UM ESPELHO PARA A CATEGORIA DOCENTE - A IMPORTÂNCIA DAS
BIOGRAFIAS E HOMENAGENS NA REVISTA DO PROFESSOR (1934 -1965)
COMO MODELO PARA AS FUTURAS GERAÇÕES NO BRASIL
Soraia Cristina Balduíno/USP
No ano de 1934 até 1965, o Centro do Professorado Paulista editava o periódico
Revista do Professor, que tinha o objetivo de estabelecer-se como a porta-voz para
fortalecer sua instituição como a representante da classe do professorado de São Paulo.
Procurava-se dividir espaço com textos voltados para a orientação didático-pedagógica,
sugestões de aulas, e apoiar a professora com temas ligados ao aspecto cognitivo, com
artigos sobre a importância do ensino rural, comportamento e sociologia; alguns eram
excertos jornalísticos cabendo-lhes, também, a função de ser um veículo de notícias. Além
disso, vamos lembrar que, pelos seus objetivos e contexto, a revista não era especializada
no público feminino, no entanto, a grande massa leitora era composta por mulheres, já que
eram a maioria no magistério primário.
Este presente trabalho é parte integrante da dissertação de mestrado “Sombras de
Mulheres – Um estudo sobre a representação feminina e a categoria docente na Revista do
Professor (1934-1965)”1 que estudou os discursos que veiculam representações e
prescrições sobre educação expressos nas diversas seções que compõem este periódico.
Primeiramente, destacamos aqui dois fatores relevantes: o primeiro é que a revista era
dirigida por homens - mesmo que houvesse alguma mulher trabalhando na redação da
revista isso não era divulgado, sem contar que a comissão editorial tem o papel importante
de julgar e escolher o conteúdo; o segundo fator está na pouca participação das mulheres
que colaboravam com textos e artigos que, em geral, seguiam um padrão simplista e pouco
opinativo. Logo, temos uma revista escrita por homens, mas dirigida a uma profissão
majoritariamente feminina e com pouca representação no periódico, ao passo que os
conceitos e imagens, quando colocados, reforçavam a ideologia e os valores de uma
dominação masculina e também política.
Seja na Revista do Professor, seja no CPP, é possível definir o lugar que a mulher
ocupava. Ela era convocada para assumir o seu papel na sociedade desde que não perdesse
suas características, sua simbologia social, e que não ultrapassasse seus limites, nem
deixasse de cumprir suas obrigações. Apesar da modernização e das novas imagens dos
atores sociais, os “velhos padrões” ainda guiavam a ideologia de gênero e a educação
feminina. Ao pesquisar as matérias que constituem o periódico é possível perceber as
metas gerais da revista: de ser um veículo para a solidificação do CPP como representante
da categoria docente, noticiar acontecimentos e servir como um apoio pedagógico às
professoras. Mas além dessas matérias, a revista era composta também por seções que
tinham o objetivo de homenagear membros do CPP e professoras que se sobressaíssem na
carreira, inclusive as aposentadas e também as que já haviam falecido. Pautamos pelos
estudos de Maria Helena Câmara Bastos e Anamaria Lopes Colla, em seu artigo
“Retratando Mestres: a idealização do professor na representação da docência”2, que avalia
a seção da Revista de Ensino do Rio Grande do Sul, focalizando o modelo de mestres
presente e a influência no público-leitor como um discurso de conformação e exaltação dos
valores dominantes. Também nos baseamos no trabalho de Gilson R. de M. Pereira, na sua
tese de doutorado A Servidão Ambígua. Um estudo sobre valores do magistério oficial
paulista (1980-1990), defendida na USP em 2000. Nesse trabalho Gilson Pereira faz uma
leitura dos necrológicos de professores, publicados pelo Jornal dos Professores do CPP,
para apreender os valores transmitidos como um instrumento de consagração, conforto e
modelos para as próximas gerações de professores.
Em nossa pesquisa analisamos as seções Um Mestre, que trazia a biografia de
membros importantes da diretoria do CPP e do ensino paulistas, Nosso Fichário,
especificamente dirigida à diretoria da instituição; GE (Grupo Escolar), que apresenta a
história da escola e a biografia dos seus patronos; Patronos de Escolas Paulistas, com a
biografia dos patronos e Os Nossos Mortos, sobre professores falecidos e as notas de
falecimento, que não eram uma seção da revista, mas sim notícias surgidas
esporadicamente. Todas essas seções, com exceção de Os Nossos Mortos e Patronos de
Escola, começaram a circular apenas na segunda fase da revista, em 1949. Segundo
Bastos e Colla:
“As biografias dos mestres homenageados apresenta um
farto e significativo material sobre a história da educação, por
destacar aspectos da vida familiar, da trajetória escolar e
profissional, excertos de trabalhos, fotografias, possibilitando ao
pesquisador identificar os dados do sistema de ensino, do cotidiano
escolar, das trajetória escolares e profissionais dos retratados,
excertos de produção intelectual, publicações, práticas didáticas, a
história das escolas em que atuaram. O estudo dessas biografias
também possibilita analisar o universo discursivo de quem escreve
– o professor biógrafo -, o que salienta como relevante do perfil do
ser professor, para a constituição do imaginário docente” (Bastos
et. al, 1995, p. 92).
A análise dessas biografias nos revela uma faceta importante, pois vemos a
colocação de interesses da instituição, por meio da elevação dos mestres que se aliaram à
causa da sociedade. Tais biografias representam uma forma de controle e conformação do
papel docente, constituem-se em mais uma maneira de perceber a diferença de tratamento
entre homens e mulheres na revista, pelo relato de parte de suas história e a diferença de
imagens entre homens e mulheres no magistério. Também revelam os discursos de
formação da identidade docente, como circulavam e como se processava a construção da
figura ideal do mestre.
O primeiro fator a ser considerado está no número de professores e professoras
homenageados - as biografias masculinas contidas na Revista do Professor são mais
numerosas e mais constantes do que as femininas. A seção Um mestre publicada em 30
edições, sempre no espaço editorial, na terceira página no canto esquerdo, não continha
biografias de mulheres, assim como a seção Nosso Fichário. A seção GE (Grupo Escolar)
trouxe a biografia de apenas duas mulheres, assim como a Os Nossos Mortos, sendo que
todas as seções eram de responsabilidade da equipe editorial da revista. Houve apenas uma
“versão feminina” da seção Um mestre intitulada Uma Educadora, que apresentou a
biografia da professora Noemia Saraiva na edição de número 20, em maio de 1954. Esta
professora era uma presença constante em se tratando de homenagens, principalmente pelo
fato de ser ligada à diretoria do CPP.
Todas a biografias se iniciam em tom emotivo, acompanhadas por adjetivos como
“o grande”, “austero”, “valoroso”, “dedicado”, seguidos de atributos físicos como “de
porte rigoroso”, “alto e perseverante”, “magro e alegre”, de “andar tranqüilo”, “semelhante
a um vovô” etc., e pela cronologia de sua carreira docente. A família aparece de forma
breve, apenas para apontar suas origens e como fortalecedoras do seu caráter. Devemos
lembrar, nesse ponto, as afirmações de Bastos de que tais colocações reforçavam o
discurso do “dom individual”, do esforço particular, e não do coletivo, gerando a
recompensa do reconhecimento público: “O mestre internalizava, pela prática, valores que
caberia a ele reproduzir com força de vontade junto aos seus alunos e à comunidade” (op.
cit, p. 93).
As professoras também eram biografadas no mesmo estilo, embora os adjetivos e as
idéias enfatizados fossem bem diferenciados: “esforçada”, “meiga”, “bondosa”, “feliz” e
dotada de “vocação” compunham as descrições. Outro fator considerável era a citação da
vida civil dos professores, apenas quando casados, e, em alguns casos a citação do nome de
seus cônjuges e número de filhos. Para as mulheres, o nome do marido e se este fosse
alguém conhecido juntavam-se adjetivos como “o honrado”, o “grande”, o “respeitável”
(descrições que não observamos na citação das esposas). Para as solteiras, essa informação
era omitida e substituída por “dedicação total ao magistério”, “vocação para lidar com
crianças”, etc.
A formação e a carreira de professores era bem enfatizada, principalmente os
nomes dos Grupos Escolares e a data dos fatos ocorridos em suas vidas: no caso
masculino, junto a carreira de professor era mencionada sua outra formação,
principalmente como advogados e alguns engenheiros. Já a trajetória feminina limitava-se
ao Curso Normal. A parte profissional ocupava mais espaço nas biografias dos homens,
ainda que houvesse diferenças de tonalidade entre os homens e as mulheres.
As biografias masculinas revelavam uma ascensão na carreira - a frase “promovido
ao cargo de” é uma constante. A grande maioria desses professores permanecia pouco
tempo em sala de aula. Nota-se, pelas datas, o curto espaço de tempo entre a sala de aula e
a primeira promoção, não ultrapassando o período de um ano, ou meses, em quase todos os
cargos. Esses professores exerciam funções no ensino secundário, ocupavam cargos de
diretores, inspetores escolares e outros no sistema público de ensino. As mulheres
possuíam uma trajetória diferenciada: iniciavam a carreira como substitutas em regiões
mais distantes, muitas na zona rural e, posteriormente, eram promovidas para o cargo
efetivo na sala de aula, onde permaneciam até a aposentadoria.
Em alguns casos, pelo fato de a revista ter por objetivo exaltar os membros do CPP,
as biografias registravam o longo tempo de dedicação ao magistério e os serviços
prestados, além do tempo de ingresso e dedicação ao próprio CPP. Por essa razão eram
destacas a jornada de trabalho e a carreira, que enfatizavam justamente a idéia de uma
profissão que necessita de dedicação incondicional, principalmente das mulheres solteiras,
ou até mesmo das casadas, que deveriam saber dividir o tempo de dedicação à família e ao
magistério. Gilson Pereira analisa as expressões dessas carreiras, mostrando uma trajetória
discreta aliada às virtudes missionárias e disposições para o trabalho. Geralmente, a
descrição das características do professor, como “amigo”, “austero”, ou “meiga”,
“amável”, denota a idéia de omitir a vida particular do mestre, principalmente a origem
social e as condições pouca favoráveis de vida financeira.
“A rigorosa parcimônia, para não dizer quase ausência, de
encômios reservados às mulheres, ao lado de trajetórias femininas
em geral medíocres, provavelmente obstadas por relações de poder
assimétricas entre os gêneros confirma que, pelo menos no período
analisado, o magistério constituía trabalho para as mulheres e
carreiras para homens” (Pereira, 2000, p. 187).
Dentre as biografias analisadas, destacamos uma que, pelos padrões da revista,
pode ser considerada como “incomum”. Na seção Um Mestre da edição de número 34, de
setembro de 1957, a revista homenageava o Prof. Ernesto Quissak, diretor do Colégio
Estadual de Guaratinguetá. As peculiaridades dessas seções começam pela foto, que foge
totalmente aos padrões dos outros homenageados e, até mesmo, das imagens dos
professores na revista; ao contrário da postura formal e poses cercadas de austeridade e
seriedade, de acordo com os valores que deveriam ser transmitidos, a foto de Ernesto
Quissak apresenta o professor com chapéu panamá, de perfil e com um cigarro na boca, no
estilo dos atores e galãs hollywoodianos de seu tempo.
Seu perfil estampado na revista é de um artista, de “espírito irrequieto”, jornalista,
humorista, crítico de arte e “escritor de recursos poucos comuns”. O texto, igualmente
incomum, não omite a sua fase boêmia no Rio de Janeiro, e atribui-lhe algumas
características femininas, como a vocação, sacerdócio e amor pela profissão. Observações
semelhantes foram realizadas por Paula P. Vicentini no artigo “Imagens de professores. A
visibilidade dos profissionais na Revista do Professor – São Paulo, 1935-1965)”3, em que a
autora salienta que a imagem de Quissak destoava das características que o periódico
conferia a um bom professor.
“Resta-nos indagar o porquê de sua inclusão nas páginas
da Revista do Professor, que publicou, por ocasião de sua morte,
uma biografia com destaque semelhante ao da seção ‘Um Mestre’e
a mesma fotografia. Talvez os postos alcançados por Ernesto no
magistério público tenham sido decisivos para que ele não fosse
excluído e também para que o artigo não fizesse sequer uma vaga
referência às ‘anotações de sua folha de serviço” (Vicentini, 2000,
p. 36).
Para acrescentar um comentário às observações de Paula Vicentini, podemos dizer
que a divulgação dessa imagem do Professor Quissak possuía uma “permissão exclusiva”
nesse campo. Mesmo não demonstrando as características esperadas e valorizadas
socialmente para o professor eram lhe atribuídos traços favoráveis: o primeiro, como
lembrou Vicentini, era sua ligação com a diretoria do CPP, o que lhe concedia um
determinado prestígio na instituição, assim como seu cargo de diretor de escola lhe
garantia confiança da comunidade; o segundo refere-se a uma “licença poética”, pois sendo
homem e fazendo parte de uma sociedade com alicerces e valores que apoiavam uma
dominação masculina, ele usurpava da imagem aliada a um ícone de expressão artística,
que lhe dava a liberdade de desestabilizar o conceito social. De um outro ponto de vista,
sua imagem unida à descrição de sua carreira, também simbolizava a redenção pela
categoria docente, ou seja, a importância da valorização profissional como um meio de
atingir outros patamares mais valorizados na sociedade – antes um boêmio e artista; ao fim
da carreira, um respeitado e conhecido diretor de escola.
Outro aspecto que podemos ressaltar está nas fotos que acompanham as biografias.
Ponderando que a fotografia estabelece-se como um primoroso documento que guarda em
si a memória dos cenários, personagens e fatos da vida passada, é uma imagem fixa, presa
na sua categoria documental. Logo, é muito comum encontramos fotos, principalmente as
de cunho “oficial” nas quais grupos interessados, encarregam-se de atribuir um
determinado significado, com o propósito de criar realidades e verdades, e obviamente,
através delas, fortificar conceitos e valores, além de ser uma riquíssima fonte para
conhecer tais aspectos e toda uma gama de conceitos que são transmitidos intrinsecamente
através das lentes.
À luz de Miriam M. Leite (1998), a fotografia como registro de um cenário em
processo de transformação era utilizada pelos meios de comunicação impressa da época,
(aliás, largamente empregada até nossos tempos) o que nos deixa apreender tais valores
morais e sociais, os costumes e conceitos vigentes sobre o comportamento feminino. De
fato, através da pesquisa nota-se que a mulher aparecer em menor número nas fotos e
ilustrações da Revista do Professor, geralmente em imagens que explanam a idealização do
feminino expressa em símbolos que retratam a pureza, o sonho, olhares calmos e
tranqüilos, sempre voltados para o horizonte, sempre de semblante ameno sereno.
Neste âmbito, podemos também ressaltar os estudos de Kossoy (1993), apontando
que a mensagem fotográfica se apóia em códigos ajustados socialmente, tanto no formato
do conteúdo, como na maneira de expressão. Neste último nível, determinadas opções
técnicas e estéticas realizadas pelo fotógrafo, em meio a uma variedade de escolhas
possíveis, colaboram para a transmissão de determinados significados, anulando os outros.
Temos, assim, uma representação da normatização de comportamentos, em que as
características femininas são fixadas, tais como a disciplina, a vocação para o magistério e
a “missão” de cuidar das gerações futuras e do engrandecimento da pátria, sempre presente
na Revista do Professor.
Os tamanhos das fotos da Revista do Professor variam entre o médio e o pequeno
com raras exceções em tamanho grande. Maioria das fotos que acompanham as biografias
estão no tamanho pequeno, e por conseqüência nelas também se encontram a maioria das
mulheres (pouco fotografadas) e imagens de pouca importância; no tamanho médio, maior
parte dos registros, estão as fotos de acontecimentos, homenagens e reuniões, nas quais
estão em foco central a maioria masculina e os líderes do CPP. Paula Vicentini observa que
o espaço dedicado aos professores era limitado apenas a pequenas imagens de rostos e a
fotos de grupos no máximo em tamanho médio. Nessas fotos de pequenos grupos, os
participantes demonstram contentamento ao utilizar os serviços da instituição. “Vale
ressaltar que a individualidade dos mestres desaparecia para realçar a ‘excelência da
associação de classe” (2000, p.37).
Um outro fato interessante está na importância da ligação entre essas fotos e o texto
biográfico. É importante observar que, ao contrário do que normalmente se considera sobre
a independência da imagem em relação ao texto escrito, se de um lado a imagem apresenta
seus próprios códigos de linguagem, bem variantes dos verbais, não é natural, ou seja, não
é simplesmente uma linguagem oferecida através da sua qualidade visual; mas ao
contrário, é construída e, nesse processo, há que se considerar que essas informações
podem dirigir a visão do leitor e passar uma mensagem diferente do real. Sem a
identificação, sem a legenda, a foto pouco informa. Nas legendas das fotos das sessões de
cunho biográfico da Revista do Professor sempre vemos a exaltação do acontecimento e
dos componentes do quadro, geralmente o “honrado”, “grandioso”, “benemérito”, “mestre”
está presente na informação sobre a foto. Normalmente as fotos da sessão Um Mestre
eram de tamanho pequeno, tendo o professor homenageado em pose séria, semblante
austero e de frente, lembrando fotos de documentos e provavelmente das fichas de registro
dos sócios. A única exceção foi do professor Ernesto Quissak, como já foi mencionado
acima. No caso das biografias femininas, este tipo de foto não era uma regra, pois maioria
eram apresentadas em perfil, olhar para o horizonte e traços mais tranqüilos, mas não
fugindo da seriedade.
O emprego das fotos faz surgir um grande debate sobre a sua representação e a sua
capacidade de registro, pois envolve um processo de simbolização do universo e da
realidade social que essas fotos representam e documentam sobre a breve história de vida
dos professores e até onde elas podem servir de exemplo para os outros e este tipo de
mensagem pode alcançar. O espaço e seus componentes representados na fotografia
possuem uma mensagem abertamente delimitada ou, em muitos casos, subjetiva ao olhar.
As relações de posição, centralidade e planos em que são colocadas os professores
na fotografia refletem condições sociais da vida do grupo e as forças que presidem a
organização das formas. Uma forma de distinção social entre as mulheres era o
aparecimento em público com o acompanhamento de membros da família. Isso
demonstrava um tipo de proteção vigilante à mulher de família. Uma das posições
freqüentes que aparecem as mulheres casadas é a pose do marido sentado e a mulher de pé,
atrás, com a mão no ombro, em uma posição servil, de guarda, dada a importância ao
“chefe da casa”, que geralmente aparecia sentados das poses. A Revista do Professor, ao
homenagear biograficamente a professora Henriqueta Pereira na edição de número 19 de
sua segunda fase, publica uma foto de “família’ em que a professora está ao lado do seu
marido, na convencional pose de “guardiã”; na legenda, a revista qualifica a homenageada
também identificando o nome de seu marido.
Tais características também fazem parte de imagens com representações
masculinas, pois, além do bom exemplo feminino, a revista exibe a figura masculina como
a guardiã da pátria e detentora do espírito de liderança, pioneirismo e bravura. Essas
imagens são preenchidas pelos líderes, seus feitos e o culto à memória de seus maiores
representantes. À mulher cabia cumprir seu dever de guardiã feliz, alerta e educadora das
futuras gerações e dos futuros “grandes homens”. Assim, aquelas que podiam ser
consideradas como bons exemplos eram premiadas através da divulgação de suas atitudes e
seus feitos, ganhando um “destaque silencioso” nas fotos e poses entre os grandes mestres.
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1
Esta dissertação foi defendida no dia 07 de maio de 2003, na Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo, tendo como orientadora a Prof.ª Dr.ª Cynthia Pereira de Sousa, e foi desenvolvido com o apoio da
FAPESP.
2
Este artigo é parte integrante da pesquisa das autoras intitulado “Uma leitura do pensamento político-
riograndense: a Revista de Ensino (1939-1978) – FACED/ UFRGS e foi publicado na obra: Carvalho, Marta
e Gondra, José (orgs), Pesquisa Histórica: retratos de educação no Brasil. Rio de Janeiro, UERJ, 1995, p. 9197.
3
In: Educação e Revista, Belo Horizonte, n. 32, dez/2000, p. 21-54.
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