Projeto de leitura – Contos Fantásticos Livro: Os melhores contos fantásticos Autor: Flávio Moreira da Costa (organizador). Faixa etária: 9º ano e Ensino Médio Estrutura: O livro traz uma coleção de contos fantásticos escolhidos e organizados pelo acadêmico Flávio Moreira da Costa. Sinopse: De acordo com a editora Nova Fronteira: ―São 51 textos divididos em 4 partes — Da Antiguidade ao Puritanismo, O Apogeu do Século 19, Atravessando o Século 20 e O Fantástico em Bom Português. Encontrar Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Eça de Queiroz e Murilo Rubião no elenco desta antologia leva o leitor a pensar nas ligações entre a literatura de língua portuguesa e suas fontes. Disponível em http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=11397 com acesso em 11 de outubro de 2013. Introdução Educador, este projeto tem como objetivo sugerir uma nova forma de trabalho com a leitura. Para isso, recomenda-se alguns procedimentos. O livro é denso e volumoso; entretanto o trabalho específico com a área de códigos e linguagens mostrou-se mais eficaz. Para este trabalho, não indica-se um movimento interdisciplinar maior que a intercessão entre os conteúdos de Língua Portuguesa e Literatura. Voltado para o final do Ensino Fundamental e Ensino Médio, acredita-se que boa parte dos procedimentos de formação de um leitor mais experiente e crítico já estejam aplicados. Por isso, pode-se alçar voos maiores em uma leitura de profundidade que recupere os elementos estéticos da literatura apresentada. Curta este projeto e vá além! Ele não funcionará como um receituário, ele é aporte de sugestões, aberto à inclusão legítima de seus interlocutores. Senhor Educador, agora, este projeto é seu. Os textos desse livro são divertidos e intrigantes. Os contos e autores apresentados no livro: 1. Bíblia, Apocalipse 2. Narayana, O Rato e o Eremita 3. Wu Cheng’en, A Sentença 4. Charles e Mary Lamb, A Tempestade 5. Nathaniel Hawthorne, O Jovem Goodman Brown 6. E. T. A. Hoffmann, O Homem da Areia 7. Prosper Mérimée, A Vênus de Ille 8. Robert Louis Stevenson, O Ladrão de Cadáveres 9. Théophile Gautier, A Cafeteira 10. Théophile Gautier, A Morta Apaixonada 11. Heinrich Heine, Deuses no Exílio 12. Mary Shelley, O Imortal Mortal 13. Guy de Maupassant, Quem Sabe? 14. Guy de Maupassant, O Horla 15. Ivan Turgueniev, Um Sonho 16. I. A. Ireland, Final para um Conto Fantástico 17. Edgar Allan Poe, William Wilson 18. A. P. Tchekhov, O Sapateiro e a Força Maligna 19. Villiers de l’Isle Adam, Vera 20. Charles Dickens, O Sinaleiro 21. Charles Dickens, A História dos Duendes que Raptaram um Coveiro 22. Honoré de Balzac, O Elixir da Longa Vida 23. Hans Christian Andersen, A Sombra 24. F. Marion Crawford, Na Cabine do Navio 25. Charles Baudelaire, O Jogador Generoso 26. Marcel Schwob, A Cidade Adormecida 27. Guillaume Apollinaire, O Desaparecimento de Honoré Subrac 28. Saki, Sredni Vashtar 29. Horacio Quiroga, A Insolação 30. Franz Kafka, Josefina, a Cantora ou o Povo dos Ratos 31. Rudyard Kipling, Rikki-tikki-tavi 32. Anatole France, A Missa das Almas 33. Akutagawa Ryunosuke, Sennin 34. Oscar Wilde, O Foguete Notável 35. Ambrose Bierce, O Estranho 36. Lafcadio Hearn, Uma Promessa Quebrada 37. Léon Bloy, Os Prisioneiros de Longjumeau 38. Leopoldo Lugones, Os Cavalos de Abdera 39. Jorge Luis Borges, Tlön, Uqbar, Orbis Tertius 40. Julio Cortázar, Carta a Uma Senhorita Em Paris 41. Dino Buzzati, O Bicho-papão 42. Manuel Bernardes, Lenda dos Bailarins 43. Machado de Assis, As Academias de Sião 44. Aluísio Azevedo, Demônios 45. Afonso Arinos, Uma Noite Sinistra 46. Eça de Queiroz, O Defunto 47. Raul Brandão, O Mistério da Árvore 48. João Guimarães Rosa, Um Moço muito Branco 49. Murilo Rubião, Teleco, o Coelhinho 50. Duílio Gomes, O Ovo com Solenidade 51. Flávio Moreira da Costa, Mensch(s) Entrevista com o autor: http://www.revistacontinente.com.br/index.php/component/content/article/2727.html Disponível para download em: http://kickass.to/contos-fantasticos-organizados-por-flavio-moreira-da-costa-t1409641.html Procedimentos Sensibilização: provocações iniciais 1º- Assistindo a interessantes vídeos: sensibilização Educador, proponha que os educandos assistam aos seguintes vídeos e reflitam sobre sua estrutura narrativa: http://www.youtube.com/watch?v=1GFkN4deuZU As cenas, segundo informam, ―misturam uma série de pinturas surreais de Dali com dança e metamorfose. A produção do diretor John Hench começou em 1945, 58 anos antes de sua conclusão, e foi uma colaboração entre a Walt Disney e o pintor espanhol surrealista Salvador Dalí.‖ O filme conta a história de Chronos, a personificação do tempo e da incapacidade de realizar seu desejo de amor por uma mortal. Os personagens estão lutando contra o tempo, o relógio gigante que emerge da face de pedra grande de Júpiter e que determina o destino de todos os romances humanos. 2º-Vamos discutir em conjunto Educador, propõe-se que, ao terminar o vídeo, você discuta e amplie (sugiro ―amplie‖) a discussão a partir das seguintes questões: É possível encontrar elementos do gênero conto virtualizado nessa outra linguagem, que se assemelha ao gênero videoclipe? Quais? As formas de se contar uma história precisam ser necessariamente lineares à lógica narrativa, ou podem alcançar o imaginário, nas dimensões do sonho ou da alteridade? Curiosidades sobre esse vídeo no link: http://www.animation-animagic.com/por.aspx?idConteudo=519 Antes dos educandos iniciarem a leitura, sugere-se que o professor adquira o livro, leia-o e escolha um dos contos para iniciar e terminar esta aula com uma ―contação de história‖. Conte a história da forma mais interessante que você achar, dentre os contos apresentados no livro para os educandos. Encene a história, faça vozes diferentes, proponha uma entrada para o livro, sem mencionar que a história tratada pertence a um livro e que esse livro será lido em sala de aula. Atenção, professor! Não termine a história, deixe um suspense no ar e guarde-a para o dia seguinte. Ao terminar, os educandos já estarão contagiados por um tipo de narrativa diferente. É a narrativa do conto fantástico. Características do conto fantástico pode ou não apresentar a estrutura do conto tradicional: complicação, conflito, clímax e desfecho; estabelece oposição entre o real e o fantástico; apresenta acontecimentos estranhos, fora do comum ou aparentemente sobrenaturais; a linguagem, normalmente, é culta e formal, mas nem sempre. VER PROPOSTA DE ATIVIDADE_01 – Atividade introdutória do gênero Ao terminar a atividade, sugere-se uma AVALIAÇÃO, com as seguintes questões: Você compreendeu as estratégias de produção de um conto, tal como o reconhecimento e análise do enredo, das personagens, do tempo?... Você compreendeu as estratégias usadas pelo autor na produção do humor no texto? Você compreendeu, ainda nas estratégias de produção do conto, como o tempo da narrativa é conduzido pelo narrador e sua utilização na criação e quebra de expectativas em relação à história original, brincando não só com efeitos de sentido, como também com a imaginação do leitor e suas referências da versão original? Você compreendeu as possíveis metáforas que recortam um conto, enunciadas pela estratégia do humor? Você soube levantar hipóteses de possíveis interpretações adequadas ao estilo do narrador, baseadas não só no conhecimento de mundo do leitor (leitor do conto), como também nas possibilidades oferecidas e sustentadas pela narrativa? Construção, registro e sistematização Sugere-se ao educador que reflita sobre a melhor forma de conduzir as informações a seguir, explicando ou lendo, porém é imprescindível que parte dessa explicação tenha sido registrada pelo/para o educando. O projeto pode ser chamado de Leitura Compartilhada. Para isso, é preciso iniciar a leitura de alguns contos com os educandos, em sala de aula. Dessa forma, o educador terá a oportunidade de não só explicar a história, mas ressaltar detalhes da sua construção, sempre buscando exemplificar, no texto, os conteúdos trabalhados em outras esferas da aula, como: conexão entre os parágrafos, referenciação, pronominalização, expressões adverbiais, as descrições, os moderadores textuais, entre outros elementos. Lembre-se, educador, tão importante quanto o trabalho com o texto (livro) em sala de aula, é a clareza dos motivos pelos quais você o tenha adotado. Isso deve ficar bem claro para si mesmo, para os educandos, para a escola e para os pais interessados. Quais são os seus objetivos, como educador, ao adotar esse ou aquele livro? 1º- Atividade de leitura I Sugere-se que o educador leia o primeiro conto com os educandos e, posteriormente, peça que cada educando leia três parágrafos: reserve, em seu planejamento, algumas aulas para o trabalho com a leitura! Utilize-se desse procedimento apenas no primeiro capítulo. VER PROPOSTA DE ATIVIDADE_02 – Atividade do livro 1º- Cinema e Literatura O diálogo entre cinema e literatura fantástica como manifestações das novas formas de percepção trazidas pela modernidade: o hiperestímulo urbano, a experiência do choque, a velocidade e a fragmentação. Professor, sugere-se, a seguir, vários grandes filmes do cinema, que são adaptações cinematográficas de literatura fantástica. Escolha algum desses filmes para o trabalho em sala de aula, tornando sua aula diferente e, consequentemente, mais atrativa. Lembre-se de que seus objetivos estão focados, principalmente, na aquisição das características desse gênero em diversas linguagens, para facilitar a compreensão. Também, como sugestão, ao final, foi preparada uma atividade de um filme que adapta para as telas uma lenda antiga com características da narrativa fantástica. Vamos às opções: Farenheit 451 (1966) De François Truffaut The Haunted Palace (1963) De Roger Corman Last man on Earth (1964) De Sidney Salkow I, Monster (1971) De Stephen Weeks La Cruz del Diablo (1975) De John Gilling Link para o conto “La Cruz del Diablo”: http://www.angelfire.com/ne/bernardino3/cruz.html Disponível em http://bmovieblues.blogspot.com.br/2007/12/grandes-adaptaes-cinematogrficas-de.html com acesso 3 de março 2013. VER PROPOSTA DE ATIVIDADE_03 – Cinema e literatura Acredita-se que os educandos já sejam capazes, a partir desse momento, de continuar sozinhos. Marque, então, uma data para o término da leitura. No dia combinado, faça perguntas aleatórias sobre as histórias. Posteriormente recomenda-se ao educador que leia o texto, a seguir, e peça aos educandos que façam as questões propostas. O Fantástico e o cinema A literatura fantástica é um dos gêneros mais inquietantes, e embora tenha sido criado e cristalizado por grande parte dos autores românticos do século 18, foi Edgar Allan Poe quem de fato o transformou numa obra de arte. O relato alucinatório explora até as últimas consequências a técnica expressionista de nos mostrar o mundo através dos olhos de um personagem: vemos o que ele vê, sentimos o que ele sente. Só que, no presente caso, o personagem está vivendo um estado alterado de consciência; e nós com ele. Poe foi o mestre dos contos de dedução e raciocínio, mas foi também o mestre da alucinação. Releia, leitor, obras arrepiantes como ―O Gato Preto‖ ou ―O Coração Revelador‖. Estamos na mente de um desequilibrado, e a medida do talento de Poe é como consegue nos transmitir essa sensação de desequilíbrio em dois personagens tão diferentes quanto os narradores destes dois contos. Outros mestres do gênero foram o alemão Hoffmann e o francês Maupassant – este último com o agravante de que estava de fato enlouquecendo, e muitos de seus contos refletem esse lento processo de deterioração mental. No Brasil temos obras como a ―Noite na Taverna‖ de Álvares de Azevedo, uma sequência de episódios arrepiantes que, no entanto, se focalizam mais na crueldade do que propriamente na alucinação. Temos ―Noite‖ de Érico Veríssimo, a história de um homem amnésico vagueando pela madrugada insone de Porto Alegre. Temos os romances de Campos de Carvalho, especialmente ―A Chuva Imóvel‖ e ―Vaca de Nariz Sutil‖, narrativas na primeira pessoa que nos deixam perceber apenas alguns vislumbres do mundo do lado de fora da mente do narrador. O relato alucinatório tem um ritmo narrativo próprio, em que o que nos é dito parece fazer sentido, mas logo em seguida, cai do céu um episódio surrealista ou uma situação absurda. Quando imaginamos perceber o que está acontecendo, o tapete é mais uma vez puxado de sob nossos pés, e mergulhamos novamente no caos mental do protagonista. Grande parte dessas histórias recorre à primeira pessoa narrativa como uma maneira mais eficaz e mais direta de aprisionar o leitor dentro da gaiola mental do personagem que narra. No cinema temos também exemplos da mesma técnica, como nos filmes de David Lynch (―Veludo Azul‖, ―Cidade dos Sonhos‖), filmes que exigem muito do espectador, não no sentido banal de ―dar uma explicação‖ para o que está acontecendo, mas no sentido de aceitar as regras do jogo, fazer o investimento de atenção e de energia emocional necessários à absorção da história, mesmo sabendo que de tantos em tantos minutos tudo aquilo irá se negado pelo narrador. O cinema é particularmente propício a esse tipo de relato, por não exigir o esforço de concentração que a leitura exige. No cinema, que não passa de uma alucinação controlada por imagens e sons, o relato alucinatório encontra sua melhor expressão. Disponível em http://www.literaturafantastica.pro.br/index.php/literatura/fantastico-e-a-arte/101-o-fantastico-e-o-cinema.html com acesso 3 março de 2013. Propostas Procure, na internet ou em livros, o conto ―O gato preto‖ e leia-o. Domínio público: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=86669 Liste três estratégias usadas para criar o clima de suspense no conto. Explique o porquê de esse ser um conto fantástico, de pertencer à literatura fantástica. Proponha que os educandos assistam ao seguinte vídeo: ―O coração delator‖ — Animação de 1953, uma adaptação do conto de Edgar Allan Poe. VÍDEO: http://www.youtube.com/watch?v=6D7aUJToxDg Pergunte oralmente aos educandos: quais as características do conto fantástico que são observadas no vídeo? Amplie a discussão sobre essas diferentes linguagens a partir das tecnologias utilizadas e técnicas de animação do cinema.