confessar essa saudade o autor se utiliza de símbolos: Terra, água, ar, sol e luz. O intimismo e a subjetividade são traços marcantes da obra. FASE ACADÊMICA (1917) Da Costa e Silva (1885 – 1950) SAUDADE Saudade! Olhar de minha mãe rezando, E o pranto lento deslizando em fio... Saudade! Amor da minha terra...O rio Cantigas de águas claras soluçando. Antonio Francisco Da Costa e Silva nasceu em 23 de novembro de 1885, na cidade de Amarante - PI, na rua das Flores. O menino mostrava-se interessado em arte: literatura, pintura e escultura. Em Amarante mesmo começa a produzir as primeiras composições poéticas na revista do Grêmio Literário Amarantino. Vem para Teresina, onde conclui o curso preparatório no Liceu Piauiense. Transfere-se para Recife para cursar direito. Foi funcionário público federal do Ministério da Fazenda, ocupando cargos de fiscal e delegado, em vários estados ao longo de sua vida: Minas Gerais, São Paulo, Maranhão, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Amazonas e Acre. Onde chegava colaborava na impressa como poeta e jornalista. No Rio de Janeiro colaborou no Correio da Manhã. Os seus primeiros poemas modernistas foram publicados no Norte - Amazonas e Acre. O poeta casou-se duas vezes: com Alice Salles Salomon, em 1914, com quem teve três filhos (Márcio, Mário e Benedicto). Em 1928 casa-se com Creusa Fontenele, com que teve três outros filhos (Alice, Alberto - diplomata, poeta, crítico, ensaísta, Presidente da Academia Brasileira de Letras, e Elisabete). Da Costa e Silva é o poeta mais popular do Piauí e um dos grandes poetas brasileiros da primeira metade do século XX. É reconhecidamente o "Príncipe dos Poetas Piauienses", autor do Hino do Piauí, membro ilustre da Academia Piauiense de Letras. Publicou poemas: os seguintes livros Noites de junho... O caburé com frio, Ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando... E, ao vento, as folhas lívidas cantando A saudade imortal de um sol de estio. Saudade! Asa de dor do pensamento! Gemidos vãos de canaviais ao vento... As mortalhas de nevoas sobre as serras.. Saudade! O Parnaíba – velho monge As barbas brancas alongando... E ao longe, O mugido dos bois da minha terra... Zodíaco (1917) É considerado pela crítica, o melhor de seus trabalhos. Representa “um cumprimento de um ambicioso projeto de descrever a máquina da natureza... e deriva do desejo de Da Costa e Silva de trazer para junto de si, na distancia e no exílio, as paisagens, os fenômenos naturais e os trabalhos dos homens de sua terra natal”. A natureza e a terra natal são o centro do livro. “A queimada“ e “A derrubada“ São poemas que revelam o autor preocupado com a natureza. AMARANTE A minha terra é um céu, se há um céu sobre a terra; É um céu sobre outro céu não límpido e tão brando, Que eterno sonho azul parece estar sonhando... Sobre o vale natal que o seio à luz descerra... de Que encanto natural o seu aspecto encerra! Junto à paisagem verde, a igreja branca, o bando Das casas, que se vão, pouco a pouco, apagando Com o nevoento perfil nostálgico da serra... Sangue (1908) Livro de estréia de Da Costa e Silva com Predomínio do estilo simbolista. Os temas presentes na obra são: O amor materno, a terra natal, o rio Parnaíba, a tristeza e a saudade. Na obra é notável a agonia causada pela saudade, e para Com o seu povo feliz, que ri das próprias mágoas, Entre os três rios, lembra uma ilha, alegre e linda, A cidade sorrindo aos seus óculos das águas. Terra para se amar com um o grande amor que e tenho! 1 Terra de onde tive o berço e de onde espero ainda Sete palmos de gleba e os braços de um lenho. Organizou, ele próprio, uma Antologia de seus versos, cuja primeira edição é de 1934. Posteriormente saíram mais duas edições; a última em 1982. De suas Poesias Completas publicaram-se três edições: em 1950, 1975 e 1985. - Maior poeta piauiense de todos os tempos; - Autor do hino do Piauí (1923); “Poeta da saudade”. Pandora (1919) É a obra do poeta mais voltada ao Parnasianismo, com forte presença dos elementos da cultura grego-romana e um apurado rigor de composição. CANTO FAUNO Ninfa não há, talvez, nesta ribeira, Que pudesse fugir ao meu desejo E ao contato lascivo do meu beijo Ao meu amor não se entregasse inteira. Eu sou tal qual o Parnaíba. Existe Dentro em meu ser uma tristeza inata, Igual, talvez, à que no rio assiste Ao refletir as árvores na mata. Mal as via no bosque de carreira, Perseguia-as veloz, buscando o ensejo Em que o seu medo se mudasse em pejo Com a posse ambicionada e passageira. O seu destino em retratar consiste, Porem, o rio tudo que retrata Alegre que era, vai tornando triste... No fluido espelho móvel de ouro e prata Lá encontrá-las, cheias de receios, Entre o líber das árvores umbrosas, Para os dois bicos lhes morder dos seios. Nuas, virgens, sadias e formosas, Tive-as todas em lúbricos enleios, Em leitos de folhagens e de rosas... Parece ate que o rio tem saudade Como eu que também sou dessa maneira Saudoso e triste em plena mocidade. Dá-se em mim o fenômeno sombrio Da retratação das arvore da beira Na superfície trêmula do rio. (Obras completas; 1950) Verônica (1927) É um livro em que o autor demonstra uma dor profunda (morte de Alice). O espírito que escreveu “verônica” parecia sentir muita dor, um sentimento de perda irreparável e tem uma mistura de solidão e tristeza. Desafio Examine o texto, a seguir: SONETO LX O BEM ÚNICO Pastora Terno, meigo Pastor, meu peito anseia Há quatro lustros, esta fresca fonte, Que deste Olmeiro qual está defronte, Outrora me alegrava, hoje me odeia: A minha, também tua, inculta aldeia De festões de prazer cobriu-me a fronte: Hoje a troco porém por qualquer monte: Terno, meigo Pastor, meu peito anseia. Pastor Ah! Pastora, Pastora, acaso ignoras Dessas mudanças o princípio claro, A doce origem desse bem que choras? Oh! Que sagrado amor... teu peito avaro... Porém que observo? tu, Pastora, coras? Pastora Lutei, sonhei, sofri, desde criança Nesta inquietude, desta vã tortura De que jamais consegue o que procura E se consegue, perde quando alcança. Já não me resta ao menos a esperança, Para a ilusão da glória e da ventura; Nem a fé, ante a dúvida, perdura, Desde que o amor, no túmulo descansa. Tanto alcancei, quanto perdi, de sorte Que, em suprema renúncia, a alma vencida Não devera aspirar se não à morte. Mas, como a sorte me foi tão funesta, Aprendi muito mais a amar a vida, Porque é o único bem que ainda me resta. 2 Sim, porque a causa és tu de um bem tão caro. (Ovídio Saraiva) 04. Analise o seguinte texto: VISÕES DA MORTE Da Costa e Silva Almas tristes, sinistras e angustiadas, Almas sombrias dos desiludidos, Dos seres para sempre adormecidos Na poeira azul das eras apagadas. 01. Sobre esse texto, é correto afirmar que ele faz parte do único livro publicado de Ovídio Saraiva, intitulado: a) “Retalhos do Coração” b) “Sombras e Ruínas” c) “Meus Devaneios” d) “Poemas” e) “Reticências...” Almas doudas de amor, martirizadas, Almas errantes dos incompreendidos Que hoje descansam frios, envolvidos No sudário das noites desoladas. 02. É correto afirmar que o período romântico piauiense iniciou com _______________, de Licurco de Paiva. Que obra preenche a lacuna? Castas filhas do Medo e do Mistério, Duendes tremendos do Pavor, medonhos Espectros que vagais no cemitério... a) “A Lira Sertaneja”. b) “Impressões e Gemidos” c) “Flores da Noite” d) “Verdades Singelas” e) “Ecos do Coração Quão semelhantes sois, mudos, tristonhos, Nesse cortejo lúgubre e funéreo, À Procissão de Passos dos meus sonhos! Sobre o texto de Da Costa e Silva, é correto afirmar o seguinte: a) Tanto pode ser classificado como barroco, por causa dos ornatos e do exagero religioso, quanto pode ser de categoria árcade, pela forma ingênua de concepção de vida, e, nesse contexto, o medo da morte. b) Não possui classificação definida, no que toca ao estilo literário; seu conteúdo está repleto de caracteres de todos os momentos de que a Literatura do Piauí é detentora até hoje. c) Está filiado ao movimento romântico, não só por causa da temática “morte”, mas também pela exagerada – chegando a inverossímil – subjetividade perfeitamente visível. d) É simbolista, mediante os aspectos característicos nele encontrados, como: a vaguidade, o mistério, a transcendência, o oculto, além do “eu poético” manifestar-se subjetivamente, valorizando o sentimento e a emoção. e) É parnasiano, tendo em vista seu aspecto formal, em que se ressalta a “arte pela arte”, nos versos decassílabos e nas rimas ricas e preciosas; além do mais, apresenta-se profundamente metafórico. 03. Numere a coluna, conforme a primeira, correlacionando a característica com a fase romântica piauiense, que vai de 1870 a 1889: (1) (2) (3) Nativa Sentimental Revolucionário ( ) - Relevância da sensibilidade sobre a razão, especialmente, fugindo-se à formalidade do “pensamento” feito. ( ) - Estranha mistura de objetivismo e de subjetivismo, fato percebido claramente nas várias criações de gosto duvidoso. ( ) - Exaltação à terra e seus elementos constituintes, em suma, aos componentes da natureza. ( ) - Atividade artística plena de liberdade de criação, no fazer literário, negando todos os princípios anteriormente utilizados. Em que alternativa está a seqüência correta? a) ( ) - ( 3 ) - ( 1 ) - ( 2 ) b) ( 3 ) - ( ) - ( 3 ) - ( 1 ) c) ( 2 ) - ( 1 ) - ( 3 ) - ( ) d) ( 1 ) - ( 2 ) - ( ) - ( 3 ) e) ( 2 ) - ( ) - ( 1 ) - ( 3 ) 3 05. “Visões da Morte” compõe o acervo da primeira obra de Da Costa e Silva, denominada: significativas do sincretismo literário piauiense. III - Hermínio Castelo Branco e Teodoro Castelo Branco destacaram-se, no período romântico de 1889-1917, no Piauí, deixando significativa obra (três títulos), elaborada em parceria. IV - O período literário sincrético piauiense é também conhecido como Fase Acadêmica, findando-se pelo início da década de 40, do século passado. a) I e II b) I e III c) I e IV d) II e III e) II e IV a) “Sangue” b) “Pandora” c) “Zodíaco” d) “Alhambra” e) “Verhaeren” 06. Use F ou V, nos parênteses, a seguir, ao lado de cada declaração, consoante ela seja FALSA ou VERDADEIRA: ( ) - “Saudades” e “Verônica” são as duas últimas obras de Da Costa e Silva, ambas publicadas postumamente. ( ) - “Verônica” é a obra de Da Costa e Silva que trata de duas “Imagens”: “da Vida e do Sonho” e “do Amor e da Morte”. ( ) - Da Costa e Silva, além da poesia, ainda enveredou pelo jornalismo e pela crítica literária. Marque a alternativa que contém a seqüência correta: Exercício de fixação 01. (UESPI – 2000) Com relação a uma obra de Da Costa e Silva, leia o que segue abaixo e marcar a opção correta. I – é o livro com o qual estreou na literatura II – confessa forte sentimento de amor à mãe e à terra natal e apego ao rio Parnaíba. III – Apresenta uma poesia subjetiva que confessa a dor da separação das origens. Está se referindo a: a) Zodíaco b) Sangue c) Pandora d) Verônica e) Alhambra a) ( V ) - ( V ) - ( F ) b) ( F ) - ( V ) - ( V ) c) ( F ) - ( V ) - ( F ) d) ( F ) - ( F ) - ( V ) e) ( V ) - ( F ) - ( F ) 07. A que momento literário piauiense está filiado Da Costa e Silva? a) Modernismo b) Barroco c) Romantismo d) Neoclassicismo e) Fase Acadêmica 02. (UESPI – 2000) Fazendo-se uma incursão nas obras do poeta Da Costa e Silva, à luz das estéticas literárias, pode-se inferir corretamente. EXCETO: a) Alhambra –alguns poemas configuramse como os do modernismo. b) Zodíaco – um livro simbolista com técnica parnasiana. c) Sangue – um livro que apresenta características simbolistas. d) Verônica – livro marcado elos cânones do Romantismo. e) Pandora – livro marcado pelo Romantismo. 08. Note as assertivas que se seguem. Depois, indique a alternativa que traduz as que estão corretas: I - O “sincretismo”, na Literatura Piauiense, teve como marco inicial a fundação da Academia Piauiense de Letras – APL, em 1917, caracterizando-se por uma mistura de várias correntes estilísticas. II - “Ataliba, o Vaqueiro”, de Francisco Gil Castelo Branco, é uma das obras mais 4 03. (UESPI – 2000) A respeito da obra “Sangue” de Da Costa e Silva pode-se afirmar CORRETAMENTE. a) é a poesia do eu-profundo, subjetiva e intimista, fundada nos símbolos: terra, água, ar e sol. b) Os poemas de destaque são: A moenda e Amarante. c) Canta o abandono em que vive o rio Parnaíba. d) O poeta evoca o mundo da Grécia antiga. e)É dedicada a seu mestre Émile Verhaeren. a) a identificação do poeta com a realidade física de seu Estado transfigura artisticamente na criação poética. b) Um pieguismo exagerado, próprio dos poetas provincianos. c) Uma estrutura poemática calcada nos moldes arcádicos. d) Preferência por uma temática bucólica tão ao gosto dos poetas contemporâneos. e) Uma fuga para um mundo contemplativo, fantasioso, místico e de sonhos. 06. Predomina no texto uma linguagem: a) referencial – centrada no conteúdo. b) Fática – que objetiva estabelecer ou restabelecer uma comunicação. c) Conativa – centrada no receptor. d) Conotativa – de sentido translato, polivalente. e) Metalingüística – referente à própria linguagem utilizada. 04. (UFPI) RIO DAS GARÇAS Na verdade catedral da floresta, num coro. Triste de cantochão pelas naves da moda, Desce o rio a chorar o seu perpétuo choro... E o amplo e fluído lençol das lágrimas desata... Caudaloso a rolar, desde o seu nascedouro. Num rumor de orações no silêncio da oblata. Ao sol – lembra um rocal todo trisado de ouro, Ao luar – rendas de luz com vidrinhos de prata. GABARITO 1-B 2-E 3-A 4-E 5-A 6-D Alvas garças a piar, arrepiadas de frio, Seguem de absoluto olhar a vítrea correnteza Pendem ramos em flor sobre o espelho do rio... É o Parnaíba, assim carpindo as suas, Mágoas - Rio da minha terra, ungido de tristeza, Refletindo o meu ser à flor móvel das águas. O Poema é riquíssimo em metáforas, das quais o poeta se vale para comunicar suas impressões sensoriais. Assinale a alternativa em que NÃO se transcreveu metáfora, mas prosopopéia: a) “Na verde catedral da floresta...” verso 1 b) “...amplo e fluído lençol das lágrimas...” verso 4. c) “...rendas de luz com vidrilhos de prata...” verso 8. d) “...ramos em flor sobre o espelho do rio...” verso 11. e) “...assim carpindo as suas máguas” verso 12. 05. A humanização do Parnaíba, evidente principalmente nos versos 3 e 4, revela: 5