LEONARDO JOSÉ DA SILVA SANTOS IMPACTO DOS VALORES PESSOAIS E ORGANIZACIONAIS SOBRE O COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA – CBTU. Trabalho de Conclusão de Estágio Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento Parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientador: Profª. Drª. Sandra Leandro Pereira João Pessoa - PB NOV / 2006 2 A Professora Drª. Sandra Leandro Pereira. Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Estágio do aluno Leonardo José da Silva Santos. João Pessoa, 21 de novembro de 2006. ________________________ Prof. Ivan Ramos Cavalcanti Coordenador do Sesa Parecer do Professor Orientador: _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 3 LEONARDO JOSÉ DA SILVA SANTOS IMPACTO DOS VALORES PESSOAIS E ORGANIZACIONAIS SOBRE O COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL NA COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA – CBTU. Trabalho de Conclusão de Estágio Aprovado em: Banca Examinadora _______________________________________ Drª. Sandra Leandro Pereira Orientadora - DA/CCSA/UFPB ______________________________________ Drª. Maria Valéria Pereira de Araújo Examinadora - DA/CCSA/UFPB ______________________________________ MSc. Esdras Matheus Silva Matias Examinador - DA/CCSA/UFPB 4 DEDICATÓRIA Dedico especialmente à minha mãe Ivete Viturino da Silva que sempre esteve do meu lado em todos os momentos, me apoiando e enchendo a minha vida de alegria com seu amor e atenção. E com grande satisfação também dedico aos meus familiares mais próximos, que juntos me fortalecem, transmitindo segurança para que eu possa alcançar meus objetivos. 5 AGRADECIMENTOS As minhas Tias Dulce e Ester que durante toda a minha vida me apoiaram com carinho e amor. Á minha orientadora, Professora Sandra Leandro Pereira que me auxiliou na concepção deste trabalho de forma sempre muito amável, procurando mostrar o melhor caminho a ser seguido. Aos meus amigos de sala de aula: Niviane, Carol e Bruna que conviveram comigo durante todo esse tempo compartilhando emoções. Aos meus colegas de trabalho: Yanna Klésia, Leonardo Bonardi, João Pedro, José Aldo e Adeilza, que cada um de seu jeito, vieram a contribuir significativamente para a construção desse trabalho. A minha amiga e colega de trabalho Daniela Rosas de Mendonça que além de contribuir bastante para a construção desse trabalho, sempre se mostrou compreensiva e aberta as dúvidas. Ao meu amigo José Caetano Júnior, o qual, além de compartilhar alegrias e tristezas, sempre me auxiliou quando precisei de sua ajuda. E a todo o pessoal que durante o meu curso de Administração da Universidade Federal da Paraíba (Departamento, Coordenação e Professores), facilitou a minha vida acadêmica, ajudando a ampliar meus horizontes. 6 “Depois de algum tempo, a gente aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.” (Autor Desconhecido) 7 RESUMO Nos últimos anos o estudo do comprometimento vem sendo um tema bastante discutido pelas organizações que buscam a melhoria e o diferencial em seus serviços, sendo abordado principalmente por pesquisadores interessados em demonstrar a importância que esse tema tem sobre os resultados. Contudo, o que muitos esquecem é que para se alcançar o desejado comprometimento deve-se atentar para a relação tida entre indivíduo-organização, resultante dos valores que norteiam esse inter-relacionamento, podendo envolver diversos fatores que podem tornar o trabalho complexo e fazer com que os resultados se realizarem ineficientemente, se não bem verificados. A fim de conhecer o impacto que esse relacionamento tem sobre o comprometimento subjacente na Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa, procurou-se estudar primeiramente os valores pessoais e organizacionais que viessem a influênciar de forma positiva sobre o mesmo. Pensando nisso, o presente trabalho teve como base os estudos realizados por especialistas no assunto como Tamayo (2005) e Schwartz (1992) que focam a teoria dos valores (desenvolvidas por este e ampliada pelo primeiro) e também por pesquisas realizadas por estudiosos no assunto do comprometimento como Meyer, Allen e Bittercourt. Quanto à metodologia proposta para o desenvolvimento da pesquisa, a mesma caracterizou-se por ser do tipo pesquisa de campo, dispondo de uma abordagem quali-quantitativa, tendo esta como amostra de estudo os funcionários alocados nas Gerências de Operação, Manutenção e Administração dessa Companhia. A coleta dos dados foi conduzida por dois tipos de técnicas de pesquisa: entrevista semi-estruturada por meio da aplicação de um questionário e observação não participante, como também se utilizou a investigação de dados secundários por meio de manuais, relatórios e estatuto da organização . Em nível de conclusão foi percebido que o comprometimento organizacional subjacente na Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João pessoa é o comprometimento instrumental e afetivo, onde leva ao conhecimento de que o relacionamento desses dois conjuntos de valores tem um impacto negativo, onde, apesar desses trabalhadores mostrarem uma afetividade para com a organização, não supera o fato deles estarem bem mais motivados pelos salários e benefícios recebidos, fato este que gera uma certa preocupação, levando a crer que essa realidade precisa ser revista. Palavras-chave: organizacional. Valores pessoais, Valores Organizacionais e Comprometimento LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estrutura Teórica de relação entre Valores ................................................. 26 Figura 2: Relação observada entre os valores em uma amostra de estudantes portugueses............................................................................................................................28 Figura 3: Relação dos valores pessoais e organizacionais para com o comprometimento organizacional......................................................................................................................37 Figura 4: Organograma da Companhia Brasileira de trens Urbanos de João Pessoa ...............................................................................................................................................45 Figura 5: Relação dos Valores pessoais e organizacionais sobre o comprometimento organizacional na CBTU – João Pessoa................................................................................74 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Fatores organizacionais que correspondem com os valores pessoais no contexto organizacional........................................................................................................33 Quadro 2: Esquema Geral de Pesquisa..........................................................................42 Quadro 3: Duração dos percursos das Principais Estações da CBTU-JOP...................44 10 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Área de Atuação dos sujeitos da pesquisa...........................................................46 Gráfico 2: Tempo de serviço.................................................................................................47 Gráfico 3: Grau de Escolaridade...........................................................................................47 Gráfico 4: Faixa Etária dos funcionários..............................................................................48 Gráfico 5: Valor Autodeterminação......................................................................................49 Gráfico 6: Valor Estimulação................................................................................................50 Gráfico 7: Valor Realização..................................................................................................51 Gráfico 8: Valor Poder..........................................................................................................52 Gráfico 9: Valor Segurança...................................................................................................53 Gráfico 10: Valor Conformidade.........................................................................................53 Gráfico 11: Valor Tradição...................................................................................................54 Gráfico 12: Valor Benevolência............................................................................................55 Gráfico 13: Valor Universalismo..........................................................................................56 Gráfico 14: Valores Subjacentes na Organização.................................................................57 Gráfico 15: Referente ao Comprometimento Afetivo - Dedicação de Esforços...................60 Gráfico 16: Referente ao Comprometimento Afetivo - Semelhança de Valores..................61 Gráfico 17: Referente ao Comprometimento Afetivo - Orgulho da Organização................62 Gráfico 18: Referente ao Comprometimento Afetivo - Sentimento de Doação...................63 Gráfico 19: Referente ao Comprometimento Instrumental - Dedicação de Esforços baseados na Remuneração.....................................................................................................64 Gráfico 20: Referente ao Comprometimento Instrumental - Expectativa de Ascensão...............................................................................................................................65 Gráfico 21: Referente ao Comprometimento Instrumental - Expectativa de Melhorias com base no Esforço Mútuo..........................................................................................................66 Gráfico 22: Referente ao Comprometimento Instrumental - Segurança da Família...................................................................................................................................67 11 Gráfico 23: Referente ao Comprometimento Normativo - Internalizarão dos Valores Organizacionais.....................................................................................................................68 Gráfico 24: Referente ao Comprometimento Normativo - Admiração pela Organização.......................................................................................................................... 69 Gráfico 25: Referente ao Comprometimento Normativo - Compromisso Focado na Ética.......................................................................................................................................70 Gráfico 26: Referente ao Comprometimento Normativo - Identificação com os Valores Organizacionais.....................................................................................................................71 12 SUMÁRIO 1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DA PESQUISA .............................................................................................................................................. 14 2 OBJETIVOS. .................................................................................................................. 16 2.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................................16 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 16 3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 17 4 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ................................................................................ 19 4.1 VALORES PESSOAIS...............................................................................................20 4.1.1 Teoria dos Valores......................................................................................22 4.1.2 A Estrutura da relação dos Valores.............................................................25 4.2 VALORES ORGANIZACIONAIS............................................................................29 4.2.1 Valores Organizacionais e Suas Retaliações.............................................. 30 4.2.2 Cultura Organizacional...............................................................................31 4.3 PARALELISMO ENTRE OS DOIS VALORES: PESSOAIS E ORGANIZACIONAIS..........................................................................................................32 4.4 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL........... .......................................... 33 4.5 O IMPACTO DOS VALORES PESSOAIS E ORGANIZACIONAIS SOBRE O COMPROMETIMENTO......................................................................................................36 5 ASPECTOS METODOLOGICOS..............................................................................39 5.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA................................................................................39 5.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO...............................................................................39 5.3 UNIVERSO E AMOSTRA...........................................................................................40 5.4 TECNICA DE COLETA DE DADOS...........................................................................40 5.5 INSTRUMENTO DE PESQUISA..................................................................................41 5.6 TRATAMENTO DE DADOS........................................................................................43 13 6 ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS..........................................................43 6.1 BREVE CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO OBJETO DE ESTUDO...............................................................................................................................43 6.2 LEVANTAMENTO DOS VALORES PESSOAIS DOS FUNCIONÁRIOS DA COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA................................................................................................................................46 6.3 VERIFICAR OS VALORES ORGANIZACIONAIS SUBJACENTE......................58 6.4 DISCUSSÃO DO PARALELISMO ENTRE OS VALORES PESSOAIS E ORGANIZACIONAIS, ENFOCANDO O IMPACTO DESTES SOBRE O COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL.................................................................60 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES................................................72 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 77 APÊNDICES........................................................................................................................80 APÊNDICE A.......................................................................................................................81 APÊNDICE B.......................................................................................................................83 1 PROBLEMATIZAÇÃO Encontrar um empregado motivado e envolvido com suas respectivas tarefas e ao mesmo tempo integrado com os interesses organizacionais é o desejo de qualquer organização na atualidade, já que está mais evidente do que nunca que um bom serviço depende claramente do envolvimento de todos que pertencem à organização. Essa busca tem ficado ainda mais forte nas últimas duas décadas, justamente pelo fato de se perceber que contar com um empregado que esteja alinhado com valores organizacionais é o princípio para se alcançar às metas organizacionais e, conseqüentemente, conseguir estabelecer o comprometimento organizacional. Segundo Allen e Meyer (2002), um empregado comprometido com a organização apresenta no mínimo aceitação à suas crenças, objetivos e valores, estando disposto a em exercer um esforço considerável em prol desta caso ela necessite. Neste caso, o empregado com essas características demonstra sempre estar interessado em fazer parte da mesma em suas atitudes. No entanto, na prática, esse propósito ainda é remoto em meio as organizações. As chances de se encontrar falhas na estrutura das organizações atuais são grandes, sendo na maioria das vezes, acompanhadas por condutas gerenciais inadequadas, que acabam convergindo paulatinamente para uma perda de produtividade nos produtos e serviços prestados. Esta perda, como já era de se esperar, vem sempre acompanhada de sentimentos negativos, que acabam destruindo todo potencial de um trabalho em equipe, o que ocasiona numa uma insatisfação que releva, assim, um descomprometimento notável. No tocante as organizações públicas, quando tratadas, em sua grande maioria são associadas ao termo “imobilismo” que se expressa quase que espontaneamente, uma vez que, neste tipo de setor o espírito de competitividade e inovação são aparentemente incipientes e as oportunidades de ascensão de carreira são escassas ou lentas. Tais acontecimentos ficam ainda mais explícitos quando vemos empregados alocados em funções que não tem qualquer relação com o que realmente deveria desempenhar, tomandose como base suas verdadeiras qualificações e capacitações. Contudo, deve-se atentar para o fato de que os contribuintes pagam seus impostos porque querem receber em troca um serviço público de qualidade. Para tanto, a equipe que 15 presta o serviço no setor público precisa saber bem o que se espera dela, o que é necessário fazer e como buscar caminhos para melhorar. Qualquer organização que preza pelo cumprimento de metas e prazos, e como dito, pela qualidade de seus serviços, deve proporcionar um ambiente harmônico e favorável para o nascimento do comprometimento de seus empregados, fazendo com que os objetivos pessoais sejam obtidos em paralelo aos interesses da organização. Segundo Bastos, Brandão e Pinho (1996), quando se tem empregados comprometidos com os objetivos da organização sempre se terá o interesse em fazer o que for preciso para atingi-los. Tal termo faz pensar sobre as indagações da inércia organizacional dentro do setor público, embora, seja verdade na maioria das vezes, ainda se pode encontrar muitas delas funcionando bem no país. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa, caracterizada por prestar serviços de transporte a população da grande João Pessoa, ultimamente, vem apresentando problemas atrelados a questão do comprometimento, que vem a calhar paulatinamente para queda de qualidade de seus serviços. Nesse cenário, nota-se um conflito de interesses entre os dois lados interessados, já que, apesar de que cumpram com seus horários, parecem não estar à vontade em mostrar um esforço a mais, caso a companhia necessitasse. Levando em consideração todas essas indagações em torno do comprometimento, as quais frisam a importância da interação entre organização e empregado, surge a necessidade de estudar os valores dos empregados e os procedimentos adotados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa que tem influência sobre o comprometimento organizacional subjacente. Mediante as considerações acima, formulou-se o seguinte problema de pesquisa: Qual o impacto dos valores pessoais e organizacionais sobre o comprometimento organizacional na Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João-Pessoa? 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Estudar o impacto dos valores pessoais e organizacionais sobre o comprometimento organizacional na Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Levantar os valores pessoais dos funcionários da Companhia Brasileira de trens Urbanos de João Pessoa; b) Verificar os valores organizacionais subjacentes; c) Discutir o paralelismo entre os valores pessoais e organizacionais, enfocando o impacto destes sobre o comprometimento organizacional. 3 JUSTIFICATIVA O sentido de se estudar o comprometimento organizacional fundamenta-se na busca de novos caminhos ou formas de se estreitar o relacionamento entre colaborador e organização, de modo que, através desse estudo consiga-se trazer a satisfação tanto para o profissional quanto organizacional. O interesse no tema comprometimento baseia-se na evidência de que dele derivam as atitudes e a verdadeira utilização da competência de cada empregado, salientando a importância da valorização da força de trabalho, como um fator crucial para a prestação de serviço de qualidade, sendo o comprometimento observado pelo modo como os empregados se adaptam à sua natureza de trabalho, através do atendimento de suas necessidades e seus valores, refletindo conseqüentemente na prestação de serviços aos usuários e a colaboração mútua entre os clientes internos. Levando em consideração diferentes impasses observados entre os funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos e a dissonância, em parte, com relação as suas respectivas funções, propõe-se estudar os diferentes valores atrelados aos indivíduos e também aqueles atrelados à organização, os quais tem impacto direto sobre o comprometimento, uma vez que este, esta ligado ao vínculo indivíduo-organização. Esses impactos podem ser compreendidos por meio das tipologias de comprometimento. Embora existam diversos modelos e conceituação de comprometimento, o modelo proposto para ser estudado e de maior aceitação, atualmente, entre os pesquisadores é o modelo de três dimensões, estabelecido por Meyer e Allen (1993), os quais focam o comprometimento organizacional em três dimensões de comprometimentos que são: afetivo, instrumental e normativo. Do ponto de vista teórico, o conhecimento da relação entre os valores pessoais e organizacionais traz grande contribuição para a compreensão do ambiente organizacional, permitindo esclarecer a natureza do comportamento apresentado e da sua função na organização. Do ponto de vista prático, a partir do conhecimento da realidade organizacional, obtida do estudo do impacto dos valores sobre o comprometimento, abre-se uma oportunidade para que os gestores, através dessa variável transformada, consigam resolver ou amenizar determinados problemas atrelados ao comprometimento. 18 Apesar de sua relevância, grande parte dos estudos relacionados ao comprometimento organizacional não são satisfatoriamente explorados em todos os seguimentos institucionais, bem como há um acervo bibliográfico também relativamente restrito. Entretanto, cabe destacar que os trabalhos encontrados apresentam grande contribuição em termos de atualização, destacando-se nesse sentido, trabalhos desenvolvidos por Bittencourt e seus colaboradores nas várias pesquisas que abordam esse tema. Quanto ao presente trabalho, afirma-se que se trata de um estudo original, onde a única pesquisa encontrada na literatura, a qual tem uma grande relação com essa pesquisa, foi a de Finegan (2000) que teve como objetivo estudar o impacto da adaptação ou ajustamento entre os valores da pessoa e da organização sobre o comprometimento organizacional e indiretamente a influência desses dois conjuntos de valores. Por fim, o desenvolvimento da pesquisa torna-se viável, uma vez que envolve custos baixos por não depender de instrumentos sofisticados para a sua realização. 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A questão principal de se almejar o comprometimento organizacional reside no fato de se querer obter como resultado final um serviço de qualidade. Tal resultado está ligado diretamente a um paralelo entre dois conjuntos de valores os quais se dividem entre organizacionais e pessoais, sendo esse contato, gerador de uma relação que pode levar a um conflito ou a uma congruência norteando o desempenho das atividades no ambiente organizacional. Se por um lado, o novo contexto organizacional ocasiona numa maior ansiedade pela busca de maiores parcerias, desenvolvimento e lucratividade, o que torna as coisas ainda mais fervorosas na conquista de suas metas e seus objetivos. Por outro, essa mesma ansiedade, decorrida da grande competitividade mundial, geralmente, leva as organizações, para um estado de não atenção para com as necessidades e expectativas de seus colaboradores, o que ocasiona num confronto que tem impacto direto sobre o consumidor, o qual percebe a qualidade do serviço originado desse relacionamento. Na atualidade, ouve-se falar com certa freqüência, discussões sobre determinados requisitos que as organizações não podem deixar de ter para o alcance do sucesso esperado como os padrões tecnológicos, programas de qualidade totais e planos de carreira que, de certa forma, se tornaram indispensáveis para manter as organizações competitivas e confiantes no alcance de suas metas de produtividade e eficiência. Contudo, se esses processos ocorrem por meio de uma má implantação e todos os esforços não se alinhem as expectativas e valores indivíduais, de nada adiantará o esforço dessas práticas organizacionais para poder alcançar de seus objetivos, os quais são trilhados pelo que se pode chamar de comprometimento. Acredita-se ainda que a questão da vitalidade das empresas, se concentra no poder capitalista, nas estratégias adotadas, nos produtos inovadores e nas tecnologias de ponta e como frisa o próprio trabalho, na força de seus colaboradores. Este último, apesar de ter sido bastante enfatizado nas últimas décadas acaba sendo tratado com certo descaso ou com pouca atenção em comparação as suas verdadeiras necessidades. Hoje, sem dúvidas, sabe-se que o poder das organizações está nas mãos de seus trabalhadores, e que se estes não mostrarem um comprometimento para com a organização 20 a qual fazem parte, todas essas inovações citadas no campo de trabalho serão em vão. Ou se consegue apenas em doses insuficientes para estes ásperos e perigosos tempos de competição exagerada. “Os valores de uma pessoa podem ser concebidos conscientemente ou mantidos inconscientemente, e são conseqüentemente, devem ser inferidos daquilo que a pessoa diz ou faz (ROKEACH, 1981, p. 100).” E sendo assim, levando em consideração todas essas indagações sobre as pessoas, vale dizer que os valores organizacionais são os mesmos daqueles que derivam das pessoas, já que, os direcionamentos, culturas e metas são formulados e guiados por pessoas como os gestores, os quais são responsáveis pelo comportamento das pessoas que ali se inserem. E, por outro lado, se têm os valores pessoais onde à integração do indivíduo ao seu ambiente de trabalho depende claramente da sua adaptação, acomodação, adequação e do encaixe correspondente com a organização, trazendo, assim, à tona a importância pelo estudo dos valores e pelos interesses das partes que entram em contato (individuo/organização). Nesse contexto, por meio do conhecimento de suas diferenças em relação à organização, o indivíduo pode encontrar um modo de ajustar os valores e interesses da organização num único propósito que reside no comprometimento organizacional. 4.1 VALORES PESSOAIS Segundo Rokeach (1973), a definição de valor possibilita unificar os interesses aparentemente diversos de todas as ciências relacionadas ao comportamento humano. Pesquisadores de algumas ciências como a antropologia e sociologia vêem os valores como sendo os critérios utilizados pelas pessoas para avaliar ações, indivíduos e eventos. Pensar em idéias novas e ser criativo é característico de algumas pessoas enquanto que gostar de fazer as coisas de um jeito original faz parte de outras, dessa forma fica fácil de exemplificar exatamente como os valores norteiam a vida das pessoas. Cada ser humano, ao longo da vida, foca-se num determinado conjunto de valores que acabam 21 convergindo para o que se chama de perfil, o qual descreve nossos objetivos, aspirações e desejos. “Um valor particular pode ser muito importante para uma pessoa, mas desimportante para outra. (TAMAYO, 2005, p.22).” Para tanto, a teoria de valores referenciada por Schwartz e Bilsky (1987,1990), Schwartz (1992, 1994) e citadas por Tamayo e Porto (2005, p.23), identifica as principais características dos valores da seguinte forma: 1) Valores são crenças. Crenças intrinsecamente ligadas à emoção e não idéias objetivas e frias. Quando valores são ativados, com ou sem consciência das pessoas, eles eliminam sentimentos positivos ou negativos. Pessoas para quem a independência é um valor importante ficam alertas quando este é ameaçado. Tornam-se agressivas ou desesperadas se não conseguem protegê-la, mas ficam contentes ou mesmo orgulhosas quando podem afirmar sua independência por meio das ações. 2) Valores são um constructo motivacional. Eles se referem a objetivos desejáveis que as pessoas se esforçam por obter. Justiça, por exemplo, é um objetivo desejável para a maioria das pessoas, na maioria das culturas. Assim como ser saudável, prestativo ou bemsucedido. Desta forma, justiça, saúde, utilidade e sucesso são todos valores. Valores são importantes para que uma pessoa tenha motivação para agir adequadamente. 3) Valores transcendem situações e ações específicas. São objetivos abstratos. Obediência e honestidade, por exemplo, nos esporte, nos negócios, com a família, amigos ou estranhos. 4) Valores guiam a seleção e avaliação de ações, políticas, pessoas e eventos. Isto é, valores servem como padrões ou critérios. Nós decidimos se ações, políticas, pessoas ou eventos são bons ou maus, justificados ou ilegítimos, dignos de aproximação ou de refutação, dependendo de se eles facilitam ou prejudicam a consecução de valores. O impacto dos valores nas decisões cotidianas raramente é consciente. 5) Os valores são ordenados pela importância relativa aos demais. Os valores das pessoas formam um sistema ordenado de prioridades axiológicas que as caracteriza como indivíduos. Estes atribuem mais importância à justiça ou ao sucesso, à novidade ou à 22 tradição, à saúde ou à espiritualidade? Essa característica hierárquica dos valores também os distinguem de normas e atitudes. A partir dessa descrição, atrelada as principais características dos valores, direciona-se o estudo para o entendimento de tipologias motivacionais de acordo com a motivação subjacente a cada um deles. De acordo com a teoria, esses tipos motivacionais tendem a serem universais porque estão baseados nas necessidades dos indivíduos como organismos biológicos, na ação social coordenada e na necessidade de sobrevivência e bem-estar dos grupos que são considerados requisitos básicos da existência humana, com os quais todos eles ajudam a lidar. 4.1.1 A TEORIA DOS VALORES A teoria dos valores identifica 10 tipos motivacionais distintos e explica a relação entre eles que pode ser tanto de conflitos quanto de congruência. Alguns deles podem ainda representar múltiplos significados e todos eles são derivados das necessidades humanas (TAMAYO, PORTO, 2005, p.24). Abaixo, descreve-se cada um desses tipos, os quais são caracterizados inicialmente conforme os objetivos que os definem, de modo que haja um total entendimento e segurança para tratá-los posteriormente: Autodeterminação - Pensamento e ação independentes. As pessoas vivem em conformidade à suas convicções e não deixam que o comportamento e atitude de outras pessoas interfiram na sua forma de agir e pensar. Pessoas que possuem esse tipo motivacional são caracterizadas pela sua criatividade, pelo busca constante da liberdade, escolha de seus próprios objetivos, curiosidade e independência. Alguns autores explicam a autodeterminação como uma derivada das necessidades orgânicas ligadas ao controle e dominância. Estimulação - Excitação, novidade, desafio na vida. Explica-se que esse tipo motivacional deriva da necessidade orgânica de variedade e estimulação das pessoas que o possui, de forma a manter um nível de ativação ótimo e positivo, em vez de ameaçador. 23 Pessoas com essas características estão sempre ativas, sentem uma necessidade enorme de esta sempre mudando e criando, são ousadas e estão sempre prontas para desafios. Costuma-se associar a estimulação com a autodeterminação, uma vez que estes dois tipos motivacionais apresentam algumas semelhanças. Hedonismo - Prazer ou gratificação sensual. Esse tipo motivacional está ligado ao sentimento de satisfação ou prazer do ser humano. O hedonismo é entendido como sendo o prazer, elemento fundamental das ações humanas, fundamentando-se como idéia principal de felicidade para a maioria das pessoas. Realização - Sucesso pessoal por meio de demonstração de competência de acordo com padrões sociais. Conforme estudiosos do comportamento humano, o alcance da realização só é atingida se necessidades como sociais e fisiológicas forem atendidas primordialmente para que isso possa vir a se concretizar. Pessoas que apresentam tais requisitos atendidos e como mesmo a definição enfatiza, a demonstração de competência em termos de padrões culturais prevalecentes e, aprovados socialmente, tendem a serem ambiciosas, bem-sucedidas, capazes, influentes, respeitadas e reconhecidas socialmente. Poder - Status social e prestígio, controle ou domínio sobre pessoas e recursos. O tipo motivacional poder aspira de certa forma, os mesmo desejos da realização como obter respeito, influência e ambição, portanto focam o estima social. Entretanto, essas pessoas que o detêm não estão ligados a questão de competência necessariamente. Em estudos de relacionamento interpessoais nota-se que a diferenciação de status leva a uma grande dimensão de dominação/submissão, que ocorrem, na maioria das vezes, de maneira inadequada e/ou exageradas no ambiente de trabalho das organizações. Pessoas com esse tipo de crença são ambiciosas e desejam a autoridade e o reconhecimento social. Segurança - Segurança, harmonia , estabilidade da sociedade, dos relacionamentos e de si mesmo. Os valores de segurança derivam dos requisitos básicos do indivíduo e dos grupos. Onde alguns deles servem principalmente aos interesses do individuo. Enquanto que outros atendem ao interesse dos grupos. Este tipo motivacional refere-se a busca da 24 ordem social, a segurança da família, emprego seguro, reciprocidade de favores e segurança nacional. Conformidade - Restrição de ações, inclinação e impulsos que tendem a chatear ou prejudicar outros, violando expectativas ou normas sociais. Segundo Bom Sucesso (2003), o medo da sensação de inferioridade e menos valia, acaba tornando a pessoa excessivamente conformista, ocultando seu talento, e também a se comportar com grande humildade, notando-se em alguns casos acomodação e lentidão em suas ações. Os valores que norteiam esse tipo motivacional levam a auto-restrição na interação cotidiana, a teimosia, a obediência,a polidez, ao comodismo e a ausência de iniciativa. Tradição - Respeito, compromisso e aceitação dos costumes e idéias que a cultura ou a religião do indivíduo fornecem. Os valores da tradição podem ser vistos como uma chave para se conhecer alguns grupos dentro de relações sociais, pois a partir do momento em que se conhece determinadas pessoas que possuem tais caracterizas pode ter uma relação mais próxima do comprometimento. As tradições estabelecidas pelos grupos sociais podem levar para dois patamares: a rejeição as práticas, idéias e crenças pré-adotadas conjuntamente ou a aceitação a elas. Este tipo motivacional possui uma relação muito próxima da conformidade porque dividem o objetivo de subordinação do individuo em favor de expectativas impostas socialmente e contudo diferem nos objetivos aos quais o indivíduo se subordina. Benevolência - Preservar e fortalecer o bem-estar daqueles com que o contato pessoal do indivíduo é mais freqüente, ou seja, o grupo interno. A benevolência nasce da necessidade orgânica da afiliação e do relacionamento amigável. As pessoas que possuem esses valores atrelados a benevolência estão sempre preocupadas com o bem-estar geral, sendo caridosa, honesta, piedosa, responsável, mostrando amizade verdadeira, lealdade e sempre prestativa. Essas pessoas estão sempre em busca de um reconhecimento, mesmo sem nenhum interesse material, mas de certa forma em busca de ser, embora que discretamente, o centro das atenções. Esse tipo motivacional, assim como a conformidade, promove relações sociais cooperativas e suportivas. Mas sua diferença está que o primeiro 25 o promove em detrimento de um comportamento interiorano e de forma positiva, enquanto que o segundo o promove para evitar resultados negativos para o próprio indivíduo. Universalismo - Compreensão, agradecimento, tolerância e proteção do bem-estar de todas as pessoas e da natureza. Este último tipo motivacional tem uma certa relação com os valores da benevolência em termos de foco ao grupo, sendo que esta enfatiza o grupo num campo micro enquanto que o universalismo prioriza num sentido mais amplo. Os valores que o norteiam nasce da necessidade de sobrevivência dos grupos e do indivíduo intrinsecamente, abrangendo-se a partir do contato de grupos fora daquele grupo primário, tomando conhecimento da escassez dos recursos naturais. Essas pessoas prezam pela harmonia interior e por uma vida espiritual e saudável. Segundo Tamayo (2005), o universalismo combina dois subtipos de preocupação: uma ligada ao bem-estar da sociedade como um todo e do mundo e uma ligada a natureza (mente aberta, justiça social, igualdade, mundo em paz, mundo de beleza, sabedoria, proteção ao meio ambiente). 4.1.2 A ESTRUTURA DE RELAÇÕES DE VALORES Essa teoria dos valores, criada inicialmente por Schwartz (1992, 1994) e, posteriormente, aprimorada por Tamayo (2005), permite uma maior compreensão por meio do relacionamento entre os vários valores subjacentes ao ser humano, os quais são aglomerados nos tipos motivacionais apresentados, convergindo para uma identificação das idéias abstratas, positivas ou negativas que definem o comportamento apresentado. E o interesse principal em explorar os valores reside no fato de que no seu estudo aloca-se apenas um conjunto variado de valores subjacentes ao ser humano, uma vez que, fazendo uma comparação com as crenças e as atitudes que um ser humano pode ter, observa-se que estes possuem conjuntos bem maiores, que se concentram nas faixas das centenas ou milhares, enquanto que os valores em questão, num adulto, apenas uma meia dúzia que o norteiam em suas ações e em seus comportamentos. No relacionamento entre os tipos motivacionais pode-se observar que nas ações de buscar de qualquer um dos tipos de valor terá conseqüências, que podem conflitar ou se fundir na busca de outros valores. 26 A estrutura de relações de valores é apresentada de forma circular como mostra na Figura 1, retratando o padrão total de relações teóricas de conflito e congruência entre os tipos motivacionais. Aqui, mostra-se que quanto mais próximos, por exemplo dois tipos motivacionais estão em qualquer uma das direções ao redor do circulo, mais semelhantes são suas motivações subjacentes. E quanto mais distantes entre si, mais antagônicos são suas motivações subjacentes. Com base nessa breve explicação tida na descrição desses dez tipos motivacionais fica mais fácil a compreensão dessa relação. Por exemplo, a tradição e conformidade, estão localizadas em um mesmo campo porque elas compartilham o mesmo objetivo motivacional amplo, onde suas respectivas localizações na Figura 1, são mais para o centro e o outro mais para a periferia, significando que os valores de tradição conflitam mais com os valores opostos. As oposições entre tipos motivacionais antagônicos Figura 1 – Estrutura Teórica da relação entre Valores Fonte: Tamayo e Porto (2005). 27 As oposições entre tipos motivacionais antagônicos estão organizados na estrutura circular em duas dimensões bipolares. Como se pode observar na figura 1, Schwartz (2002), explica que uma dimensão contrasta “abertura à mudança” e “conservação”, capturando nessa dimensão o conflito entre a ênfase no pensamento e ações independentes do indivíduo, que favorecem a mudança (autodeterminação e estimulação) e a autorestrição submissa, preservação de práticas tradicionais e proteção da estabilidade (segurança, conformidade e tradição). A segunda dimensão contrasta “autopromoção” com “autotranscendência”. Essa dimensão captura o conflito entre a ênfase na aceitação dos outros como iguais e a preocupação com o bem-estar (universalismo e benevolência) e a busca pelo próprio sucesso relativo e domínio sobre os outros (poder e realização). O hedonismo tem elementos tanto da abertura à mudança quanto de autopromoção. E apesar de que a teoria discriminar dez tipos motivacionais, ela postula que, em um nível mais básico, os valores formam um continuum de motivações relacionadas. Esse continuum, salienta a ênfase motivacional compartilhada por tipos motivacionais adjacentes: a) poder e realização – superioridade social e estima; b) realização e hedonismo – satisfação centrada no individuo; c) hedonismo e estimulação – desejo e excitação afetivamente agradável; d) estimulação e autodeterminação – interesse intrínseco em novidade e domínio; e) autodeterminação e universalismo – confiança no próprio julgamento e conforto com a diversidade da existência; f) universalismo e benevolência – promoção de outros e transcendência de interesses egoístas; g) benevolência e conformidade – comportamento normativo que promove relacionamentos íntimos; h) benevolência e tradição – devoção ao grupo primário; i) conformidade e tradição - subordinação do indivíduo em favor de expectativas socialmente impostas; j) tradição e segurança – preservação de arranjos sociais existentes que dão segurança à vida. k) Conformidade e segurança – proteção da ordem e da harmonia nas relações; 28 l) Segurança e poder – evitação e superação de ameaças, controlando relacionamentos e recursos. Nesta relação demonstrada entre os tipos motivacionais verifica-se a idéia de um continuum como mencionada anteriormente, servindo não apenas para uma comparação entre os mesmos, mas também com os variados tipos de valores separadamente, porque os itens de valores não formam aglomerados distintos, eles estão dispersos no circulo como mostra a Figura 2, exemplificando que os itens mais próximos às linhas de separação expressam os objetivos motivacionais associados com os tipos motivacionais de ambos os lados da linha. Figura 2 Relação observada entre os valores em uma amostra de estudantes portugueses. Fonte: Tamayo e Porto (2005). 29 O estudo dos valores pessoais através dessa estrutura permite um melhor entendimento das ações e como também do comportamento humano que tem conseqüências práticas, fisiológicas e sociais, o qual, permite uma identificação com outras teorias do comportamento humano como, por exemplo, os pressupostos de Mcclelland (1985) e Maslow (1965), levando assim para uma convergência em torno de pesquisas. 4.2 VALORES ORGANIZACIONAIS Assim como valores pessoais, os valores organizacionais também têm a sua origem a partir das necessidades humanas, nascendo das mesmas necessidades, só que sendo de seus fundadores, acionistas e gerentes, os quais determinam o rumo das organizações. Qualquer organização, seja qual for a sua natureza, existe porque tem um certo propósito à ser atingido, sendo que para isso, faz-se necessário planejar as suas metas, controlá-las e motivar as pessoas que são responsáveis pelos seus andamentos, entre várias outras práticas que são de extrema importância para o efetivo desenvolvimento organizacional. Segundo Tamayo e Porto (2005), como as pessoas, todo grupo/toda organização, possui necessidades que precisam ser satisfeitas para se poder subsistir e sobreviver. Sendo assim, salienta-se a importância de que essas necessidades dependem mais de seus gestores do que de seus subordinados, pois é com eles que nascem as necessidades organizacionais e assim sendo, fica por sua inteira responsabilidade disseminar esses valores que são considerados vitais para o crescimento desta e assim permitir, conseqüentemente, um relacionamento caracterizado pelo comprometimento, motivação e confiança. Os valores organizacionais são, sem dúvidas, de extrema importância para o conhecimento das organizações, devendo ser observados prioritariamente no processo decisório, no comportamento e nas atitudes das pessoas dentro das companhias e seu estudo tem tomado bastante força nas últimas décadas, contribuindo bastante para resolução de vários problemas, amenizando conflitos ocorridos. A nova realidade organizacional luta a fim de sobreviver em um mundo cada vez mais competitivo. Por isso, vê-se um interesse constante em compreender causas e 30 conseqüências dos comportamentos humanos que são bem aceitos nas organizações. Tais comportamentos tem se tornado um bom motivo para se chegar aos objetivos primordiais. 4.2.1 OS VALORES ORGANIZACIONAIS E SUAS RETALIAÇÕES Um dos pontos bastante retratados nas organizações e que não poderia deixar de ser tratadas, são as retaliações organizacionais. Pode-se dizer que o estudo de comportamentos relacionados com esse tipo de prática nas organizações ainda é muito é muito nebuloso, uma vez que o maior interesse das organizações hoje em dia é apenas em direcionar seus esforços para aqueles comportamentos que estão dando certo, afim de ampliá-los. Mas contudo, se não se prestar à atenção para esses tipos de situações em que há a influência constante sobre os membros, podem levar a causas de grandes proporções. A retaliação é tida como o ato de revidar com dano igual ao dano recebido por outrem, sendo demonstrada através da represália, a desforra ou desagravo, brincadeiras de mau gosto, piadas sarcásticas ou omissão de informações como as mais escancaradas, os quais, tumultuam o ambiente de trabalho, exemplificando claramente esse tipo de prática que é bastante comum nas empresas. Entretanto, é um comportamento que faz parte do dia-a-dia das organizações de trabalho, podendo ocorrer em diferentes contextos, abrangendo as relações interpessoais, as organizacionais e até mesmo societais. A retaliação pode acontecer tanto por parte da gerência como também pode vir de seus subordinados. O fato é que, quanto ao primeiro, é originado por conta dos superiores desinformados que acreditam que a agressividade e o comportamento imprevisível são formas de gerar respeito e de mostrar o status do cargo. E por conseqüência disso, a outra parte envolvida tende a procurar alguma forma de buscar justiça por tais situações que levam na maioria das vezes a pagar da mesma forma. Os serem humanos são diferentes e mudam constantemente, justamente porque são moldados por meio dos fatores intrínsecos ao indíviduo juntamente com o apoio os fatores externos, como os valores organizacionais, pode levar a pessoa, em seu ambiente de trabalho, para uma tendência de retaliações como conseqüências de experiências posteriores ao ingresso na organização. 31 Com todas essas problematizações, chega-se a importância de estudar os valores, pois através deles é que se pode chegar a raiz desses fatores direcionando seus esforços na sensibilização daqueles que detém o poder das decisões e conseqüentemente melhorar a organização. 4.2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL Quando se trata de valores organizacionais, não se pode esquecer de falar da cultura organizacional, porque tudo o que uma companhia faz como as estratégias traçadas, a forma de tratamento de seu pessoal, suas decisões e a base da comunicação dada entre os membros reflete sempre sobre a cultura, já que a mesma é construída com base nos valores organizacionais. “A cultura organizacional ou cultura corporativa é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização. (CHIAVENATO, 1999).” A cultura de uma companhia pode levar a um motivo de crescimento e desenvolvimento das partes envolvidas quando as mesmas são flexíveis, abertas e afetuosas, mas quando contrário, ou seja, rígidas, fechadas ou frias, a tendência é fazer com que todos os esforços para manter a produtividade fiquem estagnados ou a decaiam cada vez mais. “As múltiplas interações humanas que ocorrem na convivência dos membros de uma instituição consolidam valores e crenças, que, por sua vez, determinam comportamentos individuais e coletivos. A esse padrão de condutas, crenças e valores característicos de uma instituição, fruto de um esforço coletivo de aprimoramento, denomina-se “cultura organizacional”. (BOM SUCESSO, 2003).” Dentre os determinantes da cultura organizacional pode dizer que as peculiaridades do mercado em que a empresa opera, configuram realidades internas distintas, sendo que jamais as características do mercado vão ser determinantes dos padrões internos do 32 comportamento. Outro determinante, seria os valores e estilo do fundador, o qual é o responsável pelo andamento das ações e pelo determinação do funcionamento dentro da organização, impondo sua visão e sua filosofia de trabalho. E para finalizar, vale frisar os programas de treinamentos e de sensibilização, os quais são responsáveis pela manutenção e pela transmissão constante aos novos e velhos empregados. O importante, é que ela será construída ao longo do tempo, a medida em que seus colaboradores vão sentindo o verdadeiro sentido de se ter uma orientação, e que as normas, idéias, regras, técnicas impostas pela organização só vem no intuito de fortalecer os laços de comprometimento dela com os seus colaboradores, e vice-versa. Quando há a implantação da cultura em uma organização, e essa é disseminada de forma efetiva, com certeza a influenciará de forma positiva no comportamento dos envolvidos, assim como será capaz de mudar alguns valores que esses empregados tinham anteriormente. 4.3 PARALELISMO ENTRE OS VALORES PESSOAIS E ORGANIZACIONAIS Após discorrer sobre os tipos de valores em questão, nesse momento vale a pena frisar qual a importância do relacionamento/ paralelismo existente entre eles. As características gerais dos valores são comuns aos dois sistemas, as pessoas persistem em suas metas, seus ideais e suas expectativas que assumem como essenciais e primordiais, enquanto que as organizações possuem suas metas, seus objetivos e suas estratégias que são basicamente nascidas e introduzidas pelo homem, justamente pelo fato de que as organizações nascem de alguém (fundador, membros influentes ou grupos de trabalhadores), que se organizam entre si, implementando seus valores a fim de se tornem universais entre aqueles que fazem parte da organização. Não é muito difícil ver que companhias vivem atreladas aos seus desejos, de forma que não atentam para os desejos do grupo. A necessidade de entrar em conformidade com seus membros, se caracteriza, muitas vezes, como irreconciliáveis. O fato é que a estrutura dos valores pessoais e dos valores organizacionais tem algo em comum e que as motivações que os sustentam, tanto organizacionais quanto os pessoais, podem ser as mesmas. 33 O paralelismo entre eles é bastante estreito, mas fazer com que eles andem juntos é preciso que esses valores atentem para o que realmente importa para o crescimento de ambos. “As organizações sabem perfeitamente que não conseguirão atingir suas metas de produtividade e eficiência sem se preocupar com e atender as metas fundamentais das pessoas que a compõem. (TAMAYO; PORTO, p. 170, 2005).” Assim sendo, o Quadro 1 exemplifica perfeitamente a relação entre os valores pessoais e organizacionais. Valores Organizacionais Correspondência com os valores pessoais Metas dos valores organizacionais Autonomia Autodeterminação/Esti mulação Oferecer retos desafios e variedades no trabalho, estimular a curiosidade, a criatividade e a inovação. Bem-Estar Hedonismo Promover a satisfação, o bem-estar e a qualidade de vida no trabalho. Realização Realização Valorizar a competência e o sucesso dos trabalhadores. Domínio Poder Obter lucros, ser competitiva e dominar o mercado. Prestígio Poder Ter prestígio, ser conhecida e admirada por todos e oferecer produtos e servicos satisfatorios para os clientes. Tradição Tradição Manter a tradição e respeitar os costumes da organização. Conformidade Conformidade Promover a correção, a cortesia e as boas maneiras no trabalho e o respeito às normas da organização. Promover a justiça e a igualdade no Ética Benevolência/Universali trabalho bem como a tolerância, sinceridade smo e honestidade. Quadro 1 – Fatores organizacionais que correspondem com os valores pessoais no contexto organizacional. Fonte: Tamayo e Porto (2005). 34 A partir desse quadro, verifica-se o que existe em comum entre funcionárioorganização, conhecendo um pouco mais os ideais que influenciam em seus respectivos comportamentos. Tal comparação faz crescer a busca de técnicas e procedimentos que permitam resolver problemas entre ambos e aflorar o comprometimento organizacional. 4.4 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL No estudo do comprometimento organizacional, este entende-se como sendo a extensão do compromisso de um indivíduo para com uma organização, assim, a vontade de fazer parte de algo e permanecer junto a ele no sentido de expandi-lo e melhorá-lo é uma forma simples de definir o que é comprometimento. O comprometimento organizacional ainda é um tema pouco explorado e muitas vezes considerado complexo, uma vez que, deriva da confrontação dos valores pessoais e organizacionais. Como o mesmo origina-se do comportamento determinado das pessoas, deve-se admitir que o seu estudo toma tal complexidade por englobar uma gama maior de assuntos que estão intimamente ligados, caminhando, após sua análise para o tipo de compromisso individual apresentado, descobrindo talentos ainda não explorados. No seu estudo reflete-se a multiplicidade, onde o vínculo do indíviduo com o seu trabalho é considerado complexo e multidimensional, pois nele, compreende não somente a relação com o trabalho em si, mas também com o emprego, com a equipe de trabalho, com a carreira ou ocupação, com a organização a qual está inserido e com o sindicato. Desta forma, surgem seis perspectivas ou tipos de comprometimento que podem ser considerados: comprometimento com o trabalho, com o emprego, com a carreira, com a equipe, com o sindicato e com a organização (BISHOP E SCOTT, 2000; LEE, CARSWELL E ALLEN, 2001; MORROW, 1993). Dentre as várias abordagens do tema comprometimento uma das mais aceitas e estudada é o comprometimento organizacional proposto por Meyer e Allen (1997). Segundo Meyer e Allen (1997), existem três componentes importantes atrelados ao comprometimento organizacional: normativo, instrumental e afetivo. a) Comprometimento Afetivo: Tipo de comprometimento originado do envolvimento, ou seja, surge a partir do momento em que o indivíduo identifica com os objetivos e os valores da organização. Este tipo de comprometimento representa algo além 35 da simples lealdade passiva, envolvendo uma relação ativa, na qual o indivíduo deseja dar o melhor de si para contribuir com o bem-estar da organização. Os empregados com um forte comprometimento afetivo permanecem na organização porque eles querem e porque gostam da mesma. b) Comprometimento Instrumental: É o tipo de comprometimento analisado com base na relação custo X recompensa que a organização oferece ao indivíduo pela sua condição de membro. Dessa forma, o referido comprometimento só será alcançado quando houver uma ligação significativa entre funcionário e organização, onde esta última, deverá responder de forma satisfatória às necessidades e expectativas dos trabalhadores em aspectos tais como salário, status e liberdade. A pessoa que apresenta características desse tipo de comprometimento geralmente é visto como alguém que permanece na organização porque ela necessita; c) Comprometimento Normativo: comprometimento é visto como uma obrigação de permanência na organização. Esse tipo de comprometimento centra-se na estrutura das atitudes e no poder preditivo em relação ao comportamento, em que pressões normativas preparariam o indivíduo para se comportarem conforme os padrões internalizados. Portanto, os empregados que apresentam tais características do comprometimento normativo tendem a permanecer na organização porque eles sentem que são obrigados. Quando na busca do comprometimento organizacional, a necessidade constante de alcançá-lo, converge-se para um novo fundamento que se concentra nas atividades que se realizam nas organizações que correm para o futuro com vontade de acertar. Como o novo cenário demanda mudanças, competição e globalização, mais do que nunca, colaboradores comprometidos que se identifiquem com os objetivos organizacionais e que atuem na empresa como o próprio negócio se encaixa como uma combinação mais que requisitada para o momento. Entro-se na era em que o comprometimento das pessoas não é mais desejável, e sim indispensável para a realização de um ambiente total, no mais profundo sentido do termo. Segundo Gomes (1994), o comprometimento faz a busca de parceria, não somente entre cliente e o fornecedor externo, mas também entre o cliente e fornecedor interno, pois fica muito difícil ser parceiro de alguém fora, se não se é dentro da organização. Portanto, o fato de se tentar ajustar os valores humanos ao contexto organizacional. 36 4.5 O IMPACTO DOS VALORES PESSOAIS E ORGANIZACIONAIS SOBRE O COMPROMETIMENTO Finalmente, chega-se ao ponto primordial do estudo que tem como foco o relacionamento dos valores pessoais e organizacionais sobre o comprometimento organizacional subjacente nas organizações. Dentre os dez tipos motivacionais, procura-se verificar quais deles influenciam positiva e negativamente sobre o comprometimento organizacional que tem reflexo direto no produto final. E assim sendo, chegar-se-á ao tipo desse comprometimento. Como já tratados, os dez tipos motivacionais - Autodeterminação, Estimulação, Hedonismo, Realização, poder, Segurança, Conformidade, Tradição, Benevolência e Universalismo que sustentam os valores podem ser os mesmos, tanto para as organizações como para das pessoas, só que quando relacionados com o comprometimento organizacional, dependendo da cultura da organização e do comportamento dos funcionários esses valores podem entrar em conflito ou em harmonia, situação essa que vai depender dos interesses de ambos os referidos. A abertura a mudança, autotranscendência, conservação e autopromoção acabam sendo fatores determinantes de comportamentos que acaba influenciando o comprometimento dos membros de uma companhia O comprometimento organizacional, é um requisito bastante solicitado hoje em dia, e se sabe que nesses tempos de competição o empenho dos empregados em suas tarefas é fundamental para a sobrevivência das organizações. A Figura 3, exemplifica essa relação dos valores com o comprometimento organizacional levando em consideração as expectativas, ideais e objetivos de ambos os lados, podendo-se observar que em ambientes em que se há uma interação e cooperação entre os membros, os preditores positivos que mais se assemelham a esse tipo de comportamento quando se analisa do ponto de vista do empregado é o poder, a tradição e o universalismo. Sendo negativo em contrapartida, a estimulação, uma vez que, em ambientes em que o empregado esta acostumado com a empresa e apresenta até uma certa afetividade pela mesma faz com que a motivação pessoal de busca de inovação e mudanças sejam extintas tornando o comprometimento incompatível por causa desses sentimentos. 37 Do ponto de vista da organização, os preditores que mais se assemelham as suas percepções levando para o lado positivo do comprometimento, pode-se dizer que o prestigio, a autonomia e o bem-estar sempre constituem preditores que estimulam o empregado a colaborar mais e de sentir mais produtivo, enquanto que o domínio e a tradição surgem como fatores críticos que podem levar o comprometimento ao descaso. De uma forma detalhada, a Figura 3, de forma ilustrativa, exemplifica essa relação dos valores com o comprometimento organizacional, onde os valores sublinhados representam como anteriormente dito, uma relação negativa com o comprometimento organizacional, enquanto que os outros apresentam uma relação de positividade. Figura 3 – Relação dos Valores pessoais e organizacionais para com o comprometimento organizacional Fonte: Tamayo e Porto (2005). 38 A partir desse relacionamento percebe-se a complexidade existente entre funcionários e organização quando comparada a expectativa de ambos e quanto aos seus interesses impactando sobre o comprometimento. No entanto, esses fatores permitem que uma melhor análise seja feita no ambiente organizacional. O mais importante quando se estuda esse relacionamento estar em trazer novas adaptações tanto para os funcionários quanto para a organização, de modo que tais mudanças se não venham surtir efeitos de imediato, que se faça em médio prazo, mas contanto que uma situação complicada entre as partes envolvidas não fique na inércia. 5 ASPECTOS METODOLOGICOS 5.1 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA A questão de verificar o impacto dos valores pessoais e organizacionais sobre o comprometimento organizacional dos funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa – CBTU, surgiu no intuito de procurar mostrar a necessidade de se estabelecer um vínculo maior entre os funcionários e a organização, de modo que este relacionamento venha à atender não somente as partes envolvidas como também os usuários que esperam um serviço de qualidade. Nessa pesquisa empírica, foi possível compreender um pouco a originalidade do comportamento dos funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa, que teve por base de estudo a investigação dos valores pessoais e organizacionais, como também, em conseqüência desses, determinar com mais segurança qual o impacto que ambos tem sobre o comprometimento organizacional. 5.2 MÉTODO DE PROCEDIMENTO No que tange ao procedimento utilizado, adotou-se a utilização do método de pesquisa de campo com a coleta de dados primários e secundários, onde se pretendeu estudar o atual comportamento na Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa. Com o objetivo de investigar as expectativas, às idéais e o comprometimento dos funcionários, como também de verificar a causa do comportamento no ambiente organizacional, adotou-se para o desenvolvimento da presente pesquisa a utilização de uma metodologia com base na abordagem quantitativa por meio de um questionário. Já para a coleta dos valores organizacionais utilizou-se uma metodologia com base na abordagem qualitativa, por meio de conversas informais e dependências da organização. consultas a relatórios existentes nas 40 5.3 UNIVERSO E AMOSTRA O universo de pesquisa do presente trabalho teve por universo de estudo, uma amostra de 44 funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa, os quais são distribuídos em três áreas: Manutenção, Administração e Operação. Por se tratar de um uma população mediana, utilizou-se uma formula que conseguisse a amostra que representaria a organização em questão. Para a coleta dos dados pessoais usou a referida formula visualizada abaixo, que teve como resultado uma amostra de 44 funcionários, onde os resultados foram apresentados em forma de gráficos contendo o percentual de cada questionamento referentes a cada aspecto de personalidade intrínseca do funcionário participante. N . p.q.( z / 2 ) 2 n p.q.( z / 2 )2 ( N 1).E ² Fórmula onde: n = tamanho da amostra que se deseja estimar; N = tamanho da população; p = q = 0,5, estimativa da proporção populacional, com as quais se obtém um “n” máximo; z/2 = valor crítico, é um valor tabelado da distribuição normal ao nível de significância de 10%; E = erro máximo da estimativa ou margem de erro 5.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS O procedimento adotado em termos de instrumento de coleta principal de dados foi o questionário estruturado para ser posteriormente dirigido a população definida, sendo realizado pelo pesquisador nos três principais trechos da organização (Estação de Cabedelo, Estação de João Pessoa e Estação de Santa Rita). 41 Pela própria natureza quantitativa da pesquisa, o questionário foi aplicado pelo pesquisador a fim de obter as informações mais precisas e fieis, a cerca do objeto de estudo. Para investigação dos valores organizacionais o procedimento adotado foi uma investigação feita por meio dos relatórios disponíveis nas dependências da organização como também, através de conversas informais com gerentes. 5.5 INSTRUMENTO DE PESQUISA Tendo em vista a necessidade de analisar os fatos do ponto de vista empírico, procedeu-se a elaboração de um questionário estruturado, contendo apenas perguntas de múltipla-escolhas para atender de forma objetivamente ao objetivo a que se propõe o estudo. O referido questionário se desdobrou em três partes. A primeira contemplou dados que viessem a colher informações pessoais dos funcionários da organização em questão, conhecendo os valores intrínsecos do público pesquisado. A segunda destinou-se a investigar até que ponto a interação indivíduo/organização se destaca, ficando a terceira constituída de perguntas que tinham por objetivo levantar o perfil do trabalhador do transporte ferroviário pessoense. Cabe lembrar que a estruturação do instrumento de pesquisa foi elaborada de modo a contemplar os objetivos intermediários, mediante o esquema geral de pesquisa, conforme Quadro 2, abaixo descriminado: 42 Objetivos Variável Indicador de variável Questões * Sou uma pessoa ambisiosa que luta pelo Status social, necessidade de sucesso profissional por meio dos meus reconhecimento, promoção, próprios esforços * Sou uma pessoa que persistencia, persuasão, Poder/Realização deseja um cargo de destaque numa ambissão, promoção, ascenção organização, uma vez que sempre o financeira desejei. * Sou uma pesoa centrada em buscar meios Estabilidade financeira, que possam manter a estabilidade de minha harmonia, Obediencia, Segurança, família, sem que estes representem comodismo, respeito, Conformidade, qualquer sinal de ameaça. * Sou uma compromisso, aceitação a cultura Tradição pessoa pacifica que, pelas circunstâncias da organizacional, reciprocidade de vida acaba aceitando determinadas Levantar os favores vivências. valores pesoais dos Ambiente saudável, amizade, Hedonismo prazer no que faz, felicidade XXXXXXXXXXXXXXXXXXX funcionarios * Sou uma pessoa que vive conforme da CBTU minhas conviccoes de forma que não deixo que o comportamento de outras pessoas Independencia, liberdade, busca Autodeterminaçã interfira na minha forma de agir/pensar. * constante por novidades, o, Estimulação Sou uma pessoa que sente uma excitação, capacitação necessidade constante de mudança, estando pronto(a) para assumir desafios. * Sou uma pessoa que preza pelo Necessidade de fortalecimento da * Sou uma pessoa que se preocupa com a equipe, amizade, bem-estar, preservação da amizade, almejando com Benevolência, lealdade, prestatividade, isso o cooperativismo.* Sou uma pessoa universalismo cooperativismo, compreensão, que busca o bem-estar de todos incluindo tolerância, pacifista os grupos externos à organização. A organização em questão se preocupa Motivação, interatividade, social, Bem-estar com o bem-estar de seus funcionários? qualidade de vida Verificar os Respeito entre colegas, Qual a realidade do contexto organizacional valores cumprimento de normas, Conformidade organizacionais em termos de colaboração e respeito? interatividade subjacentes Como a organização se preocupa com a Justiça, honestidade, sinceridade Ética ética? Os funcionários estão dispostos a dedicarGostar da organização, Comprometiment se espontaneamente em favor da dedicação, admiração o Afetivo Discutir o organização? Os funcionários sentem paralelismo Os funcionários se sentem comprometidos entre os valores Tradição, normas, costumes aos Comprometiment porque eles sentem uma necessidade de pessoais e organizacionais, habitos da organização o Normativo ficar na organização? Internalizou as enfocando o normas e valores da organização? impacto destes Salários, benefícios, vantagens, O comprometimento dos funcionários sobre o C.O. Comprometiment reconhecimento, ascensão dessa organização emana dos salários e o Instrumental financeira, oportunidade vantagens percebidas. Quadro 2 - Esquema Geral de Pesquisa Fonte: Projeto Elaborado 43 5.6 TRATAMENTO DOS DADOS Para a apuração dos valores pessoais utilizou-se o Microsoft Excel, por onde foi possível verificar a freqüência com que as respostas se repetiam, sendo elaborado posteriormente os gráficos percentuais utilizados na presente pesquisa. Já para o apuramento dos valores organizacionais foi adotado a entrevista informal devido a dois motivos: a organização em questão não apresenta documentos e nem relatórios suficientes que poderiam servir para um melhor detalhamento desses valores e por meio de uma análise documental. Através das conversas formais foram encontrados dados relevantes para o presente estudo. Contudo, cabe destacar que foi vago instrumento de instrumento de pesquisa auxiliar. 6. ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS A pesquisa foi desenvolvida com uma amostra de 44 funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa, onde os resultados obtidos na presente pesquisa são demonstrados em forma de gráficos percentuais, mostrando os valores predominantes desse grupo de funcionários. Os resultados são apresentados de modo sistematizado, em cumprimento aos objetivos intermediários. Como uma breve focalização da organização pesquisada é apresentado inicialmente a sua caracterização. 6.1 BREVE CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO OBJETO DE ESTUDO A Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa – CBTU-JOP é uma das seis unidades do sistema ferroviário, a qual é formada pelas estas unidades (Recife, Natal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Maceió, João Pessoa), caracterizando por ser uma empresa de economia mista e por prestar serviço de transporte público a população da grande João Pessoa. Sistema de João Pessoa Com 30 km de extensão, o Sistema de Trens Urbanos em João Pessoa é composto por 3 locomotivas e 17 carros de passageiros, formando 2 composições que realizam 28 viagens 44 diárias, interligando os municípios de Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa Rita, na Grande João Pessoa. O sistema da CBTU João Pessoa possui 9 estações modernas e recuperadas, e transporta, em média, 8 mil passageiros/dia. A velocidade comercial média é 24,5 km/h, e o custo da tarifa é R$ 0,50. A área formada pelos quatro municípios (João Pessoa, Cabedelo, Bayeux e Santa Rita) atravessados pelo sistema ferroviário apresenta uma população total de aproximadamente 844 mil pessoas, o que corresponde a cerca de 24,5% do total da população estadual, onde os tempos de viagem são caracterizados conforme Quadro 3: Percurso Extens ão (km) Tempo de Viagem (min) Cabedelo / Santa Rita 30 50 Cabedelo / João Pessoa 17 30 Santa Rita / João Pessoa 13 20 Quadro 3 - Duração dos percursos das Principais Estações da CBTU-JOP. Fonte: Fonte: Fonte: http://www.cbtu.gov.br/ Ressalta-se que o intervalo médio entre as viagens varia de 62 minutos nos horários de pico a 93 minutos nos períodos fora de pico. Estrutura Organizacional A estrutura organizacional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa – CBTU caracteriza-se pela seguinte estrutura abaixo, ilustrada na figura 4 (abaixo), formada pela Superintendência, pelas Gerências II Administrativa e Finanças, Planejamento e Engenharia e Operacional e com mais três gerências auxiliares: Comunicação e Marketing, Licitações e Compras e Jurídica chamadas de Gerencias III. 45 Figura 4 – Organograma da Companhia Brasileira de trens Urbanos de João Pessoa Fonte: http://www.cbtu.gov.br/ Pela ilustração acima, percebe-se que a comunicação entre os vários setores é de forma hierárquica e centraliza, no entanto não impede que estas não interajam entre si afim de executar as tarefas, pois a organização funciona como um conjunto e depende dessa dinâmica. 6.2 LEVANTAMENTO DOS VALORES PESSOAIS DOS FUNCIONÁRIOS DA COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA 46 6.2.1 Universo da pesquisa Após a aplicação dos questionários e a tabulação dos dados, o resultado da amostra da pesquisa foi composta por 43% dos funcionários participantes foram da Administração, 23% desses funcionários foram os desempenham suas tarefas na oficina da organização (Cabedelo) e sendo os 34% restante da amostra composta por aqueles que fazem desempenham atividades relacionadas a operação. Conforme observado no Gráfico 1. 23% 43% Administração Operação Manutenção 34% Gráfico 1: Área de Atuação dos sujeitos da pesquisa Fonte: Pesquisa de campo (2006) Vale salientar que a Companhia Brasileira de trens Urbanos de João Pessoa possui uma quantidade bem maior de seus funcionários alocados na unidade da operação, mas por conta das técnicas de coleta dos dados adotadas obteve-se uma moderação em termos de quantidade de funcionários por área. 6.2.2 Tempo de serviço Entre os funcionários pesquisados, percebe-se que 52% deles são pessoas que trabalham na organização num período médio de 1 a 5 anos, 34% da amostra foi representada pelos funcionários mais antigos da organização que estão ali há mais de 20 anos na mesma, e os 14% restantes da amostra compõe-se de funcionários que estão na organização num período médio de 11 a 20 anos. Vale lembrar que não houve nenhum funcionário que participou da pesquisa com tempo médio na organização de 6 à 10 anos, como se pode visualizar no Gráfico 2. 47 De 1 a 5 anos 34% De 6 a 10 anos 52% 0% De 11 a 20 anos mais de 20 anos 14% Gráfico 2: Tempo de serviço Fonte: Pesquisa de campo (2006) A existência de que mais de 50% da população pesquisada ter tão pouco tempo de serviço na organização reside no fato de que a mesma, a pouco tempo fez concurso público admitindo novos funcionários para preencher a necessidade de pessoal. 6.2.3 Nível de Escolaridade A presente pesquisa preocupou-se também em verificar o grau de escolaridade desses funcionários a fim de conhecer melhor o perfil predominante na organização, conforme o Gráfico 3. 11% 36% Até o 1º grau Completo 7% Até o 2º grau Completo 46% Nível Superior Pós-Graduação Gráfico 3: Nível de escolaridade Fonte: Pesquisa de campo (2006) 48 Após a tabulação dos dados observou-se que, quase a metade dos funcionários, 46% dos participantes da pesquisa, possuem o 2ª grau completo, havendo também um percentual significativo de 36% daqueles que apresentam ter nível superior e restando apenas 11% desses que possuem pós-graduação e 7% possui o 1º grau completo. 6.2.4 Faixa Etária dos Funcionários A pesquisa também se preocupou em verificar a faixa etária dos funcionários da CBTU-JOP. 23% 34% Até 30 anos De 31 a 45 anos Mais de 45 anos 43% Gráfico 4: Faixa etária dos funcionários da CBTU-João Pessoa. Fonte: Pesquisa de campo (2006) Como se pode observar no Gráfico 4, os participantes da pesquisa, 34% possui idade de até 30 anos, 43% possui de 31 a 45 anos de idade, sendo esta idade mais predominante e 23% deles possui mais de 45 anos de idade. 6.2.5 Valor Autodeterminação A partir da visualização do Gráfico 5, que trata do valor da autodeterminação, constatou-se que a maioria dos funcionários aparentam serem pessoas que procuram a sua independência e liberdade de suas ações, estando propensos a lutar pelo o que acha que é o ideal para si. 49 Concordo Plenamente 27% Não Concordo Discordo Plenamente 2% 20% Indiferente 5% 46% Concordo Gráfico 5: Autodeterminação Fonte: Pesquisa de campo (2006) A partir dos dados colhidos junto à amostra da pesquisa, observou-se que 46% dos funcionários que participaram da pesquisa concordam que são pessoas que vivem conforme suas convicções de forma não permitindo que o comportamento de outras pessoas interfira na sua forma de pensar e agir e 27% deles vieram a concordam plenamente com o referido questionamento. Enquanto que apenas 20% da população pesquisada respondeu que não discordava, chegando-se a um percentual de mais 2% que vieram a discordar plenamente quanto a esse questionamento. Assim restou-se apenas 5% dos participantes que ficaram indiferentes. 6.2.6 Valor Estimulação Com o resultado da pesquisa referente a esse valor, observou-se que 54% dos participantes afirmaram concordando que possuem características desse tipo de valor, onde deixam claro que são pessoas que sentem uma necessidade constante de mudanças, estando prontos para assumir desafios e 30% deles vieram a concordar plenamente quando deparados com o referido questionamento. Porém, apenas 2% da população pesquisada não concordaram em possuir determinadas características, ficando por restante, 14% desses participantes 50 indiferentes a esse tipo de questionamento. Assim, sendo, fica claro que a grande maioria procura novas emoções e novidades na vida. Como pode ser visto no Gráfico 6. Discordo Plenamente 0% Concordo Plenament 30% e Não Concordo 2% 14% Indiferente 54% Concordo Gráfico 6: Referente ao valor: Estimulação Fonte: Pesquisa de campo (2006) Este resultado parecido com o da autodeterminação só vem a confirmar o que Tamayo e Porto (2005), fala sobre a relação tida entre os dois com base no esquema elaborado por Schwartz (1987), uma vez que se mostra por meio do gráfico da Estrutura Teórica da relação entre Valores, onde mostra que é como se fosse uma extensão do primeiro. 6.2.7 Valor Realização Em comparação com a Figura 1 exposta na fundamentação teórica, o valor realização seria a continuação dos valores supracitados, contudo o resultado da pesquisa diverge quanto aos conceitos explicados por Schwartz (2002) quando na criação da sua Estrutura Teórica da Relação entre Valores, como pode ser visto no Gráfico 7. 51 Concordo Plenamente 16% Discordo Plenamente 11% 16% Concordo 20% Indiferente 37% Não Concordo Gráfico 7: Valor Realização Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quanto ao valor Realização, observa-se que 16% dos pesquisados concordaram que possuem as características atreladas a esse valor, os quais, quando questionados se eles eram pessoas ambiciosas que lutavam pelo sucesso profissional por meio de seus próprios esforços, responderam prontamente resultado nesse referido percentual , sendo que mais 16% deles vieram a concordar plenamente quanto ao questionamento. Enquanto isso, 37% dos entrevistados não concordaram em afirmar que possuíam tais características, estendendo-se a mais 11% deles que não concordaram de forma plena sobre isso, ficando por fim 20% dos participantes indiferentes a esse tipo de questionamento. 6.2.8 Valor Poder Ao serem perguntados se eles eram pessoas que desejavam um cargo de destaque numa organização, uma vez que sempre o tinham desejado, de acordo com o Gráfico 8, constatou-se que 41% dos pesquisados ficaram indiferentes ao questionamento. Enquanto que 18% da pesquisa concordaram e 16% deles, vieram a concordar plenamente em serem detentores de tais características desse tipo de valor, sendo assim, ficando apenas 20% da população que não concordou e 5% que discordou plenamente sobre o referido questionamento. 52 Concordo Plenamente 16% Discordo Plenamente 5% 20% Não Concordo Concordo 18% 41% Indiferente Gráfico 8: Valor Poder Fonte: Pesquisa de campo (2006) Resgatando a Estrutura Teórica da Relação dos Valores, nota-se que quando se faz uma comparação com os dois questionamentos supracitados referente aos valores da Autodeterminação e Estimulação que trazem consigo sentimentos de inovação e independência, nessas duas últimas análises, os quais são ditos como uma conseqüência desses dois valores mencionados, faz-se crer que eles não tomam atitude ou um direcionamento para alcançar suas metas e objetivos. 6.2.9 Valor Segurança De acordo com o Gráfico 9, quanto ao valor Segurança, constatou-se que 57% dos pesquisados concordaram serem detentores das características desse tipo de valor, quando questionados se eles se consideravam pessoas centradas em buscar meios que pudessem manter a estabilidade de sua família, sem que estes representassem qualquer sinal de ameaça. Questionamento esse que chegou a ter mais 32% dos pesquisados que vieram a concordar plenamente sobre isso. Por outro lado, apenas 2% da amostra não concordou determinado questionamento, sobrando-se assim 9% sem opinar. com 53 Não Concordo Discordo Plenamente 0% 2% Indiferente 9% 32% Concordo Plenamente 57% Concordo Gráfico 9: Valor Segurança Fonte: Pesquisa de campo (2006) Este tipo de questionamento resgata o comentário feito anteriormente, onde demonstra que os empregados da organização em questão embora afirmem serem pessoas em busca de novidades, eles continuaram trabalhando na mesma, por medo de saírem e não encontrarem um ambiente que venha a preencher pelo menos as suas necessidades como essa vem fazendo por todo esse tempo. 6.2.10 Valor Conformidade Quanto ao valor Conformidade, percebe-se que, através do Gráfico 10 que funcionários da CBTU-JOP ficaram um pouco divididos. Concordo Plenamente Discordo Plenamente 7% 9% 34% Não Concordo 30% Concordo 20% Indiferente Gráfico 10: Valor Conformidade Fonte: Pesquisa de campo (2006) os 54 Quando esses empregados foram questionados se eram pessoas pacificas que, pelas circunstâncias da vida acabavam aceitando determinadas vivências. Observou-se que 31% dos pesquisados concordaram e 7% deles vieram a concordar plenamente, serem possuidores de características que determinam esse tipo de valor. Enquanto que 9% não concordaram com o referido questionamento, estendendo-se ainda essa discordância para 7%, os quais, não concordaram plenamente, sobrando assim, apenas 20% sem opinar. 6.2.11 Valor Tradição Quanto a esse resultado demonstrado no Gráfico 11, podendo-se resgatar tambem os resultados obtidos no questionamento anterior (Conformidade), constata-se que os empregados se encontram em um dilema quanto a responder tal questionamento, já que o impasse tido entre os valores primeiramente citados (autodeterminação/Estimulação) e (Poder/Realização), fez com que esses empregados se sentissem confusos em responder, já que geravam uma dicotomia. Tradição Concordo Plenamente 16% Discordo Plenamente 9% 25% Concordo 11% Não Concordo 39% Indiferente Gráfico 11: Valor Tradição Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quando questionados se eles eram pessoas que prezavam pelo compromisso, sendo que, para isso, eles tentavam se integrar aos costumes/idéias da sua organização, obteve como resultado que 25% dos pesquisados concordaram e 16% vieram a concordaram plenamente em 55 possuir semelhanças desse tipo de valor. Enquanto que 11% não concordaram e 9% não concordam plenamente sobre o referido questionamento, ficando a maioria, um percentual de 39% sem opinar. 6.2.12 Valor Benevolência O valor da Benevolência que se refere aos sentimentos de amizade e bem-estar é típico da maioria das pessoas, portanto o resultado observado no Gráfico 12, confirma esta indagação. BENEVOLÊNCIA Concordo Plenamente Discordo Plenamente Não Concordo 0% 2% 7% Indiferente 39% 52% Concordo Gráfico 12: Valor Benevolência Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quanto ao valor Benevolência, os pesquisados quando questionados se eram pessoas que se preocupavam com a preservação da amizade, almejando com isso o cooperativismo, obteve-se após a pesquisa, que 52% da amostra concordou e 39% concordou plenamente, que realmente, eles desejam um ambiente saudável e harmônico. Enquanto que apenas 2% da população pesquisada não concordou e 7% dos entrevistados ficaram sem opinar. 56 6.2.13 Valor Universalismo Conforme o Gráfico 13, esse resultado referente ao Universalismo já era de se esperar que fosse parecido com o item anterior, uma vez que, esse valor é bastante parecido com o valor da benevolência, analisado anteriormente. UNIVERSALISMO Discordo Plenamente 0% Não 2% Concordo 5% Indiferente 34% Concordo Plenamente 59% Concordo Gráfico 13: Referente ao valor: Universalismo Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quanto a esse valor, obteve-se por meio da pesquisa realizada, que 59% dos pesquisados concordaram e 34% deles que concordaram plenamente serem detentores de características desse tipo de valor, quando foram questionados se eram pessoas que buscavam o bem-estar de todos, isso incluindo até os grupos externos à organização. Já 2% deles não concordaram quanto ao referido questionamento, ficando apenas 5% dessa amostra sem opinar. 57 6.2.14 Porcentagem dos valores que são mais predominantes na CBTU - João Pessoa. TIPO PREDOMINANTE DE VALOR NA COMPANHIA BRASILEIRA DE TRENS URBANOS DE JOÃO PESSOA Universalismo/ Benevolência Poder/Realização 32% 14% Conformidade 14%/Tradição/ Segurança Autodeterminação/ 28% Estimulação 12% Hedonismo Gráfico 14: Valores Subjacentes na Organização Fonte: Pesquisa de campo (2006) De acordo com a pesquisa, foi verificado qual o tipo de valor predominante na Companhia Brasileira de trens Urbanos de João Pessoa - CBTU, onde se constatou que 32% dos funcionários que se submeteram ao questionário, apresentaram as características do universalismo e da Benevolência como os valores determinantes do seu comportamento atual. Uma outra parte desses empregados foi caracterizada por serem detentores dos valores de Autodeterminação e de Estimulação com uma percentagem de 28%. Obteve-se ainda 12% deles como sendo detentores do Hedonismo, 14% tendo a Conformidade, a Tradição e a Segurança como principais guias de suas ações e 14% responderam como sendo a Realização e o Poder os principais valores guiadores de suas ações. Vale lembrar aqui que os valores foram agrupados justamente porque eles apresentam semelhanças entre si, os quais formam um continuum. 58 6.3 VERIFICAR OS VALORES ORGANIZACIONAIS SUBJACENTE A coleta dos dados referentes aos valores organizacionais se deu através da análise de documentos que se continham dados relevantes sobre a administração, questões sociais e treinamentos, os quais estavam disponíveis nas dependências da organização de estudo, tendose como base de estudo: relatórios, manuais e o estatuto da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, onde, com a investigação focada nesses documentos e nas conversas informais, foi possível detectar quais os valores organizacionais que atuam positivamente na organização, os quais têm influência sobre o comprometimento percebido. Nos relatórios encontrados percebe-se que a organização mostra ter uma preocupação em tentar atender as necessidades e as expectativas da sociedade como se pode comprovar com base nos projetos focados em evitar o impacto sócio-ambiental, onde, por meio do desenvolvimento de metodologias de estimativas e de valoração dos benefícios sociais que atuam proporcionando um transporte acessível e menos poluente para a população como um todo. Por outro lado, verifica-se ainda um interesse maior em atender principalmente as expectativas de seus funcionários, mostrando entender sutilmente, a verdadeira contribuição de se ter um empregado satisfeito, fato este que se leva a indagar, a partir desse entendimento que o primeiro valor identificado é o valor do Bem-estar, justamente como justifica Tamayo (2005), como sendo um valor caracterizado por promover a satisfação, o bem-estar e a qualidade de vida no trabalho. Outros dois pontos importantes referentes ainda a esse valor esta relacionado à questão da modernização que a CBTU-JOP vem sofrendo nos últimos anos, onde houve uma reestruturação do Plano de Cargos e Salários, trazendo mudanças tais como o conceito de cargos amplos, a alteração das tabelas salariais e do processo de ascensão profissional, sendo acompanhado de um manual de normas de Recursos Humanos, nesse sentido, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa também cuida de forma significativa dos seus empregados como se pode citar: a criação do projeto de Assistência Médica Odontológica que proporciona, ao empregado e a sua família, planos de saúde à sua escolha com até 50% de reembolsos e as campanhas preventivas de saúde que vem a proporcionar vacinação aos empregados contra varias moléstias, tratamento odontológico em parceria com o Sesi. 59 Para complementar esse valor, verifica-se que a Companhia investe sempre em cursos de treinamentos que tendem a atender não somente a necessidade técnica, mas também propiciar o enriquecimento intelectual, como cursos de computação e relações interpessoais que colocam o empregado frente à realidade holística de um mundo globalizado. Valendo-se agora das conversas informais, constatou-se que outro valor subjacente na organização, dessa vez atuando como um fator negativo, seria o da conformidade que apesar dos manuais e do estatuto da organização que orienta os empregados no sentido da correção, cortesia e boas maneiras no trabalho, assim como o respeito as normas da organização, se faz deficiente a medida em que a organização apresenta uma relevante incompatibilidade entre gerentes e subordinados. Essa Companhia mostra claramente que entre ambas as partes existentes algo a ser trabalho em termos de comunicação e interação social, justamente pelo fato de que nesse período de pesquisa os empregados se queixavam da pouca atenção e reconhecimento de seu trabalho, fato este, que induz, de certa forma, a pessoa que tenha de fato comprometimento para com o seu trabalho relaxe e venha a cometer as retaliações no ambiente de trabalho. Como bem sustenta os estudos de Skarlicki e Folger (1997), quanto a essas práticas onde demonstram em suas pesquisas que os empregados podem se engajar em um tipo particular de ação negativa, rotulando como um comportamento de retaliação organizacional que ocorre em resposta à injustiça percebida no ambiente de trabalho. Portanto, nesse sentido, leva-se a crer que a deficiência pode esta na forma como vem se gerenciando o ambiente de trabalho. Ainda com base nessas conversas tidas, e quando questionados, dessa vez questionando a relevância dos treinamentos se os mesmos não eram praticados efetivamente na organização, uma vez que, a referida incompatibilidade expressa entre gerência e funcionários os impedem fortemente. Sustentando assim a tese de Townsend et al. (2000) quando afirma que o fruto das retaliações vem de trocas insatisfatórios entre chefias e subordinados. Por fim, um outro achado seria, como já supracitado, o fato da organização se preocupar com o social tanto do empregado quanto da sociedade como um todo no sentido de promover a justiça e a igualdade no trabalho bem como a tolerância, sinceridade e honestidade. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa vem paulatinamente votando-se para uma visão de colaborar junto a sociedade, em programas que venham a 60 resolver, embora que pequenos, problemas quanto ao ambiente e a população, caracterizandose assim um terceiro valor que tem impacto positivo sobre o comprometimento organizacional que é a Ética que tem correspondência com os valores pessoais da Benevolência e do Universalismo. 6.4 DISCUSSÃO DO ORGANIZACIONAIS, PARALELISMO ENFOCANDO ENTRE O OS IMPACTO VALORES DESTES PESSOAIS E SOBRE O COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL 6.4.1 Referente ao Comprometimento Afetivo - Dedicação de Esforços Nessas quatro primeiras análises que se referem ao comprometimento afetivo, constatou-se que esse tipo de comprometimento tem uma predominância significativa no ambiente de trabalho na Companhia Brasileira de Trens Urbanos de João Pessoa, como se poderá constatar através dos gráficos abaixo que mostra a freqüência das respostas em forma de percentuais para um determinado questionamento referente ao comprometimento afetivo. REFERENTE AO COMPROMETIMENTO AFETIVO Discordo Não Plenamente Concordo 2% 5% 32% 7% Concordo Plenamente 54% Concordo Gráfico 15: Dedicação de Esforços Fonte: Pesquisa de campo (2006) Indiferente 61 Quando questionados se eles estavam dispostos a dedicar uma grande quantidade de esforço, além do esperado normalmente para ajudar a organização em que trabalham e se isso era conseqüência da mesma proporcionar um ótimo lugar para se trabalhar, obteve-se por meio da pesquisa que 54% da população pesquisada, concordou e 32% concordou plenamente, demonstrando assim que eles gostam, apesar dos fatores negativos mostrados na pesquisa. Enquanto que 5% não concordaram e apenas 2% não concordaram plenamente quanto ao questionamento citado, ficando assim somente 7% sem opinar. Isso prova que os empregados dessa Companhia têm um comprometimento focado em fazer com que a organização cresça realmente caso ela necessite de sua ajuda extra. 6.4.2 Referente ao Comprometimento Afetivo - Semelhança de Valores Quanto a essa questão os empregados se sentiram notadamente indecisos, como se pode ver no Gráfico 16, a seguir: REFERENTE AO COMPROMETIMENTO AFETIVO Concordo Plenamente Concordo 14% 5% Discordo Plenamente 7% Não 34% Concordo 40% Indiferente Gráfico 16: Semelhança de Valores Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quando questionados se os seus valores eram muito semelhantes aos valores disseminados pela organização em questão, 40% da população pesquisada ficaram sem opinar, já 7% deles, não concordaram e 5% discordaram plenamente quanto haver qualquer tipo de 62 semelhança quanto a esse questionamento. Contudo, 14% deles concordaram com o referido questionamento e 5% vieram a concordar plenamente. 6.4.3 Referente ao Comprometimento Afetivo - Orgulho da Organização Reforçando o primeiro questionamento referente a esse mesmo tipo de comprometimento, nota-se que os empregados realmente gosta de trabalhar na empresa, deixando claro os laços de afetividade que tem com a mesma, como se pode visualizar no Gráfico 17, a seguir: REFERENTE AO COMPROMETIMENTO AFETIVO Concordo Plenamente 18% Discordo Plenamente 7% 7% Não Concordo 23% Indiferente 45% Concordo Gráfico 17: Orgulho da Organização Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quando questionados se eles se sentiam orgulhosos da organização em que trabalhavam, sendo capazes de dizer aos outros que faziam parte dela, obteve-se que 23% deles que ficaram sem da a sua opinião quanto ao referido questionamento, já 7% deles, não concordaram e mais 7% vieram a discordar plenamente sobre isso. Contudo, 45% dessa amostra concordou e 18% vieram a concordar plenamente quanto a esse orgulho, explicitando haver uma certa afetividade em relação a organização de estudo. 63 6.4.4 Referente ao Comprometimento Afetivo - Sentimento de Doação Para finalizar a análise desse tipo de comprometimento, vê-se que os empregados ficam bem divididos quanto a responder a essa questão, como se pode ver no gráfico seguinte que muitos ficam indiferentes ao questionamento a seguir: REFERENTE AO COMPROMETIMENTO AFETIVO Concordo Plenamente 20% Discordo Plenamente 2% Não Concordo 31% 20% Concordo 27% Indiferente Gráfico 18: Sentimento de Doação Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quando questionados se eles davam o melhor de si para verem o progresso da organização, 20% dos participantes dessa amostra concordaram serem pessoas que querem ver realmente o progresso da organização onde trabalham, havendo ainda mais 20% que vieram a concordar plenamente quanto a esse tipo de questionamento. Já 31% deles não concordaram com o referido questionamento e 2% discordando plenamente, ficando 27% sem opinar. Quanto aos quatro próximos quadros, referente ao comprometimento instrumental, constatou-se que esse tipo de comprometimento é de bastante relevância nessa organização de estudo, como se pode notar através da análise dos gráficos percentuais das respostas, a seguir: 64 6.4.5 Referente ao Comprometimento Instrumental - Dedicação de Esforços baseados na Remuneração Quanto a questão dos salários e benefícios, o Gráfico 19 teve os seguintes resultados: REFERENTE AO COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL Discordo Plenamente Concordo Plenamente 25% 2% 16% Não Concordo 20% 37% Indiferente Concordo Gráfico 19: Dedicação de Esforços baseados na Remuneração Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quando questionados se a força do comprometimento advinda deles surgia dos vencimentos/benefícios que eles recebiam, os quais, constituía os principais motivos pelo qual eles permaneciam na organização, obtiveram-se através desse questionamento que 37% da população pesquisada concordou e 25% vieram a concordar plenamente quanto a essa indagação, enquanto que 16% dessa população discordou e 2% discordou plenamente quanto a isso, ficando sem opinar 20% dessa população pesquisada. Tal resultado constata-se que o principal motivo de se trabalhar nessa Companhia esta na remuneração e benefícios oferecidos pela mesma. 6.4.6 Referente ao Comprometimento Instrumental - Expectativa de Ascensão Percebe-se nesse próximo questionamento que a população pesquisada deu a entender que apesar do salário e benefícios serem os principais motivadores de seu comprometimento, a organização em questão não oferece chances constantes de ascensão, como se pode ver no Gráfico 20, a seguir: 65 REFERENTE AO COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL Concordo Plenamente Concordo 14% 7% Discordo Plenamente 23% 16% Indiferente 40% Não Concordo Gráfico 20: Expectativa de Ascensão Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quando questionados se o comprometimento surgia das chances de ascensão que a organização dava para aqueles que se esforçam para ver o seu progresso, obteve-se que 40% dos funcionários pesquisados não concordaram e 23% não concordaram plenamente, quanto ao referido questionamento, deixando explícito que a maioria deles, acham que a organização em questão não oferece chances de ascensão para os funcionários que ali trabalham. Contudo há 14% deles que concordaram e 7% que concordaram plenamente quanto ao referido questionamento, ficando apenas 16% sem opinar. 6.4.7 Referente ao Comprometimento Instrumental - Expectativa de Melhorias com base no Esforço Mútuo Aqui se nota que o empregado ver que a questão da parceria tida com empresa vem a ser um negocio lucrativo, onde um trabalho esforçado leva conseqüentemente a uma vantagem pecuniária melhor, fato este que pode ser visualizado através do Gráfico 21, a seguir: 66 REFERENTE AO COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL Concordo Plenamente Discordo Plenamente 2% 32% Indiferente 16% 50% Concordo Gráfico 21: Expectativa de Melhorias com base no Esforço Mútuo Fonte: Pesquisa de campo (2006) Como pode se ver no gráfico 21, os candidatos quando foram questionados sobre a questão do trabalho tido por meio de crescimento mútuo (indivíduo/organização), 50% dos funcionários que participaram da pesquisa concordaram e 32% vieram a concordar plenamente com esse tipo de questionamento, enquanto que apenas 2% deles não concordaram, ficando apenas 16% indiferentes. 6.4.8 Referente ao Comprometimento Instrumental - Segurança da Família Para finalizar esses questionamentos a cerca desse tipo de comprometimento, o Gráfico 22, a seguir demonstra mais uma vez a necessidade de trabalhar é um fator expressivo. 67 REFERENTE AO COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL Não Discordo Plenamente Concordo Concordo Plenamente 2% 5% 18% Indiferente 18% 57% Concordo Gráfico 22: Segurança da Família Fonte: Pesquisa de campo (2006) Como se pode verificar no gráfico 22, os participantes da pesquisa quando questionados se eles tinha confiança que com o seu trabalho e esforço para com a organização proporcionavam conforto e segurança para sua família, 57% deles concordam e 18% vieram a concordar plenamente quanto a esse questionamento, enquanto que 5% não concordaram e apenas 2% discordaram plenamente quanto a esse tipo de questionamento, restando apenas 18% desses que ficaram indiferentes na pesquisa. Quanto ao comprometimento normativo verifica-se que esse tipo de comprometimento também se encontra dividido nas opiniões dos empregados da CBTU- João Pessoa. 6.4.9 Referente ao Comprometimento Normativo - Internalizarão dos Valores Organizacionais Conforme o Gráfico 23 que trata da identificação dos empregados com a organização, obteve-se o seguinte resultado: 68 REFERENTE AO COMPROMETIMENTO NORMATIVO Concordo Plenamente 11% Discordo Plenamente 5% 38% Concordo Não Concordo 14% 32% Indiferente Gráfico 23: Internalizarão dos Valores Organizacionais Fonte: Pesquisa de campo (2006) Quando questionados quanto à questão do comprometimento focado nas normas da empresa no sentido de sentir uma forte necessidade em desempenhar suas atividades em prol da organização pelo fato de se identificar com as ações/valores da organização em questão, 49% dos funcionários que participaram da pesquisa concordam ou discordam plenamente quanto a isso, enquanto que 19% discordaram ou discordaram plenamente, restando apenas 32% que ficaram indiferentes a questão. 69 6.4.10 Referente ao Comprometimento Normativo - Admiração pela Organização Conforme as porcentagens no Gráfico 24, obteve-se os seguintes resultados: REFERENTE AO COMPROMETIMENTO NORMATIVO Concordo Plenamente 11% Não Concordo 11% 36% 42% Indiferente Concordo Gráfico 24: Admiração pela Organização Fonte: Pesquisa de campo (2006) Como se pode verificar no gráfico 24, os participantes da pesquisa quando questionados se eles lutam firmemente para obter o crescimento da organização em que trabalham se baseando na possível admiração de suas ações, obteve-se que 42% dessa amostra concordou e que 11% vieram a concordar plenamente com o questionamento, enquanto que apenas 11% vieram a discordam, ficando 36% desses funcionários indiferentes ao mesmo. 6.4.11 Referente ao Comprometimento Normativo - Compromisso Focado na Ética O Gráfico 25 explana que não há uma relação entre valores organizacionais percebidos e empregados. 70 REFERENTE AO COMPROMETIMENTO NORMATIVO Concordo Plenamente 14% Discordo Plenamente 11% 18% Não Concordo Concordo 30% 27% Indiferente Gráfico 25: Compromisso Focado na Ética Fonte: Pesquisa realizada Como se pode verificar no gráfico 25, os participantes da pesquisa quando questionados se eles se sentiam como um dos responsáveis em fazer com que a organização crescesse eficientemente, agindo com ética, 18% deles concordaram e 14% dessas pessoas concordaram plenamente com o questionamento , enquanto que 30% vieram a discordam e mais 11% a discordar plenamente, ficando 27% indiferentes na pesquisa. 6.4.12 Referente ao Comprometimento Normativo - Identificação com os Valores Organizacionais Nessa ultima análise verifica-se que a maioria dos empregados que participaram da pesquisa ficaram indiferentes aos questionamentos, talvez por realmente não adotarem, ou talvez pelo fato de que a organização na terem uma missão e visão expostas, os guiando em suas tarefas e ações. 71 REFERENTE AO COMPROMETIMENTO NORMATIVO Discordo Plenamente Concordo Plenamente 7% 14% Não Concordo 27% 18% Concordo 34% Indiferente Gráfico 26: Identificação com os Valores Organizacionais Fonte: Pesquisa realizada Como se pode verificar no gráfico 26, os participantes da pesquisa quando questionados se eles adotavam os princípios/valores da organização com se fossem os seus, 18% deles concordaram e 14% vieram a concordar plenamente com o questionamento, enquanto que 27% vieram a discordam e 7% vieram a discordam plenamente quanto a esse questionamento, ficando 34% desses funcionários indiferentes na pesquisa. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES O objetivo deste trabalho concentrou-se em estudar o impacto dos valores pessoais e organizacionais sobre o comprometimento organizacional na Companhia Brasileira de trens Urbanos de João Pessoa, onde se fez necessária à investigação desses dois conjuntos de valores, com a qual relação tem influência direta sobre o comprometimento. De modo geral, pode-se afirmar que o relacionamento percebido entre os valores pessoais e organizacionais, de acordo com os resultados da pesquisa, tem um impacto negativo sobre o comprometimento organizacional nesta companhia, já que, após a análise detalhada dos objetivos específicos constatou-se que os empregados, embora sejam comprometidos com a organização, eles apresentam terem mais esse com base comprometimento por causa do salário e benefícios recebidos. Embora tenha ficado explicito esse fato, esse comprometimento organizacional ficou demonstrado nos enfoques instrumental e afetivo, subjacente o comprometimento instrumental (sentir que deve permanecer na organização, porque ele tem essa necessidade) e o afetivo (sentir os problemas da organização como se fossem as suas, as importâncias da organização em sua vida, merecendo, pois sua lealdade) (Mayer e Allen 1991). Com o tratamento estatístico dos dados referentes aos valores pessoais, observou-se que os valores da Autodeterminação, Estimulação, Segurança, Benevolência e Universalismo têm impacto positivo sobre o comprometimento organizacional, os quais, quando analisados, percebeu-se sua influência sobre o comprometimento organizacional, notando-se que os empregados apresentam serem pessoas que procuram promover o bem-estar no trabalho, a cooperação entre os membros e desenvolver o social, como também assim deixam claro, que defendem suas crenças e valores, onde, com pensamentos e ações independentes, eles anseiam pela inovação, criatividade e desafios no trabalho. Contudo, tais valores com influência positiva sobre o comprometimento organizacional são meio que barrados quando deparados com os valores pessoais referentes ao Poder, realização e Conformidade, os quais deixam claro que têm influência negativa sobre o comprometimento organizacional. Notou-se que os empregados da CBTU João Pessoa, apesar de apresentarem os valores supracitados (Autodeterminação, Estimulação, Benevolência, Universalismo e Segurança) 73 como positivos, de acordo com a explicação dada, eles não se direcionam para a prática desses, onde o valor Poder e Realização seria uma conseqüência dessas necessidades axiológicas do individuo. Quem tem, por exemplo a Autodeterminação e a Estimulação como valores significativos, guiadores de seus pensamentos e ações, seria lógico que a expectativa e a perseverança em se alcançar ascensão financeira, status social e prestigio fossem característicos desse grupo. Contudo, existe uma explicação para tanto. Em decorrência da globalização acentuada no mundo todo com mercados cada vez mais saturados e muitas vezes acompanhado da deficiência tida, em termos de comunicação e relações entre gerência e subordinados, leva justamente essas pessoas a se distanciar desses sentimentos citados, já que, talvez poderia causar um impasse que viesse a prejudicá-lo. Quanto aos valores organizacionais, constatou-se que são predominantes na organização os valores do Bem-estar e Ética, estes como sendo positivos e a Conformidade como sendo um valor negativo apara a organização. Os dois primeiros foram caracterizados como sendo valores positivos sobre o impacto organizacional porque realmente ela investe nos seus funcionários tanto em curso de capacitação quanto em cursos que venham enriquecer o intelectual do mesmo. Como já mencionado a CBTU de João Pessoa também se mostra preocupada em atender/resolver alguns problemas sociais tenham interação com a mesma. Tendo apenas um valor que tem influência significativa negativa sobre o comprometimento organizacional o valor da conformidade, já que pela referida deficiência tida entre gerência e subordinados, verifica que não há uma subordinação do indivíduo em favor de expectativas socialmente impostas. Ainda referente a esse tipo de valor, vale salientar que a baixa predominância dele se deve também a falta da divulgação da missão e visão da organização, que seria de extrema relevância para o desempenho das atividades na Companhia, uma vez que, mostra a importância do trabalhador para a organização e o que ele deve vir atender. Sendo assim, por meio dessa explanação feita em cima dos resultados obtidos nessa pesquisa, a Figura 5 abaixo, demonstra quais os valores que tem uma maior influência tanto positiva quanto negativa sobre o comprometimento organizacional: 74 Indivíduo Organização Autodeterminação Bem-estar Estimulação Segurança COMPROMETIMENTO Conformidade ORGANIZACIONAL Poder Realização Figura 5: Relação dos Valores pessoais e organizacionais Ética sobre o comprometimento organizacional na CBTU – João Pessoa. Fonte: Pesquisa Realizada (2006). Tais resultados vêm a confirmar em parte, as pesquisas feitas por feitas por Schwartz (2002), e, igualmente, corroborar para os estudos de Tamayo e Porto (2005), quando se referem à relação tida entre esses dois grupos de valores, fugindo um pouco do continuum elaborado pelo primeiro, onde os valores dos funcionários não seguem a filosofia exposta na estrutura teórica de relação entre os valores, mas que se mostrou apropriado para todos os momentos do estudo. Considerando tudo o que foi observado, seguem algumas sugestões que podem ser implantadas posteriormente. Sabe-se que o melhor tipo de comprometimento é aquele em que os empregados fazem as coisas quando eles se sentem motivados e valorizados pela organização, caso este, que não 75 foi verificado na mesma, devido a deficiência em termos de comunicação e interação entre os membros. Portanto, sugere-se que a Companhia Brasileira de trens Urbanos venham a investir em cursos que trabalhem esse tipo de relacionamento como por exemplo a implantação de um Círculo de Controle da Qualidade (CCQ) que possibilita paulatinamente a melhoria nos serviços e principalmente a comunicação destes. A partir do momento em que se têm tais dados relevantes à cerca do comprometimento organizacional, aqueles que realizam o papel de liderança na organização, poderão implantar tal metodologia que, por meio de suas técnicas metodológicas, poderá tratar primordialmente aqueles conflitos considerados como sendo de um nível mais baixo na organização, como dos trabalhadores, onde na medida em que deveram estar interagindo entre si, estarão ao mesmo tempo melhorando o comprometimento percebido, por meio da exploração de falhas em seus respectivos locais de trabalho, encontrando possíveis soluções que deverão ser repassado para a gerência imediata que ficará responsável pela aceitação ou rejeição da proposta. Vale salientar que, esse programa, além de melhorar o relacionamento entre todos os níveis da organização, fará com que o desempenho, a produtividade e a motivação aumente significativamente, se houver, é claro, a aceitação das propostas dadas à gerência, seguidas de possíveis formas de poder recompensar tais empregados por seus esforços. Outro fator importante para a melhoria do comprometimento, seria, como já mencionado, a divulgação da Missão: Atender às necessidades de deslocamento da população, integrando o transporte no contexto do desenvolvimento urbano, social e econômico, melhorando a qualidade de vida e reduzindo as desigualdades sociais e da Visão: Os desafios assumidos pela Companhia configuram a possibilidade de um novo modelo de atuação para a CBTU, evoluindo em termos de planejamento, estudos e projetos, do enfoque estritamente ferroviário para uma visão de sistemas de transporte associados ao desenvolvimento urbano e social, as quais existem, como visto, mas que no entanto, não são vistas nessa organização pesquisada. Tais ensinamentos, deveriam ser distribuídos em pontos estratégicos, nas dependências da Companhia, de modo que seja possível se visualizar regularmente, uma vez que, é visto claramente que isso conta significativamente como um ponto forte para orientação 76 dos empregados, os quais, saberão qual é o seu rumo, no sentido do que, do quando, e para quem estão fazendo, servindo essa prática, até mesmo quando não se verifica respeito entre os indivíduos, porque o empregado por si só, terá a conscientização de que esta cumprindo a sua tarefa, o seu dever. Enfim, após o término da presente pesquisa, os resultados obtidos indicam que essa área do conhecimento ainda contínua pouco explorada pelos estudiosos, contendo ainda muitos fatores afluentes ao comportamento humano a serem descobertos, os quais vem a calhar no desenvolvimento mútuo. Portanto, se pode dizer que nesse atual cenário mundial que busca incessantemente profissionalismo e comprometimento, que a formula apresentada tanto para empregados quanto para organizações no sentido de se viver bem, partiria da derivação do reconhecimento dos direitos e responsabilidades, da contribuição social do que se produz, dos resultados do orgulho pelo que se faz. Valorizar o viver entre o grupo, ter consciência da rapidez com que a vida passa e do que se pode fazer para que ela seja feliz e agradável, são atitudes que estimulam buscar a cada dia mecanismos para melhor convivência no trabalho, como também o estabelecimento de novas relações de poder, centradas não apenas na hierarquia, mas principalmente no poder pessoal de criar idéias, de influenciar ações, de contribuir para melhoria social, de somar, de compartilhar crenças, os quais, tudo isso junto firmará no sentido de aflorar o comprometimento organizacional significativo e duradouro. 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