PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE CARLOS HENRIQUE DE SOUZA EXERCÍCIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES NEUROMOTORAS EM IDOSOS Londrina 2015 CARLOS HENRIQUE DE SOUZA EXERCÍCIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES NEUROMOTORAS EM IDOSOS Cidade ano AUTOR Relatório Técnico apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Denilson De Castro Teixeira Londrina - Paraná 2015 CARLOS HENRIQUE DE SOUZA EXERCÍCIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES NEUROMOTORAS PARA IDOSOS Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, referente ao Curso de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, Área e Concentração Exercício Físico na Idade Adulta como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional conferido pela Banca Examinadora: _________________________________________ Prof. Dr. Denilson de Castro Teixeira Universidade Norte do Paraná _________________________________________ Prof. Dr. Vanessa Suziane Probst Universidade Norte do Paraná _________________________________________ Prof. Dr. Abdallah Achour Junior (Membro Externo) _________________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes Coordenador do Curso SOUZA, Carlos Henrique. Exercícios para o desenvolvimento das capacidades neuromotoras para idosos. 84. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2015. RESUMO As alterações biológicas decorrentes do processo de envelhecimento podem levar o idoso a ter prejuízos na sua capacidade funcional, que por sua vez, pode levá-lo à perda da sua independência física. A prática de exercícios físicos é apontada como um dos principais recursos para a manutenção da funcionalidade física, sobretudo exercícios que venham manter as capacidades neuromotras dos idosos que estão relacionadas diretamente à manutenção da atividade funcional. Os exercícios neuromotores, apesar de serem importantes para a manutenção da capacidade funcional de idosos ainda são pouco trabalhados em programas de exercícios para essa população. Com base nessas considerações, este trabalho tem como objetivo desenvolver uma mídia para auxiliar profissionais de Educação Física a prescreverem exercícios físicos para o desenvolvimento das capacidades neuromotoras para a população idosa fisicamente independente. A mídia será veiculada em DVD e incluirá exercícios para o desenvolvimento do equilíbrio corporal, coordenação motora, tempo de reação e agilidade corporal. As estratégias apresentadas contarão com exercícios individuais, em duplas e em grupos, com a utilização de materiais alternativos e sempre que possível, de baixo custo. Palavras-chave: Neuromotor. Exercício físico. Habilidades motoras. Idosos. SOUZA, Carlos Henrique. Exercises for the development of neuromotor skills for seniors. 84. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2015. ABSTRACT The biological changes resulting from the aging process can lead the elderly to take losses on their functional capacity, which in turn, can lead you to loss of physical independence. The physical exercise is seen as one of the main resources for the maintenance of physical functioning, especially exercises that will keep neuromotor capabilities of elderly people who are directly related to the maintenance of functional activity. Neuro-motor exercises, although they are important for the maintenance of functional capacity of older people they are still little explored in exercise programs for this population. Based on these considerations, this study aims to develop one media to assist professionals of Physical Education to prescribe exercise for the development of neuromotor abilities to physically independent elderly population. The media will run on DVD and include exercises for the development of body balance, coordination, reaction time and body agility. The strategies presented will have performed individually, in pairs and in groups, with the use of alternative materials and whenever possible, low cost. Key words: Neuromotor. Physical exercise. Motor skills. Elderly. Sumário 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 7 2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................... 10 2.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO .......................................................................... 10 2.2 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES NA APTIDÃO FUNCIONAL ..................................... 14 2.3 EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS ............................................................................ 16 2.4 CAPACIDADES NEUROMOTORAS NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ..................... 19 2.4.1 EXERCÍCIOS NEUROMOTORES ........................................................................ 22 2.4.1.1 Equilíbrio .................................................................................................. 22 2.4.1.2 Tempo de Reação ................................................................................... 24 2.4.1.3 Agilidade .................................................................................................. 24 2.4.1.4 Coordenação Motora ............................................................................... 25 3. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 27 3.1 IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DA MÍDIA. .............. 27 3.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 27 3.3 ELABORAÇÃO E SELEÇÃO DOS EXERCÍCIOS ........................................................... 27 3.3.1 Exercícios de equilíbrio ............................................................................... 28 3.3.2 Exercícios para Coordenação Motora ........................................................ 28 3.3.3 Exercícios de Tempo de Reação ............................................................... 28 3.3.4 Exercícios de Agilidade Corporal ............................................................... 28 3.4 CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL PARA A FILMAGEM DOS EXERCÍCIOS ..................... 28 3.5 SELEÇÃO DE IDOSOS PARA A FILMAGEM DOS EXERCÍCIOS ....................................... 28 3.6 EDIÇÃO DO MATERIAL E FORMATAÇÃO DO PRODUTO ............................................... 29 3.7 REGISTRO DO MATERIAL E CARTÓRIO .................................................................... 30 3.8 APRESENTAÇÃO DOS DVDS .......................................................................... 31 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 70 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 71 APÊNDICE A – ARTIGO CIENTÍFICO ...................................................................... 76 APÊNDICE B – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ...................... 97 APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........... 98 APÊNDICE D – TRABALHO APRESENTADO EM EVENTO CIENTÍFICO........... 100 7 1. INTRODUÇÃO As mudanças biológicas decorrentes do processo de envelhecimento e do estilo de vida, como a redução da massa muscular e óssea, diminuição da capacidade cardiorrespiratória e redução da rede neural, podem trazer prejuízos à capacidade funcional do indivíduo idoso. Isto porque, essas alterações, que acontecem de maneiras diferentes, dependendo do sistema corporal, de fatores genéticos e estilo de vida, podem ultrapassar o limite da normalidade e serem acentuadas a ponto de provocar as incapacidades precocemente. A literatura científica há muito tempo reforça a posição de destaque do exercício físico como um importante recurso para minimizar essa degeneração, constituindo-se em prática obrigatória para uma bem-sucedida1. velhice Considerando esse contexto, pesquisas científicas têm oferecido condições para que o planejamento de programas e prescrições de exercícios físicos para essa população, estejam em constante evolução, na busca por intervenções mais atrativas e eficientes. Uma das modalidades que há pouco tempo vem se posicionando como ferramenta importante é a dos exercícios resistidos, até então, pouco praticada por idosos, isto porque, quase não eram recomendados por profissionais da área médica, por serem associados ao treinamento de fisiculturistas, envolvendo assim preconceitos e desconhecimentos sobre as diferentes formas de treinamento e seus benefícios 2. Com a evolução do conhecimento científico da área, essa prática, é reconhecida atualmente, como uma das mais importantes intervenções para a preservação da funcionalidade física do idoso Semelhantemente ao treinamento resistido, 3,4 . observa-se na atualidade, que exercícios de habilidades motoras voltados para a manutenção e melhora das capacidades neuromotoras, como equilíbrio, tempo de reação, agilidade corporal e coordenação motora, ainda são pouco trabalhados nos programas de exercícios físicos para idosos. Normalmente as intervenções se pautam quase que exclusivamente em conteúdos voltados à aptidão física relacionada à saúde como a força muscular, a capacidade cardiorrespiratória e a flexibilidade. Diferentemente dos fatores que levaram à falta de indicação da prática da musculação no passado, a pouca utilização dos exercícios neuromotores nos programas de exercícios físicos para idosos parece estar mais relacionada ao fato 8 de ser uma área de pesquisa mais recente dos que os exercícios físicos voltados à aptidão física relacionada à saúde e, consequentemente, por suas recomendações, feitas por órgãos e instituições competentes, também serem mais recentes. Sem desconsiderar a importância das capacidades voltadas à aptidão física relacionada à saúde para a aptidão física e funcional do idoso, a inserção nos programas de exercícios físicos de atividades para o desenvolvimento das capacidades neuromotoras tem se mostrado necessária. Estudos têm demonstrado que exercícios para o treinamento de habilidades motoras estão associados à melhora no equilíbrio, redução de quedas, melhora na atividade cognitiva e na atividade funcional 5,6,7 . Mais recentemente, as recomendações do American College 8 of Sports Medicine para a prática de atividade física e exercício físico para adultos e a específica para idosos, publicada em 2009, sugerem a inclusão de atividades neuromotoras em programas de exercícios físicos para pessoas mais velhas, principalmente as que possam auxiliar na manutenção do equilíbrio e na prevenção de quedas. As quedas são consideradas uma das maiores ameaças à saúde e qualidade de vida do idoso por terem forte associação com as morbidades, incapacidades e mortalidade. A incidência de quedas na população de idosos aumenta com o avançar da idade9 e os estudos conduzem a conclusões pouco animadoras com relação a elas, indicando que trinta por cento dos idosos com mais de 65 anos de idade caem pelo menos uma vez ao ano 10 sendo, aproximadamente os mesmos 30% destas quedas resultando em uma lesão que requer atenção médica. As quedas também são responsáveis diretas pelas fraturas, cerca de 10%, alimentando em 90% as estatísticas de aumento de fraturas do quadril, situação, que segundo Suzuki12, representa a sexta maior causa de mortes entre pacientes com mais de 60 anos12. Muitos estudos que utilizaram exercícios de equilíbrio e neuromotres verificaram efeitos positivos na mobilidade funcional e redução das quedas de indivíduos idosos13. Sendo assim, considerando que essas atividades ainda são pouco difundidas e aplicadas na prática profissional, faz-se necessário a criação de materiais didáticos que possam auxiliar os profissionais que atuam com exercícios físicos para idosos a inserirem essas atividades em seus programas de exercícios físicos. Segundo levantamento realizado, praticamente é inexistente no Brasil material com o 9 conteúdo proposto neste trabalho à disposição dos profissionais que atuam com idosos. Acreditamos que o desenvolvimento de uma mídia, com conceitos, exemplos de exercícios e dicas de planejamento para esse fim, atende as necessidades profissionais e contribuirá para o desenvolvimento dessa área. A mídia, particularmente o DVD, possui um formato mais dinâmico e se adequa às características da proposta deste produto, pois permite uma visualização mais adequada dos exercícios e o comportamento dos idosos na sua execução. Ademais esse produto se enquadra nas Tecnologias de informação e comunicação (Tic’s), estando em consonância com as propostas atuais governamentais, para a disseminação de conhecimentos, sobretudo, nos cursos de graduação e especialização. Espera-se que o desenvolvimento desta mídia, com orientações para a prescrição de exercícios neuromotores para idosos, possa contribuir com a capacitação dos profissionais e futuros profissionais de Educação Física e de áreas afins que trabalham com o movimento corporal, a aplicarem exercícios físicos para as habilidades motoras, como uma alternativa para a preservação da capacidade funcional de indivíduos idosos. Esse produto poderá ser útil como material didático em vários âmbitos da formação profissional ao ser disponibilizado em instituições de ensino superior, academias, clínicas de exercício e em sites especializados. 10 2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO O envelhecimento é um fenômeno universal e por isso inevitável no ser humano. Esse processo não é uma simples passagem do tempo e sim, uma manifestação biológica, um fator deletério do organismo que não se sabe ao certo quando e onde se inicia. Segundo Papaléo Netto14, o envelhecimento se processa basicamente de duas formas: a senescência e a senilidade. A senescência se resulta do somatório das alterações orgânicas, funcionais e psicológicas, próprias do envelhecimento natural em que essas alterações ocorrem sem comprometer bruscamente a homeostase do organismo, enquanto que a senilidade se constitui por mudanças determinadas por afecções que frequentemente acometem as pessoas idosas, e podem acelerar o processo de envelhecimento. A ciência tem dificuldades em precisar os parâmetros para a classificação do indivíduo nesses dois processos, pois muitas vezes a linha entre senescência e senilidade é tênue; isto porque, esses processos são permeados por influências genético-biológicas e ambientais15. Apesar da evolução do conhecimento científico e das pesquisas nas áreas da Geriatria e Gerontologia, ainda existem dúvidas a respeito de como e porque envelhecemos. Apesar dessas dúvidas há consenso de que esse processo se inicia por volta dos 30 anos de idade e é caracterizado pela diminuição contínua da reserva física e funcional adquirida no processo de crescimento e desenvolvimento físico16,17,18. Farinatti18 ressalta que há teorias que tentam explicar a gênese do envelhecimento humano e que elas são enquadradas em duas categorias: as de natureza genético-desenvolvimentista e de natureza estocástica. As primeiras entendem o envelhecimento no contexto de um continuum, programado geneticamente, enquanto as últimas trabalham com a hipótese de que o processo dependeria, principalmente, do acúmulo de agressões ambientais, como poluição, radiação, produtos químicos e alimentação. Independentemente da categoria, é bem aceito que o ser humano envelhece porque erros ocorrem no interior das células na transcrição e transporte de material genético, ou mutações somáticas. Esses erros acarretariam consequências negativas à renovação celular, gerando células 11 “defeituosas” ou empobrecendo sua população, repercutindo em longo prazo na função de sistemas orgânicos inteiros. À medida que o indivíduo envelhece, suas reservas fisiológicas diminuem, provocando alterações nos sistemas cardiorrespiratório, neurológico e na composição corporal. Essas mudanças podem levar ao declínio das funções físicas do idoso, que podem ser mais ou menos acentuadas de acordo com o estilo de vida adotado ao longo dos anos18,20,21. As principais alterações são descritas a seguir. A função cardiovascular depende da estrutura e da função do coração, do volume e componentes do sangue em circulação no organismo, da árvore arterial, que ao longo do processo de envelhecimento diminui a sua elasticidade. Com o passar dos anos essas alterações afetam o retorno venoso, no qual o efeito-bomba exercido pelos músculos dos membros inferiores e a função das válvulas venosas é comprometida22. Essas alterações têm efeitos mínimos nos indivíduos em repouso, mas tornam-se mais importantes durante o exercício físico23. Vários estudos buscam explicar o declínio da capacidade aeróbica máxima no processo de envelhecimento, em função das alterações no sistema cardiovascular central, mas poucos levam em consideração as múltiplas variáveis que provavelmente exerçam influência neste declínio, tais como aspectos culturais, diferenças no condicionamento físico e atividade física habitual24,17. Com o avançar da idade o volume máximo de oxigênio (VO2max) diminui e em condições não patológicas esta alteração não implica em modificações importantes na função respiratória, o que ocorre são mudanças nas estruturas pulmonares, vias aéreas e caixa torácica, sendo um dos motivos das limitações da ventilação pulmonar na prática do exercício físico pelo indivíduo idoso. Fatores genéticos e estilo de vida também exercem influências na capacidade cardiovascular e respiratória do idoso21,25. Mudanças associadas ao envelhecimento também ocorrem na composição corporal, que é constituída basicamente por dois elementos: a massa livre de gordura, ou massa magra26. A massa magra, além dos órgãos, é constituída pelos sistemas ósseo e muscular passíveis de alterações mais importantes e que geram maiores influências no decorrer do envelhecimento. Com o passar do tempo, as alterações biológicas, somadas ao estilo de vida, como alimentação e prática de exercícios físicos, provocam mudanças importantes na composição corporal dos indivíduos como aumento da massa de gordura, e diminuição dos componentes 12 ósseo e muscular. Essas alterações podem repercutir negativamente na saúde do idoso, caso diminua drasticamente as suas reservas funcionais 17,18. O Sistema neurológico também sofre alterações no processo de envelhecimento, principalmente no sistema nervoso central (SNC). Segundo Drachman 27 mudanças neurobiológicas e neurofisiológicas ocorrem no cérebro como a diminuição das sinapses, lentidão do fluxo axoplasmático, mudanças neuroquímicas e estruturais. O SNC é o responsável pelas sensações, movimentos, funções psíquicas e pelas funções biológicas internas. Com o avançar do tempo, esse sistema sofre uma deterioração geneticamente programada como consequência do envelhecimento celular e a finitude da capacidade das células se dividirem, renovar-se e regenerarse. É importante destacar, que além dos fatores genéticos, essas mudanças são decorrentes também de outros fatores intrínsecos como o sexo, sistema circulatório, metabólico e radicais livres; extrínsecos como ambiente, sedentarismo, tabagismo, drogas e radiação28,29. As alterações no sistema nervoso são uma das principais causas das incapacidades em indivíduos idosos30. Mesmo as mudanças desencadeadas pelo envelhecimento normal tornam esse sistema mais lento e com mudanças contínuas na cognição, função motora e nos órgãos dos sentidos como a visão, audição, paladar e olfato31,32. As mudanças cognitivas associadas ao envelhecimento incluem alterações na memória de curto prazo, diminuição na velocidade de processamento de informações, especialmente na tomada de decisões e declínio no desempenho cognitivo, especialmente quando a atenção é dividida, como fazer duas ou mais tarefas ao mesmo tempo. Esses declínios podem trazer dificuldades ou impedir que o idoso tenha uma vida independente. É digno de nota, que o envelhecimento cognitivo não afeta os indivíduos da mesma maneira e que essas alterações podem variar consideravelmente31. A maioria dos idosos desenvolve algum grau de déficit de memória com a idade, especialmente após os 70 anos e, as mulheres com mais de 85 anos tendem a ter mais alterações cognitivas do que os homens. As causas não são bem conhecidas, mas acredita-se que se deve a diversos fatores como doenças, seleção natural em que os homens mais saudáveis possuem maior longevidade e diferenças sociais e ambientais que permitem a eles maiores vantagens, sobretudo na estimulação cognitiva32. Há um consenso de que o envelhecimento cognitivo normal é influenciado por processos genético biológicos, também chamado de inteligência fluída e, de 13 natureza sociocultural, denominado de inteligência cristalizada33. Os aspectos genéticos biológicos determinam os declínios no funcionamento sensorial e diminuição na velocidade de processamento de informações, ambos associados a alterações neurológicas típicas do envelhecimento. Já o processo de natureza sociocultural, pode ter uma ação compensatória em relação às perdas do envelhecimento biológico34,35. Dentro desse contexto, Etnier e Berry36 destacam que o processo de envelhecimento parece não afetar todos os aspectos da memória e inteligência igualmente e, que a idade influencia negativamente a inteligência fluída (raciocínio, memória, orientação espacial e velocidade perceptual), mas parece não influenciar ou provocar efeitos positivos na inteligência cristalizada (processo de socialização e experiência, como habilidades de leitura e escrita, qualificações educacionais e profissionais e capacidade de resolver problemas). Como já ressaltado anteriormente, os idosos encontram mais dificuldades para realizarem múltiplas tarefas simultaneamente, sendo assim, durante um exercício, por exemplo, quando um idoso está concentrado em um movimento particular ou exercício, ele pode parar o movimento completamente se alguém lhe perguntar alguma coisa. O declínio da função cognitiva pode levar o idoso a perder a sua autonomia, a aumentar o risco de quedas, a ter dificuldades de interagir com o ambiente de forma eficiente, especialmente em novas circunstancias31. Mudanças relacionadas à idade no sistema nervoso central e periférico resultam na lentidão do tempo de reação simples e de escolha e redução da velocidade da condução nervosa em aproximadamente 10 a 15%, bem como as mudanças na habilidade para integrar a informação sensorial recebida. Mudanças neurológicas significativas incluem o decréscimo da propriocepção no pé e tornozelo, decréscimo da sensibilidade vibratória nos pés e reduz a função do sistema vestibular37. Essas mudanças são continuas com o avançar da idade e afetam mais as os membros inferiores do que superiores31. O desempenho de tarefas motoras que requerem processamento do sistema nervoso central é desacelerado com a idade, particularmente aquelas que requerem integração sensorial, organização ou preparação de resposta. Os idosos podem cometer erros mais graves de desempenho motor quando necessitam se mover mais rápido do que em habilidades que exigem se mover com maior precisão. Anormalidades somatossensoriais, tais como dificuldades de posicionamento do corpo no espaço ou na sensibilidade ao toque, são associadas ao aumento na 14 incidência de quedas e instabilidade postural31. Os autores ressaltam ainda, que as mudanças no processamento do sistema nervoso central afetam também os movimentos dos membros inferiores diretamente relacionados à manutenção da postura. As alterações no sistema neurológico afetam também a visão e audição dos idosos. As mudanças anatômicas na córnea, lentes, íris, humor vítreo e córtex visual resultam em uma progressiva alteração visual, que podem iniciar em idades mais precoces da vida. A acuidade visual decresce com a idade, com algum prejuízo na visão de perto e foco. Particularmente após os 50 anos ocorrem também mudanças na sensibilidade de frequência espacial, visão periférica, sensibilidade ao brilho, adaptação ao escuro, percepção de profundidade e sensibilidade ao contraste37. Fuller38 acrescenta que o processamento da informação visual e auditiva é diminuído, tendo como consequência dificuldades na discriminação de figuras e seus detalhes, diminuição do campo visual e redução do poder de discriminação fonética. A audição e função vestibular também diminuem com a idade. A audição normal e interpretação de sons dependem da acuidade, localização do som e a habilidade para mascarar sons estranhos, todos os quais, declinam com a idade. Pessoas idosas comumente queixam-se da audição ao ouvirem alguém falando, e às vezes não conseguem entender o sentido das palavras31. Enfim, entender as principais alterações no organismo do idoso é dever do profissional que irá atuar com eles, mas é importante que considere que as alterações descritas sofrem forte influência do meio ambiente e estilo de vida e que podem ocorrer em ritmos diferenciados entre cada indivíduo. É comum em um mesmo grupo de idosos encontrarmos indivíduos com capacidades funcionais bem diferentes, o que vai exigir competência e sensibilidade do profissional ao planejar as atividades motoras para essa população. 2.2 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES NA APTIDÃO FUNCIONAL O envelhecimento bem sucedido parece depender consideravelmente das condições de independência física e autonomia do indivíduo idoso. Nesse sentido, a manutenção da capacidade de realizar as tarefas do cotidiano é um dos principais aspectos neste contexto. Essa condição, também denominada de capacidade 15 funcional é conceituada por Neri39 como o grau de preservação da capacidade de realizar tarefas do cotidiano. Spirduso18 ressalta que a capacidade funcional é composta pelas atividades básicas da vida diária (AVD) e atividades instrumentais da vida diária (AIVD). As atividades básicas estão relacionadas às atividades de higiene pessoal como o auto-cuidado, tomar banho, se vestir e alimentar-se. Já, as atividades instrumentais, são aquelas que requerem maiores deslocamentos e maior gasto energético como arrumar a casa, ir às compras e utilizar transporte coletivo. A capacidade funcional do indivíduo idoso é influenciada por diversos fatores, dentre eles as alterações biológicas inerentes ao processo de envelhecimento, já citadas anteriormente, e o estilo de vida adotado ao longo da sua existência 16. As alterações estruturais (biológicas) no organismo do indivíduo gradativamente influenciarão a sua função, ou seja, se o idoso diminuir consistentemente a sua capacidade de exercício, como a diminuição da força muscular e da capacidade cardiorrespiratória, consequentemente acarretará prejuízos à sua capacidade de realizar suas tarefas cotidianas18. Sendo assim, o desempenho e condição para a realização das atividades cotidianas pelo idoso sofrem importantes variações que vão da incapacidade total à execução com alto desempenho. Com base nas observações dessa realidade, Spirduso 17 propõe o Nível de Status Funcional que constitui na classificação do idoso por sua atividade funcional e prática de atividades físicas e esportivas. A autora propõe a classificação do idoso em cinco níveis independente da idade cronológica: 1) fisicamente dependente, 2) fisicamente frágil, 3) fisicamente independente, 4) fisicamente apto e 5) atleta de elite. Essa classificação é um meio prático e adequado para o profissional de Educação Física conhecer as diferenças funcionais dos idosos e se instrumentalizar para oferecer programas de exercícios físicos adequados para essa população. Na sequência, são apresentados os cinco níveis de Status funcional proposto por Spirduso17 e suas principais características. Fisicamente dependente: o idoso nesse nível depende de cuidados contínuos de terceiros e, por serem muitos frágeis, não conseguem realizar sozinhos as AVDs e as AIVDS. Fisicamente frágil: o idoso desse nível depende de cuidados parciais de terceiros. Conseguem realizar as AVDS, ou quase todas, mas mantém dificuldades em realizar as AIVDs, ou seja, manter o ambiente externo à casa, como fazer compras e 16 pegar transporte. Fisicamente independente: o idoso desse nível é fisicamente independente, com autonomia funcional por conseguir realizar as AVDs e AIVDs sem ajuda. Apesar dessa independência, possui baixa reserva funcional, é sedentário e está sujeito a cair para o nível 2. Fisicamente aptos: o idoso desse nível é independente e com maior reserva física. Normalmente está inserido em programas de exercícios físicos. Atletas de elite: possui ótima condição física e treinam e regulamento para melhorar o seu desempenho esportivo. Não há estudos específicos com a população idosa brasileira que indique a porcentagem de idosos em cada um dos níveis propostos por Spirduso 17 , mas acredita-se que os números são próximos da realidade americana com a qual a autora desenvolveu seus estudos. Estima-se que nos Estados Unidos, cerca de 20% da população idosa possui algum grau de dependência física, necessitando de cuidados de terceiros e, somente 5% possui uma ótima condição física e se mantém inserida regularmente em práticas de exercícios físicos. Sendo assim 75% dos idosos são fisicamente independentes e realizam suas atividades cotidianas normalmente, mas apresentam baixa aptidão física e funcional, o que os colocam mais vulneráveis a contrair doenças e agravos que levem a fragilidade física e a consequente dependência. 2.3 EXERCÍCIO FÍSICO PARA IDOSOS Evidências científicas têm apontado a prática de exercícios físicos como um dos principais recursos para a manutenção da aptidão física e funcional de indivíduos idosos. Nesse sentido, Mazo, Cardoso e Aguiar 40 ressaltam que em um contexto geral, a prática de exercícios físicos traz inúmeros resultados positivos e benefícios para a saúde, ou seja, quem mantém um estilo de vida saudável e ativo, tem maiores chances de prevenir e minimizar os efeitos degenerativos da idade. Os autores destacam ainda, que além dos benefícios fisiológicos e anatômicos, o exercício físico também exerce influências positivas na auto eficácia, autoestima e sensação de bem-estar mental. Peterson et al.41, por meio de uma meta-análise investigaram os efeitos dos 17 exercícios de resistência muscular no ganho de força de indivíduos idosos. Foram incluídas 47 pesquisas totalizando 1079 participantes e, apesar da heterogeneidade entre os estudos, os resultados apontam para um efeito positivo de ganho de força, e que quanto mais intenso for o treino maior são os benefícios, sendo os exercícios de resistência muscular uma estratégia a ser considerada para impedir a fraqueza muscular relacionada ao processo de envelhecimento. Em outra meta-análise realizada por Peterson, Sen e Gordon42, cujo objetivo foi determinar os efeitos dos exercícios de resistência na composição corporal de homens e mulheres idosos, 49 estudos foram considerados totalizando 1328 participantes. A meta-regressão apontou que as intervenções com maior volume de treinamento e os idosos mais jovens tiveram associações significativas mais fortes com o aumento da massa corporal magra. Miller et al.43 argumentam em um estudo de revisão que o exercício físico tem sido considerado como um dos fatores da promoção de um envelhecimento cognitivo saudável. Segundo os autores, vários estudos tentam comprovar esta hipótese, mas encontram dificuldades metodológicas em suas pesquisas que dificultam uma conclusão geral a este respeito. Nos estudos considerados, a associação entre exercício e cognição preservada durante o envelhecimento é demonstrada, mas a “hipótese específica de que o exercício físico é uma das causas do envelhecimento cognitivo saudável ainda precisa ser validada”. As atividades físicas, sociais e mentais são apontadas como intervenções que promovem um envelhecimento cognitivo saudável, o que se desconhece ainda é qual o tipo ou os tipos de atividades que contribuiriam de maneira sistemática a este fim. Em relação às capacidades neuromotoras, vários estudos de intervenção com idosos tem sido realizados com o objetivo de avaliar a sua eficácia. Em estudo realizado por Ueno et al.44 em que foram avaliados 94 idosos independentes participantes de diferentes modalidades de exercícios físicos, durante quatro meses, três vezes por semana, com duração de 45 a 60 minutos, constataram que a prática regular de atividade física orientada e sistematizada independente da modalidade, melhoram os componentes agilidade e equilíbrio dinâmico. Já Lima et al.45, que realizaram um estudo de intervenção experimental, verificaram que treze semanas e meia de exercícios neuromotores, três vezes por semana, foram suficientes para melhorar o equilíbrio e a agilidade de idosos com déficits nessas capacidades. É importante destacar que a melhora do desempenho neuromotor, parece 18 também estar associada ao maior nível de atividade física habitual em idosos fisicamente independentes. Em um estudo transversal, realizado com 202 idosos de ambos os gêneros, Piccoli et al.46 verificaram correlações positivas entre a atividade física habitual e a coordenação motora global (r=0,27; p<0,01) e o equilíbrio estático (r=0,19; p<0,01) desses idosos. As inúmeras pesquisas realizadas e publicadas sobre os efeitos da prática de exercícios físicos para a população idosa, independente da modalidade, têm fornecido subsídios para os consensos e ou recomendações para guiar a atuação dos profissionais que trabalham com o exercício. Normalmente a construção e publicação dessas recomendações ficam a cargo de instituições ou organizações com credibilidade nas áreas da atividade física, exercício físico e esporte, como por exemplo, o American College of Sports Medicine8, que há décadas tem apresentado as recomendações de prática de atividade física e exercício físico para as diversas faixas etárias. Em sua mais recente publicação, a American College of Sports Medicine8, com base em uma revisão de diversos estudos, apresenta de maneira mais explícita a recomendação da prática de exercícios neuromotores para os idosos, que envolvem principalmente o equilíbrio, a agilidade, a marcha, a coordenação motora e o treinamento proprioceptivo, somando-se às recomendações existentes há mais tempo, relacionadas à aptidão física e saúde, que são as capaciadades de resistência, de força muscular e flexibilidade. A orientação é que essas atividades sejam desenvolvidas de duas a três sessões semanais de 20 a 30 minutos de duração, inclusas nas sessões de exercícios de > 60 minutos incluindo os mais tradicionais exercícios cardiorrespiratórios, resistidos e de flexibilidade. O documento aponta ainda a importância desses exercícios para a melhora do comportamento motor, da propriocepção, da qualidade de vida e capacidade de diminuir os riscos de quedas. Programas de exercícios físicos que contemplem o desenvolvimento das capacidades neuromotoras podem auxiliar os idosos a atingir as recomendações do American College of Sports Medicine1, ademais, podem também contribuir para a motivação e aderência à prática pelos idosos, pois esses exercícios geralmente são trabalhados em ambiente lúdico e descontraídos, com grande variedade de materiais tradicionais e alternativos, o que possibilita ao profissional a utilização de estratégias diversificadas. 19 2.4 CAPACIDADES NEUROMOTORAS NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO As transformações biopsicossociais inerentes ao processo de envelhecimento já mencionadas no tópico anterior exigem com que os programas de exercícios físicos respeitem as modificações estruturais e funcionais no indivíduo idoso. A manutenção da boa aptidão física e funcional permite ao idoso boa saúde e condições para manter a sua funcionalidade física e autonomia. Assim, a prática de exercício físico é apontada como um importante recurso para o desenvolvimento e manutenção dessa condição no idoso. Para melhor compreensão das variáveis que envolvem o desenvolvimento das capacidades neuromotoras, serão apresentados alguns importantes conceitos para a compreensão desse contexto: - Capacidade motora: característica de uma pessoa, de origem genética, não modificável pela prática e que influencia o nível de desempenho a ser alcançado na execução de uma habilidade específica47,48. Como exemplo, podemos citar as capacidades inatas do indivíduo como de equilíbrio, capacidade de coordenar movimentos, agilidade corporal, tempo de reação e ritmo. Um indivíduo só executará suas tarefas diárias e atividades esportivas se possuir um grau de desenvolvimento mínimo de suas capacidades motoras. - Habilidade motora: característica individual na realização de uma tarefa com objetivo específico, que exige movimentos voluntários do corpo e/ou membros, cujo nível da execução e destreza da tarefa é determinado pela capacidade motora e experiência do indivíduo para realizar tal movimento. O termo habilidade motora também é utilizado para mencionar a aptidão do indivíduo para realizar uma tarefa como executar um trabalho manual ou atividades de lazer como jogar futebol e a realização de movimentos altamente complexos realizados normalmente em praticantes de esportes de alto nível47,48. As habilidades motoras estão presentes nas tarefas diárias como colocar uma tomada no plug, lavar louça e praticar esporte de lazer, por exemplo, e no alto rendimento como em uma série de alta complexidade como no basquetebol, driblar o adversário e a média ou longa distância arremessar e converter a cesta. 20 - Informação sensorial: é a informação proveniente de um estímulo sensorial (toque, visão, audição, paladar e olfato) que é enviado pelos receptores aferentes ao cérebro, que por sua vez analisa e processa essa informação em comandos (reação) desenvolvendo respostas adequadas a esses estímulos (via eferente). Essas informações são responsáveis para que o indivíduo perceba estímulos do ambiente externo e interno e reagir a eles. A informação sensorial (estímulos) é captada por células sensoriais ou terminações nervosas espalhadas por todo o corpo que garantem a adequada funcionalidade do corpo frente aos mais diversos estímulos ou informações49. Exemplos: enxergar as coisas, ouvir um som, sentir o toque de um objeto ou outra pessoa na nossa pele, sentir o gosto dos alimentos, a temperatura ambiente, entre outros. - Percepção: Integração entre o que se sente e as informações psicologicamente significativas, provenientes de estímulos sensoriais periféricos já reconhecidos, promovendo interpretação e significado a esta nova sensação. Na percepção relacionada ao movimento, por exemplo, os sistemas sensorial/perceptual fornecem informações sobre o posicionamento do corpo no espaço e utilizam-se do ambiente para a regulação do movimento49. - Sistema somatossensorial: é um sistema que se utiliza de receptores existentes nas articulações, nos músculos e tendões para o controle do reflexo espinhal para o ajuste da ação e contribuição para a percepção e controle do movimento proveniente de estímulos sensoriais49, como por exemplo, o controle postural, o equilíbrio e a propriocepção. - Propriocepção: informa o cérebro sobre o estado de cada segmento corporal por meio da percepção das características do movimento corporal ou entre cada segmento. As vias neurais aferentes, sendo estes os receptores cutâneos, fusos neuromusculares, sistema de Golgi, receptores articulares, ouvido interno e sistema visual, enviam ao sistema nervoso central informações como a direção do movimento do corpo e/ou dos membros, velocidade, localização espacial e ativação muscular47. - Aprendizagem: Catania50 considera difícil uma definição única para aprendizagem, sendo dependente do contexto em que a palavra é utilizada. Pode-se 21 aprender sobre alguma coisa ou como fazer alguma coisa, sendo um processo onde se adquiri um comportamento ou conhecimento novo por meio da observação, do estudo e da experiência, podendo estes fatores ser independentes ou relacionados, que será adicionado ao repertório do que o indivíduo já sabe e ou já faz, promovendo ou não mudanças de forma relativamente permanente. - Aprendizagem motora: processo que leva à aquisição ou modificação do movimento, por meio da prática ou experiência. Esse processo leva a mudanças relativamente permanentes de uma ação motora, provenientes de procedimentos complexos de percepção/cognição e ação49. Como exemplo, podemos citar o aprendizado de um novo movimento como quicar a bola por meio da repetição de movimentos. - Controle Motor: habilidade de regular ou direcionar os mecanismos essenciais do movimento, direcionado ao estudo da natureza do movimento e como o movimento é controlado ao longo da vida, envolvendo aspectos neurais, físicos e comportamentais. O controle motor tem o seu foco no controle do movimento já adquirido51,49. Exemplos: Acompanhamento do controle postural e da coordenação motora no decorrer do processo de envelhecimento. - Desenvolvimento motor: Processo contínuo de mudanças no comportamento motor relacionado à idade, podendo, neste sentido, ser mais rápido ou lento em diferentes períodos e também, de acordo com características individuais e do meio ambiente53,51. - Exercícios neuromotores: são atividades que incorporam habilidades motoras tais como, equilíbrio, coordenação, marcha, agilidade e treinamento proprioceptivo 8,52,17 . Os conceitos desenvolvidos neste capítulo são importantes para o entendimento do conteúdo a seguir, os quais serão apresentados exemplos de atividades neuromotoras, planejamento das mesmas. bem como aspectos a serem considerados no 22 2.4.1 EXERCÍCIOS NEUROMOTORES Os exercícios neuromotores são atividades que objetivam estimular o desenvolvimento das capacidades neuromotoras como equilíbrio, tempo de reação, agilidade, coordenação motora e ritmo. São considerados importantes para o trabalho com as pessoas idosas, pois estão associados à melhora da mobilidade e a uma consequente movimentação mais segura e independente. Esses exercícios também estão relacionados à diminuição dos riscos de queda, à manutenção e/ou melhora dos níveis funcionais, e à contribuição para a manutenção da autonomia e longevidade desses indivíduos8,52,17. O seu desenvolvimento tem sido apontado pelo American College Sports of Medicine 8 como fundamentais, incluindo os exercícios neuromotores na prescrição de atividades para indivíduos idosos. 2.4.1.1 Equilíbrio O equilíbrio corporal é conceituado por Spirduso 17 como a habilidade do corpo em manter-se sobre sua base de apoio, sendo que esta base pode estar parada ou em movimento, assim o equilíbrio é classificado como estático, dinâmico e rotacional. Essas condições são alteradas de acordo com a postura ou deslocamento do corpo. A identificação e exemplificação dessas três formas de equilíbrio são apresentadas a seguir: Estático: habilidade do corpo em manter-se em certa posição estacionária, como por exemplo, na posição em pé com apoio bipodal e unipodal, posição sentada entre outras. Dinâmico: habilidade do indivíduo em manter o equilíbrio quando em movimento de um ponto a outro, exigindo inclinação do corpo para frente, para os lados ou para trás, como por exemplo, em atividades de apanhar um objeto em cima de uma mesa e abrir a porta. O equilíbrio dinâmico pode ser executado em situações de deslocamento e no equilíbrio recuperado, em que o indivíduo desloca o centro de 23 massa do seu corpo, desestabilizando a sua postura e recupera o seu equilíbrio, como por exemplo, dando um passo à frente para não cair, quando a pessoa está em pé em um transporte coletivo e esse executa uma parada brusca. Os sistemas sensoriais visual, vestibular e somatossensorial (propriocepção) são responsáveis pela manutenção do equilíbrio e por isso, devem ser estimulados por meio de estratégias de exercícios variados e combinados. A visão é responsável por informações espaço-temporais e pela identificação de possíveis obstáculos no ambiente a ser interagido. O sistema vestibular, localizado no ouvido interno, controla as oscilações posturais, o equilíbrio dinâmico e rotacional, fornecendo informações sobre os movimentos da cabeça. Já o sistema somatossensorial inclui informações da pele (receptores cutâneos), articulações (receptores articulares) e posturais/vibratórios (receptores musculares), importantes para a percepção dos movimentos corporais49,17. Também há células especiais nos sistemas somatossensorial (neurônios aferentes do grupo I e II, moto neurônios) e visual (bastonetes, cones, células bipolares e células ganglionares) que respondem melhor ao estímulo móvel e são sensíveis à direção49. Eckert54 alega que o equilíbrio é importante para que ajustes corporais ocorram rapidamente quando há variação do centro de gravidade e no tamanho da base de apoio nos mais variados movimentos corporais do cotidiano ou em exercício, sendo importante a variabilidade de atividades favorecendo assim o equilíbrio global do indivíduo. A diminuição do equilíbrio em idosos, que leva à instabilidade postural, pode estar relacionada às várias mudanças que ocorrem nos sistemas corporais do ser humano com o passar dos anos, como as alterações no sistema neurológico, diminuição das fibras musculares de contração rápida e a perda significativa da força muscular51. Assim, a preservação do equilíbrio do idoso depende de vários fatores e, sob o ponto de vista biológico é preciso adotar nas intervenções tanto exercícios 24 específicos para o equilíbrio como para a manutenção ou melhora das capacidades físicas como força, velocidade e potência muscular. 2.4.1.2 Tempo de Reação O tempo de reação representa o tempo que um indivíduo demora entre o estímulo apresentado e a ativação da musculatura apropriada para desempenhar uma tarefa55,49,56. Esse período é composto por três estágios: identificação do estímulo (percepção), seleção da resposta (decisão) e programação da resposta (ação). O estímulo pode ser visual, auditivo e/ou tátil, ou seja, o indivíduo pode reagir ao estímulo de um som, como atender o interfone; reagir ao atravessar a rua quando o sinal verde é sinalizado ao pedestre e reagir ao toque, quando, por exemplo, o indivíduo encosta parte do seu corpo em um objeto quente ou quando outra pessoa a toca. Shumway-Cook e Woollacott49 destacam que os movimentos voluntários solicitam um tempo maior de processamento do que os movimentos reflexos ao reagirem a um estímulo sensorial ou proprioceptivo, sendo que os estímulos visuais têm resposta mais lenta em relação aos outros. As autoras destacam também que o tempo de reação é mais rápido se o indivíduo conhece a resposta a ser dada e é menor quando se acrescenta informações, ou seja, opções ao longo do processo. Nesse sentido, quando a situação envolve apenas um estímulo e uma resposta, como “se deparar com um obstáculo e parar” é denominado de tempo de reação simples e quando envolve outras opções de estímulos ou respostas como, por exemplo, “recuar ou correr ao atravessar a rua quando um carro aparece subitamente”, ou “reagir diferentemente a estímulos diversos”, são denominados de tempo de reação de escolha. A habilidade de reagir rapidamente a um estímulo, também é recrutada em diversas atividades do cotidiano como pegar um objeto rapidamente antes que caia no chão, sair de um elevador quando a porta se abre automaticamente, entre outras. 2.4.1.3 Agilidade A agilidade corporal é caracterizada pela ação de se locomover o mais rápido possível, em diversas direções com alteração do centro de gravidade 57,55. Essa 25 habilidade é utilizada em várias situações do cotidiano como correr para pegar um ônibus, atender rapidamente o telefone e deslocar-se rapidamente para atravessar uma rua. Com o passar dos anos a velocidade de locomoção diminui gradualmente, levando o idoso a demorar mais para concluir algumas tarefas físicas relacionadas às AVDs (atividades da vida diária) e AIVDs (atividades instrumentais da vida diária) e as atividades laborais. Essas alterações podem aumentar a pressão social sobre os idosos, intimidando-os e desestimulando-os a terem uma participação ativa dentro e fora de suas casas17. Com a prática de exercícios físicos regulares e devidamente orientados, a conservação dos níveis de agilidade pode levar a uma redução de acidentes domésticos em indivíduos idosos57, inclusive às quedas. 2.4.1.4 Coordenação Motora Coordenação motora é a capacidade de integrar sistemas motores separados por estruturas sensoriais e articulares em um movimento eficiente53. Ela depende dos componentes de aptidão motora de equilíbrio, velocidade e de agilidade, porém não está necessariamente alinhada à força e à resistência57. Sendo assim, a coordenação motora representa a organização corporal do ser humano, permitindo que o corpo mantenha o equilíbrio entre os grupos musculares grandes ou pequenos com intensidade adequada a um movimento ou sequência de movimentos simples ou complexos de forma eficiente, respondendo a comandos neurológicos ligados as funções automáticas como pressão, caminhada e respiração58,59,17. A coordenação motora apresenta variações em relação a sua complexidade. De acordo com Eckert54, a coordenação do movimento se torna mais complexa à medida que se aumenta o número de segmentos corporais envolvidos na tarefa e o nível de experiência no movimento completo. A coordenação motora é classificada em coordenação motora fina e grossa, que são baseadas na precisão dos movimentos e ao efeito correspondente da musculatura requerida para o sucesso da execução da tarefa (movimento). A coordenação motora fina envolve movimentos precisos, realizados com grupos musculares menores, como por exemplo, em atividades manipulativas como costurar um botão, desenhar e cortar legumes. Já a coordenação motora grossa envolve movimentos com grandes grupos musculares, 26 com menor ênfase na precisão e que normalmente são resultantes de movimentos dos membros do corpo. Apesar dessa classificação algumas habilidades requerem esforços combinados de grandes e pequenos grupos musculares como pedalar andando de bicicleta e ao mesmo tempo acionar os freios de mão ou a campainha/buzina60. Como já mencionado, a coordenação motora envolve a combinação de movimentos dos membros do corpo. Nesse sentido, Coker 60, ao apresentar a Taxonomia de habilidades motoras proposta por Fleishman mostra que movimentos que envolvem a coordenação bilateral dos hemisférios corporais de membros inferiores, superiores e Intermembros são denominados de coordenação de múltiplos membros. Como base nessas definições as atividades de coordenação motora podem ser realizadas em tarefas que envolvem separadamente a coordenação de membros inferiores, superiores e combinação de ambos, denominadas de coordenação multimembros. A capacidade de coordenar movimentos depende de várias informações sensoriais, que quase sempre acontecem simultaneamente. Isso quer dizer que os receptores sensoriais especializados (visual, auditivo e tátil/cinestésico) transmitem esses estímulos para o cérebro a fim de garantir a execução eficiente da tarefa solicitada53. Os autores apresentam ainda a coordenação motora classificada em coordenação olho-mão e coordenação olho-pé, que expressam a dependência do movimento eficiente de precisão em relação à informação sensorial do indivíduo. As tarefas esportivas de lançar uma bola de basquete à cesta e chutar uma bola e as do cotidiano como varrer a casa e subir degraus podem ser exemplificadas coordenação olho-mão e olho-pé. respectivamente como atividades de 27 3. DESENVOLVIMENTO Com base nas necessidades mencionadas na introdução, a construção da mídia foi realizada nas seguintes etapas: 3.1 IDENTIFICAÇÃO DAS NECESSIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DA MÍDIA. Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico e de mídias existentes na internet e a venda no mercado sobre exercícios relacionados ao desenvolvimento das capacidades neuromotoras em idosos. Foram pesquisados sites que comercializam materiais esportivos, livros impressos, E-books e sites de compras que comercializam produtos diversificados nacionais e importados. Foi constatado que o material relacionado a este objetivo é insuficiente em língua portuguesa, tanto em material impresso como em mídia eletrônica. Com base nessa pesquisa, justificamos assim, a necessidade do desenvolvimento deste produto. Esta etapa foi realizada no segundo semestre de 2014, sendo que o levantamento bibliográfico foi realizado em um tempo de aproximadamente seis meses e as pesquisas referentes à existência de mídias sobre exercícios neuromotores em um período de 30 dias. 3.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Foi realizado levantamento bibliográfico em livros e artigos científicos e outros materiais relevantes para o embasamento teórico da mídia, como conceitos, recomendações para o desenvolvimento de exercícios neuromotores, benefícios entre outros. Os materiais foram consultados nas bibliotecas disponíveis no município, acervo pessoal e bases de dados on-line (MEDLINE, SCIELO e BIREME). 3.3 ELABORAÇÃO E SELEÇÃO DOS EXERCÍCIOS Nesta etapa foram criados e selecionados exercícios de caráter individual e em grupos que contemplem as capacidades de equilíbrio, coordenação motora, tempo de reação e agilidade, conforme detalhamento a seguir. A descrição dos principais exercícios que farão parte da mídia estão apresentados no na sessão 3.8. 28 3.3.1 Exercícios de equilíbrio - Equilíbrio estático. - Equilíbrio dinâmico (exercícios em deslocamento e recuperado). - Combinação de exercícios de equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico. Obs: As propostas de exercícios foram organizadas com o objetivo de desenvolver os sistemas sensoriais responsáveis pela manutenção do equilíbrio corporal: sistema visual, sistema vestibular e sistema somatosensorial. 3.3.2 Exercícios para Coordenação Motora - Coordenação motora geral (grossa). Coordenação de membros inferiores Coordenação de membros superiores Coordenação multimembros - Coordenação motora fina. 3.3.3 Exercícios de Tempo de Reação - Tempo de reação simples - Tempo de reação de escolha Obs.: As propostas de exercícios foram organizadas com o objetivo de desenvolver os sistemas sensoriais envolvidos no tempo de reação: visual, auditivo e tátil. 3.3.4 Exercícios de Agilidade Corporal - Exercícios com deslocamentos em velocidade máxima, nas mais diversas direções e com alteração do centro de gravidade. 3.4 CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAL PARA A FILMAGEM DOS EXERCÍCIOS Nesta etapa foi feita a seleção de profissional capacitado para as filmagens e edição da mídia. 3.5 SELEÇÃO DE IDOSOS PARA A FILMAGEM DOS EXERCÍCIOS Foram convidados seis idosos, cinco mulheres e um homem, fisicamente 29 independentes para as filmagens dos exercícios. Os idosos assinaram um termo de consentimento, concedendo direitos para veiculação das imagens. 3.6 EDIÇÃO DO MATERIAL E FORMATAÇÃO DO PRODUTO Nesta etapa as imagens foram editadas e adequadas para a apresentação e comercialização. Os exercícios foram editados em três DVDs, seguindo o seguinte roteiro: DVD1 – Exercícios para Equilíbrio Corporal - 60 exercícios com duração de 90 minutos DVD2 – Exercícios para Coordenação Motora - 39 exercícios com duração de 20 minutos DVD3 – Exercícios para Tempo de Reação Exercícios para Agilidade Corporal - 19 exercícios com duração de 15 minutos Em todos os DVDs o roteiro abaixo foi apresentado 1) Apresentação e objetivos da mídia. 2) Caracterização geral do processo de envelhecimento, alterações biológicas e influências na capacidade funcional. 3) Conceituação e caracterização das capacidades neuromotoras. 4) Apresentação dos blocos e exercícios para cada capacidade. 5) Materiais utilizados. Foram apresentados em detalhes os materiais utilizados nos exercícios. 6) Planejamento dos exercícios. Nessa sessão foram apresentadas dicas para o planejamento e organização dos exercícios neuromotores. Obs.: Os DVDs mostram detalhes de execução, variações com diferentes tipos de materiais e organização das atividades em exercícios individuais, em duplas e em grupos. 30 3.7 REGISTRO DO MATERIAL E CARTÓRIO Após a confecção, a mídia foi registrada em cartório para a documentação de direitos autorais. 31 3.8 APRESENTAÇÃO DOS DVDS DVD 1 – EQUILÍBRIO CORPORAL Tela – Menu Principal Tela - Menu Secundário 32 EXERCÍCIOS PARA EQUILÍBRIO CORPORAL Equilíbrio estático Objetivos dos exercícios: permanecer na posição estática nas mais variadas posições, com diferentes bases de apoio (posicionamento dos pés), diferentes posicionamentos dos braços e diferentes posições do tronco. Posição inicial- Em pé, pés paralelos, pernas afastadas, na largura dos ombros; mãos na cintura, postura ereta e olhar voltado à frente. Execução- Ficar parado sem se desequilibrar por tempo entre 10 a 30 segundos, de acordo com a condição do idoso. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: Os exercícios podem sofrer variações diminuindo a base de apoio dos pés: pés unidos, em posição semi-tandem, tandem, pontas dos pés, apoio dos calcanhares, apoio unipodal com variações do posicionamento da perna que perde o contato com o chão (joelho flexionado paralelo ao joelho da perna de apoio, joelho flexionado e com elevação próxima à altura do quadril, joelho estendido à frente, extensão do quadril com joelho flexionado e estendido e abdução do quadril com joelho estendido) entre outros. Posição dos braços: Ao longo do corpo, mãos na cintura, mãos na cabeça, braços acima da cabeça, braços à frente do corpo, braços para trás do corpo e braços abertos com as mãos na altura dos ombros, na altura da cabeça, acima da cabeça, entre outros. Uso de Materiais: os exercícios com variações dos braços podem também ser executados com objetos na mão com variações de peso e de tamanho (ex.: bola, halteres, bastões, arcos, entre outros). Outra variação é utilizando bases instáveis para as mesmas posições já apresentadas como colchonetes, mini trampolim, disco de borracha, plataforma em meia lua, meia bola, entre outros. 33 Estímulos sensoriais: todos esses exercícios podem ser executados potencializando o estímulo visual, ao serem executados com os olhos abertos e fechados, com óculos escuros, vendados e com perturbação visual (exemplo de um terminal de ônibus lotado e o idoso tendo que ler o letreiro do ônibus) e, a propriocepção, ao executar as tarefas descalço, com tênis, e em superfícies instáveis. Organização quanto à execução: esses exercícios podem ser executados individualmente, sem apoio, com apoio na parede, bastão ou barra, para aqueles com maiores dificuldades, como também em duplas, (frente a frente, de mãos dadas ou no ombro), ou em grupos (em círculo, fileira ou coluna). Tela - Exercícios de Equilíbrio Estático Várias combinações podem ser executadas nos exercícios de equilíbrio estático. As variações dos braços, com e sem material, podem ser combinadas com as mais diversas posições dos pés, com objetivo de aumentar o grau de dificuldade dos exercícios: quanto menor a superfície de apoio maior o grau de dificuldade. O tempo de execução de cada exercício deve variar entre 10 a 30 segundos, de acordo com a condição do idoso. 34 Tela - Exercícios de Equilíbrio Estático A complexidade da tarefa pode ser aumentada com a utilização de equipamentos que trazem maior instabilidade ao equilíbrio, exigindo do idoso maior esforço para a estabilização do seu corpo. 35 Tela - Exercício em Grupos Exercícios estáticos também podem ser realizados em duplas e grupos objetivando a interação, cooperação e melhor apoio nas tarefas complexas auxiliando os idosos com dificuldades de equilíbrio. Exercícios sentados para o equilíbrio estático Objetivos dos exercícios: permanecer na posição estática, sentado, com variações no posicionamento dos braços, tronco e pernas. Posição inicial- Sentado no centro da cadeira, pés apoiados no solo, mãos e braços à vontade. Execução- Elevar os joelhos, tirando os pés do chão, inclinar o tronco levemente para trás e manter o apoio do corpo sobre os ísquios. Parar neste ponto e sustentar o corpo na posição mantendo o equilíbrio por um tempo entre 10 a 30 segundos, de acordo com a condição do idoso. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes 36 variações: Os exercícios podem sofrer variações com pequenas inclinações do troco para frente e para trás: 1) Elevar os joelhos a uma altura mínima (tirar parte da coxa do acento), média (um pouco mais alto) e máxima (o mais próximo possível do peito); 2) Alternar as pernas: um joelho flexionado e outro estendido, uma perna subindo e a outra descendo e pernas afastadas (afastar, fechar e cruzar); 3) Maior intensidade: com os joelhos estendidos. Posição dos braços: Ao longo do corpo, mãos na cintura, mãos na cabeça, braços acima da cabeça, braços à frente do corpo e braços abertos com as mãos na altura dos ombros, entre outros. Uso de Materiais: Nesses exercícios o uso de materiais e atividades de manipulação depende da condição do idoso de realizar a tarefa. Normalmente só a variação da posição dos braços oferece por si só uma sobrecarga importante. Caso o idoso esteja apto, podem ser realizadas variações diversas com objetos na mão, como foi apresentado no Quadro 1. Estímulos sensoriais: todos esses exercícios podem ser executados potencializando os estímulos visual e proprioceptivo, ao serem executados com olhos abertos, fechados, com óculos escuros e com perturbação visual, e em superfícies instáveis (colchonetes e discos). Organização quanto à execução: esses exercícios podem ser executados individualmente, sem apoio, com apoio na parede ou barra, para aqueles com maiores dificuldades, como também em duplas, (frente a frente, lado a lado, de mãos dadas ou nos ombros), em grupos (em círculo, fileira ou coluna). 37 Tela - Exercícios na Cadeira Os exercícios na cadeira também podem ser realizados para trabalhar o controle postural. Sua complexidade pode ser aumentada utilizando variações dos membros superiores e inferiores. 38 Tela - Exercícios Complexos e Formas de Apoio-1 Tela - Exercícios Complexos e Formas de Apoio-2 39 Tela - Exercícios Complexos e Formas de Apoio-3 Nesta sessão a complexidade da tarefa deve ser aumentada de acordo com a condição do idoso, tanto nos exercícios de equilíbrio estático como no dinâmico. Diferentes formas de apoio devem ser utilizadas para oferecer segurança para pessoas com dificuldades em exercícios complexos. A presença do professor nesses exercícios é importante para conferir segurança e apoio necessário. Equilíbrio Dinâmico 1- Exercícios sem deslocamentos Objetivos dos exercícios: deslocar o corpo e centro de gravidade partindo da posição estática para a dinâmica em posturas e movimentos variados. (Frente, trás, laterais) Posição inicial- Em pé, pés paralelos, pernas em afastamento lateral, na largura dos ombros; mãos na cintura, postura ereta e olhar voltado para um ponto fixo à frente. 40 Execução- Inclinar o corpo para frente e para trás, até o limite máximo do ponto de equilíbrio, sem tirar um pé da posição. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: 1) Elevar o joelho direito até o peito, retornar lentamente a perna, voltando à posição inicial, sem tocar o chão, levar para trás até inclinar o corpo à frente chegando à posição de “aviãozinho”. Retornar lentamente até a posição inicial. (Se houver necessidade, utilizar um apoio). 2) Os exercícios podem sofrer variações diminuindo a base de apoio dos pés: pés unidos, semi-tandem, tandem, pontas dos pés, apoio dos calcanhares, apoio unipodal com variações do posicionamento da perna que perde o contato com o chão (joelho flexionado paralelo ao joelho da perna de apoio, joelho flexionado e com elevação próxima à altura do quadril). 3) Em pé, posição unipodal, mãos na cintura, postura ereta e olhar voltado à frente. Cones colocados na frente formando uma meia lua. Levar o pé à frente para tocar o cone com a ponta do pé em cada um dos cones, sempre com uma leve flexão do joelho da perna de apoio. . 4) Tocar a ponta do pé na frente e o calcanhar atrás do cone, 5) Tocar os cones com as mãos, alternando a cada descida. 6) Utilizar circuito para grupos. Posição dos braços: braços ao longo do corpo, mãos na cintura, mãos na cabeça, braços acima da cabeça braços à frente do corpo e braços abertos com as mãos na altura dos ombros. Uso de Materiais: os exercícios com variações dos braços podem também ser executados com objetos na mão com variações de peso (ex.: bola, halteres, bastões, arcos, entre outros). Outra variação é utilizando bases instáveis como 41 colchonetes, mini trampolim, disco de borracha, plataforma em meia lua, meia bola, entre outros. Estímulos sensoriais: todos esses exercícios podem ser executados potencializando o estímulo visual, ao serem executados com os olhos abertos e fechados, vendados, com a utilização de óculos escuros, com perturbação visual e, a propriocepção, ao executar as tarefas descalços, com tênis, e em superfícies instáveis. Organização quanto à execução: esses exercícios podem ser executados individualmente, sem apoio, com apoio na parede ou barra, para aqueles com maiores dificuldades como também em duplas, um de frente ao outro, com mãos dadas ou no ombro e, também em grupos na forma de círculo, fileiras ou colunas. 2- Exercícios com deslocamentos Objetivos dos exercícios: deslocar-se de diferentes formas sobre linhas (frente, costas, lateral), madeiras, traves e superfícies instáveis. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: 1) Caminhar sobre uma corda, colchonetes de várias alturas e densidades, uma trave, um banco sueco, transpondo obstáculos que exijam elevação do joelho. 2) Caminhar em linha reta, contornar um arco, continuar caminhando, dar um giro sobre o eixo e finalizar a caminhada. 3) Caminhar sobre uma linha, para frente até um ponto, retornar, deslocar para a direita e retornar. Fazer um giro no eixo e repetir a sequência. 4) Em duplas: caminhando sobre duas cordas paralelas, de mãos dadas, segurando uma bola um bastão ou outro objeto tanto de frente como de costas. 5) Diferentes formas de caminhar podem ser executadas: andar para frente, andar para trás, andar com as pontas dos pés, andar de lado e outras formas de acordo com a condição do idoso. 42 6) Utilizar circuito para grupos. Uso de Materiais: Carregar objetos, como bolas de borracha, bastões, arcos, no momento da execução das tarefas de deslocamento. Materiais como fitas adesivas coladas ao chão, madeiras com diferentes alturas, com comprimento de dois a três metros, com superfícies retas e abauladas, traves de equilíbrio, banco sueco, espumas e colchonetes podem ser utilizadas para os deslocamentos. Estímulos sensoriais: todos esses exercícios podem ser executados potencializando o funcionamento dos sistemas visual, proprioceptivo e somatossensorial, ao serem executados descalços, com tênis, em superfícies instáveis, com olhos fechados, usando óculos escuros e com giros leves. Organização quanto à execução: esses exercícios podem ser executados individualmente, sem apoio, com apoio na parede ou barra, para aqueles com maiores dificuldades como em duplas, em grupos na forma de círculo, fileiras ou colunas. Nas atividades em duplas, podem ser trabalhadas atividades com o idoso frente a frente com uma bola presa entre as testas dos dois participantes da dupla. Como variação pode ser executada com a bola presa no peito, entre as barrigas ou costas. 1- Exercícios em circuito Objetivos dos exercícios: deslocar-se de diferentes formas em diferentes tipos de organização e materiais. Executar de forma combinada exercícios de equilíbrio estático e dinâmico. Posição inicial- Parado no início da primeira tarefa do circuito. Execução- Realizar as tarefas em deslocamento e estáticas seguindo a seguinte sequência sem interrupção: a) Caminhar normalmente para frente sobre uma linha. 43 b) Caminhar transpondo obstáculos (cones deitados e enfileirados no chão) c) Parar sobre um arco e executar equilíbrio estático com apoio unipodal (20 segundos cada perna) d) Caminhar de costas sobre uma corda. e) Executar dois giros de 360º, um para a direita e outro para a esquerda sobre um mini trampolim ou colchonete espesso. f) Andar sobre uma ripa de madeira com altura de 1 cm e 2m de comprimento com os olhos fechados. OBS.: O idoso deve executar calmamente todas as tarefas. O objetivo não é a velocidade na execução. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: O uso de diferentes tipos de materiais e estímulos sensoriais que podem aumentar a complexidade das tarefas, como exemplos abaixo. Uso de Materiais: As atividades de deslocamento dos circuitos podem ser executadas em diferentes trajetórias (linha reta, linha curva, linha quebrada, ziquezague e outras). (Os deslocamentos podem ser feitos em bancos suecos, traves de equilíbrio, linhas no chão, superfícies instáveis como gramado, caixa de areia, colchonetes e trampolins). Todos esses deslocamentos podem ser executados com objetos nas mãos como bastões, bolas, halteres, arcos entre outros. Esses objetos também podem ser manipulados como quicar a bola, jogar para cima e pegar. Os exercícios de equilíbrio estático que compõem o circuito também devem apresentar variações quanto à postura e utilização de materiais, como os apresentados na sessão de equilíbrio estático. Estímulos sensoriais: todos esses exercícios, tanto os estáticos quando os dinâmicos podem ser realizados potencializando os estímulos visual, vestibular e proprioceptivo, ao serem executados com olhos abertos e fechados, com o uso de óculos, descalços, com calçados, com meias, em superfícies instáveis e giros. Organização quanto à execução: esses exercícios combinados podem ser 44 realizados também em duplas ou pequenos grupos, como transpor as atividades de mãos dadas. Tela - Exercícios em Deslocamentos Nos exercícios em deslocamento, superfícies diferentes poder ser utilizadas, como linhas desenhadas no chão, madeiras e cordas. Vários tipos de deslocamentos podem ser realizados como: para frente, para trás, para os lados, de costas; com a ponta dos pés e calcanhares. 45 Tela - Equilíbrio Recuperado Nesses exercícios forças externas são utilizadas para desestabilizar o idosos para que ele faça os ajustes posturais necessários para recuperar o seu equilíbrio de forma mais rápida e eficiente possível. OBS: O professor é o responsável por proporcionar os momentos de desestabilização do idoso. 46 Tela - Exercícios Combinados e em Circuito Os exercícios combinados são realizados mesclando exercícios para o equilíbrio estático e dinâmico, diferentes formas de deslocamentos, materiais variados e exercícios de deslocamentos com manipulação de materiais devem ser utilizados. 47 Tela - Estratégias para Manutenção do Equilíbrio Quando há perturbação do equilíbrio corporal no eixo ântero-posterior, três estratégias de movimento são utilizadas para recuperar a estabilidade. São elas: (1) movimento do tornozelo, que é o movimento centrado na articulação do tornozelo; (2) a estratégia do movimento do quadril, que é composto por movimento largo e rápido nas articulações do quadril e (3) quando estes dois movimentos não são suficientes, o indivíduo tenta recuperar o equilíbrio dando um passo à frente. Essas estratégias devem ser estimuladas nos exercícios propostos, sobretudo, nos que promovem a recuperação do equilíbrio. 48 Estímulos sensoriais Tela- Estímulos sensoriais Os três sistemas sensoriais responsáveis pela manutenção do equilíbrio devem ser estimulados nos exercícios: O visual: olhos abertos, fechados; utilização de óculos escuros e vendas nos olhos. O proprioceptivo: em superfícies instáveis, executando os exercícios com os pés descalços e calçados, o e vestibular: utilizando exercícios rotacionais. 49 DVD 2- EXERCÍCIOS PARA COORDENAÇÃO MOTORA Tela – Menu Principal Tela - Menu Principal 50 1- Coordenação motora geral (grossa) para membros inferiores Objetivos dos exercícios: coordenar movimentos em diferentes níveis de complexidade, utilizando os membros inferiores. Posição inicial- Em pé, de frente para uma escada de corda fixada no chão. Execução- Caminhar na escada, colocando um pé em cada quadrado da escada. Ir caminhando de frente e voltar de costas. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: Os exercícios podem sofrer variações como: a) Colocar os dois pés dentro do quadrado da escada (iniciando com o pé direito, um de cada vez) e depois para fora, repetir até chegar ao outro lado, retornar com o pé esquerdo; b) Saltar com os dois pés no centro do quadrado, em seguida sair (um pé de cada vez) repetir até chegar ao outro lado, inverter a entrada dos pés (saltar para fora e entrar com um pé de cada vez). c) Saltar com o pé direito dentro e os dois fora, com o pé esquerdo e os dois fora, segue até o final da escada; d) Na lateral, de lado e na ponta da escada, iniciar com a perna direita no quadrado, deslocar para a direita e sair da escada, entra-lado-trás. (Retorna com o outro pé); e) Pisar com o pé direito, elevar o joelho esquerdo e fazer um giro para o outro lado, passa para o degrau seguinte e troca de pé. Posição dos braços: A mais confortável para o executante. Uso de Materiais: A escada pode ser construída com outros materiais como cordas e barbantes, desenhada com giz ou fita adesiva. Outros materiais como arcos, cones e garrafas pet podem ser utilizados como variantes para a organização desses exercícios. 51 Estímulos sensoriais: O professor pode utilizar instrução verbal para a execução dos movimentos caso haja dificuldades. Por exemplo: “entra pé direito, entra pé esquerdo, sai pé direito, sai pé esquerdo...”. O idoso deve ser encorajado a realizar também esses movimentos sem olhar para os pés. Organização quanto à execução: Esses exercícios podem ser executados individualmente, sem apoio, com apoio na parede ou barra, para aqueles com maiores dificuldades como também em duplas, um de frente ao outro, de mãos dadas ou de lado ao outro com as mãos nos ombros. 52 Tela - Coordenação Motora para Membros Inferiores Esses exercícios exigem precisão e concentração do idoso nos movimentos de membros inferiores. Diversas combinações de passos podem ser realizadas como deslocamento para frente, para trás e para os lados. Esses exercícios poder ser executados também em duplas ou em pequenos grupos. A complexidade deve ser adotada de acordo com a condição do idoso ou sua evolução, variando os materiais e a combinação dos passos. 2- Coordenação motora geral (grossa) para membros superiores Objetivos dos exercícios: coordenar movimentos em diferentes níveis de complexidade, utilizando os membros superiores. Posição inicial- Em pé com uma bola na mão. Execução- Parado, utilizando as duas mãos, com movimentos giratórios, passar a bola ao redor da cabeça, tronco e pernas. Executar os movimentos para o lado direito e esquerdo. 53 A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: Exercícios Individuais a) Pernas afastadas, passar a bola por entre elas fazendo um oito; b) Lançar a bola para cima e pegá-la sem deixar cair no chão; c) Lançar a bola para cima com a mão direita e pegá-la com a mesma mão sem deixar cair; d) Lançar a bola para cima com a mão direita e pegá-la com a mão esquerda sem deixar cair; e) Lançar a bola para cima com a mão esquerda e pegá-la com a mesma mão sem deixar cair; f) Lançar a bola para cima com a mão esquerda e pegá-la com a mão direita sem deixar cair; g) Lançar a bola para cima, bater uma palma e pegá-la; h) Lançar a bola para cima, bater duas ou várias palmas e pegá-la; i) Passar a bola por trás de a cintura lança-la para cima, bater palma e pegá-la; j) Lançar a bola, bater palma atrás e na frente do tronco e pegá-la; k) Quicar a bola com as duas mãos, com a mão direita, com a mão esquerda e intercalando entre a mão direita e esquerda. l) De frente para uma parede, lançar a bola com as duas mãos contra a parede e pegar; m) De frente para uma parede, lançar a bola com a mão esquerda e pegar com a esquerda; lançar com a direita e pegar com a direita, intercalar as mãos, ou seja, lançar com a direita e pegar com a esquerda e vice-versa. Exercícios em duplas ou em pequenos grupos a) Em duplas, um de frente para ou outro, executar lançamentos com uma bola sem deixar cair no chão (lançar e receber com as duas mãos, lançar e receber com a direita, com a esquerda e intercalar as mãos); b) Em duplas, um de frente para ou outro, executar lançamentos com uma bola quicando uma vez no chão (lançar e receber com as duas mãos, lançar e receber com a direita, com a esquerda e intercalar as mãos); 54 c) Executar as mesmas atividades citadas nos itens a) e b) utilizando simultaneamente duas bolas; d) Executar os lançamentos citados nos itens acima em quatro pessoas ou grupos de seis a oito pessoas. Formar quatro duplas e que os integrantes devem estar de frente um ao outro em um círculo. Executar lançamentos entre as duplas simultaneamente. Obs.: Em todas essas atividades podem também haver variações quando a altura dos lançamentos (baixo, médio e alto) e velocidade do movimento (lenta, média e rápida). Uso de Materiais: os exercícios e as variações citadas acima podem ser realizados com diferentes materiais como bolas de diferentes pesos e tamanhos, pedaços de tecidos, arcos, bexigas com agua, tubos de PVC, colheres de pau, entre outros. Estímulos sensoriais: Alguns desses exercícios individuais podem ser executados também com olhos fechados. 55 Tela - Coordenação Motora para Membros Superiores Os exercícios de membros superiores permitem uma grande variação de movimentos como manipulação e lançamento de objetos e quicar a bola. Objetos de diferentes tamanhos, pesos e texturas devem ser utilizados para estimular a percepção dos idosos na tarefa e para aumentar o seu repertório motor. 56 Tela - Coordenação Motora para Membros Superiores em Duplas Exercícios de lançamentos e quicar a bola em dupla auxiliam na atenção e concentração e aumentam a complexidade da tarefa. Devem ser explorados lançamentos com a mão direita, mão esquerda e ambas as mãos simultaneamente. Como também devem ser exploradas diferentes trajetórias (altas, médias e baixas) e velocidades (lentas, médias e rápidas) A complexidade da tarefa deve ser aumentada com a utilização de dois objetos. 57 Tela - Coordenação Motora para Membros Superiores em Grupo Esses exercícios exigem ainda mais atenção, concentração e colaboração dos idosos, pois quanto maior o número de objetos envolvidos na atividade, maior a dificuldade. A perturbação visual provocada neste tio de exercício auxilia nas tarefas cotidianas mais desafiadoras como andar em transporte coletivo, atravessar a rua e andar em meio a multidões. 3- Coordenação multimembros Objetivos dos exercícios: coordenar movimentos em diferentes níveis de complexidade, utilizando os membros inferiores e superiores. Execução- As atividades de coordenação multimembros podem ser realizadas utilizando a junção das atividades descritas para membros inferiores e superiores. Como por exemplo, executar os movimentos com membros inferiores na escada de corda e realizar simultaneamente atividades de manipulação com materiais, como jogar bola pra cima e pegar, bater palmas e movimentar braços. As atividades de coordenação para membros superiores, tanto as individuais como em pequenos grupos podem ser realizadas com deslocamentos de formas variadas, como por exemplo, quicar a bola andando para frente, para trás e para os lados. 58 Tela - Coordenação Motora Multimembros-1 Tela - Coordenação Motora Multimembros-2 59 Essas atividades apresentam maior complexidade por trabalharem simultaneamente membros superiores e inferiores. Todos os exercícios já apresentados podem ser combinados, permitindo uma ampla variação destas atividades. 4- Coordenação motora fina Objetivos dos exercícios: melhorar a habilidade na realização das tarefas do dia a dia que exigem coordenação motora fina. Posição inicial- Sentado em uma cadeira à frente de uma mesa com três latinhas de refrigerante enfileiradas em sua superfície. Execução- O idoso deverá virar as latas de ponta cabeça, uma de cada vez, ora utilizando a mão direita, ora a esquerda. Tela - Coordenação Motora Fina 60 Exercícios diversos para destreza manual como encaixes, traçados, dobraduras, pinça e sobreposição. Podem auxiliar a manter ou melhorar as atividades manuais utilizadas no cotidiano como as tarefas utilizadas na higiene pessoal, alimentação, em trabalhos manuais e atividades intelectuais. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: 1) Colocar feijões de um prato no outro com as mãos ou com pinça; 2) Abrir e fechar uma garrafa pet pequena com uma das mãos; 3) Virar e desvirar cartas sobre a mesa; 4) Misturar diferentes grãos de cereais, como milho e feijão para o idoso separá-los; 5) Fazer trabalhos de dobraduras; 6) Atividades de artesanato como pintura e bordados; 7) Montar quebra-cabeça; 8) Simular a realização de atividades diárias como colocar água no copo, pegar grão de cereais com colher e garfos, entre outros. Uso de Materiais: os exercícios podem aumentar o grau de complexidade com pinça, hashi, objeto para pegar de formas e tamanhos diferentes e locais de transferência dos objetos de tamanhos diferentes como copos, jarras, garrafas com boca pequena, média e grande. Estímulos sensoriais: todos esses exercícios podem ser executados potencializando os estímulos visual e auditivo com execução de olhos fechados ou vendados e com perturbação visual e comando de voz. Organização quanto à execução: esses exercícios devem ser executados individualmente sem preocupação com o tempo para uma melhor execução possível. Após algumas tentativas tentar reproduzir o mais rápido possível. 61 DVD 3- EXERCÍCIOS PARA TEMPO DE REAÇÃO E AGILIDADE CORPORAL Tela - Menu Principal Tela - Menu Secundário 62 1- Tempo de reação simples Objetivos dos exercícios: reagir rapidamente com um movimento a um estímulo que pode ser sonoro, visual ou tátil. Posição inicial- Em pé com os braços ao lado do corpo. Execução- Ao apito acionado pelo professor colocar as mãos na cabeça o mais rápido possível. Variações- Essa atividade pode ter diversas variações como reagir ao sinal com movimentos diferentes (bater palmas, colocar mãos no ombro, nos joelhos, bater pé no chão, entre outros). Os estímulos podem ser também variados: estímulo visual (professor fazer um sinal com as mãos, acender uma luz) e tátil, ou seja, reagir com um dos movimentos citados, quando alguém tocar uma parte do corpo do idoso (costas, cabeça, ombros, entre outros). Posição inicial- Em pé com uma colher de pau na mão direita. Execução- Elevar a mão direita com a colher e, ao apito realizado pelo professor, o idoso deverá soltar a colher e pegar com a mão esquerda. Variações- Elevar a mão esquerda com a colher e pegar com a direita, segurar a colher com a mão direita, soltar e pegar com a mesma mão e repetir com a esquerda. Com as duas mãos e ao apito do professor, soltar e pegar com as duas mãos antes que caia no chão. Em duplas um de frente para o outro, um dos integrantes segura a colher com uma das mãos e o outro com as mãos ao lado do corpo ou nas costas. No apito do professor, o integrante deverá soltar a colher e o que está a sua frente deverá reagir rapidamente e pegá-la com ambas as mãos antes que caia no chão. Variações podem ocorrer no momento de pegar a colher como pegar com a mão direita e esquerda. Podem ser utilizadas também duas colheres: um dos idosos deve levantar as duas mãos, uma colher de pau em cada mão e ao apito deverá soltar as duas simultaneamente para que o integrante que está a sua frente às pegue uma com cada mão antes que caiam no chão. Ainda em duplas, um de frente para o outro, cada idoso deverá segurar uma colher com a mão direita e elevá-la acima da cabeça. Ao apito do professor ambos deverão soltar a sua colher simultaneamente e pegar a colher do outro com a mão esquerda. Quanto aos materiais, além da colher de pau, pode ser utilizadas bolas, bastões, bolas de 63 papel e canetas. A complexidade da tarefa pode ser aumentada conforme variação do posicionamento inicial das mãos (mãos na cabeça, nos ombros, costas, ao lado do corpo e outros). Essas atividades podem ser realizadas também com o estímulo visual e tátil. Tela - Tempo de Reação Simples Nessas atividades os idosos devem reagir o mais rapidamente possível a um estímulo com um movimento predeterminado pelo professor. 2- Tempo de reação de escolha Objetivos dos exercícios: reagir rapidamente em diferentes opções de movimento a um estímulo que pode ser sonoro, visual ou tátil. Posição inicial- Em pé com os braços ao lado do corpo. Execução- O professor deverá utilizar dois tipos de sons. No som A, os idosos deverão colocar o mais rápido possível as mãos na cabeça e no som B bater palmas. 64 Variações- Essa atividade pode ter diversas variações, como reagir ao sinal com movimentos diferentes (bater palmas, colocar mãos no ombro nos joelhos, bater pé no chão, entre outros). Os estímulos podem ser também variados: estímulo visual (professor fazer dois tipos de sinais ou mostrar cartelas de cores diferentes, como por exemplo, ao mostrar a cartela azul, os idosos deverão bater os pés e ao mostrar a cartela vermelha deverão executar um saltito) e, com o estímulo tátil como tocar o indivíduo com dois ou mais tipos te toques, ou seja, ombro direto e elevar braço direito, tocar no ombro esquerdo e elevar o ombro esquerdo, tocar ombro direito e elevar o braço esquerdo e vice-versa, tocar nos dois ombros e elevar os dois braços entre outros. Posição inicial- Em pé com uma colher de pau na mão direita. Execução- O professor deverá utilizar dois tipos de sons. Em duplas um de frente para o outro, um dos integrantes segura a colher com uma das mãos e o outro com as mãos ao lado do corpo ou nas costas. Se o professor emitir o som A, o idoso com a colher de pau deve soltá-la e o outro pegá-la com a mão direita, mas se for o som B pegar com a mão esquerda. Variações- Podem também ser utilizados duas colheres e um dos idosos deve segurá-las acima da cabeça uma em cada mão. Ao som A o idoso que está segurando a colher deve soltar a colher da mão direita e o idoso que está a sua frente deverá pega-la com a mão direita e, se o som emitido for o B, tudo deve ser realizado com as mãos esquerdas. Quanto aos materiais, além da colher de pau, pode ser utilizadas bolas, bastões, bolas de papel e canetas. A complexidade da tarefa pode ser aumentada conforme variação do posicionamento inicial das mãos (mãos na cabeça, nos ombros, costas, ao lado do corpo e outros). Essas atividades podem ser realizadas também com o estímulo e visual. 65 Tela - Tempo de Reação de Escolha Nesses exercícios os idosos são levados a reagir rapidamente com no mínimo dois tipos de movimentos pré-determinados. Como por exemplo, 1 apito uma palma, 2 apitos mãos na cabeça. Tela - Estimulação dos Sistemas Sensoriais 66 Tela - Menu Principal Tela - Menu Secundário 67 1- Exercícios com deslocamentos para frente e para trás e diagonal. Objetivos dos exercícios: deslocar-se o mais rápido possível em diversas direções alternando o posicionamento do centro de gravidade do corpo. Exercícios de agilidade corporal. Posição inicial- Em pé de frente para uma fileira de cones alinhados em linha reta. Execução- Contornar os cones, o mais rápido possível e retornar de costas em linha reta. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: 1) Contornar os cones (um com chapéu outro sem) ao passar pelo cone com chapéu pegá-lo e colocá-lo na cabeça, passando pelo seguinte, colocá-lo no cone e assim sucessivamente; 2) Correr de frente tocar no primeiro cone, retornar de costas à PI, correr até o segundo e retornar de costas, correr até o terceiro e retornar de costas até finalizar os cones; 3) Repetir a sequência anterior e acrescentar uma cadeira no local da posição inicial; 4) Repetir a sequência anterior lançando a bola para o alto e voltando de costas; 5) Correr de frente na diagonal, deslocar-se de lado em linha reta. Repetir até finalizar os cones; 6) Repetir a sequência anterior lançando a bola para o alto e voltando de costas. Obs.: esses exercícios devem ser realizados individualmente e não em forma de disputa para evitar acidentes. Posição inicial- Em pé de frente para uma fileira de cones, duas bolas e um gol com dois arcos. 68 Execução- Correr entre os cones em zigue-zague, lançar a bola no centro dos arcos com uma ou duas mãos e retornar correndo entre os cones em zigue-zague. A complexidade do exercício pode ser aumentada apresentando as seguintes variações: 1) Sentado correr de frente até o primeiro cone, tocá-lo, voltar de costas, sentar, correr até o segundo cone, tocá-lo e retornar à cadeira e assim sucessivamente até o fim dos cones. 2) Sentado numa cadeira em frente a cinco arcos dispostos paralelamente no solo, todos com um cone dentro. Levantar, correr até o primeiro pegar o cone e colocá-lo no segundo, o do segundo, no terceiro até chegar ao último arco; 3) Mesma posição inicial. Levantar correr em direção ao primeiro arco, dar uma volta no primeiro arco, no segundo, no terceiro até o último. Retornar de costas. 4) Em pé em frente a uma escada de tecido ou desenhado no chão, entrar na escada e sair alternando os pés até chegar ao final, retornar trotando. Uso de Materiais: utilizar materiais como bola, bastões, arcos, escada, etc. Obs.: esses exercícios devem ser realizados individualmente e não em forma de disputa para evitar acidentes. 69 Tela - Exercícios de Agilidade Corporal Os exercícios de agilidade devem ser organizados para que o idoso se desloque o mais rapidamente possível, em diversas direções, alternando para cima e para baixo o centro de gravidade. Os exercícios podem ser realizados em ziguezague, curvas, para frente, para trás, abaixar e levantar. As atividades que exigem precisão e que possam tornar o exercício mais lento não devem ser utilizadas. 70 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Consideramos que o material produzido poderá auxiliar profissionais de educação física a prescreverem exercícios neuromotores para idosos em seus programas de exercícios físicos. O material não teve como objetivo esgotar as possibilidades de exercícios para esse fim e sim apresentar propostas para que o profissional possa criar considerando a sua estrutura física, equipamentos e materiais. Este material será divulgado também junto aos cursos de pós-graduação e eventos da área de educação física. 71 REFERÊNCIAS 1. American college of sports medicine. Exercise and physical activity for older adults: Guidance for Prescribing Exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise. Official Journal of the American College of Sports Medicine. 2009;1510–1530. 2. Santarém JM. Exercícios resistidos no condicionamento cardiovascular [texto na internet]. São Paulo: CECAFI; c2007 [citado 2007 Jun 23]. Disponível em:http://www.saudetotal.com/cecafi/texto_condicionamentocardiovascular.as p. Acessado em 02 de Jan. 2015. 3. Mayer F, Rosenberger FS, Carlsohn A, Cassel M, Muller S, Scharhag J. The intensity and effects of strength training in the elderly. Dtsch Arztebl Int 2011;108(21):359-64 4. Peterson MD, Rhea MR, Sen A, Gordon PM. Resistance Exercise for Muscular Strength in Older Adults: A Meta-Analysis. Ageing Research Reviews. 2010;9(3)226- 237. 5. Diest MV, Lamoth CJC, Stegenga J, Verkerke GJ, Postema K, Exergames for balance training of elderly: state of the art and future, developments. Jounal of Neuroengineering and Reabhilitation. 2013;10(101). 6. Song QH, Zhang QH, Xu RM, Ma M, Zhao XP, Shen GQ, et al. Effect of Taichi exercise on lower limb muscle strength, bone mineral density and balance function of elderly women. International Journal of Clinical and Experimental Medicine. 2014;7(6)1569-1576. 7. Oliveira MR, Silva R, Dascal J, Teixeira DC. Effect of different types of exercise on postural balance in elderly women: A randomized controlled trial. Archives of Gerontology and Geriatrics. 2014;59(3):506-514. 8. American college of sports medicine. Quantity and Quality of Exercise for Developing and Maintaining Cardiorespiratory, Musculoskeletal, and Neuromotor Fitness in Apparently Healthy Adults: Guidance for Prescribing Exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise. Official Journal of the American College of Sports Medicine. 2011;1334–1359 9. Kuptniratsaikul V, Praditsuwan R, Assantachai P, Ploypetch T, Udompunturak S, Pooliam J. Effectiveness of simple balancing training program in elderly patients with history of frequent falls. Clin Interv in Aging. 2011;(6):111-117. 10. Tinetti EM, Kumar C. The patient who falls: “It’s always a trade-off”. JAMA. 2010;303(3):258-266. 72 11. Berry SD, Miller RR. Falls: epidemiology, pathophysiology, and realtionship to fracture. Curr Osteoporos Rep. 2008;6:149-154. 12. Suzuki T, Kim H, Yoshida H, Ishizaki T. Randomized controlled trial of exercise intervention for the prevention of falls in community-dwelling elderly Japanese women. Journal Bone Miner Metab. 2004;22:602-611. 13. Sherrington C, Whitney JC, Lord SR, Herbert RD, Cumming RG Close JCT. Effective exercise for the prevention of falls: A systematc review and metaanalysis. 2008;56(12):2234-2243. 14. Papaléo Netto M. Urgências em geriatria: epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico e controle terapêutico. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Atheneu, 2001. 15. Papaléo Netto M. O estudo da velhice: histórico, definição do campo e termos básicos. In: Freitas EV(ed.), Ligia PY(ed.). Tratado de geriatria e gerontologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006;2-12. 16. Shephard RJ. Envelhecimento, Atividade Física e Saúde. Tradução de Maria Aparecida da Silva Pereira. São Paulo: Phorte, 2003. 17. Spirduso WW. Dimensões físicas do envelhecimento. São Paulo: Editora Manole, 2005. 18. Farinatti PTV. Envelhecimento: promoção da saúde e exercício. Barueri: Manole, 2008. 19. LOOK AHEAD RESEARCH GROUP. Cardiovascular effects of intensive lifestyle intervention in type 2 diabetes. N Engl J Med. 2013 July 11; 369(2): 145-154. 20. LOOK AHEAD RESEARCH GROUP. Long term effects of a lifestyle intervention on weight and cardiovascular risk factors in individuals with type 2 diabetes: four year results of the look ahead trial. Arch intern Med. Sep 27, 2010/ 170(17): 1566-1575. 21. Hirsch CH, Diehr P, Newman AB, Gerrior SA, Pratt C, Lebowitz MD, Jackson SA. Physical activity and years of healthy life in older adults: results from the cardiovascular health study. J Aging Phys Act. 2010;18(3):313-334. 22. Breen PP, Nene AV, Grace PA, Olaighin G. Fine-Wire electromyography response to neuromuscular electrical stimulation in the tríceps surae. Neural Systems and Rehabilitation Engineering, IEEE Transactions on. 2014;pp(99):1 23. Hickey BA, Morgan A, Pugh N, Perera A. The effect of lower limb cast immobilization on calf muscle pump function: a simple strategy of exercises can maintain flow. Foot Angkle Int. 2014;35(5):429-433. 73 24. Gravelle BMR, Murias JM, Spencer MD, Paterson DH, Kowalchuk JM. Adjustments of pulmonary O2 uptake and muscle deoxygenation during ramp incremental exercise and constant-load moderate-intensity exercise in young and older adults. J Appl Physiol. 2012;113:1466-1475. 25. McArdle, WD, Katch FI, Katch VL. Fisiologia do Exercício. energia, nutrição e desempenho humano ed. 5. São Paulo: Guanabara Koogan, 2003. 26. Guedes DP, Guedes ERP. Manual Prático para Avaliação em Educação Física. 1. ed. Barueri – SP: Manole, 2006. 27. Drachman DA. Aging and the brain: a new frontier. Ann Neurol. 1997;42(6):819-828. 28. Cançado FAX, Horta ML. Envelhecimento cerebral. In: Freitas EV(ed.), Ligia PY(ed.). Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011;3:112-127. 29. Palacios J. Mudança e desenvolvimento durante a idade adulta e a velhice. In: COLL, C. (org.); MARCHESI, A. (org.); PALACIOS, J. (org.). Desenvolvimento Psicológico e Educação Psicologia Evolutiva: Vol.1, 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 30. Silvestone JM. Neurologic changes with age. In. BOUGIE, J.D.; MORGENTHAL, A.P. (Eds.). The aging body: conservative management of common neuromusculoskeletal concitions. New York: McGraw-Hill., 2001, p.17-34. 31. Morgenthal AP, Shephard RJ. Physiological aspects of aging. In: JONES, C.J.; ROSE, D.J. (Orgs.) Physical activity instruction of older adults. Champaign: Human Kinetics, 2005, cap. 4, p.37-53. 32. Gonzales MNM, Zareparsi S, Camicioli R, A Dame, Howieson D, Quinn J, et al. Predictors of healthy brain aging. Journal of Gerontology: Biological Sciences. 2001;56(7):B294-301. 33. Souza AAF, Wechsler SM. Inteligência e criatividade na maturidade e velhice. Psicologia: Reflexão e crítica. 2013;26(4):643-653. 34. Neri, A. L. Envelhecimento cognitivo. In: FREITAS, Elizabete Viana de (ed.); PY, Ligia (ed.). Tratado de geriatria e gerontologia. 3 ed. . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011, p 1461 – 1476. 35. Yassuda MS, Abreu VPS. Avaliação cognitiva do idoso. In: FREITAS, E. V. (ed.); PY, Ligia (ed.). Tratado de geriatria e gerontologia. 3 ed. . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011, p. 1486 – 1494. 36. Etnier JL, Berry M. Fluid intelligence in an older COPD sample after short- or long-term exercise. Medicine and Science in sports and Exercise. 2001;33:1620-1628. 74 37. Morgenthal AP, The age-related challenges of posture and balance. In: BOUGIE, J.D.; Morgenthal, AP (Orgs.). The aging body: conservative management of common neuromusculoskeletal conditions. New York: McGraw-Hill, 2001, p.45-68. 38. Fuller MKP. C. Cognitive aging and auditory information processing. International journal of audiology. 2003;42(2):S26-S32. 39. Neri AL. Palavras-chave em gerontologia. Campinas: Alínea, 2001. 40. Mazo GZ, Cardoso FL, Aguiar DL. Programa de hidroginástica para idosos: motivação, auto-estima e auto-imagem. Santa Catarina: Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. 2006;2(8). 41. Peterson MD et al. Resistance Exercise for Muscular Strength in Older Adults: A Meta-Analysis. Ageing Research Reviews. 2010;9(3):226–237. 42. Peterson MD, Sen A, Gordon PM. Influence of Resistance Exercise on Lean Body Mass in Aging Adults: A Meta-Analysis. Medicine & Science in Sports & Exercise, 2011;43(2):249-258. 43. Miller DI, Taler V, Davidson PSR, Messier C. Measuring the impact of exercise on cognitive aging: methodological issues. Neurobiology of aging. 2012;33(3):622e.29 – 622.e43. 44. Ueno DT, Gobbi S, Teixeira CVL, Sebastião E, Prado AKG, Costa JLR, Gobbi LTB. Efeitos de três modalidades de atividade física na capacidade funcional de idosos. Rev. bras. educ. fís. esporte, São Paulo. 2012;26(2):273-281. 45. Lima AP, Jesus GB, Cardoso FB, Silva IL, Beresford H. Uma avaliação da eficácia de um programa neuromotor de exercícios físicos para idosos. Brazilian Journal of Biomotricity. 2011;5(1):26-33. 46. Piccoli JCJ, Quevedo DM, Santos GA, Ferrareze ME, Gluher A. Coordenação global, equilíbrio, índice de massa corporal e nível de atividade física: um estudo correlacional em idosos de Ivoti, RS, Brasil. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro. 2012;15(2). 47. Magill RA. Motor learning: concepts and applications. 7.ed. New York: McGraw-Hill, 2004. 48. Schimidt RA, Wrisberg CA. Aprendizagem e Performance Motora: Uma abordagem da aprendizagem baseada na situação. 4 ed. Poto Alegre: Artmed, 2010. 49. Shumway-Cook A, Woollcott M. Controle motor: teoria e aplicações práticas. 3 ed. Barueri: Manole, 2010. 75 50. Catania AC. Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognição. 4.ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 51. Haywood DM, Getcheel N.Desenvolvimento motor ao longo da vida. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 52. Matsudo SM, Matsudo VKR, Barros Neto TL Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo. 2001;7(1)2-12. 53. Gallahue DL, Donnelly FC. Educação física desenvolvimentista para todas as crianças. 4 ed. São Paulo: Phorte, 2008. 723p. 54. Eckert HM, Desenvolvimento motor. Tradução Maria Eduarda Fellows Garcia. 3 ed. São Paulo: Manole, 1993. 55. Gallahue DL, Ozmun JC. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3ªed. São Paulo: Phorte, 2005. 56. Schmidt RA, Wrisberg CA. Aprendizagem e Performance Motora: Uma abordagem da aprendizagem baseada na situação. 4 ed. Poto Alegre: Artmed, 2010. 57. Ferreira L, Gobbi S. Agilidade geral e agilidade de membros superiores em mulheres de terceira idade treinadas e não treinadas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho humano. 2003;5(1):46-53. 58. Barbanti VJ. Dicionário de Educação Física e do Esporte. São Paulo: Editora Manole Ltda, 1994. 59. Santos, AA. biomecânica da coordenação motora. São Paulo: Summus, 2002. 60. Coker CA. Motor learning & control for practioners. 2.ed. Scottsdale: Holcomb Hathaway, Publichers, Inc., 2009. 76 APÊNDICE A – Artigo Científico COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO FUNCIONAL DE MULHERES IDOSAS COM ALTA E BAIXA PREOCUPAÇÃO EM CAIR COMPARISON OF FUNCTIONAL PERFORMANCE OLDER WOMEN WITH HIGH AND LOW CONCERN IN FALL RESUMO Introdução: O medo de cair é um sentimento que está presente em grande parte da população idosa feminina e está relacionado à restrição das atividades cotidianas e percepção de baixa eficácia física. Objetivo: Comparar o desempenho em variáveis de aptidão funcional de mulheres idosas fisicamente independentes que possuem baixa e alta preocupação em cair. Métodos: Participaram do estudo 75 mulheres idosas, 69 (±5,2) anos, com estado mental normal, inscritas em um programa de exercícios físicos. A amostra foi dividida em dois grupos de acordo com o resultado do Falls Efficacy Scale - International (FES-I-BRASIL): 35 idosas com baixa preocupação em cair (G-BA) e 40 idosas com alta preocupação em cair (G-AL). Os dados foram coletados mediante a) o questionário com informações sociodemográficas, b) IMC e c) a avaliação da aptidão funcional pelos testes “sentar e levantar da cadeira em 30 segundos” (SLEV), de “mobilidade funcional” (TUG), de “agilidade e equilíbrio dinâmico da AAHPERD’ (AGI) e “teste de caminhada de seis minutos” (TC6). As variáveis foram comparadas entre os dois grupos pelos testes t de Student e Mann-Whitney de acordo com a normalidade dos dados. O índice de significância foi de 5%. Resultados: Os grupos G-BA e G-AL apresentaram características semelhantes nas variáveis idade, IMC e MINIMENTAL e o G-AL 77 apresentou pior desempenho funcional nas variáveis AGI e TC6, com exceção do TUG e SLEV em que ambos os grupos obtiveram resultados semelhantes. Conclusão: A alta preocupação com quedas das mulheres idosas investigadas está relacionada ao pior desempenho nas variáveis de aptidão funcional mais desafiadoras. Palavras-chave: envelhecimento, idosos, atividades diárias. ABSTRACT Introduction: the fear of falling is a feeling that is present in much of the female elderly population and is related to the restriction of everyday activities and perception of low effectiveness. Objective: to compare the performance in functional fitness variables of physically independent elderly women who have low and high concern in fall. Methods: participated in the study, 75 elderly women 69 (± 5.2) years, with normal mental state, entered into a project of physical exercise. The sample was divided into two groups according to the result of the Falls Efficacy Scale-International (FES-I-BRAZIL): 35 elderly with low concern in falling (G-BA) and older 40 with high concern in falling (G-AL). The data were collected through the questionnaire with demographic information), b) BMI and c) functional fitness evaluation by tests "sit to stand chair in 30 seconds" (STS), "timed up and go" (TUG), of "agility and dynamic equilibrium of AAHPERD ' (AGI) and" six-minute walk test (6mwt). " The variables between the two groups were compared by Student's t-test and Mann-Whitney according to the normality of the data. The index of significance was level set at 5%. Results: groups G-BA and G-AL presented similar characteristics in the variables age, BMI and STUDIED with exception of concern to fall, and the G-AL presented worse functional performance on the 6mwt, AGI and 78 variables with the exception of the TUG and STS in that both groups have obtained similar results. Conclusion: high concern with falls of elderly women investigated is related to the worst performance in the most challenging functional fitness variables. Keywords: Aging, elderly, daily activities. INTRODUÇÃO Os agravos à saúde do idoso estão relacionados aos aspectos biológicos que se modificam com o passar do tempo. Essas alterações irão culminar em perdas na condição física e funcional do indivíduo idoso como diminuição da aptidão cardiorrespiratória1, força e resistência muscular1,2, flexibilidade3 e habilidades motoras com consequências negativas na realização das tarefas do cotidiano 4,5. Aproximadamente 75% dos idosos são fisicamente independentes e realizam suas atividades cotidianas normalmente, mas apresentam baixa aptidão física e funcional, o que os colocam mais vulneráveis a contrair doenças e agravos que levem à fragilidade física e a consequente dependência6. Essas alterações trazem consequências negativas à capacidade funcional do indivíduo idoso, como o aumento da vulnerabilidade às quedas causadas pelos estados de fragilidade7. As quedas são consideradas uma das maiores ameaças à saúde e qualidade de vida do idoso, por terem forte associação com as morbidades, incapacidades e mortalidade. Trinta por cento dos idosos com mais de 65 anos de idade caem pelo menos uma vez ao ano8. Aproximadamente 30% das quedas resultam em uma lesão que requer atenção médica e aproximadamente 10% resultam em fratura 9. Além das quedas, o medo de cair traz impactos negativos à saúde e qualidade de vida do idoso. O medo de cair, não é um sentimento somente de quem já caiu e é considerado um fator de risco determinante para que as quedas realmente venham 79 a acontecer. Geralmente, esse sentimento acarreta alterações físicas, psicológicas e sociais importantes no idoso fisicamente independente, como a restrição na realização das atividades motoras, perda da autonomia, diminuição nas atividades sociais, sentimento de fragilidade e insegurança10. Como já relatado, o medo de cair pode representar um importante impacto negativo na funcionalidade física e saúde psicológica do idoso. Nesse sentido, investigar esse contexto é de extrema relevância, principalmente porque ainda se sabe pouco sobre os fatores relacionados ao sentimento de medo de cair em idosos brasileiros. Grande parte dos estudos publicados investigaram idosos americanos e europeus e, segundo levantamento bibliográfico realizado, nenhum estudo com essas características foi desenvolvido com idosos brasileiros. Como o medo de quedas envolve um construto complexo em que fazem partes variáveis biológicas, psicológicas, ambientais e socioculturais é extremamente relevante investigar esse contexto que envolve o medo de cair e a aptidão funcional de idosos com características educacionais, culturais e socioeconômicas diferentes dos idosos que residem em países desenvolvidos. Desta forma, o conhecimento mais aprofundado do contexto que envolve o medo de cair e da funcionalidade física dos idosos poderá contribuir para a implementação de intervenções mais específicas para diminuir o medo de quedas nessa população. Com base nas considerações apresentadas, este estudo teve como objetivo comparar o desempenho em variáveis de aptidão funcional de mulheres idosas fisicamente independentes que possuem baixa e alta preocupação em cair. 80 MÉTODOS Participantes O método utilizado foi uma pesquisa descritiva com delineamento transversal, que contou com a participação de 75 mulheres idosas, 69 (±5,2) anos, fisicamente independentes, com estado mental normal, inscritas para participarem de um programa de exercícios físicos. Os critérios de inclusão foram: mulheres idosas com idade mínima de 60 anos, fisicamente independentes, sem participação em programas de exercícios físicos com supervisão nos últimos seis meses, estado cognitivo normal avaliado pelo Mini-Exame do Estado Mental (17 pontos para indivíduos escolarizados e 24 pontos para escolarizados)11 e ausência de condições patológicas que poderiam dificultar a realização das avaliações, como doenças cardíacas não controladas, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças musculoesqueléticas. As participantes foram separadas em dois grupos de acordo com o resultado do Falls Efficacy Scale-International (FES-I-BRASIL)12. O questionário avalia o medo de cair em 16 atividades diárias distintas, cujos valores variam de 16 pontos para os indivíduos sem qualquer preocupação em cair a 64 pontos para indivíduos com preocupação extrema. A pontuação entre 16 a 22 pontos indica baixa preocupação com as quedas e acima de 23 pontos alta preocupação com as quedas. Sendo assim, 35 idosas foram classificadas como tendo baixa preocupação em cair (G-BA) e 40 idosas com alta preocupação em cair (G-AL). O perfil da amostra é apresentado na Tabela 1. TABELA 1 81 O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos (parecer 036/2012). Os dados só foram coletados após todas as participantes terem sido informadas sobre a proposta do estudo e procedimentos aos quais seriam submetidas e, após terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido. Instrumentos Os dados referentes às variáveis antropométricas e de aptidão funcional foram mensuradas pelas seguintes avaliações: Índice de Massa corporal (IMC): A massa corporal foi mensurada em uma balança de plataforma digital da marca Filizola, modelo PL-200, com precisão de 0,1 kg e a estatura por um estadiômetro com precisão de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos apresentados por Gordon, Chumlea e Roche13. O índice de massa corpórea (IMC) foi determinado pelo quociente massa corporal (kg) / estatura (m)2. Força de membros inferiores: Foi avaliada pelo teste de Sentar-e-levantar da cadeira (SELEV)14, que tem por objetivo avaliar a capacidade do indivíduo idoso de sentar e levantar da cadeira o mais rápido possível. Foi utilizada uma cadeira sem apoio lateral com altura de 43 centímetros e um cronômetro. Por razões de segurança, a cadeira foi apoiada à parede para impedir que se movesse durante o teste. O teste começou com o avaliado sentado no meio da cadeira, com as costas retas e os pés apoiados no chão e os braços cruzados contra o tórax. Ao sinal “atenção já!” o avaliado se levanta ficando totalmente em pé e então retorna a uma posição completamente sentada. O avaliado foi encorajado a sentar-se e levantar-se 82 completamente o maior número possível de vezes em 30 segundos. Após duas a três repetições do movimento completo para a familiarização, o teste foi realizado uma única vez. Capacidade funcional de exercício: Foi avaliada pelo Teste de caminhada de 6 minutos (TC6)15, que tem como objetivo avaliar a máxima distância que uma pessoa consegue percorrer em uma superfície plana e dura em um período de seis minutos. O avaliado tem que controlar a velocidade de caminhada determinando a intensidade de exercício que realiza o teste. O trajeto do percurso utilizado foi linear, com 30 metros de comprimento, delimitado por dois cones e demarcado no chão de dois em dois metros. Os sujeitos foram orientados a percorrer a maior distância possível no período do teste sem correr, apenas andando rápido. Frases de incentivo padronizadas foram administradas a cada minuto em conjunto com informação sobre o tempo restante para completar o teste. A distância percorrida foi anotada a cada minuto para analisar a velocidade de caminhada durante o teste. Cada indivíduo realizou o teste duas vezes com intervalo mínimo de 30 minutos e o melhor resultado foi utilizado. Mobilidade funcional: foi mensurada pelo Timed Up and Go Test (TUG)16, que avalia a capacidade do idosos de levantar-se de uma cadeira, sem ajuda dos braços, andar a uma distância de três metros, dar a volta e retornar. Os equipamentos necessários são uma cadeira sem apoio lateral com altura de 46 centímetros e um cronômetro. O avaliado iniciou o teste sentado na cadeira com os braços ao longo do corpo e, ao sinal do avaliador “atenção já!”, levantou-se, sem o apoio de braços, caminhou três metros com velocidade normal, girou 180º e 83 retornou, sentando-se novamente na cadeira. Duas tentativas foram realizadas, sendo considerada como resultado a melhor tentativa. Agilidade Corporal: foi avaliada pelo Teste de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico da AAHPERD (AGIL)17, que tem como objetivo mensurar o deslocamento o mais rápido possível entre uma cadeira e dois cones posicionados a 1,50 metros para trás e 1,80 metros para os lados tendo como referência o centro da cadeira. O participante iniciou o teste sentado na cadeira, com os pés apoiados no solo e, ao sinal de “atenção já”, o mesmo moveu-se para a direita e girando em volta do cone, retornando para a mesma, sentando-se; imediatamente levantou-se e moveu-se para a esquerda, circundando o segundo cone, retornando para a cadeira e sentando-se novamente. O trajeto foi realizado duas vezes consecutivas. Foram realizadas duas tentativas com intervalo de dois minutos e o melhor tempo foi anotado em segundos como o resultado final. Avaliação do Estado Mental: O estado mental será avaliado pelo Mini Exame do Estado Mental – “Minimental”, criado por Folstein e colaboradores (1975)30 e adaptado para a população brasileira por Bertolucci et al. (1994).29 O instrumento é uma escala de rastreamento cognitivo, com boa correlação com a evolução do processo demencial. O teste avalia a Orientação Temporal e Espacial, Memória Imediata, Atenção e Cálculo, Evocação, Linguagem e Praxia. O teste não é controlado pelo tempo de duração, mas pelo desempenho, cujo escore máximo é de 30 pontos, sendo pontuadas as respostas corretas. Nesse caso, a incapacidade de responder a um item é considerada como erro e, portanto, não pontuada. As notas de corte dependem do grau de escolaridade e, nessa pesquisa, a classificação será feita seguindo a classificação proposta por Lourenço e Veras 31 que apresenta pontos 84 de corte para idosos analfabetos de 18/19 pontos (ausência/presença de comprometimento cognitivo) e para indivíduos escolarizados de 24/25 pontos (ausência/presença de comprometimento cognitivo). As avaliações foram realizadas no período vespertino em duas sessões e em dias alternados na mesma semana. Na primeira sessão foram avaliados o peso e a estatura, o TUG, os testes de agilidade, de equilíbrio dinâmico e sentar e levantar da cadeira. Na segunda sessão foram realizadas as duas tentativas do TC6. Os testes foram coletados por um grupo de docentes e estagiários do curso de Educação Física Bacharelado da Universidade Estadual de Londrina devidamente treinado e foram aplicados sempre pelo mesmo avaliador. Análise Estatística A normalidade dos dados foi averiguada pelo teste de Shapiro-Wilk e somente as variáveis preocupação com quedas, TUG e AGI não apresentaram distribuição normal. Assim, essas variáveis foram comparadas entre os dois grupos pelo teste não paramétrico de Mann-Whitney. As demais, idade, MINIMENTAL, IMC, SLEV e TC6, foram comparadas pelo teste t de Student. Como a maioria das variáveis apresentaram distribuição normal dos dados, optou-se a apresentação descritiva dos resultados pela média e desvio padrão. O índice de significância adotado em todas as análises foi de 5%.Os dados foram analisados pelo pacote estatístico GraphPad 5.0 (San Diego - USA). 85 RESULTADOS Os resultados referentes ao perfil da amostra indicam que as idosas de ambos os grupos apresentaram idades semelhantes (tabela 1) e estado mental normal (p>0,05 para ambas as comparações). Em relação à separação das idosas em dois grupos, 53% apresentaram alta preocupação em cair e 47% baixa preocupação. Dentre as idosas que possuem alta preocupação em cair (G-AL), das 16 tarefas avaliadas, as quatro mencionadas que geram maiores preocupações em ordem decrescente são “andar em superfícies escorregadias”, “andar em superfícies irregulares”, “subir e descer degraus” e “alcançar objeto acima da cabeça” (Figura 1). FIGURA 1 Os resultados apresentados na Tabela 2 indicam que as idosas de ambos os grupos apresentaram IMC semelhantes. Já em relação às variáveis de aptidão funcional, O G-AL apresentou pior desempenho na AGI e no TC6. Nas variáveis TUG e SLEV os dois grupos obtiveram resultados semelhantes. TABELA 2 DISCUSSÃO O resultado referente à proporção das idosas com baixa e alta preocupação em cair indica que esse sentimento, acima de 50%, é realmente significativo entre a população idosa. Esse achado é corroborado por estudos apresentados pela literatura que indicam prevalência entre 30 a 85% da população idosa18-20 (Li et al., 86 2003; Scheffer et al., 2008; Tinetti et al., 1994), dependendo de fatores como eficácia física e fatores ambientais. Uma das principais consequências do medo de cair é a restrição das atividades cotidianas21 (Lim et al, 2011) e da prática de atividade física22 (Shimada, 2009). Apesar das idosas desse estudo terem apresentado alta prevalência de preocupação em cair, parece não restringirem de maneira importante suas atividades cotidianas e prática de atividade física, pois faziam parte de um grupo que se inscreveu para ingressar em um programa de exercícios físicos e portanto, se deslocaram até o local do programa para efetivarem sua inscrição. Esse resultado nos leva a crer que outros fatores podem estar interferindo nessa predisposição a participar de programas de exercícios físicos, mesmo com alta preocupação em cair, como a necessidade de se inserir socialmente. Como evidenciado no inicio dessa discussão, o medo de cair é um sentimento comum entre idosos e é dependente de um complexo construto permeado por diversos fatores. Além da fragilidade física, que se constitui em um dos principais determinantes do medo de cair, a idade avançada19 (Scheffer et al., 2008), o sexo feminino (Yamada, 2013),23 a obesidade e déficits cognitivos (Austin et al., 2007),24 também se constituem em fatores de risco para que a preocupação em cair esteja presente ou aumente nessa população. O fato dessas variáveis, importantes na predição da preocupação em cair em idosos, não terem apresentado diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, indica que outros fatores não controlados nesse estudo podem estar interferindo nessa preocupação. Por outro lado, esses resultados indicam também, que essas variáveis provavelmente não tenham exercido influencias no desempenho funcional das idosas de ambos os grupos. É importante destacar, que o sobrepeso identificado pelo IMC entre 28 e 87 29kg/m2 parece não ter influenciado significativamente na preocupação em cair, provavelmente por esses índices não serem severos a ponto de representar obesidade em grau elevado e interferir significativamente na funcionalidade do idoso, apesar de serem índices ligeiramente mais elevados do que os encontrados em alguns estudos com idosos europeus25,26. Em relação às atividades que despertam mais preocupação naquelas que possuem mais medo em cair, destacou-se as atividades mais desafiadoras e que o indivíduo tem menos controle do seu corpo como deslocar-se em superfícies escorregadias e irregulares, subir e descer escadas e alcançar objetos acima da cabeça. Todas essas atividades estão relacionadas ao meio ambiente que o idoso interage, sobretudo calçadas e ruas mal conservadas e mobílias inadequadas para a acomodação de seus pertences. Esses resultados são confirmados por Camargos (2007)12, que ressalta que as atividades mais pontuadas no FES-I-BRASIL, são atividades extradomiciliares, as quais o idoso que manifesta medo de cair acaba se restringindo a situações desafiadoras e extradomiciliares, gerando exclusão social e restrição de atividades. Em relação ao desempenho funcional, os resultados mostraram que em duas das quatro variáveis avaliadas, as idosas com maior preocupação em cair apresentaram significativamente pior desempenho funcional. As variáveis em que as idosas apresentaram pior desempenho foram na agilidade e equilíbrio dinâmico (AGI) e na capacidade funcional de exercício avaliada pelo TC6. Embora não tenhamos encontrado estudos que utilizaram exatamente todos os testes funcionais aplicados nesse estudo, há uma tendência de uma associação entre o pior desempenho físico funcional com o medo de cair ou com a alta preocupação em cair. Em estudo realizado por Donoghue et al. (2013) 27 que avaliaram 1.307 idosos 88 irlandeses fisicamente independentes e com estado mental normal, verificaram pior desempenho naqueles com medo de cair, no comprimento da passada e na velocidade de marcha, tanto isoladamente como em dupla tarefa, recitando o alfabeto. É importante destacar nesse contexto, que o melhor desempenho nos testes avaliados nesse estudo pelo grupo com baixa preocupação com quedas (G-BA) foram justamente nos testes mais desafiadores, como a agilidade e equilíbrio dinâmico (AGI), que exige velocidade máxima e no TC6 que também exige o caminhar na melhor velocidade possível. Diferentemente foi observado no TUG e no teste de sentar e levantar (SELEV) que são executados respectivamente em velocidade normal de caminhada e velocidade máxima de sentar e levantar da cadeira, mas sem grandes desafios para a mobilidade, por não exigir deslocamentos rápidos. Esses resultados nos levam a inferir, que talvez os dois grupos não tivessem condições funcionais diferentes, mas que o pior desempenho das idosas do G-AL, pode não ser porque possuem menor aptidão física e funcional, mas porque se empenham menos na realização dos testes por terem mais receio em cair. Ainda em relação ao desempenho funcional das idosas com alta e baixa preocupação em cair, uma metanálise com estudos transversais realizada por Stacey et al. (2012)28 revelam que quase todos os 20 estudos incluídos na análise mostraram pior desempenho dos idosos com medo de cair em relação aos que não possuem esse medo. É importante destacar, que não encontramos nenhum estudo com essas características com a população idosa brasileira, o que atesta a importância deste estudo para a prática clínica, sobretudo, para fornecer subsídios para programas preventivos para a população idosa brasileira. 89 Entendemos como limitações do estudo o fato de algumas variáveis importantes como as sócio demográficas, auto eficácia e comorbidades como depressão e doenças crônicas não terem sido controladas. Sem dúvida essas informações poderiam acrescentar às conclusões desse estudo. Apesar dessas limitações, acreditamos que não tenham comprometido consistentemente os achados aqui encontrados pelo fato de variáveis determinantes desse contexto terem sido analisadas como a idade, o IMC e o estado mental. CONCLUSÃO Concluímos com este estudo que idosas que apresentam alta preocupação com medo de cair obtiveram um pior desempenho funcional em duas de quatro variáveis analisadas. Os resultados mostraram também, que a idade, o IMC e o estado mental não exerceram influências na preocupação com as quedas e, que as atividades que mais geram medo de cair em idosas são atividades extradomiciliares e que exigem maiores desafios corporais. 90 REFERÊNCIAS 1. Mattos M, Farinatti P. Influência do treinamento aeróbio com intensidade e volumes reduzidos na autonomia e aptidão físico-funcional de mulheres idosas. Rev Port Ciênc Desporto 2007; 7(1): 100-8. 2. Silva TAA, Frisioli Junior A, Pinheiro MM, Szejnfeld VL. Sarcopenia associada ao envelhecimento: aspectos etiológicos e opções terapêuticas. Rev Bras Reumatol 2006; 46(6): 391-7. 3. Holland GJ, Tanaka K, Shigematsu R, Nakagaichi M. Flexibility and physical functions of older adults: a review. J Aging Phys Act 2002; 10:169-206. 4. Chodzko-Zajko WJ, et al. American College of Sports Medicine. Position Stand. Exercise and physical activity for older adults. Med Sci Sports Exerc 2009; v. 41, p. 1510-1530. 5. Strycker LA, et al. Reliability of pedometer data in samples of youth and older women. Int. J. Behav. Nutr. Phys Act 2007; 4, 2-8. 6. SPIRDUSO, Waneen W. Dimensões Físicas do Envelhecimento. São Paulo: Manole, 2005. 7. Fhonl JRS, Rosset I, Freitas CP, Silva AO, Santos JLF,Rodrigues RAP. Prevalência de quedas em idosos frágeis. Rev Saúde Pública 2013; 47(2): 26673. 8. Tinetti ME; Kumar C. The patient who falls: “It’s always a trade-off”. Jama 2010; 303(3): 258-66. 9. Berry SD, Miller RR. Falls: epidemiology, pathophysiology, and realtionship to fracture. Curr Osteoporos Rep 2008; 6,149-154. 10. Yardley L, Smith H. A prospective study of the relationship between feared consequences of falling and avoidance of activity in community-living older 91 people. Gerontologist 2002; 42(1):17-23. 11. Bertolucci PH, Brucki SM, Campacci SR, Juliano Y. O mini - exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq. Neuropsiquiatr 1994; 52:1-7. 12. Camargos FFO. Adaptação transcultural e avaliação das propriedades psicométricas da “Falls efficacy scale-international”: um instrumento para avaliar medo de cair em idosos [dissertação]. Belo Horizonte: Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Programa de Pós Graduação em Ciências da Reabilitação da Universidade Federal de Minas Gerais; 2007. 13. Gordon CC, Chumlea WC, Roche AF. Stature, recumbent length, and weight. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R. (Eds.). Anthropometric standardization reference manual. Human Kinetics, Champaign 1998; 3-8. 14. Jones CJ, Rikli RE, Beam WC. A 30-s chair-stand test as a measure of lower body strength in community-residing older adults. Res Q Exerc Sport 1999; 70,113 117. 15. ATS statement: guidelines for the six-minute walk test. Am J Respir Crit Care Med 2002; 166, 111-117. 16. Podsiadlo D, Richardson S. The Time “Up & Go”: A Test of Basic Functional Mobility for Frail Elderly Persons. J Am Geriatr Soc 1991; 39(2): 1421-48. 17. Osness WH. Functional fitness assessment for adults over 60 years. Reston: American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance, 1990. 18. Li F, Fisher KJ, Harmer P, McAuley E, Wilson NL. Fear of falling in elderly persons: Association with falls, functional ability, and quality of life. Journals of Gerontology 2003; 58, 283-290. 19. Tinetti ME, Mendes de Leon CF, Doucette JT, Baker DI .Fear of falling and fall- 92 related efficacy in relationship to functioning among community-living elders. Journals of Gerontology 1994; 49, 140-147. 20. Lim JY, Jang SN, Park WB, Oh MK, Kang EK, Paik NJ. Association between exercise and fear of falling in community-dwelling elderly Koreans: results of a crosssectional public opinion survey. Arch Phys Med Rehabil 2011; 92:954-9. 21. Shimada H, Lord SR, Yoshida H, Kim H, Suzuki T. Predictors of cessation of regular leisure-time physical activity in community – dwelling elderly people. Gerontology 2007; 53:293-7. 22. Scheffer AC, Schuurmans MJ, Dijk NV , Hooft TVD, Rooij SE. Fear of falling: measurement strategy, prevalence, risk factors and consequences among older persons. Age Ageing 2008; 37: 19–24. 23. Yamada M, Arai H, Uemura K, Mori S, Nagai K, Tanaka B,et al. Effect of resistance training on physical performance and fear of falling in elderly with different levels of physical well-being. Age Ageing 2011; 40(5): 637-41. 24. Austin N, Devine A, Dick I, Prince R, Bruce D. Fear of falling in older women: a longitudinal study of incidence, persistence, and predictors. J Am Geriatr Soc 2007; 55: 1598–603. 25. Halvarsson A, Oddsson L, Olsson E, Farén E, Pettersson A, Ståhle A. Effects of new, individually adjusted, progressive balance group training for elderly people with fear of falling and tend to fall: a randomized controlled trial. Clin Rehabil 2011; 25(11): 1021-31. 26. Peeters GM, van Schoor NM, Pluijm SM, Deeg DJ, Lips P.Is there a U-shaped association between physical activity and falling in older persons? Osteoporos Int 2010; 21(7):1189–1195. 27. Donoghue OA, Cronin H, Savva GM, O'Regan C, Kenny RA . Effects of fear of 93 falling and activity restriction on normal and dual task walking in community dwelling older adults .Gait Posture 2013;38(1): 120–124. 28. Schepens S, Sen A, Painter JA, Murphy SL. Relationship Between Fall-Related Efficacy and Activity Engagement in Community-Dwelling Older Adults: A MetaAnalytic Review. American Journal of Occupational Therapy 2012; 66(2): 137148. 29. Bertolucci PHF, Mathias SC, Brucki SMD, et al. Proposta de padronização do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM): estudo piloto cooperativo (FMUSP/EPM). Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 1994, 52, Suppl -225. 30. Folstein MF et al. Mini-Mental State: a practical method for grading the cognitive state of patients for clinician. Journal of Psychiatric Research, 1975, 12, 189-198. 31. Lourenço RA, Veras RP. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em idosos ambulatoriais. Rev. Saúde Pública. 2006, 40, 712-19. 94 Tabela 1- Perfil das participantes separadas nos grupos com baixa e alta preocupação em cair. IDADE (anos) MINIMENTAL (pontos) PCAIR (pontos) GRUPO G-BA GRUPO G-AL N=35 N=40 69,2 (±5,1) 68,7 (±5,2) 0,71 25 (±3,2) 24 (±3,4) 0,43 18,6 (±1,9) 33,7 (±7,9) <0,01 p G-BA = Grupo com baixa preocupação em cair, G-AL= Grupo com alta preocupação em cair, IMC=Índice de Massa Corporal, MINIMENTAL= Mini Exame do Estado Mental, PCAIR= preocupação em cair. 95 Tabela 2- Comparação das variáveis antropométrica e de aptidão funcional entre os Grupos G-BA e G-AL. GRUPO G-BA GRUPO G-AL N=35 N=40 IMC (Kg/m2) 28 (±4,5) 29 (±4,5) 0,29 SLEV (repetições) 12(±2,6) 11 (±2,1) 0,09 TUG (segundos) 8,3 (±1,9) 8,4 (±2) 0,87 AGI (segundos) 23,3 (±3,7) 25,4 (±3,55) < 0,01 TC6 (metros) 546 (±45,7) 504(±83,1) < 0,01 p G-BA = Grupo com baixa preocupação em cair, G-AL= Grupo com alta preocupação em cair, SLEV= teste sentar e levantar da cadeira, TUG= Timed Up Go Test, AGI = teste de agilidade e equilíbrio dinâmico, TC6= teste de caminhada de seis minutos. 96 G-BA = Grupo com baixa preocupação em cair, G-AL= Grupo com alta preocupação em cair Figura 1- Proporção de idosas com baixa e alta preocupação em cair. 97 APÊNDICE B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa 98 APÊNDICE C – Termo de consentimento Livre e Esclarecido Titulo da pesquisa: “EFEITOS DE DIFERENTES PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NA ATIVIDADE FÍSICA HABITUAL E VARIÁVEIS DE APTIDÃO FÍSICA/FUNCIONAL E PSICOLÓGICAS DE MULHERES IDOSAS” Prezado(a) Senhor(a): Gostaríamos de convidá-lo (a) a participar da pesquisa “Efeitos de diferentes programas de exercícios físicos na atividade física habitual e variáveis de aptidão física/funcional e psicológicas de mulheres idosas”, realizada em “Londrina, no Centro de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina-PR”. O objetivo da pesquisa é “ avaliar a influência de diferentes programas de exercícios físicos (ginástica na cama elástica, hidroginástica e ginástica geral) na atividade física diária, capacidade física e medo de cair de mulheres idosas fisicamente independentes”. A sua participação é muito importante e ela se daria da seguinte forma: 1) Avaliações iniciais e finais: serão realizadas no mês de julho e novembro/dezembro de 2012. Nessas avaliações o(a) Sr(a) deverá responder algumas perguntas sobre seu estado de saúde, nível econômico, escolaridade e se possui medo de cair. Sobre as avaliações físicas o(a) Sr(a). participará de testes de equilíbrio e agilidade corporal, testes de força de braços e pernas e caminhada de seis minutos. O(a) Sr(a). fará uma avaliação da quantidade de gordura corporal e para isso deverá será estar em no mínimo quatro horas em jejum. Para finalizar, utilizará um pequeno aparelho na cintura (tamanho de um relógio de pulso) que avaliará a sua atividade física no dia a dia, contando o número de passos realizados. 2) Participação nas intervenções (programa de exercícios físicos): Após as avaliações iniciais faremos um sorteio para definir em qual grupo de exercícios o(a) Sr(a). irá participar durante as 12 semanas (ginástica na cama elástica, hidroginástica ou ginastica geral). Após o sorteio, o(a) Sra. deverá participar das aulas na modalidade de exercício sorteada durante 12 semanas consecutivas, as terças e quintas feiras das 14:00 às 15:30 horas. O programa de exercícios irá dos meses de Maio a Agosto de 2012. 3) Gostaríamos de esclarecer que sua participação é totalmente voluntária, podendo você: recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa. Informamos ainda que as 99 informações serão utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas com o mais absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade. Os benefícios esperados são ter um diagnóstico do estado de saúde dos participantes e proporcionar bem estar físico e psicológico a partir do envolvimento nos programas de exercícios físicos. Se o(a) Sr(a). desejar poderá continuar a frequentar as atividades físicas no Centro de Educação Física da UEL após o término da pesquisa sem custo algum. As avaliações realizadas não oferecem riscos à sua saúde e integridade física. Caso algum acidente ocorra, como quedas ou outro tipo de lesão, durante a sua participação na pesquisa, o Sr(a). será encaminhado por um dos responsáveis pela pesquisa ao serviço de pronto atendimento da Universidade Estadual de Londrina para os procedimentos de tratamento necessários. Informamos que o(a) senhor(a) não pagará nem será remunerado por sua participação. Garantimos, no entanto, que todas as despesas decorrentes da pesquisa serão ressarcidas, quando devidas e decorrentes especificamente de sua participação na pesquisa. Caso você tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode nos contactar com o prof. Denilson de Castro Teixeira, rua Albino Scotton, 429, Jd. Burle Marx, LondrinaPR. Telefone: 3341-7329 ou 9941-8625, e-mail [email protected]), ou procurar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina, na Avenida Robert Kock, nº 60, ou no telefone 33712490. Este termo deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas, devidamente preenchida e assinada entregue a você. Londrina, ___ de ________de 2011. Pesquisador Responsável RG::4.203273-5 ________________________________________________, tendo sido devidamente esclarecido sobre os procedimentos da pesquisa, concordo em participar voluntariamente da pesquisa descrita acima. Assinatura (ou impressão dactiloscópica):____________________________ Data:___________________ 100 APÊNDICE D – Trabalho Apresentado em Evento Científico IMPACTO DE DIFERENTES TIPOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS NO EQUILIBRIO POSTURAL DE MULHERES IDOSAS NA CONDIÇÃO UNIPODAL Autores: Carlos H. Souza1, Marcio R. Oliveira1, André W. Gil1, Paulo C.E. Pereira1, Juliana B. Dascal2, Rubens A. Silva1, Denilson C. Teixeira1,2. e-mail: [email protected] Instituições: 1Universidade Norte do Paraná, Londrina/PR, Brasil; 2Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR, Brasil. Apoio: CAPES e Fundação Araucária. INTRODUÇÃO: Uma estratégia eficaz para melhora do equilíbrio postural visando minimizar as mudanças associadas com a inatividade física e o envelhecimento é a pratica regular de exercício físico. Entretanto, poucos estudos avaliaram o efeito do treinamento de diferentes modalidades de exercício (mini trampolim, água e solo) no equilíbrio postural de mulheres idosas fisicamente independentes. OBJETIVO: Investigar o impacto de um treinamento físico no equilíbrio postural, por meio de exercícios (no mini trampolim, na hidroginástica e na ginástica geral) na condição unipodal em mulheres idosas. MÉTODOS: Trinta e nove mulheres idosas fisicamente independentes (69 ± 4 anos) foram dividas aleatoriamente em três grupos: Grupo mini trampolim (GT), Grupo hidroginástica (GH) e Grupo Ginástica geral (GG). Todas participaram de um programa de exercícios físicos composto por duas sessões semanais com aproximadamente 60 minutos de duração em cada sessão, totalizando 24 sessões. Os programas foram divididos igualmente em quatro ciclos de seis sessões e para cada ciclo houve um aumento de 10% no volume de exercício físico (repetições). As intervenções foram organizadas visando o desenvolvimento das capacidades físicas e motoras e na seguinte sequência: 1) capacidades neuromotoras como equilíbrio, agilidade corporal, tempo de reação, coordenação motora e ritmo; 2) força e resistência muscular, nos diferentes segmentos corporais, como membro inferior, membro superior e tronco; 3) flexibilidade. O equilíbrio foi avaliado antes e após a intervenção por meio de uma plataforma de força na condição unipodal sendo realizadas três tentativas de 30 segundos com 30 segundos de repouso e a média das tentativas foi utilizada para análise. RESULTADOS: De forma geral, houve melhora no equilíbrio postural na condição unipodal após as intervenções nas três modalidades de exercício avaliadas (Velocidade ântero posterior da área do COP P <0,05). Entretanto, não houve diferença significativa entre os grupos avaliados (GT, GH e GG P >0,05). CONCLUSÃO: Os resultados do presente estudo mostraram que todas as modalidades investigadas tais como, mini trampolim, hidroginástica e ginástica geral proporcionam efeitos positivos para melhora do equilíbrio postural em mulheres idosas. AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná Ana Cristina Gasparini Freitas Bibliotecária CRB9/792 S718e Souza, Carlos Henrique de. Exercícios para o desenvolvimento de habilidades motoras em idosos / Carlos Henrique de Souza. Londrina: [s.n], 2015. 91f. Dissertação (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde). Universidade Norte do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Denilson de Castro Teixeira. 1- Mestrado profissional - UNOPAR 2- Neuromotor 3- Exercício físico 4- Habilidades motoras 5- Idosos I- Teixeira, Denilson de Castro, orient. II- Universidade Norte do Paraná. CDU 796-053.9