Famílias Históricas do Litoral Paranaense. A Família Miranda Coutinho. Ricardo Costa de Oliveira1 Resumo Reconstruímos aspectos das origens e da trajetória geográfica, social, econômica, cultural e política da família Miranda Coutinho do litoral do Paraná. Centramos a pesquisa nas primeiras gerações desta família e desenvolvemos alguns ramos específicos. Palavras-chave: genealogia, Paranaguá. Uma das mais interessantes pesquisas sociológicas é a reconstrução histórica das famílias em sua evolução e itinerário demográfico, geográfico, social, econômico, cultural e político. A reconstrução genealógica das famílias deve ser rigorosamente pautada em documentos e registros históricos nas mais diversas fontes. As fontes primárias são os registros civis, os livros eclesiásticos de batismos, casamentos, óbitos, os testamentos e inventários, as habilitações e dispensas matrimoniais, os livros notariais dos tabelionatos e cartórios, os documentos das irmandades religiosas e das misericórdias, os processos judiciais, os ofícios administrativos das mais diferentes autoridades políticas e administrativas, as listas e mapas de habitantes. Estes são os documentos fundamentais para a reconstrução genealógica de uma família. Uma segunda ordem de documentos essenciais é o conjunto das habilitações de genere, os processos do Santo Ofício, da Ordem de Cristo e de outras ordens honoríficas. As genealogias escritas, publicadas ou não, também podem ser relevantes ou não. Tradicionais genealogias escritas são informações auxiliares relevantes se apresentarem referências e citações das fontes primárias nas quais as informações foram obtidas, caso contrário, devem ser rigorosamente verificadas a partir dos documentos primários e secundários anteriormente mencionados. As fontes primárias podem estar erradas ou estarem deliberadamente falsificadas. Somente a comparação entre vários documentos primários pode ratificar ou retificar os dados das estruturas de parentesco e construir uma epistemologia científica da genealogia. O maior inimigo da cientificidade da genealogia é a conexão fundada em homonímias, quando se estabelece um parentesco pela simples homonímia entre dois indivíduos em termos de nome, sobrenome ou patronímico. Uma das mais importantes fontes arquivísticas para a realização destas pesquisas na nossa região é o Arquivo Público do Paraná, o Departamento Estadual de Arquivo Público do Paraná (DEAP). Os acervos são pouco conhecidos e carentes de indexação mais detalhada. 1 Sociólogo, Professor Doutor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná. 31/3/2005. 2 Quem saberia dizer qual é o mais antigo documento do DEAP? Trata-se do testamento de Antonio da Fonseca Pinto2, datado de 1673, na vila de Nossa Senhora da Graça do Rio de São Francisco. Na verdade é o remanescente do documento mais antigo do Sul do Brasil, feito no que é hoje em dia o Estado de Santa Catarina. A família Miranda Coutinho teve a sua origem no genearca Amaro de Miranda Coutinho. Quem foi Amaro de Miranda Coutinho? Existem pouquíssimos registros históricos de uma pessoa no início do século XVIII no Paraná. Amaro de Miranda Coutinho recebeu uma sesmaria ao sul de Paranaguá aos 6/11/1718. Localizada na paragem do Curral, de dimensão de 1 X 2 léguas (cerca de 70 quilômetros quadrados), Arquivo Nacional, Rio de Janeiro (Livro 23, folha 104, códice 77). Um ofício datado de 17 de julho de 1730 e com a seguinte assinatura: “O Cappitam Amaro de Miranda Coutinho. Juiz Ordinario e Orphãos nesta villa de Paranaguá e nella Ouvidor Geral pella ley e sua comarca” (Boletim do Arquivo Municipal de Curitiba. V.9, pg 61: 1924. Transcrito por Francisco Negrão). Amaro de Miranda Coutinho recebeu em 16/9/1743 uma segunda sesmaria no litoral paranaense localizada no Olho d’água, com a dimensão de uma légua quadrada (Marina Ritter3. As Sesmarias do Paraná no Século XVIII, 225). O nome de Amaro de Miranda Coutinho também aparece no assento de casamento de seu filho Miguel de Miranda Coutinho, casado na Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba em 27/9/1742 com Isabel da Silva de Carvalho, descendente das principais famílias da Capitania de São Paulo (Francisco Negrão. Genealogia Paranaense. V4, 211. Título Mateus Leme 4. Silva Leme. Genealogia Paulistana V3, 204. Título Prados5. Ela era descendente do Capitão Povoador de Curitiba Mateus Martins Leme e do “aclamado” Amador Bueno). Com este assento também se conhece o nome da esposa de Amaro - Maria de Barros, de Paranaguá. No processo de genere do Padre Higino de Miranda Coutinho de 1797 (Arquivo da Cúria de São Paulo – 1-74-590), filho do Capitão Manuel de Miranda Coutinho e de Maria Serafina de Araújo, neto paterno do Capitão Miguel de Miranda Coutinho, natural e batizado aos 20/9/1709 em Paranaguá, e de Isabel da Silva, natural e batizada em Curitiba aos 10/7/1718, Amaro de Miranda Coutinho é dado como natural da Cidade do Porto. 2 DEAP. Caixa 135. Documento 5. Faz parte da série de documentos vindos recentemente para o Arquivo Público do Paraná da antiga 1ª Cível. 3 RITTER, Marina Lourdes. As Sesmarias do Paraná no Século XVIII. Estante Paranista. IHGEP. 1980. 4 NEGRÃO, Francisco, Genealogia Paranaense. Imprensa Oficial do Paraná. 2005. 5 LEME, Luiz Gonzaga da Silva, Genealogia Paulistana. SP, Livraria Duprat, 1903 a 1904, 9 volumes. 3 No processo de dispensa matrimonial de Rosa Maria de Miranda com José Bernardo Munhoz, em Paranaguá, 1795 (6-41-2075 - Arquivo da Cúria de São Paulo), temos a última batizada em Paranaguá em 8/3/1763, filha do Tenente Manuel de Miranda, de Paranaguá e de Antonia Roiz Pereira, neta paterna de Amaro de Miranda, natural da Cidade do Porto e de Maria de Barros, natural de Paranaguá e já defuntos. Neta materna de Antonio de Freitas Sobral. Observamos que existem poucos registros históricos sobre Amaro de Miranda Coutinho em fontes documentais primárias ou transcrições das fontes originais. Este processo de dispensa matrimonial indicava que havia consangüinidade em 4º misto entre os noivos, José Bernardo Munhoz e Rosa Maria de Miranda. O documento encontra-se em péssimo estado de leitura, bastante fragmentado e furado. O parentesco em comum se dava pelo fato de que Maria de Barros, esposa de Amaro de Miranda Coutinho, era irmã legítima de uma pessoa cujo nome está praticamente ilegível, aparentemente com o sobrenome de Almeida, e que era a mãe de Ana da Veiga (casada com Miguel da Rocha), avó de José Bernardo Munhoz (filho de Bernardo Antonio Munhoz, de Cádiz, Espanha e de Rosa Maria da Rocha. Neto paterno de João Munhoz e de Ângela Maria, de Cádiz. Neto materno de Miguel da Rocha, do Porto e de Ana da Veiga, de Paranaguá). O processo revela que Maria de Barros era de uma família (ainda desconhecida) presente em Paranaguá desde o século XVII. O documento também revela que “a mãe da oradora é mulher distinta e nobre na pobreza e não pode casa-la com pessoa de sua igualdade” como justificativa da consangüinidade. Há uma referência a um processo sobre o gado da família Miranda Coutinho e a destruição de algumas roças de mandioca nas praias ao Sul de Paranaguá, em um documento transcrito de um processo de 1737 (JP 1547, cx 74, DEAP, ano de 1789). O gado vacum era utilizado para o transporte nas 12 léguas entre Paranaguá e Guaratuba. O sítio de Amaro de Miranda Coutinho ficava localizado no Olho D'Água, sede de uma das suas duas sesmarias recebidas no litoral. João de Almeida é citado como primo irmão da mulher de Amaro de Miranda (fls. 60). Trata-se de novidade na genealogia paranaense essa rara referência a Maria de Barros, mulher do Capitão Amaro de Miranda Coutinho. Como eu havia também encontrado uma dispensa matrimonial com a referência ao nome de Almeida como o/a genitor/a de Maria de Barros (6-41-2075 - Arquivo da Cúria de São Paulo), constato que o parentesco dela é pela família Almeida. Seguindo Vieira dos Santos, o clássico pioneiro da história de Paranaguá, temos que um João de Almeida residia em 31/10/1733 no ponto dos Morretes6, local então medido pelos oficiais da Câmara de Paranaguá e sede da futura vila de 6 Antonio Vieira dos Santos. Memória Histórica, Cronológica, Topográfica e Descritiva da Cidade de Paranaguá e do seu Município : 1922, 23, 131 191. 4 Morretes. De acordo com o mesmo Vieira dos Santos, temos que um João de Almeida assinou como eleitor na instauração da vila de Paranaguá em 1648 e também assina outro termo em 1655. A hipótese de trabalho é que o João de Almeida, em Morretes, seja o referido como o "primo irmão" de Maria de Barros, citado no documento transcrito de 1737. O primeiro João de Almeida, fundador da vila de Paranaguá deve ser o pai ou o avô do João de Almeida (o de Morretes) e de Maria de Barros (mulher do Amaro de Miranda de Coutinho). Uma das tarefas mais difíceis e complexas é a ligação do senhoriato de Paranaguá do século XVIII com os fundadores da vila em 1648, coisa que Francisco Negrão na sua Genealogia Paranaense quase que não conseguiu pela falta de documentação. Nas Ordenanças de Paranaguá de 1722 encontramos o Capitão Tomaz Ferreira de Almeida e o seu Alferes Amaro de Miranda (Cód. 238, 12-4-9), Arquivo Público de São Paulo. Nas Ordenanças de Paranaguá de 1733 temos em uma das unidades o Capitão João de Almeida, o Tenente Caetano Vieira e o Alferes Miguel de Miranda Coutinho (Arquivo Público de São Paulo. Cód. 347 - 97-2-13). O nome Almeida estava sempre do lado do nome Miranda Coutinho nas primeiras gerações deles nas ordenanças. Geralmente isto era indicação de parentesco próximo. O fato é que nas vilas coloniais os adventícios, para se tornarem bem sucedidos, casavam com as filhas dos "homens bons" já estabelecidos e formavam as conhecidas redes sociais entre estruturas de parentesco e poder político. E ainda temos o Jesuíta Padre João de Almeida, que com o seu colega Jesuíta Padre Afonso Gago, realizou a pioneira Missão até Laguna em 1609, uma das primeiras entradas no Brasil Meridional documentadas. Mas, aí já é homonímia excessiva para os nossos padrões metodológicogenealógicos de pesquisa. Há uma outra história envolvendo um Amaro de Miranda Coutinho em uma segunda estrutura de registros e que aponta para outra direção: Amaro de Miranda Coutinho, natural e batizado no Rio de Janeiro aos 8/5/1675 (Rheingantz7, Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, II, 605). Tratante (mercador). Preso em 6 de outubro de 1710, auto-de-fé de 26/7/1711. Pena de cárcere e hábito penitencial perpétuo. Era Cristão novo e foi preso pela inquisição, enviado para Lisboa e condenado juntamente com seis irmãos e sua mãe entre 1711 e 1713. Morava em Salvador, quando foi preso e enviado aos Estaús de Lisboa, com seu processo já microfilmado pelo Centro de História da Família da Igreja LDS (Processo de Amaro de Miranda Coutinho, 1711 = 784528 Item 2). Este Amaro era filho do Licenciado Aires de Miranda Henriques, natural da Bahia, Cotegipe, 7 RHEINGANTZ, Carlos G. – Primeiras Famílias do Rio de Janeiro, Ed. Brasiliana, 1967, 3 vols. (obs o 3º volume são 4 fascículos) 5 filho de Nuno Álvares de Miranda e de Leonor Rodrigues, plantador de cana no Rio de Janeiro, casado com Ana Gomes Coutinha em 28/12/1667 no Rio de Janeiro, na Igreja de São José (Rheingantz, II, 605). Este grupo está vinculado ao principal grupo marrano carioca, citado pela literatura dos judaizantes cariocas pelos Wolff no seu Dicionário dos Judaizantes8, por Flávio Mendes Carvalho nas Raízes Judaicas do Brasil9 e por Alberto Dines no seu livro Vínculos do Fogo10. O ponto de análise é que temos dois ou apenas um Amaro de Miranda Coutinho? O Amaro de Miranda Coutinho do primeiro registro é declarado como natural da Cidade do Porto. O Amaro de Miranda Coutinho do segundo registro é dado como natural e batizado no Rio de Janeiro em 8/5/1675. Duas hipóteses podem ser levantadas: 1 - Trata-se de uma grande coincidência entre homônimos, sendo pessoas diferentes. 2 – Trata-se da mesma pessoa no seu cripto-itinerário dentro dos grupos de importantes cristãos novos na sua negociação e ocultamento com o Santo Ofício. Houve algum tipo de acordo entre Amaro de Miranda Coutinho e o Santo Ofício para recomeçar a sua vida em Paranaguá. O Capitão Amaro de Miranda Coutinho e sua mulher Maria de Barros tiveram pelo menos os seguintes filhos, todos moradores no litoral entre Paranaguá e São Francisco do Sul: 1-1 Miguel de Miranda Coutinho 1-2 Helena de Miranda Coutinho 1-3 Agostinho de Miranda Coutinho 1-4 Manoel de Miranda Coutinho 1-5 Maria de Miranda Coutinho 1-6 Amaro de Miranda Coutinho 1-7 Marta de Miranda Coutinho 1-8 Isabel de Miranda Coutinho 1-1 Miguel de Miranda Coutinho, batizado em Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, 8 WOLFF, Egon e Frieda. Dicionário Biográfico I – “Judaizantes e Judeus no Brasil 1500-1808”. Rio de Janeiro, 1980. 9 CARVALHO, Flávio Mendes. Raízes Judaicas no Brasil. Editora Nova Arcádia - SP - 1992 10 DINES, Alberto. Vínculos do Fogo. Companhia das Letras. 1992. 6 20/9/1709 (informação contida no processo de genere de seu neto Higino de Miranda Coutinho, uma vez que os livros eclesiásticos de batismos de Paranaguá remanescentes só começam no final do século XVIII). Casado em Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba, em 27/9/1742, com Isabel da Silva, filha do Capitão João Carvalho de Assunção e de Maria Bueno da Rocha. Miguel de Miranda Coutinho faleceu em Guaratuba, atual litoral paranaense, em junho de 1793. "Foi o tronco originário das principais famílias que formaram o crescimento demográfico de Guaratuba, com preponderância tanto na vida administrativa como também na comercial e agrícola". (Joaquim da Silva Mafra. História de Guaratuba, 8689). Ainda hoje (2005) os seus descendentes em linha masculina, com o mesmo nome de Miranda, continuam a morar na mesma praça central de Guaratuba, quase 250 anos no mesmo terreno, fato bastante raro no Brasil. Conseguimos encontrar um documento sobre parte do provável dote de sua esposa Bens recebidos pelo Capitão Miguel de Miranda Coutinho, morador da vila de Paranaguá, como dote por seu sogro, o Capitão João Carvalho de Assunção (Curitiba, ano de 1769. Juízo de Órfãos. Autos Cíveis de vista entre partes. Matheus de Souza Fagundes e Quitéria Maria de Jesus. Réu o Capitão Miguel de Miranda Coutinho. DEAP-PR): Meia légua de campo, 50 reses, 2 touros, 5 éguas, um moleque de idade de 16 anos, uma negra velha por nome Izabel, uma rapariga por nome Caterina de idade de 12 anos, outra por nome Juliana de idade de 9 anos, uma saia e um manto de seda preto, um cordão de ouro de 24 oitavas e brincos e mais jóias, que pesou tudo 32 oitavas, 8 colheres de prata, cada uma a 7 oitavas, 1 tacho de cobre com dez litros. O Capitão Miguel de Miranda Coutinho foi um dos fundadores da vila de Guaratuba (a terceira vila mais antiga do atual Paraná) em 1771 e a sua família seria central na política em Guaratuba. No processo de genere de seu neto Higino encontra-se o depoimento de que ele também andou minerando ouro na região da Serra do Mar. Filhos do Capitão Miguel de Miranda Coutinho e de Isabel da Silva: 1-1-1 José 1-1-2 Manoel, Capitão-Mor de Guaratuba. 1-1-3 João 1-1-4 Joaquim 1-1-5 Maria 1-1-6 Francisco 1-1-1 José de Miranda Coutinho. Nasceu por volta de 1742 em Paranaguá e faleceu em 1812 7 em São Francisco do Sul. Tinha dezessete filhos no seu testamento, de dois casamentos. Provedoria da Comarca de Paranaguá e Curitiba. Documento nº 4652. Rio de São Francisco, ano de 1813. Tenente José Antonio de Miranda, testamenteiro. José de Miranda Coutinho, falecido, testador. Arquivo do 1º Civel de Curitiba (DEAP-PR). Testamento de José de Miranda Coutinho datado de 11/3/1812. Testamenteiros: A meu filho Tenente Quartel Mestre José Antonio de Miranda, a meu filho Bento de Miranda e em terceiro ao meu genro Senhor Alferes Salvador Gomes de Oliveira. Sou natural da vila de Paranaguá, filho legítimo do Capitão Miguel de Miranda Coutinho e de Dona Isabel da Silva, já falecidos. Fui casado a 1ª vez nesta vila com Dona Ana Fernandes de cujo matrimônio se acham vivas cinco filhas, quatro casadas e uma viúva e todas estas já herdaram e receberam não só o que lhes tocou de sua falecida mãe como o que lhes havia de tocar de mim. Declaro que sou casado a Segunda vez nesta vila com Dona Clara Correia, de cujo matrimônio tivemos doze filhos, a saber seis machos e seis fêmeas até o fazer deste testamento os quais declaro e constituo como meus legítimos e universais herdeiros. Premiar o meu testamenteiro com 25$600. Declaro que quando casei minha filha Dona Rita com o senhor Alferes Salvador Gomes de Oliveira11 lhe dei um dote de casal de escravos e outras cousas que tudo consta de um papel lhe dei, com o qual será obrigado a entrar no monte. Declaro que meu filho Quartel Mestre José Antonio de Miranda teve em seu poder um escravo pequeno crioulo meu que lhe dei para o servir o qual morreu por isto a dito meu filho a nada é obrigado porque o escravo nunca foi seu e por isso é que lhe corria o risco. Sou casado em carta de metade e a minha mulher receberá a metade. Declaro que os bens que possuo são escravos, terras e casas nesta vila. Declaro que é minha vontade que seja tutor de meus filhos e filhas órfãos meu filho Quartel Mestre José Antonio de Miranda. Declaro que ao fazer este testamento não devo nem um vintém a pessoa alguma. Aprovação. Assinada por Joaquim José de Oliveira, tabelião, Diogo Gomes, José Gomes Touguinho, Jacinto José de Sousa. Aos 30/6/1812 foi sepultado José de Miranda Coutinho, de setenta anos de idade, casado com Clara Maria de Jesus. Vigário Bento Barbosa de Sá Freire de Azevedo Coutinho. Terça do falecido : 373$473 José de Miranda Coutinho foi da governança de São Francisco do Sul várias vezes. Juiz Ordinário em 1777. Um José Miranda Coutinho aparece como Tenente no cerco de 1762 na Colônia do Sacramento (Varnhagen. História Geral do Brasil. Notas da seção XLIV - obs. de Antonio Roberto Nascimento). José de Miranda Coutinho teve 17 filhos. Desenvolvemos aqui apenas a linha de Rita Clara de Miranda, casada com o Capitão Salvador Gomes de Oliveira (meus 4° avós), em São Francisco do Sul. 1-1-1-1 Rita Clara de Miranda. Casada com o Capitão Salvador Gomes de Oliveira, inventariado em São Francisco do Sul. Processo de Inventário datado de 09/10/1850 (Pesquisado por Denize Aparecida da Silva. Fórum de São Francisco do Sul). Inventariante: D. Rita Clara de Miranda - a viúva. Salvador Gomes de Oliveira foi Presidente da Câmara Municipal de São Francisco do Sul. Herdeiros: 1 – D. Maria já falecida foi casada com Miguel Miranda Coutinho por ela seus filhos Maria casada com Manoel Pereira Lima e Roza casada com Francisco José de Oliveira. 2 – D. Anna casada com o co-herdeiro João Jacinto da Silva Pereira. 3 – D. Ritta casada com o co-herdeiro José Fernandes de Oliveira. 11 Meus 4° avós (Ricardo Costa de Oliveira) 8 4 – O Alferes José Gomes de Oliveira de idade de 40 anos. 5 – D. Antonia casada com o co-herdeiro José Joaquim de Souza. 6 – Manoel José Gomes de Oliveira casado. 7 – O Capitão Crispim Gomes de Oliveira casado. 8 – D. Bárbara casada com o co-herdeiro Joaquim José Tavares. 9 – João Gomes de Oliveira solteiro de idade de 26 anos. Lista dos escravos: Nº do Nome do Escravo Escravo 1 tomaz 2 gonçalo 3 vicente 4 antonio 5 joaquim 6 luiz 7 pedro 8 andré 9 miguel 10 gregorio 11 ana 12 maria 13 agostinha 14 rita 15 henriqueta 16 sebastião 17 tereza 18 hengracia 19 teodora 20 custodia 21 benta 22 veronica 23 clara Monte Mor: 18:180$640 Sexo Procendencia m m m m m m m m m m f f f f f m f f f f f f f Nação Crioulo nação nação nação nação Crioulo Crioulo Crioulo Crioulo nação nação nação Crioulo nação Crioulo Crioulo Crioulo Crioulo Crioulo Crioulo Crioulo Crioulo Idade 18 11 8 35 4m 20 11 10 8 2 2 6m Preço 450.000 500.000 350.000 400.000 400.000 500.000 450.000 400.000 350.000 260.000 150.000 250.000 350.000 400.000 350.000 40.000 450.000 300.000 280.000 220.000 120.000 120.000 40.000 Monte Liq: 10:025$150. Obs: Ainda sobre a lista dos bens um outro dado chamou a atenção, “uma Sesmaria de terras na paragem Paranaguamirim que diz ter novecentos e vinte e cinco braças de fundo e de frente hum mil e trezentas braças... importa na quantia de 925$000.” Constava também casa na cidade, roças, muitas canoas e um engenho de farinha de mandioca. Fiz cópia da partilha dos escravos e anotei que os escravos crioulos André e Theodora ficaram para João Gomes de Oliveira(meu trisavô RCO). Informações pesquisadas pela historiadora Denize Aparecida da Silva. 1-1-2 Manoel de Miranda Coutinho, Capitão-Mor de Guaratuba (filho do Capitão Miguel de Miranda Coutinho e de Isabel da Silva), batizado em Paranaguá em 27/4/1753, casado na mesma vila em 24/11/1779 com Maria Serafina de Araújo, natural de Paranaguá, batizada em 7/4/1766, filha do Tenente Joaquim Xavier de Araújo Morais, natural de Paranaguá e também lá casado em 2/3/1765 com Ana Maria Matoza, natural de Paranaguá. Neta paterna de Francisco de Araújo, natural de Lisboa e de Inácia de Morais, natural de Paranaguá (filha de 9 Pedro de Moraes, natural da Ilha de São Jorge e de Catarina de Sene, natural de Paranaguá); neta materna de Manuel da Cunha, natural de Curitiba (filho de Tomaz Fernandes, natural de São Paulo e de Catarina de Almeida, natural de Paranaguá) e de Maria Vieira (filha de Antonio Colaço, natural de São Francisco do Sul e de Maria Correia, natural de Paranaguá). Informações no Processo de Genere de Higino de Miranda Coutinho (Arquivo da Cúria de São Paulo). Em 30/8/1812 faleceu Dona Maria Serafina de Araújo, realizando-se o inventário dos bens do casal. O montante alcançou 4:491$000, com terras no Buguassú (1.500 braças), no Cedro (meia légua), casas de morada, paióis, animais, canoas de grande porte, jóias de ouro, prata, escravos. O inventário revela a vida material da elite daquela região na virada do século XVIII/XIX A descrição dos bens do Capitão-Mor Manoel de Miranda Coutinho é um dos mais importantes documentos sobre a vida material dos grupos superiores no litoral: Ouro Lavrado — Foi visto e avaliado pelos ditos avaliadores hum caxilho com sua corrente de cordão ou Xadrez com peso de vinte e hua oitavas e tres quartas e quatro grãos, no valor de trinta mil quinhentos e trinta e seis reis ............................ 30$536 reis. Outro dito caixilho com sua corrente de xadrez ou fuzil com peso de 24 oitava, tres quartos e quatro grãos no valor de Rs ................................... 34$822 reis. Um par de botões grandes de peito, com peso de 9 oitavas e meia 4 grãos no valor de .............................................................................. 13$472 reis. Um laço de pescoço, com peso de três oitava e 4 grãos, no valor de ........................................................................................ 5$072 reis. Uma imagem de N.S. da Conceição, de pescoço, com peso de 7 oitavas e meia e seis grãos, no valor de......................................................................................10$236 reis Sete botões de atacar colete ou aperto com 3 oitavas e três quartos no valor de.............................................................................................. .5$250 reis. Um par de brincos pingentes, grandes, de orelha com peso de 6 oitava e ¾, avaliados por .............................................................................. 9$450 reis. Um par de botões ordinários, de peito, com peso de 3 oitavas e 4 grãos, no valor de .............................................................................................. 5$072 reis. Dois pares de botões de punho ambos parceiros, com peso de duas oitavas e meia e quatro grãos no valor de ................................................... 3$672 reis. Uma gargantilha ou colar de pescoço, com peso de quatro oitavas, no valor de .............................................................................................. 5$600 reis. Um par de brincos pingentes pequenos, com peso de três oitavas e ¾ e 4 grãos.......................................................................................... 5$508 reis. Dois pares de botões de punho, ordinários, com peso de 4 oitavas e 4 grãos........................................................................................... 5$772 reis. Uma imagem de N. S. da Conceição, pequena para pescoço, com peso de meia oitava ........................................................................................ $732 reis. Outra imagem de N. S. da Conceição, pequena de pescoço, com meia oitava, no valor de ..................................................................................... $700 reis. Uma cruz lisa, para rosário ou peito, com peso de uma oitava no valor de .............................................................................................1$400 reis. Um par de brincos pingentes ordinários, novos, sem uso, com peso de 4 oitavas e 4 grãos, no valor de ...................................................................... 8$600 reis. 10 35 contas de pescoço com peso de uma oitava e seis grãos, avaliados por ..........................................................................................1$658 reis. Uma corrente fina, com vara e meia polegada e meia de comprimento, com peso de cinco oitavas e meia no valor de ...................................... 7$700 reis. Uma corrente fina com o mesmo comprimento com o peso de 5 oitavas e 5 grãos..................................................................................... 7$522 reis. Uma corrente fina, com o mesmo comprimento, com cinco oitavas e meia, no valor de ................................................................................. 7$700 reis. Uma corrente fina, com o mesmo comprimento, com cinco oitavas e meia e 6 grãos no valor de ................................................................... 7$608 reis. Um par de brincos de 3 laços antigos, com peso de duas oitavas e ¾, no valor de ..........................................................................................3$850 reis. Um par de brincos, com peso de ? e 4 grãos no valor de ................... 1$572 reis. Outro brinco com peso de 18.a ......................................................... 1$400 reis. Outro dito, ? e meia e 4 grãos ........................................................ 1$92 reis. Uma colher grande, de servir mesa, de tirar cozinha, inda nova, com peso de 37 oitavas ......................................................................................... 4$440 reis. Um coco de beber água, de prata, com peso de 182 oitavas, no valor de ............................................................................................ 12$200 reis. Dois talheres iguais, com padrão, com diferença em um garfo que tem um traço nas costas do cabo, com peso 55 oitavas e meia .............................. 6$180 reis. Dois talheres de padrão iguais com dois traços pelas costas do cabo, com peso de 57 oitavas e meia no valor de ........................................................ 6$537 reis. Dois talheres do mesmo padrão, com 3 traços pelas costas do cabo, com 49 oitavas .....................................................................................5$880 reis. Seis talheres já com uso, peso de14. Oitavas no valor de ............. 14$800 reis. Dez talheres de mesa, com suas folhas de ferro, todas com peso de 157 oitavas..................................................................................... 18$900 reis. Uma salva pequena, de três pernas, em bom uso, com peso de 31 oitavas ..................................................................................... 3$720 reis. COBRE — Um forno de 4 palmos em quadra, com peso de 31 oitavas, no valor de ................................................................................................. 13$640 reis. Outro forno de três palmos e gênero, peso 30 libras em bom estado, avaliado por .................................................................................................13$200 reis. Um taxo grande, em bom uso, com peso de vinte e seis libras, no valor de ...................................................................................................10$400 reis. Outro taxo ordinário, com bom uso, com peso de 9 libras, avaliados por ................................................................................................. 3$600 reis. Outro taxo pequeno de águas, em bom uso, com peso de duas e meias libras .............................................................................................. 1$000 reis. BENS MOVEIS NA VILA: Uma mesa de cedro com pernas e guardas de araribá com 6 palmos de comprimentos 21/2 de largo com 2 gavetas e suas fechaduras e argolas de pucras, avaliada por .............................................................. 6$400 reis. Outra mesa de cedro com pernas de araribá, com 6 palmos de comprimento e 3 e meio de largo ........................................................................ 2$000 reis. Outra mesa de cedro com 4 palmos de comprimento com uma gaveta.................................................................................. 1$280 reis. Uma dúzia de cadeiras poltronas, todas de um padrão cada uma a $600 reis........................................................................................ 7$200 reis. Meia dúzia de cadeiras de encosto, madeira da terra, em bom uso, cada uma a $320 ...................................................................................... 1$920 reis. 11 Um catre de casado, com sua armação de madeira da terra, inda nova no valor de.......................................................................................... 5$000 reis. Cinco catres de vários feitios, todos de madeiras da terra, com bom uso .........................................................................................10$000 reis. Uma caixa de cedro com 5 e meio palmo, com sua fechadura forte, ..3$0000 reis. Um catre de madeira da terra ....................................................... 5$000 reis. Uma arca, com sua pergona amarela, com duas fechaduras, no valor de .............................................................................................. 1$600 reis. Uma bolandeira com sua roda de ralar, com sua ferramenta, de latão, em uso, um coxo de braça e meia de comp. E 3 palmos e 2 dedos de boca ....... 8$000 reis. Uma prensa boa, somente com o fuzo rachado ............................. 3$000 reis. Outra prensa com a concha trincada ............................................ 3$500 reis. Um coxo de garajuba com 3 braças e meia de comp. E 3 palmos de boca .......................................................................................... 1$600 reis. Um carro de bois, com seus pertences ......................................... 4$000 reis. Três vacas carauna e uma pintada , todas parideiras cada uma no valor de 4$000........................................................................................ 16$000 reis. Outra vaca carauna, velha ........................................................ 3$840 reis. Duas novilhas carauna de 2 p/ 3 anos .......................................... 6$000 reis. Três bezerros de sobreano a 1$000 ............................................ 3$000 reis. Uma canoa de Guaracuí, bordada, c/ sua coberta e e escotilhas com 7 e meia de com. E 5 e meio palmos de boca, com suas palamentas e velas no valor de...40$000 reis. Outra canoa bordada, com seis braças de comp. e 4 palmos de boca, no valor de .......................................................................................10$0000 reis. Uma arma bragueza, com seus pertences de ferro, coronha romana, no valor de ..................................................................................... 5$000 reis. Outra arma Tocoarí, coronha romana, vareta de ferro com 2 anéis de latão ................................................................................... 5$500 reis. Outra dita arma curta, cano de Bronze,) embraçadeiras de prata, com sua chapa de prata no coice no valor de ................................................ 4$000 reis. Uma marreta de ferro coado ................................................ 1$000 reis. Outra marreta de ferro batdo ............................................... 5$000 reis. Duas rodas de ralar mandioca, com suas ferragens, de cobre, sem repicar, com seus veios de ferro, com armação de madeira ....................... 12$800 reis. Duas prensas para massa .................................................... 8$000 reis. Um cocho grande, debaixo das duas prensas ......................... 2$560 reis. Uma canoa de canela c/ 4 braças e meia de comp. e 3 palmos e 3 dedos de boca .................................................................................. 12$000 reis. Um carro de bois com seus pertences .................................. 4$000 reis. FERRAMENTAS — Tres foices em bom uso a ........................... $600 reis. Mais 3 foices a 320 ............................................................... $960 reis. Cinco machados, no valor de .............................................. 2$880 reis. Nove enxadas, no valor de ................................................. 4$200 reis. Quatro vacas carunas parideiras ........................................ 16$000 reis. Uma vaca vermelha meia idade ......................................... 4$000 reis. Uma vaca moura, com sua cria .......................................... 4$000 reis. Duas novilhas de 2 para 3 anos ......................................... 6$000 reis. Duas novilhas caraunas e vermelha ................................... 4$800 reis. Uma junta de bois carreiros Mouro .................................... 6$000 reis. Um cavalo Zaino andador ............................................... 6$400 reis. Uma égua castanha andadeira .......................................... 5$000 reis. ESCRAVOS — Um escravo criolo, de nome Miguel, casado, com 55 anos de idade com curiosidade de pedreiro falquejador e serrador ......................... 110$000 reis. 12 Uma escrava Francisca, mulher do dito Miguel, com 40 anos, no valor de ............................................................................................... 90$000 reis. Uma escrava criola, viuva, Maria, 32 anos ..................................... 100$000 reis. Outro escravo Severino, 35 anos .................................................... 100$000 reis. Escrava Ana, mulher do Severino .................................................. 108$88 reis. Um escravo Polidoro, criolo, solteiro, 35 anos, falquejador e serrador de cima .............................................................................................115$000 reis. Um escravo Benedito solt. 22 anos .................................................. 75$000 reis. Um escravo Paulo, 20 anos ............................................................. 112$000 reis. Um escravo José, 10 anos ............................................................... 70$000 reis. Um escravo Gregorio, 9 anos ............................................................ 64$000 reis. Um escravo Luiz, 10 anos ................................................................. 72$000 reis. Um escravo Salvador, 6 anos ........................................................... 50$000 reis. Um escravo André, 2 anos ............................................................... 25$600 reis. Uma escrava Margarida, 17 anos .................................................... 102$200 reis. Uma escrava Damázia, 15 anos ...................................................... 100$000 reis. Uma escrava Teresa 14 anos .......................................................... 99$000 reis. Uma escrava Dominga, 13 anos ...................................................... 98$000 reis. Uma escrava Luiza, 11 anos ............................................................. 96$000 reis. Uma escrava Paula, 11 anos ............................................................. 92$000 reis. Uma escrava Leonarda, 6 anos ........................................................ 50$000 reis. Uma escrava Rita, 4 anos ................................................................ 40$000 reis. Farinha do Paiól — Trezentos alqueires de farinha, cada alqueire avaliado a $640 reis ......................................................................................... 192$000 reis. Duas roças de mandiocas, de ano, uma de coivara e outra de coivarinha, de 2.a, plantação, ambas avaliadas pela metade do seu valor, atendendo o trabalho de limpeza e beneficiar, regulado em 750 alqueires, cada alqueire a $560 reis,importa em .................................................................420$000 reis. BENS DE RAIZ EM TERRAS — Uma moradora de casas de pedra e cal, sita na Rua Direita n.º 11, com sete portas na frente, e todas com suas ferramentas e dobradiças; e três com fechaduras e três rótulas, com seus repartimentos por dentro, nas quais tem 8 portas com cinco fechaduras; as salas, alcovas, e corredor, assoalhados e forrados; com sua varanda e cozinha fora e toda murada em roda, no valor de ........................................................... 300$000 reis. Uma casa na rua intitulada quatro Cantos, com frente de pedra e cal e seis portas nas duas frentes todas com suas ferragens e duas com suas fechaduras; e por dentro dose portas, todas com ferragens e duas com fechaduras, com seu quintal amurado e seu portão com ferragem tudo no valor de ............................................................ 12$00 reis. Um chão pegado à mesma com frente para a Praça, com parede da frente de pedra e cal, com seus portais de madeira e soleira de pedra, com dois pilares e algumas pedras e sete linhas de madeira que se acham na rua da frente dos mesmos chãos, Valor ....................................20$000 reis. Uma morada de casa velha na rua do porto, coberta de palha, com portas janelas e 2 fechaduras ............................................. 5$000 reis. Duas moradas de casas sitas em Paranaguá conforme a precatoria da avaliação apensa ........................................................ 10$000 reis. Pela mesma portaria, avaliada uma mesa grande, feita na Bahia, avaliada por ................................................................................. 2$000 reis. Na mesma Vila de Paranaguá, seis cadeiras .................... . 6$000 reis. O Capitão Mór Manoel de Miranda Coutinho, na qualidade de tutor dos filhos menores, propôs ao Juiz de Órfãos a troca da escrava Maria, já velha, partilhada ao filho menor Francisco, considerados os bons serviços prestados por ela ao suplicante, a quer libertar, para 13 o que dá como dado tem ao seu filho, uma escrava de nome Paula, com uma cria, de nome Eugenia, no valor de 102$400 reis, de sua terça, em troca da dita escrava Maria, ficando a mesma liberta. Como esta troca é vantajosa para o dito herdeiro por ser a escrava Maria muito velha de onde não resulta aumento algum ao dito herdeiro, e a Paula, moça e já com aumento de uma cria, por isso, pediu ao Juiz fosse servido o seu respeitável deferimento. (Transcrito por Joaquim da Silva Mafra. História do Município de Guaratuba : 1952, 90-95). O Capitão-Mor Manoel de Miranda Coutinho e Dona Serafina tiveram pelo menos os seguintes filhos, de acordo com as Listas de Habitantes12 de Guaratuba: 1-1-2-1 Higino, Padre 1-1-2-2 Crispim, Capitão-Mor de Guaratuba. No início da década de 1830 possuía mais de 30 escravos. 1-1-2-3 Ana 1-1-2-4 Maria 1-1-2-5 Joaquina 1-1-2-6 Candido 1-1-2-7 Maria 1-1-2-8 Inácia 1-1-2-9 Isabel 1-1-2-10 Manoel 1-1-2-11 Francisco Ainda estava vivo em 1824 o Capitão-Mor reformado Manoel de Miranda Coutinho. Seguem as idades dos filhos do Capitão-Mor Manoel de Miranda Coutinho e Dona Maria Serafina de Araújo, de acordo com as Listas de Habitantes de Guaratuba: Na Lista de 1801: Manoel de Miranda Coutinho - 49 anos, 19 escravos Maria Serafina - 35 anos Higino - 20 anos, clérigo em Paranaguá Crispim - 18 anos, Alferes Ana - 13 anos Maria - 11 anos Joaquina - 9 anos Candido - 6 anos Maria - 5 anos Inácia - 3 anos Isabel- 3 anos 12 As Listas de Habitantes foram microfilmadas estão disponíveis no DEAP com o apoio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior . Filmes números 245 e 246. 14 Em 1805 entra o filho Manoel com 2 anos Em 1809 entra o filho Francisco com 3 anos Na Lista de 1817 Manoel de Miranda Coutinho tinha 24 escravos. Um documento da antiga 1ª Cível, agora no DEAP-PR, doc. 2104 do ano de 1787 descreve que Manoel de Miranda Coutinho possuía mais de 20 redes com "malha grande", prejudicando alguns moradores. Manoel de Miranda Coutinho "a custa da sua muita diligência fabrica algumas arrobas de peixe grosso e que vende para poder sustentar a sua casa e juntamente mais alguma possibilidade para que atualmente está servindo com canoas, cavalos e passagens não só a S. Majestade como aos particulares". A praia entre Paranaguá e São Francisco do Sul era uma das principais "estradas" do Brasil Meridional. 1-1-2-6 Candido José de Miranda, Sargento-Mor, casado com Dona Ana Rosa de Miranda 1-1-2-6-1 Norberto José de Miranda, casado com Dona Maria dos Anjos Correia, filha de Domingos Correia de Freitas e de Josefa Leite Bastos (GPr III, 375). 1-1-2-6-1-1 Monsenhor Lamartine Correia de Miranda. Nascido em Guaratuba em 1871.Vigário Capitular da Arquidiocese de Curitiba. Faleceu em 7/8/1954. 1-1-3 João de Miranda Coutinho, filho do Cap. Miguel de Miranda Coutinho e de Dona Isabel da Silva). Ação de libelo cível do ano de 1800 (DEAP). João de Miranda Coutinho da vila de Guaratuba foi notificado e citado pelo Alcaide do Rio de São Francisco do Sul, Luiz Antonio Correa, em uma ação movida por Miguel Francisco, morador em Guaratuba, por cabeça de sua mulher Maria Martins. João de Miranda Coutinho estava ausente no sítio do seu irmão Francisco de Miranda Coutinho em São Francisco do Sul e assinaria um termo de composição em 7/7/1800 referente ao pagamento de 40 mil réis para a criação de Joaquina, sua filha natural, então com cinco anos de idade. Trata-se de documento raro. Uma ação de pagamento para a criação de uma filha natural havida em mulher de diferente condição. Deve ter sido o empenho das autoridades da Ouvidoria no caso. Interessante é que o João de Miranda Coutinho passou para o sítio do seu irmão Francisco de Miranda Coutinho, em São Francisco do Sul e foi acionado a pagar uma quantia razoável para a época. O Capitão-Mor de Guaratuba na época era o Manoel de Miranda Coutinho, irmão dos envolvidos. 15 João de Miranda Coutinho era morador em Guaratuba, participou da governança da vila. Casou com Ana Silva de Freitas, filha do Tenente Francisco José de Freitas Castro e de Dona Úrsula da Silva. Filhos legítimos (lista apresentada por José Carlos Miranda- Zézinho, a partir das pesquisas de Joaquim da Silva Mafra) : 1-1-3-1 João de Miranda Coutinho 1-1-3-2 Felisberto 1-1-3-3 Alexandrina 1-1-3-4 Ana Antonia 1-1-4 Joaquim de Miranda Coutinho. Comprou de seu pai, Miguel de Miranda Coutinho, a atual praia inteira de Caiobá, hoje um dos mais importantes balneários do Paraná, o mais caro em termos de solo e que pertencia integralmente à família Miranda Coutinho no século XVIII. "A 20 de maio de 1787, o Capitão-Mor Miguel de Miranda Coutinho e sua mulher Isabel da Silva fazem venda a seu filho Joaquim de Miranda Coutinho pelo preço de 25$000, das terras de suas propriedades sitas na Barra do Rio Guaratuba denominadas "Caiová", cujas terras principiam no cume do morro da estrada que vem para a "Esprainha" correndo à mesma para a parte do norte em a parage chamado o Matinho" (Joaquim da Silva Mafra. História do Município de Guaratuba : 1952, 113). Provedoria Geral da Comarca de Paranaguá e Curitiba. Documento nº 5388. Guaratuba, ano de 1827. Ursula da Costa Resende, testamenteira do falecido seu marido Joaquim de Miranda Coutinho. Arquivo do 1º Civel de Curitiba. Testamento de Joaquim de Miranda Coutinho, datado de 3/6/1821. Nesta paragem denominada Cayoba, distrito da vila de São Luiz de Guaratuba. Declaro que sou natural da vila de Paranaguá, filho legítimo do Capitão Miguel de Miranda Coutinho e de sua mulher Izabel da Silva já falecidos. Declaro que sou casado com a senhora Ursula da Costa de cujo matrimônio não tivemos filhos.Declaro que deixo a Felizardo uma sorte de terras neste mesmo lugar do Córrego Seco até o Rio Guvidibaquera e tudo a minha afilhada Derfina. Deixo meu espadim de prata a Felizardo. Declaro que tenho na mão de meu sobrinho José Gonçalves 11 doblas. Para servir nas Missas e ofertas aos pobres. Para testamenteiro o Capitão-Mor Manoel de Miranda Coutinho, minha mulher e a Antonio dos Santos Bueno. Deixo forra minha mulatinha Ana e a escrava Rufina encostada a sua senhora. Faleceu Joaquim de Miranda Coutinho a 10/12/1821. Vigário Francisco de Paula Miranda Henriques. Felizardo Bernardo, assinava em cruz. Felisberto de Miranda (cruz) recebeu algumas roupas. Delfina Maria (cruz), afilhada, recebeu terras Guaraituba. Antonio de Miranda (cruz), afilhado, recebeu um cultivado de terras em Guaraituba. 1-1-5 Maria de Jesus de Miranda, natural de Paranaguá. Casou com José Gonçalves Lopes, natural de Nossa Senhora da Conceição de Gralhas, termo da vila de Monte Alegre, Braga, 16 Portugal, filho de Bartolomeu Gonçalves e de Maria Lopes (registro de Isabel Gonçalves de Miranda no processo de genere do Padre Antonio Gonçalves Marques). Inventário de José Gonçalves Lopes (processo 4065, caixa 199 – DEAP), com testamento datado de 1804. Filhos: 1-1-5-1 Isabel 1-1-5-2 Miguel Gonçalves de Miranda. Ajudante (GPr-5, 178). Casado com Maria Isabel do Carmo. 1-1-5-3 Maria, falecida no testamento de seu pai. Foi casada com Ignácio do Amaral e tiveram a filha Demétria. 1-1-5-4 Joana 1-1-5-5 José 1-1-5-6 Úrsula 1-1-5-7 Eufrásia, consta como aleijada no testamento de seu pai. 1-1-5-8 Ana 1-1-5-1 Isabel Gonçalves de Miranda, nasceu em Guaratuba em 7/9/1782 e foi batizada ao 15/9/1782. Filha de José Gonçalves Lopes e de Maria Jesus de Miranda. Neta paterna de Bartolomeu Gonçalves e de Maria Lopes e neta materna do Capitão Miguel de Miranda Coutinho e de Dona Isabel da Silva. Padrinhos Francisco de Miranda Coutinho, solteiro e Ana Teixeira Marinho, mulher de Custódio Rodrigues. Isabel Gonçalves de Miranda casou em Paranaguá, em 22/11/1810, com Manoel Marques de Jesus, natural de Albergaria Velha, Aveiro, Portugal, filho de Alexandre Ferreira Marques e de Ana Rodrigues Martins (Arquivo da Cúria de São Paulo - Estante 2, Gaveta 80, número 1459, ano de 1845. Processo de genere do Padre Antonio Gonçalves Marques). 1-1-5-1-1 Manoel Gonçalves Marques. Batizado em 2/11/1811. Comerciante em Morretes e Porto de Cima. Comendador da Ordem de Cristo e da Rosa. Tenente-Coronel da Guarda Nacional. Foi Deputado Provincial na primeira Assembléia Legislativa do Paraná em 1854. Faleceu em Paranaguá em 6/8/1880 (Maria Nicolas, 130 Anos de Vida Parlamentar Paranaense. Genealogia Paranaense, V5, 182). 1-1-5-1-2 Antonio Gonçalves Marques. Batizado em Paranaguá em 26/8/1817 (Livro 9, 111). Por padrinho José Gonçalves de Miranda e sua mulher Maria Isabel. Padre (Processo de genere, ano de 1845 / 2-80-1459. Microfilme 1251312 LDS). Em 1845 possuía 1400 braças de terras em Paranaguá no lugar denominado de Olho d'água, parte ao sul com o Ajudante 17 Miguel Gonçalves de Miranda e ao norte com terras de Joaquim José Tavares, frente com o mar grosso, que lhe deram seus pais Manoel Marques de Jesus e Isabel Gonçalves de Miranda (fl. 44). Foi padre em Paranaguá, onde faleceu em 28/9/1854 (Negrão, GPr-5, 187). 1-1-5-1-3 Anna Gonçalves Marques (GPr- 5,184). Casada com José Luiz de Barros 1-1-5-1-4 Maria Gonçalves Marques (GPr-5, 188). Batizada em Paranaguá aos 2/10/1819. Casada em 12//12/1843 com José da Cunha Marques, filho de José Marques da Cunha e de Maria Joaquina de Aleluia. 1-1-5-1-5 José Gonçalves Marques (GPr-5, 188). Batizado em Paranaguá, nascido aos 24/10/1821. 1-1-5-1-6 João Gonçalves Marques (GPr-5, 188). Batizado em Paranaguá aos 4/7/1813, Capitão. 1-1-6 Francisco de Miranda Coutinho. Natural de Paranaguá. Passou para São Francisco do Sul, com sesmaria no Rio do Piraí e terras na frente do chamado "Pão de Açúcar". Capitão das Ordenanças. Foi Juiz de Órfãos em São Francisco do Sul em 1818 e ocupou os cargos da governança da referida vila. Casou com Ana Jacinta Pereira, filha de Gabriel Pereira do Bonsucesso, natural de Paranaguá e de Ana Jacinta da Costa, natural da Colônia do Sacramento. O casal teve os seguintes filhos, de acordo com pesquisas de Antonio Roberto do Nascimento, o precursor da investigação genealógica em São Francisco do Sul: 1-1-6-1 Maria Jacinta de Miranda 1-1-6-2 Francisco de Miranda Coutinho 1-1-6-3 Miguel de Miranda Coutinho 1-1-6-4 Cândida Maria de Miranda 1-1-6-5 Maria Clara de Miranda 1-1-6-7 Joaquim 1-1-6-8 Maria Rosa 1-2 Helena de Miranda Coutinho. Casou com o Capitão João Duarte Silveira, natural da Ilha do Faial. Foi Ouvidor em Paranaguá no ano de 1752 (AHU - SP 16.596). Ainda eram vivos e com 10 escravos na lista de habitantes de Paranaguá em 1772 (AHU - códice 2105). O 18 testamento de Helena data de 1793, sendo testamenteiro o Alferes Antonio Carvalho Bueno, testamento extraviado e contando apenas 3 folhas rasgadas na Cúria de São Paulo. De acordo com o Livro das recepções dos irmãos da V. O . 3ª da Penitência de Paranaguá, 1744-1794, manuscrito no Círculo de Estudos Bandeirantes da PUC de Curitiba, Helena de Miranda Coutinho foi casada com João Duarte Silveira, natural da Ilha do Faial, Bispado da Terceira, e que vivia de suas lavouras com pouco mais ou menos 60 anos em Paranaguá, em novembro de 1762, quando foi depoente no processo de genere de Antonio Rodrigues Ferreira (Arquivo da Cúria de São Paulo). 1-2-1 Rosa Maria de Jesus Ingressou na Ordem 3ª de Paranaguá em 9/10/1765, folha 38. 1-2-2 João Silveira de Miranda. Natural de Paranaguá. Alferes, pouco mais ou menos 36 anos em 1776 (JP 1138). Casado com Rita Maria de Cassia. Na lista de habitantes de Paranaguá de 1772 contava João Silveira com 32 anos e sua mulher Rita de Cássia com 33 anos. Morava no Rio dos Maciéis e possuíam 4 escravos e um sítio com meia légua e faziam cal. Tinham os seguintes filhos : Maria – 6 anos, Ana – 4 anos, Maria – 2 anos e Maria – 1 anos. Em 1778 estava ou morava no Rio de São Francisco (JP 1204). Ainda teve os filhos: 1-2-2-5 Ignacio Bonifácio da Silva do Espírito Santo casado em 18/1/1809 com Maria Bueno da Rocha, filha de Paulo da Rocha Dantas e de Maria Bueno da Rocha em São José dos Pinhais (Genealogia Paranaense V4, 218). 1-2-2-6 José Francisco de Godoy (o sobrenome é estranho ?), Capitão, natural de Guaratuba, Tabelião e Juiz de Órfãos em Antonina, Paraná, filho do Alferes João Silveira de Miranda e de Dona Rita Maria de Cássia, tendo sido casado com Dona Antonia Vaz de Castro (Antonina. Factos e Homens. Ermelino Agostinho de Leão 1918-1926, fac-simile 1999, pg 119-120). 1-2-2-1 Maria Clara do Rosário. Casou com Julião José de Oliveira. 1-2-2-1-1 Capitão João Silveira de Miranda, natural de São Francisco, filho legítimo de Julião José de Oliveira e de Maria Clara do Rosário. Casou em Morretes, no Paraná, a 21/VII/1837 (Informação de Hugo Klat) com Maria Miró, de Morretes, filha legítima de Manoel Miró e de Escolástica Maria de Freitas. João Silveira de Miranda nascido em Santa Catarina e falecido em Curitiba em 1880 está na Genealogia Paranaense com grande descendência abaixo transcrita (Genealogia Paranaense V5, 46-53). 19 1-2-2-1-1-1 Coronel Emílio Silveira de Miranda, casado em 2/1/1858 com Maria Francisca Ribas 1-2-2-1-1-2 Major Arlindo Silveira de Miranda, negociante e fazendeiro de gado em palmas, Paraná, casado com Maria Candida de Oliveira 1-2-2-1-1-3 Manoel de Silveira Miró, participou da Guerra do Paraguai nas operações no sul de Mato Grosso na célebre retirada da Laguna. Morreu em função de cólera e pediu para ser enterrado em terra brasileira, no Mato Grosso, em Belo Jardim. 1-2-2-1-1-4 Maria Clara Silveira, casada com Joaquim Pedro da Rocha 1-2-2-1-1-5 Escolástica Silveira de Miranda, casada com o Capitão Francisco Antonio Nóbrega e em segundas núpcias com o Tenente Coronel José Gomes do Amaral, médico veterano da campanha no Paraguai 1-2-2-1-1-6 Maria da Luz Silveira Miró, casada com Francisco Miró 1-2-2-1-1-7 Coronel Augusto Silveira de Miranda, Comissário e Chefe de Polícia no Paraná, casado com Maria Ferreira Leite 1-2-2-1-1-8 Capitão de Fragata Bernardo Silveira de Miranda casado com Beatriz Ferro Cardoso 1-2-2-1-1-9 Lúcia Silveira, casada com Sebastião Francisco Grillo 1-2-3 Ana Silveira de Miranda. Natural de Paranaguá e falecida no Rio de São Francisco aos 1/5/1815 com pouco mais ou menos 70 anos. Casada com o Capitão-Mor Francisco Fernandes Dias, cuja descendência e ascendência está no título Fernandes Dias da Genealogia Francisquense do insigne genealogista e parente Antonio Roberto Nascimento, no que apresentamos o resumo do inventário do Capitão-Mor Francisco Fernandes Dias: Provedoria Geral da Comarca de Paranaguá. Rio de São Francisco. Processo número 5049, ano de 1821. Autos civeis de contas de testamento. Jacinto Fernandes Dias testamenteiro do falecido Capitão-mor Francisco Fernandes Dias. Testamento do Capitão-mor Francisco Fernandes Dias datado de 6/1/1818. Testamenteiros os filhos Jacinto Fernandes Dias, o Alferes Manoel Fernandes Dias e Francisco Fernandes Dias. Declarou ser natural desta vila e 20 que foi casado com Dona Ana da Silveira de Miranda, "minha muito amada e prezada esposa", já falecida. Deste casamento tiveram doze filhos dos quais se acham vivos: 1.2.3.1 Dona Antonia Isabel 1.2.3.2 Alferes Manoel Fernandes 1.2.3.3 Francisco Fernandes 1.2.3.4 Dona Ursula 1.2.3.5 Jacinto Fernandes 1.2.3.6 Alberto Fernandes 1.2.3.7 João Fernandes 1.2.3.8 Bernardino Fernandes 1.2.3.9 Dona Antonia, mulher de José Joaquim 1.2.3.10 Miguel Fernandes E pelo falecimento de Dona Maria, representam os dois órfãos Francisco e Rosa. Deixo uma dobra para meu filho Alberto Fernandes Dias e outra a minha filha Dona Ursula. Deixo de esmola a uma órfã de nome Maria que vive em companhia de João uma dobra. Deixo aos pobres dos mais necessitados que viverem nesta vila uma dobra no dia do meu enterramento. Tenho contas com Francisco de Paula Reis – 50$000. 64$000 a meus filhos Bernardino e Miguel. Joaquim José de Oliveira, Juiz de Órfãos O Capitão-Mor Francisco Fernandes Dias, 83 anos. Foi enterrado no dia 12/1/1818 nesta Igreja Matriz, acompanhado da irmandade do Santíssimo Sacramento. Folha 10, recibo de Dona Ursula Silveira de Miranda no valor de 12$800 e de Alberto Fernandes Dias, no mesmo valor, assinado pelo seu irmão Manoel Fernandes Dias (anexo). No verso há o recibo de uma dobra de Maria Felicia de Jesus. 1 dobra. Cerca de 1$100 ou 1$050 para dada um: José da Silva de Andrade, Antonio Tavares, Manoel da Mota, José Gomes, Ignacio do Riacho, Manoel Aleijado, Antonia Correa, Izabel Maria de Jesus, Helena, Ana Gonçalves, Domingos da Rocha, Maria Antonia. Há uma lista de bens móveis e de raiz que ficaram para o legatário Manoel Ferreira de Sousa, cabeça de sua mulher que lhe ficou por falecimento do seu avô, somando 161$387, inclusive parte da casa da vila na Rua da Fonte com 30$000 e o sítio das terras no Peroba com 57$607 nas duas listas. Na lista de bens de uso cotidiano aparecem calças inglesas. O neto Francisco também recebeu o equivalente a 161$387. Existem muitos elementos para a história do cotidiano nestes itens. 21 O 1-2-3-2 Alferes Manoel Fernandes Dias13, inventariado em 1850 em São Francisco do Sul, casou com Maria Antonia Moreira, filha de João Afonso Moreira e de Helena Dias de Santana, neta paterna de Marcos Afonso Moreira e de Catarina Cardoso. Marcos Afonso Moreira tinha uma casa na vila e a sua fazenda ficava na Enseada (Antonio Roberto Nascimento. Os Fernandes Dias). No casamento de Antonio Affonso Moreira com Ana Maria de Jesus, aos 15/6/1772, em São José dos Pinhais, constam como pais do noivo a Marcos Affonso Moreira e Catarina Antonia Cardoso de Siqueira e como pais da noiva a Estevão Ribeiro Bayão e Feliciana Fernandes dos Reis. O noivo era neto paterno de Antonio Affonso e de sua mulher Luzia Moreira. Neto materno de Marcos Antonio Espanhol e de Clara Cardosa, todos da paróquia de Nossa Senhora da Graça do Rio de São Francisco. A noiva era neta paterna de Antonio Ribeiro Bayão e de Maria de Siqueira e neta materna de João Martins Leme e de Catarina Pinta. Primeiro Livro de Casamentos de São José dos Pinhais 1-2-4 Maria Silveira de Miranda. Natural de Paranaguá. Casada com o Alferes Antonio Carvalho Bueno, filho do Capitão João Carvalho de Assunção e de Maria Bueno da Rocha, natural de Curitiba e morador em Guaratuba (Genealogia Paranaense V4, 214). Alferes, primeiro Juiz Ordinário de Guaratuba em 1771. Foi preso pelo Ouvidor em 1781 por matar Guarás, rubra e bela ave há muito tempo extinta do litoral paranaense, e logo solto pelo Governador. Suicidou-se em 30/8/1809 em Matinhos, onde deveria ter o seu sítio (Joaquim da Silva Mafra. História do Município de Guaratuba, 101). Na Lista de habitantes de Guaratuba de 1795 possuía 3 escravos e aparecia com 61 anos e sua mulher Maria Silveira de Miranda com 51 e com os seguintes filhos : Antonio – 17, José – 14, Teresa – 23, Maria – 20 e Valentina – 18. 1-3 Agostinho de Miranda Coutinho. Falecido com cerca de 75 anos de acordo com o seu obituário datado de 3/12/1795 em São Francisco do Sul. Agostinho de Miranda Coutinho foi casado com Maria Pereira da Silva, sem deixar filhos de seu casamento. Provedoria dos Resíduos da Comarca de Paranaguá. Autos Cíveis de Conta de Testamento. Vigário da Vara Bento Gonçalves Cordeiro como testamenteiro da falecida Dona Maria Pereira da Silva. Vila do Rio de São Francisco. Ano de 1810. Documento nº 4461. Arquivo do 1º Cível de Curitiba. Testamento datado de 4/7/1807. Testamenteiros: Reverendo Vigário 13 Meus 5° avós de acordo com a pesquisa de Antonio Roberto Nascimento, de Joinville. 22 da Vara Bento Gonçalves Cordeiro, Senhor Manoel Machado Lima e o Senhor meu irmão Capitão-Mor Francisco Fernandes Dias. No dia do meu falecimento ou no outro seguinte dará o meu testamenteiro de esmola aos pobres 20$000. Assim mais ordeno a meu testamenteiro depositar em benefício dos pobres a seu arbítrio 100$000 conforme a maior ou menor necessidade de cada um destes sendo todos desta freguesia e no número destes preferiram primeiramente aqueles pobres que me correr pelas veias de consangüinidade a fim de mais nomes no número destes quero entre minha afilhada Maria da Graça se me sobreviver a esta se dará 12$800. Deixo a meu afilhado Manoel Fernandes Dias por esmola 50$000. Deixo de esmola ao senhor Manoel Machado Lima 100$000 e assim mais todas as minhas roupas novas e velhas.Deixo a minha afilhada Maria filha do sobredito senhor Manoel Machado Lima a minha mulatinha de nome Ana e além mais do ouro lavrado de meu uso um caixilho com um cordão um par de brincos um laço e um anel do melhor que houver. Deixo a meu afilhado Agostinho filho do senhor Manoel Machado Lima do mesmo ouro do meu uso dois pares de botões de punho três talheres de colheres e garfo de prata e mais um par de fivelas de prata. Deixo de esmola a minha afilhada Maxima mulher do senhor Francisco Lopes de Sousa 50$000. Deixo a todos os meus sobrinhos filhos e filhas de minha irmã e irmão 20$000 a cada um deles com a exclusão dos dois acima doados com declaração de que se falecer antes mim algum ou alguns dos sobrinhos passará a mesma a seus respectivos herdeiros Deixo a minha afilhada filha do senhor Manoel Vieira da vila de Guaratuba 20$000. Deixo de esmola a minha afilhada Maria Clara filha de meu sobrinho José de Miranda Coutinho 20$000.Deixo de esmola a Maria de Oliveira Falcão 12$800. Deixo de esmola a Tereza filha do Alferes Antonio Carvalho Bueno da vila de Guaratuba 20$000. Deixo a minha afilhada Ana filha de José Alves Pereira 12$800. Deixo a João de Oliveira Falcão e a seu filho José a cada um 12$800. Deixo de esmola a senhora Ana viúva de Francisco de Oliveira Falcão 12$800. Deixo de esmola ao senhor Clemente de Oliveira Falcão e a Ignacio de Oliveira Falcão e a Feliciano de Oliveira Falcão a cada um deles 12$800. Ordeno que se mande dourar a coroa de prata da Senhora da Graça e mande fazer de ouro o resplendor de seu Filho tudo para adorno de minha Soberana Padroeira para cujo fim deixo 300$000, a sobra será entregue para a Irmandade do Santíssimo Sacramento. Ordeno que meu testamenteiro dê de esmola a meus escravos Gabriel e Francisco 12$800 a cada. Ordeno mais o meu testamenteiro dê de esmola da fazenda o valor de 3$000 a cada um dos meus escravos acima de 4 anos. Ordeno mais que não é de minha vontade que os ditos meus escravos sejam arrematados em praça, mas sim seja livre meu testamenteiro em mandar avaliar vender-lhes aqueles senhores que cada um deles elegerem dando para isso o termo de trinta dias. Declaro que por meu falecimento deixo as duas minhas escravas Ana minha mocamba (sic) e Maria minha afilhada libertas como constará também de livro de notas onde se acha lançado a escritura de sua alforria. Declaro nomeio e constituo por meu legítimo e universal herdeiro por não ter algum outro forçado, depois de inteira paga de minhas dívidas ... a meu afilhado Agostinho, filho legítimo do senhor Manoel Machado Lima, a quem tenho criado como filho e por tal nomeio. Declaro que se por algum incidente falecer a dita criança fica passado a seus irmãos filho e filha do senhor Manoel Machado Lima.Deixo toda a roupa de meu uso a minha afilhada Antonia mulher do senhor Manoel Machado Lima. Declaro deixar de esmola a Manoel, filho do senhor Manoel Machado Lima 20$000. Assinado por José Caetano da Costa na sobredita vila no sítio da Enseada. Abertura 18/5/1808. Nos recibos despendeu a testadora 48$000 com a sua esmola de 3$000 para cada um dos seus escravos maiores de 4 anos, somando no total 16 escravos. Ana e Maria alforriadas. Para as suas parentas pobres : Assinou Francisco de Paula Reis por Nazaria Correa (?) 4$000. Recebeu a mulher de Antonio Pedro de Miranda e afilhada da testadora (assinou em cruz) -6$000. Assinou Manoel Antunes Menezes. Recebi do testamenteiro Reverendo Vigário...testamenteiro da falecida D. Maria Pereira da Silva minha Tia. Assinou Manoel Machado Lima a rogo de Antonia de Menezes - 4$000, esmolas que a dita falecida deixou a seus parentes e mais pobres. Helena de (Amarar ou Arriolas ? ) - 3$200. Maria Fernandes - 3$840. Assinou Francisco Leite de Morais. Órfã e pobre - Izabel Maria de Siqueira Fernandes - 4$000. Assinou Julião José de Oliveira. (...) que a dita falecida deixou em seu testamento as pobres e suas parentas, sendo uma delas minha mulher Maria Luiza. Assinou o próprio Antonio Affonso da Costa - 3$200 Izabel Francisca da Silva... que em seu testamento deixou aos pobres a 23 falecida - 3$200. Assinou Joaquim José de Oliveira. Ana Maria Francisca ...deixou aos pobres – 4$000. Assinou Joaquim José de Oliveira. Ana Corea(?) da Silva e minha filha Francisca - 3$200 cada uma. Escreveu Jacinto Fernandes Dias. (...) a dita falecida deixou aos pobres e como eu sou uma delas. Ana do Nascimento, viúva - 2$240. Assinou José Caetano da Costa. Recebi do Muito Reverendo Snr. Vigário de Vara Bento Gonçalves Cordeiro testamenteiro da falecida Dona Maria Pereira da Silva a quantia de 8$920 esmola que deixou a dita falecida a seus parentes pobres e por ser eu primo e irmão da mesma defunta me foi dado como pobre a referida esmola... “Assino a rogo de Antonio Tavares de Miranda” - Julião José de Oliveira. (...)que a falecida deixou a seus parentes pobres e por minha companhia se acham quatro órfãos... Por não saber ler nem escrever roguei a meu genro João Machado Pereira. Assino a rogo de Izabel Maria de Jesus - 8$000, ass. João Machado Pereira. (...) deixou aos pobres... Maria, filha de Manoel dos Santos. Assinou o Alferes Manoel Antunes de Menezes - 3$200. (...)deixou a dita falecida a suas parentas pobres das quais sou eu uma... Rita Correia. Assinou Manoel Pereira da Costa - 3$200. (...) a suas parentas pobres e por ser eu uma delas... Josefa Maria Correia. Assinou Manoel Pereira da Costa - 4$000. (...) a suas parentas pobres e por ser eu uma delas... Antonia Maria Correia. Assinou Manoel Pereira da Costa - 4$000.Digo que Ana Pires dos Santos... deixou aos pobres... mais recebi outra igual de 3$840 para vestir uma órfã minha neta de nome Maria. Assinou Julião José de Oliveira. Recebeu Maria da Graça - 12$800. Ass. Alferes Manoel Pereira da Costa. Recebi ... a minha filha Anna sua afilhada (da falecida). Ass. José Alz (?) Pereira 12$800. Recebi 20$000 Ass. em cruz de Tereza de Jesus Maria. Guaratuba 15/8/1808. João Baptista de Oliveira. Tabelião de Guaratuba. Recebi 40$000. Vinte mil a minha mulher e vinte mil a minha filha Izabel. Ass. Manoel Vieira do Nascimento. Guaratuba 15/8/1808. Recebi a quantia de 20$000 que a dita falecida deixou de esmola a minha mulher Izabel Antonia de Miranda eu o recebi como cabeça da dita minha mulher. 28/8/1808. José Gomes de Oliveira. Recebi 20$000 como cabeça de minha mulher. Francisco de Sá da Costa. Recebi como tesoureiro da Santa Irmandade de Nossa Senhora da Graça Padroeira desta vila... uma coroa de prata dourada para ornato da mesma Senhora e um resplendor de ouro para o Menino Deus que tudo importa em 239$470. Também recebi 160$520 o resto de 400$000 que foram deixados pela testadora a esta Santa Irmandade. Ass. José Ferreira de Sousa. Digo eu José Joaquim de Souza por cabeça de minha mulher D. Antonia Fernades da Silveira, sobrinha da falecida - 20$000.Recebi do testamenteiro 14$400, a saber 8$000 de aluguéis de um ano das casas da Irmandade em que moro a dita falecida e 6$400do anual do presente ano. Ass. José Joaquim de Souza.Recebi 20$000 como cabeça de minha mulher Maria Antonia de Miranda como sobrinha da dita falecida. Ass. Manoel Pereira da Costa. Recebi 50$000 da minha falecida Tia. Ass. Manoel Fernandes Dias. Feliciano de Oliveira Falcão - sete doblas. Uma que me pertence, outra a minha mãe Ana Ribeira, outra a minha irmã Maria de Oliveira, outra a meu irmão João de Oliveira Falcão, outra a seu filho e meu sobrinho José, outra a meu irmão Ignacio de Oliveira Falcão, outra a minha cunhada Francisca Ribeira, mulher que foi de meu irmão Clemente de Oliveira Falcão já falecido. Todas juntas fazem a quantia de 89$600. Roguei que José Gomes Touguinho fizesse e eu assinei - Feliciano de Oliveira Falcão. Recebi 20$000. Ass. Jacinto Fernandes Dias. Recebi 20$000 a minha filha Maria Clara. Ass. José de Miranda Coutinho. Recebi da minha Tia 20$000. Ass. João Fernandes da Silveira. Recebi 100$000 e mais 20$000que deixou a sua sobrinha Antonia Clara da Sª minha legítima mulher e assim mais 20$000 a meu filho Manoel e ainda quanto tocou a meu filho Agostinho seu instituído e universal herdeiro. Como legatário e curador de meus filhos. Manoel Machado Lima 25/6/1808.Recebi 20$000. Ass Francisco Fernandes Dias. Recebi da falecida minha irmã D. Maria Pereira da Silva 80$000 a seus sobrinhos meus filhos, a saber - Bernardino, Miguel, Ursula, e aos dois herdeiros de minha filha Maria, já falecida. Ass. Francisco Fernandes Dias. Recebi 20$000. Ass. Alberto Fernandes Dias. Recebi da falecida 50$000 a minha mulher Maxima Pereira da Silva, sua sobrinha. Ass. Francisco Lopes de Souza. Recebi 20$000 a minha mulher Antonia Izabel Fernandes, sua sobrinha. Ass. José Ferreira de Souza. 3/7/1808. Recebi 4$000 da minha irmã D. Maria Pereira da Silva que deixou para as pobres suas parentas o que recebi para vestuário de uma sua sobrinha órfã que reside em minha companhia. Ass. Francisco Fernandes Dias. 3/8/1812. 24 Nos últimos recibos, ao lado de vários referentes às disposições religiosas e Missas.Na folha 38 o testamenteiro Padre Bento Gonçalves Cordeiro justifica ter realizado o inventário antes de uma lei que impedia os legados profanos. 1-4 Manoel de Miranda Coutinho. Tenente de Auxiliares na Lista de Habitantes de Paranaguá em 1772. Contava então com 56 anos e era casado com Antonia Roiz, com 40 anos de idade. Tinham os seguintes filhos: Maria com 15 anos, Anna com 13 anos, José com 9 anos e Rosa com 7 anos. Possuíam 13 escravos, destes 6 menores, 2 moradas de casas, uma de aluguel, um sítio com 200 alqueires de farinha (31 - fl 98a). 1-4-1 Rosa Maria de Miranda. Casou com o Capitão José Bernardo Munhoz, com os seus ascendentes já apresentados no início deste artigo. (Arquivo da Cúria de São Paulo. Dispensas e habilitações matrimoniais 2075-41-6, ano de 1795). 1-4-1-1 Ana Rosa de Miranda. Casou com Anastácio de Freitas Trancozo, viúvo de Maria do Rosário, morador em Antonina. (Arquivo da Cúria de São Paulo. 5546-74-9. Dispensas e habilitações matrimoniais, ano de 1826). 1-5 Maria de Miranda Coutinho. Escritura de 20/4/1793, em que D. Isabel da Silva, mulher do Capitão Miguel de Miranda Coutinho, "transferiu terras de sua propriedade sitas no lugar chamado Piraquê-Mirim, a dita meia léguas de terras que foram de sua cunhada Maria de Miranda Coutinho; e pela parte do Norte , com terras que foram dos padres Jesuítas pertencentes hoje a Sua Majestade, servindo de testada a praia, com seus fundos de uma légua para o Sertão" (Silva Mafra, História do Município de Guaratuba 114-115). Foi a pessoa que denominou a "Praia de Maria Miranda" (Vieira dos Santos - Memória Histórica de Paranaguá : 1922, 224). Na lista de habitantes de 1772 possuía 6 escravos e dois agregados. 1-6 Amaro de Miranda Coutinho. Capitão. Natural de Paranaguá. Em 1761 declarou ser casado e viver de suas lavouras e ter mais ou menos 38 anos em um processo (JP 1064 CX 54, DEAP-PR), o que indica o seu nascimento por volta de 1723. Patente de Capitão das Ordenanças em 2/3/1763 (Secretaria de Estado do Brasil. Cod128, Vol16, fl.5v.- AN-RJ). 25 Assina a lista dos moradores da Terra Firme de São Francisco do Sul em 1787. Era da governança de São Francisco do Sul e foi Juiz Ordinário em 1771 e em 1788. Falecido em São Francisco do Sul a 8/10/1797 e com seu inventário e testamento no DEAP-PR (JP 120 CX 70), em que declarava ter sido casado com Dona Margarida Tavares de Siqueira, supomos que filha do Capitão-Mor João Tavares de Miranda e de Dona Clara Fernandes. Consta no testamento ter tido dez filhos, dos quais sete machos (muitos dos nomes dos filhos não foram descritos no testamento, talvez por terem recebido a sua parte anteriormente ou por falecimento). Presente nos autos e no termo de ereção e fundação de Guaratuba em 1771. 1-6-1 Ana Maria de Miranda casada com. Antonio de Oliveira Cercal14. Moradores em São Francisco do Sul. Possuidor da Sesmaria da Cachoeira. (Secretaria da Agricultura de SC. Microfilme PCT-197. Príncipes de Joinville). 1-6-2 Maria Catarina casada com. Antonio Correia de Lemos. 1-6-3 Uma filha desconhecida casada com Manuel de Oliveira Cercal (o nome dela não foi citado no testamento, apenas o de Manuel de Oliveira Cercal foi referido como genro, deve ter sido a primeira esposa dele). 1-6-4 José Manuel de Miranda (testamenteiro de Amaro de Miranda Coutinho, no que presumimos ser o filho mais velho presente no Rio de São Francisco do Sul naquele momento). Casado com Ana Joaquina de Andrade. 1-6-4-1 Theodoro (certificado como filho de José Manuel de Miranda, registro de um assento de batismos em São Francisco do Sul em 5/1/1806 e de Ana Joaquina, mãe de Theodoro, assento de 22/6/1801). 1-6-4-1-1 Ana Joaquina de Miranda (DEAP. Registro de terras de Paranaguá, ano de 1854, nº 262) 14 Meus 5° avós (Ricardo Costa de Oliveira). 26 1-6-4-2 Dionizia Maria de Miranda. Foi casada com Luis Tavares de Miranda, filho de Antonio Pereira da Silva e de Paula Moreira 1-6-4-2-1 Ana, batizada em São Francisco do Sul aos 8/12/1805, assento com os quatro avós 1-6-4-3 Catharina de Miranda. Casada com Joaquim Gomes de Oliveira, filho do Alferes José Gomes de Oliveira e de Bárbara Pereira (informações dos batismos de Manoel e de Ana) 1-6-4-3-1 Ana. Batizada em 15/7/1802 em São Francisco do Sul (assento com os quatro avós) 1-6-4-3-2 Manoel. Batizado em julho de 1806. Assento com os quatro avós. 1-6-5 Amaro de Miranda Coutinho (o neto), natural do Rio de São Francisco. Casou com Ana Luísa do Nascimento, filha de Miguel da Cunha Vieira e de Ana Maria Borges, todos de Paranaguá. Batizaram em Paranaguá o filho Agostinho em 15/11/1821 (Nº 599, assento com os quatro avôs). 1-6-6 Antonio Dionizo de Miranda, natural do Rio de São Francisco, filho do Capitão Amaro de Miranda Coutinho e de Margarida de Siqueira. Casado a primeira vez com Ana Maria da Cruz, natural de Paranaguá, filha de José Tinoco e de Maria Antonia da Cruz (informações no batismo de Justina). Casou Antonio Dionizo de Miranda a segunda vez em 7/6/1834 com Ana Rosa, filha de Joaquim Álvares de Siqueira e de Rosa Ferreira (Paranaguá, L2, 10). Na Lista de Habitantes de Paranaguá de 1830 Antonio Dionizo de Miranda possuía 55 anos e estava casado com Ana Rosa, com 37 anos. Tinham os seguintes filhos: Manoel- 15 Egídio- 13 Francisco – 9 Maria – 19 Francisca – 11 Vivia da sua lavoura e produzira 56 alqueires de farinha, com dois escravos. 1-6-6-1 Justina, batizada em Paranaguá em 6/10/1820 (nº 597), por padrinho Manuel Carneiro dos Santos e Francisca Esmeria da Luz França, por procuração que apresentou Joaquim Antonio Guimarães e sua mulher Dona Ana Maria da Luz. 27 1-6-6-2 Manoel Tavares de Miranda, 61 anos no alistamento eleitoral de 1880 em Paranaguá, filho de Antonio Dionisio de Miranda (DEAP. 1880, AP-594, fl 82) e de Ana da Cruz. Casou em 5/8/1883 com Maria Caetana de Sousa (L1, 55). Faleceu em 15/4/1881 em Paranaguá com 66 anos. 1-6-6-2-1 Guilherme Xavier de Miranda. Batizado em Paranaguá, 22/1/1844 (L16, 260) Genealogia Paranaense, V3, 253. Grande empresário da erva-mate. Foi um dos maiores capitalistas da sua época. Prefeito de Curitiba em 1894. Com geração na Genealogia Paranaense. 1-6-6-2-2 Antonio Tavares de Miranda, 38 anos no alistamento eleitoral de 1880 (DEAP 1880, AP594, fl 87) 1-6-6-3 Egídio. Batizado em Paranaguá aos 6/10/1816 (n°226). 1-6-6-4 Fernando Amaro de Miranda, batizado em 24/6/1831, filho de Antonio Dionisio de Miranda, do Rio de São Francisco e de Ana Rosa, sua segunda esposa. Foram padrinhos Manoel Gonçalves Marques e Ana Maria Ferreira. Considerado o primeiro poeta paranaense. Patrono da Academia Paranaense de Letras. Faleceu em Morretes, Paraná, no dia 16 de novembro de 1857. É o nome de uma das praças centrais de Paranaguá. 1-6-6-5 Florencia. Batizada em 16/11/1834. O pai Antonio Dionísio de Miranda foi dado como morador no Ribeirão. 1-6-7 Manuel Amaro de Miranda, natural do Rio de São Francisco, nascido p.v. de 1757, casado e com 50 e tantos anos em um processo de 1810 (JP 287 CX 18). 46 anos em 1803. Da governança de Paranaguá em 1812 (Vieira dos Santos, Memória Histórica de Paranaguá 222). Alferes. Casou com Catarina Maria (Paranaguá, L4, nº 978). 1-6-8 Inácio Tavares de Miranda, natural do Rio de São Francisco, nascido por volta de 1764, casado e com 46 anos em um processo de 1810, irmão do Tenente Manoel Amaro de Miranda, inventariado em 1817 e de Amaro de Miranda Coutinho (Processos Gerais Antigos, 28 Arquivo da Cúria de São Paulo). Da governança de Paranaguá em 1811e 1812 (Vieira dos Santos, Memória Histórica de Paranaguá 213, 217). Cidadãos Paranaguenses da nobreza mais principais que serviram nos cargos da governança desde 1750 a 1800 (VS, 195). Na Lista de Habitantes de 1830, 5ª Cia. Possuía 65 anos e era casado com Ana Maria de Souza, com 51 anos, natural de Paranaguá. Possuía 17 escravos, 150 alqueires de farinha, um engenho de aguardente. Capitão. Com o casal ainda residiam os filhos João com 19 anos, Manoel com 17 anos e a neta Bernardina com 6 anos. Teve também pelo menos mais as seguintes filhas Catarina, Custódia Maria, Maria Francisca e Ana Maria. 1-6-8-1 Maria Francisca de Paula. Casou com Manoel José da Rocha, filho de Joaquim José da Rocha e de Isabel Maria, da Ilha de Santa Catarina. Filho Joaquim (L11, 11/3/1827). 1-6-8-2 Custódia Maria. Casou com Bernardo José Mendes, natural de Lisboa, filho de Paulino José Mendes e de Maria Francisca. Foi batizada a filha Maria em 2/12/1820. 1-6-8-3 Catarina Maria de Sene. Casada com Bernardo José Mendes (deve ter enviuvado da anterior e casou com a irmã). Batizaram Bernardina em 11/5/1822. 1-6-8-4 Manoel Liberato de Miranda. Com 64 anos no alistamento eleitoral de 1880 de Paranaguá (0594, fl.89). 1-6-8-5 Luis Carmeliano de Miranda (gav10, est10, livro5839. Habilitações e dispensas matrimoniais. Arquivo da Cúria de SP). 1-6-9 Joaquim de Miranda Coutinho, nascido por volta de 1778, natural do Rio de São Francisco, certificado em documento da Ouvidoria como filho do Capitão Amaro de Miranda Coutinho, 28 anos mais ou menos em 1806 em Guaratuba (JP259. DEAP). 1-7 Marta de Miranda Coutinho. Inventário no Arquivo da Cúria de São Paulo (Processos Gerais Antigos), Paranaguá, 1799. Testamento datado de 23/3/1796 em Paranaguá. Casou duas vezes, a primeira com Manoel Francisco do Vale e a segunda com Antonio Roiz Afonseca e de nenhum matrimônio teve filhos. Em uma parte se refere a João, sobrinho, filho de meu falecido irmão Miguel de Miranda. Deixou 200 mil réis para a viúva de Amaro de 29 Miranda. Na lista de habitantes de Paranaguá de 1772 aparecia ainda vivo Antonio Roiz Fonseca, casado com Marta de Miranda. Possuía 09 escravos. 1-8 Isabel de Miranda Coutinho. Viúva. Listada no maço de habitantes de Paranaguá em 1772 (DEAP, filme 246). Possuía então 3 escravos e um agregado. Não encontrei nenhuma prova direta de parentesco. Pelo nome tudo indica ser mais uma irmã desta família, ainda mais que aparece na lista ao lado da família de Marta de Miranda Coutinho e do Tenente Manoel de Miranda Coutinho. A família Miranda Coutinho é uma das mais antigas do Paraná e com uma das mais antigas varonias no território paranaense. Centrou-se na clássica estrutura de poder do Brasil Colonial: Sesmaria, patentes nas ordenanças, cargos da governança e posse de escravos. Também era uma família ligada a elementos culturais com a presença de padres e de poetas dentre seus membros. Família do litoral Sul de Paranaguá, possuía extensas faixas de praias que se tornariam balneários no século XX. A presente pesquisa informa somente as primeiras gerações desta importante família do litoral em alguns dos seus ramos genealógicos com importância social, econômica e política ao longo do século XVIII e início do XIX. Um levantamento genealógico completo de todos os descendentes do Capitão Amaro de Miranda Coutinho envolveria muitos milhares de indivíduos e demandaria bastante esforço de pesquisa. O próprio autor do presente levantamento descende por vários e diferentes ramos do referido genearca. ANEXO. ASSINATURA DE AMARO DE MIRANDA COUTINHO Amaro de Miranda Coutinho. A primeira assinatura foi retirada do processo microfilmado n°1150 da Inquisição de Lisboa (LDS), datado da prisão por judaísmo de Amaro de Miranda Coutinho na Bahia, Brasil, de onde foi enviado para Lisboa, em 1711. Fazia parte da grande comunidade de cristãos novos do Rio de Janeiro, sendo primo de Antonio José da Silva. A sua genealogia é conhecida e consta na literatura sobre cristãos novos brasileiros. A assinatura de baixo é a de Amaro de Miranda Coutinho como Juiz Ordinário em Paranaguá e seu Ouvidor Geral, na então Capitania de São Paulo, no ano de 1730 (DEAP. Caixa 137. Doc. 55, folha 30 11). As duas assinaturas apresentam algumas notáveis coincidências, apesar de terem algumas diferenças também e parecem ser da mesma pessoa, de modo que Amaro de Miranda Coutinho teve grande e importante descendência no atual Estado do Paraná e de Santa Catarina, Brasil. A família Miranda ainda hoje continua presente na sua linha masculina e com este mesmo nome na região, depois de trezentos anos de registros. Ricardo Costa de Oliveira, 7° neto de Amaro de Miranda Coutinho. Curitiba - Paraná- Brasil 31/03/2005