MICROPEDAGOGIAS CONTEXTO O DezxDez é um projeto do Programa Gulbenkian Educação para a Cultura e Ciência (PGECC) que junta 10 artistas e 10 professores, a trabalharem em duplas, com o objetivo de proporem e aplicarem práticas pedagógicas inovadoras em contexto de sala de aula. O projeto teve 3 momento-chave: uma semana de residência para trabalho conjunto de todos os participantes (professores, artistas e equipa do PGECC); a prática letiva propriamente dita; e a apresentação do trabalho desenvolvido pelas duplas com os alunos, sob a forma de aulas públicas. No decorrer destes vários momentos, foi recorrente a utilização por todos os participantes do termo micropedagogias para se referirem às atividades pedagógicas que estavam a usar nas escolas. Este documento aponta algumas reflexões sobre o que se entende por micropedagogias. Não pretende chegar a uma definição final, mas sim assinalar as linhas de força ou as características mais comumente referidas por todos sobre o entendimento e apropriação que faziam do termo. O projeto DezxDez teve uma primeira edição (de presença efetiva nas escolas) no ano letivo de 2012/2013 e é objetivo do PGECC promover mais edições no futuro. Nesse sentido, um dos pressupostos deste documento é o assumir da sua transitoriedade, já que ele descreve o estado atual de um conhecimento assente fundamentalmente na prática ainda que partilhado 1 sobre o que podem ser as micropedagogias. Em futuras edições do DezxDez deseja-se aprofundar este conhecimento, envolvendo as Universidades e confrontando estas noções com o corpus teórico na área da pedagogia e da teoria da educação e da aprendizagem. 1. Micropedagogias. Explicitação e características Micropedagogias são ações concretas (exercícios, tarefas, jogos, eventos, rituais) que podem ser encadeadas de diferentes maneiras para desenhar estratégias pedagógicas com a finalidade de promover a aprendizagem de qualquer tema. As micropedagogias estabelecem uma relação íntima entre o sentir, o fazer e o pensar para potenciar a curiosidade dos alunos e a relevância das matérias no quadro dos seus interesses e motivações. Se os movimentos macropedagógicos se referem ao sistema escolar, ao posicionamento filosófico do que é educação, aos planos de estudos, aos projetos pedagógicos; os movimentos micropedagógicos remetem para o espaço da sala de aula e para o modo como os participantes (professores e alunos) se comportam nesse espaço e tempo da sessão/aula. Se a macropedagogia se ocupa da oferta formativa, programas, orientações, objetivos, conteúdos de aprendizagem ( o quê ?), a micropedagogia constitui o modo como os conteúdos são tratados no interior da sala de aula ( como ?). O principal fator diferenciador das micropedagogias é o fato de se inscreverem em técnicas inspiradas nas práticas artísticas contemporâneas (relaxamento, improvisação, pesquisa de materiais, experimentação, brainstorming, dramatização). No entanto, de entre as práticas pedagógicas consideradas inovadoras, as micropedagogias não reivindicam para si a exclusividade desta filiação artística, com a plena consciência de que a própria arte contemporânea se inspira em muitos campos do saber e do fazer. Significa isto que na procura de identificar os traços identitários das micropedagogias, há a noção de que muitos outros profissionais se servem também destes processos de trabalho, nomeadamente professores, cientistas, e outros. Mas o contexto específico deste projeto e o facto das práticas pedagógicas criadas derivarem de propostas lançadas por artistas contemporâneos, possibilita o afirmar da genealogia artística das micropedagogias. 2 As micropedagogias utilizam diferentes dispositivos (materiais e ferramentas, como por exemplo objetos, fotografias, vídeos, internet, cadernos, cheiros, sons, etc) para convocar a participação e o envolvimento dos alunos na construção do conhecimento. Muitos destes dispositivos são genéricos, caso dos exemplos dados acima, mas alguns foram desenhados especificamente no contexto de estratégias pedagógicas que recorrem ao universo da criação artística contemporânea (sussuradores, máquina do pensamento, etc), gerando eles mesmos (e fundindo-se com) novas micropedagogias. As micropedagogias caracterizam-se pela sua pequena escala, flexibilidade e transferibilidade, o que lhes confere a capacidade de se recombinarem e encadearem de diferentes maneiras, adaptando-se a diferentes contextos e a diferentes conteúdos disciplinares. São mutáveis e, como tal, não devem simplesmente ser fixadas para efeitos de reprodução. Devem ser utilizadas como peças soltas (como num tangram) que se reorganizam a cada vez e em função dos objetivos pedagógigos que se pretende cumprir. Assim, copiar pura e simplesmente uma sequência de micropedagogias, sem definir ou tornar explícitos à partida os objetivos que orientaram desvirtuar totalmente a natureza e eficácia da estratégia pedagógica que recorre a micropedagogias. As micropedagogias são estranhas ou pouco comuns no âmbito das práticas pedagógicas instituídas, mas devem manter-se como tal, pois a sua qualidade disruptiva é um dos pressupostos que mais contribui para uma aprendizagem efetiva. Transformar as micropedagogias em rotina ou utilizá-las de forma mecânica anula o seu potencial de estímulo à criatividade e à participação. Assim sendo, não há receitas para a utilização das micropedagogias ou normas sobre o modo como as conjugar. Elas são a matéria-prima, os ingredientes que podem ser estudados, experimentados, saboreados, misturados e cozinhados para confecionar um manjar pedagógico que se renova a cada vez. 3 2. Impactos e objetivos - Atitudes e comportamentos Orientadas em função de objetivos previamente definidos, as micropedagogias promovem o desenvolvimento de atitudes e comportamentos essenciais à aprendizagem. E será importante realçar que não se trata de promover atitudes e comportamentos dos alunos apenas. O foco é tripartido, orientando-se para o aluno a nível individual, para o professor, e para a relação - entre os alunos e entre alunos e professor. Concentração, atenção, escuta do outro, responsabilidade, respeito, sentimento de grupo (cumplicidade, solidariedade, espírito de equipa), curiosidade, iniciativa, singularidade, empenho e participação representam um conjunto de atitudes e comportamentos comummente considerados como essenciais aos processos de ensino/aprendizagem. Devem ser trabalhados e implementados na sala de aula sob a ótica da relação. A construção de estratégias pedagógicas a partir das micropedagogias implica sempre considerar a dinâmica da relação. Se eu quero que me oiçam tenho que ouvir; se quero que me respeitem, tenho que respeitar; se quero mudança, tenho que mudar. Consideremos o exemplo de um conjunto de ações organizadas num exercício micropedagógico de aquecimento a realizar no início da aula com o objetivo de estimular a atenção e a concentração do grupo. Em vez de lançar os exercícios para os alunos executarem, o professor realiza o exercício com os alunos, coloca-se no meio deles numa roda e partilha com eles a responsabilidade de propor os enunciados. A dinâmica desta relação - posicionados frente a frente - instaura temporariamente uma situação de paridade, e nesse sentido um desvio ao padrão hierárquico habitual, em que o professor dirige e os alunos executam. Acontece ainda, com alguma frequência, uma turma ser constituída por grupos diferentes. Neste caso, para além da atenção e da concentração, é preciso estimular o sentido de grupo, criar empatias e um ambiente de segurança. Uma forma eficaz de o fazer é utilizar continuadamente as micropedagogias em momentos chave da aula, criando rituais capazes de instaurar uma rotina que ofereça segurança. Imagine-se uma conversa em círculo, sempre a abrir e a fechar a aula, que se realiza uma vez por semana. No momento de abertura o professor explica os exercícios que 4 vai realizar e porquê, para ganhar a confiança dos alunos. No final da aula é a vez de dar a voz aos alunos dando-lhes a responsabilidade de fazerem uma síntese comentada do trabalho realizado e das aprendizagens em causa, incluindo a identificação dos momentos fortes e dos momentos fracos da aula. Feita de um modo intencional e consciente, a reedição deste momento semanalmente acaba por instituir um ritual que é em si mesmo uma micropedagogia eficaz. - Competências genéricas e específicas As micropedagogias estão sempre associadas à promoção de atitudes e comportamentos essenciais à aprendizagem, mas também se aplicam ao desenvolvimento de competências associadas a conteúdos disciplinares concretos. Capacidade de risco, capacidade de assimilação, capacidade de associação e relacionamento de conteúdos, capacidade de seleção, espírito crítico, criatividade, imaginação, exposição oral e escrita, são competências genéricas de primeira importância para qualquer aprendizagem e são fundamentais ao longo da vida para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea. Os dispositivos utilizados pelas micropedagogias visam trabalhar os temas curriculares de forma dinâmica e interativa estabelecendo ligações intrínsecas entre os conteúdos e as competências genéricas. Imagine-se por exemplo a utilização de um filme para potenciar a aprendizagem de conteúdos relevantes de uma dada disciplina. É uma prática corrente e faz parte das estratégias pedagógicas instituídas. A utilização desse dispositivo beneficiará com a introdução de ações concretas fora do habitual, micropedagogias, geradoras de mais-valias nos resultados da aprendizagem: pede-se a cada aluno, como trabalho de casa, que selecione as partes essenciais do filme (minutagens) no intuito de realizar um trailer (reduzindo o filme de uma hora para 5 minutos); as propostas que cada aluno traz para a aula são discutidas e negociadas entre todos com o objetivo de chegar a um entendimento partilhado sobre a escolha das sequências a utilizar no alinhamento final do trailer; a introdução destas micropedagogias permite promover atitudes e comportamentos (escuta, concentração, processos democráticos de decisão) e competências gerais (assimilação, espírito crítico, capacidade de argumentação), em torno de conteúdos/conceitos relevantes para a disciplina. 5 específicos considerados 3. Micropedagogias - ações e dispositivos Exemplos de ações - Vendar os olhos (para ativar os outros sentidos); - Estar em círculo; - Mapear/registar ocorrências (conversas no autocarro, rotinas diárias, sons); - Misturar registos (escrever um sabor, desenhar o movimento, saborear o som); - Criar distância (escrever na terceira pessoa, imaginar alter-egos, heterónimos); - Escrever compulsivamente (muitos textos, textos curtos); - Partilhar tarefas entre professores e alunos; - Alterar pontualmente o espaço da sala de aula (configurar mesas e cadeiras de forma diferente do habitual); - Realizar exercícios de aquecimento; - Negociar decisões; - Instaurar rituais; - Criar mnemónicas - Criar situações dramatizadas (roleplay) com adaptação dos exemplos (propostos pelos manuais) a situações reais relevantes para a cultura, experiências e interesses do grupo de alunos com quem se está a trabalhar; - Delegar responsabilidades nos alunos; - O professor participar nos exercícios que propõe aos alunos; Apresentar trabalhos fora da sala de aula; - Fazer álbuns de personagens reais ou ficcionais, ou de animais, ou de acontecimentos; - Criar situações de surpresa ou suspense (ex. abrir uma carta e lê-la em voz alta pela primeira vez frente à turma); - Introduzir o real e o pessoal nos conteúdos disciplinares através de fotos, acontecimentos ou objetos pessoais relacionados com a matéria; - Fazer fotografias encenadas da turma (onde me coloco, com que postura, com que traje, etc). 6 Exemplos de dispositivos específicos (materiais e ferramentas) - Sussuradores outro); - Máquina da poesia (grelha de tipos de palavras); - Construção de trailers (recurso ao vídeo e software de edição); - Google maps e Google earth; - Diários gráficos. 4. Exemplos de estratégicas pedagógicas com recurso a micropedagogias JOGO DO CARDUME (tipo todos mandam e todos obedecem - Aldara) Objetivo: - Ampliar a sensibilidade e a coesão do espírito de grupo Competências gerais: - Estimular a atenção - Trabalhar a cooperação em equipa Competências específicas: - Trabalhar a coordenação motora - Experimentar vários modos de se posicionar num grupo - Experienciar a mudança dentro de um grupo - Trabalhar a capacidade de resposta - Assumir a liderança de um grupo Tipo de estratégia: exercício Dispositivos utilizados: movimento, máquina fotográfica, papel cenário, lápis ou canetas de várias cores. 7 Tempo estimado: 30 - 40 m. Descrição das ações: Divide-se o grupo em grupos mais pequenos de 5 a 7 elementos. Define-se um percurso que deve ser seguido pelo grupo apontando a liberdade no trajeto a percorrer. O grupo deve fazer o percurso como se fosse um cardume e experimentar a mudança de liderança do cardume de modo a que todos possam obedecer e todos possam mandar. Se um elemento ficar de fora a tirar fotografias ao longo do percurso a turma poderá observar o registo para avaliar o grau de coesão do movimento dos cardumes durante o exercício. No final do exercício pedir ao grupo que desenhe o seu percurso usando canetas ou lápis de várias cores para registar num mapa os fluxos dos movimentos realizados. Pedir a cada grupo que mostre o seu mapa e assinale os momentos relevantes problemáticos ou especialmente bem sucedidos - da experiencia do exercício. ORQUESTRA FÍSICA E VOCAL (trabalhar a fisicalidade dos processos e a vocalização dos conceitos para ajudar a memória Margarida Mestre) Objetivo: - Relacionar conceitos, sons e movimentos Competências gerais: - Trabalhar a vocalização e a coordenação vocal e motora - Trabalhar a cooperação em grupo Competências específicas: - Viver fisicamente conceitos abstratos/processos - Memorizar corporalmente os conceitos usados - Compreender os conceitos através da sua relação com a voz e os movimentos - Tomar consciência das capacidades da voz - Trabalhar a semântica do gesto 8 Tipo de estratégia: exercício - ritual Dispositivos utilizados: voz e movimento Tempo estimado: 10-20 minutos Descrição das ações: Selecionar um, dois ou quatro termos técnicos da matéria dada (por exemplo da matéria de biologia de 10ª ano - paramécia; biparticipação; fragmentação associados à reprodução assexuada). Experimentar diferentes ritmos e tonalidades para abordar cada conceito. Dividir a turma em dois grupos. Com o primeiro grupo o conceito em ritmos, sonoridades e gestos adequados à sua caracterização. Ensaiar e mostrar ao resto do grupo a sequência criada. Mudar para o segundo grupo e realizar a mesma atividade com outro conceito selecionando mais uma vez os gestos e sonoridades adequados para definir o conceito. Ensaiar a coordenação entre voz e movimento. Unir os dois conceitos produzindo uma espécie de coro com duas vozes. É importante que os ritmos, a voz e os gestos associados aos conceitos estejam pertinentemente relacionados de modo a fortalecer a compreensão e o efeito de somatização da memória que este ritual permite. CARTOGRAFIAS DO EU (projeção de atributos, de desejos, de animais preferidos, etc. Objetivo: - Promover a auto consciência e o conhecimento do outro Competências gerais: - Estimular a interajuda - Trabalhar a exposição do eu Competências específicas: - Identificar características, medos e desejos 9 Miguel Horta) - Perceber modos de ultrapassar os nossos limites - Traduzir as nossas características em registo visual Tipo de estratégia: tarefa Dispositivos utilizados: papel cenário, materiais para registo de vários tipos (canetas, lápis, lápis de cera, colagens) Tempo estimado: atividade passível de ser realizada ao longo de um período. Primeira sessão de 45m a 1h30m, sendo as sessões seguintes de duração variável dependendo do registo a realizar e dos materiais utilizados para o registo. Descrição das ações: Explicar aos alunos porque se fazem cartografias e propor que cada um faça a sua própria cartografia assumindo uma posição que o identifique. Desenhar o contorno da posição escolhida num papel cenário que está colocado no chão. É necessário que outra pessoa ajude a desenhar o contorno já que é impossível desenhar-se a si próprio ao mesmo tempo que se realiza a posição a contornar. Este momento proporciona a proximidade, chegando ao limite do toque, num ambiente de respeito e interajuda entre os alunos. No final colocar o papel cenário em locais visíveis para todos. Dar continuidade em sessões subsequentes pedindo aos alunos que preencham a sua cartografia com elementos que os caracterizem e considerem importantes: o seu animal preferido, desejos, memórias. RITUAIS DE SEGURANÇA (explicar o que se vai fazer e refletir sobre o que se fez, criando empatia e segurança para a realização de exercícios exploratórios que podem gerar desconforto e tensão Maria Gil) Objetivo: - Produzir enunciados claros que estimulem a confiança e a empatia do grupo Competências gerais: 10 - Estimular a atenção e a concentração - Promover a escuta do outro - Promover a autoconfiança Competências específicas: - Explorar a capacidade de síntese - Promover a reflexão/avaliação crítica sobre os exercícios realizados Tipo de estratégia: ritual Dispositivos utilizados: Tempo estimado: 5 minutos no início e final de cada sessão/aula Descrição das ações: Criar uma situação de diálogo para expor o que se vai fazer durante a aula. E que seja igual para todas as aulas. Por exemplo: 1. Objetivo da atividade; 2. Que tipo de conhecimento se espera que seja adquirido; 3. O que se vai fazer explicitamente (um texto, uma conversa sobre..., uma leitura em voz alta, uma analise em grupos, etc.); 4. Pedir no final a dois voluntários para fazerem um resumo livre da aula realizada. Com o decorrer das sessões os alunos adquirem capacidades de análise e de síntese e sentem-se mais preparados para as atividades propostas. VIAGEM À MINHA TERRA (utilização Google Earth e Google maps para introduzir elementos pessoais na abordagem à matéria Miguel Horta) Objetivo: - Relacionar a matéria com a vida e os interesses dos alunos Competências gerais: - Praticar o uso de aplicações informáticas da Internet 11 - Promover a capacidade de iniciativa e pesquisa individual - Reforçar o conhecimento entre os elementos do grupo Competências específicas: - Aumentar a familiarização geográfica - Identificar as vantagens e os limites da aplicação informática - Relacionar as experiências de viagem com conteúdos da matéria Tipo de estratégia: tarefa Dispositivos utilizados: Computador; Google earth e Google maps Tempo estimado: 45m - 1h30m Descrição das ações: Colocar os alunos aos pares e pedir que cada um estabeleça um destino para viajar. Se os alunos têm família noutros países pedir que partilhem isso mesmo realizando a viagem a esse local do mundo. Fazer a viagem à vez através do google maps e/ou google earth explicando ao colega porque decidiram fazer aquela viagem, o que querem dar a ver e porquê. Depois, já perante a turma toda, pedir ao observador da viagem que conte a aventura do seu parceiro. Usar subsequentemente a experiencia das viagens para relacionar com a matéria de modo a estabelecer relações entre a matéria da disciplina e as referencias dos alunos. O NOSSO TRAILER (realização de um trailer através da discussão/negociação das partes a reunir no alinhamento final António Pedro) Objetivo: - Interpretação e análise crítica de conteúdos Competências gerais: - Compreender e identificar as partes essenciais de um conteúdo 12 - Avaliar diferentes níveis de relevância - Desenvolver a compreensão da linguagem cinematográfica Competências específicas: - Promover a capacidade de análise - Exercitar a argumentação - Sumarizar um conteúdo Tipo de estratégia: tarefa Dispositivos utilizados: Computador; filme. Tempo estimado: Processo de 3 semanas alternando realização da tarefa em sala de aula e em trabalhos de casa Descrição das ações: Pedir aos alunos para construirem um trailer (10m) de uma longa-metragem que consiga condensar a temática abordada e referir os seus pontos essenciais. Primeiro pedir aos alunos que individualmente (como trabalho de casa) selecionem as partes do filme que consideram fundamentais para incluir no trailer. Depois em grupo recolher todas as seleções e verificar as afinidades e as diferenças nos extratos escolhidos por cada um. Colocar em seguida à discussão quais os extratos que devem ser mantidos e os que podem ficar de fora. Seguidamente verificar as possibilidades de ordenação dos trechos a partir da negociação feita anteriormente. Manter o processo aberto até ao final de modo a ser possível introduzir um novo excerto enquanto se está a viver o processo de montagem. No final do processo de construção do trailer discutir com a turma se algum aspecto fundamental do filme ficou de fora, promovendo a discussão de modo a estabelecer critérios sobre o que é fundamental e tem de ser mostrado no trailer e o que é fundamental mas não é necessário mostrar no trailer. 13 MÁQUINA DO PENSAMENTO (extensão da máquina da poesia a qualquer tema através da grelha de nomes, lugares, adjetivos e ações Miguel Horta) Objetivo: - Promover a capacidade de expressão sobre um tema Competências gerais: - Participar na construção e delimitação de uma temática - Memorizar a matéria dada - Promover a escuta Competências específicas: - Construir frases pertinentes no âmbito de uma temática - Identificar uma grelha de palavras-chave por tipologia Tipo de estratégia: exercício Dispositivos utilizados: Quadro ou papel cenário, canetas Tempo estimado: 45m 90m Descrição das ações: Selecionar um tema para reflexão. À semelhança da máquina da poesia (http://miguel-horta.blogspot.pt/2010/11/maquina-da-poesia.html) construir um quadro com várias colunas (de acordo com o tema e as frases a construir). Na primeira coluna escrever nomes (substantivos); na segunda ações (verbos) relacionados com o tema; na terceira lugares e finalmente na quarta atributos (adjetivos). Preencher o quadro com palavras-chave no âmbito da matéria de modo a ficar o mais completo possível. De seguida, a partir do quadro, convidar o grupo a construir frases sobre o tema ligando palavras das diferentes colunas. Depois, individualmente, propor a construção de 5 frases (que funcionem como caracterização, ou definição, ou descrição, etc.). De seguida partilham-se as frases 14 entre a turma e vai-se construindo um texto em conjunto sobre o assunto à medida que se conversa e aprofunda o tema. AUTOBIOGRAFIAS (exercícios Maria Gil) Objetivo: - Exercitar a escrita Competências gerais: - Promover o autoconhecimento - Consciencializar o papel do sujeito na escrita - Aprender a construir um texto Competências específicas: - Praticar diferentes registos de escrita - Aprender a ouvir e a analisar criticamente registos escritos Tipo de estratégia: exercícios Dispositivos utilizados: Caneta e papel; vários cheiros, espelho. Tempo estimado: Várias sessões 1h Descrição das ações: Escrever vários textos a partir do modo autobiográfico. A) a partir de uma auto observação ao espelho escrever um texto sobre quem se é; B) Fazer uma sessão de experiencia de diferentes cheiros de olhos vendados pedindo aos alunos que vejam o que é que os cheiros lhes fazem lembrar. Depois pedir aos alunos que escrevam um texto a partir da memória que relembraram; C) Escrever uma carta a um amigo ou familiar que não se veja há algum tempo; D) Selecionar a parte do corpo que mais se gosta e escrever um texto sobre porque é que se gosta dessa parte do seu corpo; E) Descrever um acontecimento autobiográfico; F) Selecionar três fotos e 15 escrever um texto a partir delas; G) Imaginar uma situação que se gostasse de viver e de seguida escrever um texto sobre essa experiencia imaginária. Depois dos exercícios de escrita pedir aos alunos que partilhem os textos de diferentes modos i) trocar de texto com o colega do lado; ii) trocar com o colega de frente; iii) juntar os textos todos e à sorte distribuir de novo; iv) oferecer o seu texto a outra pessoa; v) fazer a leitura em voz alta dos textos escritos. Em sessões subsequentes utilizar os textos produzidos para treinar a reescrita (para praticar a auto correção da escrita); ou fazer a reescrita de um dos textos realizados a pares para identificar a diferença entre a leitura do nosso próprio texto versus a leitura do nosso texto de outra pessoa, cultivando a distância e a atitude critica; ou fazer a reescrita de um dos textos realizados em grupos de três para compreender que a leitura crítica de um texto varia de pessoa para pessoa e pode permitir um processo de reescrita mais apurado. DIÁRIOS GRÁFICOS POLIFÓNICOS (exercícios de mapeamento e registo de dados a partir da construção de enunciados lançados pelo professor e pelos alunos Mário Linhares) Objetivo: - Promover a atenção ao mundo Competências gerais: - Construir modos de apropriação dos conteúdos - Identificar relações entre diferentes áreas de conhecimento - Aperfeiçoar a utilização dos materiais gráficos Competências específicas: - Diferenciar modos de mapeamento e registo - Ler e interpretar enunciados de várias pessoas - Manipular diferentes tipos de registo gráfico Tipo de estratégia: tarefa 16 Dispositivos utilizados: caderno e canetas, lápis, aguarelas, ou outros matérias de registo. Tempo estimado: duração de um período ou de um ano lectivo Descrição das ações: Os alunos mantêm um diário gráfico que possa ser usado em mais de uma disciplina para estabelecerem relações entre as diferentes áreas de conhecimento. Promover a realização no diário gráfico de pequenos exercícios de registo gráfico de sons. A) Escolher um local e ficar de olhos fechados durante um pequeno período de tempo identificando os diversos sons, as intensidades, os ritmos, as repetições. De seguida desenhar essa experiencia sonora como um mapa; B) a partir de um mapa da escola desenhar os diferentes sons ao longo de um dia; C) Selecionar uma música para registar graficamente; D) Selecionar uma conversa para registar graficamente; E) Selecionar um ruído para registar graficamente; F) Registar um dia de sons de hora a hora. Após a realização de alguns exercícios pedir aos alunos que imaginem eles outros exercícios que promovam o registo gráfico de sons. Partilhar os exercícios entre os alunos e realizar os exercícios propostos. Desenvolver sessões de amostra e olhar crítico à realização dos exercícios. MANIFESTOS (Criação de slogans a espalhar pela escola Sofia Cabrita) Objetivo: - Promover a vontade de escrever e comunicar em língua estrangeira Competências gerais: - Estimular a criatividade - Avaliar o poder da comunicação - Participar ativamente no espaço escola Competências específicas: - Expressar-se com número limitado de palavras 17 - Formular frases incisivas e claras - Exercitar uma língua estrangeira e a sua escrita Tipo de estratégia: tarefa Dispositivos utilizados: folhas de cartolina, caneta, fita cola Tempo estimado: 2-3 sessões de 45 m Descrição das ações: A partir de palavras-chave que se pretenda trabalhar pedir aos alunos que construam slogans para espalhar pela escola. Aproveitar a situação para exercitar a utilização correta de alguns termos (por exemplo o caso dos verbos modais como o could/should ou must/may). De seguida, partilhar os slogans com a turma e verificar se surgem outras ideias para slogans a partir da partilha. Distribuir a escrita dos slogans pelos alunos e a sua colocação em locais estratégicos acessíveis à maior parte da população da escola. Numa outra sessão partilhar as impressões sobre o impacto dos slogans nas pessoas e na vida da escola. IMERSÃO NO SOM (pedir aos alunos para escolherem uma frase de um livro relevante para a matéria, gravar a leitura ao vivo, ouvir as frases gravadas às escuras, justificação da escolha das frases António Pedro) Objetivo: - Promover a apropriação do conhecimento Competências gerais: - Trabalhar a expressão oral - Estimular a concentração auditiva - Exercitar a memória Competências específicas: 18 - Analisar e compreender um texto - Exercitar a argumentação e a fundamentação Tipo de estratégia: exercício Dispositivos utilizados: textos de bibliografia alternativa, gravador. Tempo estimado: 1 ou 2 sessões de 45 minutos Descrição das ações: Pedir a cada aluno que escolha uma frase que o tenha marcado do material bibliográfico alternativo. Primeiro ouvir as frases escolhidas ditas por cada um em voz alta, bem como as respetivas justificações de seleção. De seguida, voltar a repetir as frases, mas em modo de ensaio para a sua gravação. Dar espaço para sugestões sobre o modo como se vão gravar as frases. Depois da gravação, montar e ouvir as frases às escuras, discutindo o efeito de as ouvir gravadas em vez de as ouvir ao vivo. No final do exercício refletir em conjunto sobre a experiencia de gravação. 5. Recomendações - Repensar os conteúdos de uma disciplina através do contacto com contextos educativos não formais; - Quebrar o isolamento do professor; - Olhar para as micropedagogias (para qualquer prática pedagógica alternativa) com seriedade e espírito crítico com o objetivo de alcançar rigor metodológico para uma prática flexível; - Aprender a colocar a voz e o corpo, a controlar a energia e a gerir o tempo da aula; - Trabalhar em disciplinas diferentes a partir do mesmo enunciado; - Criar comunidades inter-escolas; - Convocar a família para a construção do saber, como forma de investigar sobre o mundo; 19 - Dar voz ao aluno para além da resposta à matéria e avaliação do certo ou errado; - Verbalizar o que sentimos e cultivar a reflexão analítica sobre o que fazemos; - Valorizar os recursos disponíveis encarando-os como desafios e não como factores inibitórios; - A escola como lugar onde se vai buscar sentido e já não como lugar onde se vai buscar informação; - Cultivar as transgressões positivas; - Cultivar estratégias pedagógicas criativas e não simplesmente estratégias pedagógicas produtivas (para depois testemunhar 15 anos de experiência em vez de 1 ano de experiência repetida 15 vezes); 20