384 O TURISMO CULTURAL COMO FATO GERADOR E DE SUSTENTABILIDADE DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL Esilaine Aparecida Tavares Pavan - Uni-FACEF Barbara Fadel – Uni-FACEF INTRODUÇÃO A Revolução Industrial trouxe um intenso processo de urbanização para as sociedades, com o deslocamento de multidões de pessoas para os centros urbanos, esvaziando os campos e deslocando o eixo de produção cultural. Passaram as cidades a forjar novos valores e a construir novas identidades. As viagens sempre estiveram relacionadas a momentos históricos, e atrelada à situação social e econômica da vida do ser humano. Com o avanço tecnológico, através dos tempos, proporcionou-se ao homem facilidades e motivações de viagens, que influenciaram para o desenvolvimento da atividade turística em várias regiões do mundo. Somente no século XVIII, na Inglaterra, o turismo começou a se desenvolver como atividade econômica e a se fazer conhecido como uma forma de viagem em que as pessoas buscavam o prazer, a satisfação da curiosidade, o tratamento médico, como meio de complementar a educação ou por motivos culturais. Em 1844, Thomas Cook cria o sistema de viagem em grupo, que reduz custos. Cem anos depois, por volta de 1950, outros acontecimentos impulsionam o turismo como o aumento do número de proprietários de veículos, crescimento do transporte aéreo, cruzeiros marítimos e férias remuneradas. Segundo Dias (2003), os destinos mais visitados do mundo não possuem características iguais - cada uma das regiões tem suas peculiaridades, seus atrativos. Desta forma, entende-se que se faz necessário mensurar o potencial turístico de cada região, a fim de identificar os motivos que levam uma cidade a transformar-se em um destino de turismo. Em relação as questões culturais, a qualidade na formação profissional é que possibilita o conhecimento e o respeito pelas variadas culturas e suas 385 características: linguagem, valores e hábitos étnicos, religiosos e econômicos no mundo. Relacionam-se à gestão de pessoas dois âmbitos: o das interações entre profissionais e clientes e o das relações internas entre profissionais. É necessário saber o que é inerente ao trabalho de profissionais do setor turístico como o contato com as pessoas de culturas diferentes da sua e a qualidade do trabalho profissional pois esse possibilita o conhecimento e o respeito pelas variadas culturas e suas características de linguagem, valores e hábitos, ainda mais por haver tantos conflitos étnicos, religiosos e econômicos. Para Dias (2003, p.88-90) “o turismo cumpre um papel dinamizador que atinge vários setores da economia, gerando assim alguns efeitos econômicos” A Cultura local e as diversas atividades correlatas constituem uma fonte direta e indireta de geração de novos investimentos e postos de trabalho Dias (2003, p. 48-50) cita que embora desenvolvimento sustentável seja um conceito amplamente utilizado, não existe uma visão única do que ele seja. Para alguns, alcançar o desenvolvimento sustentável é obter o crescimento econômico contínuo por meio de manejo mais racional dos recursos naturais e a utilização de tecnologia mais eficiente e menos poluente. Para outros, o desenvolvimento sustentável é antes de tudo um projeto social e político destinado a erradicar a pobreza, elevar a qualidade de vida e satisfazer às necessidades básicas da humanidade que oferece os princípios e orientações para o desenvolvimento harmônico da sociedade, considerando a apropriação e a transformação sustentável dos recursos ambientais. Ou seja, para alguns somente é compatibilizar o meio ambiente com um crescimento econômico contínuo, mantendo as condições que produzem e reproduzem as relações de exploração, hierarquização e dominação que permitem a apropriação da capacidade produtiva social por alguns homens. Para outros, implica novas bases nas quais se sustenta a civilização, pela construção de uma nova racionalidade ambiental, que coloque como sentido e fim da organização social produtiva o bem-estar material do ser humano e seu desenvolvimento espiritual, ou seja, nível de vida e qualidade de vida, respectivamente. Pretende-se demonstrar com este trabalho a relevância do tema proposto, a necessidade de manter a cultura local e o desenvolvimento da região, sem perder de vista suas raízes, que fará com que gerações consigam sobreviver e desenvolver cada vez mais o turismo de determinada região. 386 REFERENCIAL TEÓRICO A EMBRATUR (2009) relata que o Turismo, como atividade econômica, deve ter seu desenvolvimento planejado, para que seu potencial e necessidades sejam gerenciadas e se transformem em estratégias que conduzam à inserção do patrimônio natural, histórico e cultural no circuito econômico, evidentemente sem haver exploração predatória. O local que possui potencial turístico pode desenvolver a atividade turística, proporcionando, assim, benefícios para a localidade, tais como a valorização cultural, a geração de renda, a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento da infra-estrutura básica e turística. Porém, é necessário que seja feito um planejamento turístico da região, caso contrário, o crescimento desordenado da atividade pode gerar problemas. Segundo Trigo (1998, p. 25) "a exploração irracional, baseada exclusivamente nas regras de mercado, pode trazer prejuízos irreparáveis a regiões geográficas e a grupos humanos”. O turismo proporciona à comunidade desenvolvimento econômico com diminuição do desemprego e novas possibilidades de mercado de trabalho; desenvolvimento social com a melhoria da infra-estrutura local e melhoria de vida da população; desenvolvimento cultural, pois estimula o interesse da comunidade com sua própria cultura, tradições, costumes, folclore, e pelo seu patrimônio edificado, “uma vez que os elementos culturais de valor para os turistas são recuperados e conservados, para que possam ser incluídos na atividade turística” e o “intercâmbio cultural” que proporciona à comunidade adquirir novas experiências junto aos visitantes. Já para Ruschmann (1999, p. 139) que não menciona potencial turístico e sim oferta turística, "a característica mais marcante da oferta turística é sua heterogeneidade, e se constitui da justaposição de bens e serviços oferecidos aos turistas e consumidos por eles. Esses bens e serviços são agrupados em duas categorias de oferta : 387 - As atrações que são os recursos naturais, socioculturais e tecnológicos, também chamados de oferta diferencial, porque da sua diversidade depende o seu grau de atratividade. Mercadologicamente, são responsáveis pela escolha do turista por uma destinação em detrimento de outra. - Os equipamentos e serviços (ou "facilidades"), corresponde aos alojamentos, serviços de alimentação, de entretenimentos, de transporte para a localidade e dentro dela, responsáveis pelo maior ou menor tempo de permanência do turista, de acordo com sua qualidade e preço. Também são chamados de elementos da oferta técnica, considerada específica, quando se relaciona aos serviços eminentemente turísticos, e geral, quando seus componentes atendem à população como um todo e correspondem aos equipamentos da infra-estrutura do local." Há uma dimensão intangível no setor de serviços que envolve a relação com a pessoa que lhe presta o serviço. A pensar no setor turístico e, mais especificamente no de hospedagem, a sutileza das emoções e atitudes envolvidas traduzidas em conceitos de hospitalidade e acolhimento e a importância das pessoas que fazem o atendimento potencializam-se. O desenvolvimento da cultura e do turismo cultural, numa perspectiva integrada com outros setores, deve fazer parte de qualquer plano de desenvolvimento local ou regional, no qual a colaboração estratégica entre a administração pública e as empresas privadas assumem um papel significativo. Conforme Dias (2003) é necessário que as Cidades invistam em sua infraestrutura cultural, no setor produtivo da Cultura e no desenvolvimento dos recursos humanos para satisfazer as necessidades de desenvolvimento. Deve-se incentivar a participação dos cidadãos nesse processo e desenvolver o próprio potencial de seu setor e as organizações culturais. Desde o início dos anos 90 a expressão “turismo sustentável” passou a ser usada com freqüência. Segundo Swarbrooke (2000), ela encerra uma abordagem do turismo que reconhece a importância da comunidade local, a forma como as pessoas são tratadas e o desejo de maximizar os benefícios econômicos do turista para essa comunidade. Esse conceito foi reconhecido no Green Paper on Tourism publicado em 1995, pela União Européia. 388 Verifica-se então a necessidade de mensuração do potencial turístico, e também a sua conceituação através de métodos, técnicas e fórmulas para o Turismo acontecer de uma maneira padrão, facilitando o seu desenvolvimento por meio de processos que o tornem mais eficaz, promissor e empreendedor. JUSTIFICATIVA A pesquisa abordará o tema O Turismo Cultural como fato gerador e de sustentabilidade do Desenvolvimento Regional, o qual identificará o potencial turístico cultural e suas atividades, para que haja conscientização da população, dos empreendedores locais e órgãos públicos, fazendo com que ocorra desenvolvimento do turismo cultural regional. Para tanto é necessário que o poder público interfira nas atividades turísticas, junto à população, pois essas atividades estão ligadas diretamente ao comportamento sócio-econômico da comunidade, onde para algumas localidades a atividade turística poderá vir a ser a maior fonte de renda dessas pessoas. A questão do desenvolvimento se mostra pouco mais complexa, já que se refere à elevação do nível de vida da população, podendo segundo Furtado (1980, p.65 e 67) promover situações antagônicas. Existe ainda o conceito de desenvolvimento auto-sustentado, onde ocorre uma série de transformações da sociedade que se realizam em cadeia de forma auto-sustentada. Uma vez desencadeado, o processo de desenvolvimento apresenta uma seqüência de fases criando cada uma delas condições para a fase seguinte. Os indicadores econômicos e sociais devem apresentar um processo duradouro de transformação da sociedade (ClEMENTE e HIGASHI, 2000, p. 131). Para que uma Cidade seja considerada com potencial turístico, primeiramente deve existir um levantamento dos seus recursos, tanto naturais, quanto culturais, pois, ao se promover a localidade, os responsáveis pelo planejamento turístico devem ter conhecimento sobre a área em questão. Ao se definir os atrativos de uma localidade o primeiro passo é se fazer um levantamento considerando: bens culturais, dados da história, topografia, personagens e lendas, músicas e danças típicas, gastronomia típica, festas e comemorações, artesanato e as condições de patrimônio natural, da infra-estrutura e 389 da estrutura turística já existente na localidade (MOLETTA e GOIDANISH, 2000, p.52). OBJETIVOS Aprofundar o conhecimento sobre o desenvolvimento turístico cultural regional, objetivando a conscientização e participação da população, afim de trazer a região uma forma de usar sua Cultura, para o desenvolvimento econômico com a participação da comunidade. A participação da população é condição essencial para a manutenção e utilização de sua cultura e alavancar o desenvolvimento regional na qual está inserida. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Há muitas abordagens potenciais diferentes para o desenvolvimento de formas mais sustentáveis de turismo cultural, onde fica claro a necessidade de: - Diagnosticar os atrativos culturais da localidade; - Analisar iniciativas locais, onde o controle local é um elemento-chave da ideologia do turismo sustentável; - Pontuar culturas emergentes, onde o turismo cultural dependerá de se reconhecer e promover culturas modernas emergentes, em vez de simplesmente continuar a promover fontes culturais há muito estabelecidas; - Identificar modelos de benefícios locais, ou seja, demonstrar os benefícios econômicos, sociais e ambientais do turismo cultural para a comunidade local. PROBLEMA Como potencializar o turismo Cultural de uma determinada região a desenvolver atividades turísticas auto-sustentáveis? METODOLOGIA 390 Considerando o critério de classificação de pesquisa apresentada por Gil (1997 p. 45): “Com relação às pesquisas, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais. Assim é possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas”. GIL (1997, p. 45) complementa que: “embora o planejamento da pesquisa exploratória seja bastante flexível, na maioria dos casos assume a forma de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso”. Como esta pesquisa envolve pesquisa bibliográfica, esta se encarregará de nos colocar em contato direto com as obras publicadas por diversos autores sobre o assunto em questão, tendo a análise dos dados coletados por finalidade, a exploração e análise do objetivo a ser pesquisado. Para por contraste aos dados obtidos da pesquisa bibliográfica proponho uma pesquisa de campo, a qual se baseará em uma observação direta através da elaboração de perguntas fechadas com organizações que tem como filosofia a responsabilidade social, que serão formuladas a posteriori, dentro da linha de raciocínio do estudo. Será realizada uma pesquisa bibliográfica, descritiva e exploratória, a fim de analisar os conceitos e definições de Cultura local e regional, de turismo sustentável e de métodos pertinentes à demonstração de realidade atual de uma determinada localidade, até então tidos como certos para mostrar a realidade atual desses locais. CONCLUSÃO A atividade turística no Brasil vem crescendo de forma rápida, porém, ainda pouco organizada. Hoje se trabalha os mais variados segmentos de turismo, o que a tempo atrás ainda não era muito explorado. Nunca se falou tanto em ecoturismo, turismo rural, agroturismo, turismo cultural, turismo religioso; enfim o país está aprendendo a diversificar o seu produto de tal forma a atender os mais variados públicos. O Brasil é um dos países com maior potencial natural e cultural para a prática do turismo; é preciso agregar valores a essa riqueza para que a atividade turística seja explorada de forma adequada de acordo com a identidade local, para a captação de recursos financeiros tanto para o empreendedor como para a 391 população local que se desenvolve econômica e socialmente com a prática do turismo no país mais respectivamente em seu local de origem. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em:<http://www.fazenda.sp.gov.br>. Acesso em: 04 de maio. 2009. CLEMENTE, Ademir; HIGACHI, Hermes Y. Economia e Desenvolvimento Regional. São Paulo: Atlas, 2000. DIAS, Reinaldo. 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