I I Simpósio de Iniciação Científica - SICFIC' 2015
AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO MICROBIANA DO
LEITE EM PROPRIEDADES RURAIS ASSISTIDAS POR
PROGRAMA TÉCNICO DE TREINAMENTO E
CAPACITAÇÃO APLICADA A TÉCNICA DE ORDENHA
SILVA, C.A. (IC)1; BORDIN, R.A.(O)2, 3
1. Acadêmico de Eng. Agronômica - FIC. Bolsista PIBIC/CNPq.
2. Prof. Doutor, FATEC/ Unidade de Mogi das Cruzes, Mogi das Cruzes – SP.
3. Prof. Doutor, Faculdade Cantareira, Agronomia, São Paulo – SP.
[email protected]
RESUMO: Os padrões de qualidade do leite na cadeia produtiva do Brasil tem recebido destaque nos
controles oficiais propostos pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), através
das instruções normativas, a IN-62. Tal medida se deve ao fato de muitos rebanhos ainda produzirem
leite com baixa qualidade na constituição nutricional em função do alto nível de contaminação
microbiana. Este projeto buscou avaliar o nível de contaminação microbiana por CBT (Contagem
bacteriana total) e CCS (Contagem de células somáticas) de cada produtor na região do Vale do
Paraíba, associados à Cooperativa Mista de Laticínios de Santa Isabel e Igaratá LTDA, Santa Isabel,
SP. Os dados dos produtores foram levantados através de relatório extraído da Clínica no Leite,
ESALQ/USP, e divididos em 3 grupos: pequeno, médio e grande produtores. Para cada grupo, foram
selecionados 20% dos produtores reincidentes com índices elevados para CBT e CCS, que, de
acordo com a IN-62, regulamenta um limite máximo de 300.000 UFC/ml para CBT e 500.000
células/ml para CCS. Esses produtores receberão visita técnica para coleta de material e aplicação
de questionário técnico computadorizado que irá caracterizar as falhas no manejo de ordenha, como
higiene do local e sanidade do rebanho, coleta e armazenamento do leite. Será aplicado, caso
necessário, treinamento de capacitação aos produtores que aceitarem participar do projeto. Após
essas medidas, os produtores serão acompanhados mensalmente para avaliar se haverá resultados
positivo na redução dos índices de contaminação microbiana, atendendo aos padrões exigidos pela
IN-62 e, consequentemente melhorando a qualidade do leite.
INTRODUÇÃO: O Brasil ocupa posição de destaque na produção mundial de proteína animal. Para
conquistar tal patamar, pesquisadores, técnicos e produtores buscam solucionar os desafios nas
diversas áreas produtivas. Na pecuária leiteira atuam concentrando atenções na exploração máxima
do potencial genético animal, tanto no aspecto produtivo, quantidade e qualidade de leite, quanto
reprodutivo (ANUALPEC, 2013). Entretanto, atualmente, os padrões de qualidade de leite como
matéria prima (Produtor X Agroindústria) recebe destaque nos controles oficiais propostos pelo
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), através das instruções normativas, a IN
62 (BRASIL, 2011), associada ou não aos aspectos produtivos e de características infecciosas dos
rebanhos leiteiros. Um exemplo clássico de fator de risco para aumento ou diminuição da qualidade
do leite é a definição no rebanho do índice de contaminação bacteriana do leite (UFC/mL). Muitos
rebanhos no Brasil ainda produzem leite com baixa qualidade na constituição nutricional em função
do alto nível de contaminação microbiana deste alimento. Muitas destas vacas, nestes rebanhos,
além de apresentarem uma reduzida produção leiteira, produzem leite com alta carga contaminante
bacteriana. Este fato resulta em menor remuneração ao produtor bem como menor qualidade deste
alimento aos processos futuros realizados pela indústria (EPAMIG, 2007). O controle dos processos
produtivos, bem como o treinamento dos produtores e colaboradores durante o processo de coleta
(ordenha – Manual ou mecânica) e armazenamento nas propriedades torna-se rotina indispensável
em qualquer exploração leiteira. Porém estratégias de controle e melhoria da qualidade do leite
deverão variar de acordo com o rebanho e seu manejo, com o sistema de ordenha e sem dúvida com
a capacidade prática de adaptação destes atores aos processos contemporâneos relacionados ao
tipo de ordenha e conservação do leite, praticados nas propriedades leiteiras (NICKERSON, 2002).
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MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi conduzido em propriedades rurais da região do Vale do
Paraíba, associados à Cooperativa Mista de Laticínios de Santa Isabel e Igaratá LTDA, Santa Isabel,
SP. A Cooperativa possui 180 produtores associados e cadastrados na Clínica do Leite, ESALQ/USP,
com produção média de 500.000 L/mês de leite. Os dados da produção média, índices de
contaminação microbiana por CBT (Contagem bacteriana total) e por CCS (Contagem de células
somáticas) de cada produtor foram coletados do relatório mensal extraído da Clínica do Leite,
ESALQ/USP, mês de referência Setembro/2015. Com base no relatório, foram divididos 3 grupos de
produtores: pequeno, médio e grande, onde pequeno: produção de 1L até 50L de leite por dia, médio:
produção de 51L até 200L de leite por dia e grande: produção acima de 201L de leite por dia. Para
cada grupo, foi selecionado 20% dos produtores reincidentes com índices elevados por CBT e CCS,
que estão relacionados com a higiene na ordenha e sanidade do rebanho e, que de acordo com a IN62, regulamenta um limite máximo de 300.000 UFC/ml para CBT e 500.000 células/ml para CCS.
Foram relacionados, por amostragem, entre pequeno, médio e grande, 7, 4 e 2 produtores,
respectivamente. Feita essa análise, será elaborado um mapeamento de cada grupo, com realização
de visita técnica, com elaboração e aplicação de questionário técnico computadorizado e coleta de
dados para avaliação dos tópicos em estudo, com possível caracterização das falhas no manejo de
ordenha desses produtores. Caracterizadas as falhas, serão realizados treinamentos de capacitação
desses produtores, com acompanhamento mensal, visando reduzir os índices de contaminação
microbiana, se adequando aos padrões exigidos pela IN-62 e, melhorando assim a qualidade do leite.
RESULTADOS: Na tabela 1 são apresentados a relação dos produtores divididos em grupos,
baseados nos índices de CBT, enquanto na tabela 2 são apresentados a relação dos produtores
baseados nos índices de CCS.
Tabela 1: Distribuição dos produtores relacionados com o índice de CBT.
Grupo
Produtores
Não conformes
Reincidentes
Pequeno
(1L até 50L/dia)
Médio
(51L até 200L/dia)
Grande
(Acima de 200L/dia)
TOTAL
120
46
31
41
22
16
19
12
9
180
80
56
Tabela 2: Distribuição dos produtores relacionados com o índice de CCS.
Grupo
Produtores
Não conformes
Reincidentes
Pequeno
(1L até 50L/dia)
Médio
(51L até 200L/dia)
Grande
(Acima de 200L/dia)
TOTAL
120
41
34
41
18
13
19
8
6
180
67
53
De acordo com a Tabela 1, dos 120 pequenos produtores, 46 estão não conforme com a IN-62,
sendo que desses 46, 31 são reincidentes em CBT. Dos 41 médios produtores, 22 estão não
conforme com a IN-62, sendo que desses 22, 16 são reincidentes. E dos 19 grandes produtores, 12
estão não conforme com a IN-62, sendo que desses 12, 9 são reincidentes.
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Na tabela 2, dos 120 pequenos produtores, 41 estão não conforme com a IN-62, sendo que desses
41, 34 são reincidentes em CCS. Dos 41 médios produtores, 18 estão não conforme com a IN-62,
sendo que desses 18, 13 são reincidentes. E dos 19 grandes produtores, 8 estão não conforme com
a IN-62, sendo que desses 8, 6 são reincidentes.
CONCLUSÕES: A contaminação microbiana presente nas propriedades rurais tem maior incidência
nos grupos de pequenos e médios produtores, sendo que a maior parte dos produtores não
conformes, de acordo com a IN-62, são reincidentes tanto em CBT quanto em CCS. Os produtores
com índices elevados em CBT apresentam também índices elevados em CCS, devido à relação
existente entre ambas, onde, a aplicação não adequada da higienização no manejo de ordenha afeta
diretamente a sanidade do rebanho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Comercio, 2013. 392 p.
- BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 62 de 29 de
Dezembro de 2011. Aprova os regulamentos técnicos de produção. Identidade e qualidade do leite
tipo A. Tipo B, do leite tipo C, do leite pasteurizado e do leite crú refrigerado e seu transporte a granel.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2011.
- EPAMIG. Agroindústria: Leite e Derivados. Informe Agropecuário. Minas Gerais. v. 28, n. 238, 2007.
84 p.
- NICKERSON, SC.; PHILPOLPOT, W.N. Vencendo a luta contra a mastite. Campinas: Westfalia,
2002. 192 p.
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