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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS DE CIÊNCIAS
NATURAIS SOB O ENFOQUE DA: CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
SOCIEDADE
Carlos Luis Pereira¹
Maria Delourdes Maciel²
¹ Doutorando no Programa de Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do
Sul - São Paulo
¹ Professor na Faculdade Vale do Cricaré- São Mateus - Espírito Santo
² Professora Doutora, Pesquisadora e Orientadora no Programa de Mestrado e Doutorado em
Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul- São Paulo
RESUMO
Este artigo traz como objetivo investigar a organização curricular dos cursos de licenciatura
intercultural específica para professores indígenas a presença de disciplinas que discutam a
abordagem da Ciência, Tecnologia e Sociedade na formação inicial dos 26 cursos existentes
no país (SESAI, 2013). A problemática central que norteou este trabalho é por qual razão a
temática da Ciência, Tecnologia e Sociedade não tem sido assegurada nos cursos de formação
inicial de professores indígenas em licenciatura intercultural específica de Ciências Naturais?
Hoje as aldeias indígenas tem gradativamente assumido o perfil das cidades urbanas e os
avanços científicos e tecnológicos disponibilizados pela sociedade globalizada tem sido
encontrados no cotidiano das aldeias e nos seus territórios etnoeducacionais que através do
currículo escolar legal de base nacional comum que é cumprido pelas escolas indígenas por
determinação do MEC desde 16/04/1991; E de acordo com dados do censo escolar (BRASIL,
2012) mostra que nas escolas indígenas brasileiras têm um universo de 2.872 unidades de
ensino, 12.362 professores sendo destes 90% professores índios e uma população de
aproximadamente 896.917 cidadãos que se auto declararam como índios e, atualmente têm
cerca de 205.787 alunos distribuídos em toda a Educação Básica. A pesquisa se caracteriza
como sendo qualitativa conforme orienta (Acevedo e Nohara,2013), como coleta de dados foi
realizado levantamento documental em documentos jurídicos que amparam esta modalidade
de ensino tais como: a Constituição Federal de 05/10/1988 nos seus artigos 210,215 e 230, na
atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996
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nos seus artigos 26,30, 32,78 e 79 e, no Referencial Curricular Nacional para as Escolas
Indígenas de 1998 e, também examinou-se as matrizes curriculares e as ementas dos cursos de
formação de professores indígenas disponibilizados em sites de domínio público;
Constatou-se que na organização curricular dos cursos de formação de professores indígenas à
abordagem da Ciência, Tecnologia e Sociedade não tem sido assegurada na organização
curricular, cursos estes de responsabilidade do MEC. Conclui-se que o ensino de Ciências
Naturais para o aluno indígena depende destes professores apropriarem na sua formação
inicial da abordagem da Ciência, Tecnologia e Sociedade contextualizada para a realidade
social, ambiental, geográfica, cultural, econômica, social e tecnológica específicas de cada um
dos 305 grupos étnicos existentes no território nacional; Ainda concluímos que as Diretrizes
Curriculares Nacionais do MEC e nas orientações contidas nos Parâmetros Curriculares
Nacionais(1997) e na atual LDB apontam que na Educação Básica a dimensão da Ciência e
Tecnologia como eixo integralizador no processo educativo e da formação humana do
educando.
Palavras- chave: CTS, Formação de professores indígenas, Ciências Naturais.
1. Introdução
A formação de professores brasileiros tem sido uma das atuais metas das políticas
governamentais do país. Na problematização e foco de investigação desse artigo é investigar
in loco qual perfil e contextos tem orientado os cursos formação inicial de professores
indígenas nos atuais 26 cursos de licenciatura intercultural específica que tem sido oferecido
pelo governo Federal com parcerias com universidades públicas brasileiras? Cursos
autorizados pelo Ministério da Educação e Cultura que tem como competência estabelecer as
diretrizes curriculares nacionais para todas as modalidades de ensino do país (Bandeira,
1998); Nos dizeres de Oliveira (2002) a prática docente está diretamente correlacionada ao
currículo de sua formação inicial que deve assegurar uma sólida formação teórica e prática
do docente nas dimensões da diversidade humana, política, ética, multicultural, social, afetiva,
cultural étnica e pedagógica. E, Bolívar (2010) acrescenta que as competências básicas da
ciência e da tecnologia e o conhecimento científico deve nortear a formação do docente.
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A dimensão política da formação do professor indígena brasileiro pode ser constatada
na sua ação pedagógica na sua escolha dos procedimentos: pedagógicos, metodológicos,
teóricos, filósofos e ideológicos na sua gestão crítica e reflexiva da sala de aula no
procedimento didático e pedagógico de contextualizar e problematizar os conhecimentos
científicos escolares junto com os saberes prévios dos alunos indígenas da etnia pataxó da
Bahia, essa é uma nova exigência nos cursos de licenciatura específica dos professores,
porque sendo ele um ator social no campo educativo se faz necessário ter domínio básico
sobre o enfoque da alfabetização científica e tecnológica, sendo de competência do MEC
órgão que regula a educação nacional estabelecer na organização curricular dos cursos de
Ciências Naturais do país dentro dos
aspectos: teóricos históricos, políticos, culturais,
étnicos, científicos, tecnológicos e ambientais (KINCHELOE,1997).
Diante do exposto Jacques Delors (2005), propõe para a UNESCO a meta do século
XXI que é a criação de uma sociedade mundial com condições produtivas para todos o que
requer uma formação docente que auxilia as escolas na sua proposta pedagógica a criar estes
projetos.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 20/12/1996,
aponta que na área do conhecimento das Ciências Naturais pode privilegiar o estudo e
projetos individuais e coletivos socioambientais e da sustentabilidade para a comunidade
social escolar indígena da aldeia de como gerir seus próprios recursos naturais sem agredir o
seu próprio meio ambiente, e ainda questionar como o homem branco tem explorado as terras
indígenas e extraído suas riquezas.
O ensino de ciências para o aluno indígena tem como caráter primordial associá-lo a
cidadania e a cultura e o conhecimento científico, e compreender má proposta pedagógica e
curricular desta disciplina que a Ciência é uma parte indissociável da cultura e isso implica
reconhecer que a Ciência e a Tecnologia está presente na realidade sociocultural e
sociocientífica na etnia pataxó da Bahia e, esta requer a necessidade de nos cursos de
formação em licenciatura intercultural específica indígena assegurar esses conhecimentos
científicos acerca da Educação Científica e Tecnológica (SANTOS, 2007).
Para entendermos a questão da formação do professor nos dias recentes, se faz
necessário voltarmos no século XVIII pois foi Comenius que no Seminário dos Mestres,
instituído por João Batista de La Salle m 1684, preconizou sobre a formação docente. Aqui
em solo brasileiro Gatti e Barreto (2009) afirmam de que a formação de professores em cursos
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de licenciaturas específicas foi inaugurada no Brasil, no final do século XIX, com o objetivo
de preparação dos conteúdos científicos, didáticos e pedagógico.
A relevância deste artigo é devido aos principais avanços científicos e tecnológicos se
fazerem presentes no cotidiano das aldeias e da maioria dos 305 grupos étnicos do país que
possuem intenso contato com a cultura e a ciência do homem urbano, porém na escola da
própria aldeia a educação científica tem sido ausente. A formação insuficiente do professor
indígena, que tem sido analfabeto científico e tecnológico e, na visão de Cortina (2003) o
fenômeno da globalização científica, tecnológica, informacional, econômica, cultural e digital
se faz presente em todas as sociedades e, no que se refere aos povos indígenas que
aproximadamente 324.834 índios estão localizados em territórios próximos ao meio urbano e,
572.083 em área rural, o que mostra a necessidade emergente de nos cursos de licenciatura
intercultural específica contemplar os conhecimentos científicos escolares em articulação com
as competências e habilidades básicas da Ciência e da Tecnologia para a promoção da
educação científica para os alunos indígenas que vivem entre os saberes da sua ciência e
tecnologia com os conhecimentos científicos transmitidos pelo currículo legal de referência
nacional comum que é exigido pela atual LDB no artigo 26 a todos os alunos da Educação
Básica brasileira, inclusive dos cerca de 205.787 mil estudantes indígenas distribuídos em
toda a Educação Básica que atualmente ocorre em 98,7% das aldeias do país.
Reafirmamos aqui que outra relevância desta produção científica é devido ao número
reduzido de pesquisas in loco acerca da educação escolar indígena brasileira apresentados em
fóruns, congressos, seminários, artigos, dissertações de mestrado e em teses de doutorado
disponibilizadas em sites de domínio público e nos encontros bianuais de pesquisadores da
área de ensino de Ciências (ENPEC) neste evento entre os anos de 1997à 2011 tiveram 4.416
produções e destas somente 08 abordavam a temática da educação escolar indígena brasileira,
também devido a Lei n° 11.645 de 10 de Março de 2008 que estabelece a obrigatoriedade das
escolas da rede pública e privada do país a incluir no currículo real a história e cultura
Afro-brasileira e dos povos indígenas, em que o ensino de ciências em muito pode corroborar
para que os alunos não indígenas conheçam a cultura, a etnociência e a tecnologia usadas
pelos povos indígenas em sua trajetória histórica.
O objetivo deste artigo é investigar nos cursos formação inicial de professores
indígenas em licenciatura intercultural específica de Ciências Naturais se é assegurado à
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inclusão na organização curricular de disciplinas que discutam a abordagem da ciência e da
tecnologia.
1.1 Formação de professores indígenas em cursos de licenciaturas interculturais
Em muitas comunidades indígenas uma realidade existente era o encaminhamento de
seus estudantes para as escolas urbanas próximas as aldeias, ocasionando um expressivo
êxodo das comunidades para núcleos urbanos fazendo-os perder seus valores, crenças,
tradições, línguas, costumes suas ciências. Diante desta realidade teve início em 2003 o
Ministério da Educação e Cultura priorizar a ampliação e qualificação de cursos para a
formação de professores indígenas no país e, em 2013 foi apresentado as novas Diretrizes
Curriculares Nacionais para as Escolas Indígenas.
O perfil deste profissional indígena buscado na formação de professores indígenas em
licenciaturas interculturais específicas tem sido em formar um ator sociocultural que atua em
múltiplas dimensões sendo: políticas, culturais, ambientais e educativas.
As bases legais para a formação intercultural de professores indígenas estão
assegurados na Constituição Federal nos artigos 210 e 231, na atual LDB n°9.394/96,no Plano
Nacional de Educação e na normatização do Conselho Nacional de Educação de 1999 e dos
Parecer do CNE/CEB n° 14/99, e da resolução CNE?CEB n°3/99 e n°14/2011 estabeleceram
as primeiras Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores indígenas.
De acordo com essas atuais Diretrizes Curriculares os cursos de formação de
professores indígenas devem propiciar aos futuros docentes conhecimento de estratégias
pedagógicas, materiais paradidáticos e ainda é assegurado por este documento a educação
profissional e tecnológica articulada com os princípios da formação ampla nas diferentes
etapas dessa formação e que os conhecimentos acerca da Ciência e Tecnologia sejam
ofertados preferencialmente nas terras indígenas em convênio com Institutos Federais de
Educação Ciência e Tecnologia de acordo com a realidade e especificidade étnico-cultural,
científica e tecnológica de cada uma das 305 etnias presentes no país.
As metas proposta eram que à formação estivesse integrado ao ensino, pesquisa e
extensão e contemplando estudos de temas relevantes como língua materna, gestão
educacional, administrativa e meio ambiente e a preservação de suas especificidades
socioculturais e socioambientais de cada grupo étnico-cultural. Ainda nessa formação seria
espaço privilegiado para a construção de materiais didáticos e pedagógicos que orientariam as
práticas pedagógicas e curriculares dos professores indígenas.
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1.2 Ciência, tecnologia e sociedade nos cursos de formação de professores de ciências
naturais indígena.
O enfoque abordagem da Ciência, Tecnologia com a Sociedade nos cursos de
formação para os professores indígenas em licenciatura intercultural específica é emergente
diante do atual fenômeno mundial da globalização econômica, cultural, informacional,
tecnológica, ambiental e política que tem ocorrido em todas as sociedades Cortina(2003). Na
formação do professor indígena em licenciatura específica de Ciências Naturais pode
corroborar para efetivação da educação pela e para a ciência e tecnologia, porque a educação
científica e tecnológica aproxima o cidadão comum ao conhecimento da cultura científica que
como nos afirma Bandeira (1998)as aldeias brasileiras tem gradativamente assumido o perfil e
os hábitos do homem urbano pois observamos no cotidiano das aldeias que os avanços
científicos e tecnológicos disponibilizados pela sociedade nacional tem sido encontrados nas
aldeias indígenas localizadas no meio rural e urbano; E ainda através do currículo legal que
traz a sua marca da cultura de quem o produziu é imposto pelo MEC a educação escolar
indígena desde 16/04/1991; E de acordo com os preceitos legais deste órgão e de Bolívar
(2010) o ensino de ciências deve estar articulado com a abordagem da Ciência
e da
Tecnologia como competências e habilidades básicas a serem asseguradas aos alunos no
processo educativo da educação básica. Diante deste cenário a problemática é o cumprimento
destas exigências requer que os cursos de formação de professores indígenas na sua
organização curricular ofertam disciplinas que discutam a abordagem CTS para que os
mesmos a posteriori tenham domínio teórico e prático para articular essa temática com os
conteúdos específicos de referência nacional comum para a disciplina de Ciências Naturais
(BRASIL, 2005).
Para Ángel Vazquez Alonso (2006) a Ciência e Tecnologia se apresentam como um
eixo articulador e integrador nas sociedades do conhecimento atual, e na formação indígena as
ciências e as tecnologias precisam no currículo do professor estar contemplado junto com as
disciplinas de referência nacional comum da formação do professor indígena, sendo este um
dos grandes desafios devido os diferentes contextos em que está ocorrendo as licenciaturas
interculturais específicas.
É necessário que nos cursos de formação de professores indígenas de Ciências
Naturais que é estruturado numa parte presencial e outra não presencial que dentro da
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organização curricular é necessário a internacionalidade na reconceitualização do ensino das
Ciências no sentido do CTS mediar no processo educativo e da formação humana
crítica-reflexiva do cidadão (SANTOS, 2007),pois as decisões ambientais nas aldeias do
extrativismo sem controle traz reflexos globais e locais pois a alteração da colheita e do ciclo
de vida das espécimes de animais e vegetais que são usadas para a subsistência e aumento da
renda familiar através do artesanato de toda a comunidade indígena pataxó da Bahia..
Entre um dos objetivos primários para os cursos de formação específica intercultural
de professores indígenas a proposição de ofertar a estes docentes os códigos simbólicos das
suas ciência e dos conhecimentos sociocientíficos das sociedades não indígena precisam
serem assegurados na organização curricular porque de acordo com o (MEC) e o Referencial
Curricular Nacional para Escolas de (1998), e a atual LDB de (1996) e na Constituição
Federal de 05/10/1988 é previsto que o ensino para o aluno indígena deve assegurar a
disseminação, e a manutenção das suas culturas e ciências tradicionais porém em consonância
com os conhecimentos científicos escolares de referência comum, porque o ensino para o
aluno indígena deve cumprir o caráter intersocietário quer dizer dialogar com os saberes das
suas etnociências tradicionais e tecnologias com os conteúdos científicos específicos da
disciplina de Ciências Naturais. De acordo com documentos legais e jurídicos que amparam
as ações da educação escolar indígena é necessário no eixo central e articulador da
organização curricular que os saberes socioculturais, socioambientais e de suas ciências e
tecnologias sejam assegurados dentro de processos pedagógicos próprios de ensino e
aprendizagem.
Nessa formação do professor indígenas em Ciências Carlos Arguello (2002) nos
mostra que um dos pilares é que a escola com seus conhecimentos ancestrais de suas ciências
indígenas, precisa valorizar e disseminar os diferentes saberes e sendo a priori reduzir a
distância entre a educação da ciência tradicional com a ciências do currículo escolar, tendo
como ponto de partida os conhecimentos prévios dos alunos indígenas para transmitir os
conhecimentos científico.
1.3 Formação De Professores Indígenas E O Ensino De Ciências Naturais
As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica defende que o
currículo como um conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção e socialização
de significados no espaço social e que contribuem para
a construção permanente da
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identidades sociais, étnicas, culturais, ambientais e do letramento científico e tecnológico dos
alunos indígenas(BRASIL,2013).
No RCNEI (1998) o apresentam quatro pilares centrais para essa modalidade de ensino
o ensino: interdisciplinar, diferenciado, intercultural e bilíngue e, compete como nos alerta
Grupioni (2001) que um número expressivo de professores indígenas tem como maior
formação o curso de magistério indígena o que lhe permite ter domínio da ciência tradicional
da sua própria etnia e, ainda é de sua competência a organização dos materiais didáticos e
pedagógicos na sua gestão pedagógica como também é previsto na atual LDB n°9.394 de 20
de Dezembro de 1996.
De acordo com o Monte (2003) a prática docente depende do currículo da formação
inicial do professor, e para ela, o currículo é uma construção coletiva permanente e mutável,
que deve estar contemplado suas organizações sociais, costumes, línguas, culturas, crenças e
tradições e ainda no currículo de formação desse professor indígena as suas concepções:
antropológicas, filosóficas, ideológicas e metodológicas e pedagógicas deve ser os pilares da
sua formação, pois a sua concepção das ciências e dos pressupostos mencionados determinará
a sua práxis pedagógicas no ensino dos conteúdos de referência nacional comum da disciplina
de Ciências Naturais que desde 16/04/1991 por participarem do sistema de ensino do MEC a
escola indígena obrigada a cumprir no seu currículo legal as disciplinas de referência nacional
comum que são estabelecidas pelo Ministério da Educação e Cultura.
Para Grupioni (2006; 2008) os professores indígenas tem tido o magistério como a sua
maior formação, e possuem domínio teórico e prático da etnociência e da tecnologia
tradicional da cultura da sua própria etnia e, formação insuficiente nos conteúdos científicos
escolares específicos da disciplina de ciências naturais porque o curso de magistério indígena
não assegura o domínio destes saberes específicos.
Para Silva (1995) a construção do processo curricular é elaborado pelo professor na
gestão da sala de aula durante o processo educativo e da formação humana do educando.
No Parâmetro Curricular Nacional para o ensino de Ciências Naturais (BRASIL,
2001,p.31) é explicitado que a abordagem da Ciência, Tecnologia e Sociedade deve estar
incluída com os conteúdos de referência nacional comum previstos pelas orientações das
diretrizes curriculares nacionais do MEC para a área (BRASIL,2005),o que sinaliza a
necessidade de na formação inicial do curso de licenciatura específica para professores
indígenas de Ciências Naturais estes saberes da Educação CTS sejam contemplados para que
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o mesmo tenha subsídios teóricos e práticos para no processo de ensinar e aprender articular
essa abordagem nas unidades de ensino previstas pelo órgão que regula toda a educação
nacional.
1.4 Educação CTS, saberes docentes e a formação de professores indígenas
Para que o ensino nos 385 territórios etnoeducacionais indígenas presentes em cidades
brasileiras possam proporcionar um ensino diferenciado e específico é preciso estar adaptado
aos contextos políticos e culturais no qual a escola indígena está situada. E, de acordo com os
documentos legais e jurídicos que amparam esta modalidade de ensino o caráter
intercultultural e bilíngue seja estabelecido com o diálogo intercultural entre os
conhecimentos científicos da sociedade nacional com os saberes científicos das ciências de
cada um dos 305 grupos étnicos que apresentam importante diversidade e pluralidade em suas
identidades socioculturais e socioambientais, tecnológicas e lingüísticas, conforme é orientado
pela atual LDB/96 no seu artigo 78.
Os cursos de formação de professores indígenas como nos alerta Cavalcante (2003)
precisa estar ancorados no desenvolvimento de competências e habilidades básicas acerca do
letramento científico e tecnológico.
Na atual Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional n° 9.394/96 em seu artigo
n° 26 determina que o currículo do ensino fundamental e médio deve ter uma base nacional
comum o que significa que devido os alunos indígenas serem cidadãos brasileiros e as ações
da educação escolar indígena ser de competência do Ministério da Educação e Cultura desde
16/04/1991 é exigido o cumprimento deste currículo de base legal nacional, o que fica
explicitado que nos cursos de formação de professores indígenas aqui discutido o de Ciências
Naturais é preciso na organização curricular destes cursos assegura como eixo central e
norteador competências e habilidades básicas acerca da ciência e da tecnologia, porque os
alunos indígenas tem no seu cotidiano vivenciado os principais avanços científicos e
tecnológicos disponibilizados pela sociedade.
Trazemos como provocação e discussão neste manuscrito de que competências e
habilidade sobre ciência e tecnologia se fazem necessário serem assegurados aos professores
indígenas nos cursos de licenciaturas interculturais específicas de Ciências Naturais? Como
deve ser as mediações didáticas contextualizadora e problematizadora para o docente de
ciências que tem recebido uma formação dentro da tendência pedagógica tradicional? E qual
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ou quais as concepções de educação em CTS que deve fazer parte dos cursos de Ciências
Naturais de formação inicial em licenciatura intercultural específica indígena? E quais os
saberes experienciais, profissional, curriculares e disciplinares como nos ensina Tardif (2012)
e Gauthier (2006) sobre a educação científica e tecnológica é assegurada no currículo legal e
real?
Seguindo as ideias acima a sociedade pós-moderna vive em intensa, turbulência,
mudanças de paradigmas educacionais, lutas pelo poder e conflitos e mesmo assim o
professor precisa ter domínio teórico e prático acerca da ciência e tecnologia para na sua
gestão pedagógica construir experiências educativas significativas porque ele é o agente
mediador sociocultural e dos conhecimentos científicos escolares. Nos fazendo pensar numa
outra vertente Kincheloe (1997) ensina que educar é um ato político e que na formação
pedagógica do docente indígena de ciências o mesmo deve contextualizar sobre a abordagem
da Ciência, Tecnologia e Sociedade para os alunos pataxós da Bahia numa linguagem
adequada e fazendo adequações em relação aos procedimentos didáticos, pedagógicos e
metodológicos.
2. METODOLOGIA
Neste trabalho utilizamos a metodologia de pesquisa dentro da abordagem, qualitativa
do tipo pesquisa etnográfica conforme as orientações de (Acevedo e Nohara,2013). E na fase
inicial da pesquisa foi realizado levantamento bibliográfico e documental em matriz curricular
dos cursos de formação em licenciatura intercultural específica da área de Ciências Naturais;
Como técnica de coleta para a obtenção dos dados utilizou-se da: análise documental da
organização curricular proposta pelo MEC, entrevista individual com docente da disciplina de
ciências e das demais disciplinas do currículo legal em uma escola indígena pataxós da Bahia
e com 133 os alunos do ensino fundamental II e do ensino médio, ex-alunos, lideranças da
aldeia e gestor educacional.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nos atuais 26 cursos de formação intercultural específica de professores indígenas do
país no curso de Ciências Natural, não tem sido dado enfoque a abordagem da Ciência,
Tecnologia e Sociedade como eixo central das disciplinas de referência comum do curso;
Constata-se como relata (Santos, 2005b) que tem ainda prevalecido no currículo real das aulas
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de ciências o ensino científico descontextualizado coma alfabetização, tecnológica e
científica, devido a precária formação inicial dos professores de Ciências Naturais indígenas
sobre o enfoque CTS, e ainda que o ensino das ciências venha priorizar a construção de uma
estrutura geral da área que tenha como princípio o domínio de aprendizagem significativa e de
uma sólida formação da abordagem da Ciência, e suas relações coma Tecnologia e com a
sociedade (BRASIL, 2001).
Verifica-se nos documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências
Naturais (2001) que um dos objetivos de Ciências Naturais no ensino fundamental II da
Educação Básica e que o professor no processo de ensino e aprendizagem desenvolva no
processo de aprender a aprender de forma contextualizada para aluno indígena pataxó
competências e habilidades básicas acerca da ciência e da tecnologia que lhe permitam
compreender o mundo e exercer a sua cidadania de forma crítica sobre este tema pois a sua
sociedade vem utilizando dos conhecimentos do letramento científico e tecnológico presentes
na sociedade digitalizada atual o que falta é o professor indígena na formação inicial ter
domínio teórico e prático de como e qual perspectiva de educação CTS deve ser proposta ao
aluno indígena neste atual cenário mundial dominado pela globalização (BRASIL, 2001) nos
dias atuais as aldeias indígenas de todo o país vem gradativamente assumindo o perfil das
cidades e com isso os avanços científicos e tecnológicos se fazem presentes no cotidiano das
aldeias indígenas distribuídas em todo o país, ainda mostramos que através do currículo de
base nacional comum que é por imposição do MEC desde 16/04/1991 seguido pela educação
escolar indígena brasileira pois de acordo com o MEC os alunos indígenas e professores são
cidadãos brasileiros e por isso precisam de dominar os conhecimentos de base nacional
comum e, ainda aponta o MEC que cada escola indígena tem autonomia para na parte
diversificada do currículo elaborá-lo de acordo com suas especificidades e realidades, e ainda
consta no RCNEI de 1998 e na atual LDB n°9.394 de 20/12/1996 que é função do professor a
elaboração de proposta pedagógicas adequadas para o seu aluno. Observamos que o professor
indígena tem mostrado uma importante dificuldade para assegurar aos alunos os
conhecimentos científicos de referência nacional comum em articulação com as suas ciências
tradicionais devido a sua formação insuficiente.
Constata-se que ao examinar o PCN's de Ciências Naturais (2001) e o Referencial
Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (1998) a atual Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional os conteúdos são apresentados em 4 blocos temáticos: Ambiente, ser
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Humano e Saúde, Recursos tecnológicos e Terra e Universo nota-se que o enfoque CTS é
apresentado como o eixo articulador e central nestes grandes blocos temáticos; Porém ao
realizar pesquisa de campo de doutorado em uma escola comunitária indígena na sua ação
pedagógica nas disciplinas de referência nacional comum não tem sido assegurado a
perspectiva da abordagem da Alfabetização Científica e Tecnológica. Apontamos que é o
MEC o responsável pela elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para todas as
modalidades de ensino no país ,inclusive para os 26 cursos de formação em licenciatura
intercultural específica para os professores indígenas então compete a este órgão assegurar na
formação inicial subsídios teóricos acerca da Alfabetização Científica e Tecnológica, porque
é o professor o mediador entre a cultura do aluno e os conhecimentos científicos escolares.
Nota-se que os cursos de formação para estes professores indígenas que possui 3.570h sendo
1.900h presenciais, 1250h estudos não presenciais e 420h de estágio supervisionado
(BRASIL,2012) que também não é apresentado na organização curricular disciplinas que
discutam sobre a abordagem da Ciência e Tecnologia.
Nota-se ao examinar as Diretrizes Curriculares Nacionais estabelecidas pelo MEC para
os cursos de licenciatura específica intercultural que nas dimensões proposta é citado que essa
formação precisa estar integrada ao ensino, pesquisa e extensão, porém não é explicitado neste
documento legal que a abordagem da educação CTS seja um dos eixos norteadores da
formação inicial, buscando os subsídios de Cortina (2003), Bolívar (2010), Alonso (2006) e
no PCN,s de Ciências Naturais (BRASIL,2001,p.31) é mencionado que a dimensão
da
Ciência, Tecnologia e Sociedade deve ser assegurada no processo educativo e da formação
humana do aluno, porém falta o MEC que estabelece e regula a educação nacional determinar
a inclusão na organização curricular destes cursos a inclusão de disciplinas que discutam a
educação científica e tecnológica.
Constata-se que dos 12.362 professores indígenas somente 3.430 possuem como maior
formação o curso de licenciatura intercultural específica e os 8.932 professores possuem a
maior formação com o curso de magistério indígena, este curso não tem na sua matriz
curricular disciplinas que abordam a temática da Ciência e da Tecnologia, o que contribui
significativamente para a não discussão deste tema junto com os conteúdos de referência
nacional comum para a área de Ciências Naturais.
Verifica-se na aldeia indígena pataxós da Bahia que os alunos indígenas tem utilizado
em seu cotidiano aparelhos celulares e nas suas residências há aparelhos de televisão, carros e
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motos, essa realidade observada nesta escola indígena pataxó da Bahia sinaliza o gradativo
processo de aculturação que estes povos vêm sofrendo devido as crescentes mudanças
sociais e culturais que a sociedade hegemônica tem imposto aos 305 povos indígenas do país
E, conforme nos ensina autores como Bourdieu (1969), Passeron (1975) e Giroux (1983) a
escola é o reflexo da sociedade então quer dizer que estas mudanças que vêm ocorrendo
dentro das comunidades indígenas são o reflexo da marca da cultura da sociedade dominante
que são impostas aos grupos minoritários, está mudança mostra a necessidade emergente de
assegurar através do currículo escolar e da formação inicial dos docentes indígenas nos cursos
de licenciatura intercultural específica o domínio teórico e prático das competências e
habilidades básicas da Ciência e Tecnologia para que este docente na sua ação prática
estabeleça diálogo intercultural entre as duas sociedades.
4. CONCLUSÃO
O artigo concluiu que os professores de Ciências Naturais indígenas tem tido uma
importante dificuldade para ensinar as ciências dentro da abordagem CTS, o que sinaliza que
o ensino tem sido dissociado entre a escola, sociedade e os PCN's e as Diretrizes Curriculares
Nacionais da disciplina de Ciências Naturais e atualmente as escolas indígenas e as aldeias
tem assumido gradativamente o perfil das cidades ora através do currículo legal ou pelo
intenso diálogo com o homem branco.
Ainda sugerimos que os atuais 26 cursos de licenciatura intercultural específica
indígena precisam que o enfoque CTS esteja presente como eixo central e articulador dos
cursos de Ciências Naturais para o professor indígena, porque nas aldeias os avanços
científicos e tecnológicos estão presentes do contexto do aluno indígena. Ainda mostramos
que é necessário na atual contemporaneidade os alunos indígenas e professores no processo de
ensino e aprendizagem discutirem de forma contextualizada de acordo com a realidade e
especificidade étnico-cultural da aldeia a temática da alfabetização científica e tecnológica.
Concluímos que aumentar a formação do professor indígena nos cursos de licenciatura
intercultural específica em ciências naturais em muito contribuirá para o aluno indígena
exercer a sua cidadania crítica e reflexiva acerca dos avanços científicos e tecnológicos e sua
relação com a sociedade local e nacional.
O trabalho ainda mostra que o domínio da Ciência e da Tecnologia são fundamentais
neste atual cenário em que o fenômeno da globalização econômica e cultural afetam todos os
cidadãos, inclusive aos povos indígenas que vêm perdendo as suas terras devido ao crescente
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processo da industrialização e, precisam elaborar projetos sociais para as suas respectivas
comunidades indígenas.
REFERÊNCIAS
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