VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. INGESTA DE ALIMENTOS CONSIDERADOS SUPÉRFLUOS EM MENORES DE 1 ANO DE IDADE NO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUAÇU/PR (2011). Eduardo Neves da Cruz de Souza (Apresentador) 1; Maychol Douglas Antunes (Colaborador) 2; Adriana Zilly (Colaborador)3; Marieta Fernandes Santos (Colaborador)4 ; Adriana D. L. Izuka (Colaborador)5 ; e Maria de Lourdes de Almeida (Orientador)6 . Curso de Enfermagem1 ([email protected]); Curso de Enfermagem 2([email protected]);Curso de Enfermagem3 ([email protected]); Curso de Enfermagem4 ([email protected]); Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, PR. 5 ([email protected]); Curso de Enfermagem 6([email protected]). Palavras-chave: Alimentação complementar, Nutrição infantil, Alimentos não saudáveis. Introdução A introdução de alimentos sólidos na dieta de um lactante de seis meses dá início ao processo de alimentação complementar, na qual o bebê faz a transição de uma dieta á base de leite materno ou fórmula apenas para uma mais variada (MAHAN, STUMP, 2005). Estes alimentos necessitam complementar as numerosas qualidades e funções do leite materno, que deve ser mantidos preferencialmente até os dois anos de vida ou mais. Além de suprir as necessidades nutricionais, a partir dos seis meses a introdução da alimentação complementar aproxima progressivamente a criança aos hábitos alimentares de quem cuida dela e exige todo um esforço adaptativo a uma nova fase do ciclo de vida, na qual lhe são apresentados novos sabores, cores, aromas, texturas e saberes (BRASIL, 2009). Sendo assim, o consumo de alimentos industrializados considerados supérfluos, já no primeiro ano de vida, leva à uma formação de hábitos alimentares inadequados, que com o passar do tempo ficam incorporados. Pois esses hábitos remetem o adulto à lembrança de gostos e cheiros conhecidos do passado e a acontecimentos a eles relacionados (HOLLAND, 1999). As consequências imediatas da má nutrição durante os primeiros 12 meses refletem significativamente na morbidade e mortalidade em muitos países e em alguns casos no desenvolvimento mental e motor atrasado. A longo prazo, as primeiras deficiências nutricionais estão diretamente ligadas a deficiências no desempenho intelectual, capacidade de trabalho, resultados reprodutivos e saúde em geral durante a adolescência e idade adulta (BRASIL, 2010). Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. Estas práticas de alimentação complementar, muitas vezes compostas por uma alimentação nutricional inadequada e frequentemente contaminada ou com os alimentos muitas vezes introduzidos muito cedo ou muito tarde, continuam a ser uma das principais causas de desnutrição e obesidade mórbida nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, uma vez que nesta fase há maior prevalência de deficiência de determinados micronutrientes (WHO, 2000). De acordo com BRASIL (2009) para que ocorra o sucesso na alimentação complementar é necessário que ocorra comprometimento efetivo por parte da mãe e de todos os cuidadores da criança. Toda a família deve ser estimulada a contribuir positivamente nesta fase. Se durante o aleitamento materno exclusivo a criança é mais intensamente ligada à mãe, a alimentação complementar permite maior interação do pai, dos avôs, dos outros irmãos e familiares, situação em que não somente a criança aprende a comer, mas também toda a família aprende a cuidar. Tal interação deve ser ainda mais valorizada em situações em que a mãe, por qualquer motivo, não é a principal provedora da alimentação à criança. Assim, o profissional de saúde também deve ser hábil em reconhecer novas formas de organização familiar e ouvir, demonstrar interesse e orientar todos os cuidadores da criança, para que a mesma se sinta encorajada a entender sua alimentação como ato prazeroso, o que evita, precocemente, o aparecimento de possíveis transtornos alimentares e nutricionais (WHO, UNICEF, 2000). Objetivos Identificar os níveis de consumo de alimentos não saudáveis, entre crianças de seis a doze meses de idade, no município de Foz do Iguaçu, Paraná em 2011. Materiais e métodos Foi um estudo de corte transversal realizado com crianças menores de 1 ano no município de Foz do Iguaçu, PR e que frequentaram os Postos de Vacinação durante a segunda etapa da campanha de vacinação contra a poliomielite, em agosto de 2011. A amostragem foi de 743 crianças divididas em 18 unidades fixas e 10 em Postos Volantes. Em cada Posto de Vacinação selecionado foi realizado o sorteio de crianças que foram entrevistadas e em caso de recusa (58), o critério de sorteio foi respeitado. O questionário do tipo fechado e quantitativo possuía 3 questões relacionadas com o consumo de alimentos considerados supérfluos (bolachas/salgadinhos, sucos industrializados e refrigerantes). Esse estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Seres Humanos (CONEP) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, sendo que a coleta dos dados foi conduzida após a mãe da criança menor de um ano de idade receber informações acerca deste estudo, aceitar participar e assinar o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. Resultados e Discussão A partir da avaliação dos questionários, foram analisadas 743 crianças, destas 85 foram missing cases, sendo que 658 responderam as questões, e destas, 48,17% (317) eram da faixa etária entre seis a doze meses de idade, estes responderam as questões referentes ao consumo de alimentos não saudáveis. Dos menores avaliados, verificou-se que 70,03% (222) já haviam consumido pelo menos uma vez, quaisquer tipos de bolachas ou salgadinhos. De forma geral, este consumo é alto, o que é preocupante, tendo em vista que estes alimentos são inadequados para a nutrição da criança e interferem na formação de bons hábitos alimentares, pois competem com alimentos mais nutritivos. Simon, Souza e Souza (2007), num estudo realizado com 566 crianças, entre dois a seis anos de idade, constatou que destes, 34,4% apresentavam maior prevalência de sobrepeso e obesidade e o principal fator de risco foi a introdução excessiva desses açúcares (bolachas e guloseimas) nesta fase (seis a doze meses) em que a criança ainda está formando seus hábitos alimentares, o que resultou em uma maior preferência por estes alimentos e em alguns casos o consumo em grande quantidade proporcionando para o organismo um alto valor calórico total na dieta e o risco de sobrepeso e obesidade. O Guia de Saúde da Criança (BRASIL, 2002) recomenda que esses carboidratos (bolachas e salgados) podem ser consumidos em três porções diárias (20g - 4 unidades), para as crianças desta faixa etária (seis a doze meses de idade) que não recebem aleitamento materno exclusivo. Identificou-se que o consumo de suco industrializado dentro do grupo entrevistado neste estudo foi de 31,86% (101), representando um terço do grupo total (317), sendo um índice considerado bom. Um estudo realizado por Chaves, Lamounier e César (2007), afirma que a frequência no consumo destes líquidos na alimentação complementar, pode ser explicada, em parte, por fatores culturais. O consumo de suco industrializado pode ter como justificativa o fato das mães estarem menos informadas sobre as reais diferenças entre os sucos naturais para os industrializados. Pois essas bebidas não devem ser consideradas como suco natural ou água, devido seus valores calóricos que são consideravelmente superiores e seus altos níveis de conservantes, com tudo isso, não recomendado para o cardápio dos menores de 12 meses, de acordo com Guia Alimentar do Ministério da Saúde (BRASIL, 2002). Quanto ao consumo de refrigerantes, 13,2% (42) dos entrevistados já haviam recebido esse líquido em sua alimentação. Este baixo resultado talvez demonstre que as mães envolvidas nesta pesquisa estão mais cientes sobre os riscos da introdução de bebidas gaseificadas na dieta de alimentos complementares, o que pode ser um reflexo positivo do trabalho das equipes da saúde do município. Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. Spinell, Souza e Souza (1999) identificaram no estado de São Paulo, a partir de um grupo composto por 400 crianças menores de um ano, que 60% destas já haviam consumido qualquer tipo de refrigerante, devido a má orientação das mães, sobre os riscos do consumo dessas bebidas, por terem mínimos valores nutritivos (vitaminas ou minerais), além de possuir um conteúdo alto de açúcar. O Guia Alimentar Infantil do Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), afirma que esses alimentos com maiores concentrações de açúcar somente devem ser usados na alimentação da criança após os dois anos de idade. Considerações Finais A adequada alimentação complementar da criança a partir dos seis meses de idade é fundamental para o bom desenvolvimento e crescimento da mesma. Sendo de extrema necessidade o cuidado para com os primeiros alimentos consumidos na vida do menor, devido a grande variedade de comidas não recomendadas para a dieta de alimentos complementares , que quando consumidas, resultam com a formação de maus hábitos alimentares que são levados para o decorrer da vida adulta. Cabem a todos os profissionais da área da saúde estarem atentos as necessidades da criança e da mãe, esclarecendo quaisquer dúvidas e preocupações, dispondo de corretas orientações para toda a família, que deve ser estimulada a ter participação ativa nesta fase. Referências BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Os dez passos da alimentação saudável para crianças brasileiras menores de dois anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da Criança; nutrição infantil, Aleitamento materno e Alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Estratégia Nacional para Alimentação Complementar Saudável, Caderno do Tutor. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. CHAVES, Roberto. G.; LAMOUNIER, Joel A.; CÉSAR, Cibele C. Fatores associados com a duração do aleitamento materno. Rio de Janeiro, 2007. HOLLAND, Célia Vasconcelos. A creche e o seu papel na formação de hábitos alimentares. São Paulo-SP ,1999 .Dissertação de Mestrado Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255 VII SEPECEL – Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do Centro de Educação e Letras. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Foz do Iguaçu, PR. MAHAN, L. Kathleen; STUMP, Sylvia Escott. Alimentos, Nutrição e Dietoterápia. 11 ed. São Paulo, 2005. SIMON, Gabriela Viviane Nascimento; SOUZA, José Maria Pacheco; SOUZA, Sonia Buongermino. Aleitamento materno, alimentação complementar, sobrepeso e obesidade em pré-escolares. São Paulo. 2007. SPINELL, Mônica Glória Neumann; SOUZA, Sonia Buongermino; SOUZA, José Maria Pacheco de. Consumo, por crianças menores de um ano de idade, de alimentos industrializados considerados supérfluo. Mogi das Cruzes- SP (1999). WHO. Complementary feeding: Family foods for breastfed children. Geneva: World Health Organization. WHO/NHD/00.1: WHO/FCH /CAH/00.6; 2000. WHO/UNICEF. Complementary feeding of young children in developing countries: a review of current scientific knowledge. Geneva: World Health Organization, 2000. Agradecimentos Gostaríamos de agradecer o apoio da Secretaria Municipal de Saúde do município de Foz do Iguaçu/PR, e também a coordenação do curso de Enfermagem da UNIOESTE-Campus de Foz do Iguaçu. Anais do VII SEPECEL 2012. ISSN: 2236-0255