Brazilian Journal of Biomotricity
ISSN: 1981-6324
[email protected]
Universidade Iguaçu
Brasil
Silva Abrahão, Gustavo; Ferreira Caixeta, Lorena; Rodrigues Barbosa, Larissa; Siqueira, Dayana P. P.
de; Carvalho, Leonardo César; Chieregato Matheus, João Paulo
INCIDÊNCIA DAS LESÕES ORTOPÉDICAS POR SEGMENTO ANATÔMICO ASSOCIADO À
AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA E INTENSIDADE DA DOR EM UMA EQUIPE DE FUTEBOL
AMADOR
Brazilian Journal of Biomotricity, vol. 3, núm. 2, junio, 2009, pp. 152-158
Universidade Iguaçu
Itaperuna, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=93012708008
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Abrahão et al.: Incidência das lesões ortopédicas em uma equipe de futebol
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ORIGINAL PAPER (ARTIGO ORIGINAL)
INCIDÊNCIA DAS LESÕES
ORTOPÉDICAS POR SEGMENTO
ANATÔMICO ASSOCIADO À
AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA E
INTENSIDADE DA DOR EM UMA
EQUIPE DE FUTEBOL AMADOR
IMPACT OF ORTHOPEDIC INJURIES BY SEGMENT ANATOMIC INVOLVED IN THE
EVALUATION OF THE FREQUENCY AND PAIN INTENSITY AT A FOOTBALL TEAM
AMATEUR
Gustavo Silva Abrahão1,2, Lorena Ferreira Caixeta1, Larissa Rodrigues Barbosa1, Dayana
P. P. de Siqueira3, Leonardo César Carvalho1, João Paulo Chieregato Matheus1
1- Universidade de Uberaba/Laboratório de Bioengenharia, Uberaba-MG, Brasil.
2- Universidade Federal do Triangulo Mineiro, Uberaba-MG, Brasil.
3- FACTHUS, Uberaba-MG, Brasil.
Corresponding author:
Gustavo Silva Abrahão
Rua Terezinha Campos Waack, 275. JD. Alexandre Campos
Uberaba, MG, CEP 38020-040,
Email: [email protected]
Submitted for publication: March 2009
Accepted for publication: May 2009
RESUMO
ABRAHÃO, G. S.; CAIXETA, L. F.; BARBOSA, L. R.; SIQUEIRA, D. P. P.; CARVALHO, L. C.; MATHEUS, J.
P. C. Incidência das lesões ortopédicas por segmento anatômico associado à avaliação da frequência e
intensidade da dor em uma equipe de futebol amador. Brazilian Journal Biomotricity, v. 3, n. 2, p. 152-158,
2009. O incentivo à prática esportiva atrai cada vez mais adeptos aos esportes, porém, estudos apontam o
aumento do índice de lesões osteomioarticulares bem como, a intensidade e freqüência da dor, advindas,
sobretudo, de práticas amadoras e de contato. O objetivo deste estudo foi verificar a incidência de lesões
ortopédicas por segmento anatômico e quantificar a intensidade da dor, em jogadores de futebol de salão
de uma equipe amadora. Aplicamos um questionário do tipo inquérito juntamente a escala visual analógica
(EVA), em 21 jogadores de um time de futebol amador, sexo masculino e idade entre 19 e 30 anos. Foram
relatadas 25 lesões em 12 (57,14%) jogadores sendo mais freqüente, a lesão de tornozelo com (40%).
Dezenove (90,48%) jogadores referiram dor durante a avaliação e foram encontrados na EVA valores
equivalentes a (3,89 ± 1,46). Concluímos que a lesão e a dor são episódios freqüentes na maioria dos
jogadores avaliados. E os segmentos anatômicos mais sujeitos a lesão foram o tornozelo e o pé.
Palavras-chave: Futebol; Lesões ortopédicas; Lesão musculoesquelética; Dor.
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ABSTRACT
ABRAHÃO, G. S.; CAIXETA, L. F.; BARBOSA, L. R.; SIQUEIRA, D. P. P.; CARVALHO, L. C.; MATHEUS, J.
P. C. Impact of orthopedic injuries by segment anatomic involved in the evaluation of the frequency and pain
intensity at a football team amateur Brazilian Journal Biomotricity, v. 3, n. 2, p. 152-158, 2009. The incentive
to practice sport attracts more and more to sports fans, however, studies indicate an increase in the rate of
injuries osteomioarticulares well as the intensity and frequency of pain, resulting, above all, amateur
activities and contact. The purpose of this study was to assess the incidence of orthopedic injuries by
anatomical segment and quantify the intensity of pain in soccer players from a team of amateur ballroom.
Applied a questionnaire survey of the type along the visual analogue scale (VAS) on 21 players from an
amateur soccer team, male and aged between 19 and 30 years. 25 injuries were reported in 12 (57.14%)
players are more frequent, with the injury of ankle (40%), 19 (90.48%) players reported pain during the
evaluation and were found in the securities equivalent to EVA (3 , 89 ± 1.46). We concluded that the injury
and pain are the most frequent episodes of players evaluated. And the anatomical segments more prone to
injury were the ankle and foot.
Key Words: Football; Orthopedic injuries; musculoskeletal injury; pain
INTRODUÇÃO
O futebol é o esporte mais difundido na maioria dos países, especialmente nos latinoamericanos e europeus (GANTUS e ASSUMPÇÃO, 2002). A evolução médicotecnológica ocorrida nas últimas décadas teve impacto no esporte, com um importante
avanço na preparação física dos atletas e conseqüente exigência de máximo
desempenho (SILVA et al., 2005).
Esse quadro transformou o estilo do futebol, com a substituição da ênfase na técnica
(futebol-arte) pelos componentes físicos (futebol-força) e táticos. O futebol atual exige
capacidade anaeróbica (especialmente velocidade e explosão muscular) para as ações
de jogo e resistência aeróbica para os curtos períodos de recuperação entre as ações de
jogo.
Como conseqüência desse novo estilo, os choques são cada vez mais freqüentes,
aumentando o risco de contusões e lesões articulares. No mesmo sentido, a exigência
cada vez maior da capacidade física aumenta o risco de lesões musculares, seja pelo
excesso de treinos e jogos, ou movimentos bruscos em curto intervalo de tempo
(PASTRE et al., 2005). Sendo os comprometimentos traumáticos agudo do sistema
locomotor o principal fator desencadeante de dor e limitação de movimento e, muitas
vezes, incapacidade parcial ou total do atleta (MEYER et al., 1993).
O ser humano é único e não se devem generalizar suas ações, percepções e
comportamentos, principalmente em relação à dor, sendo importante uma avaliação da
condição dolorosa para obter uma assistência especializada, voltada para a manutenção
da qualidade de vida do indivíduo (XAVIER et al. , 2005).
O futebol de salão (futsal) é um esporte em ascensão mundial, atraindo cada vez mais
adeptos. Devido à facilidade de encontrar espaços para sua prática, o que não é muito
freqüente com relação ao futebol de campo, ele é um dos esportes mais difundidos no
Brasil, sendo jogado por mais de 12 milhões de brasileiros, segundo dados da
Confederação Brasileira de Futebol de Salão (SILVA et al., 2005).
Desta forma, este trabalho visou realizar um levantamento das lesões e sua localização,
bem como quantificar a dor em jogadores amadores de futebol de salão, a fim de
contribuir para a conscientização e conseqüente diminuição das lesões e do bem estar
físico geral, da classe de atletas relacionadas a este esporte.
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MATERIAIS E METODOS
Realizamos um estudo de observação, transversal, tipo inquérito onde participaram 21
jogadores de uma equipe de futebol de salão amador, com idade entre 19 e 30 anos,
sendo todos do sexo masculino e que declararam realizar atividade física (4,2 ± 1,8) dias
por semana por (111,43 ± 31,67) minutos por dia.
O inquérito de morbidade referida é composto por um questionário utilizado como
instrumento de coleta de dados, elaborado por meio de modelo fechado, contendo
inicialmente dados pessoais relativos aos atletas, como: gênero, idade, peso, altura e
tempo de treinamento.
O questionário foi desenvolvido pelos autores priorizando a abordagem da incidência de
lesão e a quantificação da dor. Para obtenção destas informações foram inseridas
questões sobre o período de treinamento, o tipo de lesão e local anatômico para avaliar a
freqüência das lesões por segmento anatômico, em seguida foi empregada uma escala
visual analógica (EVA): régua não graduada de 100 milímetros de comprimento com
descritores nas extremidades: à esquerda “sem dor” e à direita “dor insuportável”. E
então após esclarecimento da escala o atleta com um traço perpendicular assinala a
linha, no ponto representativo da dor. Posteriormente, mede-se em centímetros, a
distância entre o início da linha, que corresponde a zero e o local assinalado, obtendo-se,
assim, uma classificação numérica que foi registrada na pesquisa.
Neste estudo, foi considerado lesão qualquer dor ou afecção musculoesquelética
resultante de treinamentos e competições esportivas e que foi suficiente para causar
alterações no treinamento normal, seja na forma, duração, intensidade ou freqüência.
A avaliação da dor é um evento freqüentemente associado ao esporte competitivo
especialmente nas modalidades de contato como o futebol, sendo importante para
ampliar a compreensão à seu respeito. Assim como as questões referentes ao tipo de
lesão que tem por finalidade identificar, a exemplo de estudos epidemiológicos de
morbidade referida, o agravo percebido pelo atleta, independente de diagnóstico.
A coleta dos dados foi realizada no local de treinamento dos atletas, utilizando como
critérios de exclusão os que tinham qualquer tipo de acompanhamento por profissionais
especializados no preparo da atividade física realizada, ou que apresentavam alguma
doença que cuja manifestação é através de sintomas dolorosos. A participação da
população investigada foi realizada mediante leitura, compreensão e autorização por
escrito de um termo de consentimento livre e esclarecido e este trabalho foi aprovado pelo
comitê de Ética em pesquisa da Universidade de Uberaba (UNIUBE) CAAE número
0031.0.227.000-06.
RESULTADOS
Ao apurar os dados dos questionários encontramos um índice equivalente a 25 lesões em
12 (57,14%) jogadores, caracterizando assim, a presença de mais de um segmento
lesado em alguns jogadores, pois 9 dos entrevistados não relataram existir presença de
lesão.
A lesão mais freqüente encontrada foi a do tornozelo com incidência em 10 jogadores o
que corresponde a (40%). O pé foi então o segundo segmento mais acometido, sendo
relatado por 4 jogadores, representando (16%), As outras lesões correspondem à 2
jogadores com acometimento em mão (8%), 2 em quadril (8%), 2 em joelho e 2 na região
da coxa (8%). Estando entre os segmentos menos acometidos os citados por 1 atleta com
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Em relação à quantificação da dor, foram encontrados valores na EVA equivalentes a
(3,89 ± 1,46) relatados por 19 (90,48%) jogadores, lembrando que apenas 8%, ou seja, 2
atletas registraram valores que corresponderam a denominação “sem dor”. Dos 19
atletas, apenas 7 relataram não ter sofrido nenhum tipo de lesão, sendo a dor justificável
pelo esforço físico, no entanto, ha relação entre lesão e dor, pois a maioria dos avaliados
que relatou a presença de dor também referiu algum tipo de lesão (Figura 2).
Figura 1 - Gráfico demonstrativo do percentual de lesões por segmento anatômico
Figura 2 - Gráfico demonstrativo da intensidade dolorosa nos jogadores
DISCUSSÃO
De acordo com Guerra, Soares e Burini (2001 apud LIMA et al., 2005), o “futsal” atual
exige esforços de grandes intensidades e curta duração, diferenciando esta modalidade
desportiva de outras de alto nível. A agilidade dos acontecimentos e ações durante uma
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partida exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da
maneira mais rápida e eficiente possível (CYRINO et al., 2002, apud LIMA et al., 2005).
Sugerindo maiores investigações quanto à incidência de lesões, para estes poderem
receber um treinamento mais especifico e preventivo as fatalidades do esporte.
Segundo Junge et al. (2004) em um estudo comparativo entre o futebol de salão com o de
campo, eles observaram que a incidência de lesão no futebol de salão foi duas vezes
maior, que no de campo. A essa diferença eles atribuíram à natureza do jogo, associada à
alta velocidade dos movimentos, juntamente com a menor dimensão do campo de jogo e
à diferença de piso, resultando então, em um número maior de colisões e entorses,
respectivamente.
Os achados em nosso estudo confirmam o elevado número de lesões no futebol de salão,
aproximadamente 60% dos atletas entrevistados relatam ter sofrido lesão. Sugerindo que
o elevado índice, possivelmente esta relacionado à alta exigência física da modalidade
esportiva associado à falta de treinamento especializado.
A ocorrência de lesões desportivas, possivelmente, são resultado de exercícios realizados
de maneira extenuante e, ainda, inadvertida ou inapropriada, sendo subestimadas a
prevalência e incidência destes episódios devido à ausência de notificação em todo o
universo esportivo, seja na iniciação das modalidades ou em altos níveis de performance
(PASTRE et al., 2004).
Segundo Ribeiro et al. (2003), o tornozelo é o segmento mais acometido na prática do
“futsal” comumente relacionada a grande presença de pés planos, bem como as lesões
do joelho que podem ser relacionadas à presença de joelhos valgos. Assim como no
estudo de Emery; Meeuwisse (2006), que observaram a prevalência de lesões no
tornozelo.
Resultados semelhantes foram encontrados em nosso estudo com maior relato de lesão
do tornozelo, seguidas das lesões no pé.
Becker et al. (2006) esclarecem que em jogadoras da primeira divisão feminina de futebol
da Alemanha, os tipos mais comuns de lesões são os rompimentos de ligamentos do
tornozelo, seguidos por sua torção, lesões meniscais e rupturas do Ligamento Cruzado
Anterior (LCA).
A Dor é definida por Baez et al. (1990) como um fenômeno inatingível, invisível e
imensurável. No entanto, diversos autores como Calil e Pimenta (2005) apresentam
metodologias que buscam quantificar a intensidade da dor.
Azevedo e Samulski (2003) afirmam que os atletas frequentemente lidam com danos e
com a dor dentro das modalidades esportivas, mas independentemente da prática
competitiva ou amadora é apresentada uma alta tolerância à experiência dolorosa. Assim
como observado em nosso estudo onde, os atletas queixam-se de dor, porém com
intensidade leve a moderada.
Frente a estes dados onde encontramos a dor como um fenômeno comum junto às lesões
sugere-se uma maior intervenção junto aos atletas amadores orientando um treinamento
musculoesquelético preparatório á atividade, como forma de prevenção de lesões e
consequentemente índices ainda menores de dor.
CONCLUSÃO
Com base na execução desse experimento pode-se concluir que os segmentos
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equipe amadora foram o tornozelo e o pé. No entanto outros segmentos corporais embora
em menor proporção também estejam sujeitos às lesões. Acompanhando as lesões,
identificamos a dor como sendo um episódio freqüente na maioria dos jogadores
avaliados. A percepção da intensidade dolorosa é significativa, no entanto não se
aproxima dos valores máximos.
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