0 UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES URI – CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA Michele Ziolkoski AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE DESTILADORES VISANDO A REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA E ENERGIA ERECHIM - RS 2010 1 Michele Ziolkoski AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE DESTILADORES VISANDO A REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA E ENERGIA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Matemática, do Departamento de Ciências Exatas e da Terra, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus de Erechim. Orientador Prof. Cláudio Zakrzevski ERECHIM - RS 2010 2 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe Wilmira Colussi Ziolkoski, pela vida e pela compreensão nos momento em que não pude estar presente, ao meu marido Adelar Miguel Pereto que sempre me apoiou e incentivou. Agradeço Deus que sempre esteve ao meu lado, dando forças para superar os obstáculos. Aos professores, em especial ao meu orientador Claúdio Zakrzevski, registro aqui meus agradecimentos que além da orientação proporcionada, foi amigo repassando seus conhecimentos com muita humildade, o que para mim representa uma característica das pessoas realmente sábias. Aos amigos e colegas e em especial a Camila Calderolli, minha colega, sobrinha e companheira de toda esta trajetória. 3 RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de destiladores, buscando a melhor condição de vazão, visando a redução do consumo de água e energia. O trabalho experimental foi realizado a partir da maior vazão de água de resfriamento normalmente utilizada e após esta foi reduzida gradativamente. Posteriormente foram analisados os resultados obtidos, e estes mostraram que em relação a quantidade de água para resfriamento, se utilizarmos a menor condição de vazão teremos uma redução de aproximadamente 64% no consumo de água sem afetar a produção de água destilada. Já no que se refere a economia de energia este valor pode ser reduzido em aproximadamente 13%. Palavras-chave: Destilação. Água. Energia. 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Destilador de Bancada............................................................................ 9 Figura 2 - Aspecto dos resíduos depositados na câmara de destilação................. 10 Figura 3 - Destilador de Parede............................................................................... 11 Figura 4 – Gráfica da variação da temperatura em função do calor fornecido para a água.................................................................................................... 13 Figura 5 – Distribuição da Água no Planeta............................................................ 15 Figura 6 – Destilador de água do tipo Pilsem utilizado no experimento................... 19 Figura 7 – Quantidade de água para resfriamento (litros) para produção de 1 litro de água destilada................................................................................... 21 Figura 8 – Consumo diário de água para resfriamento na URI – Campus de Erechim.................................................................................................. 22 Figura 9 – Comparativo entre as duas modalidades de perda de calor em destiladores ........................................................................................ 24 Figura 10 – Energia elétrica (kcal) necessária para produzi r 1 litro de água Destilada.............................................................................................. 25 Figura 11 – Diferença entre o maior e o menor consumo de energia elétrica....... 26 5 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Consumo de água para o processo de destilação...........................20 Tabela 2 – Diferença entre a energia de entrada e saída do equipamento.....24 Tabela 3 – Custo de energia elétrica nos diferentes experimentos...................25 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 07 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 08 2.1 PROCESSO DE DESTILAÇÃO: ALGUMAS DEFINIÇÕES.............................. 08 2.2 CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE.......................................................... 11 2.3 CURVA DE AQUECIMENTO............................................................................ 12 2.4 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA................................................................... 13 2.5 ÁGUA NO MEIO AMBIENTE ............................................................................. 14 2.6 ÁGUA COMO RECURSO FINITO..................................................................... 16 3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 17 3.1 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NECESSÁRIA PARA O PROCESSO DE DESTILAÇÃO.................................................................................................... 19 3.2 AVALIAÇÃO DO BALANÇO ENERGÉTICO...................................................... 22 4 CONCLUSÕES..................................................................................................... 27 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 28 7 1 INTRODUÇÃO Atualmente tornou-se comum a preocupação com o desperdício de água potável. Ao contrário do que ocorria no passado, hoje todos os seres humanos têm consciência de que a água potável é um bem finito e indispensável à sobrevivência da espécie humana. Considerando que o consumo de água no processo de destilação é elevado, e nele somente pode ser utilizada água potável, é de fundamental importância que se busque a melhor condição para que o mesmo ocorra com menor consumo de água possível. Com isso, estaremos ajudando a preservar este recurso precioso. A presente pesquisa tem como objetivo investigar qual a vazão ideal de água potável de resfriamento a ser adotada no processo de destilação de água para utilização em laboratório a fim de proporcionar economia desse recurso e quantificar seu valor no que se refere ao volume e ao custo monetário, quando se utiliza a melhor condição de vazão. Este trabalho é composto por uma revisão bibliográfica que aborda temas relacionados com o assunto da pesquisa, após são apresentados os procedimentos e materiais que utilizados no experimento, juntamente com os respectivos resultados obtidos, levaram às conclusões que finalizam este relato. 8 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 PROCESSO DE DESTILAÇÃO: ALGUMAS DEFINIÇÕES Na natureza, grande parte das amostras de matéria é constituída por duas ou mais substâncias puras, as quais se dividem em simples e compostas. A água pode ser considerada uma substância pura composta. Pura quando apresenta em sua composição 11,1% de hidrogênio e 88,9% de oxigênio em peso, ponto de fusão 0° C (1atm), ponto de ebulição 100° C (1atm) e densidade de 1g/ml (4° C) e outras propriedades com valores constantes. Composta, pois, resulta da ligação entre dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio H2O (CARVALHO, 2001). O que difere uma substância pura simples de uma substância pura composta é que a composta pode ser decomposta ou dividida por agentes físicos em diversas substâncias puras simples, portanto, a substância pura simples é formada por um único elemento químico e a composta é formada por dois ou mais elementos químicos diferentes. O autor ainda refere que um material formado por duas ou mais substâncias puras simples, mas que em sua composição as propriedades como a densidade, o ponto de fusão e o ponto de ebulição sejam variáveis é denominado mistura, e as substâncias puras que a compõe são chamadas componentes da mistura. As misturas podem ser homogêneas, quando se constituem de uma única fase, sendo impossível distinguir superfícies de separação de seus componentes. Toda solução é definida como mistura homogênea. Se a mistura for constituída por duas ou mais fases, será denominada mistura heterogênea. 8 Para Carvalho (2001), a substância pura, durante a mudança de fase mantém a temperatura constante do início ao fim do processo, o que não ocorre com as misturas, nas quais a temperatura é variável. A destilação é o processo pelo qual ocorre a separação dos componentes de uma mistura líquida. Esta operação consiste no aquecimento desta mistura fazendo com que passe da fase líquida à fase de vapor, denominado vaporização. Posteriormente estes vapores retornam a fase líquida por resfriamento, a qual chamamos de condensação (REY, 1970). A figura 1 mostra um destilador simples de bancada com seus componentes indicados. 1-Balão de Destilação 4-Condensador 2-Fonte de calor 5-Coleta do destilado 3-Termômetro. Fonte: www.sobiologia.com.br/conteudos/Agua/Agua6.php Figura 1 – Destilador de Bancada Para obtermos um maior nível de pureza, deve-se refazer o processo, ou seja, uma nova destilação que recebe o nome de retificação, o equipamento 9 utilizado para o processo de retificação é o bidestilador, mas na ausência deste pode-se repetir o processo no destilador simples. O produto obtido após a destilação é mais puro do que o inicial, porém, o percentual de pureza nunca atinge 100 %. A figura 2 mostra os resíduos (normalmente sais como carbonatos e sulfatos) que ficam depositados na câmara de destilação. Figura 2 - Aspecto dos resíduos depositados na câmara de destilação de um destilador. As indústrias químicas e petrolíferas fazem uso do processo de destilação para separação de líquidos de seus constituintes (COULSON, 1968, p. 351). A água destilada é muito utilizada em hospitais, clínicas para a diluição de medicamentos como a penicilina que é liofilizada e para sua aplicação é necessário ser diluída, e também em medicações administradas em crianças. Os destiladores utilizados para a obtenção de água destilada para processo de análises e reações químicas diferenciam-se dos destiladores de bancada com 10 relação à sua estrutura, porém funcionam conforme os princípios indicados acima. Seu aspecto é mostrado na figura 3. Fonte: www.biovera.com.br/equipamentos.asp Figura 3 – Destilador de parede 2.2 CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE Halliday (2002, p.147) diz que “calor é a energia que é transferida entre um sistema e o seu ambiente devido a uma diferença de temperatura que existe entre eles”. A destilação ocorre quando há transferência de calor para uma substância líquida, calor esse chamado de calor latente de ebulição. Entretanto, antes de ocorrer a ebulição o calor cedido para o líquido é conhecido por calor sensível e eleva a temperatura do líquido até a temperatura do ponto de ebulição. O vapor produzido pela ebulição é posteriormente condensado quando este entra em contato com uma superfície fria, geralmente resfriada com água, e retorna a fase líquida com uma grande redução dos seus contaminantes que ficam retidos na câmara de ebulição. A quantidade de calor sensível recebida ou cedida por um corpo faz alterar a sua temperatura. Esta variação de temperatura vai depender da massa da 11 substância e do seu calor específico, sendo este, a quantidade de calor que se deve fornecer ou retirar de uma massa unitária de determinada substância para variar a sua temperatura em 1°C. A quantidade de calor sensível é definida pela equação (01): Q=m.c.∆T (01) sendo m= massa (g), c= calor específico (cal/g°C) e ∆T= variação de temperatura (°C). O calor específico da água na fase líquida e na fase gasosa equivale a 1 cal/g°C e na fase sólida é de 0,5 cal/g°C (SEARS; ZEMANSKI; YOUNG, 1984). O calor latente é a quantidade de calor cedida ou recebida por um corpo que irá provocar a sua mudança de fase. A quantidade de calor trocado (absorvido ou cedido), vai depender da massa e do calor latente da substância. Os valores de calor latente da água em diferentes processos são: calor latente de vaporização da água é de 540 cal/g, de condensação da água é de -540 cal/g, de fusão do gelo 80 cal/g e de solidificação da água é de -80 cal/g. O calor latente é definido pela equação (02): Q=m.L (02) onde m= massa (g) e L= calor latente (cal/g). 2.3 CURVA DE AQUECIMENTO É uma representação gráfica do comportamento da água nos diferentes estados físicos, conforme varia a temperatura (Figura 4). No exemplo utilizado, num primeiro momento que corresponde ao início da curva, ocorre uma alteração na temperatura do gelo de -10°C para 0°C. Quando o gelo atinge 0°C a temperatura permanece constante até que todo o gelo tenha se transformado em líquido, ocorre mudança de fase, ou seja, da fase sólida a substância passa para a fase líquida. Entre 0°C e 100°C não há mudança de fase, somente aumento da temperatura e em 12 100°C ocorre novamente uma mudança de fase passando a água da fase líquida para a fase de vapor. (SERWAY, 1996). 140 T(°C) 120 100 80 60 40 20 0 -20 Q(cal) Figura 4: Gráfico da variação da temperatura em função do calor fornecido para a água. 2.4 POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA Potência é o trabalho realizado por unidade de tempo. Sua unidade de medida no SI (sistema internacional) é o Watt (W) e indica a quantidade de energia em joules (J) transformada num aparelho em cada segundo de funcionamento. Utiliza-se ainda o cavalo-vapor (HP) que equivale a 746 W (TIPLER,2000). Em sistemas elétricos a potência é analisada segundo parâmetros que incluem corrente e tensão elétrica, sendo assim podemos calcular a potência pela equação (03), onde i é a intensidade de corrente elétrica do circuito e a sua unidade de medida é o ampères (A). U é a diferença de potencial (ddp) entre dois pontos A e B e sua unidade de medida é o Volt (V). Desta forma a potência P representa a taxa a que a energia é fornecida para um elemento de um circuito ou circuito completo. (SERWAY, 2006). P = U.i (03) 13 Energia é a capacidade que apresenta um sistema material e que poderá transformar-se em trabalho mecânico produzido por uma força. Um princípio de importância transcendental na Ciência é o de que a conservação de energia existente no Universo é constante, isto é, não se pode criar nem destruir energia, mas somente transformar uma forma de energia em outra. A Energia elétrica pode ser calculada pela equação (04) e a unidade de medida utilizada pelas companhias elétricas para calcular a transferência de energia é o quilowatts/hora (kWh) que é a quantidade de energia trocada no intervalo de tempo de 1 hora à taxa constante de 1 kW ou 3,6 x106 J (SERWAY, 2006). Eel = P.∆t (04) 2.5 ÁGUA NO MEIO AMBIENTE O planeta terra é formado de aproximadamente 75% de água, mas desta quantidade a maior parte é água salgada imprópria para o consumo. A água é abundante na natureza não só em sua fase líquida, mas também em sua fase sólida e de vapor, presente nas geleiras e na atmosfera. O Brasil dispõe de cerca de 20% da água doce do mundo, apesar desta aparente fartura, em algumas regiões do território existe problemas ocasionados pela falta de água, isso se deve a poluição dos rios e a distância entre as fontes e os centros consumidores. A Amazônia é um exemplo clássico desta disparidade, pois possui 80% da água superficial do território, enquanto que apresenta uma baixa concentração populacional(JUSVI, 2008) A figura 5 nos apresenta a distribuição da água em nosso planeta, bem como o uso da mesma pela humanidade. 14 Figura 5 – Distribuição da Água no Planeta. Adaptado de Almanaque Abril 2010 Em seu estado natural a água não é completamente pura, devido a sua passagem pelo solo ou pela atmosfera. Nos centros urbanos a água que provém de lagos ou rios é tratada pelo processo de decantação, filtração e cloração para ser distribuída. 15 2.6 ÁGUA COMO RECURSO FINITO A água indispensável à vida simboliza a fecundidade e tem sido ao longo da história objeto cobiça e conflitos. A abundância ou escassez de água foi determinante no processo de desenvolvimento das civilizações. No momento atual, apesar de todos os avanços tecnológicos, o mundo enfrenta enormes problemas em razão do esgotamento das reservas de água (SÁNCHEZ, 2001). Entre os recursos naturais, a água é o elemento mais importante para a subsistência das espécies, que dependem da sua disponibilidade para satisfazer as suas necessidades. Quase todos os aspectos da vida do homem giram em torno desta, razão pela qual os povos se desenvolveram, ao longo da história, nas proximidades de fontes de água. Basta recordar como a origem da agricultura se deu nas margens dos grandes rios que definiram o território do Crescente Fértil: Nilo, Tigre, Eufrates, etc (CAPELA, SILVA, CARDOSO, 2002). Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), em 20 anos faltará água para dois terços da população. Essa escassez se deve ao consumo desordenado. Dados revelam que o consumo de água dobrou em relação ao crescimento populacional no último século. Com isso, aproximadamente 1 bilhão de habitantes não terá acesso a água limpa suficiente para suprir necessidades básicas (DEMOCRACIABERTA, 2009). A falta de água tende a aumentar, provocando um forte impacto ambiental, o que acarretará na escassez de alimentos, tornando-os mais caros e menos acessíveis, principalmente para as populações de baixa renda. O aquecimento global também é um fator que influencia na constante preocupação com a água. Cientistas prevêem uma maior ocorrência de secas, e surgimento de novos desertos. 16 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para realização deste trabalho, buscou-se embasamento teórico a respeito do processo de destilação, calor sensível e calor latente, curva de aquecimento da água, potência e energia elétrica. A verificação experimental da vazão ideal de água potável utilizada no processo de destilação foi desenvolvida com práticas simples de medições, através de equipamentos adequados a este fim, descritos a seguir. Proveta graduada de 1000 ml, Cronômetro; Mangueiras plásticas; Reservatórios (2 frascos de 5000 ml cada); Termômetro digital; Destilador tipo Pilsen com capacidade de 5 litros/hora; Água potável Multímetro Alicate amperométrica Na execução do experimento, primeiramente foi feita a medição e marcação do nível correspondente a 5000 ml nos reservatórios (2 unidades) que serviram como parâmetro para a determinação da quantidade de água de resfriamento utilizada nos testes. Para estabelecer este nível de referência, foi empregada uma proveta de 1000 ml para encher os reservatórios até a marca de 5 litros. A fim de obter a curva de consumo de água de resfriamento, estipularam-se sete valores de vazão de água de resfriamento medindo-se, antes de cada repetição 17 do experimento, o tempo necessário para encher uma proveta de 1000 ml. Tomouse como ponto de partida a vazão máxima e estabeleceu-se que haveria a redução gradativa da vazão de cada repetição. Para isso foi aumentado o valor do tempo necessário para encher a proveta de 5 em 5 segundos afim de que a vazão da água diminuísse progressivamente. Os valores medidos foram de 3,33 l/min; 2,99 l/min; 2,67 l/min; 1,85 l/min; 1,50 l/min; 1,37 l/min; 1,29 l/min. Após estabelecer a vazão como descrito nos parágrafos anteriores, cronometrou-se o tempo de enchimento de uma proveta de 1000 ml com água destilada, e simultaneamente, utilizando-se dos frascos com volume predeterminado de 5000 ml, mediu-se a quantidade de água de resfriamento necessária para esse processo. Essas medições foram repetidas sete vezes, uma para cada valor de vazão estipulada de água de resfriamento. Além disso, com a utilização de um termômetro digital foi medida a temperatura da água na entrada (torneira) e na saída do processo para avaliar a perda de calor através da água descartada. Também foi medida a intensidade de corrente elétrica e a tensão fornecida ao destilador para o cálculo de potência elétrica necessária para o processo e determinação de seu rendimento energético. Neste experimento foi utilizado o destilador da Central de Materiais do prédio 9 (Figura 6), o qual apresenta as seguintes características: Destilador de água tipo Pilsen Marca: Biomatic Capacidade: 5 litros/hora Corrente nominal: 18 A Tensão nominal: 220 V Pureza da água obtida: < 4 μSiemens 18 Figura 6: Destilador de água do tipo Pilsen utilizado no experimento. Os dados referentes às medições de cada experimento foram registrados na tabela 1. 3.1 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NECESSÁRIA PARAO PROCESSO DE DESTILAÇÃO Para o processo de destilação, a água necessária que dá entrada no equipamento oriunda da rede de distribuição é dividida em duas partes: a utilizada como produto final do processo (água destilada) e a água utilizada no processo de resfriamento do vapor afim de que este se transforme em água destilada. A ebulição da água ocorre devido a energia térmica fornecida pela resistência elétrica na forma de calor latente a uma proporção de 540 cal/g de água evaporada. 19 Após a ebulição, o vapor deve ser novamente convertido em água no estado líquido o que exige a retirada da mesma quantidade de calor (540 cal/g por grama de vapor condensado) que é feito pela água de resfriamento. Esse calor é posteriormente descartado juntamente com a água. Tabela 1: Consumo de água para o processo de destilação Experim. 1 2 3 4 5 6 7 Água Utilizada para Resfriamento (litros) 43,57 40,00 35,11 22,89 17,44 16,76 15,88 Tempo Para Destilar 1 litro de Água (minutos) 13,08 13,34 13,13 12,40 11,59 12,22 12,28 Consumo de Água (litros/minuto) 3,33 2,99 2,67 1,85 1,50 1,37 1,29 Consumo Diário Médio de Água para Resfriamento (litros) 1524,95 1400,00 1229,02 801,15 610,33 586,77 555,76 Consumo Mensal Médio de Água para Resfriamento (litros) 33548,90 30800,00 27038,55 17625,30 13427,26 12909,05 12226,83 Através destes experimentos pode-se constatar uma grande diferença na quantidade de água para resfriamento utilizada entre o 1º e no 7º experimento. No experimento 7 para produzirmos 1 litro de água destilada foi utilizado 27,691 litros de água a menos do que no experimento 1, isso representa uma economia de 63,56% de água durante o processo. Este comportamento está representado na figura 7. 50 45 volume (litros) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º Experimentos Figura 7 - Quantidade de água para resfriamento (litros) para produção de 1 litro de água destilada. 20 Através de informações obtidas na Central de Materiais do Centro Tecnológico, sabe-se que são produzidos, em média, 35 litros de água destilada por dia. Sendo assim, a quantidade de água de resfriamento necessária para a condição de maior consumo é de 1524,95 litros e na condição de menor consumo são 555,76 litros. Além do destilador da Central de Materiais, existem mais 2 outros destiladores em funcionamento, um no Laboratório de Biotecnologia que produz em média 25 litros por dia, e outro na Central de Materiais do Centro de Ciências da Saúde (prédio 12) fornecendo 7,5 litros por dia. Sendo assim, a produção diária total de água destilada é de 67,5 litros com a utilização de água para resfriamento chega ao valor de 2.940,97 litros para a condição de maior consumo e pode ser reduzido para 1.071,83 litros para a condição de menor consumo,estes valores estão representados na figura 8. 3500 Volume (litros) 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1º 7º Experimentos Figura 8: Consumo diário de água para resfriamento na URI – Campus de Erechim. 21 Com essas informações, o consumo médio mensal de água de resfriamento (considerando 22 dias de trabalho/mês) é de 64.701,34 litros para a condição de maior consumo e pode ser reduzido para 23.580,26 litros para a condição de menor consumo. O custo mensal resultante da utilização desses equipamentos que atualmente é de R$ 368,90 poderá ser reduzido para R$ 134,40. Anualmente os valores vão dos atuais R$ 4.426,80 para R$ 1.612,87. Para esse cálculo considerou-se o valor de R$ 5,70 o m3 de água. Atualmente a URI – Campus de Erechim consome mensalmente uma média de 870 m3 de água. Deste montante, 7,44% é destinado a produção de água destilada. Este valor poderá ser reduzido para 2,71%. 3.2 ANÁLISE DO BALANÇO ENERGÉTICO O balanço energético do processo de destilação está baseado na relação entre a energia elétrica (entrada energética) que é responsável pela transformação da água do estado líquido para o estado de vapor e a saída de calor que ocorre como dissipação através da carcaça do equipamento e da água que condensa o vapor e o transforma em água no estado líquido (saída energética). Para quantificar o valor de energia elétrica necessária utilizou-se uma alicate amperométrica para a medição da intensidade de corrente elétrica que passava pelo destilador e um multímetro digital ajustado para funcionar como voltímetro a fim de mediu-se a tensão elétrica fornecida. Com essas duas informações, calculou-se a energia através das equações 03 e 04. Os valores medidos foram:U = 216 V e i = 15,1 A Aplicando esses valores na equação (03) obteve-se um a potência de 3.261,6 W. Sabendo que na condição de maior vazão (experimento 1) o tempo necessário 22 para destilar 1 litro de água foi de 13,08 minutos (0,218 horas) foi possível calcular o valor da energia consumida através da equação (04) o que resultou em 711,03 Wh, que convertidos representam 611.491,56 cal (entrada de energia no sistema). Considerando que após a ebulição a água deve resfriar o vapor produzido pela ebulição de 1 litro de água, pode-se calcular a quantidade de calor latente retirado pela equação (02). Sendo a massa de 1 litro de água equivalente a 1000 gramas e considerando o calor latente de condensação da água como 540 cal/g, a energia térmica retirada do vapor é de 540.000 calorias (saída de energia no sistema através da água de resfriamento). A diferença entre a energia de entrada no equipamento e a energia de saída do mesmo através da água consiste na energia perdida na carcaça. Os valores referentes a esses cálculos são apresentados na tabela 2. Tabela 2 : Diferença entre a energia de entrada e saída no equipamento. Energia de Entrada Tempo Experim. (min:seg) 1° 13:08 2° 13:34 3° 13:13 4° 12:40 5º 11:59 6° 12:22 7° 12:28 12:46 Média Energia Elétrica (kcal) 614,00 634,24 617,88 592,17 560,22 578,14 582,82 597,06 Energia de Saída Energia perdida Calor latente (kcal) na carcaça (kcal) 540,00 73,98 540,00 94,24 540,00 77,88 540,00 52,17 540,00 20,22 540,00 38,14 540,00 42,82 540,00 57,06 Em termos médios, a perda energética percentual é de 90,44% pela água de resfriamento e 9,56% pela carcaça do equipamento, figura 9. 23 100 90 80 70 % 60 50 40 30 20 10 0 1º 2º Experimentos Figura 9: Diferença percentual entre as duas modalidades de perda de calor em destiladores. Com relação ao consumo de energia elétrica, observa-se que a quantidade de eletricidade necessária para destilar 1 litro de água fica atualmente em torno de 0,74 kWh e poderá ser reduzido para 0,65 kWh na condição de menor consumo de eletricidade. Isso significa uma redução de 12,16%. A tabela 3 mostra os valores de energia elétrica consumida na destilação para cada situação testada, bem como os valores financeiros mensais e anuais dispensados para o processo. Tabela 3 : Custo de energia elétrica no diferentes experimentos. Experim. 1° 2° 3° 4° 5º 6° 7° Energia Elétrica de Entrada (kW/h) 0,71 0,74 0,72 0,69 0,65 0,67 0,68 Custo Mensal (R$) Custo Anual (R$) 255,23 3062,75 263,65 3163,81 256,85 3082,18 246,16 2953,92 232,88 2794,57 240,33 2883,96 242,27 2907,28 Os valores da tabela 3 estão representados na figura 10. 24 640 Energia Elétrica (kcal) 620 600 580 560 540 520 1° 2° 3° 4° 5º 6° 7° Experimentos Figura 10:Quantidade de Energia elétrica (kcal) necessária para produzir 1 litro de água destilada. Considerando que a produção mensal de água destilada na URI – Campus de Erechim fica em torno de 1485 litros, conclui-se que a necessidade de energia elétrica é de 1084,0 kWh, a um custo de R$ 0,25 o kWh, o que resulta num valor de R$ 271,00. Esse custo poderá baixar se for adotada a condição de menor consumo de eletricidade (experimento 5). Nessa condição poderá haver uma redução do valor da energia elétrica para R$ 241,31. A diferença em termos energéticos está representada na figura 11. 0,76 Energia Elétrica (kcal) 0,74 0,72 0,7 0,68 0,66 0,64 0,62 0,6 1 2 Experimentos Figura 11: Diferença entre o maior e o menor consumo de energia elétrica 25 4 Considerações Finais O presente trabalho que teve como objetivo a avaliação do processo de destilação de água e energia para uso em laboratórios, nos mostra que há a possibilidade de uma significativa redução do consumo de água de resfriamento e também de energia elétrica. Com relação à quantidade de água de resfriamento, o volume que usualmente é utilizado é de 43,57 litros para cada litro de água destilada produzida. Este valor pode ser reduzido para 15,88 litros, o que representa uma redução de 63,56%. Em nível de URI – Campus de Erechim, o total do consumo mensal pode passar de 64,70 m3 para 23,58 m3. Esta economia é de grande importância tanto no aspecto ambiental em função da crescente escassez deste recurso como no aspecto financeiro. Com relação ao consumo energético a diferença entre o maior e o menor valor é menos significativa, e vai de 0,74 kWh para 0,65 kWh, uma redução de 12,6% em cada litro de água destilada produzida. Pode-se sugerir que futuramente sejam realizados outros trabalhos que visem o aproveitamento do calor e da água perdida no processo descrito, para outras aplicações ou para a realimentação do processo após resfriamento prévio. Dessa forma podemos contribuir para a redução da utilização de recursos tanto financeiros como naturais em nossas atividades diárias. 26 REFERÊNCIAS ALMANAQUE ABRIL. São Paulo: Abril, 2010. CARVALHO. G. C. Química Moderna.São Paulo: Editora Scipione, 2001. COULSON, J. M. RICHARDSON, J.F. Tecnologia Química. 2 ed. Lisboa: Fundação Caloustone Gul Benkian,1968. EPSHTEIN, D. Fundamentos de Tecnologia Química. Moscu: Editora Mir. HALLIDAY, W.R. Fundamentos da Física. 6 ed. Rio de Janeiro. LTC _ Livros Técnicos e Científicos S. A, 2002. KOLTZ, J. C. 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