UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA AGRÍCOLA DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EM UM SOLO COMPACTADO EM DIFERENTES UMIDADES Erik Santos Endler ANÁPOLIS – GO 2014 ERIK SANTOS ENDLER DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EM UM SOLO COMPACTADO EM DIFERENTES UMIDADES Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Estadual de Goiás - UnUCET, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola. Área de concentração: Irrigação Orientador: Profª. DSc. Flávia Martins de Queiroz ANÁPOLIS – GO 2014 ERIK SANTOS ENDLER DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EM UM SOLO COMPACTADO EM DIFERENTES UMIDADES Monografia apresentada à Universidade Estadual de Goiás – UnUCET, para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola. Área de concentração: Irrigação Aprovada em: ____ / ______ / ______. Banca examinadora _______________________________________ Profª. DSc. Flávia Martins de Queiroz Universidade Estadual de Goiás – UnUCET Orientador ________________________________________ Prof. MSc. Ródney Ferreira Couto Universidade Estadual de Goiás – UnUCET Membro Avaliador ________________________________________ Profª. DSc. Roberta Passini Universidade Estadual de Goiás – UnUCET Supervisora de TCC AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelas oportunidades e por ter me conduzido até aqui durante toda minha formação acadêmica. A minha família e familiares que me apoiaram, incentivaram e proporcionaram chegar até aqui desde o começo de meus estudos. A todos os professores que me acompanharam nesta jornada, que me ensinaram e contribuíram com meu aprendizado tanto na vida pessoal quanto acadêmica. A minha Orientadora DSc. Flávia Martins de Queiroz e avaliador MSc. Ródney Ferreira Couto que me ajudaram a conduzir este trabalho. Aos meus colegas e amigos de graduação Claudia Danielle, Kari Katiele, Laíz Souza, Maryanne Mendes, Raíssa Karenine, Beethoven Gabriel, Flavio Ribeiro, Mateus Morais, Pamella Mello, Danilo Gomes, Flávio Henrique, Mônica Braga, Bruno Palma, Carlos Antônio, Neyber, Raquel, Aline Mariana, que me acompanharam até aqui nesta graduação. Agradeço também a todos que estiveram comigo até aqui e que me ajudaram diretamente e indiretamente. A todos meus agradecimentos e gratidão. iii SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................. v 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 6 2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 8 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 9 3.1 VARIÁVEIS FÍSICO- HÍDRICAS DOS SOLOS .................................................... 9 3.1.2 Porosidade ........................................................................................................ 10 3.1.3 Densidade do Solo............................................................................................. 11 3.1.4 Densidade das Partículas ................................................................................. 11 3.2 COMPACTAÇÃO DO SOLO ............................................................................... 12 3.3 PERMEABILIDADE ................................................................................................ 12 3.3.1 A Lei de Darcy .................................................................................................. 12 3.3.2 Permeâmetro de carga constante ..................................................................... 13 3. 3.3 Permeâmetro carga variável ........................................................................... 14 4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 16 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO ............................................................................. 16 4.2 DELINEAMENTO ESTATÍSTICO ......................................................................... 17 4.3 EXPERIMENTO ...................................................................................................... 17 4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................... 18 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 19 6 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 22 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 23 iv RESUMO A condutividade hidráulica do solo é uma propriedade que expressa a facilidade com que a água nele se movimenta, sendo de extrema importância ao uso agrícola e, consequentemente, à produção das culturas e à preservação do solo e do ambiente. O objetivo desse trabalho foi avaliar condutividade hidráulica da água em um solo compactado em diferentes umidades, para isso, os ensaios foram conduzidos adotando um delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos representados pela umidade inicial em que as amostras foram compactadas sendo elas 15, 25 e 35%, com 4 repetições. A estimativa da condutividade hidráulica foi feita segundo equação do método de permeabilidade a carga variável, os valores foram analisados estatisticamente por meio de analise de variância e teste de tukey. Os valores de condutividade encontrados permaneceram dentro do esperado para cada situação de umidade de compactação, em que a redução da condutividade hidráulica se dava para maiores valores de umidade na compactação. Dos resultados experimentais concluiu-se que os solos compactados a 25% e 35% de umidade não apresentaram diferença significativa nos valores de condutividade hidráulica, já os compactados a 15% apresentaram, em media, uma diferença significativa em relação às outras umidades 25% e 35%. Palavras-Chave: Água, Densidade, Compactação. v 1 INTRODUÇÃO O estudo das propriedades hídricas de um solo é de grande importância, pois afetam grandemente o seu uso. O solo e a água são dois recursos fundamentais da agricultura. A necessidade de explorá-los e manejá-los eficientemente torna-se uma das mais importantes tarefas do nosso tempo, sendo necessário aprofundar os conhecimentos relativos às propriedades e ao comportamento do binômio solo-água, devido a sua relação direta com o desenvolvimento das culturas (CARVALHO, 2002). A dinâmica da água no solo está diretamente relacionada à produção vegetal. Seu conhecimento é, portanto, de interesse fundamental para qualquer tomada de decisão sobre a exploração agrícola dos solos. Portanto, a melhor caracterização dos fatores que interferem neste movimento torna-se imprescindível. O movimento da água no sistema solo-planta envolve processos como infiltração, redistribuição, drenagem e absorção pela planta. Nesse contexto, a condutividade hidráulica ocupa papel de destaque, pois está diretamente relacionada à capacidade do solo em conduzir água (CARVALHO, 2002). A condutividade hidráulica do solo é uma propriedade que expressa a facilidade com que a água nele se movimenta, sendo de extrema importância ao uso agrícola e, consequentemente, à produção das culturas e à preservação do solo e do ambiente. A primeira equação utilizada para quantificar o movimento da água no solo foi introduzida por Henry Darcy, em 1856. A condutividade hidráulica do solo descreve a funcionalidade de seu sistema poroso, englobando propriedades relacionadas com a sua porosidade, como quantidade, tamanho, morfologia, continuidade e orientação dos póros (GONÇALVES, 2013). A condutividade hidráulica do solo é essencial para qualquer estudo que envolva o movimento da água no solo, seja para estudar a própria dinâmica da água, seja para estudar o transporte de elementos químicos, nutrientes e defensivos agrícolas, bem como seus impactos potenciais ao ambiente. Além disso é também uma das principais variáveis para a determinação da capacidade de drenagem do solo. Sendo, portanto um fator que influencia no manejo de um solo, visto que pode afetar, por exemplo, na lâmina de irrigação aplicada ou nas práticas de manejo conduzidas no solo (GONÇALVES, 2013). As propriedades que influenciam a condutividade hidráulica são a estrutura, a textura, a densidade do solo, composição da solução do solo, dentre outras. 6 A compactação altera essas propriedades físicas do solo segundo Pinto (2006), visto que, devido a ela, ocorre um processo de densificação em que a porosidade e a permeabilidade são reduzidas, a resistência é aumentada e várias alterações são induzidas na estrutura do solo (SOANE e OUWERKERK, 1994; BERTOL et al., 2000), a diminuição da macroporosidade provocada pela compactação também prejudica a infiltração de água, afetando negativamente a condutividade hidráulica do solo. Há diversos fatores que influenciam diretamente na compactação do solo, podendo destacar o tipo e a textura do solo; o teor de matéria orgânica; a presença de resíduos florestais sobre o solo; o teor de umidade; o tipo de máquinas e rodados; o tamanho, a forma e pressão de ar dos pneus, e o número de passadas da máquina (PORTERFIELD; CARPENTER, 1986; WARKOTSCH et al., 1994). Desses fatores destaca-se o teor de umidade, cuja condição de umidade no momento em que o solo está sendo compactado tem grande influência na redução e redistribuição do espaço poroso. Solos secos são mais resistentes a mudanças na distribuição do tamanho dos poros, e essa resistência é reduzida com o aumento do conteúdo de água (EAVIS, 1972). Alguns autores relatam que, com o aumento da umidade do solo, ocorre a maior lubrificação das partículas, atingindo os limites plásticos, onde a compactação se torna mais crítica. Com o conteúdo de água acima da capacidade de campo, o aumento da umidade resulta em uma redução da densidade, podendo causar a perda da estruturação original do solo (SILVA, 1984). Diante do exposto, considera-se de alta significação o estudo da condutividade hidráulica de solo compactado com diferentes conteúdos de umidade, visto que problemas de compactação de solo são comuns em condições de campo, principalmente, devido ao tráfego de máquinas, cujas consequências são redução da taxa de infiltração e aumento do escoamento superficial e consequente erosão do solo. 7 2 OBJETIVO Este trabalho teve como determinar a condutividade hidráulica no solo compactado em diferentes umidades, sendo elas 15, 25 e 35%. 8 3 REVISÃO DE LITERATURA O solo pode ser definido, fisicamente, como um sistema trifásico (Figura 1), em que a fase sólida é constituída pelas partículas que compõem a matriz do solo, a fase líquida é constituída pela água e a fase gasosa pelo ar e pelo vapor de água. Segundo Bernardo et al. (2006) o volume de sólidos pode ser considerado praticamente fixo, enquanto os gases e a solução (água e nutrientes) dividem o espaço poroso do solo. Se a quantidade de solução ou a umidade do solo aumentarem, diminui a quantidade de gases, e vice-versa. Figura 1 – Esquema do solo como sistema trifásico. Fonte: PINTO (2006). 3.1 VARIÁVEIS FÍSICO- HÍDRICAS DOS SOLOS As variáveis físico- hídricas apresentam uma importância significativa na engenharia de solo e na hidrologia, pois fornecem informações para o desenvolvimento de projetos de irrigação, para o estabelecimento de sistemas de manejo de solo e água, na análise dos solos quanto a sua suscetibilidade à erosão, no manejo agrícola, bem como na modelagem hidrológica (PINTO, 2006). 9 3.1.1 Porosidade O arranjo das partículas sólidas do solo, em vários tipos de agregados, forma a estrutura do solo, que apresenta porosidade. Segundo Curi et al. (1993), a porosidade do solo corresponde ao volume do solo não ocupado por partículas sólidas, incluindo todo o espaço poroso ocupado pelo ar e água. Este volume resulta na porosidade total do solo, subdividida em macroporos e microporos. Para Reinert e Reichert (2006), a porosidade é responsável por um conjunto de fenômenos e desenvolve uma série de mecanismos de importância na física de solos, tais como a retenção e fluxo de água e ar. Entre as partículas maiores como a areia, ou entre agregados, predominam poros grandes (macroporos); entre partículas pequenas como a argila, predominam poros pequenos (microporos) (VIEIRA et al., 1988). Segundo Lima e Lima (1996), os macroporos são responsáveis pela aeração, movimentação de água e penetração de raízes, e os microporos pela retenção de água no solo. Os macroporos são descritos por Lal e Shukla (2004) em termos do diâmetro, especificado em cinco classes de tamanho, comumente usados em levantamentos de solos, sendo: muito pequenos (< 0,5 mm), pequenos (0,5 – 2,0 mm), médios (2,0 – 5,0 mm), grosseiros (5,0 – 10,0 mm) e muito grosseiro (> 10,0 mm). Segundo EMBRAPA (1997), macroporos muito pequenos chegam até a 0,05 mm de diâmetro, sendo os poros menores que estes considerados microporos. A porosidade do solo e a relação entre a macroporosidade e microporosidade são fatores importantes para a avaliação da estrutura do solo. A microporosidade está relacionada com o armazenamento de água no solo, influenciando o desenvolvimento das plantas, especialmente nas épocas críticas de suprimento hídrico (VEIGA, 2005, citado por JESUS, 2006). Em solo compactado, o número de macroporos é reduzido, os microporos são em maior quantidade e a densidade também é maior (JIMENEZ et al., 2008). Como o solo é um material poroso, por compressão, a massa de material sólido passa a ocupar um volume menor. Isto afeta a estrutura, definindo a quantidade, o tamanho, o formato e a orientação de espaços vazios no solo e, consequentemente, a relação entre macro e microporos e a continuidade da macroporosidade (REICHARDT, 1990). Essa modificação pode ser atribuída à diminuição da porosidade total e da macroporosidade (RICHARDT et al., 2005) e ao aumento da microporosidade (MACHADO e FAVARETTO, 2006). 10 3.1.2 Densidade do Solo A densidade do solo é definida como sendo o quociente da massa de sólidos pelo volume, e é afetada por cultivos que alteram a estrutura e, por consequência, o arranjo e volume de poros. Essas alterações afetam propriedades físico-hídricas importantes, como a porosidade de aeração, a retenção de água no solo, a disponibilidade de água as plantas e a resistência do solo a penetração (KLEIN, 2008). A densidade do solo difere da densidade de sólidos por considerar o arranjo das partículas, isto é, o espaço poroso do solo. Visto que, para um solo com a mesma densidade de sólidos, quanto maior for a porosidade, menor será a densidade. Segundo Albuquerque e Durães (2008) a compactação do solo, causada pelo uso intensivo de máquinas agrícolas, diminui o espaço poroso, aumentando, portanto, a densidade do solo e assim, afetando a capacidade de retenção e o movimento de água no solo. Além de dificultar o crescimento das raízes das plantas, comprometendo o crescimento e a produtividade das culturas agrícolas. Segundo Carlesso e Zimmermann (2005), a densidade do solo é importante na irrigação porque possibilita a transformação do conteúdo gravimétrico da água no solo em altura de lâmina de irrigação. Os solos agrícolas apresentam grande amplitude de densidade em função de suas características mineralógicas, de textura e de teor de matéria orgânica. Essa variação da densidade do solo (Ds), em função de propriedades intrínsecas do solo, dificulta a sua utilização para quantificar o grau de compactação do solo (BRADY; WEIL, 2008). Solos argilosos apresentam agregação das partículas de argila, da qual resulta a porosidade intraagregados, que aumenta o volume do espaço poroso, principalmente aqueles poros com diâmetro reduzido (BRADY e WEIL, 2008). 3.1.3 Densidade das Partículas A densidade dos sólidos, também denominada de “densidade de partículas”, corresponde ao quociente da massa pelo volume seco, considerando-se apenas a matriz do solo, sem considerar o seu arranjo e estrutura. É uma característica específica do solo e varia de acordo com a composição do solo, não podendo ser alterada pelo manejo do solo (EMBRAPA, 1997). Nos solos os valores da densidade de partícula variam, em média, entre os valores de 2,3 a 3,0 g cm-3, variação essa em função da composição mineralógica do solo (KAISER, 2010). Para as condições de solos tropicais e subtropicais pode-se assumir como densidade 11 média dos sólidos valores próximos de 2,65x106 g.m-3, em função da composição média (KLEIN, 2008; BRADY, 1989). 3.2 COMPACTAÇÃO DO SOLO A umidade do solo ótima para a máxima compactação é determinada pelo ensaio de Proctor Normal. De acordo com Pinto (2006) quando se compacta com umidade baixa, o atrito entre as partículas é muito alto e não se consegue uma significativa redução dos vazios. Para umidades mais elevadas, a água provoca certo efeito de lubrificação entre as partículas, que deslizam entre si, acomodando-se num arranjo mais compacto. A partir de certo teor de umidade, entretanto, a compactação não consegue mais expulsar o ar dos vazios, pois o grau de saturação já é elevado e o ar está ocluso. A curva de compactação do solo, segundo Bueno e Vilar (1998), varia em função da textura. Solos arenosos apresentam umidade ótima menor que solos argilosos, enquanto solos siltosos têm um comportamento intermediário. Klein et al. (2004) apresenta exemplos de curvas de compactação em que o teor de argila do solo influencia a umidade ótima para a máxima compactação, sendo que para solo argiloso a umidade ideal foi de 0,32 g g -1, mas para solo arenoso essa foi de 0,17 g g-1. 3.3 PERMEABILIDADE 3.3.1 A Lei de Darcy Experimentalmente, Darcy, em 1850, verificou como os diversos fatores geométricos influenciavam a vazão da água, expressando a Equação1 que ficou conhecida pelo seu nome: Sendo: Q= vazão (m3. s-1); A= área do Permeâmetro (m2); K= constante permeabilidade. para cada solo, que recebe o nome de coeficiente de 12 A relação entre h, a carga que se dissipa na percolação, por L ,distância ao longo da qual a carga se dissipa, é chamada de gradiente hidráulico, expresso pela letra i. A Lei de Darcy assume o formato da Equação 2: A vazão dividida pela área indica a velocidade com que a água percola a areia. Esta velocidade, v, é chamada de velocidade de percolação. Em função dela, a Lei de Darcy fica sendo conforme Equação 3 : Da última expressão, se depreende que o coeficiente de permeabilidade indica a velocidade de percolação da água quando o gradiente é igual a um. Ele costumeiramente é referido em m.s-1 e, como para os solos seu valor é muito baixo, é expresso pelo produto de um número inferior a 10 por uma potência de 10, como por exemplo, Equação 4 (CAVALCANTE, 2006): 3.3.2 Permeâmetro de carga constante O permeâmetro de carga constante é utilizado toda vez que temos que medir a permeabilidade dos solos granulares (solos com razoável quantidade de areia e/ou pedregulho), os quais apresentam valores de permeabilidade elevados. O permeâmetro pode ser visto na Figura 2 (CAVALCANTE, 2006). Figura 2 – Permeâmetro de carga constante. Fonte: Cavalcante 2006. 13 Neste ensaio utiliza-se dois reservatórios onde os níveis de água são mantidos constantes, entre os quais, a amostra de solo é inserida como mostra a Figura 2. Mantida a carga h, durante um certo tempo, a água percolada através do solo é colhida e o seu volume é medido. Conhecidas a vazão e as dimensões do corpo de prova, comprimento L e a área da seção transversal A, estima-se o valor da condutividade hidráulica, k, através da Equação 5: Em que: Q = é a quantidade de água medida na proveta (m3. s-1); L = é o comprimento da amostra medido no sentido do fluxo, (m); A = área da seção transversal da amostra (m2); h = diferença do nível entre o reservatório superior e o inferior (m). 3. 3.3 Permeâmetro carga variável O permeâmetro de nível variável é considerado mais vantajoso que o de nível constante, sendo preferencialmente usado para solos finos, nos quais o volume d’água que percola através da amostra é pequeno. Quando o coeficiente de permeabilidade é muito baixo, a determinação pelo permeâmetro de carga constante é pouco precisa (CAVALCANTE, 2006). Neste ensaio medem-se os valores da carga hidráulica, h, obtidos para diversos valores de tempo decorrido desde o início do ensaio. O coeficiente de permeabilidade dos solos é então calculado fazendo-se uso da Lei de Darcy, Equação 6: Considerando-se que a vazão da água passando pelo solo é igual à vazão da água que passa pela bureta, a qual provem a água a ser passada pelo solo, pode ser expressa como Equação 7: (7) 14 Igualando-se as duas equações (6) e (7) de vazão, tem-se Equação 8: A Equação 7, integrada no intervalo entre a condição inicial (h=hi, t=0) e a condição final (h=hf, t=tf) tem-se Equação 9 e 10: ou Sendo: A = Área interna do tubo de carga (m²); A = Seção transversal da amostra (m²); L = Altura do corpo de prova (m); ho = Distancia inicial do nível d’água para o reservatório inferior (m); h1 = Distancia para o tempo 1, do nível d’água para o reservatório inferior (m); ∆t = Intervalo de tempo para o nível d’água passar de ho para h1 (s). 15 4 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Mecânica dos Solos dos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Goiás, (campos Henrique Santillo) Anápolis – GO (UEG-UnUCET). 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO O solo utilizado foi um Latossolo Vermelho, proveniente da estação experimental da EMATER de Anápolis, GO, com características físicas e mecânicas conhecidas segundo Couto (2012), conforme Tabela 1: TABELA 1- Caracterização física e mecânica do Latossolo Vermelho. Propriedades Analisadas Valores Obtidos Propriedades físicas Análise Textural Teor de areia 450 ± 35 gkg-1 Teor de silte 110 ± 22 gkg-1 Teor de argila 440 ± 43 gkg-1 Índices Físicos Peso especifico real dos grãos1 - ( ) 2,54 ± 0,11 tm-3 Massa específica aparente seca2 - ( ) 1,14 ± 0,05 t m-3 Porosidade Total3 – ( ) 55,12 ± 2,57% Propriedades Mecânicas Massa específica aparente seca máxima – ( dmáx) Umidade ótima de compactação – (wot) 1 Também designada de densidade de partículas. 2 Também designada como densidade do solo. 3 Também conhecida como VTP. 1,49 ± 0,05 t m-3 27,74 ± 1,65% Fonte: Couto (2012). 16 4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com três tratamentos e quatro repetições, totalizando doze unidades experimentais. Os tratamentos foram três teores de umidades dos corpos de prova 15% 25% e 35%. 4.3 EXPERIMENTO Foram utilizadas amostras de solos deformadas, compactadas segundo ensaio de Proctor com aplicação de 26 golpes por camada em três camadas iguais ( NBR 7182), sendo variada a umidade do solo em 15%, 25% e 35%. O critério de adoção das umidades de compactação foram referentes à umidade ótima de compactação, 27,74%, o qual se adotou um valor próximo a essa umidade ,25%, e um valor abaixo e outro acima sendo respectivamente 15% e 35%. Os ensaios foram realizados em um permeâmetro de carga variável com cilindro metálico de diâmetro de 0,1 m e 0,15 m de altura. O ensaio consiste em três etapas fundamentais que são compactação, saturação e calibração. A etapa de compactação foi realizada dentro do permeâmetro, no qual foi colocado o solo em camada de aproximadamente 0,07m sendo aplicados 26 golpes, esse procedimento foi repetido nas três camadas, segundo ensaio de proctor, em seguida à compactação colocou-se a placa porosa e um tecido, com finalidade de se evitar entupimentos, na parte inferior. Para a preparação da amostra para a saturação foi feita a acoplagem do cilindro a parte inferior do permeâmetro. O conjunto formado pela amostra e o cilindro foram colocados em um recipiente com água, cuja lamina era suficiente para cobrir o dreno da parte inferior do permeâmetro. A saturação da amostra ocorreu de baixo para cima, por ascensão capilar, expulsando o ar dos poros do solo. Sobre a amostra saturada foi colocado uma camada de areia, a fim de se filtrar eventuais impurezas na água utilizada para o ensaio de condutividade hidráulica que poderiam afetar o teste. Acima da camada de areia foi ajustada a tampa superior do permeâmetro, que possui no centro geométrico uma mangueira de 0,005m de diâmetro que era ligada á bureta graduada. Essa era preenchida com água da rede de abastecimento local e tinha 0,025m de diâmetro e 1 m de coluna de água. Antes de iniciar os testes, era retirado o ar contido na camada de areia. 17 Estando a amostra devidamente preparada, iniciou-se o teste de condutividade hidráulica, que consistia em fazer medida da lâmina percolada em intervalos de tempos. Os ensaios foram conduzidos de acordo com o definido na norma NBR 14545/2000. A estimativa da condutividade hidráulica foi feita segundo Equação 10 do método de permeabilidade a carga variável. 4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste de F, a 5% de probabilidade e, como houve diferença significativa entre os tratamentos, suas médias foram comparadas pelo teste de Tukey. 18 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES A condutividade hidráulica K foi estimada a partir das leituras realizadas nos experimentos e os resultados estão apresentados na Tabela 2. TABELA 2 - Resultados experimentais de condutividade hidráulica(K), em função dos diferentes teores de umidade. Unidades Umidade K Experimentais Compactação (m/s) 1 15% 8,8139x10-7 2 15% 1,2412x10-6 3 15% 2,3121x10-6 4 15% 2,3031x10-6 5 25% 2,1872x10-8 6 25% 3,0272x10-8 7 25% 2,2514x10-8 8 25% 1,6317x10-8 9 35% 2,1741x10-8 10 35% 3,0795x10-8 11 35% 3,1873x10-8 12 35% 2,0216x10-8 Fonte: Elaborada pelo autor (2014). Os resultados da análise de variância das diferentes umidades do solo são apresentados na Tabela 3. Observa-se que a condutividade hidráulica foi altamente significativa (P<0,01) para as diferentes umidades do solo. 19 TABELA 3 - Resumo da análise de variância dos valores de condutividade hidráulica. Fonte de Variaçao GL UMIDADE Resíduo Total Média Geral 2 9 11 5,77783 10-7 Soma de Quadrados 7,34827 10-12 1,61826 10-12 8,96652 10-12 Quadrado Médio 3,67413 10-13 1,79806 10-13 F 20,43385 ** significativo à 1% de probabilidade (P<0,01); Fonte: Elaborada pelo autor (2014). Na Tabela 4, apresentam-se os valores médios de condutividade hidráulica (K) para as diferentes umidades do solo. De acordo com a mesma, a maior média de condutividade hidráulica foi para a umidade de 15% e as menores médias foram para as umidades 25 e 35%, sendo que estas não diferem estatisticamente. TABELA 4 - Valores médios de condutividade hidráulica (K) (m/s) de acordo com as diferentes umidades do solo. Umidade do Solo 15 % 25 % 35 % Médias de K (m.s-1) 0,00000168 a 0,00000002 b 0,00000003 b Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>5%). Fonte: Elaborada pelo autor (2014). O solo compactado a 25% de umidade apresentou menor média de condutividade hidráulica, isso ocorreu devido ser o solo mais susceptível à compactação, por seu valor ser próximo ao da umidade ótima, o que favoreceu redução dos espaços porosos e índices de vazios do solo. Esse comportamento de redução da condutividade no solo compactado a umidade ótima ou próximo, também foi observado por Macambira (2002) que avaliou a condutividade hidráulica em solos com diferentes compactações em diferentes umidades. Alonso (2005) também observou redução no valor da condutividade hidráulica em solo compactado na umidade ótima. O solo compactado a 35% de umidade apesar de apresentar um valor médio de condutividade hidráulica superior ao do solo compactado a 25%, essa diferença não foi considerada significativa através da analise estatística, mesmo o solo compactado a um valor de umidade acima da umidade ótima de compactação apresentar menor susceptibilidade a compactação e com isso menor redução da porosidade do solo o qual influencia na 20 condutividade. Isso sugere que, para um mesmo nível de compactação, a umidade do solo superior a 25%, não afeta a condutividade hidráulica, porque a partir desse nível já se atingiu a máxima redução na quantidade de macroporos, para o solo em estudo. Resultado semelhante foi obtido por Macambira (2002) que verificou que a partir de certos teores de umidades a diferença entre os valores de condutividade não foi significativa. O solo compactado a 15% de umidade apresentou a maior media de condutividade hidráulica com diferença significativa das demais umidades de compactação, 25 e 35%, visto que solos compactados com teores de umidades mais baixos, sofrem menor compactação e com isso sua condutividade hidráulica é menos afetada . MITCHELL et al. (1965) também observou que a condutividade hidráulica diminui até a umidade ótima e que para valores acima deste a condutividade permanece quase constante. 21 6 CONCLUSÕES De acordo com os resultados conclui-se que a o solo compactado com umidade inicial de 15% apresentou a maior condutividade hidráulica, quando comparado com as umidades de 25% e 35%, tendo apresentado valor médio de 1,68x10-6 m/s. Os solos compactados com umidades iniciais superiores a 25% tiveram valores de condutividade hidráulica, estatisticamente iguais, com valor médio de 2,0x10-8 m/s. Isso sugere que a partir de 25% de umidade já se atingiu o máximo de redução de macroporos, entretanto, estudos futuros mais detalhados são necessários. 22 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7182: Solo – Ensaio de Compactação. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 10p. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14545/200: Solo – Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos a carga variável. Rio de Janeiro: ABNT, 2000. 12p. ALBUQUERQUE, P. E. P. de; DURÃES, F. O. M. Uso e manejo da irrigação. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2008. 528p. ALONSO, T. P. Condutividade Hidráulica de Solos compactados em ensaio com permeâmetro de parede flexível, 2005. 112f. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005. ARANATI, R. G., Qualidade física e química do solo sob diferentes manejos e condições edafoclimáticas no estado de São, 2008. 112f. 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