“O Museu das Tropas Pára-quedistas e o seu importante contributo para a afirmação do Turismo Militar.” João Pinto Coelho*, Luís Mota Figueira** * Mestrando em Desenvolvimento de Produtos de Turismo Cultural. Técnico Superior do CESPOGA – Centro de Estudos Politécnicos de Golegã, [email protected] ** Professor Coordenador e Coordenador Científico do Mestrado em Desenvolvimento de Produtos de Turismo Cultural – IPT, Orientador da Dissertação de Mestrado, [email protected] Tendo por base a actual apresentação e configuração do Museu das Tropas Páraquedistas em três áreas distintas (Sala do Presente, Sala da Memória e Sala do Passado), é possível afirmar que o percurso museológico dedicado ao visitante proporciona uma narrativa de viagem pela história da Tropas Pára-quedistas. Esta deslocação física e mental, operada no visitante daquele espaço físico, suscita vários sentimentos associados ao historial da Unidade, evoca episódios significativos, e assegura a sua compreensão institucional face aos períodos da nossa histórica nacional, nomeadamente à que se refere à Guerra do Ultramar. Reconhece-se que o Museu das Tropas Pára-quedistas pode oferecer um acervo potenciador do estudo e da transferência de novos conhecimentos, fundados nas características históricas desta unidade, nas atribuições funcionais inerentes a uma tropa de carácter especial e na utilização do pára-quedas enquanto meio de deslocação e ícone específico que, devidamente integrados, reúnem condições para configurar um discurso museológico único no país. Ao considerarmos que o Museu das Tropas Pára-quedistas pretende qualificar a Memória e servir o futuro da sua instituição, usando a sua imagem histórica e cultural específica, orientadas à salvaguarda do seu património tangível e intangível, existe, neste considerando, a lógica obrigatoriedade de encarar o Museu das Tropas Páraquedistas, como elemento determinante para a prossecução dos objectivos turísticos locais, regionais e nacionais, numa perspectiva de actividades relacionadas com o turismo e, mais detalhadamente, com o Turismo Militar. Não é caso único nesta região, mas é caso específico, como se demonstrou. Em função das dinâmicas turísticas do território do Médio Tejo este Museu pode, portanto, assumir-se como um foco polarizador do Turismo Militar na região do Médio Tejo. Cientes que a Cultura é um dos recursos de manifestação mais visível na actualidade do panorama turístico internacional e de que a História e a Cultura Portuguesa representam os principais recursos de diferenciação no panorama turístico nacional, tal como enunciado nas linhas orientadoras do Plano Estratégico Nacional do Turismo, integramos o Museu das Tropas Pára-quedistas no leque de recursos e potenciais atractivos no desenvolvimento conceptual e operacional do Turismo Militar. Ao reconhecermos que a aposta no Turismo Cultural é cada vez mais estratégica e profícua e que pequenos apontamentos e curiosidades culturais não reúnem capacidades para sustentarem autonomamente o turismo, temos investigado, nos últimos anos, o Turismo Militar enquanto actual segmento do produto turístico cultural e a sua própria realidade no que concerne à implementação e operacionalização territorial. Esta investigação, denominada inicialmente por “Turismo Militar – um novo conceito nacional”, teve início em 2006 tendo sido apresentada publicamente em Junho de 2007 em sede de Projecto de Licenciatura de Gestão Turística e Cultural, da Escola Superior Gestão de Tomar, do Instituto Politécnico de Tomar. Esta investigação resultou num ponto de partida académico, tendo sido caracterizada inicialmente pela singularidade do estudo de caso eleito: a cidade de Tomar e o Regimento de Infantaria 15. Actualmente, na sequência do desenvolvimento desta pesquisa, ampliou-se o cerne do estudo e direccionou-se no sentido de obter uma resposta à problemática “Turismo Militar como segmento do Turismo Cultural: Memória, Acervos, Expografias e Fruição Turística”. O estudo de caso adoptado para este aprofundamento foi o Museu das Tropas de Pára-quedistas, enquadrado territorialmente e politicamente na Escola de Tropas de Pára-quedistas, sedeada no concelho de Vila Nova da Barquinha, integrado na Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. O facto de existir uma relação de cooperação entre a esta unidade militar com os mencionados parceiros institucionais e com o Instituto Politécnico de Tomar permitiu o desenvolvimento da dissertação de mestrado que responde àquela problemática. Face a este elenco de parcerias e de cooperação, que se revelaram como oportunidades de elevado valor estratégico para a prossecução dos nossos objectivos científicos, admitimos que utilizando o acervo deste Museu e suas reservas, capacitamos o Turismo Militar experienciando neste destino (Médio Tejo/Vila Nova da Barquinha) com conteúdos autênticos, que narram e explicam a história militar do país através dos homens, dos objectos e do território que os envolve. Assim, ao logo dos dois últimos anos, esta investigação desenvolveu-se sob o principal objectivo de conceptualizar o Turismo Militar e estudar a exposição das suas formas de manifestação e de atractividade. Para tal, a identificação da história e da cultura militar existente no território nacional, assim como o segmento de recursos materiais e imateriais, independentemente das respectivas tutelas legais e institucionais, assim como a apresentação os elementos comuns presentes nas linhas estratégicas das instituições e dos grupos profissionais que reúnem as condições necessárias para integrar a designação de Turismo Militar, constituem-se como resultados objectivos deste projecto. O modelo teórico está plasmado no texto da dissertação que haverá de ser defendida próximo dia 20 de Maio p.f. Consequentemente, este modelo visa servir o objectivo de despoletar o sentido de pertença dos indivíduos aos mais variados níveis de dimensão territorial face à história e cultura militar. Assume-se como um propósito vital, para esta incursão no âmbito do Turismo Militar, a tarefa de propor uma visão sobre como operacionalizar este recurso nacional através da enunciação de possíveis actividades de índole turística e cultural e de segmentos de concretização. Esse aspecto parece ter sido cumprido. Numa perspectiva lógica de sistema turístico nacional, existe a necessidade de o local receptor, ou seja, o Destino, apresentar e oferecer uma estruturação da Oferta devidamente orientada. Ao proporcionar uma resposta de qualidade a todos os turistas e visitantes, o lado da Oferta suscita a viabilidade dos empreendimentos turísticos e promove a activação da Procura. Desta forma, será possível fomentar o desejo de consumo nos segmentos a que o local se encontrar direccionado e, até mesmo, para quem experimenta esses segmentos, estimular o desejo de retorno ao território onde experienciou coisa únicas e irrepetíveis noutro lugar. A activação do património é uma componente estruturante da capacidade de diferenciação e competitividade dos Destinos turísticos. Essa acção, posta em função de fomento turístico permite-nos salientar e sublinhar as possíveis mais-valias económicas associadas à implementação e qualificação da actividade turística, nomeadamente do Turismo Militar, em qualquer cenário territorial. Aqui, há que realçar o estudo e os ensaios já realizados, integrados nesta investigação e igualmente sob a égide do Turismo Militar, no âmbito da concepção de Roteiros. A criação de Rotas subordinadas à temática militar, pode constituir-se como um resultado muito positivo e de natureza prática e funcional para o incremento do Turismo Militar. Admitimos que, tendo por base o percurso histórico nacional e um recurso/atractivo como o Museu da Escola de Tropas Pára-quedistas, é possível criar e proporcionar de forma organizada, um conjunto de acções, actividades e visitas lúdico – pedagógicas, elucidativas da cultura nacional, com base na vertente militar. Admitimos, igualmente, que este tipo de intervenção pode gerar receita e é, seguramente, uma fonte de rendimento com benefícios para todo o sector onde a componente militar também deve beneficiar e proporcionar ganhos ao país. Num ponto de vista de desenvolvimento social, reconhecendo que o contacto com o passado é um dos resultados sempre presente nas diversas possibilidades de apresentação ao público do Turismo Militar, convocamos a Memória (e os exercícios que ela suscita), como um dos elementos indivisíveis de todo o processo de apropriação turística do património militar, tangível e intangível, e seus respectivos resultados concretos sobre as pessoas e sobre os objectos. É através do vasto e monumental património material associado à história militar nacional e do património imaterial articulado ao percurso histórico e seus respectivos domínios sociais e culturais, que o Turismo Militar assume a Memória enquanto parte integrante do seu processo de acção e integração na actividade turística. Aqui, neste contexto de acção turística, sublinhamos a importância da comunidade receptora e o fenómeno do desenvolvimento do sentido de pertença face à história e património local que, indubitavelmente, pode ser realizado de diferentes formas e ser direccionado a diferentes segmentos geracionais. Estão convocados, pois, todos os Actores territoriais. Assim, estamos convictos que ao identificarmos e assumirmos o património cultural como elemento indissociável e integrador da memória colectiva, destacando uma vez mais a pertinência e o valor do Museu das Tropas Pára-quedistas para este efeito, o futuro encarregar-se-á de afirmar o Turismo Militar como um produto que, indelevelmente, é sinal da história da nação e promissor campo de afirmação dos conteúdos turístico – culturais no mundo. O Turismo Militar é, seguramente, uma outra via para o desenvolvimento territorial, assim o queiram assumir todos quantos se sentirem motivados a olhá-lo como factor de progresso, de afirmação cultural e, essencialmente, de coesão social e cívica.