TRABALHO CIENTÍFICO
GESTÃO AMBIENTAL
SISTEMAS AGROFLORESTAIS COMO ALTERNATIVA DE
PRODUÇÃO ECOLÓGICA
Agostinho de Oliveira Chaves; Iulla Galdino Segato; Leones Amorim;
Nileny Fabiana de Oliveira Souza.
Acadêmicos do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, cursando o 3º
Período pela Faculdade Católica do Tocantins.
RESUMO
Os Sistemas Agroflorestais se apresentam como uma grande alternativa para a
preservação ambiental, servindo como base para uma produção ecológica de produtos
alimentícios de origem animal e vegetal, potencializando as espécies nativas consorciadas com
as culturas convencionais. O objetivo deste trabalho pauta-se em dois importantes aspectos, o
aspecto sócio-econômico em virtude de este sistema permitir a geração de renda utilizando os
recursos naturais existentes e a possibilidade de recuperar áreas consideradas passivos
ambientais, sendo esta uma realidade existente em grande parte das propriedades rurais no
estado do Tocantins.
PALAVRAS-CHAVES: SAF, Alternativa, Produção.
ABSTRACT
The Agroflorestais Systems if present as a great alternative for the ambient preservation,
serving as base for an ecological production of nourishing products of animal and vegetal
origin, to potencializar the joined native species with the conventional cultures. The objective
of this work guideline in two important aspects, the partner-economic aspect in virtue of this
system to allow to the income generation using the existing natural resources and the
possibility to recoup passive considered areas ambient, being this an existing reality to a large
extent of the country properties in the state of the Tocantins.
KEY-WORDS: SAF, Alternative, Products.
INTRODUÇÃO
Segundo Carvalho (2008), vivemos atualmente um período de crise ecológica, no qual
os bens naturais estão cada vez mais escassos, degradados e poluídos. Nos anos recentes, têm
sido dadas demonstrações irrefutáveis da insustentabilidade do modelo de exploração da
natureza praticado pela nossa civilização.
Muito se fala atualmente sobre desenvolvimento sustentável, mas na prática quais as
alternativas ou ações que estão sendo implantadas que promovam a sustentabilidade por parte
do poder publico, das empresas e ate mesmo da sociedade?
A realidade específica da região norte, não é diferente, o cerrado bioma predominante
no estado do Tocantins é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a
ocupação humana. Atualmente, vivem cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é
majoritariamente urbana e enfrentam problemas como desemprego, falta de habitação e
poluição, entre outros. A atividade pecuária tem sido praticada em sua maioria de forma
predatória, com a realização de desmatamentos desordenados utilizando o fogo ocasionando
incêndios e por conseqüência, destruindo as matas ciliares, diminuindo a biodiversidade da
fauna e flora, contaminando os rios, empobrecendo o solo. Na economia, também se destaca a
agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a
partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a
abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em
parques ou reservas.
Diante desta situação não podemos descartar a importância da atividade agropecuária
para a sobrevivência da nossa sociedade, nos remetendo a um grande desafio de construir e
implementar tecnologias cada vez mais adequadas à conservação da biodiversidade, como
também a regularização dos passivos ambientais, com reflorestamento das áreas degradadas de
áreas de preservação, matas ciliares e de reserva legal, de acordo com o que preconiza a
legislação.
Uma alternativa que se mostra inovadora e contribuidora para uma agricultura e
pecuária ecológica é a implantação de Sistemas Agroflorestais que visam aumentar o nível de
sustentabilidade do agroecossistema. É isso que vem sendo verificado a partir do momento em
que frutas nativas ou dos quintais dos agricultores, adquirem um maior valor e passam a ser
comercializadas em maior escala, contribuindo para a dinamização da economia local, suas
árvores passam a ser mais protegidas e reproduzidas em diversas comunidades localizadas no
Bioma Cerrado.
SISTEMAS AGROFLORESTAIS
Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são reconhecidamente modelos de exploração de
solos que mais se aproximam ecologicamente da floresta natural e que, por isso, são
considerados como importante alternativa de uso sustentável do ecossistema tropical úmido,
Almeida, Müller e Sena-Gomes, 2002; Brandy et al., (1994). A importância da utilização de
Sistemas Agroflorestais fica mais evidente, quando constatamos a existência de extensas áreas
improdutivas em conseqüência da degradação resultante, principalmente, da prática do cultivo
itinerante, reconhecidamente uma modalidade de exploração não sustentável dos solos.
Existe atualmente na literatura uma grande variedade de termos empregados para
conceituar práticas que combinam espécies florestais com culturas agrícolas e/ou com a
pecuária. Também há uma grande confusão no uso da terminologia agroflorestal no Brasil.
Muitos confundem sistemas agroflorestais com consorciação de cultivos. Resumidamente
pode-se dizer que todo SAF é uma consorciação de cultivos, contudo o inverso nem sempre é
verdadeiro.
Na verdade Agrofloresta é um termo novo para uma prática bastante antiga já utilizada
pelos indígenas. King e Chandler, (1978) conceituaram os SAF’s como sendo os “Sistemas
sustentáveis de uso da terra que combinam de maneira simultânea ou em seqüência, a
produção de cultivos agrícolas com plantações de árvores frutíferas nativas e exóticas ou
espécies florestais de valor econômico ou ecológico presente na região característica do local
e/ou animais, utilizando a mesma unidade de terra e aplicando técnicas de manejo que são
compatíveis com as práticas culturais da população local”. Este conceito talvez seja o mais
adequado para caracterizar os SAF’s porque faz alusão ao fator sustentabilidade, adotabilidade
e, também, a classificação temporal dos sistemas agroflorestais. Esta definição implica que: a)
SAF envolve normalmente duas ou mais espécies de plantas (ou plantas e animais), onde pelo
menos uma delas é lenhosa; b) SAF tem sempre dois ou mais produtos e; c) mesmo o mais
simples SAF é sempre mais complexo, ecologicamente (na sua estrutura e função) e
economicamente viável, comparado do que os sistemas de monocultivos (Nair, 1993).
IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DO SAF
Os sistemas agroflorestais são considerados opções agroecologicas do uso da terra e
incluem, na maioria dos casos vantagens que, em geral, superam suas desvantagens, no que se
refere aos principais componentes da sustentabilidade, ou seja, o econômico, o social e o
ambiental Daniel et al., (1999). Os SAF’s oferecem diversidade de produtos, gerando varias
fontes de renda para o produtor ao mesmo tempo em que, contribuem para minimizar os
prejuízos com a quebra de algumas safras. A maior diversidade de espécies implantadas neste
sistema contribui para uma distribuição de trabalho no campo durante todo o ano ocupando a
mão-de-obra familiar, proporcionando melhoria da qualidade de vida e contribuindo para
reduzir a taxa do êxodo rural. Os benefícios de produção sócio-economicos e ambientais
manifestam-se a médio e longo prazo. Rodigheri (1997) e Montoya (1999), pois a produção
das espécies de maior valor comercial atinge significativa quantidade a partir do terceiro ano
de sua implantação de acordo com o gráfico abaixo, contendo exemplo de espécies potenciais
do bioma cerrado:
Iníc io da produç ao
Ano
5
4
3
2
Iníc io da produç ao
1
Culturas anuais
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0
Além das espécies de significativo valor econômico e ecológico os cultivos agrícolas
convencionais (arroz, milho, feijão, abóbora, mandioca e etc.) são introduzidos
simultaneamente e/ou sequencialmente nas entrelinhas nos três primeiros anos e espécies
florestais alem do aproveitamento da aplicação de fertilizantes nas espécies como o capim
santo (Cymbopogon citratus DC Stapf.) e a tiririca (Cyperus rotundus), tais cultivos
contribuem para a amortização do custo de implantação florestal, logo nos primeiros anos.
Montoya, (1992) constata que, quando se introduz um componente arbóreo em áreas de
pecuária, o custo de implantação das árvores inicialmente pode reduzir a renda da propriedade.
Entretanto, essa redução pode ser em parte, compensada pela receita obtida pelo ganho de
peso do gado, ou pelo aumento da produção de leite beneficiado pelo sombreamento. Percebese, também, que as propriedades rurais não estão aproveitando seu potencial de transformação
da matéria-prima florestal e agroflorestal.
SAF COMO ALTERNATIVA DE RECUPERAÇÃO DE AREA DEGRADADA.
Os SAF’s têm sido praticados desde muitos séculos, embora somente nos últimos anos
tenha merecido atençao especial, graças aos benefícios que podem oferecer quanto ao uso dos
solos, sobe o aspecto ecológico (Oliveira; Schereiner, 1987).
De acordo com Daniel et al.(1999), os SAF têm sido preconizados como sistemas
sustentáveis e divulgados como uma solução alternativa para a recuperação de áreas
degradadas, envolvendo não só a reconstituição das características diretamente relacionadas ao
solo, como também a recuperação da paisagem de uma forma geral, a qual envolve todos os
fatores responsáveis pela produção em harmonia com o ecossistema: o solo, a água, o ar, o
microclima, a flora e a fauna. Esses autores mencionam que os SAF têm essa potencialidade,
em vista das seguintes características: transferência de nutrientes de camadas inferiores para a
superfície do solo; fixação de nitrogênio; redução de erosão e de lixiviação; aumento do teor
de matéria orgânica, de umidade de fauna do solo; formação de microclima ameno, tanto para
o solo quanto para os animais; transformação da paisagem; e aumento da biodiversidade.
Outra forma de utilização do SAF se baseia na restauração e recomposição da reserva
legal no qual é permitido o manejo sustentável da vegetação arbórea. Segundo estudos, as
espécies arbóreas devem, necessariamente, serem as nativas típicas da região e, entre outras
podem ser frutíferas. Essas espécies além de úteis para a alimentação humana serviriam como
fonte de alimentação para os animais.
CONCLUSÃO
Os SAF’s como forma de uso da terra devem ser incentivados, visto suas vantagens
superarem as desvantagens. Sendo uma opção viável para recuperação de área degradada,
recomposição florestal em áreas de preservação permanente e de reserva legal e também como
produção de frutas para consumo próprio ou como fonte de receita. É um sistema que devido à
grande diversidade de espécies vegetais, cria condições favoráveis para o restabelecimento das
funções ecológico-ambientais na propriedade, permitindo, também, maior fixação de mão-deobra no campo e uma maior rentabilidade financeira, devido sua diversificação na produção.
Contudo, deve-se priorizar pesquisar para captação de informaçoes que possam confirmar que
estes sistemas são como formas ecologicamente correta, socialmente benéfica e rentável ao
produtor rural, no sentido de incrementar tecnologias capazes de otimizar o potencial das
espécies nativas para o aumento de sua produtividade, pois pouco se fala no âmbito do bioma
cerrado.
REFERÊNCIAS
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G..2002. Pesquisa em Sistemas Agroflorestais e Agricultura Sustentável: Manejo do Sistema.
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2002. Anais com resumo expandido (CD-ROM).
CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas de usos múltiplos na região sul do Brasil. In:
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Porto Velho. Anais..., Colombo: Embrapa-CNPF, 1994. P.289-320. (Documentos, 27).
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MONTOYA, L.J.; MAZUCHOWSKI, J. Z. Estado da arte do sistema agroflorestal na região
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do
Brasil.
CONGRESSO
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(Documentos, 27).
OLIVEIRA, E. B.; SCHREINER, H. G. Caracterização e análise estatística de experimentos
de agrossilvicultura. Boletim de Pesquisa Florestal, Curitiba, v.15, p.19-40, 1987.
KING, K. F. e CHANDLER, N. T. 1978. The wasted lands: The program of work of the
International Council for Research in Agro forestry (ICRAF). Nairobi, Kenya.
VALERI, S. V. Manejo e Recuperação Florestal: Legislação, uso da Água e Sistemas
Agroflorestais. Funep, Jaboticabal, 2003, p.111-113.
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