que estudantes possam fazer relatos, perguntas e curiosidades que possam servir para sair do vício ou prevenir para que tenha a prevenção em si e possa disseminar entre o seu rol de amizades. 4. Palestras Convidar nossos parceiros como OAB, PROERD, universitários e pessoas de nossa sociedade civil para que possam conversar em alusão às preocupações e angústias salientadas pelos pais, educadores e estudantes, em tempos diferentes, no grande grupo e em grupos pequenos e específicos. 5. Festividades, Esporte e lazer Inserir nas atividades rotineiras, esporte, lazer, dinâmicas, gincanas e ludicidade, para que os alunos sintam-se acolhidos pela escola, e inspirem confiança nas pessoas que estão diariamente em seu convívio, com espaço aberto à presença da família em momentos oportunos. 6. Oficina de Participação Estudantil: Foco na Vida e na Saúde Ofertar na forma de oficina, espaços para discussão de temas polêmicos, inserindo os professores no desenvolvimento de conversas dirigidas e debates, tendo como produto a elaboração de cartazes alusivos às temáticas como namoro, gravidez precoce, sexualidade, drogas e saúde. 7. Sugestões de referências a estudantes, pais e educadores Elaborar uma mini cartilha e disponibilizar no facebook da escola com referências de sites, livros, artigos que possam ajudar na orientação e estimular os estudantes a realizar leitura sobre o assunto. Vide anexo algumas sugestões. 8. Práticas Pedagógicas Inovadas Sugerir textos para que sejam explorados em diferentes áreas de ensino, no sentido do assunto ser resgatado em vários enfoques, por exemplo, trabalhar gramática, leitura, interpretação textual, resolução de problemas de raciocínio lógico, doenças, entre outros. 9. Teatros No segundo semestre explorar os temas em forma de teatro, conforme figura em anexo, fortalecendo debates reflexivos e/ou apresentações teatrais disponíveis no site: http://www.drogassaibamais.com.br/Teatro-I.htm 4.4. Recursos 4.4.1. Recursos Humanos - Rede interna: direção, coordenação, professores regentes e readaptados, monitores e estagiários, pais e/ou responsáveis; - Rede externa: Universidades, OAB e parcerias a serem conquistadas. 4.4.2. Recursos Materiais - Data show, note book, impressos, livros, cartolinas, pincel atômico, tesoura, internet. 4.4.3. Recursos Financeiros - Ações propostas não visam recursos financeiros, serão utilizados recursos materiais disponíveis na instituição, bem como recursos humanos sem ônus. 4.5. Cronograma Atividade Diagnóstico Julho Agosto Setembro Outubro Novembro X Encontro X X X X Caixa de perguntas X X X X Dezembro Palestras X Festividades, Esporte e lazer X Oficina de Participação Estudantil: Foco na Vida e na Saúde . X Sugestões de referências a estudantes, pais e educadores Práticas Pedagógicas Inovadas Teatro Avaliação X X X X X X X X X X X X 5. REFERÊNCIAIS BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. Curso de prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Ministério da Educação. 6. ed., atual. Brasília: 2014. 272 p. CNBB - Vida Sim, Drogas Não! Manual da Campanha da Fraternidade. Escolas Profissionais Salesianas. 2001. CHARBONNEAU, Pau- Eugéne. Drogas: prevenção, Escola. São Paulo: Paulus, 1988. DE PIER, Miguel. Drogas saiba o mal que elas fazem à nossa saúde. Tupã/SP: Gráfica EME, 2009. ESTEVES, José M. A terceira revolução educacional: a educação na sociedade do conhecimento. São Paulo: Moderna, 2004. GIDDENS, A. Risco, confiança e reflexividade. In: Giddens, A. Beck U. & Lash S. (orgs.). Modernidade reflexiva. p. 207- 254. São Paulo: Editora Unesp, 1994. GONZÁLEZ DEL REY, Fernando. Comunicación, personalidad y desarrollo. Ed. Pueblo y Educación. La Habana, 1995. LIBANEO. J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez Editora,1998. MALDONADO, Maria T. Comunicação entre pais e filhos: a linguagem do sentir. São Paulo: Saraiva, 1997. SANTOS. R.S. Prevenção de droga na escola. Campinas: Papirus, 2000. SANTANDER, Elismar. Em Defesa da Vida: Um programa de prevenção contra o uso de drogas na escola, na família e na comunidade. São Paulo: Paulus, 2003. SAVIANI .D. Tendências e correntes da educação brasileira. In.: MENDES, Durmeval (Coords). Filosofia da educação brasileira. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1983. SEIDL, Eliane Maria Fleury; LEITE, Luciana de Faria; SUDBRACK, Maria Fátima Olivier, et al. Curso de prevenção do uso de drogas para educadores de escolas públicas: construindo o projeto de prevenção do uso de drogas da escola: caderno de orientações. 2. ed. Brasília: 2014. 84 p. TIBA, Içami. Disciplina na medida certa. São Paulo: Gente, 1999. VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penna Villalobos. São Paulo: Ícone; EDUSP, 1988. ZAGURY, Tânia. Escola sem conflito: parceria com os pais. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2008. WALLON, Henri. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995. ANEXOS Anexo I Anexo II Anexo III SUGESTÕES DE SUBSÍDIOS PEDAGÓGICOS O Vencedor. Frei Betto. Ática, 2000. Depois Daquela Viagem. Valéria Piassa Polizzi. Editora: Ática, 2003. Liberdade é poder decidir. Maria de Lurdes Zemel, FTD, 2000. Conversando sobre drogas. Ronaldo Ribeiro Jacobina, Antônio Nery Filho, Salvador: Edufa, 1999. Drogas - mitos e verdades. Beatriz Carlini Cotrim. São Paulo: Ática, 1998. Drogas Prevenção e Tratamento - O que você queria saber sobre drogas e não tinha a quem perguntar. DP Maluf, Takey EH, Humberg LV, Meyer M, Laranjo THM. São Paulo: Cia Editora, 2002. Guia para Família: cuidando da pessoa com problemas relacionados com álcool e outras drogas. Organizadoras: Anita Taub, Paola Bruno de Araújo Andreoli. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. Doces Venenos: Conversas e desconversas sobre drogas. Lídia Rosenberg Aratangy. São Paulo: olho D’ Água, 1991. Quem não tem problema com droga? Jitman Vibranovski, Paulo Antunes. Rio de Janeiro: Mileto, 2004. Livreto Informativo sobre Drogas Psicotrópicas. CEBRID/SENAD. Brasília. 2004. 123 Respostas Sobre Drogas – Coleção Diálogo na Sala de Aula Içami Tiba. São Paulo: Editora Scipione. 2003. Pais e Filhos – Companheiros de Viagem Roberto Shinyashiki. São Paulo: Gente, 1998. Anjos Caídos – Como prevenir e eliminar as drogas na vida do adolescente Içami Tiba - São Paulo: Editora Scipione. 1999 21. Cartilhas Educativas sobre Drogas disponível no site www.senad.gov.br - menu: publicações Série: Por Dentro do Assunto 2007 Filmes. A corrente do bem, 2000. Direção: Mini Leder. Diário de um adolescente, 1995. Direção: Scott Kalvert 28 dias, 2000. Direção: Betty Thomas. Quando Um Homem Ama Uma Mulher, 1994. Direção: Luis Mandoki. Por volta da meia noite, 1986. Direção: Bertrand Tavernier • Cazuza - O Tempo Não Pára, 2004. Direção: Sandra Werneck e Walter Carvalho. Todos os Corações do Mundo, 1995. Direção: Murillo Salles. Despedida em Las Vegas, 1996. Direção: Mike Figgis. Traffic, 2000. Direção: Steven Soderbergh • O Informante, 1999. Direção: Michael Mann Sites. Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD – www.senad.gov.br Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas – OBID – www.obid.senad.gov.br Coordenação Nacional de DST`s e AIDS – www.aids.gov.br Programa Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein – www.einstein.br/alcooledrogas Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) – www.uniad.org.br Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) – www.cebrid.epm.br 22 Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA) - www.grea.org.br Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas (ABEAD) - www.abead.com.br Associação Brasileira de Redutores de Danos (Aborda) – www.aborda.org.br Instituto Nacional do Câncer – INCA – www.inca.org.br Alcoólicos Anônimos – www.alcoolicosanonimos.org.br Narcóticos Anônimos Central – www.na.org.br Instituto de Medicina Social e de Criminologia - IMESC www.imesc.sp.gov.br Filme brasileiro Metanoia. Anexo IV Temas de peças teatrais