RELATÓRIO DAS ATIVIDADES EMERGENCIAIS DO COMPONENTE DE MERCADO Após reuniões, envolvendo Imazon e Fase, para definição das medidas emergenciais a serem realizadas pelo componente de mercado do Projeto Conectando as Partes, para os segundo ano de atividades, desenvolveram-se as seguintes atividades: 1. Contatos com Potencias Compradores de Produtos Florestais Não Madeireiros Foi realizada uma busca de potenciais compradores de Produtos Florestais Não Madeireiros e posterior montagem de um banco de dados contendo empresas potenciais, emails e telefones, com identificação das seguintes empresas: Beraca (demonstrou demanda para o murumuru), Natura (demonstrando interesse em visitar a comunidade e negociar a compra de produtos para a próxima safra), Crodamazon, Atina e Juruá. 2. Contratação de Consultoria para Estudo de Mercado Diante da necessidade, viabilizou-se a contratação da consultora Ana Paula Galdino para a elaboração do plano estratégico de mercado para a comunidade de São João do Jaburu, com o objetivo de assessorar a referida comunidade para a comercialização de produtos florestais não-madeireiros de maior interesse, a partir da elaboração de um Estudo de Mercado para três produtos florestais não madeireiros. 3. Vinda a Belém de uma comissão de comercialização formada por lideranças de São João do Jaburu (três pessoas) Com o propósito de capacitar os comunitários a negociarem pessoalmente seus produtos, articulou-se uma visita de lideranças do Jaburu à Belém, que aconteceu entre os dias 27 a 31 de maio de 2007 e o agendamento de visitas e reuniões dessas lideranças com alguns potenciais compradores de produtos florestais não madeireiros: - Natura: a visita à fábrica da Natura foi realizada no dia 28 de maio de 2007, a qual foi conduzida por Maximiliano Roncolleta, Jaqueline e Mauro, responsável pelos trabalhos desenvolvido com comunidades pela Natura. Primeiramente seguiu-se com uma conversa para apresentação das lideranças e exposição de intenções. Foi exposto pelos representantes que a fábrica possui duas plantas industriais, uma que esta produzindo a base para fabricação de sabonete, a partir da gordura vegetal (óleo de palma) e a outra planta industrial faz parte de uma estratégia da Natura para substituição de parte do óleo de palma por algumas oleaginosas como a ucúuba, inajá, buriti e outras, dando ênfase, então, ao papel das comunidades nesse processo produtivo. Porém, foi destacado que a substituição pelas oleaginosas esta sendo estimado para o próximo ano, uma vez que, a planta, ainda se encontra em processo experimental de desenvolvimento tecnológico. Nesse momento estão conhecendo as comunidades e selecionando as que trabalham de maneira organizadas. Foi destacado por parte do representante da Natura que há a possibilidade de estabelecer uma parceria com a comunidade do Jaburu, mas ainda possuem dúvidas quanto a logística de transporte do produto, e ressaltou que para se tornar fornecedor, há um processo longo, por volta de 8 meses, para estabelecer parâmetros e qualidades do produto, e que futuramente pretende-se a implantação de mini usinas nas próprias comunidades para que elas passem a fornecer o óleo com os parâmetros exigidos pela empresa. Colocou ainda, que a empresa possui política de repartição de benefícios e a comunidade não ganha apenas no fornecimento da matéria-prima. Os Principais questionamentos das lideranças à empresa foram: quantidade, preço, escoamento, impostos... - Beraca: na visita realizada à Beraca, no dia 29 de maio de 2007, foi conduzida pelo senhor Morais que proporcionou uma visita às instalações da fábrica e colocação dos dados necessários para que a Comunidade passe a tornar uma fornecedora da empresa. Como a empresa já teve uma conversa inicial com a comunidade para a comercialização do murumuru foi exposto por parte da empresa a necessidade de que a comunidade tenha uma conta bancária em nome da APROJÁ, a fim de que seja efetuado o pagamento pela venda do murumuru e que haja uma nota fiscal, podendo ser avulsa. Ficou certo que a comunidade organizará a produção do murumuru para que a empresa vá até a comunidade buscar a produção que será comercializada por R$ 1.10/kg. - Cofruta: a visita realizada à cooperativa situada em Abaetetuba, foi realizada no dia 30 de maio de 2007, e recepcionada pelo senhor Cláudio, que relatou o histórico da Cofruta de como se deu a formação da cooperativa para a produção de polpa de frutas e de que forma a cooperativa poderia intermediar o comércio das sementes da comunidade São João do Jaburu, estabelecendo contatos e transportando a produção. Foi colocada a experiência da cooperativa em intermediar a comercialização que já ocorreu com a semente de andiroba para Capina por R$ 0.15/kg, o fruto do buriti para empresas em Belém por R$ 0.12/kg e atualmente intermédia o comércio do murumuru das comunidades das ilhas para a Natura, cerca de 10 toneladas. 4. Realização de Oficina de Comercialização na Comunidade São João do Jaburu A oficina de comercialização foi realizada pela consultora Ana Paula Galdino com a ajuda da Francy Nava, nos dias 2 e 3 de Junho na Comunidade São João do Jaburu. Após primeiro contato de conhecimento dos comunitários presentes, deu-se ênfase ao repasse das visitas feitas, por algumas lideranças, em Belém, no qual Dona Maria Lúcia e Fernanda falaram sobre as vistas realizadas na Natura, Beraca e Cofruta, colocando suas principais impressões sobre as conversas, e destacando a necessidade colocada pela Natura de que “a empresa Natura somente faz acordo com comunidades organizadas”, o que gerou pontos de discussão entre os comunitários: “Há necessidade de organização da comunidade, pois é uma exigência das empresas e não conseguiremos vender nossos produtos se não tivermos organizados, mas a comunidade tem que se mobilizar para isso” – Codó “Temos que incluir no produto o esforço para produzir, para que não se saia na desvantagem, precisamos de um mercado justo, mas para isso temos que nos organizar, caso contrário não conseguiremos entrar no mercado” - Zé Ferro. A oficina foi conduzida com a explicação de alguns conceitos: Empreendedorismo, que gerou as seguintes discussões (Vocês acham que vocês são empreendedores? Porque?; As atividades produtivas da APROJA são um empreendimento? Porque?; Qual o papel da APROJA?). “Eu quero ser empreendedor, mas devemos ter o empreendedorismo coletivo, pois só os líderes é que agüentam o peso e risco do negócio e às vezes não são valorizados” – Codó. Negócios sustentáveis, que foi perfeitamente entendido pelos comunitários. “É importante ter consciência e sustentabilidade na comunidade. Se o homem mudar, temos tudo para termos uma nova terra, uma nova situação” – Codó. Potencial produtivo, a fim de que entendesse que o conceito esta ligado a capacidade que o homem tem de coletar o que a natureza disponibiliza. Processo produtivo, no qual foi traçado pelos comunitários o processo produtivo do Açaí, e identificado que uma pessoa em quatro horas coletando quatro latas de açaí possuem um lucro de R$ 52, 50. Demanda e Oferta, para que identificassem sua posição no mercado. A comunidade sugeriu, no momento da seleção dos potenciais produtos a serem trabalhados (Muru muru, Andiroba, Pracaxi, Virola e Buriti), que fossem incluso à lista o Açaí. E identificaram como produtos de sucesso e fracasso os seguintes: - Sucesso: Açaí, Seringa e Sementes; - Fracasso: Madeira e Palmito Após uma longa discussão quanto aos produtos de sucesso e fracasso, João Gama sugeriu um momento de reflexão: “O que me deixa preocupado é a informação, porque a comunidade não esta em sua maioria presente para ter essas informações, e a forma como as elas serão passadas pelos comunitários não serão a mesma como esta sendo repassada pela Ana, temos que pensar que vamos passar fome hoje para amanhã estar de barriga cheia, pensar em parar de cortar o palmito e se interessar nas atividades que garantem o futuro, a comunidade tem que ter essa informação e preocupação, é importante que todos participem, senão não acontece”. A oficina foi conduzida com diversas dinâmicas que demonstraram a importância do trabalho em conjunto e encerrou se com a Ministrante ressaltando que o estudo de mercado é um estudo que serve para mostrar como estão seus consumidores e concorrentes e ajudar as pessoas envolvidas a prevenir-se de possíveis falhas que possam ocorrer durante o processo de comercialização. Diante de todas as colocações finais, Francy mobilizou os comunitários presentes à traçarem os próximos passos, a fim de que atinjam uma produção organizada de acordo com as recomendações do mercado, e que se reunissem para preparar uma lista, dos principais representantes da comunidade para discutir sobre o papel de cada um na comunidade e qual a relação entre eles. Avaliando como estão trabalhando, as perspectivas de trabalho conjunto, os produtos que podem ser trabalhados simultaneamente e expectativas dos representantes sobre as possibilidades futuras. Sendo decidido que os comunitários definiriam uma estratégia de reunião para traçar as ações e agilizar a organização da comunidade.