CONTRIBUTO PARA A DISCUSSÃO PÚBLICA DA COMISSÃO EUROPEIA SOBRE AS CONCLUSÕES DO QUINTO RELATÓRIO SOBRE COESÃO Este Contributo foi realizado após uma Reunião com representantes do Sector Social, Empresarial, da Inovação, Empreendorismo, Investigação, Ambiental, dos Trabalhadores e Estudantes no âmbito do Grupo de Reflexão Permanente sobre os Assuntos Europeus da Associação Regional Parlamento Europeu dos Jovens – Núcleo Açores. A Estratégia UE2020 poderá fornecer o quadro certo para um modelo de desenvolvimento robusto no contexto da globalização. Acredita-se que a definição de estratégias de saída da actual crise económica e social pode apenas ser baseada numa análise clara do modelo que nos levou à actual crise, e mais importante uma clara visão onde a Europa deseja estar uma vez que esta crise está finalizada. Afirma-se que é necessário apoiar a visão da UE2020 para uma visão mais inclusiva, mais sustentável, mais verde e mais baseada no conhecimento da economia de modo a assegurar coesão social e territorial. As autoridades subnacionais têm procurado integrar nos passados anos as estratégias de Lisboa e Gotemburgo nas suas estratégias de desenvolvimento regional. Concorda-se com prioridades propostas pelo documento de discussão: Criação de valor baseando o crescimento no conhecimento; 2) Dar poder às pessoas em sociedades inclusivas e criar uma economia mais competitiva, conectada e mais verde. No que respeita a estes princípios – chave é necessário chamar a atenção para os seguintes factos. Recorda-se que actualmente Todas elas estão a ser implementados pelas autoridades regionais e locais. Os esforços que as entidades subnacionais mobilizaram e continuarão a assegurar são vastamente devido ao alinhamento com os principais políticas de investimento da União Europeia com as agendas de Lisboa e Gotemburgo de 2007 até ao momento. No entanto, concorda-se que para isso é necessário: Um Quadro estratégico Comum (QEC) – Que traduzisse os objectivos e as metas da Estratégia em prioridades de investimento (incluindo Fundo de Coesão, FEDER, FSE, FEADR, FEP). Concorda-se que um contrato de parceria para o desenvolvimento e o investimento deve ser baseado no Quadro Estratégico Comum (QEC) determinasse:- A estratégia de desenvolvimento;- A afectação dos recursos nacionais e da UE entre as áreas prioritárias e programas, entre as condições acordadas e os objectivos a alcançar;Abrangeria a Política de Coesão mas seria útil alargar a mais políticas e instrumentos de financiamento da UE;- Tal contrato seria o fruto das discussões entre os EM e a Comissão sobre a Estratégia de Desenvolvimento apresentada nos seus programas nacionais de reforma e descreveria a coordenação dos fundos da UE à escala nacional. Os Programas Operacionais (PO) – Seriam o principal instrumento de gestão e traduziriam os documentos estratégicos em prioridades de investimento concretas, acompanhadas dos objectivos claros e mesuráveis, que deveriam contribuir para a Estratégia Europa2020. O calendário dos Relatórios Anuais que seguem os progressos feitos rumo aos objectivos seria alinhado com o ciclo de governação da Estratégia Europa 2020, o que implicaria um debate político regular no Conselho, Comissões do PE e melhoria a transparência e a atribuição de responsabilidades e avaliação dos efeitos da política de coesão.Concorda-se com o propósito geral de um Acordo Tripartido entre UE, EM e regiões é fundamental para a modernização, infra-estruturas inter-conexas e apoio aos planos de investimento e projectos de desenvolvimento de acordo com as características específicas de cada região. A focalização é defendida através uma maior selectividade das intervenções, orientadas para um conjunto de prioridades temáticas que permitam maximizar o seu efeito e evitar duplicações. Algumas propostas sugerem uma “concentração flexível”, concedendo liberdade quanto à identificação de prioridades, desde que estejam limitadas em número. Verifica-se uma concordância generalizada quanto à concentração em medidas com impacto no crescimento e emprego, de apoio à inovação e economia do conhecimento e outras que forneçam resposta eficaz aos novos desafios da UE. Embora pouco expressiva, existe também referência à importância de não descurar o investimento em áreas tradicionais das políticas de desenvolvimento evitando tornar a Política de Coesão numa política meramente orientada para a competitividade. Dessa forma, no que refere à identificação de prioridades, para que seja alcançado o impacto máximo da Política de Coesão, importa concentrar os fundos disponíveis num número limitado de prioridades. Será fundamental seleccionar as intervenções mais significativas ao nível comunitário, que representem um maior valor acrescentado e acarretem benefícios alargados a diversos sectores. Para tal será necessário realizar um debate sobre o futuro desenho da Política de Coesão associado à discussão sobre os objectivos e prioridades de desenvolvimento da UE, que envolva instituições comunitárias e Estados-membros. Das prioridades identificadas pelos actores destacam-se por um lado aquelas no âmbito do desenvolvimento tecnológico, investigação e inovação, transportes e ambiente, valorizando aspectos além dos económicos, que permitam dar resposta aos novos desafios. Para outros actores importa no entanto não abandonar o investimento nos tradicionais factores de crescimento económico sustentável e competitividade como infraestruturas, capital humano, empreendedorismo, cooperação territorial. Os EM têm que fazer as reformas necessárias para a utilização eficaz dos recursos financeiros nas áreas ligadas à política de coesão (investigação, ambiente, flexisegurança,etc). Para cada prioridade temática o Quadro Estratégico Comum fixaria os princípios – chave a seguir pelas intervenções, ajudando às regiões e países a abordar os problemas de execução das políticas que se tivessem revelado difíceis no passado (ajudaria no financiamento de projectos estratégicos, capacidade administrativa e institucional e capacidades de avaliação por exemplo). As condições vinculativas e específicas seriam definidas com cada EM e região em função do respectivo contexto institucional nas áreas ligadas à política de coesão, no início da programação e nos documentos do programa (Contratos de Parceria e os Programas Operacionais) numa abordagem integrada de todas as políticas relevantes da UE. O cumprimento destas disposições poderia ter como requisito prévio ao desembolso dos recursos da coesão, quer no início da programação quer durante o reexame que avalia os progressos realizados nas reformas estruturais e institucionais. Estas reformas são necessárias para sustentar o saneamento estrutural, promover o crescimento e o emprego e reduzir a exclusão social, nomeadamente graças à redução do ónus administrativo que recai nas empresas ou na melhoria dos serviços públicos. As regiões devem participar na discussão do próximo Fundo Estrutural, o que ajudaria a delinear objectivos e parâmetros conjuntos. Grande parte dos contributos concordaram com o importante papel que a Política de Coesão tem na concretização dos objectivos da Estratégia de Lisboa e da Estratégia de Gotemburgo. Nesse sentido, os esforços das regiões devem focalizar-se na promoção da inovação, “economia do conhecimento” e investigação e desenvolvimento, tecnologia, bem como na educação e adaptação dos recursos humanos (Estratégia de Lisboa) e desenvolvimento sustentável (Estratégia de Gotemburgo). Em suma, apostar em áreas que reforcem a competitividade da UE a longo prazo e em consonância com o “Plano de Relançamento da Economia Europeia”. De acordo com os stakeholders da área económica revelam que os recursos devem ter um efeito reprodutivo na economia. As empresas devem ser formadas e informadas. O que não for orientado para reproduzir ou exportar não deverá ser tido em conta. Há que ter uma maior ideia de racionalidade: olhar para o que se pode produzir em cada região e menos em que é que se pode gastar. Regiões como os Açores produzem conhecimento mas para ser vendido e o que deveria ser pensado era como reproduzir o conhecimento em valor acrescentado na economia local. Ao mesmo tempo, os stakeholders responsáveis pela aplicação de alguns programas no âmbito da qualidade e inovação revelam que há empresas que aproveitam o que lhes é dado, mas no entanto existem empreas que não dão valor ao que têm à sua disposição. Os stakeholders do âmbito da investigação revelam a necessidade de se produzir bens transaccionáveis a partir do conhecimento gerado na região, lembrando que a União Europeia já afirmou que é necessário vender e integrar a biodiversidade nas empresas, sendo os Açores uma região única para tal. Revelam ainda a falta de condições de investigadores que não têm condições de emprego estáveis e que acabam por sair da região para aplicar sua investigação noutras áreas do Mundo, nomeadamente nos EUA.Todos os stakeholders revelaram haver um excesso de burocracia o que afasta o interesse de potenciais beneficiários e ao mesmo tempo revelam que para além do apoio financeiro é necessário o apoio institucional e logístico (nomeadamente na criação de inovação de empresas locais). Os stakeholders da área social revelaram que é necessário investir mais na educação e na cultura e são necessárias análises no que respeita às políticas sociais (Custo/ Benefício). No nosso caso concreto, chama-se a atenção das Recomendações do Conselho Europeu de 17 de Dezembro de 2010 que chama a atenção para a importância de desenvolver mais-valias paras as RUP, por exemplo na área da investigação e inovação, energias renováveis, biodiversidade, agricultura, pesca, saúde, tecnologias de informação e comunicação, indústrias culturais, assuntos marítimos e cooperação territorial. Reconhece a necessidade de equilíbrio, por um lado, das medidas cujo objectivo seja ultrapassar os constrangimentos específicos e permanentes das RUP, e por outro lado, daquelas que procuram promover as suas vantagens e oportunidades, sublinha a necessidade de renovação, no tempo apropriado, da Estratégia das RUP e convida a Comissão a:Tomar em conta, apropriadamente, neste contexto, as necessidades e oportunidades apresentadas pelas RUP na revisão das políticas da UE;Adoptar, no tempo apropriado, uma Comunicação apresentando uma Estratégia Renovada para as RUP;Continuar a trabalhar nas medidas específicas para as RUP, onde apropriado, reforçar as parcerias e sistematicamente avaliar os efeitos das políticas da UE nas RUP, em particular quando levando a cabo estudos de impacto. A simplificação dos procedimentos e a alocação dos fundos estruturais e do Fundo de Coesão acessível a todas as partes interessadas é essencial, garantindo por um lado a participação de todos os agentes da sociedade e por outro uma melhor aplicação no terreno dos programas, instrumentos e políticas da UE. Na sua comunicação de 3 de Março, a CE reconhece a necessidade urgente de introduzir a abordagem de parceria estendida: “ para os comités da UE, aos parlamentos nacionais e autoridades nacionais, regionais e locais, parceiros sociais e stakeholders e sociedade civil de modo a que todos estejam envolvidos na entrega desta visão”. Nas conclusões da sua reunião de Março de 2010, o Conselho Europeu faz a mesma observação, afirmando que “parlamentos nacionais, parceiros sociais, regiões e outros stakeholders serão envolvidos, a um nível elevado de “ownership” da estratégia”. A falha da Agenda de Lisboa, que pode ser considerada falhada devido à introdução de similares mecanismos designados para assegurar fossem tomados em consideração pelos decisores políticos nos territórios, mostra o quanto isto é crucial para o sucesso da Estratégia 2020.Por outro lado, expressaram preocupação profunda sobre a parceria actualmente a ser implementada. Nota-se que nem a Comunicação UE2020 ou as Conclusões do Conselho Europeu de 26 e 27 de Março recomendaram quaisquer medidas práticas para envolver os stakeholders territoriais. O desenvolvimento destas regiões só poderá ser feito com o alcance dos objectivos anteriormente fixados para progressivamente atingirem-se objectivos mais amplos no âmbito da Estratégia UE2020, sendo fundamental ajudar às regiões e países a abordar os problemas de execução das políticas que se tivessem revelado difíceis no passado (ajudando no financiamento de projectos estratégicos, capacidade administrativa e institucional e capacidades de avaliação por exemplo) É necessário um método de avaliação e acompanhamento mais funcionais e de melhor qualidade para ir de encontro com os objectivos de uma política de coesão orientada para os resultados, pretendendo-se várias mudanças:Fixação ex-ante de objectivos e indicadores de resultados mesuráveis e claros que devem ser acordados nas discussões sobre os documentos da programação e complementar o pequeno núcleo de indicadores específicos dos fundos utilizados nos programas operacionais;Relatórios anuais devem contar com informação completa e exacta, na altura devida, sobre os indicadores e os progressos realizados rumo aos objectivos acordados;Avaliações ex-ante deveriam concentrar-se na melhoria da concepção dos programas de forma que os incentivos e os instrumentos previstos pudessem ser acompanhados e avaliados durante a sua execução;A avaliação de impacto deveria recorrer a métodos mais rigorosos das normas internacionais, sendo projectados nas fases iniciais para assegurar a obtenção e a difusão dos dados necessários;Avaliação de execução de cada programa passaria a ser obrigatória;Os EM podem preparar relatórios de síntese dos resultados das avaliações de execução realizadas na programação. Concorda-se com as Recomendações emanadas do 5º relatório de coesão, nomeadamente: no que diz respeito à manutenção da abordagem geral 2007-2013 que fixa as regras de elegibilidade a nível nacional, mas devem ser adoptadas regras comuns para rubricas importantes, como as despesas gerais, que abrangem os vários fundos da UE. A harmonização das regras de elegibilidade em vários domínios de intervenção, dos instrumentos e dos fundos financeiros simplificaria a utilização dos fundos por parte dos beneficiários e a sua gestão pelas autoridades nacionais e reduziria o risco de erro, sem deixar de reflectir a especificidade da política, instrumento e beneficiário, se necessário. Em sintonia com o princípio da proporcionalidade seria útil examinar de que modo as medidas de controlo podem ser mais rentáveis e mais centradas nos riscos, mais eficazes e eficientes, mais abrangentes e adequadas aos riscos inerentes, com custos razoáveis. Relativamente à elegibilidade dos territórios beneficiários, existe consenso quanto à necessidade de uma acção concentrada em primeiro lugar nas regiões mais desfavorecidas. A diferença de posições reside entre aqueles que apenas identificam essas regiões como elegíveis e por sua vez os actores que consideram que todo o território da UE deve ser elegível à recepção de fundos estruturais, argumentando que o desenvolvimento das competências jurídicas próprias das regiões mais desenvolvidas acarretará benefícios para toda a UE. Outros critérios mencionados mais esporadicamente assentam em lógicas geográficas, relacionadas com a situação periférica das regiões, e de natureza temática. Por um lado, concorda-se que a regra de anulação tem o objectivo de assegurar que os projectos são executados num prazo razoável e de incentivar a disciplina financeira. É preciso conseguir um equilíbrio ente a qualidade do investimento e uma execução rápida e sem problemas.Nos sistemas de gestão e controlo é necessário dar mais garantias e ao mesmo tempo que os EM se empenhem mais no controlo da qualidade. Não se concorda porém com a proposta de centralizar num organismo a responsabilidade exclusiva pela gestão e controlo adequados ao programa operacional. A maioria dos contributos sublinha a necessidade de melhorar a coordenação e complementaridade com outras políticas da UE (por exemplo, política de transportes, política energética, política agrícola comum, política de concorrência), de forma a melhorar a eficácia no cumprimento dos objectivos comunitários e a criar sinergias. Cabe ainda destacar a importância de ter em consideração as características específicas de cada região. Reforça-se por último a ideia que o condicionalismo político na obtenção de financiamento comunitário não deve ser visto como meio de agravar a situação económica das regiões mais atrasadas o que implica uma verdadeira complementaridade entre as necessidades e o efeito de alavanca que a política de coesão pode ter em tempo de crise. O papel dos instrumentos da UE devem ser fortalecidos no que diz respeito a medidas de apoio descentralizadas à inovação e os elementos de apoio previamente administrados pela Comissão possam ser transferidos para os Fundos Estruturais e serem feitas responsáveis as regiões. O apoio da Política de Coesão deve continuar a focar nas regiões mais fracas e tornar possíveis arranjos transitórios. No que respeita o futuro do FSE, considera-se útil uma forte relação entre o FSE e o FEDER, realçando que os objectivos não atingidos pelo FSE devem ser ligados a instrumentos financeiros existentes. O FSE deve permanecer parte da Política de Coesão e tal deve ser garantido através de uma regulação – quadro. PIB per capita é reconhecido por alguns como um critério adequado à definição da transição das regiões entre os objectivos convergência e competitividade. No entanto, é também expressivo o apelo ao recurso a novos indicadores que vão além de uma escala quantitativa e que permitam aferir o desenvolvimento da região de forma qualitativa. Alguns actores referem ainda a necessidade de criar regulamentos de transição para regiões que não sejam elegíveis para o objectivo convergência e tornar essa transição mais justa, mantendo os períodos de phasing out.