O Mestre na Educação 1 Nosso encontro deste sábado começa com as palavras que reverenciam a postura e a conduta de Vinícius (Pedro de Camargo). Em 1976, o então presidente da FEB, Francisco Thiesen, ao referir-se ao Autor, assim declarou: “Desdobrando-se, com tranqüilidade e firmeza, peculiaridades do seu caráter eminentemente cristão, entre o Educandário e o Centro Espírita, o Jornal e o Rádio, a Tribuna e o Livro, Vinícius foi o pregador perseverante, o exemplificador, aquele que testemunhou o educar-se para educar”. 2 Dica para pesquisa: Na obra intitulada “Grandes Espíritas do Brasil”, Zêus Wantuil inseriu interessantes apontamentos biográficos e valiosos dados pertinentes à ação cristã-espírita de Vinícius... e muitas outras biografias de obreiros da Seara Espírita nacional. 3 Primeiro Capítulo Jesus apresentou-se perante a Humanidade como Mestre e Salvador. Mestre é aquele que educa. Educar é apelar para os poderes do espírito. Mediante esses poderes é que o discípulo analisa, perquire, discerne, assimila e aprende. O Mestre desperta as faculdades que jazem dormentes e ignoradas no âmago do “eu” ainda inculto. A missão do mestre não consiste em introduzir conhecimentos na mente do discípulo: se este não se dispuser a conquistá-los, jamais os possuirá. Apelar = recorrer, chamar, invocar Perquire = indaga Discerne = distinguir, conhecer 4 O que concluímos deste trecho? O Mestre fará os ensinamentos porém nada logrará (não desfrutará) o discípulo se não se dispuser a conquistálos...(os ensinamentos) Alguns sinônimos para a palavra DISPOR no dicionário: preparar, aproveitar, utilizar, decidir, determinar, estar pronto ou resolvido, estar disponível... 5 O Mestre não fornece instrução: mostra como é ela obtida. ... O Mestre dirige, orienta as forças do discípulo, colocando-o em condições de agir por si mesmo na conquista do saber. ... Resta, portanto, que o homem, o discípulo, faça a sua parte para entrar na posse da verdade, essa luz que ilumina a mente, consolida (converter em permanente) o caráter e aperfeiçoa os sentimentos. 6 Aqueles que já satisfizeram tal condição, vêm bebendo da água viva... Os que deixaram de preencher a condição, permanecem nas trevas, na ignorância... até que batam, peçam e procurem. Jesus não é mestre de ociosos. Jesus não é salvador de impenitentes (que continua no pecado, no erro)... A redenção (libertação, remissão, restate) assim como a educação é obra que se realiza gradativamente no transcurso eterno da vida; não é obra miraculosa que se consuma num momento dado. 7 A metodologia de Jesus O compromisso que Jesus veio desempenhar neste orbe... vemos claramente através da atitude que ele assumiu na sociedade terrena. Que fez Jesus? Começou reunindo algumas pessoas simples, arrebanhadas das camadas humildes, e foi-lhes ministrando lições e ensinamentos por meio de parábolas singelas, prédicas (sermão) e discursos vazados em linguagem popular, Comentando com exemplos edificantes todas as doutrinas que transmitia. 8 O que veio ensinar... ...se Ele era “o” exemplo, “a” sabedoria, por que não alumiou os erros, por que não tirou as ignorâncias? Porque saber agora ou depois as matérias pouco importa, o que importa é saber salvar, o que só importa é acertar a ser bom: e isto é o que nos veio ensinar o Filho de Deus. Nem ensinou aos filósofos a composição dos continentes, nem aos médicos as virtudes das ervas, nem aos astrólogos e astrônomos o curso , a grandeza dos astros: só nos ensinou a ser humildes, só nos ensinou a ser castos, só nos ensinou a fugir da avareza, só nos ensinou a perdoar as injúrias, só nos ensinou a amar e ensinou a exercitar a virtude; porque estas são as regras por onde se aprende a ser bom, a ser justo, que é a ciência que professou e veio ensinar ... 9 ... Por isso... sua escola, ..., é eminentemente progressista; por isso, o Mestre não se contenta com o regular nem com o bom; ele quer o excelente, o melhor, conforme se infere desta sentença sua: “Sede perfeitos, como o vosso Pai celestial é perfeito” A obra de redenção é obra de educação. Educar é espiritualizar-se avançadamente... O objetivo máximo do Espiritismo é precisamente esse: educar para salvar. Iluminar o interior dos homens para libertar a Humanidade de todas as formas de selvageria; de todas as modalidades de crueza e de impiedade; e de todas as atitudes e gestos de rivalidade feroz e deselegância moral. Esta conquista diz respeito ao sentimento, ao senso religioso, que os homens do século perdera, ou melhor, que jamais chegaram a possuir. 10 Então... “salvar é educar”... Imaginar-se a obra da salvação separada da obra da educação é utopia dogmática incompatível com a época presente. Ser cristão não é uma questão de modo de crer: é uma questão de caráter. Não é o batismo, nem a filiação a qualquer igreja que faz o cristão; é o caráter íntegro, firme e consolidado através de longo e porfiado (perseverante) trabalho de autoeducação. O Cristianismo puro, tal como Jesus pregou e exemplificou, é a força, é o fermento que há de reformar a sociedade, agindo nos corações e nos lares. É do coração renovado, é do lar convertido em templo de luz e de amor que surgirá a aurora de uma nova vida para a Humanidade. 11 Espíritas ! amai-vos e instruí-vos... E.S.E – Cap. VI, Instruções dos Espíritos 12 Bibliografia: 1. VINÍCIUS (Pedro de Camargo). O mestre na educação. Rio de Janeiro: FEB, 2009. 2. WANTUIL, Zêus. Grandes espíritas do Brasil. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Outras obras do Autor: “Em torno do Mestre” “Na seara do Mestre” “Nas pegadas do Mestre” “Na escola do Mestre” 13