MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DA
APA DE GUAIBIM, VALENÇA, BAHIA, EM AMBIENTE SIG, COMO
SUPORTE AO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO NO LITORAL
SUL BAIANO
Mapping and characterization of vegetation cover of APA Guaibim, Valença, Bahia
using GIS as support ecological-economic zoning on the south coast of Bahia
Elfany Reis do Nascimento Lopes1
Gil Marcelo Reuss Strenzel2
1
Universidade Estadual de Santa Cruz
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Departamento de
Ciências Agrárias e Ambientais. Ilhéus, Bahia.
[email protected]
2
Universidade Estadual de Santa Cruz
Docente vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.
Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais. Ilhéus, Bahia.
[email protected]
RESUMO
No litoral sul baiano a zona costeira do município de Valença encontra-se inserida na APA de Guaibim com uma área
territorial de 13.000 ha apresentando uma vasta área vegetacional que necessita ser protegida considerando o turismo
desordenado instalado sobre a APA. O presente estudo teve como objetivo mapear e caracterizar as diferentes
fisionomias vegetacionais da APA de Guaibim visando subsidiar a elaboração do seu zoneamento ecológicoeconômico. O mapeamento da cobertura vegetal foi realizado por meio do processamento de imagem satélite RepidEye,
processada em ambiente SIG. O mapeamento foi realizado por interpretação visual da imagem e edição de arquivos
vetoriais para delimitar a cobertura vegetal observada na APA em escala 1:5000. A vegetação atual da APA de Guaibim
é caracterizada por uma extensão de aproximadamente 8.500 ha, sendo 26,66% de restinga arbustiva-arbórea, 25,62%
de floresta ombrófila densa de terras baixas, 13,44% de restinga herbácea, 11,85% de manguezais, 22,35% de brejo e
0,08% de restinga herbácea-arbustiva. O mapeamento da cobertura vegetal permitirá a inserção das fisionomias vegetais
como critérios em análises multicritério e multiobejtivo que indicarão as áreas potenciais para conservação e auxiliará a
delimitação das zonas de manejo.
Palavras chaves: ArcGis, Vegetação, Unidades de conservação
ABSTRACT
In the southern coast of Bahia Estate is located the Guaibim Protected Area, wicth cover13000 ha of Valencia County
coastal zone. The protected area is characterized by a large area of native vegetation that should be protected against
the pressure of disordered tourism. The aim of this study is mapping and characterizes the different vegetation
physiognomies of Guaibim Protected Area, in order to support an Ecological-Economic Zoning. The vegetation cover
map was carried out from satellite image Repideye acquired in 2009 with ArcGIS software. The maps was prepared by
visual interpretation of imagery and vector editing at 1:5000 scale. . The vegetation mapped, is characterized by an
extension of approximately 8500ha being 26,66% of shrubby arboreal restinga 25,62% of lowland dense ombrophilous
forest 13,44% of herbaceous restinga 11,85% of mangroves 22,35% of swamp and 008% of shrubby herbaceous
restinga. The vegetation cover map will allow the insertion of physiognomies as criteria in multicriteria analysis that
will support the decision making regard management zoning and priority areas for conservation.
Keywords: ArcGIS, Vegetation, Protected Areas
1. INTRODUÇÃO
O Ministério do Meio Ambiente define a vegetação como um dos componentes mais importantes da biota, e
seu estado de conservação e de continuidade definem a existência ou não de habitats para as espécies e a manutenção de
serviços ambientais. Para BOHRER (2000) a cobertura vegetal pode ser considerada também, um dos recursos
primordiais para o desenvolvimento econômico das regiões tropicais. Com maior ênfase, BOHRER et al. (2009) coloca
a vegetação como um componente da paisagem que funciona como um indicador do ambiente e de suas variações no
espaço, contribuindo para o fornecimento de diversos produtos e serviços ecossistêmicos, alimentos, materiais de
construção e abrigo, combustível, conservação do solo, recursos hídricos e da vida silvestre.
Embora a cobertura vegetal seja um importante recurso para a sobrevivência humana, BOHRER (2000)
enfatiza que os mapeamentos de vegetação quando realizados, visavam apenas o potencial agrícola e a extração deste
recurso. Em sentido oposto, este trabalho reflete o mapeamento da vegetação de uma unidade de conservação de uso
sustentável, considerando a importância da mesma como componente biótico da região e essencial à conservação local.
Neste contexto, mapeamentos que objetivem contribuir com a conservação dos recursos naturais, são
fundamentais para subsidiar o planejamento e a gestão ambiental, principalmente quando fazem uso da tecnologia para
a espacialização dos atributos ambientais na forma de mapas. Os mapas de vegetação mostram a localização, extensão e
distribuição dos tipos de vegetação de uma dada região, servem como inventário das comunidades vegetais existentes e
auxiliam a análise das relações entre a vegetação e o meio físico, além do monitoramento das mudanças temporais na
vegetação (BOHRER, 2000; BOHRER et al., 2009 ).
Na Área de Proteção Ambiental de Guaibim (APA Guaibim), os atributos ambientais contribuem para uma
beleza cênica de grande valor, o que eleva a sua vocação para o turismo. Dentre os atributos, a cobertura vegetal
apresenta grande visibilidade e rica composição de remanescentes de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas,
Restingas, Manguezais e Brejos. Esta vegetação apresenta-se vulnerável pela forma de ocupação nos últimos anos e
necessita de estudos que compreendam o seu padrão de distribuição, fundamentado na concepção de que os estudos de
mapeamento de uso e ocupação em áreas costeiras auxiliam o planejamento, a gestão e a formulação de políticas para o
ordenamento territorial das atividades socioeconômicas preconizado pelo Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro
(BRASIL, 1988).
Estudos como o de MARTINS (2012) já relata alguns conflitos ambientais decorrentes da ocupação
desordenada nas áreas vegetacionais da APA em questão. No entanto, ainda são escassas informações espacializadas da
cobertura vegetal que subsidiem o monitoramento da vegetação local. O presente estudo teve como objetivo mapear e
caracterizar as diferentes fisionomias vegetacionais da APA de Guaibim visando subsidiar a elaboração do seu
zoneamento ecológico-econômico.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
A APA de Guaibim encontra-se inserida no distrito de Guaibim, no município de Valença, Bahia (13º01’41”S
e 38º56’30”W). Criada pelo Decreto Estadual 1.164/1992 e ampliada por Decreto 424/2007 para uma área de
aproximadamente 13.000 ha. Ela é delimitada a oeste pela rodovia estadual BA 001, a nordeste pelo rio Jequiriçá, a
sudeste pelo rio dos Reis, ao sul pelo canal de Taperoá e foz do rio Una e a Leste pelo Oceano Atlântico (Figura 1).
O clima na região é do tipo As, segundo a classificação de Köppen (1948), com predominância de verão
quente e seco e inverno chuvoso. A economia do distrito de Guaibim caracteriza-se pela existência de um centro
comercial, um complexo hoteleiro, a empresa de carcinicultura, o Aeroporto de Valença e o Terminal Atracadouro do
Bom Jardim.
Fig. 1 - Localização da APA de Guaibim, Valença, Bahia.
2.2 Mapeamento da cobertura vegetal
O mapeamento da cobertura vegetal foi realizado a partir da imagem satélite Repideye (2009) e tratada em
ambiente SIG. A imagem foi importada para o software ArcGis 10.1, e sobreposta ao arquivo vetorial com o limite da
APA, elaborado a partir dos limites definidos em seu decreto de ampliação. Posteriormente, foi realizada a
interpretação visual da imagem e edição manual de arquivos vetoriais para delimitar a vegetação observada na APA em
escala 1:5000. O mapeamento foi realizado além do limite da APA, a fim de se identificar as atividades existentes no
entorno da respectiva unidade de conservação.
A interpretação foi auxiliada por observações em campo entre janeiro e fevereiro de 2014, demarcadas com
auxílio de GPS utilizando a projeção UTM, na zona 24S e câmera digital, para checagem e melhor caracterização dos
usos, dos diferentes tipos fisionômicos e dos limites entre as classes da área de estudo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O mapa da cobertura vegetal da APA de Guaibim pode ser observado na figura 4, a qual expressa as diferentes
fisionomias vegetais que se distinguem em Restingas, Manguezais, Brejos e Floresta Ombrófila Densa de Terras
Baixas. A tabela 2 apresenta os valores das áreas ocupadas, tendo a restinga arbustiva-arbórea (26,46%), a floresta
ombrófila densa de terras baixas (25,43%) e o brejo (22,19%) como as maiores áreas vegetacionais existentes, enquanto
a restinga herbácea-arbustiva (0,80%) apresenta menor área territorial dentre as demais, seguida dos manguezais
(11,76%).
Na APA de Jabotitiua-Jatium, na Amazônia, o levantamento da cobertura vegetal realizado por Santos et al.
(2003), também identificou a composição de restingas e manguezais, enquanto que no litoral norte do Paraná, apenas a
floresta ombrófila densa e os manguezais compõe a fisionomia da APA-Guaraqueçaba (KAUANO et al. 2012). No
estudo de Santos & Oliveira (2013), foi identificado o brejo com maior extensão vegetacional, enquanto as restingas e
os mangues possuem menor abrangência territorial na APA de Guarajuba, corroborando com este estudo e
assemelhando as vegetações das APAs em questão.
O entorno da APA apresenta predominância de uma cobertura vegetal semelhante a da APA de Guaibim,
resultante de uma continuidade que ultrapassa seus limites territoriais.
Fig. 2 - Mapeamento da vegetação da Área de Proteção Ambiental de Guaibim, Valença, Bahia.
TABELA 2 - ÁREA COBERTA PELAS DIFERENTES CLASSES DE COBERTURA VEGETAL E OUTROS USOS,
COM SUAS RESPECTIVAS ÁREAS.
CLASSE
Restinga arbustiva-arbórea
Floresta ombrófila densa de terras baixas
Brejo
Restinga herbácea
Manguezal
Restinga herbácea-arbustiva
ÁREA (HA)
2217,69
2131,23
1859,75
1118,34
985,7
67,11
ÁREA (%)
26,46
25,43
22,19
13,35
11,76
0,80
Restinga
As restingas são ambientes geologicamente recentes com predominância de espécies derivadas de outros
ecossistemas, dentre eles, a Mata Atlântica, Mata de Tabuleiros e a Caatinga (FREIRE, 1990).
As restingas herbáceas, herbácea-arbustiva e arbustiva-arbórea da APA de Guaibim podem ser distinguidas em
diferentes fitofisionomias, abertas ou fechadas, inundáveis ou não. Para o mapeamento desta vegetação optou-se em
determiná-la como explicitado anteriormente, considerando a dificuldade em determinar cada fitofisionomia existente,
já que o adensamento e a ausência de uma linha de transição bem definida entre ambas impede o mapeamento
detalhado. Para tanto, caracterizou-se tal vegetação, de acordo com as concepções mais atuais e definidas em estudo
local. MARTINS (2012) foi o primeiro autor a trabalhar com as restingas da APA de Guaibim, apresentando enorme
contribuição para a caracterização da vegetação em questão. O autor classificou a restinga em oito formações, sendo
elas: Formação Arbustiva Aberta não Inundável, Formações Arbustivas Fechada não-Inundável e Inundável, Formações
Florestais Inundável e não-Inundável e Formações Herbáceas não-Inundável, Inundável e Inundada que se distribuem e
são influenciadas pela proximidade do mar, direção dos ventos, relevo e afloramento do lençol freático.
A restinga herbácea-arbustiva deste mapeamento é descrita como formações arbustivas abertas (Figura 3A) e
herbáceas não inundáveis, dispostas paralelas a praia de Guaibinzinho, Taquary e Ponta do Curral, sendo que a primeira
disposta em mosaico de moitas e a segunda dispersa mais próxima a praia e por vez encontram-se ao longo das moitas
da formação arbustiva. Cerca de 70 espécies foram identificadas por LOPES et al. (2010), em estudos iniciais e únicos
sobre a florística da área destas duas formações. Destas espécies, 33% destas apresentam importância paisagística ou
medicinal, e por isso, tornam-se úteis à população local, o que confirma o caráter da Unidade de Conservação de Uso
Sustentável (UCUS) e a importância da vegetação da restinga.
A restinga arbustiva-arbórea no mapeamento é classificada como formação arbustiva fechada não-inundável e
formação florestal (Figura 3B). A primeira foi classificada por MARTINS (2012) como uma faixa com até 5m de
largura, em transição entre as formações arbustivas abertas e florestais, formando uma barreira para a entrada nas
formações florestais, compondo-se de espécies como Byrsonima sericea DC. (Malpighiaceae), Davilla rugosa Poir.
(Dilleniaceae), Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg. (Rubiaceae), Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand
(Burseraceae) e Schinus terebinthifolius Raddi (Anacardiaceae).
A formação florestal, entendida como sinônimo de restinga arbórea encontra-se na APA de Guaibim de forma
mais interiorizada ao continente. Esta formação caracteriza-se por apresentar uma alta densidade de árvores, além de
trepadeiras, epífitas e bromélias terrestres, refletindo a natureza transicional da formação através da mistura de espécies
típicas de restingas e das florestas ombrófila e estacional (BOHRER et al., 2009). A formação na APA de Guaibim
atinge 20m de altura em algumas áreas e têm largura variável com trechos alagáveis no inverno, o que confere a
definição de formação florestal inundável, com existência das espécies Ficus sp. (Moraceae), Guatteria burchelli R.E.
Fr. (Annonaceae), Myrsine sp. (Primulaceae), Protium heptaphyllum, Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.
(Euphorbiaceae) (MARTINS, 2012).
A restinga herbácea é caracterizada pelas formações herbácea inundável e inundada, e encontra-se localizadas
após a restinga arbórea (formação florestal), e mais perceptível ao longo dos acessos a vila de Guaibim e ao
Atracadouro Bom Jardim. A vegetação desta formação encontra-se dispersas em longos cordões litorâneos, e são
também conhecidos como brejos herbáceos, constituído por espécies como Eleocharis interstincta (Vahl) Roem. &
Schult. (Cyperaceae, Blechnum serrulatum Rich. (Blechnaceae), Ludwigia sp. (Onagraceae), Syngonanthus sp.
(Eriocaulaceae), Xyris jupicai Rich. (Xyridaceae), (MARTINS, 2012).
Fig. 3 - A. Restinga arbustiva aberta não inundável denominada no mapeamento como herbácea-arbustiva. B. Restinga
arbustiva fechada e florestal, denominada no mapeamento como arbustiva-arbórea.
Manguezal
Os manguezais são considerados um dos ambientes costeiros mais importantes do planeta, característicos das
zonas estuarinas tropicais e subtropicais entre a transição dos ambientes continentais e marinhos, (COOPER, 2001;
MOAES & LIGNON, 2012). Os manguezais da APA de Guaibim (Figura 4) estão distribuídos de forma contínua, ao
longo de todo território, associado ao sul no Canal de Taperoá e nas reentrâncias costeiras onde há encontro entre rio e
mar, como ocorre na Praia de Guaibinzinho e Taquary. Algumas vezes, encontram-se disposto à linha da costa, como é
observado ao norte da APA, próximo ao Atracadouro de Bom Jardim.
As espécies vegetais típicas observadas foram a Rhizophora mangle L., Avicennia schaueriana Stapf. &
Leechm. e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn., conferindo bom dinamismo e propagação na APA, a partir de suas
adaptações morfológicas, fisiológicas e reprodutivas, adaptando-se à ambientes instáveis e estressantes (MOAES &
LIGNON, 2012).
Os manguezais apresentam importante contribuição na região litorânea pelos seus serviços ambientais
realizados, dentre eles, habitat para espécies produtoras e exportadoras de detritos, controladores da hidrodinâmica e
erosão, estabilizadores da linha costeira, fonte de produtos naturais renováveis, manutenção da produção pesqueira e
base para produção de outros produtos (FAO, 2003; ALVES & NISHIDA, 2003). Na APA de Guaibim, embora seja
umas das fisionomias vegetacionais com menor área, este ecossistema faz farte da economia local, em que pescadores e
marisqueiras utilizam-o na pesca de crustáceos e bivalves para a venda e abastecimento das barracas locais, além de
contribuírem como zonas estuárias da fauna marinha local.
Fig. 4 – Manguezais da APA de Guaibim, Valença, Bahia.
Brejo
As áreas de brejo são definidas como comunidades vegetais das planícies aluviais que refletem os efeitos dos
rios nas épocas chuvosas ou de depressões alagáveis todo o ano, abrigando desde vegetais criptofíticos, até terófitos,
cametófitos e geófitos, além de espécies do gênero Euterpe sp. e Mauritia sp. (Arecaceae), Typha sp. (Thypaceae),
Cyperus sp. e Juncus sp. (Juncaceae) (BRASIL, 2012).
Na APA de Guaibim, estas áreas estão representadas pela terceira maior fisionomia vegetacional e encontra-se
próxima a floresta ombrófila densa, como ocorre no centro-oeste da APA e aos manguezais mais ao sul, próximo a foz
do Rio Una, sempre em contato com a hidrografia local (Figura 5). Esta vegetação é observada em proximidade com o
Rio Jequiriça (nordeste), ao Rio dos Reis (sudeste), ao Rio Una (sul) e ao longo da APA pelo Rio Patipe. Na APA, parte
desta área encontra-se localizada próxima a estradas que dão acesso a vila de Guaibim e próximo à BA 001, estando
facilmente identificadas pelo seu caráter alagadiço.
Os brejos litorâneos são áreas pouco estudadas e por isso, a sua caracterização, principalmente na APA de
Guaibim fica comprometida pela escassez de informações, de forma que, estudos de composição florística e da
dinâmica ecológica devem ser estimulados para o conhecimento destas áreas ao longo da costa litorânea.
Fig. 5 – Ao fundo, brejos da APA de Guaibim, Valença, Bahia.
Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas
A floresta ombrófila densa caracteriza-se pelo estabelecimento de uma vegetação de maior complexidade,
estratificada, de maior altura, diversidade de espécies e fechamento de dossel, marcada pelos ambientes ombrófilos, de
temperatura média elevada (25ºC) e de alta precipitação, bem distribuída durante o ano (SCHMIDLIN et al., 2005).
A formação presente na APA de Guaibim (Figura 6) é conhecida como floresta ombrófila densa de terras
baixas (VELOSO, 1991), resultante da sua ocorrência em planícies costeiras. Para o mesmo autor, esta formação ocorre
desde a Amazônia, estendendo-se por todo nordeste, até o Rio de Janeiro, caracterizada por uma florística bastante
típica por ecótipos do gênero Ficus sp. (Moraceae), Alchornea sp. (Euphorbiaceae), Tabebuia sp. (Bignoniaceae) e
Tapirira Guíanenses (Anacardiaceae.)
A formação florestal identificada na APA de Guaibim encontra-se disposta a centro-oeste e noroeste,
entremeada entre brejos e atividades agrícolas que define seus limites e marca a transição entre as atividades ocorrentes.
As áreas apresentam em geral, um considerável adensamento vegetacional, com extensões diferenciadas ao longo da
APA, o que pode ser reflexo da sua substituição por atividades secundárias no passado.
Ao longo da BA 001, a floresta ombrófila densa de terras baixas torna-se facilmente visualizada, assim como
ao norte, no acesso aos tanques de camarões da Valença da Bahia Maricultura S/A. Nesse último, observam-se áreas
bastante conservadas, embora seja observado em alguns trechos, o extrativismo do dendê no interior da formação.
Fig. 6 – Floresta Ombrófila Densa da APA de Guaibim, Valença, Bahia.
4. CONCLUSÃO
O uso do SIG foi fundamental para mapear e caracterizar a vegetação da APA de Guaibim, a fácil manipulação
e acessibilidade confirmam a sua potencialidade nos estudos espaciais ambientais. O mapeamento realizado permitiu
identificar a rica composição vegetacional existente e a sua distribuição na APA de Guaibim de forma detalhada,
revelando sua maior ocupação dentre as demais atividades. O mapa produzido neste estudo permitirá a inserção das
fisionomias vegetais como critérios em análises multicritério e multiobejtivo que indicarão as áreas potenciais à
conservação e auxiliará a delimitação das zonas de manejo para determinação de um zoneamento ecológico-econônimo
coerente com a realidade local.
AGRADECIMENTOS
À Superintendência de Estudos Acadêmicos e Sociais da Bahia (SEI/BA) pela disponibilização da imagem
satélite e à Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia pelo financiamento da pesquisa.
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