Fundo Soberano de Angola Infraestrutura Infrastructure 1 3 Editorial O território que hoje constitui Angola emergiu sobretudo pela sublevação dos descendentes dos povos Khoisan e Bantu que haviam sido submetidos à colonização portuguesa de 1648 a 1975. Esta insurreição foi protagonizada por vários grupos desavindos, dentre os quais resultam duas das principais facções políticas presentes actualmente no País, e conduziu muitos combatentes pela liberdade a um conflito que durou mais de meio século. Ao longo destes 55 anos, que anteviam a criação de Angola, diferentes grupos de nacionalistas desavieram-se, sob influência de eventos e tendências transnacionais distintas, como a negritude, o comunismo, o pan-africanismo, o maoismo, a descolonização das colónias europeias, a guerra fria, etc. que alimentavam as suas aspirações. A infra-estrutura define-se como o conjunto de elementos estruturais interligados que fornecem um quadro de apoio a estrutura de desenvolvimento, por este motivo é um termo importante para avaliar o desenvolvimento de uma região ou país. Em consonância com as graves divisões e conflitos que assombraram o percurso dos seus povos de 1961 a 2002, as infra-estruturas instaladas no território que hoje constitui Angola foram dizimadas, desintegradas ou, nos melhores casos, adaptadas aos ideais e propósitos das diferentes facções que aspiravam a edificação de um País melhor. O conflito armado, que culminou no ano 2002, impulsionou a deslocação de cerca de quatro milhões de cidadãos das zonas rurais para os centros urbanos, privando-os dos seus estudos e profissões normais, e saturando as infra-estruturas urbanas, que tinham sido concebidas inicialmente para uma população inferior a quinhentas mil pessoas. Os milhares de cidadãos angolanos, ora unidos pela consolidação de um estado democrático de direito, herdavam um vasto território com infra-estruturas de base e centros de produção esterilizados por engenhos explosivos, uma capacidade administrativa atrofiada e uma economia totalmente dependente da importação de bens de consumo básico para o seu sustento. Mas, o desejo de assumir de forma consciente a edificação das estruturas físicas e de organização básica necessárias para o funcionamento de uma sociedade e resgatarem os serviços e estabelecimentos essenciais para o funcionamento da economia nacional, que caracterizou a luta pela independência dos povos de Angola, persevera hoje de forma visível. Para o alcance deste magno propósito, Angola conta necessariamente com a coragem, dedicação e empenho uno e de todos. José Filomeno de Sousa dos Santos Presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola Chairman of the Board of Directors, Angolan Sovereign Wealth Fund 4 Índice The territory that we today understand as Angola emerged above all out of the uprising of descendants of the Khoisan and Bantu peoples who had been subject to Portuguese colonisation between 1648 and 1975. This insurrection was staged by various different groups with correspondingly different objectives and resulting in the two main political factions currently active and which involved many in the struggle for liberty in a conflict that lasted over half a century. Throughout these 55 years leading up to the founding of contemporary Angola, different groups of nationalists fell under the influence of transnational trends and events, such as black power, communism, Pan-Africanism, Maoism, the decolonisation of European colonies, the cold war, etcetera, which nurtured their aspirations. Infrastructures, defined as the set of interconnected structural facilities that provide a framework for supporting development, represent an important benchmark for evaluating the development of a region or country. In keeping with the deep reaching divisions and conflicts that overshadowed its population between 1961 and 2002, the infrastructures existing in the then Angola were decimated, broken up or, in the best cases, adapted to the ideals and the purposes of the different factions seeking to build a better country. The armed conflict, which ended in 2002, drove the displacement of around four million citizens, fleeing rural regions for urban centres and depriving them of their normal studies and professions as well as overwhelming the urban infrastructures that had originally been designed for a population of less than half a million people. The thousands of Angolan citizens, now united by the consolidation of the democratic rule of law, inherited a vast territory with core infrastructures and centres of production out of bounds due to unexploded ordinance with only an atrophied administrative capacity over an economy totally dependent on the importing of basic consumer goods for its own survival. However, the openly stated desire to build the physical infrastructures and the basic organisations necessary to the functioning of society and implementing the services and establishments essential to the good operation of the national economy, which characterised the struggle for the independence of the Angolan nation, today visibly still survives. To attain this massive goal, Angola necessarily counts upon the courage, dedication and commitment of each and every citizen. Ficha técnica Imprint todos Edição n° 3 Dezembro 2014 Edition n°º3 December 2014 todos é uma publicação do Fundo Soberano de Angola todos is a publication of the Angolan Sovereign Wealth Fund Edifício Metrópolis, R/C-Mezzanine Rua Kwamne N’Krumah, n° 217-221 Caixa Postal 6869 – Luanda República de Angola Tiragem Circulation 15 000 Exemplares Produção Production WE Communications www.todos.ao © 2014 20 Página anterior: O trabalho árduo dignifica os construtores do troço Camama-Calemba II, em Luanda. Previous page: The hard but worthy work of constructors on the Camama-Calemba II route in Luanda. O Porto do Lobito é a pérola de Benguela The Port of Lobito: the pearl of Benguela Histórias Stories Trilhos do Crescimento Pathways to Growth 29 “O Abençoado” Porto Caio “The Blessed” Port Caio 30 País mais Seguro A Safer Country 34 Vida Nova New Life 14 Visões Visions Ângelo Gama “Acabemos com a infoexclusão” “Let´s end info-exclusion” António Gomes Godinho de Resende “Onde há estradas, há evolução” “With roads, there is progress” 58 Meu Futuro 44 52 My Future 5 HISTÓRIAS STOR IES Cabinda p. 29 Luanda p. 34, 44, 52 Viana p. 30 Lobito p. 20 Huambo–Kuito–Luena p. 14 RIO LONGA — Enquanto os automobilistas tomam um refresco e recuperam energias, várias mulheres residentes na zona limítrofe do Longa ganham a vida no comércio de peixe, carne e legumes. Teresa Monteiro, 42 anos, é uma delas. RIO LONGA — As drivers stop for some refreshment and to take a break, various women living on the outskirts of Longa make their living selling fish, meat and vegetables. Teresa Monteiro, aged 42, is one of them. 6 Nos trilhos do desenvolvimento percorremos o país de carro e de comboio. Constatamos que o capital humano é fundamental. On the pathways to development, we travelled the country by car and train. We note how human capital is fundamental. 40 ANOS DE ESTRADA — Sabino Ukwelonga, de 65 anos, natural do Huambo, trabalha na via Uige – Luanda como motorista de camião a transportar toros de madeira do Uige. Vive em Luanda com a família. 40 YEARS ON THE ROAD — Sabino Ukwelonga, aged 65, born in Huambo, works at the Uige – Luanda route as a truck driver carrying logs of wood from Uige. He lives in Luanda with his family. 8 SAUDADES — Natural do Bié, Maria Paulino sente-se mais à vontade respirando o ar puro do Kuito, do qual tem saudades. Todavia, é em Luanda, onde reside, que ganha a vida como gasolineira. O seu maior sonho é concluir os estudos para garantir o amanhã. LONGINGS — Born in Bié, Maria Paulino feels more at ease breathing the pure air of Kuito that she misses. However, she lives in Luanda and works as a gas station attendant. Her greatest dream is to finish her studies to guarantee her future. 9 CONSTRUINDO — Lucas João, de 28 anos, natural da província do Uige. É com muito orgulho que trabalha como apontador de carradas de areia da construção da via do Lembo, no município da Damba. BUILDING — Lucas João, aged 28, born in the province of Uige. He takes great pride in his work as a surveyor of the truck loads of sand required for the construction of the Lembo highway in Damba municipality. 10 AMIZADE — Engrácia Luamba e Joana Capita (da esquerda para direita) contribuem, diariamente, para a limpeza de uma das artérias de Luanda. Os salários destas “guerreiras” ajudam no sustento familiar. “Os nossos filhos conseguem estudar”, garantiram. FRIENDSHIP — Engrácia Luamba and Joana Capita (from left to right) contribute daily to the cleaning of the arteries of Luanda. The wages of these “warriors” help sustain their families. “Our children are able to study”, they guarantee. 11 DEDICAÇÃO — Soraia e Fábio são vendedores na estrada EN 100 no troço Barra do Kwanza-Rio Longa. A vida destes jovens é de muita luta. A primeira tem de trabalhar com a filha às costas, o segundo, órfão, é um lutador incansável. DEDICATION — Soraia and Fábio are sellers on the EN 100 road on the stretch between Barra do Kwanza-Rio Longa. They have hard lives. Soraia has to work with her daughter on her shoulders and Fábio, an orphan, is a tireless fighter. 12 SORRINDO O FUTURO — Sebastião Sala, 19 anos, natural do Uige. É ajudante de terraplanagem na construção da via do Lembo. Sente-se muito feliz por fazer parte da reconstrução do país, especialmente na sua terra. SMILING AT THE FUTURE — Sebastião Sala, aged 19, born in Uige. He is an assistant land-clearer on the construction of the Lembo highway. He is very happy to participate in the reconstruction of the country, especially in his own region. 13 Trilhos do crescimento Mais de 8 mil pessoas das zonas rurais deslocam-se, por mês, de Benguela ao Moxico de comboio Pathways to growth Over eight thousand people from rural communities travel each month by train from Benguela to Moxico 479 quilómetros mais 756 quilómetros é igual a 1235 quilómetros. O que tem a ver o resultado desta simples adição aritmética com o Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB)? A resposta é que, do Lobito ao Luau, percorrem-se de comboio 1344 quilómetros. Ou melhor, o CFB é o maior ramal ferroviário de Angola. A extensão férrea da empresa Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) tem 479 quilómetros e interliga a capital luandense ao Bengo, Cuanza Norte e Malanje. Já o trilho que se trafega do Namibe, passando pela Huíla até Cuando Cubango, através do Caminho de Ferro de Moçâmedes (CFM), é de 756 quilómetros. Resumindo, o CFL e o CFM juntos ficam abaixo do CFB. Deixando de parte o mundo de Pitágoras, a relevância do CFB não se limita apenas à distância percorrida pela composição da locomotiva e carruagens. A sua verdadeira valência é 14 479 plus 756 equals 1235. What does this simple sum have to do with CFB – the Benguela railway company? The answer is that the train track from Lobito to Luau runs over 1,344 kilometres and hence CFB operates the longest train network in Angola. The CFL Luanda railway company runs some 479 kilometres and interconnects the capital of Luanda with Bengo, Cuanza Norte and Malanje. In turn, the track running from Namibe passing through Huíla and arriving in Cuando Cubango on the CFM Moçâmedes railway network amounts to 756 kilometres. Hence, the combined networks of CFL and CFM remain shorter than that of CFB. Leaving behind the maths, the CFB’s relevance does not stem from the distance its trains cover but rather its utility within the context of national economic and social growth and develop- O transporte de crianças é gratuito. Children travel on board for free. Alberto Yesu fiscaliza a entrada e saída de cargas. Alberto Yesu inspects the traffic of goods. Em cada estação embarcam pessoas e bens. People and goods are circulating at each station. Clementina Chiloango apronta-se para a viagem às 4:30 da madrugada. Clementina Chiloango prepares herself for the 4:30am journey. a utilidade que tem no contexto do crescimento económico e social do país. Esta empresa, adstrita ao Instituto Nacional dos Caminhos de Ferro de Angola, transporta, por mês, mais de 8000 pessoas e mercadoria diversa para as províncias encravadas – Huambo e Bié – localizadas no Centro de Angola. Segundo o inspector comercial do CFB, Bernardo Mande, brevemente o curso da transportadora angolana poderá estender-se à Zâmbia e ao Congo Democrático, o que antecipa a “supremacia” desta “máquina” que sai do Lobito e atravessa o Planalto Central até ao Moxico, região leste do país. Para lá das viagens de pessoas que saem do Huambo para visitar familiares no Bié, comercializar roupa, eletrodomésticos e outros bens no Moxico, o crescimento desta via-férrea é notável. No sentido Huambo-Moxico e vice-versa, também já se verifica movimentação depois da paralisação forçada pelo período de guerra que Angola viveu. “Agora o cenário é de liberdade, respira-se ar puro a bordo deste comboio do CFB”, afirma um passageiro a todos. Além da ligação à SADC, a curto prazo, e do comércio frenético gerado pela venda de mel e frutas em Camacupa, no Bié, a população da zona rural, no fundo, a maior beneficiária destes serviços, só vê benefícios e a vida mais facilitada. ment. This company, under the auspices of the Angolan National Institute of Railways, carries over 8,000 passengers and their diverse respective goods throughout the landlocked provinces – Huambo and Bié – located in the centre of the country. According to the CFB commercial inspector, Bernardo Mande, the Angolan transporter may soon extend its operations over the border to Zambia and Democratic Congo and furthering the “supremacy” of this machine that now departs from Lobito and crosses the Central Highlands as far as Moxico in the east of the country. In addition to those leaving Huambo to visit relatives in Bié, others set off to trade clothing, household appliances and other items in Moxico with the growth in the railway traffic clearly visible whether in the Huambo-Moxico direction or vice-versa. The route is bustling following the long paralysation forced by the period of war that Angola experienced. “Now there is a scenario of freedom and, on board of this CFB train, we breathe fresh air”, was how one passenger put it to todos. In addition to soon connecting with the SADC and the bustling trade in honey and fruits in Camacupa, Bié, the people from these rural regions are in sum the greatest beneficiaries and really do perceive the resulting improvements in their now far easier lives. “Agora o cenário é de liberdade, respira-se ar puro a bordo deste comboio.” „Now there is a scenario of freedom, on board of this train, we breathe fresh air.“ O comboio é o ganha-pão de muitas gentes. The train is a breadwinner for many people. 18 UM porto multifuncional 17 quilómetros de extensão portuária A multifunctional port 17 kilometres of port infrastructures A ascensão da cidade do Lobito à categoria de município remonta a 1913, através da Portaria 1005, de 2 de Setembro, assinada pelo então governador de Angola, Norton de Matos. Volvidos 15 anos, ou seja, em 1928, quais gêmeos siameses, nasciam o Porto do Lobito E.P. e o Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB). Uma das mais valias do Porto do Lobito, segundo Diur Kassul Angelo, administrador para Operações, Infra-estruturas e Ambiente, é a sua profundidade natural que ronda os 15 metros que, ao contrário dos outros principais portos angolanos, facilita a atracagem de navios de grande porte. São cerca de 2000 colaboradores, entre mecânicos navais, operadores de grua, eletricistas, engenheiros, estivadores, técnicos administrativos e demais operários, que fazem com que esta importante infra-estrutura funcione diariamente. Em 2012, o tráfego de mercadorias variadas chegou a 2910 milhões de toneladas, cifra que em 2013 conheceu um incremento na ordem dos 3.7%. Neste ano, que se esgueira para o fim, os dados apontam para um crescimento na ordem dos 5%. Está em curso o processo de extensão e modernização do Porto do Lobito E.P. O programa arrancou em 2008, com a reabilitação do cais Sul, e foca-se agora no novo Terminal de Contentores, com 414 metros de extensão que vai mudar o formato da instalação portuária de “l” para “u”. Estima-se que após o termo do Plano Director, este porto terá 17 quilómetros de dimensão, explorando-se da melhor maneira a Baía do Lobito. 20 The elevation of the city of Lobito to the category of municipality dates back to 1913, through Decree 1005, dated 2nd September and signed into effect by the then governor of Angola, Norton de Matos. Some 15 years later, hence in 1928, came the foundation of Porto do Lobito E.P. and CFB – Caminho-deFerro de Benguela, together as if Siamese twins. According to Diur Kassul Angelo, Director of Operations, Infrastructures and the Environment, one of the great advantages of Lobito Port is its natural, 15 metre deep docks that, contrary to the other main Angolan ports, facilitates the handling of large vessels. There are around 2,000 members of staff made up of naval mechanics, crane operators, electricians, engineers, dockers, administrative staff and other workers and all ensuring this important infrastructure operates daily. In 2012, the port handled a range of goods amounting to 2,910 million tons whilst 2013 experienced an increase of around 3.7%. In the year now drawing to a close, the figures point to renewed growth and in the region of 5%. The Porto do Lobito E.P. is currently undertaking an expansion and modernisation process. This project began in 2008 with the rehabilitation of the South dock and now focuses on a new, 414 metre container terminal that shall result in the port’s format advancing from an “l” to a “u” shape. Following completion, this port will span 17 kilometres and best leveraging the natural qualities of the Bay of Lobito. São 23 anos de carreira. Ex-militar ontem, Ernesto Segunda, 50 anos, hoje é encarregado de porão. With 23 years of career, the former soldier, Ernesto Segunda, aged 50, today supervises bilge operations. 21 O trabalho em equipa conta com as mãos do estivador Constatino Fundi, 40 anos. Team working can always count on the willing hands of the docker Constatino Fundi, aged 40. 22 Carmen Viegas, 35 anos, distingue-se como a única operadora de gruas de sacarias no Porto do Lobito. Carmen Viegas, aged 35, certainly stands out as the only female sack crane operator in Lobito Port. 23 Fruto do seu trabalho de manobrador que perdura há 22 anos, Inácio Soali, 54 anos, conseguiu construir a sua própria casa. Thanks to all of his work as a handler over the past 22 years, Inácio Soali, aged 54, has managed to build his own home. 24 O namibense Eurico Fernandes reside numa outra cidade do litoral de Angola e ganha a vida como eletricista no Porto do Lobito. Originally from Namibe, Eurico Fernandes now resides in another coastal city and earns his living as an electrician in Lobito Port. 25 Aldina Lucas é uma das operadoras que empresta todo o seu dinamismo no dia-a-dia. Aldina Lucas is one operator who certainly puts her dynamism in the daily routines. 26 Depois de uma formação na China, Verónica Adriano, estudante de engenharia, é capaz de superar avarias na maior grua de Angola. Following training in China, engineering student Verónica Adriano can now fix any problem with Angola’s largest crane. 27 “O ABENÇOADO” PORTO CAIO O Porto Caio vai gerar diversas oportunidades de negócios a nível do Porto bem como ao seu redor. “THE BLESSED” CAIO PORT Caio port will generate various business opportunities both in the port and in its surroundings. Porto do Lobito: o mais profundo de Angola. Lobito port: the deepest in Angola. 28 Há mais de dez anos que a população For over a decade, the people of Cabinda de Cabinda anseia pela construção da have awaited the construction of the most que será a infraestrutura privada mais important private infrastructure in the importante da província. Segundo o Reprovince. According to community leadgedor Simão Congo, a população reagiu er Simão Congo, the people reacted with com muita alegria, esperança e fé ao sagreat happiness, hope and faith to news ber que vai ser construído um porto de about building a large-scale port facility grande envergadura, que promete desenpromising significant development and volvimento e a concretização de muitos the attainment of many dreams. “The sonhos. “A existência do porto Caio trará existence of the Caio port has brought muitos benefícios para a província, pois many benefits to the province as it is vai gerar diversos postos de trabalho, não generating a lot of different jobs and not só a nível do porto como ao seu redor, only in terms of the port but also in its com a construção de restaurantes, agênsurroundings with the opening of restaucias bancárias, hotéis, supermercados, rants, bank branches, hotels and superetc. Por outro lado, o valor de aquisição markets, etcetera. Furthermore, this will dos produtos irá baixar, pois o acesso aos drive down the cost of products as their produtos diversos será mais fácil e menos access will be much easier and less costly Simão Congo custoso não havendo a necessidade de without any need to travel to any provdeslocação a outras províncias para os inces to acquire them”, explained Congo adquirir”, explica o Mais Velho Congo, conforme é carinhosa- the Elder as he is affectionately known. mente chamado. Despite not knowing just why the construction of the Caio Apesar de não saber explicar a razão de a construção do porto port is taking such a long time to get finished, the wise leader Caio estar a demorar tanto para a sua finalização, o sábio Rege- calls on those in power to get it finished just as quickly as is dor pede a quem de direito que o mesmo termine o mais rápido possible as “the Cabindas” – as he prefers to refer to the peopossível, pois “os cabindas” – conforme prefere ele chamar – ple – need more investment in the province, whether private or precisam de mais investimento na província, seja ele privado ou public, as such financial inflows generate business opportuniestatal, porque o investimento gera oportunidades de negócios. E ties. And business, in turn, generates development resulting in os negócios, por sua vez, geram desenvolvimento e o desenvolvi- better standards of living for all. mento, por sua vez, cria melhores condições de vida para todos. Proud of his province, Simão Congo says only that he wants Orgulhoso da sua província, Simão Congo diz que quer ain- to live long enough to see the “blessed” Caio port in operada estar vivo para poder ver o “abençoado” Porto Caio cons- tion and bringing benefits not only to Cabinda but also to all truído e usufruir dos benefícios que trará não só para Cabinda of Angola. como para toda Angola. 29 País mais seguro Construção de pontes, estradas e pontecos, mais zonas aráveis seguras são as vantagens da desminagem A safer country Building bridges and highways and more safe arable land are among the advantages of mine clearing “Entre 80 e 90% das minas terrestres são feitas em madeira ou em plástico.” Esta afirmação abriu a conversa entre a todos e o engenheiro mecânico José Saraiva Baptista, ex-coordenador de desminagem mecânica da empresa Halo Trust, no Huambo, Bié, Benguela, Cuanza Sul e parte do Moxico. Quando, como e porquê se inicia um processo de desminagem? É importante que Angola esteja livre das minas? Estas e outras questões foram esclarecidas pelo perito angolano que considera que a simbiose entre o homem e as máquinas é crucial. “Há dois tipos de desminagem: a mecânica e a manual”, define José Baptista. “Na primeira empregam-se máquinas e na segunda, o homem”, diferencia o perito que, todavia, sublinha 30 “Between 80% and 90% of landmines are made out of wood or plastic.” This statement opened the debate between todos and the mechanical engineer José Saraiva Baptista, former coordinator of mechanical landmine clearance for the Halo Trust, in Huambo, Bié, Benguela, Cuanza Sul and part of Moxico. When, how and why do we begin on mine clearance processes? How important is it that Angola gets cleared of mines? These and other questions were clarified by this Angolan expert who deems the symbiosis between man and machine crucial. “There are two type of mine clearance: the mechanical and the manual”, José Baptista defined. “In the first, we deploy machines and in the second men”, the expert differentiated whilst also emphasisHernesto Congo, equipado e protegido, pronto para agir no terreno. Hernesto Congo, equipped and protected, ready to act on field. que para se declarar uma área livre de minas é necessário empregar as duas formas. José Baptista explica que as máquinas utilizadas para desminagem são normais. “Há os bulldozers e outras adaptadas com grelhas e lâminas à frente, utilizadas para fazer detonar os engenhos explosivos”, detalha. O operador, nestes casos, acrescenta, não corre risco de vida, porquanto as máquinas têm cabines blindadas para proteger a vida humana. “Aliás, algumas delas já podem ser telecomandadas a 300 metros de distância”, refere o especialista. Em temos técnicos, segundo José Baptista, a desminagem mecânica é aplicável nos grandes espaços, como na construção de estradas, aeroportos e campos agrícolas. Já a desminagem manual é aplicada nas zonas adjacentes às lavras e estações de tratamento de água, utilizando sapadores devidamente protegidos e com sensores de alto calibre, na medida em que o erro humano é mais reduzido. José Baptista não tem dúvidas que a desminagem veio dar a possibilidade de o povo angolano se movimentar livremente pelo país. “As estradas estavam minadas, as áreas agrícolas inacessíveis devido à iminência de activação das minas, era um risco. Hoje o cenário é mais animador, há maior circulação de pessoas e bens”, termina, satisfeito, o especialista. ing how declaring an area mine free required both methods. José Baptista explained how the machines involved in mine clearance are normal enough. “To detonate the explosives, we use regular bulldozers and some are adapted with grids or blades at the front.”, he explains. The operator, he added, does not run any risk because there are armoured cabins to protect human life. “Indeed, some are controlled remotely at a distance of 300 metres”, the specialist explained. In technical terms, according to José Baptista, mechanical mine clearance is appropriate for large spaces such as for the construction of roads, airports and agricultural fields. However, manual mine clearing takes place in areas surrounding washing sites and water treatment stations using duly protected clearers with high calibre sensors to ensure that human error is minimized. José Baptista holds no doubt that mine clearing has opened up the opportunity for the Angolan population to move freely around their country. “The roads were mined, the fields inaccessible due to the likelihood of active mines and there was always risk. Today, the scenario is more cheering with the greater circulation of people and goods”, the expert concluded with satisfaction. “A desminagem possibilitou que o povo se movimentasse livremente pelo país.” “Mine clearance enabled the people to move freely around the country.” 32 A nova máquina de desminagem com multifunções. The new, multi-purpose mine clearance machine. VIDA NOVA NEW LIFE O parque habitacional de Luanda, concebido para 600 mil habitantes, tem hoje 6,5 milhões. Impunha-se, da parte do Governo, a criação de projectos que acompanhassem o crescimento demográfico e, por isso, estão a ser erguidas várias centralidades em todo o país. A Cidade do Kilamba conta com mais de 55 mil habitantes, distribuídos entre apartamentos e vivendas. A centralidade conta com serviços essenciais que melhoraram a vida dos seus habitantes, como saneamento, água potável, três institutos superiores e um centro de saúde de referência. Populares sinistrados e outros desapropriados por utilidade pública foram realojados em habitações condignas e o cenário actual é de mudanças significativas que contrastam com dificuldades vivenciadas num passado recente. The housing stock of Luanda, designed for 600,000 inhabitants, today has 6.5 million. This required the creation of governmental projects to respond to the demographic growth, hence the building of new clusters nationwide. Kilamba is home to over 55,000 inhabitants living in apartments and residences. This settlement now draws upon core infrastructural services that improve the standard of living including sanitation, drinking water, three higher education institutions and a reference healthcare centre. Displaced persons along with others relocated in the public interest received proper homes with the current scenario pointing to significant changes contrasting sharply with the difficulties of the recent past. Projecto Sapú II Localizada no município de Belas, nos arredores do Estádio 11 de Novembro, esta circunscrição composta por vivendas é porto-seguro de cerca de 500 pessoas, que, até 2005, ano em que foram realojadas na Sapú II, viviam na zona do Baleizão, no interior da fábrica de sabão Congeral. “A minha vida deu meia volta. Lá não tínhamos água potável, vivíamos apertados, não tínhamos escolas nem centro de saúde”, conta à todos Ermelinda Alberto, moradora do bairro Sapú II ou Ondjo Yetu, palavra do kimbundo ‘aportuguesável’ para “Nossa Casa”. Located in Belas municipality, near Estádio 11 de Novembro, this community is made up of residences that provide shelter to around 500 persons who, before coming to Sapú II in 2005, lived in the Baleizão region, inside the Congeral soap factory. “My life changed. There, we had no drinking water, lived on top of each other, without schools or health centres”, Ermelind Alberto told todos, resident in the Sapú II neighbourhood or Ondjo Yetu, the Kimbundo word for the Portuguese “Our House”. A mobilidade está mais facilitada. Mobility is now easier. Nas vivendas da Sapú II há diversão. There’s fun in the Sapú II homes. Os irmãos Fernandes ajudam os pais no micro-negócio. The Fernandes siblings help the family micro-business. Centralidade do Kilamba Inaugurada a 11 de Julho de 2011, esta urbanização, localizada no município de Belas, é o maior projecto habitacional do país. Dista a cerca de 40 quilómetros do centro de Luanda. É o maná de mais de 55 mil habitantes distribuídos entre apartamentos e vivendas, concluída que está a primeira fase do projecto. Segundo o seu presidente, Joaquim Israel, estão em funcionamento 11 escolas, entre primárias e secundárias, e um centro de saúde de referência. “Não há problemas de água potável, energia eléctrica ou de saneamento básico. Os populares dizem que viver aqui é uma mais-valia”, declara. Inaugurated on 11th July 2011, this urban development in Belas municipality is the largest housing project in the country. Located around 40 kilometres from Luanda, this is the new home for over 55,000 inhabitants living either in apartments or homes following the completion of the first project phase. According to its president Joaquim Israel, there are 11 schools, both primary and secondary, and a reference healthcare centre. “There are no problems with the water supply, electricity or basic sanitation. The people say that living here really is excellent”, he declared. Delfina Ngola sorri para um novo dia. Delfina Ngola smiles for another day. A família Barros está confortável. The Barros family is plenty comfortable. Óscar, jardineiro, encontrou emprego no Kilamba. Óscar, a gardener, found work in Kilamba. Pérola Verde Localizada no Kicuxi, localidade do município de Viana, esta cooperativa habitacional propõe-se a construir em toda Angola, até 2017, cerca de 500 mil casas sociais (vivendas), de média e alta renda. O projecto, iniciado em Agosto de 2011, surgiu da necessidade de apoiar os militares, trabalhadores civis e respectivas famílias. O Pérola Verde conta ainda com vários parceiros sociais e com o apoio dos governos provinciais na concessão de terrenos. Located in Kicuxi, in the Viana municipality, this housing cooperative seeks to have around 500,000 public homes (residences) built by 2017 with medium and high rents. The project, launched in August 2011, emerged out of the need to support military and civilian workers along with their respective families. Pérola Verde also draws upon the support of various social partners and with provincial governments backing the organisation through the granting of land. Casa nova para Filomena Rodrigues. A new home for Filomena Rodrigues. 40 A cantora Elisa Barros vive melhor. The singer Elisa Barros lives better. VISÕES VISIONS “Do alcance da paz até hoje encontram-se interligadas quase todas as capitais das províncias.” António Resende Director do Instituto Nacional de Estradas de Angola. Leia mais na página 52. “Since achieving peace, we now have interconnections between almost all the provincial capitals.” António Resende Director of National Road Institute of Angola. Read more on page 52. Os mais novos têm qualidade de vida. The youngest enjoy some quality of life. “Acabemos com a infoexclusão” Angola foi o primeiro país africano a ter uma rede 4G “Let’s end the info-exclusion” Angola – the first African country to receive a 4G network Ângelo Gama no centro de telecomunicações da MSTelcom. Ângelo Gama at MSTelcom’s telecommunications centre. A recuperação da infra-estrutura de telecomunicações nacionais, após a sua destruição pela guerra, começou há dez anos. Em 2004, o Estado iniciou um ambicioso programa de reconstrução da rede de telecomunicações que impulsionou uma revolução tecnológica. Se antes as telecomunicações fixas assentavam numa rede de cobre, a evolução tecnológica exigiu mudanças para a fibra óptica, começando pela capital, Luanda. “Com o avanço da tecnologia, não fazia sentido voltar a colocar-se cobre”, lembra o director de Desenvolvimento e Negócios da MSTelcom. “Por isso optou-se pela fibra óptica, que era a tecnologia mais usada no momento”, esclarece Ângelo Gama. O responsável da MSTelcom, uma das três empresas operadoras de telecomunicações fixas em Angola, recorda que o Estado foi o primeiro a construir uma rede nacional em fibra óptica que cobriu todo país e levou as telecomunicações a todas as províncias, municípios e comunas – a chamada Rede Básica. “Foi um projecto de grande envergadura e que custou muito dinheiro”, explica Ângelo Gama que lamenta, de seguida, as falhas verificadas na planificação. “Infelizmente foi um projecto em que não se pensou em todas as suas fases. Construir é uma coisa, manter é outra.” A falta de sincronização entre a construção das infraestruturas de telecomunicações e a reconstrução das infraestruturas rodoviárias fez com que a rede óptica, colocada ao longo “O futuro do negócio das telecomunicações em Angola estará na fidelização dos clientes.” “The future of the telecommunications business in Angola will be based on customer loyalty.” The recovery and reconstruction of the national telecommunications infrastructure, following its destruction by war, started 10 years ago. In 2004, the state embarked on an ambitious programme to rebuild the telecommunications network, and this in turn led to a technological revolution. Fixed telecommunications had been based on a copper network, but technological developments now demanded a switch to optical fibre, starting with the capital Luanda. “As the technology had advanced so much, it made no sense to use copper again,” recalls Ângelo Gama, MSTelcom’s Director of Development and Business. “So we went along with optical fibre, which was the technology most in use at the time.” The executive of MSTelcom, one of the three fixed telecom operators in Angola, recalls that the state was the first to build a national fibre-optic network that covered the entire country and which brought telecommunications to all provinces, municipalities and local administrative areas – the so-called Core Network. “It was a major project and cost a lot of money,” explains Gama, who then speaks with regret of the shortcomings that occurred during the planning stage. “Unfortunately, it was a project where no one considered all the different phases. Construction is one thing, maintenance is another.” The lack of synchronised planning between the construction of the telecommunications infrastructure and the rebuilding of the road infrastructure meant that the optical network, which ran alongside the national roads, was practically shred to pieces. As a result, the core network, managed by Angola Telecom, began operating at below 40% of its operational capacity, forcing other carriers to launch their own fibre-optic networks. NATIONAL INNOVATION AND TECHNOLOGY Angola Telecom, Unitel and MSTelcom are the only three operators that have networks with national coverage. Unitel’s is the largest and reaches all 18 provinces. Angola Telecom’s network also covers the entire country but is badly damaged and the repair and maintenance costs are fairly high, according to Gama. MSTelcom already has a presence in 12 provinces, while Movicel is limited to a metropolitan network covering Luanda. As far as the future is concerned, Gama predicts “significant changes” in the telecom operators’ business model and their relationship with customers. One of the most important changes, he explains, will be the switch from pay-as-you-go to monthly contracts as the main source of revenue for the operators. “When that time comes, we will all be legally tied to the operators for a certain period of time through the common monthly price plan,” explains the engineer. “Currently, in Angola, most people still use mobile phones to make voice calls, which for operators such as Unitel is their main source of revenue. Making pay-as-you-go top-up cards available to the masses is possible only because 90% of the population uses mobile phones to make calls. If we add other services to the voice service, such as television and the internet (the famous 4Play), it will be difficult for these services to carry on being pay-as-you-go,” he maintains. “With the increasing competition between operators and the introduction of new technologies, the future of the telecommunications business in Angola will shift towards customer loyalty, and customers will more or less be retained through the purchase of value-added services and by entering into a contract with the operator.” À esquerda: Bento Cristovão, 33 anos, operador de redes no centro de monitorização de redes. Left page: Bento Cristovão, aged 33, network operator at the network monitoring centre. 46 WACS BRINGS CHEAPER INTERNET TO ANGOLA Angola was the first African country to receive a commercial 4G network, installed by Movicel in Cabinda. However, compared with the internet, the costs are still considered to be high. Gama, nonetheless, sees changes to the pricing coming: “In the past it was justified because there was only one international gateway via cable, which was SAT3 managed by 47 Engenheiro de telecomunicações no parque de antenas VSAT. Telecommunications engineer at VSAT’s antenna park. “Os miúdos das zonas rurais podem ter acesso a aulas virtuais e assim combater a infoexclusão.” “If children in rural areas can access online classes, it will help to combat the info-exclusion.” das estradas nacionais, tivesse sido praticamente retalhada. Como consequência, a rede básica, gerida pela Angola Telecom, passou a funcionar abaixo dos 40% da capacidade operacional, o que obrigou as outras operadoras a lançarem redes próprias em fibra óptica. INOVAÇÃO E TECNOLOGIA A NIVEL NACIONAL A Angola Telecom, a Unitel e a MSTelcom são as únicas três operadoras que possuem redes com cobertura nacional. A da Unitel é a maior de todas, chegando às 18 províncias. A rede da Angola Telecom também cobre o país todo, no entanto, está bastante danificada e os custos de reparação e manutenção são bastante elevados, segundo nota Ângelo Gama. Já a MSTelcom está em 12 províncias, ao passo que a Movicel conta apenas com uma rede metropolitana que cobre Luanda. Em relação ao futuro, Ângelo Gama prevê “alterações significativas” no modelo de negócio das operadoras de telecomunicações e na relação destas com os clientes. Uma das mudanças mais importantes, explica Gama, será a substituição da Era pré-pago pela Era pós-pago, como a principal fonte de receitas das operadoras. “Quando este tempo chegar, estaremos então todos legalmente amarrados aos operadores por um determinado período de tempo, através da vulgar assinatura mensal”, anuncia o engenheiro que se explica de seguida. “Actualmente, em Angola ainda se usa muito os telemóveis para fazer chamadas de voz, o que para operadoras, como a Unitel, constitui a principal fonte de receitas. A massificação dos cartões de recarga pré-pagos só é possível porque 90% da população utiliza os telemóveis, sobretudo, para telefonar. Se juntarmos ao serviço de voz outros serviços, como a televisão e a internet (o famoso 4Play), ficará difícil para estes serviços continuarem a ser pré-pagos”, sustenta. E acrescenta: “Com o aumento da concorrência entre operadores, com a introdução de novas tecnologias, o futuro do negócio das telecomunicações em Angola passará pela fidelização dos clientes, e os clientes serão mais ou menos fidelizados através da compra de serviços com valor acrescentado, por intermédio de um contrato a assinar com o operador”. Angola Telecom.” He continues: “However, with the new WACS – WEST AFRICA CABLE SYSTEM – submarine cable already in use and in which all major national operators own a percentage that gives them direct access to their own international gateway, we’re able to buy the internet more cheaply.” Gama gives the example of Angola Telecom, which, thanks to WACS, has been forced to cut prices in such a way that some operators have started to use both cables to connect to the internet, in the event that one fails. “WACS has been in use for only a short time in Angola and we’re already experiencing a gradual lowering of prices by operators,” says Gama, who announces further improvements. “With the new cable taking shape, which will link Sangano to Fortaleza, competition will increase and the internet will certainly become more accessible to all.” Gama paints an optimistic vision of the future that does not fail to include rural areas in the world of information technology. Bringing e-learning to the masses is one of the development opportunities noted by him, with an impact on the creation of more open universities and schools, which would avoid the need for schoolchildren and students to travel long distances, as is currently the case in some areas of the country. “At the moment, some children have to walk many kilometres to attend school... In future, they’ll be able to access an online classroom from their respective local administrative area,” he anticipates. “Providing there are the right incentives, all the operators can help to combat the phenomenon known as info-exclusion.” He concludes: “If we were to have effective, low-cost telecommunications in all the country’s local administrative areas, we’d be able show the rural community that the world doesn’t end there.” INTERNET MAIS BARATA COM O WACS Angola foi o primeiro país africano a ter uma rede 4G comercial instalada pela Movicel em Cabinda, entretanto, em relação a internet, os custos ainda são considerados elevados. Ângelo Gama vê, no entanto, mudanças nos preços e explica as razões para isso. “No passado justificava-se porque só havia uma saída internacional por cabo, que era o SAT3, gerido pela Angola Telecom”. “No entanto”, prossegue, “com o novo cabo submarino WACS – WEST AFRICA CABLE SYSTEM – já em uso e no qual todos os principais operadores nacionais têm uma percentagem que lhes dá acesso directo a uma saída internacional própria, conseguimos comprar a internet mais barata”. Gama toma o exemplo da Angola Telecom que, por causa do WACS, se viu obrigada a cortar os preços de tal maneira que algumas operadoras passaram a usar os dois cabos para saída de internet, para o caso de um deles falhar. “O WACS está em uso há pouco tempo em Angola e já sentimos as operadoras, aos poucos, a baixarem os preços”, insiste Gama que anuncia mais melhorias. “Com o novo cabo que se está a desenhar, que ligará Sangano à Fortaleza, a concorrência vai aumentar e certamente a internet vai ser mais acessível a todos”. Ângelo Gama mostra uma visão optimista sobre o futuro, que não deixa de parte a inclusão das zonas rurais no universo das tecnologias de informação. A massificação do e-learning é uma das possibilidades de desenvolvimento que aponta, com impacto na criação de mais universidades e escolas abertas, evitando-se assim deslocações de estudantes para longas distâncias, como as que se assistem actualmente em algumas zonas do país. “Hoje há miúdos que têm de andar tantos quilómetros para irem à escola... No futuro vão poder, na sua própria comuna, ter acesso a uma sala de aulas virtual”, antecipa. “Desde que existam os incentivos certos, podemos, todos os operadores em conjunto, ajudar a combater o fenómeno chamado de “infoexclusão”, desafia e conclui. “Se houver telecomunicações a baixo custo e efectivas em todas as comunas do país, poderemos mostrar à comunidade rural que o mundo não acaba ali.” 50 Ângelo Gama Ângelo Gama é formado em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Juntou-se à MSTelcom em 2005, como diretor de Operações. Em 2006 foi apontado como CTO da empresa. Participou em vários projetos, incluindo o arranque do “3 Mobile UK”, a primeira operadora de telefonia móvel 3G na Inglaterra e da fusão entre a HP e a Compaq. Fez parte da implementação do backbone nacional de fibra óptica da MSTelcom. Foi o técnico de Angola no “Sistema de Cabos da África Ocidental” – WACS. Ângelo Gama holds a degree in Electrical Engineering from the Technical University of Lisbon. He joined MSTelcom in 2005 as Director of Operations and in 2006 was appointed CTO. He participated in several projects, including the launch of ‘3 Mobile UK’, the first 3G mobile operator in the UK, and the merger between HP and Compaq. He contributed to MSTelcom’s implementation of the national fibre-optic backbone and served as Angola’s technical representative for the West Africa Cable System – WACS. Central de dados de telecomunicações da MSTelcom. MSTelecom’s telecommunications data centre. 51 “Onde há estradas, há evolução” Com o alcance da paz encontram-se interligadas quase todas as capitais do país. “Where there are roads, there is progress” Following the achievement of peace, almost all the country’s capitals are now connected. António Resende, Director do Instituto Nacional de Estradas de Angola. António Resende, Director of the National Roads Institute of Angola. Para o quinquénio 2013-2017, conforme definido no Plano Nacional de Desenvolvimento aprovado pelo Executivo em relação a infra-estruturas rodoviárias, a intervenção do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA) incide sobre a construção e reconstrução de todas as estradas do país, quer as nacionais quer as secundárias e terciárias. O programa inclui a construção de pontes definitivas em betão armado, pontes metálicas e ou mistas e junta a conservação e manutenção das redes viárias já reabilitadas, calculadas em cerca de 8.500 quilómetros. Para melhor percebermos o que se tem feito ao longo destes anos de paz e de livre circulação de pessoas e bens pelas estradas do país, a todos conversou com o engenheiro António Resende, director do INEA, antiga Junta Autónoma de Estradas. Assiste-se, um pouco por todo país, à reabilitação das infra-estruturas rodoviárias. Sendo esse o foco principal do INEA, desde 2002, com o alcance da paz, até hoje o que já foi feito? antónio resende — Desde o alcance da paz até hoje foram interligadas quase todas as capitais provinciais. Ou seja, dos 15.500 quilómetros de redes fundamentais ou nacionais, já foram executados 11.700. Em relação às redes secundárias, temos construído, por ano, cerca de 1.500 quilómetros de um total de 6.000. Quanto às terciárias, dos 65.000 quilómetros, já foram reabilitados 7.500. No caso das pontes, até à presente data já foram montadas cerca de 568, sendo 311 definitivas em betão armado e/ou mistas inseridas nos itinerários principais. O remanescente foi em pontes metálicas provisórias, não só na rede fundamental, mas também nas redes secundárias e terciárias. Mas há estradas ainda em péssimas condições. É o caso do troço Tomboco-Soyo, na província do Zaire. Por que razão não há melhorias naquela zona específica? Não podíamos fazer tudo ao mesmo tempo. Houve prioridades em termos de execução. Tivemos de fazer tudo faseado. As ligações Zaire-Uige, Kuito-Luena e Menongue-Ondjiva. No entanto, tem-se trabalhado na ligação terrestre (através de uma ponte) Soyo-Cabinda. Importa referir que há planos gigantescos para algumas dessas ligações, pois enquadram-se “Não há palavras para expressar a quantidade de benefícios que trouxe a interligação rodoviária.” “No words can express the numerous benefits brought by the connection of roads.” For the five-year period between 2013-2017, as defined in the National Development Plan approved by the Executive in relation to road infrastructure, the role of the National Roads Institute of Angola (INEA) is focused on constructing and reconstructing the country’s entire network of national, secondary and local routes. The programme includes the construction of permanent reinforced concrete bridges, steel bridges and/or mixed bridges. It brings together the conservation and maintenance of the various renovated road networks, estimated at about 8,500 km. To help us better understand the accomplishments during these years of peace and free movement of people and goods along the country’s roads, todos caught up with António Resende, engineer and Director of INEA, the former National Roads Authority. We’re seeing the renovation of the road infrastructure throughout the country. That being the main focus of INEA since 2002, following the achievement of peace, what has been accomplished up to now? antónio resende — Since peace was achieved and until now, almost all the provincial capitals have been connected. In other words, of the 15,500 km comprising the national network, 11,700 km has already been implemented. In the secondary network, we’ve built about 1,500 km per year out of a total of 6,000 km. As for the local network, we’ve already renovated 7,500 km out of 65,000 km. About 568 bridges to date have been assembled – 311 of those are permanent bridges made from reinforced concrete and/or mixed materials and placed along the main routes. The remainder are temporary steel bridges, which not only form part of the national network but also the secondary and local networks. Nonetheless, some roads remain in very poor condition. That’s the case of the Tomboco-Soyo section in Zaire province. Why haven’t there been any improvements in that specific area? We haven’t been able to accomplish everything all at once. There were priorities in terms of the implementation. We had to do it in stages, such as the Zaire-Uige, Kuito-Luena and Menongue-Ondjiva links. Work has, however, been carried out on the Soyo-Cabinda land link, through the construction of a bridge. It should be noted that there are big plans for some of these links because they fall within the scope of future regional and cross-border corridors. But there has already been work on these sections, which we will soon finish, and then they’ll be connected. The project for the Tomboco-Soyo section in particular is far-reaching, hence the delay. Despite that, we’re certain that the population will be proud of the end result. How were the national, secondary and local routes about 10 years ago? As people know, most of the roads became derelict during the war. They weren’t maintained and became increasingly degraded or were even wiped out altogether. In some cases, rebuilding them was impossible, so we had to change the colonial plans for various reasons, including population growth and the presence of faster, more powerful cars, etc. It was necessary to build wider roads from scratch that are better suited to the country’s current situation. How the population benefited from the connection of almost all the provincial capitals? Todas as manhãs começam o dia com uma breve conversa sobre boa disposição e segurança no trabalho. Each morning they begin with a brief talk about workplace readiness and safety. 54 No words can express the numerous socio-economic benefits that connection of the roads between almost all the provinces has brought to the population. We feel extremely proud when we go to the provinces. Previously, travel between provinces could sometimes take three to four days, or more. People would even lose an entire day travelling 20 km. The conditions were very difficult and whenever it rained, it became impossible. The provincial population is essentially rural and now it’s easy for them to sell their products, which has greatly improved their economic power. Therefore, the benefits have been many. It’s often said: “Where there’s a road, there’s progress.” Most of the provinces have grown considerably. Those who know how it was before can see a huge difference now. There was a shortage of everything: fuel, basic food, clothing, etc. People no longer need to carry fuel cans in their car because there are gas stations along several sections of road. 55 “Em conjunto com a Polícia Nacional prevemos fazer Postos de Comando Unificados.” “Together with the national police, we expect to implement Unified Command Posts.” nos futuros corredores regionais e transfronteiriços. Mas, tem-se estado já a trabalhar nesses troços e, dentro em breve, concluiremos as obras e teremos então esses troços interligados. Em relação especificamente ao troço Tomboco-Soyo, o projecto é de grande envergadura, daí a demora, mas estamos certos que a população ficará orgulhosa com o resultado final. Como eram as estradas nacionais, secundárias e terciárias há mais ou menos dez anos? Como é sabido, a maioria das estradas ficou degradada no período da guerra. Não havia manutenção nenhuma e elas foram ficando cada vez piores, chegando mesmo a deixarem de existir. Em alguns casos, era impossível a reestruturação, pelo que tivemos mesmo de alterar o projecto colonial, por vários motivos, entre os quais o aumento da população e a circulação de automóveis mais velozes e potentes, etc. Foi preciso construir estradas de raiz mais largas e mais adequadas à actual situação do país. Que benefícios trouxe à população a interligação de quase todas as capitais de províncias? Não há palavras para expressar a quantidade de benefícios socioeconómicos que a interligação rodoviária entre quase todas as províncias trouxe à população. Quando vamos às províncias, ficamos extremamente orgulhosos. Dantes, as pessoas, para se deslocarem de uma província a outra, levavam, às vezes, três a quatro dias. Ou mais. Chegava-se a perder um dia inteiro em 20 quilómetros. Eram condições muito difíceis. E quando chovia, então era mesmo impossível. Nas províncias, a população é essencialmente rural e hoje em dia escoam os seus produtos de uma forma tranquila, o que melhorou muito o seu poder aquisitivo. Portanto, houve muitos benefícios. Costuma-se dizer que “onde existe uma estrada, há desenvolvimento”. A maioria das províncias acabou por crescer muito. Para quem conheceu o passado, actualmente nota uma diferença abismal. Havia carência de tudo: combustível, alimentação básica, roupa, etc. Para quem está em viagem, já não precisa de andar com bidons de combustível no carro, pois já há bombas de combustível ao longo dos diversos troços. As minas foram certamente das maiores dificuldades no processo de reconstrução e requalificação de estradas. Fale-nos sobre isso. O processo de construção das infra-estruturas rodoviárias foi muito complexo. Tivemos de tudo um pouco no início do programa, mas o pior de tudo foi a parte da desminagem. Quase todos os troços, tirando as localidades dos centros das cidades, estavam minados. Não se podia construir estradas sem desminar as áreas primeiro. Houve muitas baixas, como é óbvio. Trabalhamos com empresas e ONG’s. O Governo investiu muito para podermos contornar essa situação. Segundo as estatísticas da Polícia Nacional, a sinistralidade rodoviária é cada vez maior. De que modo o INEA tem contribuído para a segurança nas estradas? Infelizmente o aumento desenfreado da sinistralidade rodoviária é um facto que nos preocupa. Por ano morrem aproximadamente 4.300 pessoas nas estradas do país. Mas é preciso dizer que o problema dos acidentes está, sobretudo, na irresponsabilidade do homem. O INEA, a este propósito, tem um programa de conservação das estradas, que consiste na verificação de lombas, raios de curvatura, buracos, degradação dos pavimentos, etc, para ajudar a solucionar o problema. Quais são os projectos que o INEA tem a curto, médio e longo prazos? Pretendemos concluir cerca de 26.000 quilómetros de estradas da rede fundamental e concluir a rede secundária e terciária. Nesse processo, incluímos também as pontes e pontecos. Prevemos ainda a montagem de dispositivos de controlo ao longo das estradas. Refiro-me a balanças para a pesagem dos camiões, porque o código de estrada prevê limites de carga. Em conjunto com a Polícia Nacional, prevemos fazer Postos de Comandos Unificados, onde estarão todos os órgãos que poderão fazer o acompanhamento das estradas, incluindo sistemas de apoio e segurança para a prestação de primeiros socorros em caso de acidentes, como cabines telefónicas, corpo de bombeiros, etc... 56 Mines were certainly among the biggest difficulties during the process of rebuilding and renovating the roads. Tell us about that. The process of building the road infrastructure was very complex. We faced a bit of everything at the start of the programme, but demining was the worst part of all. Almost all the sections, apart from the city centres, were mined. Roads had to be first demined before they could be rebuilt. The casualties were obviously high. We worked with companies and NGOs, and the government invested a lot so we could overcome this situation. According to national police statistics, road accidents are on the rise. How has INEA contributed to road safety? Unfortunately, the rampant increase in road accidents is a fact that concerns us. Every year, approximately 4,300 people die on the country’s roads. But it has to be said that the problem is mainly down to people acting irresponsibly. INEA, in this respect, runs a road maintenance programme that consists of checking road humps, holes, surface degradation, etc., to help solve the problem. What projects does INEA have over the short, medium and long term? We intend to finish about 26,000 km of roads in the national network and to complete the secondary and local networks. We also include bridges and temporary bridges in this process. And we anticipate the construction of control devices along the roads, such as weighing scales as the Highway Code imposes load limits. Together with the national police, we expect to implement Unified Command Posts, where all entities managing the roads will be based, including support and safety systems for providing first aid during accidents, telephone booths, fire department, etc. ANTÓNIO RESENDE António Gomes Godinho de Resende é licenciado em Engenharia Civil. Exerceu funções de director de Obras na empresa Teixeira Duarte e de director Provincial de Estradas de Luanda. Foi membro da Comissão de Gestão do Instituto Nacional de Estradas de Angola – INEA – e vice-governador de Luanda para o sector técnico e infraestruturas. É director do INEA desde 2013. António Gomes Godinho de Resende holds a degree in Civil Engineering. He previously acted as Construction Manager at Teixeira Duarte and as Director of Roads for Luanda Province. He was a member of the Management Committee at the National Roads Institute of Angola – INEA – and ViceGovernor of Luanda for the technical sector and infrastructure. He is Director of INEA since 2013. À direita: Alegres, dirigem-se para os autocarros que os distribuem ao longo da via em construção. Right page: The workers board cheerfully on the buses that transport them along the road being built. 57 Meu Futuro Coração de Estuda nte Formação é o foco desta jovem luandense, que vê nos estudos o caminho a seguir rumo ao sucesso Heart of a Student Training is the focus of this Luandan youngster that sees education as the route to success. Fotógrafa. Balconista. Frentista. Entre três profissões possíveis, Cristina Matondo, 27 anos, escolheu a terceira. Há quatro anos, juntou-se ao Grupo Badora e foi colocada no posto de gasolina da empresa, no bairro Jacinto Tchipa, arredores do bairro Calemba II. A opção por abastecer veículos no posto de gasolina vem de uma virtude inata, o gosto pelo contacto com as pessoas. É a mesma razão que antes a levou a trabalhar como fotógrafa num estúdio no bairro São Paulo em Luanda. “Gosto de lidar com o público, às vezes não é fácil devido à chatice de algumas pessoas”, conta a frentista mais antiga do seu posto de trabalho. Cristina Matondo é serena, dócil, mas ao mesmo tempo exigente. São esses atributos que lhe rendem a simpatia e admiração do público no seu dia-a-dia de trabalho. Mas Matondo acrescenta outras explicações para a sua postura de responsabilidade e profissionalismo. “Com os proventos deste emprego consegui construir a casa da minha mãe”, revela. “Agora, a minha luta consiste no sonho da casa própria e ter uma vida estável”. Também conhecida pela alcunha ‘Tó’ pelos mais próximos, Cristina Matondo já definiu as prioridades para 2015. Retomar os estudos de modo a terminar o curso de Mecânica, na Escola 17 de Setembro, na Guarnição de Luanda. E explica-se, lacónica. “O país agora está a andar”. Por isso, sem avançar datas, deixou nas entrelinhas que aspira a novos voos. Ou melhor, um novo emprego. Quem sabe na área administrativa? A resposta de Matondo não foi desta, mas, pelo menos, deixou a promessa de frequentar o curso superior de Contabilidade “e engrandecer a Pátria”. 58 Photographer, shop assistant, attendant: from these three professions, Cristina Matondo, aged 27, chose the third. Four years ago, she joined Grupo Badora and began working at a gas station in the Jacinto Tchipa neighbourhood on the outskirts of Calemba II. The option to fill-up vehicles at a gas station stemmed from an innate virtue: the pleasure gained from contact with people. The same reason had earlier led her to work as a photographer in the São Paulo neighbourhood of Luanda. “I like dealing with the public even if sometimes this is not easy due to some people being a pain”, explained the attendant with the longest station service record. Cristina Matondo is serene and calm but at the same time highly demanding. These are the attributes that daily generate public admiration at her work. However, Matondo adds other reasons for her sense of responsibility and professionalism. “With my earnings, I have managed to build my mother’s house”, she revealed. “Now, my struggle consists of the dream of getting my own house and a stable life”. Also known as ‘Tó’, Cristina Matondo has already set her 2015 priorities. Resuming her studies and finishing her Mechanics course at the 17 de Setembro school in Guarnição, Luanda. And, she explains laconically, “the country is now moving forward”. Hence, without stipulating any dates, she underlined just how she aspired to new heights. Or more practically, a new job. How about in the field of management? Cristina’s response did not take that track but she certainly did promise to take a degree in accountancy and “make the country richer”.