UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA Camila Miriam Suemi Sato Barros Dilzenira Costa Ferreira da Silva A IDADE MATERNA COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR BELÉM 2008 Camila Miriam Suemi Sato Barros Dilzenira Costa Ferreira da Silva A IDADE MATERNA COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade da Amazônia, para obtenção do título de fisioterapeuta. Orientadora: Prof. Dayse Danielle de Oliveira Silva. BELÉM 2008 Barros, Camila Miriam Suemi Sato. B277i A idade materna como fator de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor / Camila Miriam Suemi Sato Barros; Dilzenira Costa Ferreira da Silva. ‐ Belém, 2008. 80f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Universidade da Amazônia. Camila Miriam Suemi Sato Barros Dilzenira Costa Ferreira da Silva A IDADE MATERNA COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade da Amazônia, para obtenção do título de fisioterapeuta. Orientadora: Prof. Dayse Danielle de Oliveira Silva. Banca Examinadora ________________________________________ Prof. Esp. Dayse Danielle de Oliveira Silva Orientadora ________________________________________ Prof. _________________________________________ Prof. Apresentado em: Conceito: / / BELÉM 2008 Aos meus pais, pela educação e amor a mim proporcionado; Ao Professor Dr. Manoel Gionovaldo Freire Lourenço e á Professora Ms. Cibele Câmara por todo conhecimento e atenção. Camila Miriam Suemi Sato Barros A minha tia Juracema pelo apoio, compreensão, carinho e por me motivar a crescer cada dia mais. Dilzenira Costa Ferreira da Silva AGRADECIMENTOS A DEUS, pelo dom da vida e por mais esta vitória. Aos nossos pais, pelo amor, pela educação e pela compreensão nos momentos mais difíceis. Aos nossos familiares, pela força, compreensão e companheirismo dedicados durante essa jornada. A nossa orientadora, Prof. Mestranda Dayse Silva, pela dedicação, pelo interesse e pela confiança em nós depositada. Ao nosso co-orientador, Prof. Dr. Mauro Fontelles, pela paciência e atenção dispensada na estatística do nosso trabalho. Aos professores deste último ano de faculdade, que sempre nos entenderam e apoiaram quando preciso. Aos voluntários do nosso estudo, pois sem eles não teríamos conseguido. A URE-MIA, e a toda equipe do PRO-AME, em especial a Dona Cleide. Aos nossos namorados, pela tolerância, amor e compreensão. E a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste sonho. É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se fazendo nada até o final Martin Luther King RESUMO Introdução: O desenvolvimento neuropsicomotor normal é definido como a capacidade do indivíduo realizar funções mais complexas, sendo influenciado por fatores genéticos e ambientais. A gravidez em uma adolescente pode gerar alterações e riscos tanto para a mãe quanto para o seu bebê devido a competição de nutrientes entre esses indivíduos durante o período gestacional. Assim, filhos de mães adolescentes tendem a apresentar maior chance de desenvolver atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Sendo indispensável o diagnóstico precoce de atraso, a fim de se evitar maiores danos para essa criança. Objetivo: Comparar o desenvolvimento neuropsicomotor de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas. Materiais e Métodos: O estudo é observacional descritivo do tipo inquérito transversal, onde foi realizada a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor através do Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II, e também aplicado um roteiro de entrevista semi-estruturado com perguntas para as mães. Para as variáveis comparativas foi aplicado o teste exato de Fisher e para a análise das demais variáveis foi utilizado o método de regressão logística simples. Resultados: Foram avaliadas 40 crianças, 26 filhos de mães adolescentes e 14 filhos de mães adultas, apenas 5 crianças apresentaram suspeita de atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, sendo 2 pertencentes ao primeiro grupo e 3 pertencentes ao segundo. A diferença encontrada entre os grupos não teve valor estatisticamente significativo, assim como não se observou influência da idade materna no desenvolvimento. Conclusão: No presente estudo, a idade materna não apresentou fator de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor, assim como não foi encontrada diferença no desenvolvimento neuropsicomotor de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas. Palavras-chave: Desenvolvimento neuropsicomotor; gravidez na adolescência; teste de Denver II. ABSTRACT Introduction: The normal neuropsychomotor development is defined as the capacity of the individual to carry through more complex functions, being influenced for genetic and ambient factors. The pregnancy in an adolescent can in such a way generate alterations and risks for the mother how much for its baby due the competition of nutrients between these individuals during the pregnancy period. Thus, children of adolescent mothers tend to present greater possibility to develop delay in the neuropsychomotor development. Being indispensable the precocious diagnosis of delay, in order to prevent greaters damages for this child. Objective: To compare the neuropsychomotor development of children of adolescent mothers and children of adult mothers. Materials and Methods: The study it is observational description of the type transversal inquiry, where the evaluation of the neuropsychomotor development through the Test of Selection of Development of Denver II was carried through, and also applied a script of interview half-structuralized with questions for the mothers. For the comparative variable the accurate test of Fisher was applied and for the analysis of the excessively changeable ones the method of simple logistic regression was used. Results: 40 children, 26 children of adolescent mothers and 14 children of adult mothers had been evaluated, only 5 children had presented suspicion of delay of neuropsychomotor development, being 2 pertaining to the first group and 3 pertaining ones to as. The found difference enters the groups did not have statistical significant value, as well as did not observe influence of the age mother in the development. Conclusion: In the present study, the age mother did not present factor of risk for the neuropsychomotor development, as well as difference in the neuropsychomotor development of children of adolescent mothers and children of adult mothers was not found. Key Words: Neuropsychomotor development; pregnancy in the adolescence; test of Denver II. LISTA DE TABELAS TABELA 1: REGRESSÃO LOGÍSTICA SIMPLES: IDADE MATERNA X INTERCORRÊNCIAS 47 TABELA 2: CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA FINAL 48 TABELA 3: REGRESSÃO LOGÍSTICA SIMPLES DE FATORES DE RISCO MATERNOS 49 TABELA 4: REGRESSÃO LOGÍSTICA SIMPLES: DNPM X MORADORES/CASA 51 TABELA 5: DNPM X RENDA FAMILIAR 52 TABELA 6: REGRESSÃO LOGÍSTICA SIMPLES: IDADE MATERNA X DNPM 58 TABELA 7: CORRELAÇÃO LINEAR IDADE MATERNA X PESO AO NASCER 59 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS 47 GRÁFICO 2: IDADE MATERNA 48 GRÁFICO 3: TIPO DE MORADIA 49 GRÁFICO 4: PESSOAS / CASA 50 GRÁFICO 5: RENDA FAMILIAR 51 GRÁFICO 6: ESTADO CIVIL 52 GRÁFICO 7: ESTADO CIVIL- ADOLESCENTES 53 GRÁFICO 8: ESTADO CIVIL - ADULTAS 53 GRÁFICO 9: APOIO DO PAI 54 GRÁFICO 10: TIPO DE PARTO 54 GRÁFICO 11: TIPO DE PARTO / ADOLESCENTES 55 GRÁFICO 12: TIPO DE PARTO / ADULTAS 55 GRÁFICO 13: USO DE DROGAS 56 GRÁFICO 14: INCIDÊNCIA DE SUSPEITA DE ATRASO 57 GRAFICO 15: DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 57 GRÁFICO 16: PESO AO NASCER DE FILHOS DE MÃES ADOLESCENTES E FILHOS DE MÃES ADULTAS 58 GRÁFICO 17: CORRELAÇÃO LINEAR IDADE MATERNA X PESO AO NASCER59 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS - ADNPM: Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor - CEP: Comitê de Ética e Pesquisa - DNPM: Desenvolvimento Neuropsicomotor - QI: Quoeficiente de Inteligência - TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - UNAMA: Universidade da Amazônia - URE-MIA: Unidade de Referência Materno Infantil e Adolescente SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 27 2 HIPÓTESES 29 3 OBJETIVOS 29 3.1 OBJETIVO GERAL 29 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 29 4 REFERENCIAL TEÓRICO 30 4.1 GRAVIDEZ 30 4.2 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA 32 4.3 DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL DA CRIANÇA 34 4.4 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 35 4.4.1 Primeiro trimestre 37 4.4.2 Segundo trimestre 37 4.4.3 Terceiro trimestre 38 4.4.4 Quarto trimestre 38 4.5 TESTE DE TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE DENVER II 39 5 MATERIAIS E MÉTODOS 41 5.1 TIPO DE ESTUDO 41 5.2 LOCAL DA PESQUISA 41 5.3 ASPECTOS ÉTICOS 41 5.4 SUJEITOS 42 5.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 42 5.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 42 5.7 INSTRUMENTOS DA PESQUISA 43 5.8 ETAPAS 43 5.8.1 I etapa – Termo de consentimento livre esclarecido (TCLE) 43 5.8.2 II etapa – Aplicação do teste de triagem desenvolvimento de Denver II 44 5.8.3 III etapa – Aplicação do questionário de entrevista semi-estruturado 44 5.9 RISCOS E BENEFÍCIOS 45 5.10 COLETA DE DADOS 45 5.11 ANÁLISE DOS DADOS 45 6 RESULTADOS 47 6.1 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR 57 6.2 RELAÇÃO ENTRE PESO E IDADE MATERNA / PESO E DNPM 58 7 DISCUSSÃO 61 8 CONCLUSÃO 68 REFERÊNCIAS 70 APÊNDICE A – DECLARAÇÃO DA ORIENTADORA 77 APÊNDICE B - DECLARAÇÃO DA CO-ORIENTADORA 78 APÊNDICE C – DECLARAÇÃO DO CO-ORIENTADOR 79 APÊNDICE D – AUTORIZAÇÃO DA UNIDADE DE REFERÊNCIA MATERNOINFANTIL E ADOLESCENTE 80 APÊNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO I 81 APÊNDICE F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO II 84 APÊNDICE G - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS MÃES 87 ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 91 ANEXO B – TESTE DE TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE DENVER II 92 ANEXO C – MANUAL DO TESTE DE TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE DENVER II 93 27 1 INTRODUÇÃO Estimativas do Ministério da Saúde afirmam que 21,89% dos nascidos vivos por ano são filhos de mulheres abaixo dos 20 anos de idade, sendo considerada como gestação de alto risco, acompanhada de graves alterações tanto para a mãe quanto para o bebê (BRASIL, 2006; GONTIJO; MEDEIROS, 2004). Após a fecundação, o organismo da grávida dá início a uma seqüência de alterações que possibilitam o corpo se estruturar para suportar o crescimento do feto. A mãe e o filho irão formar uma unidade fisiológica, tendo como prioridade a distribuição de nutrientes necessários para o crescimento na vida intra-uterina (VALADARES; DIAS, 2006). Atualmente, a gravidez na adolescência tem se tornado um assunto de caráter epidêmico, e pode comprometer o processo normal de desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM). As causas do elevado índice de gravidez na adolescência estão diretamente relacionadas a diversos fatores de natureza social, biológica e psicológica, sendo o aumento precoce da relação sexual em adolescentes um destes fatores. A gravidez em uma adolescente pode trazer grandes alterações e riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, pois entre a mãe e o feto começará uma competição por nutrientes que poderão desenvolver sérias conseqüências para a saúde materno-fetal (BARACHO et al, 2006). Os filhos de mães adolescentes tendem a apresentar um maior risco de desenvolverem atraso de desenvolvimento, risco de distúrbios comportamentais assim como também dificuldade na escola, entre outros problemas (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004a). Além disso, estas crianças estão mais predispostas a nascerem com baixo peso, sendo comprovado que o número de crianças com baixo peso ao nascer, filhas de mães adolescentes superam o da população em geral. Muitos dos que nascem com menos de 2.500g tem uma evolução favorável no período neonatal, ainda assim, apresentam maior possibilidade de desenvolver complicações (RAMOS; VAZ; CALIL, 2003). O peso ideal da criança ao nascer está entre 3000 – 5000 gramas (BEE, 2003). Conforme a classificação de Bartaglia e Lubchenco, os neonatos de baixo peso, com menos de 10% para sua idade gestacional, são mais vulneráveis a ter hipoglicemia, 28 síndrome da aspiração meconial, infecções e malformações, complicações que podem gerar seqüelas no desenvolvimento normal (RAMOS; VAZ; CALIL, 2003). Outros fatores como as condições nutricionais neonatais, o nível sócioeconômico da família, assim como as influências ambientais, podem ter influência direta no desenvolvimento e no quoeficiente de inteligência (QI) da criança, (RAMOS; VAZ; CALIL, 2003). Estudos comprovam que filhos de mães adolescentes tendem a ter baixo peso ao nascer e isto pode influenciar negativamente no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) normal. Assim, filhos de mães adolescentes tendem a ser menos desenvolvidos que filhos de mães adultas (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004a; RAMOS; VAZ; CALIL, 2003). Evidências confirmam que quanto mais precoce for feito o diagnóstico de atraso no desenvolvimento e intervenção, menores serão os danos causados à criança (MIRANDA; RESEGUE; FIGUEIRAS, 2003). O Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II foi elaborado por Frankenburg e Doods no ano de 1967 e tem sido muito utilizado por profissionais da área da saúde, devido à boa sensibilidade para detectar distúrbios do DNPM, além de ser de fácil utilização. O teste abrange a avaliação de crianças de 0 a 6 anos de idade, onde seleciona quatro áreas para serem abordadas durante a avaliação que são o pessoal social; adaptação motora fina; linguagem e motricidade ampla (FRANKENBURG, 1992; BRENNEMANN, 2002). Tendo como base esse contexto surge à idéia de investigar se há diferença entre o desenvolvimento neuropsicomotor de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas. Sendo utilizado o Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II, para investigar possíveis atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor da criança, e a aplicação de um roteiro de entrevista semi-estruturado com o objetivo de identificar possíveis fatores de risco materno para o atraso no desenvolvimento da criança. 29 2 HIPÓTESES - Hipótese Nula (HO) – Não há diferença no DNPM de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas - Hipótese Alternativa (H1) – Há diferença no DNPM de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL - Comparar o desenvolvimento neuropsicomotor de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Determinar a relação da idade materna com o DNPM. - Avaliar o DNPM através do Teste de Denver II. - Verificar a ocorrência de baixo peso ao nascer entre as crianças filhas de mães adolescentes e filhas de mães adultas e sua relação com DNPM. - Identificar possíveis fatores maternos de risco para o atraso de DNPM. 30 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 GRAVIDEZ A gestação normal vem acompanhada de ajustes fisiológicos e anatômicos que geram mudanças acentuadas no organismo materno, abrangendo certa composição dos elementos figurados e humorais do sangue. É bem provável que não exista na vida da mulher nenhuma outra fase do ciclo vital que exija maior mudança no funcionamento e forma do corpo humano em curto período de tempo. Muitas dessas alterações começam desde o momento da fecundação e prolongam-se por todo o período gestacional até o final da lactação (SOUZA; BATISTA FILHO; FERREIRA, 2002). Diversas modificações que ocorrem em todos os sistemas do corpo, como as mudanças musculoesqueléticas, físicas, emocionais e as condições de saúde da grávida, são essenciais para a manutenção da prenhez, que pode ser dividida didaticamente em três trimestres: o primeiro trimestre envolve a assimilação fetal e materna e os dois últimos trimestres estão relacionados ao desenvolvimento fetal (HUGE; KISNER, 2005). As alterações musculoesqueléticas ocorrem devido basicamente a alterações hormonais e ao crescimento constante do útero. Este se torna um órgão abdominal, o qual desloca o intestino e entra em contato com a parede abdominal, assim o centro de gravidade da gestante tende deslocar para frente, isto leva a um aumento da lordose lombar e cervical, cifose dorsal com rotação dos braços, maior instabilidade articular, marcha anserina e aumento da base de sustentação (SENHORINHO et al, 2003). Por volta da décima semana, ocorre dilatação bastante relevante de ambos os ureteres e de suas pelves renais. Os rins aumentam de tamanho e de peso (HUGE; KISNER, 2005). Os canais urinários apresentam musculatura pouco hipotônica e a região do trígono pode estar estirada, gerando uma incompetência das válvulas ureterovesicais (refluxo), podendo surgir infecção urinária. A bexiga eleva-se devido crescimento do útero, o qual passa a ser um órgão intra-abdominal, com forte pressão para cima o que gera aumento no desejo miccional (VALADARES; DIAS, 2006). No primeiro trimestre de 0 a 12ª semanas de gestação, é o período em que a grávida começa a sentir náuseas ou vômitos com freqüência, ocorrem alterações 31 emocionais, suas mamas aumentam de tamanho e há um ganho ponderal pequeno equivalente de 0 a 1.455g (HUGE; KISNER, 2005). A vida intra-uterina tem como principal característica o intercâmbio de nutrientes e metabólitos entre a mãe e o feto, assim o compartimento materno serve para suprir as necessidades deste (DIAS, 2006). Durante o segundo trimestre, que fica entre a 13ª e 26ª semana, a gravidez passa a ser mais visível devido ao crescimento do feto. A grávida começa a sentir-se melhor, em virtude do desaparecimento das náuseas. Vale ressaltar que por volta da 20ª semana a grávida começa a sentir o movimento do feto (HUGE; KISNER, 2005). Com isso, durante a gravidez ocorre um aumento no consumo de oxigênio em torno de 14%, sendo dividido proporcionalmente entre o feto e a placenta, esta ainda subdivide o gás em metade para o músculo uterino e tecido mamário (HUGE; KISNER, 2005). Devido ao maior estímulo da progesterona sobre o centro respiratório, a freqüência e a amplitude das incursões respiratórias aumentam, gerando hiperventilação. É natural a grávida nesse estado hiperventilar, pois isso irá suprir as demandas de oxigênio na gestante (VALADARES; DIAS, 2006). Estas alterações estão relacionadas com o deslocamento do útero grávido para próximo do diafragma. Algumas evidências afirmam que a relaxina tornaria as junções costocondrais mais macias e móveis durante a gestação. Devido as alterações ocorridas na posição das costelas, o diafragma é elevado em cerca de 4 cm (VALADARES; DIAS, 2006). A gravidez é acompanhada de alterações hemodinâmicas, caracterizado pelo aumento do volume sanguíneo materno em 35 a 50% além dos níveis gestacionais, porém retornam entre 6 a 8 semanas depois do parto. A pressão venosa nos membros inferiores aumenta quando se fica em posição ortostática. O tamanho do coração aumenta e o mesmo é elevado devido o diafragma. Mudanças freqüentes ocorrem com o débito cardíaco e a vasodilatação periférica, sendo que poucas mudanças acontecem com a freqüência cardíaca e a pressão arterial (BIM e PEREGO, 2002). Em estágios mais avançados da gravidez, os aumentos continuam através da elevação dos batimentos cardíacos, sofrendo mudanças na posição supina e decúbito lateral (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004c; VALADARES; DIAS, 2006). 32 A pressão arterial assume níveis mais baixos durante a metade da gestação, e após o parto até 6 meses a pressão arterial volta gradativamente até atingir seu nível anterior a gravidez (BIM e PEREGO, 2002; HUGE; KISNER, 2005). 4.2 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA A adolescência é a fase compreendida pela passagem da infância para a idade adulta, repleta de transformações somáticas, psicológicas e sociais. É o período da vida em que se completa o crescimento e o desenvolvimento, ocorrendo modificações anatômicas e fisiológicas, gerando um ser adulto (AMORIM et al, 2006; COLLI, 2003). Segundo a Organização Mundial de Saúde, são adolescentes indivíduos entre 10 e 20 anos. Há nessa etapa a busca de identidade, aceleração intelectual e evolução da sexualidade, caracterizando-se como estágio conturbado da vida em que não se é mais tratado como criança, porém, ainda não se é maduro o suficiente para ser beneficiado como adulto (COLLI, 2003). No século passado os adolescentes eram considerados como indivíduos ativos dentro da sociedade; tão logo entrasse na puberdade eram considerados maduros o suficiente para a construção de uma nova família; logo após a menarca, as jovens já estavam aptas ao casamento e a geração de sua prole, que quanto mais numerosa, maior seria seu mérito como mulher (SOUZA, 2002). Porém, com a conquista da liberdade do exercício sexual, e com a explosão demográfica, a reprodução de maneira não planejada e desordenada deixou de ser estimulada e passou a ser problema de ordem pública. Foi então que se começou a divulgar os métodos contraceptivos, como as pílulas anticoncepcionais e a esterilização (SOUZA, 2002). Mas a iniciação sexual sem orientações tem ocorrido cada vez mais precocemente, e os adolescentes de agora encontram-se na situação em que não são crianças e nem adultos, ficando muitas vezes à margem do sistema de saúde (AMORIM et al, 2006; COLLI; SILVA; LEAL, 2003). Somando-se a isso, a falta de apoio e aconselhamento de um adulto responsável e a insaciável busca pela afirmação social, sexual e afetiva, o jovem descobre a 33 sexualidade a partir de experiências de outros colegas da mesma idade, recheada de pensamentos errôneos como as do tipo “isso nunca acontecerá comigo” (GONTIJO; MEDEIROS, 2004; SOUZA, 2002). Alguns fatores parecem estar relacionados com a ocorrência de gravidez na adolescência, como início precoce da atividade sexual, fracasso escolar, ausência de ocupação e culto religioso, permissividade familiar, entre outros (COLLI; SILVA; LEAL, 2003; MAINARTE; GODOY; BONADIO, 2007). Pesquisas afirmam que 21,89% dos nascidos vivos por ano são filhos de mães abaixo dos 20 anos de idade o que segundo o Ministério da Saúde é considerada como gestação de alto risco, sustentada por um discurso médico de gravidade tanto para a mãe quanto para o bebê (BRASIL, 2006; GONTIJO; MEDEIROS, 2004). Sabe-se que a gravidez por si só é caracterizada por inúmeras modificações no organismo materno, e se tratando de uma mulher adolescente, essas alterações são maiores, visto que esta já se encontra em um período de mudanças e transformações. Há entre mãe e feto a concorrência entre nutrientes, e possivelmente no final dessa batalha ambos saiam prejudicados (BARACHO et al, 2006). Estudos relatam que 60 mil adolescentes no mundo vão a óbito por ano devido complicações na gestação e/ou no parto. Relata ainda que a gravidez na adolescência é considerada de risco por estar muito associada com altas taxas de morbi-mortalidade materna e infantil (CUNHA et al, 2002). Complicações na gravidez são a primeira causa de internação de mulheres entre 10 e 19 anos (depressão, ansiedade etc), visto estas serem mais predispostas a complicações de prenhez e parto como descolamento prematuro de placenta, lacerações vaginais e atonia uterina, além de problemas psicológicos (MAINARTE; GODOY; BONADIO, 2007). As complicações obstétricas podem ser agravadas ainda mais se a ocorrência for antes de dois anos após menarca, bebês nascidos de mulheres com menos de 18 anos têm risco aumentado de prematuridade, baixo peso ao nascer (BARACHO et al, 2006; STEPHENSON; O’CONNOR, 2004a) e mortalidade infantil, podendo estar relacionado à imaturidade biológica da mãe (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004a; SIMÕES et al, 2003). Há ainda controvérsias quanto à correlação da baixa idade materna e o baixo peso ao nascer (SIMÕES et al, 2003), podendo outros fatores, como pouco aumento de peso materno, atraso nos cuidados pré-natais e baixo nível socioeconômico 34 contribuírem negativamente, além de dietas erradas freqüentes nesta faixa etária e o abuso de drogas (BEE, 2003; COLLI; SILVA; LEAL, 2003). O nascimento de crianças saudáveis pode estar em risco em casos de baixa idade materna, sabe-se que estas crianças não se desenvolvem tanto quanto os filhos de mães adultas podendo apresentar distúrbios comportamentais, dificuldade escolar, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, entre outros (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004a). Acrescenta-se ainda o fator psicológico desfavorável do ambiente em que esta criança irá nascer, com risco elevado de ausência do pai (MAINARTE; GODOY; BONADIO, 2007), imaturidade emocional da mãe sem perspectivas econômicas para criar um filho sozinha e abandono da família e amigos (SIQUEIRA et al, 2002; COLLI; SILVA; LEAL, 2003). É importante no período pré-natal oferecer apoio à futura mãe adolescente a fim de prepará-las física e psicologicamente para prenhez, parto e puerpério, melhorando a condição da mãe e conseqüentemente a do bebê; a educação é indispensável para saúde de mãe e filho (FREITAS; BOTEGA, 2002; MAINARTE; GODOY; BONADIO, 2007; STEPHENSON; O’CONNOR, 2004a). 4.3 DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL DA CRIANÇA O desenvolvimento pré-natal é compreendido em duas etapas: a primeira corresponde aos dois primeiros meses pós-fertilização, em que há formação de rudimento de todos os órgãos principais e desenvolvimento das membranas embrionárias (saco vitelíneo, alantóide, âmnio, córion, cordão umbilical e placenta), denominado de desenvolvimento embrionário; a segunda é o período de desenvolvimento fetal, quando o feto toma aparências humanas, ocorrendo o desenvolvimento dos órgãos (STEPHENSON; O’CONNOR, 2004b; TORTORA; GRABOWSKI, 2002). Após a fecundação na tuba uterina há a formação de um ovo ou zigoto, que sofre clivagem, aumentando o número de células (blastômeros) e formando uma mórula. O processo de multiplicação celular perdura até que o emaranhado de células chega ao útero, sendo denominado agora de blastocisto (TORTORA; GRABOWSKI, 2002). 35 O blastocisto possui uma cavidade interna repleta de líquido, a blastocele, e é revestido por trofoblastos, responsáveis pela liberação da gonadotrofina coriônica humana (HCG), o principal hormônio da gravidez, e pela formação da parte fetal da placenta junto a massa celular interna do blastocisto, que além de constituir a placenta, forma o feto. A massa celular interna ainda sofre gastrulação, dividindo-se em três camadas germinativas: ectoderma que formará a pele e o sistema nervoso, mesoderma que originará músculos, ossos, tecido conjuntivo e o peritônio e endoderma que transformar-se-á em trato gastrointestinal, respiratório e outros órgãos (TORTORA; GRABOWSKI, 2002). A placenta encontra-se aderida ao útero, e é ligada ao feto pelo cordão umbilical, sendo o principal meio de contato entre o organismo materno e o organismo fetal, desempenhando funções respiratórias, garantindo as trocas gasosas, e função de nutrição, exceção, proteção e endócrina (BEE, 2003). A função nutricional da placenta é de fundamental importância para o crescimento fetal, e sua capacidade de transporte depende da permeabilidade da placenta, do gradiente de concentração de nutrientes materno-fetal, consumo nutricional placentário e do fluxo sangüíneo uterino, placentário e umbilical e qualquer alteração em um desses fatores podem acarretar em déficit de desenvolvimento embrionário, que não depende somente da ingestão de nutrientes pela mãe (RAMOS; VAZ; CALIL, 2003; STEPHENSON; O’CONNOR, 2004b). Alguns marcos do desenvolvimento infantil são identificados no período fetal: o reflexo de susto e sucção, por exemplo, podem ser percebidos entre a 8ª e 12ª semana; os movimentos respiratórios e de deglutição aparecem entre a 13ª e 16ª semana. Entre a 17ª e 20ª, há percepção materna dos movimentos do bebê e os batimentos cardíacos são audíveis com estetoscópio; os olhos se abrem entre a 21ª e 22ª semana, e, por fim, há mielinização de células cerebrais entre 29ª e 37ª semana, estando o bebê apto ao nascimento na 38ª semana (BEE, 2003). 4.4 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR O conceito de desenvolvimento infantil tem sido cada vez mais difícil de ser definido, pois depende do ponto de vista de cada profissional da área da saúde. De um 36 modo geral, desenvolvimento vem a ser um processo que começa desde a vida intrauterina que envolve diversos fatores como o crescimento físico, amadurecimento neurológico e a formação de habilidades que envolvam o comportamento, os aspectos cognitivos, o social e afetivo da criança. Gerando assim, uma criança capaz de responder a aquilo que é necessário para si próprio e para o meio, levando em consideração o seu meio de vida (MIRANDA; RESEGUE; FIGUEIRAS, 2003). O desenvolvimento normal tem como significado uma maior capacidade de o indivíduo realizar cada vez mais funções complexas (MURAHOVSCHI, 2003b). Dessa maneira, alguns fatores podem influenciar nesse desenvolvimento como fatores genéticos que irão determinar a inteligência e as habilidades da criança, os fatores ambientais que geram grande efeito no desenvolvimento (MURAHOVSCHI, 2003b). Vale ressaltar ainda que o próprio temperamento da criança pode influenciar no desenvolvimento, sendo este um dos fatores biológicos (MENGEL; LINHARES, 2007). O desenvolvimento motor é um processo pelo qual o indivíduo passa por alterações no seu comportamento motor. Este desenvolvimento motor abrange alterações relacionadas à idade tanto com relação a sua postura quanto no seu movimento, sendo estes dois suplementos básicos do comportamento motor. Após o nascimento, o bebê é totalmente dependente, porém no seu primeiro ano de vida a criança começa a ter certo grau de independência física o que normalmente evolui até que o ser se torne totalmente autônomo (SANT; GOLDBERG, 2002). Atualmente, percebemos que não é só o sistema nervoso que determina as mudanças do desenvolvimento. Alterações no sistema músculo-esquelético e cardiorespiratório, também geram influência no desenvolvimento motor (OLHWEILER; SILVA; ROTTA, 2005; SANT; GOLDBERG, 2002). Ao nascer, o bebê dá início a uma etapa de alterações comportamentais mais complexas do que simplesmente crescer e se desenvolver, assim, começará interagir com o meio (CAON; RIES, 2003). Com o passar do tempo, os bebês ganham habilidades locomotoras: primeiro rolando, depois rastejando-se e engatinhando, depois andando, até no final alcançar a sua locomoção independente (SANT; GOLDBERG, 2002). 37 Os ganhos motores serão divididos em trimestres, sendo que em cada trimestre o bebê muda seu comportamento, adquirindo novas habilidades na posição supina, posição prona, sentada e em pé (SANT; GOLDBERG, 2002). 4.4.1 Primeiro trimestre No primeiro trimestre chamamos o recém nascido de neonato, que adota uma postura de flexão geral do corpo devido à postura dele dentro do útero de sua mãe ainda no período gestacional e ou aos níveis de desenvolvimento do sistema nervoso (SANT; GOLDBERG, 2002). Durante seu primeiro mês de vida a criança é capaz de sorrir involuntariamente e erguer a cabeça na posição prona. Nessa fase a criança começa sua interação com o meio em que vive, pois passa a dar voltas na cabeça, começa o processo de sucção e passa o olhar, essas mudanças demonstram a percepção e cognição do lactente (MURAHOVSCHI, 2003b; NEEDLMAN, 2002b). No segundo mês de vida o bebê passa a sorrir voluntariamente, a sustentar um pouco mais a cabeça, acompanha objetos com o olhar e dá atenção à voz (NEEDLMAN, 2002b). No terceiro mês de vida a criança ganha habilidade visual, auditiva e emocional interagindo com o meio (DEGENSZAJN, 2003). Com o olhar a criança acompanha objetos em movimentos a 180 graus. Nesse estágio a criança na posição prona levanta a cabeça e o tórax com os braços estendidos. Tenta segurar objetos, mas não o consegue, sustenta a cabeça quando puxado para sentar e emite sons quando estimulado (NEEDLMAN, 2002b; MURAHOVSCHI, 2003a). 4.4.2 Segundo trimestre O segundo trimestre é geralmente um período de muitos progressos do bebê contra a gravidade. No início desse trimestre o bebê consegue sustentar a cabeça bem alinhada em relação ao corpo e evolui adquirindo a habilidade de sentar sem ajuda por 38 pouco tempo e de empurrar as mãos e os joelhos. Assim o bebê vai conseguindo controlar o corpo em posições básicas que ajudaram a ganhar maior mobilidade (SANT; GOLDBERG, 2002). Neste trimestre, a criança passa a segurar um pequeno objeto, emite sons, sorri alto, a criança começa a brincar com as suas mãos, levando-as à boca, e com os pés (NEEDLMAN, 2002b). 4.4.3 Terceiro trimestre No terceiro trimestre o bebê desenvolve a habilidade de se locomover pelo ambiente. Essa fase pode ser chamada de fase de equilíbrio, concentração e sociabilidade, pois é a partir de então que a criança vai ganhando todas essas habilidades. (MURAHOVSCHI, 2003a). A vontade de se movimentar contra a força da gravidade gera um fortalecimento nesses bebês que são capazes de se puxar e se levantar sem ajuda ao final desse trimestre (SANT; GOLDBERG, 2002). É comum que essa criança esteja ligada a atividades de lazer como brincar com objetos, bater palmas, virar-se, levar as mãos à boca, assim como passar objetos de uma mão para outra e assim fazer uso dos seus membros inferiores para estabilização (MURAHOVSCHI, 2003a). 4.4.4 Quarto trimestre Durante o quarto trimestre, a criança adota a posição de “gatas” como o meio de engatinhar, sendo que muitas crianças preferem essa posição por meses, mesmo com o início da marcha. Nesse período a postura sentada é muito comum e a habilidade de equilíbrio está bem mais evidenciada, sendo notório como a criança se locomove tão facilmente da posição sentada para a posição de “gatas” quanto ao contrário, podendo variar para as posições de sentado de lado e sentado “em W” (SANT; GOLDBERG, 2002). 39 Nessa fase a criança engatinha, não obrigatoriamente; ela mantém o equilíbrio para sustentar-se em pé, porém se apóia em algum objeto próximo. As crianças ganham de recuar para sentar partindo da posição em pé. Nesse período as crianças tendem a subir pelos móveis, se levantam em cadeiras e mesas baixas sem qualquer dificuldade, porém, carregar objetos com as duas mãos é muito difícil, devido a difícil estabilização. Com o tempo as crianças vão adquirindo e fazendo os movimentos de locomoção corretamente (MURAHOVSCHI, 2003a; SANT; GOLDBERG, 2002). O estresse emocional da mãe e um pré-natal incompleto durante a gestação predispõem ao nascimento de bebês com baixo peso, ou com anormalidades físicas como fendas palatinas ou problemas respiratórios, pois não se tem controle do peso materno. Esta precariedade de apoio pré-natal é mais comum entre mulheres de baixa renda e adolescentes. A falta de assistência pré-natal assim como o nascimento de crianças com baixo peso por si só não determina e condena ao atraso da criança, pois os problemas de desenvolvimento são passíveis de intervenções, e, se a criança viver em um ambiente estimulador o possível atraso devido estes fatores podem ser sanados (BEE, 2003). 4.5 TESTE DE TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE DENVER II O Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver (TSDD) foi criado por Frankenburg e Dodds em 1967, o qual tem sido muito utilizado por profissionais da área da saúde para avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças. Em muitos países o teste foi adaptado e padronizado, e por ser muito utilizado sofreu muitas críticas, o que gerou uma grande revisão do mesmo e repadronização, originando o teste de Denver II (BRENNEMANN, 2002; FRANKENBURG, 1992). O teste de Denver II tem grande sensibilidade o que facilita a investigação de distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor, porém esse teste avalia a função neurológica esperada para determinada idade, em especial crianças de 0 a 6 anos de vida (ROTTA; PEDROSO, 2004). No teste de Denver II foi acrescentado um aumento de 86% em itens de linguagem, dois itens relacionados à articulação, uma escala de idade, uma de 40 classificação do comportamento e alguns materiais de treinamento (BRENNEMANN, 2002). São quatro as áreas selecionadas pelo teste de Denver II em relação ao desenvolvimento geral, que são o pessoal social (se relacionar bem com as pessoas e se preocupar com as necessidades pessoais); adaptação motora fina (coordena olho-mão, movimenta pequenos objetos e resolve problemas); linguagem (compreende, escuta e utiliza a linguagem); motricidade ampla (movimentos como sentar, andar, pular e ampla flexibilidade muscular) (BETELI, 2006; BRENNEMANN, 2002; NEEDLMAN, 2002a). O teste possui ainda duas escalas de idade nas partes superior e inferior, expressas em meses e anos, logo após o nascimento até os 6 anos. Os itens do teste são apresentados na forma de uma barra que atravessa as idades nas quais 25, 50, 75 e 90% da padronização da amostra passaram naquele item. Em geral precisa da observação do examinador sobre a criança, mesmo que alguns itens possam ser preenchidos com declarações dos pais, observar a habilidade em particular é um método mais confiável de pontuação. O examinador tem que iniciar o teste administrando cada item ligando a linha da idade a pelo menos três itens mais próximos e totalmente à esquerda da linha da idade (BRENNEMANN, 2002). O teste Denver II tem por finalidade identificar possíveis atrasos de desenvolvimento em relação a outras crianças e identificar as mudanças de desenvolvimento de uma criança ao longo do tempo. Os itens pessoais são interpretados como “avançado”, “normal”, “cauteloso”, “atrasado” ou “nãooportuno/aplicável”. O Denver II inteiro é interpretado como “normal”, “suspeito” ou “intestável”. Em criança o qual a interpretação foi suspeita ou intestável no primeiro teste, tem que ser classificada novamente antes de recorrer a outras avaliações (BRENNEMANN, 2002; FRANKENBURG, 1992). Os próprios autores do Denver II afirmam que não se deve utilizar o teste como meio de criar diagnósticos, avaliar o QI da criança ou prever adaptações futuras e incapacidades intelectuais. Pelo contrário, ele é geralmente usado em grupos assintomáticos, como um primeiro passo no ataque aos problemas de detecção precoce e no tratamento dos desvios do desenvolvimento em crianças (BRENNEMANN, 2002; ROTTA; PEDROSO, 2004). 41 5 MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de um estudo observacional descritivo do tipo inquérito transversal, no qual foi realizada a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor através do Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II, e também aplicado um roteiro de entrevista semi-estruturado com perguntas para as mães. 5.2 LOCAL DA PESQUISA O presente estudo foi desenvolvido na Unidade de Referência Materno Infantil e Adolescente (URE-MIA), localizado na Avenida Alcindo Cacela número 1421, bairro Nazaré, Belém-PA. 5.3 ASPECTOS ÉTICOS O trabalho em questão recebeu aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP – UNAMA) sob o protocolo Nº 178602/08, em 14/05/2008 (Anexo A) e aprovação da direção da URE-MIA (Apêndice D), assim como aceites da orientadora (Apêndice A) e co-orientadores (Apêndice B e C). Todos os sujeitos do estudo assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (Apêndice E e F) de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde 2000. Todas as informações pertinentes à clientela do estudo em questão foram preservadas no processo de análise, garantindo-se o sigilo absoluto assim como foi mantido fidelidade dos dados coletados. 42 5.4 SUJEITOS Foram sujeitos da pesquisa crianças de três meses de idade, atendidas na UREMIA e suas mães, dispostas em dois grupos: filhas de adolescentes (mães com idade entre 11 a 20 anos) e filhas de adultas (mães com idade maior de 21 anos). Participaram da pesquisa somente crianças que se enquadraram nos critérios do estudo e que seus responsáveis aceitaram a participação no mesmo após assinar o TCLE, e que não apresentaram intercorrências que prejudicassem a coleta dos dados. 5.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Como critérios de inclusão foram adotados: crianças nascidas a termo, hígidas sem patologias neuromotoras confirmadas, aos 3 meses de vida - pois acredita-se que em idade superior já se tenha passado pela triagem da URE-MIA cuja instituição encaminha as crianças com atraso de desenvolvimento à estimulação precoce - e, que não tenham sido submetidas a nenhuma orientação por fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais até o momento da coleta. 5.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Foram excluídas do trabalho crianças com idade superior ou inferior a 3 meses, cujas mães tenham histórico de sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e / ou HIV positivo, e/ou tenham sofrido intercorrências gestacionais como diabetes, hipertensão e sangramentos. Crianças não atendidas pela URE-MIA também não participaram da pesquisa, assim como aquelas que tinham déficit cognitivo ou problema neuromotor confirmado; ou ainda as que durante a realização do teste apresentaram intercorrências que prejudicaram na realização do mesmo. 43 5.7 INSTRUMENTOS DA PESQUISA Foi utilizado como instrumento avaliativo o Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II (Anexo B), por ser ideal para estudos em grupos assintomáticos, sendo muito usado por profissionais na área da saúde com objetivo de identificação precoce de um possível atraso no desenvolvimento. Houve treinamento prévio através do manual do Denver II, adquirido em Alves e Vieira (2005), para padronizar a aplicação do teste (Anexo C), e somente uma das pesquisadoras avaliou todas as crianças do estudo, de maneira cega. Para a realização do teste foi utilizado um chocalho de cabo fino e balas de goma, tipo “jujuba”, que substituíram o grão de passa (BETELI, 2006). Foi aplicado também às mães um roteiro de entrevista semi-estruturado, realizado apenas por uma das autoras em todas as mães do estudo, investigando fatores biológicos e sociais, assim como também foi coletado o peso ao nascer da criança e confirmado no cartão da criança (Apêndice G). 5.8 ETAPAS A coleta de dados foi realizada em três etapas que ocorreram em um único encontro: 5.8.1 I Etapa – Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) Os voluntários da pesquisa foram abordados nas salas de espera para consultas médicas, respeitando-se os horários da instituição sem prejudicar a realização das consultas. Após a apresentação das pesquisadoras, foi explicado à mãe e/ou responsável pela criança sobre o trabalho e a finalidade do mesmo. Assim como também foram entregues os TCLEs I e II. A opção de participar como voluntário no trabalho implicou 44 na assinatura do termo, sendo impedida qualquer influência das pesquisadoras nesta decisão. Aqueles que concordaram em participar da pesquisa e que se enquadraram nos critérios de inclusão foram encaminhados a uma sala reservada, onde foram submetidos às demais etapas. 5.8.2 II Etapa – Aplicação do Teste de Triagem Desenvolvimento de Denver II A partir da assinatura do TCLE I foi aplicado o Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II com o intuito de avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças cujos responsáveis concordaram em participar do estudo. O teste foi aplicado no espaço físico reservado da URE-MIA em horário que não prejudicasse o funcionamento da instituição e nem acarretasse em prejuízos aos voluntários, sendo indispensável a presença da mãe durante a realização desta etapa, em que a criança se encontrava trajando apenas a fralda. Antes e após as avaliações foram tomadas medidas de biossegurança, como higienizar as mãos com sabão neutro, sendo indispensável o uso do jaleco. Foram avaliados os seguintes itens: responde ao sorriso; acompanha até a linha média; acompanha passando da linha média; acompanha 180º; agarra chocalho; mãos juntas; olha para jujuba; responde a campainha; vira-se para o som do chocalho; levanta a cabeça; cabeça até 45º; cabeça até 90º; sustenta tronco com braços; senta cabeça firme; firma as pernas; puxa para sentar-se/cabeça não pende. Ainda foram avaliados os itens: reconhece própria mão, esforço para ação, alcança com olhar, vocaliza (Uh,Ah), ri, grita,vira-se para a voz, vira-se deitado. 5.8.3 III Etapa – Aplicação do Questionário de entrevista semi-estruturado Com o TCLE II assinado, foi aplicado o questionário de entrevista semiestruturado, que após autorização da voluntária foi gravado para maior fidedignidade 45 na coleta dos dados. Caso não fosse de vontade espontânea a permissão para a gravação, foi anotado pelas pesquisadoras as respostas coletadas durante a entrevista, sem prejuízos para a pesquisa, estando este documento disponível para revisão das entrevistadas. 5.9 RISCOS E BENEFÍCIOS Não houve riscos absolutos para os indivíduos do estudo, no entanto, esporadicamente, aconteceram intercorrências que provocaram choro e cansaço da criança, que foram facilmente contornados. Quanto aos benefícios, foi possível uma detecção precoce de um provável atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. 5.10 COLETA DE DADOS A coleta de dados foi realizada na URE-MIA nos meses de junho e julho de 2008, no turno matutino, no horário de 7:00h as 8:00h; com os pacientes que se encontravam nas salas de espera para consultas. Foram utilizados o Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II e um relatório de entrevista semi-estruturado para capturação dos dados. A amostra foi composta por 40 crianças atendidas na URE-MIA no período da coleta de dados, que se enquadraram nos critérios do estudo, cujo responsável concordou em participar após assinar o TCLE. 5.11 ANÁLISE DOS DADOS Na análise comparativa dos dados foi aplicado o teste exato de Fisher, já que os eventos esperados não ultrapassaram 5 casos, o teste t-student para duas amostras 46 independentes, e o qui-quadrado para comparação dos grupos, sendo considerado nível α de 5% com índice de significância p < 0,05. Ainda foi aplicado o método estatístico de regressão logística simples para análises das demais variáveis, com intervalo de confiança de 95% (IC 95%) e correlação linear de pearson. Os dados foram tratados no pacote estatístico Bioestat 5.0 ®, e organizados e apresentados em tabelas e gráficos confeccionados no programa Microsoft Office Excel 2003 e Bioestat 5.0 ®. 47 6 RESULTADOS Foram avaliadas 51 crianças, todas com 3 meses de vida, dessas 31 crianças eram filhas de mães adolescentes e outras 20 eram filhas de mães adultas. Das 51 crianças avaliadas, 11 foram excluídas do estudo (5 adolescentes e 6 adultas) pois apresentaram algum tipo de intercorrência gestacional ou peri-natal. Para este grupo inicial, as mães adolescentes têm menos chances de apresentar intercorrências durante gestação e parto do que as mães adultas, entretanto, sem significância estatística, segundo a tabela 1. Variáveis Coeficiente Intercepto 0,6931 Mães Adolescentes -1,0296 Erro Padrão 0,3397 0,6769 Z p-valor Odds ratio --- --- --- --- 0,3571 0.09 a 1.35 -1,521 0,1283 IC 95% Tabela 1: Regressão logística simples: idade materna x intercorrências Após a exclusão dos sujeitos que apresentaram intercorrências gestacionais, obteve-se a amostra final que será a amostra propriamente dita do presente estudo, caracterizada na tabela 2. A amostra final ficou então com 40 crianças, 26 filhas de adolescentes (65%) e 14 filhas de adultas (35%), como podem ser visualizadas no gráfico 1. Gráfico 1: Distribuição dos grupos 48 Caracterização da amostra final Idade Tipo de moradia Pessoas/casa Renda Familiar Estado Civil Apoio do pai da criança Apoio da família Tipo de parto Drogas Média DP Madeira Alvenaria Média DP <1 1 1a3 >3 União estável Solteira Sim Não Sim Não Vaginal Cesário Sim Não Adolescentes 17,61 1,60 13 13 6,27 2,49 2 5 15 4 Adultas 26,64 5,51 5 9 4,57 1,08 0 5 6 3 10 16 10 4 21 5 26 0 13 1 13 1 13 13 13 13 10 4 3 11 p-valor <0,0001*** 0,51* 0,005*** 0,45** 0,09* 0,39* 0,35* 0,31* 0,10* Tabela 2: caracterização da amostra final * Exato de Fisher ** Qui-quadrado *** t-student A média de idade das 40 mães foi de 20,77 anos, com DP de 5,54, o máximo de 39 anos e o mínimo de 15 anos, e moda de 17 anos (gráfico 2). Gráfico 2: Idade materna 49 O grupo de mães adolescentes foi composto então por 26 mulheres com idade média de 17,61 anos (DP 1,60), com mínimo de 15 anos e o máximo de 20 anos. Já no grupo de mães adultas, a média de idade foi de 26,64 anos (DP 5,51), com mínimo de 21 anos e o máximo de 39 anos. Não foi encontrado relação entre o DNPM e os possíveis fatores de risco maternos, com ilustrado na tabela 3. Fatores de risco maternos x DNPM OR p-valor IC95% Tipo de moradia 0,79 0,81 0,12 a 5,34 Pessoas/casa 0,69 0,26 0,37 a 1,31 Estado civil 1,58 0,63 0,24 a 10,70 Apoio do pai 1,50 0,73 0,14 a 16,32 Apoio da família 641732,54 0,93 0,00 a infinito Tipo de parto 0,26 0,25 0,03 a 2,61 Drogas 1,00 1,00 0,15 a 6,77 Tabela 3: Regressão logística simples de fatores de risco maternos Quanto ao tipo de moradia, 55% das crianças moravam em casas de alvenaria, e 45% moravam em casa de madeira, segundo o gráfico 3. Gráfico 3: Tipo de moradia 50 Nesta amostra, as crianças que vivem em casa de madeira têm menores chances de desenvolverem suspeita de atraso em relação as que moram em casas de alvenaria, com OR de 0,79 (IC95% 0,12 a 5,34), porém sem significância estatística (p= 0,81). No grupo de filhos de mães adolescentes, 13 destes moravam em casas de alvenaria e 13 em casas de madeira, enquanto que 5 das crianças, filhas de mães adultas, moravam em casas de madeira e 9 moravam em casas de alvenaria. A média de moradores por casa foi de 5,67, com DP de 2,24, máximo de 12 e mínimo de 3 pessoas (gráfico 4). Gráfico 4: Pessoas / casa A média de moradores por casa de mães adolescentes foi de 6,27 pessoas (DP 2,49), com o mínimo de 3 e o máximo de 12, já a média de moradores por residência no grupo de mães adultas era de 4,57 (DP 1,08), com o mínimo de 3 e o máximo de 7 moradores. O número de moradores em residência de mães adolescentes foi maior que o número de moradores em residência de mães adultas com diferença de 1,69, t-student de 2,98 e p-valor (bilateral) de 0,005. Observou-se que quanto maior o número de pessoas moradoras na residência do recém-nascido, menores são as chances do mesmo desenvolver atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, porém, com p-valor de 0,26, ou seja, sem significância estatística (Tabela 4). 51 Variáveis Coeficiente Intercepto -0.1072 Maior N° de moradores -0.3586 Erro Padrão 1.5805 0.3201 Z p-valor Odds ratio IC 95% --- --- --- --- 0.6986 0.37 a 1.31 -1.1202 0.2626 Tabela 4: Regressão logística simples: DNPM x moradores/casa Em relação à renda familiar, apenas duas das quarenta mães relataram renda inferior a 1 salário mínimo, 10 relataram renda de 1 salário mínimo, 21 relataram renda de 1 a 3 salários mínimos, e 7 possuíam renda superior a 3 salários mínimos, como pode ser observado no gráfico 5. Gráfico 5: Renda familiar Quinze mães adolescentes apresentou renda familiar de 1 a 3 salários mínimos, 4 apresentou renda familiar maior que 3 salários mínimos, 5 apresentou 1 salário mínimo e 2 renda inferior a 1 salário mínimo. No grupo de mães adultas, 5 tinham renda familar de 1 salário minimo, 6 apresentavam renda entre 1 a 3 salários minimos, e 3 apresentavam renda superior a 3 salários, e nenhuma apresentou renda inferior a 1 salário (Tabela 3). Não se obsrevou diferença estatisticamente significativa entre a renda de mães adolescentes e mães adultas (p= 0,45), mostrando que ambos os grupos não se diferenciam quanto a situação financeira. 52 Não foi encontrado ainda, diferença com valor estatístico significativo entre o DNPM de acordo com a renda familiar (tabela 5). Renda familiar* Suspeito para atraso DNPM normal p-valor <1 1 1a3 >3 Total 0 1 3 1 5 2 9 18 6 35 0,93** Tabela 5: DNPM x renda familiar *em salários mínimos **Valor obtido com Qui-quadrado No grupo estudado, 20 mães eram solteiras, 14 tinham relação estável com o pai da criança e moravam na mesma casa, e apenas 6 eram casadas oficialmente, segundo gráfico 6. Gráfico 6: Estado civil Tanto as mulheres casadas oficialmente quanto às mulheres amasiadas, foram consideradas em apenas um único grupo: união estável. No grupo das mães adolescentes 16 eram solteiras e 10 possuíam união estável, segundo o gráfico 7. 53 Gráfico 7: Estado civil- adolescentes Já no grupo das adultas, 4 eram solteiras e 10 possuíam união estável, segundo gráfico 8. Gráfico 8: Estado civil - adultas Os filhos de mães solteiras têm mais chances de desenvolverem suspeita de atraso que os filhos de mães com relacionamento estável com OR 1,58 (IC95% 0,24 a 10,70), porém sem significância estatística (p= 0,63). Quanto ao apoio do pai da criança, somente 15% (5 adolescentes e 1 adulta) relatou não contar com este suporte para despesas e na criação, assim como durante a gestação, segundo gráfico 9. As crianças cuja mãe não dispõe do apoio do pai durante a gestação tendem a apresentar suspeita para atraso com OR de 1,50 (IC95% 0,14 a 16,32), porém sem significância estatística (p= 0,73). 54 Gráfico 9: Apoio do pai As crianças cuja mãe não dispõe do apoio da família durante a gestação também tem mais chances de apresentarem suspeita para atraso com OR de 641732,54 (IC95% 0,00 a infinito), porém sem significância estatística (p= 0,93). Em nosso estudo todas as adolescentes relataram ter tido apoio de pelo menos um familiar durante a gestação, já no grupo das mães adultas somente uma das mulheres não teve apoio da família. Em nossa amostra, 23 das crianças nasceram de parto vaginal e 17 nasceram de parto cesário, segundo o gráfico 10. Gráfico 10: Tipo de parto No grupo de mães adolescentes, 13 tiveram parto cesário e 13 parto vaginal (Gráfico 11). As chances de ter parto cesário foi maior neste grupo com odds ratio de 1,80 (IC 95% 0,47 a 6,85), porém com p-valor de 0,38, ou seja, sem valor estatisticamente significativo. 55 Gráfico 11: Tipo de parto / Adolescentes Já no grupo das mães adultas, o tipo de parto mais freqüente foi o vaginal com 10 casos, segundo o gráfico 12. Gráfico 12: Tipo de parto / Adultas As crianças que nasceram de parto vaginal apresentaram mais chances de desenvolverem suspeita para atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, apresentando OR de 0,26 (IC95% 0,03 a 2,61), porém sem valor estatisticamente significativo (p= 0,25). Nesta pesquisa, 16 mães entrevistadas afirmaram ter consumido álcool e/ou cigarro em algum momento de sua vida (antes, durante e/ou após a gestação), segundo gráfico 13. Somente uma mãe relatou uso de drogas ilícitas, (maconha e cocaína), sendo esta participante do grupo de mães adolescentes. 56 Gráfico 13: Uso de drogas Treze das adolescentes assumiram ter consumido algum tipo de droga, apenas 1 consumiu cigarro e álcool antes da gestação, 5 assumiram ter consumido álcool antes de engravidar, 3 consumiram álcool antes e durante a gestação, 2 consumiram bebidas alcoólicas antes e depois da gestação, 2 consumiram álcool antes, durante e após a gestação. e uma delas admitiu ainda ser usuária de drogas ilícitas (maconha e cocaína) de maneira ininterrupta. Em nosso estudo 11 mães adultas relataram não ter consumido nenhum tipo de droga em momento algum de sua vida, apenas 1 relatou ter consumido cigarro bem antes da gravidez, outra assumiu ter consumido álcool e cigarro antes, durante e após a gestação e somente uma afirmou que consumia álcool antes da gestação (Quadro 1). Período Antes da gestação Antes e durante a gestação Antes, durante e depois da gestação Antes e depois da gestação Consumo de drogas entre as mães Droga consumida Adolescentes Álcool e cigarro 1 Álcool 5 Cigarro Álcool e cigarro Álcool 3 Cigarro Álcool e cigarro Álcool 2* Cigarro Álcool e cigarro Álcool 2 Cigarro Total 13 Quadro 1: Consumo de drogas *Uma destas assumiu consumo de droga ilícita associada Adultas 1 1 1 3 57 As crianças cujas mães já usaram ou usam drogas lícitas e/ou ilícitas têm as mesmas chances de apresentarem suspeita para atraso que as filhas de mães que nunca usaram nenhum tipo de entorpecente, com OR de 1,00 (IC95% 0,15 a 6,77), porém sem significância estatística (p= 1,00). 6.1 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR No grupo de filhos de mães adolescentes a incidência de crianças com suspeita para atraso de desenvolvimento foi de 2 casos (7,69%), enquanto que no outro grupo foi de 3 casos (21,42%) segundo gráfico 14, porém esta diferença não mostrou valor estatisticamente significativo (p= 0,3223). Gráfico 14: Incidência de suspeita de atraso No total, somente cinco crianças (13%) apresentaram suspeita de atraso enquanto 35 apresentaram-se normais (87%), segundo gráfico 15. Grafico 15: Desenvolvimento neuropsicomotor 58 Na regressão logística, os filhos de mães adolescentes apresentaram menos chances de desenvolverem suspeita de atraso com OR de 0,3056 (IC95% 0,04 a 2,10), porém sem significância estatística (p= 0,2277), tabela 6. Variáveis Coeficiente Intercepto -12.993 Mães adolescentes -11.856 Erro Padrão 0.6513 0.9828 Z --- p-valor --- Odds ratio --- -1.206 0.2277 0.3056 IC 95% --0.04 a 2.10 Tabela 6: Regressão logística simples: idade materna x DNPM 6.2 RELAÇÃO ENTRE PESO E IDADE MATERNA / PESO E DNPM Nenhuma das crianças de ambos os grupos apresentou baixo peso ao nascer (peso < 2.500 Kg). A média de peso ao nascer das 40 crianças foi de 3224,82 gramas (DP 386,16), com o mínimo de 2505 e o máximo de 4060 gramas. A média de peso ao nascer dos filhos das adolescentes foi de 3210,92 gramas com DP 400,57, com o mínimo de 2505 e o máximo de 4060 gramas. Já a média do peso ao nascer dos filhos de mães adultas foi de 3250,64 gramas, com DP de 371,05, com mínimo de 2670 e o máximo de 3865 gramas. A diferença entre os pesos do grupos foi de 39,71g, com t student de 0,30, e p-valor de 0,76. Gráfico 16: Peso ao nascer de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas 59 A relação entre a idade materna e o peso ao nascer para esta amostra foi fraca e inversamente proporcional (r = - 0,042), ou seja, quanto mais avançada a idade da mãe menor é o peso da criança ao nascer (Gráfico 17). Gráfico 17: Correlação linear Idade materna x Peso ao nascer Em nossos achados, a idade materna praticamente não interfere no peso da criança ao nascer (R2 = 0,0018). Porém, sem significância estatística, com p-valor de 0,79 (Tabela 7). Colunas 1 e 2 N (pares) = 40 r (Pearson) = - 0,042 IC 95% = -0.35 a 0.27 IC 99% = -0.44 a 0.36 R2 = 0.0018 t= -0.2621 GL = 38 (p) = 0.7946 Poder 0.05 = 0.0002 Poder 0.01 = 0.1838 Tabela 7: Correlação linear Idade materna x Peso ao nascer 60 Na regressão logística entre o peso ao nascer e o desenvolvimento neuropsicomotor, observou-se que crianças com peso menores têm mais chances de desenvolverem atraso (OR 0,99), porém sem significância estatística (p= 0,82). 61 7 DISCUSSÃO Estudos demonstram que na gestação em adolescentes há maior incidência de intercorrências pré-natais, peri-natais e no pós-parto (YAZLLE et al, 2002). Sabe-se que a gestação na adolescência pode ser de risco tanto para a adolescente gestante como para o bebê (CUNHA et al, 2002), já em nossa amostra foi verificado que a adolescentes tem menos chances de apresentar intercorrências com relação as mães adultas, porém segundo Yazlle et al (2002), ainda não se tem um consenso quanto aos riscos de complicações obstétricas nas adolescentes. Para Resegue, Puccini e Silva (2007), o ambiente físico da casa e o meio externo podem influenciar no desenvolvimento infantil. Em seu estudo houve sete casos que demonstraram significância estatística com relação à interferência do meio e de características familiares no desenvolvimento da criança. Em nosso estudo observou-se que crianças que moram em casa de madeira têm menos chances de desenvolver atraso. Mengel e Linhares (2007) relacionam como fator de risco para o desenvolvimento habitações superlotadas. Fato que discorda com os resultados retro apresentados, os quais se observou menores chances de desenvolver atraso em crianças que moram em casas com maior número de pessoas moradoras. Segundo Vieira et al (2007) e Mengel e Linhares (2007), a baixa renda dos pais, principalmente da mãe, interfere negativamente no desenvolvimento da criança, o que é confirmado por Halpern et al (2002), que em sua análise das variáveis socioeconômicas, crianças de renda mais baixa apresentaram duas vezes mais chances de possuírem um teste de triagem de Denver com resultado suspeito de atraso em relação ao seu desenvolvimento neuropsicomotor, quando comparadas com as de melhor renda. Já em nosso estudo não se observou diferença no DNPM de acordo com a renda familiar. A gestação na adolescência geralmente vem acompanhada de adversidades sócio-econômicas (YAZLLE et al 2002), porém como nosso estudo foi realizado em uma unidade de saúde pública, seria vicioso confirmar estes dados baseando-se em nossa amostra. 62 Mengel e Linhares (2007) acrescentam que filhos nascidos de união estável têm menos chances de apresentar atraso, pois dispõem de um ambiente psicossocialmente equilibrado, corroborando com os achados de nosso estudo. Muitas adolescentes que engravidam acabam casando ou se amasiando com os parceiros, o que contribui positivamente para o crescimento e desenvolvimento da criança (VIEIRA et al, 2007), entretanto em nossa amostra prevaleceu o número de adolescentes solteiras (62%). No trabalho realizado por Cunha et al (2002), a incidência de mães solteiras era maior no grupo das adolescentes, semelhantes aos nossos dados. De acordo com Gama, Szwarcwald e Leal (2002), se a gestação ocorrer na adolescência o problema se agrava, pois muitas vezes não conta com o apoio do pai da criança e/ou da própria família, já em nosso estudo, apenas 5 adolescentes não tiveram apoio do pai da criança, mas tiveram apoio da família, todas as outras adolescentes tiveram apoio de pelo menos um membro da família e do pai da criança. Além disso, a dinâmica familiar também pode influenciar, pois o ambiente em que a criança vive é muitas vezes reflexo de sua situação sócio-econômica ou do próprio contexto cultural, bem como, o suporte social também pode estar relacionado com o atraso ou não do DNPM (MENGEL; LINHARES, 2007). Assim verificou-se em nosso ensaio que quando a mãe não tinha apoio do pai da criança e da família, seu filho apresentava mais chances de desenvolver atraso. Vale ressaltar, que no presente estudo foi obtida proporção igual de parto vaginal e cesário nas adolescentes, porém como fora analisado, estas apresentaram maiores chances de ter parto cesário do que as adultas, divergente ao estudo de Yazlle et al (2002) e Gama et al (2001), onde a maioria dos partos em adolescente foi vaginal. E, ainda, Demir et al (2000 apud Cunha et al, 2002), encontrou mais cesáreas em adolescentes quando comparada as adultas, o que corrobora com os nossos achados, ademais, Kassar et al (2005) e Costa et al (2002), afirmam que o parto cesáreo é mais freqüente em mães adultas. E, Cunha et al (2002), defende ainda que a proporção de cesariana entre adultas e adolescentes é igual. Logo a análise referente a semelhança ou disparidade entre a proporção de partos, cesariana ou vaginal, em adolescentes e adultas, é divergente entre os mais renomados pesquisadores, restando-nos apresentar e contribuir com essas incertezas cientificas. 63 Verifica-se no presente estudo que o consumo de drogas lícitas foi maior no grupo das adolescentes, sendo que somente uma fez uso de droga ilícita durante a gestação, algo semelhante ao estudo feito por Gama, Szwarcwald e Leal (2002), cujo consumo de drogas ilícitas entre as mães foi pequeno, porém também foi mais evidente entre as adolescentes. Em seu estudo Resegue, Puccini e Silva (2007), confirmam a maconha como a droga ilícita mais consumida durante a gestação, e em nosso estudo apresentou-se associada ao consumo da cocaína. O uso de droga no período neonatal pode ser considerado também como um fator de risco para a criança (RESEGUE; PUCCINI; SILVA, 2007), porém em nossa amostra verificou-se que tanto filhos de mães usuárias de drogas (lícitas ou ilícitas) quanto filhos de mães que nunca consumiram drogas, têm as mesmas chances de apresentarem suspeita para atraso no desenvolvimento, sendo indispensável citar que na análise estatística não se dividiu as usuárias por tipo de droga consumida ou por períodos (antes, durante ou após a gestação), devido a pequena amostra coletada. Segundo Resegue, Puccini e Silva (2007), o consumo de drogas (álcool e cocaína) pode influenciar no desenvolvimento infantil, porém sem consenso sobre este efeito, pois se deve levar em consideração os inúmeros fatores sócio-ambientais a que estas crianças são expostas, contudo em nosso estudo a única criança cuja mãe foi usuária de droga ilícita durante a gestação, não apresentou suspeita de atraso no seu desenvolvimento. Cunha et al (2002), observou maior ocorrência do hábito de fumar entre mães adultas, semelhantes aos nossos achados, talvez pela maior independência dessas mulheres, quanto aos seus hábitos. Na pesquisa realizada por Vieira et al (2007), utilizando-se o teste de Denver em criança de 11 a 13 meses, também não houve diferença significativa entre o desenvolvimento de crianças filhas de mães adolescentes e filhas de mães adultas, contribuindo com os achados deste estudo e talvez prevendo que estas crianças continuam o seu desenvolvimento sem diferenças entre os grupos. Vieira et al (2007) relata que para alguns autores a diferença entre desenvolvimento é mais evidente quando as mães adolescentes encontram-se entre 13 e 17 anos. Em nosso estudo, apesar da idade mínima ser de 15 anos, a moda era de 17 anos, e, mesmo assim, também não houve diferença no desenvolvimento neuropsicomotor entre os grupos. 64 Vieira, Silva e Barros Filho (2003) e Frota e Marcopito (2004), defendem ainda que as mães adolescentes cuidam tão bem de seus filhos quanto as mães adultas, não tendo diferença no interesse de buscar ajuda e informações quanto a amamentação e desenvolvimento infantil. Carvalho et al (2008), em seu estudo não observou interferência estatisticamente significante da idade materna nos cuidados com a criança, semelhante aos nossos achados. Mengel e Linhares (2007), defendem que o estado nutricional da criança influencia no desenvolvimento, sendo de suma importância o aleitamento materno. Todas as crianças que participaram do estudo eram matriculadas no programa de aleitamento materno (PRO-AME), cujo compromisso é de se alimentar exclusivamente de leite materno até os seis meses, o que exclui da pesquisa possíveis vieses quanto a questão nutricional. No estudo de Vieira et al (2007) as adolescentes mostram-se capazes de cuidar de seus filhos sem prejuízos ao desenvolvimento destes, assim como em nosso ensaio. Segundo o conceito de equifinalidade sugerido por Resegue, Puccini e Silva (2007), uma mesma criança em determinadas situações vantajosas ou desvantajosas, está propensa a desenvolver atraso ou não, já que o indivíduo por si só também pode influenciar no seu destino. Isto posto, em nosso estudo, as crianças com suspeita para atraso no grupo de filhos de mães adolescentes apresentavam 2.680 e 3.440 kg cada, ambas as mães tinham 18 anos de idade, tiveram parto vaginal, eram solteiras, tinham o apoio do pai da criança e da família na criação. Uma das mães adolescentes morava em casa de madeira, com três pessoas, possuía renda familiar de 1 salário mínimo e consumia álcool e/ou cigarro. A outra mãe adolescente, morava em casa de alvenaria com 6 pessoas, possuía renda familiar de 1 a 3 salários mínimos e não consumia nenhum tipo de droga. As crianças com suspeita para atraso, filhas de mães adultas, apresentavam 3.2880, 3865 e 2680 Kg cada, as mães tinham 21, 23 e 27 anos respectivamente. Apenas uma delas era solteira, outra teve parto cesáreo, e a última morava em casa de madeira, além disso, número de pessoas por casa variava de 4 a 6 pessoas. A renda familiar destas crianças era de 1 a 3 salários mínimos e uma delas possuía renda acima de 3 salários. Apenas uma das mães adultas não tinha o apoio do pai da criança e da família, e somente ela consumia algum tipo de droga lícita. 65 Vieira et al (2007) defende que a saúde do recém nascido sofre grandes influências da atenção materna. Este ainda afirma que as adolescentes que engravidam geralmente estão expostas a inúmeros fatores negativos cujos efeitos, provavelmente, perduram após a gestação, fato este gerador de possíveis alterações no desenvolvimento da criança. Nesse contexto, Resegue, Puccini e Silva (2007) afirmam que quanto maior for o número de fatores negativos e protetividade influenciando o desenvolvimento da criança, maiores são as chances desta apresentar distúrbios, proporcionadores de atraso no DNPM. Já Cunha et al (2002), sugerem que sejam realizados estudos de longo e médio prazo para que se avaliem os reais efeitos negativos da gravidez na adolescência sobre o desenvolvimento da criança. Todas as crianças que apresentaram suspeita para atraso em nosso estudo apresentavam dois ou mais fatores de risco associados, o que pode ter influenciado no DNPM, mais que a própria idade materna. Deve-se levar em consideração, também, que os próprios fatores biológicos da criança podem ser fatores de risco para o seu desenvolvimento (MENGEL; LINHARES, 2007). Segundo a classificação de Neme, definida por Cunha et al (2002), são considerados de baixo peso, neonatos com peso inferior a 2.500Kg. Isto posto, restanos citar que nenhuma das crianças avaliadas podia ser considerada elementos de baixo peso. Gama, Szwarcwald e Leal (2002), em sua investigação não observam uma ligação entre a idade materna baixa e o baixo peso ao nascer, cujos dados coincidem com os resultados obtidos e apresentados neste trabalho, quais sejam a fraca relação da idade materna e o peso ao nascer. Parece comum o entendimento entre vários autores acerca da baixa idade materna predispor ao nascimento de uma criança com baixo peso, dentre os quais estão Yazlle et al (2002), Vieira et al (2007) e Cunha et al (2002). Porém, nesta pesquisa percebeu-se que a idade materna e o peso ao nascer mantinham relação inversamente proporcional, entretanto com p-valor igual a 0,79. Em seu estudo Simões et al (2003), identificou no grupo das adolescentes mais velhas (< 18 anos) uma maior incidência de baixo peso ao nascer, Costa et al (2002) também observou em seu estudo que os nascidos vivos de mães adolescentes apresentaram maior proporção de baixo peso ao nascer, em relação às adultas jovens. 66 Já Vieira et al (2007) e Kassar et al (2005) relatam que não há diferença entre o peso ao nascer de filhos de mães adolescentes e de mães adultas, semelhante ao nosso estudo em que houve uma diferença de 39,71g, sem significância estatística. Em seu estudo Kassar et al (2005), afirma que a idade cronológica individualmente, não é um fator que predispõem a determinação do peso ao nascer, devendo ser analisada juntamente com outros fatores, especialmente os socioeconômicos. Neste sentido, Resegue, Puccini e Silva (2007), também defendem a influência de outros fatores, como condições sociais desfavoráveis na ocorrência de problemas de desenvolvimento neuropsicomotor em crianças com baixo peso ao nascer. Tal pensamento fundamenta nossos achados em que crianças com pesos menores apresentam mais chances de desenvolverem atraso, no entanto, com OR (0,99), ou seja, quase inexiste interferência do peso no desenvolvimento neuropsicomotor, mas não há significância estatística. Existem autores, como Drachler (2000 apud VIEIRA et al, 2007), que questionam muitos testes avaliadores de DNPM, devido à existência de grande variabilidade. Porém, há outros, como Vieira et al (2007), que defendem tais testes e, além disso, ressaltam a importância do teste de triagem de desenvolvimento de Denver o qual é usualmente recomendado como medida de triagem para avaliar DNPM, tal teste indicou excelente desempenho em sua pesquisa assim como nesta. Nesse sentido, Mengel e Linhares (2007) ainda defendem que o teste de Denver II é de suma valia para rastreamento de riscos no desenvolvimento inicial, sendo aplicado em larga escala para detectar precocemente possíveis alterações. Nos primeiros anos de vida a neuroplasticidade é mais aguçada, de modo que durante este período o desenvolvimento neuropsicomotor está mais sensível aos estímulos externos (RESEGUE; PUCCINI; SILVA, 2007), e por isso optamos por avaliar crianças com 3 meses de vida, já que nesta idade ela encontra-se descobrindo o meio em que vive, sofrendo inúmeras influencias deste; podendo, certamente, exteriorizar um provável atraso de desenvolvimento, porém sem predizer se irá perdurar por toda infância. A falta de significância estatística encontrada talvez possa ter origem na pequena amostra encontrada, que ocorreu devido a falta de controle populacional da instituição selecionada, impossibilitando o cálculo de amostra, sendo esta determinada por períodos. 67 A presente pesquisa transcorreu durante 4 meses e consistiram na avaliação de todas as crianças que preenchiam os requisitos mínimos determinadores para serem objetos do estudo as quais foram atendidas na instituição. Entretanto, dentro deste período, durante dois meses cessaram a matrícula de novas crianças por motivos administrativos, fato esse gerador de dificuldades à capitação de mais voluntários, resultando em uma amostra (n) relativamente pequena. 68 8 CONCLUSÃO Para esta amostra, não houve diferença estatisticamente significativa entre o desenvolvimento neuropsicomotor de filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas, assim como também não houve relação entre a idade materna e o desenvolvimento neuropsicomotor do recém-nascido a termo de 3 meses de vida, aceitando-se então a hipótese nula. Nenhuma das variáveis maternas representou significante influência, negativa e/ou positiva, nos dados estatísticos do desenvolvimento neuropsicomotor, mesmo aquelas já consideradas como determinantes, como a renda e o uso de drogas durante a gestação. Observou-se que há diferença significativa, diante dos dados estatísticos, entre o número de pessoas moradoras na residência de mães adolescentes e em residência de mães adultas sendo maior no primeiro grupo. Porém, não se identificou relação estatisticamente significativa entre o número de moradores e o desenvolvimento neuropsicomotor. O nosso estudo apresentou ínfima diferença entre os pesos das crianças filhas de mãe adultas e filhas de mães adolescentes e inexistiram casos de baixo peso ao nascer entre as crianças de ambos os grupos, sem significância estatística. Não se obteve, também, relação estatisticamente significativa entre o peso ao nascer e o desenvolvimento neuropsicomotor no terceiro mês de vida do lactente. O diagnóstico precoce de um provável atraso é indispensável, justamente pela elevada plasticidade que aumenta as chances de diminuir ou sanar um atraso na criança. Em virtude da neuroplasticidade aguçada no primeiro ano de vida da criança, o ambiente em que esta vive pode influenciar, positiva ou negativamente, em suas experiências vividas e estimular ou retardar o desenvolvimento neuropsicomotor (RESEGUE; PUCCINI; SILVA, 2007). E, ainda, Lordelo e Carvalho (2002), defendem que apesar de se conhecer que alguns fatores influenciam mais positivamente que outros não se pode afirmar que há superioridade de determinada cultura ou classe econômica (ou costumes). Além disso, apesar de as primeiras experiências do recém nascido influenciarem no DNPM, as demais participam, também, na constituição da criança, sendo indispensável uma 69 avaliação crítica longitudinal e com um n amostral maior para real confirmação dos dados encontrados. 70 REFERÊNCIAS ALVES, C. S; VIEIRA, R. S. Investigação de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças entre 0 e 3 anos de idade institucionalizadas em um abrigo. 2005. 52f. 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Acesso em: 20 set. 2008. 76 APÊNDICES 77 APÊNDICE A – DECLARAÇÃO DA ORIENTADORA Eu, Dayse Danielle de Oliveira Silva, aceito orientar o trabalho intitulado “A idade materna como fator de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor”, de autoria das acadêmicas Camila Miriam Suemi Sato Barros e Dilzenira Costa Ferreira da Silva, declarando ter total conhecimento sobre as normas de publicação de trabalhos científicos vigentes do curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia para o ano de 2008, estando ciente da necessidade de participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Belém, 28 de Fevereiro de 2008. ____________________________________ Assinatura da Pesquisadora Responsável 78 APÊNDICE B - DECLARAÇÃO DA CO-ORIENTADORA Eu, Lílian Rose de Souza Mascarenhas, aceito co-orientar o trabalho intitulado “A idade materna como fator de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor”, de autoria das acadêmicas Camila Miriam Suemi Sato Barros e Dilzenira Costa Ferreira da Silva, declarando ter total conhecimento sobre as normas de publicação de trabalhos científicos vigentes do curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia para o ano de 2008, estando ciente da necessidade de participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Belém, 28 de Fevereiro de 2008. ____________________________________ Assinatura Lílian Rose de Souza Mascarenhas 79 APÊNDICE C – DECLARAÇÃO DO CO-ORIENTADOR Eu, Mauro José Pantoja Fontelles, aceito co-orientar o trabalho intitulado “A idade materna como fator de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor”, de autoria das acadêmicas Camila Miriam Suemi Sato Barros e Dilzenira Costa Ferreira da Silva, declarando ter total conhecimento sobre as normas de publicação de trabalhos científicos vigentes do curso de Fisioterapia da Universidade da Amazônia para o ano de 2008, estando ciente da necessidade de participação na banca examinadora por ocasião da defesa do trabalho. Belém, 28 de Fevereiro de 2008. Assinatura Mauro José Pantoja Fontelles 80 APÊNDICE D – AUTORIZAÇÃO DA UNIDADE DE REFERÊNCIA MATERNO-INFANTIL E ADOLESCENTE DECLARAÇÃO Eu, Itamara da Silva Souza, Vice Diretora da Unidade de Referência MaternoInfantil e Adolescente, localizada na Avenida Alcindo Cacela, 1421, bairro Nazaré, na cidade de Belém – PA, estou ciente e dou permissão para o desenvolvimento do projeto intitulado “A idade materna como fator de risco para o desenvolvimento neuropsicomotor”, no período de Abril a Julho de 2008, de autoria das acadêmicas Camila Miriam Suemi Sato Barros e Dilzenira Costa Ferreira da Silva, sob orientação da Fisioterapeuta Dayse Danielle de Oliveira Silva. Belém, 28 de Fevereiro de 2008. ____________________________________ Itamara da Silva Souza Vice Diretora da Unidade de Referência Materno Infantil e Adolescente. 81 APÊNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO I TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO I IDADE MATERNA COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. Eu, ___________________________, residente e domiciliado na ______________________, portador da Cédula de identidade, RG ____________, e inscrito no CPF_________________ nascido(a) em _____ / _____ /_______ , abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em autorizar a participação da criança, cujo sou responsável, como voluntária do estudo “IDADE MATERNA COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR”. Estou ciente que: I) Trata-se de um trabalho de conclusão de curso para graduação em fisioterapia, com o objetivo de comparar o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças filhas de mães adolescentes e filhas de mães adultas e identificar possíveis fatores de risco relacionados à idade materna para o atraso de desenvolvimento. Não há riscos absolutos para o indivíduo do estudo, porém pode acontecer intercorrências como cansaço e choro da criança, sendo uma situação contornável. Esse estudo tem como beneficio o diagnóstico precoce de um provável atraso no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. O mesmo será realizado através da aplicação do Teste de Triagem de Desenvolvimento 82 de Denver II, que consiste em avaliar o desenvolvimento pessoal social, adaptação motora fina, linguagem e motricidade ampla, sendo muito indicado para estudos em grupos assintomáticos. II) Os dados serão coletados na Unidade de Referência Materno-Infantil e Adolescente (URE-MIA), através da aplicação do Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II. III) Não sou obrigado a responder as perguntas realizadas no questionário de avaliação; IV) A participação neste projeto não tem objetivo de submeter meu filho (a) a um tratamento, bem como não me causará nenhum gasto com relação aos procedimentos médico-clínico-terapêuticos efetuados com o estudo; V) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; VI) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico nem de meu filho (a). Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico; VII) A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção da saúde e não causará nenhum risco; VIII) Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha participação voluntária; IX) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo; X) Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados; XI) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e finais desta pesquisa. ( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa. Belém, de de 2008 Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. 83 ( ) Paciente / ( ) Responsável ..................................................................................................... Testemunha 1 : __________________________________________________ Nome / RG / Telefone Testemunha 2 : __________________________________________________ Nome / RG / Telefone Responsável pelo Projeto: _____________________________________ PESQUISADOR RESPONSÁVEL Telefone para contato: 88052588 / 3248-1963 (Camila Barros) 99660708 / 3224-6626 (Dilzenira Silva) 88481384 (Dayse Silva) 84 APÊNDICE F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO II IDADE MATERNA COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. Eu, ___________________________, residente e domiciliado na ______________________, portador da Cédula de identidade, RG ____________, e inscrito no CPF_________________ nascido(a) em _____ / _____ /_______ , abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário(a) do estudo “IDADE MATERNA COMO FATOR DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR”. Estou ciente que: I) Trata-se de um trabalho de conclusão de curso para graduação em fisioterapia, com o objetivo de comparar o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças filhas de mães adolescentes e filhas de mães adultas e identificar possíveis fatores de risco relacionados à idade materna para o atraso de desenvolvimento. Para isto, além da aplicação do Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver II nas crianças, será aplicado ainda um questionário com perguntas relacionadas a vida social, econômica, pessoal e familiar das mães, sendo garantido sigilo absoluto quanto a identidade das participantes. Não existem riscos absolutos para o indivíduo do estudo, porém o mesmo não é obrigatório responder as perguntas, em possíveis situações constrangedoras. 85 II) Os dados serão coletados na Unidade de Referência Materno-Infantil e Adolescente (URE-MIA), através de um roteiro de entrevista semi-estruturado, sendo utilizado um gravador para garantir fidedignidade das respostas obtidas, não sendo obrigatória sua utilização; III) Não sou obrigado a responder as perguntas realizadas no questionário de avaliação nem permitir a gravação das mesmas; IV) A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um tratamento, bem como não me causará nenhum gasto com relação aos procedimentos médico-clínico-terapêuticos efetuados com o estudo; V) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação; VI) A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não virá interferir no atendimento ou tratamento médico; VII) A minha participação neste projeto contribuirá para acrescentar à literatura dados referentes ao tema, direcionando as ações voltadas para a promoção da saúde e não causará nenhum risco; VIII) Não receberei remuneração e nenhum tipo de recompensa nesta pesquisa, sendo minha participação voluntária; IX) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo; X) Concordo que os resultados sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados; XI) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados parciais e finais desta pesquisa. ( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa. ( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa. Belém, de de 2008 Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas. 86 ( ) Paciente / ( ) Responsável ....................................................................................................... Testemunha 1 : ___________________________________________________ Nome / RG / Telefone Testemunha 2 : ___________________________________________________ Nome / RG / Telefone Responsável pelo Projeto: _______________________________________ PESQUISADOR RESPONSÁVEL Telefone para contato: 88052588 / 3248-1963 (Camila Barros) 99660708 / 3224-6626 (Dilzenira Silva) 88481384 (Dayse Silva) 87 APÊNDICE G - QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS MÃES I. IDENTIFICAÇÃO: NOME:________________________________________________________ IDADE:___________ DATA DE NASCIMENTO:___________________ ESTADO CIVIL:____________________________________ IDADE DO PAI:_________ DATA DE NASCIMENTO:________________ II. SÓCIO ECONÔMICO: MORADIA/ TIPO: ( ) Madeira ( ) Alvenaria ( ) Outro SITUAÇÃO DA MORADIA: ( ) Própria ( ) Alugada ( ) De conhecidos NUMERO DE PESSOAS NA CASA: ____________ RENDA FAMILIAR: ( ) Abaixo de 1 salário mínimo ( ) 1 Salário mínimo ( ) 1 a 3 Salários mínimos ( ) Acima de 3 salários mínimos III. CRIANÇA: NOME: _______________________________________________________ REGISTRO DO PAI: ( ) Sim ( ) Não PESO AO NASCER: __________ PRE-NATAL: ( ) completo ( ) incompleto 88 PRINCIPAL CUIDADOR: ( ) Mãe ( ) Pai ( ) Avó/ Avô ( ) Tia (o) ( ) Ouros._______________ IV. ROTEIRO DE PERGUNTAS: A) Relacionamento Familiar – Questões norteadoras: - Descoberta da gravidez - Admitir a gravidez - Apoio da sua família - Relacionamento com os pais - Ajuda familiar B) Interesses Educativos e Vocacionais – Questões norteadoras: - Trabalho e estudo - Abandono de ocupação - Planos futuros C) Companheiros – Questões norteadoras: - Apoio do pai da criança - Relacionamento com o pai da criança - Relacionamento com os amigos D) Sexualidade – Questões norteadoras: 89 - Início da vida sexual - Número de relacionamentos amorosos E) Auto-cuidados - Doenças através do sexo (Doenças sexualmente transmissíveis) - Auto-exame da mama - Freqüência de consultas médicas (não por causa da gravidez). - Método para prevenir gravidez e/ou Doença sexualmente transmissível (Métodos contraceptivos). F) Gravidez – Questões norteadoras: - Pontos positivos da gravidez - Pontos negativos da gravidez - Expectativas quanto à criança G) Drogas – Questões norteadoras: - Uso de drogas antes da gravidez - Uso de drogas durante a gravidez - Uso de drogas depois da gravidez 90 ANEXO 91 ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 92 ANEXO B – TESTE DE TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE DENVER II Fonte: BRENNEMANN, S. K. Testes de desenvolvimento do bebê e da criança. In: TECKLIN, J. S. Fisioterapia Pediátrica. 3 ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2002. p. 43. 93 ANEXO C – MANUAL DO TESTE DE TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE DENVER II 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 Fonte: ALVES, C. S; VIEIRA, R. S. Investigação de atraso do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças entre 0 e 3 anos de idade institucionalizadas em um abrigo. 2005. 52f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Fisioterapia) – Universidade Estadual do Pará. Belém, 2005. p.65.