UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MBA GESTÃO EMPRESARIAL LUIZ CARLOS DE ASSIS GÓES UMA ABORDAGEM SOBRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA Criciúma, 2004. 1 LUIZ CARLOS DE ASSIS GÓES UMA ABORDAGEM SOBRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA Monografia apresentada à Diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para obtenção do título de especialista em Gestão Empresarial. Orientadora: Prof. Roseli Jenoveva Neto Criciúma, 2004. 2 À Minha esposa Márcia, pelos momentos excluídos de seu convívio e incentivo a mim dedicado Ao Meu filho Luiz Eduardo, meu melhor momento. Aos meus amados e queridos País Ernesto(in memorian) e Maria(in memorian), que forjaram meu caráter e me alimentaram com sua fé em Deus e crença nos valores e nas pessoas. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pela onipresença, aos meus irmãos, pelo amor e apoio em minha vida, à minha orientadora pela dedicação e amizade demonstradas. 4 As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as oportunidades de que precisam. Quando não as encontram, as criam. Bernard Shaw Um otimista vê uma oportunidade em cada calamidade. Um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade. Winston Churchill 5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 09 1.1. Apresentação do Problema......................................................................... 09 1.2 Justificativa................................................................................................... 10 1.3. Objetivos........................................................................................................12 1.3.1. Objetivo Geral............................................................................................ 12 1.3.2. Objetivo Específico....................................................................................12 1.4. Metodologia................................................................................................. 12 2. SERVIÇOS ....................................................................................................... 13 2.1. Definição de Serviços................................................................................. 13 2.2. Características dos Serviços..................................................................... 15 2.3. Serviços Jurídicos.......................................................................................16 3. SERVIÇOS JURÍDICOS PRESTADOS POR SOCIEDADES CIVIS DE ADVOGADOS ............................................................................................... 19 3.1. Conceito de sociedade civil de advogados.............................................. 19 3.2. Características da sociedade civil de advogados.................................... 21 3.3. Formalização de uma sociedade civil de advogados.............................. 22 4. PLANEJAMENTO ESTRATÉTIGICO .......................................................... 25 4.1. Breve Histórico............................................................................................ 25 4.2. Definição de Planejamento Estratégico.................................................... 26 4.3. Objetivos do Planejamento Estratégico.................................................... 31 4.4. Ambientes e Cenários................................................................................. 32 5. UMA MÉTODOLOGIA À ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............................................................... 36 5.1. Diagnóstico Estratégico............................................................................. 36 5.2. Missão e Visão da Empresa....................................................................... 43 5.3. Definição de Objetivos, Desafios e Metas.................................................47 5.4. Alternativas Estratégicas............................................................................49 5.4.1. Estratégia de Sobrevivência.....................................................................53 5.4.2. Estratégia de Manutenção........................................................................ 54 5.4.3. Estratégia de Crescimento....................................................................... 55 5.4.4. Estratégia de Desenvolvimento............................................................... 55 6 6. CONCLUSÃO ................................................................................................ 59 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 61 7 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Novas obrigações do escritório moderno .......................................... 18 Figura 02 – Ambiente ............................................................................................38 Figura 03 – Modelo das cinco forças de Porter .................................................... 40 Figura 04 – Escolha de um caminho de ação para a empresa ............................ 50 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Analise Pest .................................................................................... 39 9 1. INTRODUÇÃO 1.1. Apresentação do Problema É notório o crescimento na economia mundial do setor de serviços, também chamado de setor terciário. Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, outros setores da economia, tais como primário (agricultura) e secundário (indústria) tem migrado para o setor de serviços, que tem contribuído em maior número de empregos e de significativa participação no Produto Interno Bruto, tanto no mundo quanto no Brasil. Dentre as profissões que exercem a prestação de serviços, uma das mais antigas certamente é dos jurisconsultos, onde teve seu ambiente (interno e externo) totalmente alterado, se traçarmos uma linha no tempo, desde o início da civilização greco-romana até passar pela revolução industrial e chegar na chamada sociedade moderna. Os entes públicos e privados, diferentemente da década de 70, já não conseguem mais abrigar dignamente todos os profissionais do direito, tanto aqueles que já se encontram disponíveis no concorrido mercado de trabalho, quanto os egressos das 673 (seiscentos e setenta e três) faculdades de direito existentes atualmente no Brasil, que segundo artigo publicado na revista de informação jurídica (disponível em: www.infojur.com.br), de 24 de setembro último, intitulado “De Collor a Lula, 500 novas faculdades de Direito no País”, já no primeiro ano do de governo Luiz Inácio Lula, teve um incremento de 11% no número de faculdades de Direito no Brasil. No Estado de Santa Catarina, atualmente estão inscritos regularmente na 10 Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Santa Catarina, 13428 (treze mil, quatrocentos e vinte e oito) advogados e 760 (setecentos e sessenta) sociedades civis de advogados, sendo que, a Cidade de Criciúma, responde com 595 advogados inscritos e 17 sociedades civis de advogados, sendo que, em nosso estado, anualmente estão se formando em torno de 800 bacharéis. Na opinião de Bertozzi (2002, p.13): O que veremos daqui por diante é uma crise sem precedentes, tal qual a que atingiu a Espanha na década de 90, na área médica, onde existe 30% de médicos ociosos, sem campo de trabalho. A verdade é que as coisas estão muito mais complexas, o conhecimento, sozinho, não consegue ser responsável pelo sucesso. O Direito não está mais na década de 70/80. A percepção do cliente mudou e o número de advogados e sociedades jurídicas mais fortes também. Independentemente do tamanho, os escritórios de advocacia, cada vez mais serão chamados a refletir sobre como evoluir conhecendo as potencialidades de sua empresa, detectar as mudanças do mercado, conhecer sua missão, definindo os objetivos da empresa, assumindo os riscos inerentes ao ofício, e, também aprender a vender seus serviços, pois estamos numa nova era, e, aquele que não ousar se diferenciar em serviços, correrá grande risco de perecer. É de se perguntar: pode o planejamento estratégico, contribuir para que, o advogado ou a sociedade de advogados, realize a prestação de serviços de forma excelente, preservando a ética, ocupar seu espaço no mercado, mormente quando até as demandas extra e judiciais, não estão suficientes para o atendimento daqueles que clamam por trabalho. 1.2. Justificativa Em que pese, ser verdadeiro de que o setor de serviços (terciário), tem 11 ativa e fundamental participação no Produto Interno Bruto, tanto na economia globalizada, quanto no Brasil, observa-se que os trabalhos acadêmicos produzidos, que tratam da questão de planejamento estratégico em serviços, pouco tem enfocado, ao que se tem conhecimento a questão de planejamento estratégico em prestadoras de serviços jurídicos. E, ainda, despertado pela leitura obra Estratégia na Advocacia – Planejamento para Escritórios de Advocacia1, uma produção literária com uma série de subsídios para a necessidade dos advogados. A obra chama a atenção para as questões globalizadas, das fusões empresariais no ramo do direito, abandonando aquele modelo ortodoxo de apenas conhecer o direito, estudar o direito, mas, avivar e fazer florescer a postura das organizações outras, que através de ferramentas de gestão empresarial, tais como o planejamento estratégico, não irão sucumbir, mas garantir sua permanência no competitivo mercado de trabalho. Desta forma, busca esse trabalho, chamar à reflexão alguns questionamentos procurando demonstrar a real e fundamental importância dessa ferramenta gerencial denominada planejamento estratégico à atividade advocatícia, como verdadeira necessidade do advogado moderno, sempre com respeito à ética e aos valores da nobre profissão do advogado. 1 SELEM, Dra. Lara Cristina de Alencar, advogada paranaense. 12 1.3 Objetivos 1.3.1. Objetivo Geral Evidenciar a importância do planejamento estratégico na prestação de serviços. 1.3.2. Objetivos Específicos Realizar uma revisão bibliográfica sobre o planejamento estratégico, considerando sua aplicabilidade em escritórios de advocacia. Analisar a importância do planejamento estratégico em escritórios de advocacia, com atenção aos ambientes e cenários, sua missão e visão, objetivos e metas. 1.4. Metodologia Pesquisa bibliográfica. 13 2. SERVIÇOS 2.1. Definição de Serviços Na literatura encontramos referências sobre o setor de serviços, onde ainda é pequeno o número de estudos que lhe são dedicados. Para tanto, segundo Téboul (1999, p.7), “o campo de serviços é, efetivamente, um dos mais delicados a serem explorados, pois suas fronteiras são um problema.” Segundo o citado autor, o setor de serviços O setor de serviços engloba, então, todas as atividades cuja produção não é nem um bem físico, nem uma edificação. A partir desta primeira classificação, os autores clássicos concluem que o que caracteriza então os serviços é a simultaneidade do consumo e da produção. Esta oferece aos serviços uma natureza imaterial, assinalada pelo economista do século XVIII, Adam Smith, que os descreveu como “perecendo no próprio momento de sua criação (TEBOUL, 1997, p. 7). Grönroos, (1995, p.34), entende que o serviço é um fenômeno complexo, com significados variados, onde os Autores tem tentado defini-lo de maneira um tanto restritiva o fenômeno de serviços. A obra citada destaca algumas definições dos últimos trinta anos: “Serviço: Atividades, benefícios ou satisfações que são colocadas à venda ou proporcionadas em conexão com a venda de bens” (AMERICAM MARKETING ASSOCIATION, 1960 apud GRÖNROOS, 1995, p. 34). Serviços representam ou satisfações intangíveis apresentadas diretamente (transporte, acomodação), ou satisfações intangíveis apresentadas indiretamente quando da compra de mercadorias ou de outros serviços (crédito, entrega). (REGAN, 1963, apud GRÖNROOS, 1995, p. 34). Vale salientar a definição de Judd, onde assinala que o serviços: Serviços são colocados no mercado: Uma transação no mercado, realizada pôr uma empresa ou pôr um empreendedor, onde o objeto da transação é outro que não a transferência de propriedade (ou título, se algum) de uma mercadoria tangível. (JUDD, 1964 apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). 14 “Para o consumidor, serviços são quaisquer atividades colocadas à venda que proporcionem benefícios e satisfações valiosas; atividades que o cliente não possa ou prefira não realizar pôr si próprio.” (BESSON, 1973, apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). “Um serviço é uma atividade colocada à venda que gera benefícios e satisfações, sem levar a uma mudança física na forma de um bem.” (BLOIS, 1974, apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). Serviços (são) atividades separadamente identificáveis e intangíveis que provêem a satisfação de um desejo quando colocados no mercado a consumidores e/ou usuários industriais e que não estão necessariamente associados à venda de um produto ou de um outro serviço. (STANTON, 1974 apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). “Um serviço é uma atividade ou uma série de atividades que tem lugar nas interações com uma pessoa de contato ou com uma máquina física e que provê satisfação ao consumidor.” (LEHTINENM, 1983 apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). “Serviços são quaisquer benefícios intangíveis, que são pagos direta ou indiretamente e que freqüentemente incluem um componente físico ou técnico maior ou menor.” (ANDRESEN et al., 1983 apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). “Um serviço é qualquer atividade ou benefício que uma parte possa oferecer à outra que seja essencialmente intangível e que não resulte em propriedade de coisa alguma. Sua produção pode ou não estar ligada a um produto físico.” (KOTLER, BLOOM, 1988 apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). O atendimento das expectativas do cliente durante uma venda e na atividade pós-venda, através da realização de uma série de funções que se equiparam ou que superam a concorrência, de formar a prover um lucro incremental para o fornecedor. (FREE, 1987 apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). Ainda: “Serviço é algo que pode ser comprado e vendido, mas que você não consegue deixar cair sobre o seu pé” (GUMMESSON, 1987, apud GRÖNROOS, 1995, p. 35). 15 No entender do referido Autor, tais definições não dão o verdadeiro escopo do que seja serviços, razão que, sugere, então, uma definição de serviços como sendo: uma atividade ou uma série de atividades de natureza mais ou menos intangível – que normalmente, mas não necessariamente, acontece durante as interações entre clientes e empregados de serviço e/ou recursos físicos ou bens e/sistemas do fornecedor de serviços – que é fornecida como solução ao(s) problema(s) do(s) cliente(s) (GRÖNROOS, 1995, p. 35). Kotler (1994, p. 541), de forma não tão especifica, enuncia que: “Serviço é qualquer ato ou desempenho essencialmente intangível que uma parte pode oferecer à outra e que não tem como resultado a propriedade de algo. A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um produto físico”. 2.2. Características dos Serviços Existem características específicas que diferenciam os serviços dos bem manufaturados, devendo ser conhecidas por aqueles que analisam tal tema, mesmo de forma superficial. Muitas das características salientados pêlos vários Autores que tratam sobre o assunto, são comuns e outras delas até complementares. Dentro deste enfoque, pode-se destacar que. KOTLER (2003, apud SELEM, 2003, p. 541-542), aponta quatro características: Intangibilidade – “não podem ser vistos, sentidos, provados, ouvidos ou cheirados antes de serem comprados . Inseparabilidade – “são produzidos e consumidos ao mesmo tempo” com a interação fornecedor-cliente afetando o resultado final; Variabilidade – “são altamente variáveis” à medida que dependem de quem os executa, quando e onde são executados. Perecibilidade – “não podem ser estocados” pois a entrega é imediata e o sistema de produção é sempre acionado pelo cliente. 16 Segundo Grönroos (1995, p.38), são encontrados na maioria dos serviços, quatro características básicas: 1. Os serviços são mais ou menos intangíveis. 2. Os serviços são atividades ou uma série de atividades em vez de coisas. 3. Os serviços são, pelo menos até certo ponto, produzidos e consumidos simultaneamente. 4. O cliente participa do processo de produção, pelo menos até certo ponto”. Em que pese haver a ocorrência da intangibilidade do fenômeno serviços, entende Grönroos (1995, p.39), que atributos como experiência, confiança e segurança e tato, são percebidos pelo cliente, ainda que de maneira subjetiva. Grönroos (1995, p.39), com muita propriedade ressalta que o serviço não é uma coisa, mas uma série de atividades ou processos. 2.3. Serviços Jurídicos É de se perguntar, aos operadores do direito, como exercer o controle de qualidade e exercer um bom marketing, se os serviços possuem características como as anteriormente apontadas? Convém salientar que, apesar das características acima mencionadas, no caso dos escritórios de advocacia, deve o profissional, estar sempre atento, e a cada movimento de uma questão, demanda contenciosa ou não, prestar tal informação ao cliente, pois este saberá avaliar e vivenciar os vários momentos do serviço prestado e não apenas o resultado final. No que tange ao segmento da prestação de serviços jurídicos, Selem (2003, p.47), salienta que: 17 De acordo com os dados trazidos pela Gazeta Mercantil (2002), os escritórios de advocacia brasileiros experimentaram um crescimento sem precedentes na Segunda metade da década de 1990. Em decorrência disso, as estruturas físicas dos escritórios tiveram que se expandir rapidamente: associações, fusões, abertura de filiais, participação em redes internacionais. Os escritórios de advocacia brasileiros, por questões de oportunidades de mercado, competitividade, se viram obrigados a alinhavar alianças estratégicas com outros escritórios de advocacia, pelas mais variadas formas (fusões, associações, filiais), objetivando o aproveitamento das oportunidades que estavam surgindo, unindo os pontos fortes de cada um das empresas, diminuição dos riscos corridos e aumento a capacitação técnica de seus quadros. No ambiente externo, a maior demanda por serviços jurídicos está na região sudeste do País, tanto na advocacia contenciosa2, quanto na voluntária3, ainda na preventiva4 e de consultoria5. E, no ambiente interno, as sociedades de advogados, se viram obrigadas a efetuarem através do planejamento estratégico, o quadro de carreiras de seus colaboradores, bem como, o plano de aprendizado e especializações. Segundo Selem (2003, p.48), a tecnologia, na verdade é um diferencial competitivo, pois permite que os serviços oferecidos e até realizados(tanto no Brasil quanto no exterior) sejam divulgados, favorecendo a relação com os clientes, inclusive pela internet, permitindo o crescimento da atividade pelo regime de economia de escala, imprimindo um maior controle sobre o serviço executado, tendo resultado direto sobre as não conformidades, reduzindo o risco de responsabilidade civil dos profissionais de direito, em face o malpractice. 2 Contenciosa : relativo a litígio que indica disputa entre Partes voluntária: não há disputa ou contenda entre Partes 4 preventiva: realizar os atos e negócios com consultoria preventiva objetivando evitar as demandas judiciais. 5 Consultoria: advocacia especializada que presta consultas ou pareceres 3 18 O crescimento da atividade de prestação de serviços jurídicos, onde escritórios brasileiros, também se interessaram em abrir escritório no exterior, fez com que a OAB a nível federal, que é o órgão responsável pela regulamentação da atividade no Brasil, editasse novos mandamentos legais a serem seguidos pela classe, no que tange as questões éticas, propaganda, associações com sociedades de advogados internacionais bem como outras de interesse da classe. Bertozzi (2002, p.27), apresenta através de um quadro as novas obrigações do escritório jurídico moderno. Figura 01 – Novas obrigações do escritório moderno Gerenciar a marca Investir em novos talentos Foco no cliente e não na área de atuação Escritório Investir na informação ao cliente Jurídico Qualidade dos serviços Gerenciar custos Fonte – Bertozzi (2002, p.27) Planejamento estratégico 19 3. SERVIÇOS JURÍDICOS PRESTADOS POR SOCIEDADES CIVIL DE ADVOGADOS 3.1. Conceito de sociedade civil de advogados A atividade exercida pelo advogado, segundo a tradição é como um sacerdócio, na verdade como um múnus público praticado por um advogado de forma individual, que é procurado por seu futuro cliente, lhe confiando a causa. Segundo Gonçalves Neto (2002, p.1) vem “cedendo lugar para o exercício por meio de sociedades de advogados, casa vez mais próximas dos modelos importados dos países da common law”. Esta nova realidade vem ocorrendo, por vários motivos, dentre eles a tributação aplicada aos profissionais autônomos da advocacia, a globalização, a multiplicação de especializações nas mais variadas áreas do direito. Onde os clientes, estão a preferir ter à sua disposição uma sociedade de advogados, que lhe prestem serviços especializados, com o menor custo possível, mormente com a constante mudança e transformação dos movimentos sociais, econômicos, políticos da sociedade contemporânea, onde as coisas acontecem em menor espaço de tempo que alguns anos atrás. Aliado a estes fatores, está a própria atividade laboral do advogado, que são as idas e vindas aos Foros, muitos deles distantes um do outro, principalmente nas grandes cidades, multiplicidade de audiências em um mesmo horário, o que vem fazendo com que cada vez mais diminua a existência de escritórios de prestação de serviços jurídicos com um único advogado. 20 Até mesmo os advogados mais tradicionalistas, que faziam reservas às sociedades de advogados, hoje, já não tem tal preconceito, que no dizer de Gonçalves Neto (2002, p.2) “apresentam-se hoje, não só como uma necessidade, mas como o futuro da advocacia e, praticamente, a única saída para os novos profissionais do direito”. Conforme Sergio Ferraz, apud Gonçalves Neto (2002, p.2) o: ambiente profissional da advocacia está a consagrar, inevitavelmente, o modelo da sociedade de advogados. De um lado, a multiplicação das especializações, a proliferação do tecido normativo aplicável a cada uma delas, o desenvolvimento da bibliografia jurídica e das coletânias jurisprudenciais, o próprio crescimento e difusão da clientela potencial, a atomização dos foros – enfim, fatores de ordem vária, a tornarem impossível ao advogado ou advogados, individualmente considerados, a absorção do aludido e pesado fardo; De outro lado, os riscos crescentes da malpratice (sem correlatos instrumentos securitários acessíveis a todos os advogados) e os progressos tecnológicos, dia a dia mais sofisticados, tudo gerando contribuições onerosas e equipamentos custosos, sem os quais inviável o enfrentamento das dificuldades da profissão advocatícia bemsucedida para as realidades dos relacionamentos e intercâmbios nacionais e internacionais. A tais dados o advogado, sob pena de não sobreviver, sobretudo nos grandes, não tem outra resposta adequada, que não a formação de verdadeiras sociedades. O Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 8.906, de 1964), estabelece em seu artigo 15 que “os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de advocacia”. Gonçalves Neto (2002, p.10), com muita propriedade assinala que a sociedade de advogados, não é constituída para o exercício da advocacia, mas: permitir ou facilitar a “colaboração recíproca” entre si dos sócios-advogados e demais advogados a ela vinculados, “para a disciplina do expediente e dos resultados patrimoniais auferidos na prestação dos serviços” por eles individualmente realizados para os clientes, como enunciava o art. 77, caput, da Lei n. 4.215, de 1963. Aliás, o inciso 3 do artigo 15 do referido diploma estatutário, assinala que o instrumento procuratório outorgado aos advogados, deve sê-lo individualmente com a indicação da sociedade que participam. 21 Conforme Gonçalves Neto, citado por Selem (2003, p.53), “a sociedade existe para apoiar a atividade conjunta de advogados, gerir suas contas e facilitarlhes o trabalho.” Para Neto Lobo apud Selem (2003, p.53): Diferentemente das demais sociedades de serviços, a finalidade das sociedades de advogados, como lembram Haddock Lobo e Costa Neto, é regular e disciplinares relações recíprocas entre advogados, no que pertine, fundamentalmente, à vida administrativa e financeira do grupo, ou como disse Orlando Gomes por eles citado, à remuneração dos resultados obtidos com a remuneração do trabalho dos advogados e disciplina do expediente do escritório. Portanto, a criação de uma sociedade de advogados, na visão de Gonçalves Neto (2002, p.12), define-se como aquela constituída por dois ou mais advogada para lhes permitir ou facilitar o exercício da advocacia em regime de colaboração recíproca, com disciplinamento do expediente e da divisão dos resultados patrimoniais auferidos no atendimento que os advogados a ela vinculados prestam aos clientes. Desta forma, para que exista a sociedade de advogados, deve haver a afeição societária (afectio societatis), o intuitu personae, inerente a este tipo de sociedade, a estrutura e gerenciamento da sociedade à disposição dos sócios e associados e distribuição de seus resultados, distinguindo-se das sociedades de classes, que não possuem fins lucrativos, na visão de Gonçalves Neto (2002, p.13). 3.2. Características da sociedade civil de advogados O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, alberga em seus artigos 15 a 17, algumas características das sociedades de advogados, salientadas por Gonçalves Neto (2002, p.13), da seguinte maneira: 22 Não tem por fim atuar na advocacia, mas possibilitar que os advogados nela reunidos (como sócios, associados ou empregados), possam exercê-la de modo mais racional e organizado; Exigir que todos os seus sócios tenham a mesma habilitação profissional, isto é, sejam advogados; Não pode ter outro objeto, senão o de proporcionar o exercício profissional da advocacia aos seus sócios e advogados agregados; Registro próprio diverso do das demais sociedades civis; Não podem apresentar forma ou características mercantis (empresariais), a teor do art. 16 do EAOAB; Duas ordens de responsabilidade dos sócios: (i) por serem sócios, quanto aos atos sociais praticados pela sociedade: (ii) e pelo fato de a advocacia ser exercida pessoalmente por eles ou por advogado integrado a sociedade, e não por ela. Como se percebe, a atividade das sociedades de advogados, possui características próprias, diversas de outras sociedades civis, como acima salientadas, valendo destacar que, segundo o Autor citado, as denominadas sociedades multidisciplinares (auditoria, consultoria, engenharia, etc), no Brasil, segundo o art. 16, § 3º do Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil, não tem permissão para abranger a atividade da advocacia. Igualmente, as sociedades de advogados ao invés de efetuarem o arquivamento dos atos constitutivos como as demais sociedades civis, que o fazem nos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, o faz no Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de cuja base territorial tiver sua sede, conforme preceituado no art. 15, § § 1º e 2º do Estatuto do Advogado e da Ordem dos Advogados do Brasil. 3.3. Formalização de uma sociedade civil de advogados. As sociedades de advogados, no que tange a sua constituição, registro, livros contábeis, sócios, capital social, nome do escritório, forma de administração, sócio-gerente, advogado associado, advogado empregado, filiais, sociedades associadas, devem ser observados alguns procedimentos, que didaticamente são 23 tratados com muita objetividade por Gonçalves Neto (2002, p.17-70), apud SELEM (2003, p.54), da seguinte forma: Constituição – Uma sociedade de advogados constituída por instrumento público ou particular firmado por todos os sócios e por duas testemunhas. O rol das exigências que devem ser atendidas na constituição de uma sociedade de advogados está no Provimento n. 92/2000. Registro – Preenchidas as exigências de conteúdo, o ato constitutivo deverá ser levado a registro perante o Conselho Seccional “em cuja base territorial a sociedade tiver sua sede” para que assim adquira personalidade jurídica (EAOAB, art. 15, § 1º). Livros Contábeis – As sociedades de advogados têm plena liberdade para adotar os livros de escrituração que desejarem. Não sendo sociedades comerciais, devem, todavia submeter-se às exigências da legislação tributária vigente. Sócios – Somente podem ser sócios da sociedade, os advogados regularmente inscritos na OAB, excluindo-se: os advogados estrangeiros ainda não habilitados junto à OAB como consultores em direito estrangeiro; os advogados totalmente proibidos de advogar (EAOAB, art. 28, incs. I a VIII e §§); bacharéis em direito licenciado da advocacia; Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional; e advogados que já participam de uma sociedade de advogados. A responsabilidade civil dos sócios nas sociedades civis em geral se dá em caráter subsidiário ilimitado, mas não solidário. Quer dizer, o sócio responde apenas e tão-somente pelas obrigações contraídas pela sociedade depois de esgotado o patrimônio social, sem limitação de valor, mas proporcionalmente à sua participação nas perdas sociais, como prevista no contrato societário. A responsabilidade solidária só existirá ser for convencionada. Capital Social –Não há limitação mínima para a formação de um patrimônio destinado ao exercício das atividades sociais, entretanto a indicação do capital social é inerente a toda e qualquer sociedade, tanto civil como simples, cujas normas se aplicam subsidiariamente às sociedades de advogados, como comercial. O contrato social deve indicar a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas, sob pena de vigorar a regra da proporcionalidade das somas com que se obrigaram a contribuir para a formação do capital social. Nome do Escritório – O “signum societatis”, ou a designação pela qual ela irá identificar-se no exercício de sua atividade, tem disciplina peculiar. Deve-se observar a regra do art. 16, § 1º do EAOAB, que exige que nele figure “o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, que quer significar sócio que detenha poderes de gerência. Forma de Administração – O Regulamento Geral faculta às sociedades de advogados “adotar qualquer forma de administração social, permitida a existência de sócios-gerentes, com indicação de poderes atribuídos” (art. 41), e o provimento 92/2000 adita que, “se convier aos sócios”, a sociedade pode “ser orientada ou fiscalizada por órgão colegiado integrado por certo número deles” (art. 3º). Sócio Gerente – O sócio-gerente é mero veiculo pelo qual a sociedade externa sua ação. Sua responsabilidade se limita aos atos irregulares de gestão. O sócio-gerente não participa da relação jurídica que, em nome da sociedade, estabelece com aqueles com quem ela contrata. Portanto, nessa condição, o sócio-gerente não assume qualquer responsabilidade direta para com terceiro. Advogado Associado – O advogado que não contribui para a formação do capital social pode associar-se à sociedade, sem qualquer vínculo de emprego (art. 39 do Regulamento Geral do EAOAB). Neste caso, o advogado não ingressa na sociedade, mas se associa a ela na prestação 24 de determinados serviços, mediante remuneração fixa ou percentual, sem desfrutar dos direitos pessoais e patrimoniais inerentes aos sócios ““. Não sendo sócio, o advogado associado não responde pelas obrigações assumidas pela sociedade, nem mesmo em caráter subsidiário, no entanto, responde solidariamente pelos danos por ele causados diretamente ao cliente (a sociedade não advoga), nas hipóteses de dolo ou culpa e por ação ou omissão no exercício dos atos privativos da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possa incorrer. Advogado Empregado – Mantendo vínculo trabalhista com uma sociedade de advogados, o advogado empregado mantém relação jurídica regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pelas disposições especiais contidas nos arts. 18 a 21 do EAOAB e arts. 11 a 14 do Regulamento Geral. O vínculo de subordinação hierárquica não retira do advogado empregado sua isenção técnica e independência profissional próprias da profissão. As regras especiais neste caso são: jornada de trabalho de quatro horas diária, salva regime de dedicação exclusiva de até quarenta horas semanais, se for esse o estabelecido no contrato individual de trabalho (Regulamento Geral, art. 12, § 1º); previsão de pagamento da verba de sucumbência aos advogados empregados (EAOAB, art. 21); devolução de mandatos quando da rescisão do contrato de trabalho; de responsabilidade civil do advogado empregado, que responde pessoalmente pelos danos que causar ao cliente, respondendo também sua empregadora, a sociedade de advogados. Filiais – A abertura de filiais de sociedade de advogados é permitida tanto perante o Conselho Seccional em que estiver registrada, como perante outros conselhos, quando criadas para atuar em outro Estado da Federação. A constituição de filiais é feita mediante alteração contratual. A associação pode ser ampla (envolvendo todas as áreas e atividades desenvolvidas pelas associadas) ou restrita (celebrada para uma área determinada do direito, ou para o atendimento de um certo cliente etc). A responsabilidade das sociedades associadas deve ser também separada: primeiro, pelos atos que cada uma pratica na gestão dos assuntos societários, sendo individual e não se estende de uma para outra; e segundo, pelos atos praticados pelos respectivos advogados a elas vinculados, sendo idêntica à estabelecida para os advogados associados. 25 4. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 4.1. Breve Histórico Selem (2003, p.76), assinala que as modernas técnicas e metodologias do Planejamento Estratégico tiveram seu embrião com o advento da Revolução Industrial (século XVIII), mas especificamente na Inglaterra e Alemanha. James Stuart, Adam Smith, Karl Marx (pensadores das teorias econômicas clássicas) e, posteriori, os da teoria neoclássicas, foram influenciadores no processo “histórico dos sistemas de planejamento do micro e macroambiente.” A literatura nos remete na pessoa de Henri Fayol, um dos autores clássicos da administração, que primeiro suscitou a abordagem do tema planejamento, ao assinalar que: “administrar e planejar, é organizar, comandar, coordenar e controlar”, como muito bem salienta Lopes (1978, p.7). Segundo o Autor: No começo do século XX, quando já se montavam as grandes empresas, base de toda uma nova estrutura industrial – da tecno-estrutura, na definição de Galbraith – Fayol estabelecia os primeiros conceitos da administração planejada ao afirmar que o plano de ação é, ao mesmo tempo, o resultado desejado, a linha de ação a ser tomada, as etapas a atravessar e suplantar, os métodos a usar (LOPES, 1978, p. 7). Diz, ainda, o Lopes (1978, p. 7): Na obra de Fayol estão definidas as bases do planejamento, objetivo e linha mestra de atuação escolhida para atingi-los: A máxima ‘administrar significa olhar para frente’ dá uma boa idéia da importância do planejamento no mundo dos negócios e é verdade que se a previsão não representa tudo na administração, pêlos menos é parte essencial. Prever, neste contexto, significa avaliar o futuro e fazer as necessárias previsões, isto é, a própria previsão é uma ação....A preparação do plano de ação é um dos mais difíceis e mais importantes assuntos de qualquer negócio e compreende todos os departamentos e todas as funções, especialmente a função da administração. É, com efeito, para desempenhar-se das suas funções administrativas que o administrador toma a iniciativa do plano de ação, indicando seus objetivos e missões, que fixa a participação de cada departamento nas tarefas comuns, coordena as partes e harmoniza o todo; que ele decide, por fim, a linha de conduta a ser seguida. 26 Segundo o Autor, a partir desta data, estavam lançados os primeiros fundamentos acadêmicos a respeito do assunto. 4.2. Definição de Planejamento Estratégico Faz-se necessário apresentar algumas definições deste conceito. Qual o significado de planejamento estratégico? Pode-se afirmar que as várias definições de planejamento estratégico com maior ou menor enfoque, são bastante assemelhadas, com maneiras apropriadas de enxergar as principais características de tal processo. Desta forma, a seguir, citamos algumas definições sobre planejamento estratégico. Peter Drucker, um dos maiores pensadores da administração moderna, em sua obra Introdução a Administração, preambularmente à definição de planejamento estratégico, nos ensina o que não é planejamento estratégico: Ele não é uma caixa de mágicas, nem um amontoado de técnicas... Quantificar não é planejar. O planejamento estratégico não constitui a “aplicação de métodos científicos às decisões empresariais. ... Não é previsão. Não é domínio mental sobre o futuro. Qualquer tentativa de fazer isso será fútil. ... Não opera com decisões futuras. Ele opera com o que há de futuro nas decisões atuais. ... Não é uma tentativa de eliminar risco... (DRUCKER, 2002, p. 133). Na visão de Drucker (2002, p. 136), planejamento estratégico é “é um processo contínuo, sistemático, organizado e capaz de prever o futuro, de maneira a tomar decisões que minimizem riscos”. O Autor define como sendo um processo, que é constante, onde o 27 administrador deve buscar conhecer as potencialidades da empresa, ajustá-lo estrategicamente aos objetivos organizacionais, e conhecendo a missão, objetiva que as decisões presentes estejam de olho no futuro, não excluindo os riscos, mas minimizando-os. Nas palavras de F. Kotler (1994, p.69): O Planejamento Estratégico orientado para o mercado é o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação viável entre os objetivos, experiências e recursos da organização e suas oportunidades em um mercado continuamente mutante. Segundo Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira (2004, p.47), o planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada. O Autor, atribui a alta cúpula da organização à responsabilidade pela definição dos objetivos no que tange ao direcionamento das ações a serem seguidas no planejamento estratégico, observando o ambiente externo e interno, bem como se os resultados estão sendo os esperados. Nas palavras de Fischmann e Almeida (1995, p.25), planejamento estratégico é Planejamento Estratégico é uma técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos. Os Autores apresentam tal definição, numa abordagem técnica, onde deve – se buscar conhecer o ambiente em que está inserida a organização, como um dos pontos fundamentais à influenciar os negócios da mesma, devendo ser observadas questões, tais como: refletir sobre quais pontos fortes e fracos? Qual a 28 missão? Indagar quais as metas, que no dizer destes “são valores definidos dos objetivos a serem alcançados ao longo do tempo” (1995, p. 25), destacando que eles entendem que os objetivos “são aspectos concretos que a organização deverá alcançar para seguir a estratégia estabelecida”. (1995, p. 25).” Martinho Isnard Ribeiro de Almeida (2003, p.12), define de maneira simples e de fácil entendimento, o Planejamento Estratégico como sendo: uma técnica administrativa que procura ordenar as idéias das pessoas, de forma que se possa criar uma visão do caminho que se deve seguir (estratégia). Depois de ordenar as idéias, são ordenadas as ações, que é a implementação do Plano Estratégico, para que, sem desperdício de esforços, caminhe na direção pretendida. Na abordagem do que seja “planejamento” e “estratégia”, Carlos Thomaz Guimarães Lopes (1978, p.155), assinala que: a estratégia estaria diretamente vinculada à maneira, modo ou, ainda, habilidade no manejo de determinados meios à disposição do agente. Nesse sentido é que Clausewitz a vê como a “arte do uso de batalhas”, e Moltke, como a utilização prática dos meios e recursos colocados à disposição do general. Assim a estratégia prender-se-ia diretamente ao raciocínio e à capacidade de manejo inteligente dos recursos existentes. Como tal, pode-se considerá-la uma arte e não uma técnica específica, ou, melhor dizendo, uma arte que pode ser auxiliada por técnicas diversas. Já, o planejamento diz respeito a um sistema coerente de técnicas que procura “planificar” determinada atividade, dentro de determinado contexto. Essa é a tradição da “síntese filosófica” de Mannheim, cuja obra clássica foi escrita em 1935, como tentativa de apresentar outra solução aos problemas criados pela Depressão, que não as oferecidas pelos regimes totalitários europeus da época, e, também, de Hayek, Wooton e Popper, quando do grande debate travado a partir de 1943, relativo ao caráter estatizante do planejamento do Estado. O Autor conclui que “a estratégia é a idéia a ser implementada e o planejamento, o instrumento de implementação”. (LOPES, 1978, p. 156). O administrador buscará apresentar os caminhos a serem seguidos, quais as ações para atingir os objetivos delineados. Por sua vez, Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira (2004, p.192), apresenta algumas definições para estratégia. 29 “Movimento ou uma série específica de movimentos feitos por uma empresa.” (VON NEUMANN E MORGENSTERN, 1947, p.79 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Determinação de metas básicas a longo prazo e dos objetivos de uma empresa, e a adoção das linhas de ação e aplicação dos recursos necessários para alcançar essas metas.” (CHANDLER JR., 1962, p.13 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Conjunto de objetivos e de políticas importantes.” (TILLES, 1963, p.113 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193) “Maneira de se conduzir as ações estabelecidas pela empresa, tal como um maestro rege sua orquestra.” (WRAPP, 1967, p.13 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Conjunto de decisões que determinam o comportamento a ser exigido em determinado período de tempo.” (SIMON, 1971, p. 79 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Conjunto de objetivos, finalidades, metas, diretrizes fundamentais e de planos para atingir esses objetivos, postulados de forma que defina em que atividades se encontra a empresa, que tipo de empresa ela é ou deseja ser.” (ANDREWS, 1971, p. 28 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Manutenção do sistema empresarial em funcionamento, de forma vantajosa.” (RUMELT, 1974, p.28 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Conjunto de objetivos da empresa e a forma de alcançá-los.” (BUZZELl et al, 1989,p.9 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Processo de selecionar oportunidades definidas em termos de pedidos a serem atendidos e produtos a serem oferecidos.” (PASCALE e ATHOS, 1982, p.8 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); 30 “Modelo pelo qual a empresa procura distinguir-se de maneira positiva da concorrência, usando seus pontos fortes para atender melhor às necessidades dos clientes.” (OHMAE, 1985, p.42 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, com base em um procedimento formalizado e articulador de resultados e em uma programação.” (MINTZBERG, 1983, p.9 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Plano ou curso de ação de vital, intensa e continuada importância para a empresa em sua totalidade.” (SHARPLIN, 1985, p.6 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); Busca de uma posição competitiva favorável em uma indústria, a arena fundamental onde ocorre a concorrência; e a escolha desta estratégia competitiva está baseada no nível de atratividade da indústria e nos determinantes da posição competitiva relativa dentro desta indústria. (PORTER, 1985, p.21 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193). “Regras e diretrizes para decisão, que orientem o processo de desenvolvimento de uma empresa.” (ANSOFF, 1990, p.93 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); “Padrão ou plano que integra os objetivos maiores de uma empresa, suas políticas e seqüências de ações em um todo coeso.” (QUINN, 1992, p.5 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193); e “Programa amplo para se definirem e alcançarem as metas de uma empresa: resposta da empresa a seu ambiente através do tempo.” (STONER e PREMAN, 1995, p.141 apud OLIVEIRA, 2004, p. 193). Como se percebe, a estratégia, é este conjunto de ações, pela definição de caminhos e metas, para de maneira diferenciada, estudando seu ambiente, chegar nos objetivos definidos pela empresa, ou seja, estar melhor posicionado que a concorrência. Na realidade, “a estratégia” e o “planejamento”, estão umbilicalmente 31 interligadas, em sua essência, num verdadeiro processo interativo. 4.3. Objetivos do Planejamento Estratégico Gracioso (1987, p.40), de maneira simples, assinala que “o objetivo do planejamento estratégico consiste em encontrar formas diferentes de conduzir os negócios para melhorar a performance futura da empresa”. Por sua vez, Lara Selem (2003, p.84), ressalta que: “o planejamento estratégico objetiva ser uma alternativa para a sobrevivência e crescimento das organizações num mercado cada vez mais competitivo”. As organizações dependem de soluções criativas para estarem no mercado competitivo, mesmo que haja as intempéries, muito comum nos negócios. E, para tanto, o planejamento estratégico, como importante ferramenta da competitividade, tem como objetivo, viabilizar e quase garantir de que as decisões e ações presentes tenham reflexos no futuro, permitindo que as empresas sobrevivam e até cresçam num mercado tão competitivo e continuamente mutante. No dizer de Gracioso (1991) apud Lara Selem (2003, p.84), “O planejamento estratégico é um meio para se atingir um fim” Assinala a Autora, ainda, que para Kotler (1995, p. 69) o intento do Planejamento Estratégico é “ajudar a empresa a selecionar e organizar os negócios de maneira que se mantenha saudável, apesar das turbulências que ocorrem em qualquer um dos seus negócios” (SELEM, 2003, p. 84). Segundo avaliação de Selem (2003, p. 85), Kotler (1995, p.69) “defende a tese de que as empresas excelentes sabem como se adaptar a um mercado em constante mutação. Praticam a arte do Planejamento Estratégico orientado para o 32 mercado.” Na opinião de Selem (2003, p. 85), segundo Pina (1994), pode-se afirmar que “o exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, conseqüentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos e desafios para a empresa.” “Para Tavares (1991), o fato de o planejamento ser um processo de estabelecimento de um estado futuro desejado e um delineamento dos meios efetivos de torná-lo realidade justifica que ele anteceda à decisão e à ação.” (SELEM, 2003, p.85). 4.4. Ambientes e Cenários A avaliação e análise do ambiente, tanto interno (alta administração, colaboradores, acionistas) quanto externo (governo, concorrentes, clientes), se revela uma questão importantíssima, dentre outros fatores, a de checar se a missão ou o próprio negócio podem ou não estar adequados. Selem (2003, p.102), retrata com muita propriedade que: A noção de que a organização funciona como um sistema aberto e dinâmico também é defendido por Kotler(1994). Ele afirma que a sobrevivência, o crescimento e o desenvolvimento de uma organização estão condicionados à sua capacidade de interagir com as influências de seu ambiente. A organização, por sua vez, propõe Tavares (op.cit), é composta de vários subsistemas, cada um com diferentes níveis de complexidade e funções. Formam totalidades integradas e em constante mudança, sujeitas às influências que ocorrem em grau variado, em seu meio ambiente. Dele derivam significativos tipos de pressões e oportunidades, já que a organização é um sistema aberto. Assinala, ainda, a Autora que: Alerta para a dificuldade normalmente enfrentada pelo profissional de Planejamento Estratégico em lidar com a amplitude do ambiente. O número de variáveis é muito grande; por essa razão, sugere o autor, cabe uma seleção no ambiente dos fatores e restrições que têm relação direta 33 com o negócio, para poder acompanhar as mudanças e analisar seus efeitos. Para ele, o analista do ambiente deve interpretar ameaças que venham a ocorrer como um problema a resolver; por vezes, a ameaça esconde boas oportunidades; a atitude positiva facilita encontrar a estratégia adequada. (SELEM, 2003, p. 103). Para Fischmann (1995, p.74): O ambiente de uma organização é fatores que tem influência em uma organização; esta pouco ou nada pode fazer para alterá-los; A convivência da pequena com a grande empresa em um mesmo mercado depende de a pequena empresa ter massa crítica suficiente para este mercado. Por massa crítica entendemos as condições mínimas necessárias, como economia de escala para uma indústria, nível de conhecimentos para um escritório de consultoria, recursos financeiros para um banco, etc.; As conclusões de uma análise ambiental devem ser fundamentadas por informações coletadas ou hipóteses; A avaliação das aspirações dos empregados e proprietários é muito delicada e muito importante na realização de um plano estratégico. Ao pesquisarmos as aspirações dos empregados deveremos ter o cuidado de verificar pontos concretos e não criar expectativas. Na avaliação da aspiração dos empregados é importante que identifiquemos seus reais desejos, e não aquilo que se projeta como imagem. A análise ambiental se revela de fundamental importância ao sucesso do planejamento estratégico, até mesmo para que se consigna captar as ameaças e as oportunidades ambientais, devendo para tanto, a organização procurar entendê-lo, em que pese sua amplitude face o grande número de variáveis sociais, tecnológicas, econômicas e políticas, segundo Sauaia e Sylos, citado por Selem (2003, p.103). Portanto, pode-se concluir que a incerteza é uma realidade do dia-a-dia do executivo, mas não é causa de desânimo, pois, como afirma Thompson (1976, p.189), o simples fato de reconhecer os elementos ambientais relevantes já diminui a incerteza de uma empresa, como citado na obra de Oliveira (2004, p. 94). Na opinião de Selem (2003, p.102), o ambiente “é a dimensão real na qual a empresa está contextualizada” e os cenários de uma forma gerais são “projeções futuristas sobre influências internas e externas que tendem a afetar a organização”. 34 Na construção dos cenários estratégicos, devem estar inseridos todos os altos funcionários da empresa, justamente aqueles envolvidos no planejamento estratégico, pois, certamente haverá maior riqueza de informações, idéias, objetivando criar o pensamento proativo e estimulador dentro do processo do planejamento estratégico. Sua finalidade principal “é estimular maior interesse e aceitação dos cenários como importantes para o processo de planejamento estratégico” (OLIVEIRA, 2004, p.134). Segundo Oliveira (2004, p.134), a elaboração dos cenários pode ter como fundamentação: o pensamento estratégico com a idealização de situações futuras possíveis que não necessariamente tenham alguma interligação com o presente e o passado; o estabelecimento de base de dados sócios econômicos e de infraestrutura; debates com o setor empresarial e estreita interação com a comunidade técnico-científica; uma abordagem sistemática e multidisciplinar; e uma metodologia estruturada e especialmente desenvolvida para o debate e estabelecimentos de cenários. Entretanto, há que se ressaltar, a existência de várias técnicas para a formulação de cenários, objetivando detectar as influências de fatores econômicos, sociais, políticos, culturais, ficando a cada organização a escolha mais oportuna para a inclusão no sistema de planejamento estratégico. Deve-se investigar, quando da abordagem dos cenários, os eventos que surgem inesperadamente, causando impacto nos setores das organizações que devem estar preparadas para agir com rapidez, eficácia e eficiência. Segundo Pina (1994) apud Selem (2003, p.101), apresenta uma técnica para elaboração de cenários que é sintetizada em sete etapas: 1. identifique incertezas que afetam o setor onde a organização está inserida; 2. determine os fatores causais das incertezas; 3. faça uma lista de pressuposições sobre cada fator causal; 4. combine as pressuposições sobre os fatores causais e transforme em 35 cenários consistentes; 5. analise a estrutura e como será afetada por cada cenário ““. 6. determine os cursos a seguir para obter vantagem competitiva em cada cenário. 7. preveja o comportamento competitivo em cada cenário. O cenário tem sua importância aumentada, no que se refere ao processo de decisão estratégica, quando mais instável estiver o ambiente em que se encontra inserida a organização. 36 5. UMA METODOLOGIA À ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 5.1. Diagnóstico Estratégico O diagnóstico estratégico, segundo Oliveira (2004, p.86) corresponde à primeira fase do processo de planejamento estratégico e procura responder à pergunta básica “qual a real situação da empresa quanto a seus aspectos internos e externos?”, verificando o que a empresa tem de bom, de regular ou de ruim em seu processo administrativo. Segundo o autor, tal diagnóstico deve ser realizado de maneira mais fidedigna possível, no que tange à realidade da empresa, pois, uma análise divorciada da mesma, poderá comprometer o resto do processo de planejamento estratégico na organização. De acordo com Selem (2003, p.115), o diagnóstico estratégico do problema abordado, “compreende análise ambiental, identificação dos fatores-chave de sucesso, e avaliação interna”. “A empresa deve ser enfocada sistematicamente, ou seja, levando-se em consideração o conjunto de partes que interagem entre si e buscam o mesmo objetivo, para facilitar a realização do diagnóstico”. (CASTOR, 2002, p.39). Conforme a autora, para Castor (2002, p. 50), ”a avaliação ambiental fornece informações a respeito das realidades externas às empresas, ou têm ou podem ter influência sobre seus negócios”. Segundo Oliveira (2004, p.87), o diagnóstico corresponde a uma análise estratégica, devendo ser observadas algumas premissas básicas, a saber: 37 deve-se considerar o ambiente e suas variáveis relevantes no qual está inserida a empresa; esse ambiente proporcionará à empresa oportunidades que deverão ser usufruídas e ameaças que deverão ser evitadas; para enfrentar essa situação ambiental, a empresa deverá ter conhecimento de seus pontos fortes e fracos; e esse processo de análise interna e externa deverá ser integrado, contínuo e sistêmico. O diagnóstico estratégico, deve ser revisto de forma crítica, tendo por base a situação atual, bem como as projeções seguintes, objetivando se atingir o êxito no processo. As mudanças ambientais estão ocorrendo com velocidade cada vez maior, sendo que as empresas não se podem considerar imunes às ameaças. Desta forma, há necessidade de revisão constante pelas organizações de suas estratégias de produtos e serviços frente ao mercado, devendo, de forma constante, observar as ameaças e oportunidades externas. Segundo Oliveira (2004, p.87), o benchmarking é um dos “instrumentos administrativos que podem auxiliar o processo do diagnóstico estratégico”. Referido pelo Autor, no dizer de Leibfried e McNair, (1994, p.12), benchmarking é “um processo contínuo e interativo para com as realidades ambientais para avaliação do desempenho corrente, estabelecimento de objetivos, bem como para identificação de áreas de aperfeiçoamento e mudança nas empresas.” (OLIVEIRA, 2004, p. 87). De outra forma, Selem (2003), assinala que para compreender a extensão do chamado “ambiente”, por um enfoque metodológico, há que atentar para o macroambiente (forças políticas, econômicas, sociais, tecnológicas, culturais, etc) micro-ambiente (consumidores, concorrentes, fornecedores, agentes, etc.), e ambiente interno administrativos, etc). (staff, clientes internos, recursos humanos, financeiros, 38 Aliás, numa visão figurativa do ambiente, demonstra a Autora da seguinte forma: Figura 02 - AMBIENTE CULTURA MACRO AMBIENTE FORNECEDORE S CLIENTES EMPRESA AMBINTE INTERNO MICRO AMBIENTE C SOCIEDADE TECNOLOGIA Fonte: Elaborado pôr Selem (2003, p.116) Sobre a ANÁLISE DO MACROAMBIENTE, segundo a autora (2003, p.116), existem várias variáveis que influenciam no ambiente da empresa, avaliando os fatores políticos (em níveis regionais e locais, nacionais e internacionais), econômicos (micro e macro), tecnológicos, culturais. Apresenta a autora, alguns dos fatores macro-ambientais que podem impactar o negócio da empresa, chamada de Análise PEST (PEST Analysis) a saber: 39 Quadro 1 – ANÁLISE PEST FATORES P POLÍTICOS - Tributação E CONDIÇÕES S ECONÔMICAS - Taxa de Inflação - - Crescimento Normas de - Investimento T SÓCIO-CULTURAIS - Estilo de Vida - Regulação de - Poder de Compra Mercado FATORES Atividade Taxa TECNOLÓGICOS - Investimentos de Governamentais Consumo - AVANÇOS em Pesquisa e de Desenvolvimento Comércio - Taxa de Juros Crescimento (R&D) Internacional - Desemprego Populacional - Proteção de - Distribuição Etária Patentes - Estabilidade Política - Expectativa de Vida - Uso de Satélite - Taxa de Natalidade - Internet e eCommerce Fonte: elaborado pôr Selem (2003, p.116) Mais especificamente ao setor de empresas prestadoras de serviços jurídicos, na opinião de Selem, a análise PEST, “poderá analisar praticamente os mesmos fatores que qualquer outra empresa do setor diverso analisaria.” Entretanto, devem ser observadas outras questões, relativas ao poder judiciário (excesso de processos, morosidade, poucos magistrados), às restrições impostas pela Ordem dos Advogados do Brasil (publicidade), além de outras atinentes à economia, desenvolvimento local, regional, nacional. Na análise do MICROAMBIENTE, Porter (1986) apud Selem (2003, p.118), sugere que sejam analisadas as forças competitivas, com destaque para o Modelo das Cinco Forças (Five Forces Model). Segundo a Autora, é um modelo que evidencia a atenção à concorrência, especialmente numa situação de escassez de 40 recursos, internacionalização e constante mudança técnica e social. Assinala, a Autora (2003, p.118) que: Para Porter, há cinco forças competitivas que determinam o interesse de cada setor de atividade: o grau de rivalidade entre os atuais concorrentes (com conseqüências ao nível dos preços, inovação e capacidade produtiva instalada); o poder de negociação dos clientes (com reflexos nos preços e prestações de serviços adicionais); o poder de negociação dos fornecedores (afeta a rentabilidade do negócio); a ameaça de novos concorrentes (depende das barreiras à entrada no setor); e a ameaça de produtos substitutos (fator de risco para o próprio setor). Figura 03 – MODELO DAS CINCO FORÇAS DE PORTER Ameaça de Novos Entrantes Poder de Barganha dos Fornecedores RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES Poder de Barganha dos Consumidores Ameaça de Produtos Substitutos a Fonte: Adaptado de Porter (1986 ) (Selem, 2003, p.118). Tais forças vão depender de vários fatores, dentre eles, o número de concorrentes, quantidade de clientes, variabilidade de preços da concorrência, poder de crescimento do setor. No setor de prestação de serviços jurídicos, o enfoque quanto ao 41 microambiente, se revela importante, pois, deve-se observar além dos fatores acima mencionados, a interação entre escritório e clientela, com outros escritórios, clientes de pequeno, médio e grande porte, a concorrência dos grandes escritórios, inclusive os estrangeiros que estão se estabelecendo no Brasil. Outro fator importantíssimo, que se refere a identificação dos FatoresChave de Sucesso (Key Sucess Factors), segundo Castor (2002, p.56), apud Selem (2003, p.120), relevantes para que se tenha sucesso, seja no produto, ou no serviço, mercado ou contexto que se pretenda desenvolver, são: preço, rapidez, confiabilidade, tradição, simpatia, atendimento, exclusividade, etc. Segundo a Autora (2003, p.120), no setor de advocacia, os fatores-chave que apontam como indicativos da preferência de mercado, se referem a responsabilidade, qualidade do serviço prestado, honorários, pró-atividade jurídica, cumprimento dos prazos judiciais, confiabilidade, confidencialidade, dentre outras. Quanto aos escritórios de advocacia, as questões atinentes aos recursos humanos (planos de carreira, cargos e salários, investimentos em conhecimentos, posição ética, trabalhos em equipe), políticas financeiras, equipamentos de informática (hardware e softwares, informação on line aos clientes), estruturais (layout, equipamentos, biblioteca, arquivos, etc), segundo Selem (2003, p.121), se referem ao ambiente interno. Citado por Selem (2003, p.119), Boranga (2002, p.1-2), ressalta alguns aspectos na relação cliente-advogado, que podem trazer impactos nesta fase avaliativa, merecendo, portanto, serem considerados: 42 1. A pressão por resultados de curso prazo, em função da concorrência e lucratividade exigida pelos acionistas, acarreta negociações mais rápidas: assim, os serviços jurídicos têm de acompanhar esta velocidade; 2. Há uma maior competitividade no mercado, não há fidelidade à marca ou à empresa; os acionistas podem trocar de posição e investir em outra mais lucrativa. O mesmo vai ocorrer com o executivo que, pressionado por lucros, poderá ser levado a cortar custos em seu orçamento; 3. O escritório tem que oferecer a solução que é mais vantajosa para o cliente, ainda que essa solução não seja a preferida pelo advogado, buscando alternativas criativas e inovadoras. 4. Uma das objeções encontradas em escritórios de advocacia de maior porte está na dificuldade de se manter a pessoalidade do atendimento, gerando a apreensão ao cliente que nem sempre sabe a quem recorrer; 5. Soluções práticas para problemas jurídicos, uma postura comprometida do advogado externo, envolvendo-se efetivamente com o negócio do cliente e dividindo o risco será um comportamento correto e oportuno, 6. Assuntos que já foram objeto de estudo e pesquisa anterior; correspondendo a Know-how adquirido em outras situações similares, podem ser objeto de um pacote de vantagens ao próprio cliente. Em contrapartida, casos novos merecem que se amplie o escopo do trabalho, pós-avaliação dos problemas iniciais, visando garantir a melhor solução para o problema; 7. Detalhes do tipo soluções inovadoras, aconselhamento conciso e direto, assumindo uma posição de parceria com o cliente são extremamente vantajosas. Outro ponto fundamental é a linguagem adaptada ao cliente, principalmente quando este não for um advogado. 8. Memória do caso, com o histórico das soluções adotadas, o registro das estratégias e procedimentos indicados, e dos motivos que determinaram tais decisões, caso necessário no futuro, fazem parte do setor ‘arquivo’ , que é fundamental. Quando do diagnóstico estratégico, deve-se atender algumas questões a serem respondidas pela equipe estratégica, tais como: Segundo Oliveira (2004, p.89): Pontos fortes: são variáveis internas e controláveis que propiciam uma condição favorável para a empresa, em relação a seu ambiente. Pontos fracos: são as variáveis internas e controláveis que propiciam uma condição desfavorável para a empresa, em relação a seu ambiente. Oportunidades: são as variáveis externas e não controláveis pela empresa, que podem criar condições favoráveis para a empresa, desde que a mesma tenha condições e/ou interesse de usufruí-las. Ameaças: são as variáveis externas e não controláveis pela empresa que podem criar condições desfavoráveis para a mesma. Segundo Selem (2003, p.122): Pontos fortes: Pensar sobre o que a empresa faz bem. O que faz ela se sobressair dos outros competidores? Que vantagens ela tem a oferecer a mais? Pontos fracos: Devem ser listadas as áreas críticas, que exigem esforço maior. Do que os consumidores reclamam mais? Oportunidades: Tentar descobrir áreas onde os pontos fortes não estão sendo completamente utilizados. Existem tendências que se adaptam aos 43 pontos fortes da empresa? Existe alguma área de produto ou serviço em que a empresa poderia atuar, mas não está competindo? Ameaças: Procurar, tanto dentro como fora de sua empresa, por eventos que poderiam prejudicar o negócio. Internamente, há problemas financeiros, de desenvolvimento, ou outros? Externamente, estão os competidores se tornando mais fortes? Existem tendências emergentes que amplificam alguma de suas fraquezas? É possível verificar outras ameaças ao sucesso a companhia? Os pontos fortes e fracos são variáveis internas e controláveis, enquanto as oportunidades e ameaças, são variáveis externas não controláveis, ressaltandose, maior dificuldade às variáveis não controláveis. Na visão de Oliveira (2004, p.91), o executivo deve Ter adequado equilíbrio de conhecimento entre fatores interno e externo. Isso porque não adianta ele se preocupar com fatores controláveis, ou seja, com aqueles sobre os quais ele pode ter determinada ação e esquecer os não controláveis ou externos à empresa. A situação oposta também não é interessante, pois nesse caso o executivo estaria voltado aos aspectos externos à empresa e poderia até chegar a identificar e avaliar, adequadamente, seus fatores externos, mas não teria o conhecimento necessário da capacidade e dos recursos da empresa para adotar qualquer solução estratégica. É de fundamental importância, que o executivo proceda uma análise dos componentes internos e externos do ambiente, aproveitando as oportunidades e tentando diminuir ou conviver com as ameaças, para então adotar qualquer solução estratégica. 5.2. Missão e Visão da Empresa A missão, segundo a literatura, “é a razão de ser da organização”; Sob tal conceito, se tenta definir qual a atividade da empresa; que negócio está ou irá realizar no futuro; qual a razão de sua existência; A missão da empresa pode ser conceituada da seguinte forma: “Missão é uma forma de se traduzir determinado sistema de valores em termos de crenças ou 44 áreas básicas de atuação, considerando as tradições e filosofias da empresa.” (OLIVEIRA, 2004, p.127). “A missão de uma empresa consiste na linha de atividades que ela pretende seguir. A missão estabelece os limites de atuação da empresa, e o campo dentro do qual ela pretende crescer e competir.” (LOPES, 1978, p.27). Selem (2003, p. 113), assinala que: por sua vez, simplificam o conceito dizendo que a “sentença representativa da missão da empresa sintetiza seus objetivos de negócios, a família de produtos e serviços que oferece e o mercado que pretende atingir.” E continua, exprimindo que a “a missão deve mostrar o que a empresa pretende vender, a quem e como, de forma sucinta e bem generalizada, de maneira a poder evoluir os seus produtos e serviços ao longo do tempo, na mesma linha de atendimento, às necessidades de seu segmento de mercado. Por sua vez, a autora (2003, p.113) define missão como sendo: a razão da organização. È a resposta às perguntas: Qual é a necessidade básica que a organização pretende suprir? Para que ela serve? Para que ela existe? Qual o seu chamado, sua vocação? Que diferença faz, para o mundo ela existir ou não? Como se vê, a missão está ligada às próprias expectativas da organização. No dizer de Kotler (1980, p.83), apud OLIVEIRA (2004, p.76): “A missão da empresa deve ser definida em termos de satisfazer a alguma necessidade do ambiente externo, e não em termos de oferecer algum produto ou serviço ao mercado.” A missão é muito mais que meramente ter um produto ou serviço à oferecer, mas, procurar preencher as necessidades do ambiente. Ao se indagar sobre a missão da organização, devem estar presentes os valores em termos de crenças, levando-se em consideração as filosofias e tradições da empresa. A missão da empresa, todavia, não é um conceito definitivo, mas sim existente durante certo período no tempo, devendo, entretanto, ser formulado de 45 maneira clara, objetiva, simples e concisa, para que seja de fácil entendimento. No dizer de Oliveira, a missão empresarial, estabelece “qual vai ser o jogo” e “em que campo vai ser jogado”. (OLIVEIRA, 2004, p. 127). Assinala, ainda, Oliveira (2004, p.127) que: “A missão da empresa exerce a função orientadora e delimitadora da ação empresarial, e isto dentro de um período de tempo, normalmente, longo, em que ficam comprometidos valores, crenças, expectativas, conceitos e recursos”. As crenças, valores, expectativas e conceitos, devem estar presentes na definição da missão, para que, desta forma, provoque o entusiasmo e motivação aos colaboradores da empresa prestadora dos serviços jurídicos, num verdadeiro espírito de equipe. Em que pese estarem interligados, Missão é diferente de Visão. Selem (2003, p.112), apresenta algumas definições de Visão: Para Costa (2002) apud Selem (2003, p. 112), “a Visão não é um mero sonho, uma utopia, fantasia ou quimera”. Para ele, “Visão é um modelo mental, claro, de um estado ou situação altamente desejável, de uma realidade possível.” Para Almeida (1999) apud Selem (2003, p. 112), “a Visão é um sonho de longo prazo, que é, essencialmente, um sonho que nunca será atingido. Pode parecer fora de propósito, mas o objetivo aqui é justamente que a Visão esteja sempre um pouco fora de alcance.” Segundo Costa (2002, p.35) apud Selem (2003, p. 112), enquanto a visão “procura descrever o que a organização quer ser no futuro ”a missão“ resulta de uma reflexão sobre a razão de sua existência.” Oliveira (2004, p.88), apresenta algumas conceituações sobre Visão: - articulação de aspirações de uma empresa a respeito de seu futuro.”(HART, 1994, p.8); clara e permanente demonstração, para a comunidade, da natureza e da 46 - essência da empresa em termos de seus propósitos, do escopo do negócio e da liderança competitiva, para prover a estrutura que regula as relações entre a empresa e os principais interessados e para os objetivos gerais de desempenho da empresa (Max, Majluf, 1984, p.17); algo que se vislumbre para o futuro desejado da empresa (Quigley, 1993, p.4); idealização de um futuro desejado para a empresa (Collins e Porras, 1993, p.10) Segundo Oliveira, numa definição bem objetiva e prática, preleciona que a visão “proporciona o grande delineamento do planejamento estratégico a ser desenvolvido e implementado na empresa. A visão representa o que a empresa quer ser”. A Autora assinala que as empresas com freqüência confundem Missão com Visão e, objetivando diminuir tal confusão, apresenta várias diferenças na visão de Almeida (1999) apud Selem (2003, p. 115), a saber: A visão é o que se sonha para o negócio, enquanto a missão é identificar o negócio. A visão diz para onde vamos, enquanto que a missão diz onde estamos. A visão é o “passaporte” para o futuro, enquanto a Missão é a “carteira de identidade” da empresa. A visão energiza a empresa, enquanto a missão dá rumo a ela. A visão é inspiradora, enquanto a missão é motivadora. Oliveira (2004, p.89), em sua festejada obra Planejamento Estratégico – Conceitos, Metodologias e Práticas, com muita propriedade, apresenta algumas orientações de autoria de Quigley (1993, p,.41), para o delineamento da visão, a saber: - estabeleça sua visão de forma tão clara quanto o objetivo de lucro. - Defina e respeito o direito das pessoas. - Certifique-se de que a visão e os valores direcionam-se aos focos básicos, ou seja, aos consumidores – são os mais importantes -, funcionários e fornecedores. - Incremente sua participação de mercado e lucratividade pelo aumento da percepção pelos consumidores de seus produtos e serviços, em relação a seus concorrentes: e - Desenvolva uma cultura de atuação para resultados em sua empresa. A visão deve estar delineada na organização sempre objetivando o respeito às pessoas, com foco nos clientes internos e externos, sempre com a 47 percepção do futuro da organização, num período mais longo e de forma mais ampla. Com muita propriedade o Autor assinala que: “Gardner comentou o elevado senso de visão que os líderes das nações procuravam ter, tais como: paz com justiça, liberdade, dignidade individual e igualdade antes da lei.” (GARDNER, 1961, p. 24 apud OLIVEIRA, 2004, p. 88). 5.3. Definição de Objetivos, Desafios e Metas As organizações modernas são dirigidas por executivos, que em muitas das vezes, se esquecem de que “os objetivos permitem não somente guiar as ações e estratégias, mas também estimulá-las.” (OLIVEIRA, 2004, p.162). Segundo o autor, de forma sintética, os objetivos servem para a seguintes finalidades da empresa: - fornecer às pessoas um sentido específico e adequado de seu papel na empresa; - dar consistência à tomada de decisão entre grande número de diferentes executivos; - estimular o empenho e a realização baseada em resultados esperados; e - fornecer a base para as ações corretivas e o controle (OLIVEIRA, 2004, p. 162). Num primeiro instante, todos os objetivos e desafios da organização, serão estabelecidos de maneira mais genérica, mas a partir do momento em que começam a ocorrer a definição dos mesmos através do debate com os agentes da organização, é imprescindível seja feita a hierarquização de cada um deles, apontando quais são os objetivos prioritários e quais são os secundários, para que os resultados sejam mais eficientes e eficazes, podendo a cada momento em que os mesmos não forem atingidos, face o controle exercido serem tomadas as ações 48 corretivas, visando atingir os objetivos. Lopes (1978, p.30), enuncia que: “Objetivos são os resultados futuros que o empresário pretende atingir. São os alvos que a empresa seleciona e busca atingir, dentro de um certo espaço de tempo.” P. Drucker apud Lopes (1978, p. 30), identificou oito áreas que devem ter objetivo definido: 1. Objetivos relativos a marketing A empresa precisa criar seus clientes, para absorver sua produção; 2. Objetivos relativos a inovação. A empresa precisa inovar, caso contrário seus concorrentes a tornarão obsoleta. 3. Objetivos relativos a organização humana. 4. Objetivos relativos a recursos físicos.” 5. Objetivos relativos a recursos financeiros. A empresa deve estabelecer os objetivos referentes a suprimento, uso e desenvolvimento dos três fatores de produção citados. 6. Objetivos relativos a produtividade A empresa deve crescer em termos absolutos e relativos sob o risco de não sobreviver. 7. Objetivos relativos a responsabilidade social. A empresa deve compreender que sua existência depende do cumprimento de certas obrigações mínimas referentes à sociedade que a acolhe. 8. Objetivos relativos a lucro. Sem lucro, a empresa caminha para o desaparecimento e nenhum dos demais objetivos poderia ser atingido. A definição e graduação dos objetivos mais importantes, para os de menor importância é uma tarefa que cabe aos executivos defini-las, segundo opinião de Oliveira (2004). Para Selem (2003, p.125), “o primeiro passo da instrumentalização prescritiva do Planejamento Estratégico é o estabelecimento de objetivos e metas.” Segundo a Autora: O plano tratará de questões relativas a: estratégia de produtos/serviços e públicos-alvos, estratégias de produção, estratégias de distribuição, estratégias de preços, estratégias de imagem, marca, relacionamento, e estratégias corporativas, portanto, seus objetivos e metas devem ser relacionados às estratégias que se pretende propor (SELEM, 2003, p. 125). Na opinião de Oliveira, (2002, p. 161) apud Selem (2003, p. 125) o objetivo “é o alvo ou ponto quantificado, com prazo de realização e responsável 49 estabelecidos, que se pretende atingir através de esforço extra”. Enquanto meta “é a etapa ou passo intermediário para se alcançar determinado objetivo”. Para o autor (2004, p.158), desafio é a “quantificação, com prazos definidos, do objetivo estabelecido. E, para serem alcançados, os desafios exigem esforço extra, ou seja, pressupõem a alteração do status quo.” O planejamento estratégico é uma ferramenta importantíssima para que as organizações atinjam seus objetivos. Entretanto, estes devem ser realísticos, específicos, mensuráveis, claros, adequados e aceitos. 5.4. Alternativas Estratégicas A competitividade existente em todas as organizações, tem demandado por parte de seus executivos, um esforço muito grande, no sentido de que se faz necessário, conhecer o ambiente interno de sua empresa (recursos humanos, físicos e financeiros), objetivando agir ou reagir frente ao mercado, aproveitando da melhor maneira as oportunidades e procurando minimizar as ameaças, sabendo igualmente o momento adequado para executar os movimentos estratégicos. Segundo Oliveira (2004, p.191), “numa empresa a estratégia está relacionada à arte de utilizar, adequadamente, os recursos físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a minimização dos problemas e a maximização das oportunidades.” O autor assinala que “Quando se considera a estratégia empresarial, ou seja, a escolha de um caminho de ação para a empresa como um todo, deve-se fazer a seguinte pergunta-chave: “Que destino devo dar á empresa e como devo estabelecer este destino?” (OLIVEIRA, 2004, p. 191). 50 O autor procura apresentar esquematicamente a escolha de um caminho de ação pela empresa da seguinte maneira Figura 04 – Escolha de um caminho de ação para a empresa Empresa Futuro ? Passado Pontos Fortes Pontos Neutros ? Oportuni -dades Ameaça s Ambiente Fonte: Oliveira (2004, p.191) Na visão de Oliveira (2004, p.191) essa figura mostra que: através de um caminho sinuoso, que pode ou não ser planejado, a empresa chegou no presente a determinada situação, que deve ser avaliada como base para traçar um caminho futuro. A avaliação deste processo é feita através do confronto entre os pontos fortes, fracos e neutros da empresa, de um lado, e suas oportunidades e ameaças em seu ambiente, de outro lado. Após esta avaliação, a empresa tendo conhecimento dos objetivos a serem atingidos e conhecendo os desafios, traçará as estratégias, de pequeno, médio e longo prazo, para da melhor forma possível aproveitar as oportunidades existentes no ambiente, minimizar os problemas, superar a concorrência e se tornar mais competitiva. Entretanto, geralmente existem várias estratégias. 51 Mas, como alerta Oliveira (2004, p.191), “a estratégia deverá ser , sempre, uma opção inteligente, econômica e viável. E, sempre que possível, original e até ardilosa.” Como já mencionado alhures por autores que tratam do tema, para pequenos riscos, estratégias mediocres, entretanto, deve-se saber que riscos pretende a organização correr. Castor (2002, p.193) apud Selem (2003, p. 127), assinala que: normalmente, haverá várias estratégias possíveis para uma determinada situação”, e “cada alternativa enseja um grupo de conseqüências favoráveis ou desfavoráveis; de curto, médio e longo prazos; econômicos; de imagem; de satisfação do consumidor; de satisfação dos stakeholders. Oliveira (2004, p.192), apresenta algumas definições do que vem a ser estratégia: • movimento ou uma série específica de movimentos feitos por uma empresa (VON NEUMANN E ORGENSTERN, 1947. p.79); • determinação de metas básicas a longo prazo e dos objetivos de uma empresa, e a adoção das linhas de ação e aplicação dos recursos necessários para alcanças essas metas (CHANDLER JR., 1962, p.13); • conjunto de objetivos e de políticas importantes(TILLES, 1963, p.113); • Maneira de se conduzir as ações estabelecidas pela empresa, tal como um maestro rege sua orquestra (WRAPP, 1967, p.13); • Conjunto de decisões que determinam o comportamento a ser exigido em determinado período de tempo (SIMON, 1971, p.79); • Conjunto de objetivos, finalidades, metas, diretrizes fundamentais e de planos para atingir esses objetivos, postulados de forma que defina em planos para atingir esses objetivos, postulados de forma que defina em que atividades se encontra a empresa, que tipo de empresa ela é ou deseja ser (ANDREWS, 1971, p.28); • Manutenção do sistema empresarial em funcionamento, de forma vantajosa (RUMELT, 1974, p.28); • Conjunto de objetivos da empresa e a forma de alcançá-los (BUZZELL et all, 1971, p.116); • Futuridade das decisões correntes (STEINER, 1979, p.5); • Plano uniforme, compreendido e integrado que é estabelecido para assegurar que os objetivos básicos da empresa serão alcançados (GLUECK et all, 1980, p.9); • Processo de selecionar oportunidades definidas em termos de pedidos a serem atendidos e produtos a serem oferecidos (PASCALE E ATHOS, 1982, p.8); • Modo pelo qual a empresa procura distinguir-se de maneira positiva da concorrência, usando seus pontos fortes para atender melhor às necessidades dos clientes (OHMAE, 1984, p.42); • Forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, com base em um procedimento formalizado e articulador de resultados e em uma programação (MINTZBERG, 1983, p.9); 52 • Plano ou curso de ação vital, intensa e continuada importância para a empresa em sua totalidade (SHARPLIN, 1985, p.6); • Busca de uma posição competitiva em uma indústria, a arena fundamental onde ocorre a concorrência; e a escolha desta estratégia competitiva está baseada no nível de atratatividade da indústria e nos determinantes da posição competitiva relativa dentro desta indústria (PORTER, 1985, p.21); • Regras e diretrizes para decisão, que orientem o processo de desenvolvimento de uma empresa (ANSOFF, 1990, p.93); • Padrão ou plano que integra os objetivos maiores de uma empresa, suas políticas e seqüências de ações em um todo coeso (QUINN 1992, p.5) e • Programa ampo para se definirem e alcançarem as metas de uma empresa; resposta da empresa a seu ambiente através do tempo (STONER E FREEMAN, 1995, p. 141). Oliveira (2004, p.194), a define como sendo: “um caminho, ou maneira, ou ação formulada e adequada para alcançar, preferencialmente, de maneira diferenciada, os desafios e objetivos estabelecidos, no melhor posicionamento da empresa perante seu ambiente.” Salienta Von Bullow citado em Bethlem (1980, p.3) apud Oliveira (2004, p. 190), que a estratégia é a ciência dos movimentos guerreiros fora do campo de visão do general; e a tática, a ciência dos movimentos guerreiros dentro do referido campo.” Mas tão grande é a importância da estratégia para a empresa, que no comentário do General Robert E. Wood, da Sears Roebuck & Company, que foi um grande estrategista apud Oliveira (2004, p. 194), na visão de Chandler Jr., (1962, p.235): “a empresa é como a guerra, em certos aspectos, pois, se a estratégia adotada for correta, muitos erros táticos podem ser cometidos e a empresa ainda sairá vitoriosa.” Em que pese não ser a estratégia a única responsável pelo sucesso ou insucesso da empresa, a estratégia que melhor se aplicar para empresa atingir seus objetivos e superar seus desafios, poderá trazer resultados extraordinários para a organização. 53 Desta forma, os executivos, deverão escolher dentre as alternativas existentes, qual delas é a mais apropriada e benéfica à empresa, tendo como foco os objetivos conhecidos e os desafios sabidos. Sempre dentro de uma realidade viável e factível. Não se podem estabelecer objetivos e desafios impossíveis. Deve o administrador aproveitar eficientemente as oportunidades existentes e minimizar as ameaças. Os autores Santos (1992, p.199) e Oliveira (2004, p.197) que tratam da matéria, apresentam alguns tipos de estratégias, a saber: Estratégia de Sobrevivência; Estratégia de Manutenção; Estratégia de Crescimento e Estratégia de desenvolvimento. 5.4.1. Estratégia de Sobrevivência Oliveira (2004, p.197), adverte que este tipo de estratégia deve ser aplicada quando não existe outra alternativa, ou seja, “apenas quando o ambiente e a empresa estão em situação inadequada ou apresentam perspectivas caóticas (alto índice de pontos fracos)”. Evidentemente, uma organização que faça a opção por tal estratégia, poderá aplicá-la por um certo espaço de tempo, pois segundo Oliveira (2004, p.198), poderá ser engolida pelo ambiente. Segundo Oliveira (2004, p.198), nestes casos, os tipos de estratégia para a estratégia de sobrevivência são: redução de custos (todos os custos possíveis devem ser reduzidos, para que a empresa sobreviva); desinvestimento (a empresa deve manter o negócio original em funcionamento deixando de investir no segundo negócio para não comprometer o todo); em caso de as estratégias anteriores não 54 derem certo, a última delas é a liquidação do negócio (esta deverá ser adotado em último caso). Santos (1992, p.199), apresenta ainda um outro tipo de estratégia: Retração(a empresa executa um processo de readequação da organização em relação ao ambiente interno e externo). 5.4.2. Estratégia de Manutenção Havendo o interesse pela aplicação deste tipo de estratégia, certamente a empresa deverá possuir ao longo do tempo uma série de pontos fortes (recursos humanos, financeiros e técnicos), possibilitando que a organização mantenha sua posição existente no mercado. Com o tempo, os pontos fracos serão minimizados e os pontos fortes maximizados. A empresa efetua investimentos mas de forma cautelosa. Neste caso, os tipos de estratégia, segundo Oliveira (2004, p.199), são as seguintes: estratégia da estabilidade (mantém o estado de equilíbrio ameaçado e, o seu retorno em caso de perda); estratégia de nicho(a empresa concentra seus esforços em determinado nicho de mercado, preservando algumas vantagens competitivas, para dominar um segmento de mercado em que atua); estratégia de especialização (a empresa procura conquistar ou manter liderança no mercado através da concentração dos esforços de expansão numa única ou em poucas atividades da relação produtos versus mercados.); 55 5.4.3. Estratégia de Crescimento A escolha deste tipo de estratégia, revela, segundo Oliveira (2004, p.200) que a empresa embora tenha predominância de pontos fracos, o ambiente está proporcionando situações favoráveis que podem transformar-se em oportunidades, quando, efetivamente, é usufruída a situação favorável pela empresa. Normalmente, o executivo procura, nesta situação, lançar novos produtos e serviços, aumentar o volume de venda etc.” Os tipos de estratégia, para a estratégia de crescimento, segundo o autor, são as seguintes: estratégia da inovação (a empresa sempre procura se antecipar ao movimento de seus concorrentes através do lançamento de novos produtos e serviços no mercado. No caso de prestadores de serviços jurídicos, apresentar novas teses com segurança jurídica à dispor dos clientes); estratégia de internacionalização (estender suas atividades fora do país); estratégia de joint venture (objetivando entrar em novos mercados, duas empresas associam-se para produzir um produto ou serviço); estratégia da expansão (tal processo deve ser planejado, já que podem ser absorvidas pelo Governo ou por outras empresas nacionais ou multinacionais); 5.4.4. Estratégia de Desenvolvimento A opção por este tipo de estratégia, na visão de Selem (2003, p. 129), revela que a predominância é de pontos fortes e de oportunidades. Diante disso, o executivo deve procurar desenvolver sua empresa. Portanto, o desenvolvimento da empresa se faz em duas direções principais. Pode-se procurar novos mercados e clientes, diferentes dos conhecidos atualmente, ou novas tecnologias, diferentes daquelas que a empresa domina. 56 Nestas circunstâncias, o desenvolvimento pode ser: desenvolvimento de mercado (a procura de maiores vendas, levando seus produtos e serviços a novos mercados); desenvolvimento de produtos e serviços (a procura de maiores vendas pelo desenvolvimento de melhores produtos e/ou serviços nos mercados atuais); desenvolvimento financeiro (duas empresas juntam-se, associam-se ou fundem-se, em uma nova empresa, passando a ter ponto forte em recursos financeiros e grandes oportunidades no ambiente, já que uma delas apresentava poucos recursos financeiros (ponto fraco) e grandes oportunidades no ambiente e, a outra o contrário (ponto forte em recursos financeiros e poucas oportunidades ambientais). (autor, ano, p.202); desenvolvimento de capacidades(a associação, sendo que uma delas apresenta ponto fraco em tecnologia e alto índice de oportunidades usufruídas e/ou potenciais, e outra o contrário, sendo que a nova empresa passará a ter ponto forte, tanto em tecnologia, quanto em oportunidades); desenvolvimento de estabilidade (associação ou fusão de empresas que buscam tornar suas evoluções uniformes, principalmente quanto ao aspecto mercadológico) (SELEM, 2003, p.129). Boranga (2002) apud Selem (2003, p. 129), saliente que referente as sociedades de advogados, com o aumento da demanda por serviços jurídicos mais especializados, decorrentes dos efeitos da globalização, a visão de alianças estratégicas entre escritórios de advocacia ganhou novos contornos. Grandes escritórios de advocacia passaram a realizar fusões e parcerias estratégicas, objetivando atendimento de complexas questões jurídicas. Entretanto, tal movimento não foi apenas das grandes organizações, mas também dos pequenos e médios prestadores de serviços na área jurídica. Mas, a autora, assinala que, devese observar alguns pontos importantes, que deverão ser considerados, no momento da escolha de algumas das alternativas estratégicas: 57 Objetivos: Os sócios precisam estabelecer claramente os rumos da nova sociedade. A questão, às vezes, é se esses são inteiramente aceitos. Freqüentemente os pontos de partida para a fusão, ou os interesses de cada um, são bastante diferentes. Entretanto, eles deverão ser sempre complementares e devem conduzir a nova organização para uma única direção, estabelecida de comum acordo. Objetivos apenas implícitos podem gerar turbulências. Área de atuação: Os escritórios devem verificar criteriosamente a afinidade e complementaridade de sua atuação nas diversas áreas do direito. Devem também examinar o perfil e as necessidades da clientela dos escritórios envolvidos. Se isso não for feito, podem ocorrer conflitos de interesse, quase sempre de difícil solução, e provocar o fracasso dos objetivos iniciais do projeto de fusão. Cultura, ética e políticas internas: Fusões empresariais carregam os pressupostos básicos de um “casamento”. Os de existir em função da estrutura em formação. A fusão é um jogo de interesses que exige renúncias, a começar pelo desprendimento da própria cultura interna e filosofia de trabalho, para permitir o desenvolvimento da nova estrutura de trabalho, para permitir o desenvolvimento da nova estrutura que está sendo criada. Personalidade e filosofia de trabalho: O perfil do fundador de cada sociedade, ou dos sócios envolvidos, é ponto-chave. Deve ser analisado abertamente, nesse momento, sem receio de ferir sensibilidades, em nome da futura convivência harmoniosa. A experiência tem demonstrado que descuidar deste aspecto expõe a fusão a inevitáveis conflitos internos, difíceis de serem gerenciados, e ao fracasso.” Liderança e hierarquia: É preciso predefinir, com clareza, a estrutura organizacional da nova sociedade para se saber quem vai conduzir o quê e como, na cúpula de comando. Conflitos de liderança e hierarquia são comuns nas fusões onde o jogo de interesses sucumbe a “overdoses” de caciques. O regime interno pode ter de adotar, repentinamente, princípios democráticos, o que, em alguns casos, pode representar uma mudança penosa. A definição bem clara do exercício de lideranças no escritório é fundamental para evitar futuros conflitos de gerenciamento. Razão Social e ‘Marca’: A nova sociedade deverá refletir a nova vida. Sob esse aspecto, torna-se fundamental a definição coerente da razão social, que espelhe com justiça a estrutura da organização a ser constituida. Vale a pena verificar o apelo em termos de “marketing” para com alterações de nome uma vez que estamos falando da ‘marca’ do novo escritório. Participação societária: A definição de cotas e participação na sociedade deve ser bem definida em consonância com os aspcetos do exercício de liderança e de gerenciamento da nova organização. Nem sempre uma menor participação societária significará ausência de poder. O carisma e a competência do sócio minoritário podem assegurar-lhe posição privilegiada na estrutura a ser constituída. Imagem: A imagem que o escritório quer projetar para o mundo exterior também deve ser bem definida. Padrões de estética, estilo, estratégias de apresentação e divulgação da nova sociedade de advogados são pontos importantes. A face da nova sociedade deve assumir seu lugar ao sol sem resquícios de padrões anteriores. Este aspecto envolve inclusive o controle de qualidade que passa a assumir maior proporção, exigindo mais empenho dos sócios. Recursos humanos: O novo escritório deve contar com recursos humanos provenientes das estruturas originais. A montagem da nova equipe administrativa é tão importante quanto da equipe jurídica. Precisam ser bem avaliados os novos cargos e funções, sistemas de remuneração, a coesão e otimização dos recursos existentes. Coordenação do processo de fusão: Finalmente, para a boa condução das negociações enter os futuros, prevenção dos conflitos que vão surgindo entre as partes durante o processo de ‘namoro’ que antecede à fusão 58 propriamente dita, faz-se necessário a mediação de um consultor externo, desvinculado das estruturas existentes, cuja objetividade facilite o equilíbrio entre as partes envolvidas (BORANGA apud SELEM, 2003, p. 131). 59 6. CONCLUSÃO A passividade, nos dias de hoje, custa mais caro, em termos de carreira profissional, e pode afetar inclusive as atividades do escritório. Com o surgimento de novas faculdades de direito e a globalização, a concorrência está cada vez mais sufocante, e torna-se necessário ter atitudes firmas para posicionar-se no mercado mortalmente competitivo. Pensar no escritório como se fosse uma empresa é um passo importante à profissionalização – em todo o país existe essa mobilização, pois de uns dez anos para cá, a preocupação em se tornar competitivo e eficaz tornou-se quase uma obsessão (BERTOZZI, 2002, p. 105). As organizações necessitam descobrir formas para a superação de todos os ônus impostos pelo mundo globalizado. A constante melhoria e capacitação da própria concorrência, onde as distâncias e locais em que as empresas estão sediadas, já não mais favorecem aqueles profissionais mais acomodados, nem são empecilhos para seu crescimento e posicionamento mercadológico. Tal fato, impõe aos administradores, gerentes e executivos das empresas, a árdua tarefa de dirigir e gerenciar suas empresas. As faculdades de direito, precisam estar atentas em não apenas ensinar as disciplinas atinentes ao direito propriamente dito, mas também, incluir em seus currículos ensinamentos que levem os novos profissionais do direito e se capacitarem na arte de gerenciamento de seu “negócio”, buscando a maior eficiência administrativa, visualizando o conhecimento do ambiente interno (alta administração, colaboradores, acionistas) e externo (governo, concorrentes, clientes), que sabidamente estão a cada dia mais competitivos e mutantes. Mas isto só não basta, pois os escritórios modernos, na opinião de Bertozzi (2002, p.27), além da prestação de serviços jurídicos, possuem novas obrigações: gerenciar a marca; investir em novos talentos; investir na informação ao cliente; planejamento estratégico; gerenciamento de custos; qualidade dos serviços; foco no cliente e não na área de atuação; 60 Além dos fatores acima mencionados, há que se ter presente, a dificuldade que os profissionais do direito vem encontrando, com a morosidade do judiciário, diga-se, pelo baixo número de magistrados e serventuários da justiça, além do excessivo número de processos que a cada dia batem às portes do Judiciário. A grande competitividade, as exigências de constante especialização, as edições diárias de leis, decretos, medidas provisórias, portarias e outros atos expedidos pelos vários poderes do estado brasileiro, traduzindo em uma maior dificuldade no exercício da atividade advocatícia, certamente provoca um stress nos advogados e promotores que são os operadores do direito, bem como aos magistrados, que são os aplicadores do direito. Desta forma, o planejamento estratégico, é uma ferramenta muito importante, além de várias outras existentes, que poderá visualizar aos advogados e seus colaboradores, como as decisões presentes terão reflexos no futuro, auxiliando para que as empresas sobrevivam e até cresçam num mercado competitivo e continuamente mutante. Marcos Cobra (apud BERTOZZI 2002, p.91), refere que: “planejar estrategicamente é criar condições para que as organizações decidam rapidamente diante das oportunidades e ameaças, otimizando as vantagens competitivas em relação ao ambiente concorrencial em que atuam.” Portanto, para estar no mercado, se faz necessário tomar decisões de forma rápida, observar as oportunidades e ameaças, pois, planejar não é excluir os riscos, mas saber os riscos que se quer correr. 61 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. I. R. de. Manual de Planejamento Estratégico. 2 ed., São Paulo: Atlas, 2003. BERTOZZI, R.D. Marketing jurídico: a nova guerra dos advogados. Juruá, 2002. Curitiba: CHURCHILL, Winston. Wikiquote. Disponível http://pt.wikiquote,org/wiki/Winston_Churchill. Acesso em: 03 abr. 2006. em: DRUCKER, Peter F. A Nova era da Administração. 3 ed., São Paulo: Pioneira, 1989. _______, Peter F. Administrando em Tempo de Grandes Mudanças. São Paulo: Pioneira, 1995. _______, Peter F. 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