SECRETARIA DE PORTOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – SEP/PR UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC FUNDAÇÃO DE ENSINO DE ENGENHARIA DE SANTA CATARINA – FEESC LABORATÓRIO DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA – LABTRANS COOPERAÇÃO TÉCNICA PARA APOIO À SEP/PR NO PLANEJAMENTO DO SETOR PORTUÁRIO BRASILEIRO E NA IMPLANTAÇÃO DOS PROJETOS DE INTELIGÊNCIA LOGÍSTICA PORTUÁRIA Plano Mestre Porto de Imbituba FLORIANÓPOLIS – SC, DEZEMBRO DE 2012 Plano Mestre FICHA TÉCNICA – COOPERAÇÃO SEP/PR – UFSC Secretaria de Portos da Presidência da República – SEP/PR Ministro – José Leônidas de Menezes Cristino Secretário Executivo – Mário Lima Júnior Secretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário – Rogério de Abreu Menescal Diretor de Sistemas de Informações Portuárias - Luis Claudio Santana Montenegro Gestora da Cooperação – Mariana Pescatori Universidade Federal de Santa Catarina Reitora – Roselane Neckel Vice-Reitora – Lúcia Helena Pacheco Diretor do Centro Tecnológico – Sebastião Roberto Soares Chefe do Departamento de Engenharia Civil – Antonio Edésio Jungles Laboratório de Transportes e Logística – LabTrans Coordenação Geral – Amir Mattar Valente Supervisão Executiva – Jece Lopes Coordenação Técnica Antônio Venicius dos Santos Fabiano Giacobo Jonas Mendes Constante Reynaldo Brown do Rego Macedo Roger Bittencourt Equipe Técnica André Macan Anny Karem Amorim de Paula Antônio Nilson Craveiro Holanda Bruno Egídio Santi Bruno Henrique Figueiredo Baldez Carla Celicina David Sampaio Neves Carlos Fabiano Moreira Vieira Caroline Helena Rosa Cláudia de Souza Domingues Claudio Vasques de Souza Porto de Imbituba iii Plano Mestre Daniele Sehn Diego Liberato Dirceu Vanderlei Schwingel Edésio Elias Lopes Edgardo Ernesto Cabrera Chamblas Emanuel Espíndola Enzo Morosini Frazzon Eunice Passaglia Fábio Simas Fernanda Gouvêa Liz Franz Fernando Seabra Francisco Veiga Lima Frederico de Souza Ribeiro Heloísa Munaretto Isabella Cunha Martins Costa Jervel Jannes João Affonso Dêntice João Rogério Sanson Joni Moreira José Ronaldo Pereira Júnior Juliana da Silva Tiscoski Juliana Vieira dos Santos Leandro Quingerski Leonardo Tristão Luciano Ricardo Menegazzo Luiz Claudio Duarte Dalmolin Manuela Hermenegildo Marcelo Azevedo da Silva Marcelo Villela Vouguinha Marcus José de Oliveira Borges Mariana Ciré de Toledo Martins Lecheta Maurício Araquam de Sousa Mauricio Back Westrupp Mayhara Monteiro Pereira Chaves Milva Pinheiro Capanema Mônica Braga Côrtes Guimarães Olavo Amorim de Andrade Paula Ribeiro Paulo André Cappellari Paulo Roberto Vela Júnior Pedro Alberto Barbetta Ricardo Sproesser Roberto L. Brown do Rego Macedo Robson Junqueira da Rosa Rodrigo Melo Rodrigo Paiva Samuel Teles de Melo Sérgio Grein Teixeira Silvio dos Santos Soraia Cristina Ribas Fachini Schneider Stephanie Thiesen Tatiana Lamounier Salomão Thays Aparecida Possenti Tiago Buss Tiago Lima Trinidad Vinicius Ferreira de Castro Virgílio Rodrigues Lopes de Oliveira Bolsistas Ana Claúdia Silva Bruno Luiz Savi Carlo Sampaio Cristhiano Zulianello dos Santos Daniel TjaderMartins Eder Vasco Pinheiro Fernanda Faust Gouveia Guilherme Furtado Carvalho iv Porto de Imbituba Plano Mestre Guilherme Gentil Fernandes Gustavo Stelzner João Vicente Barreto Jonatas José de Albuquerque Larissa Berlanda Lívia Segadilha Luana Belani Cezarotti Luana Corrêa da Silveira Lucas de Oliveira Rafael Luís Felipe Cardoso Masotti Luiz Ricardo Weimann Araujo Maria Fernanda Modesto Vidigal Mateus Henrique Schuhmacher Valério Maurício Pascoali Natália Tiemi Komoto Renan Leimontas Rodrigo Paulo Garcia Samuel Sembalista Haurelhuk Simara Halmenschlager Stefano Malutta Tatiane Gonçalves Silveira Thais da Rocha Coordenação Administrativa Rildo Andrade Equipe Administrativa Anderson Schneider Diva Helena Teixeira Silva Eduardo Francisco Fernandes Pollyanna Sá Sandréia Schmidt Silvano Scheila Conrado de Moraes Fotografia Sônia Vill Porto de Imbituba v Plano Mestre vi Porto de Imbituba Plano Mestre APRESENTAÇÃO O presente estudo trata do Plano Mestre do Porto de Imbituba. Este Plano Mestre está inserido no contexto de um esforço recente da Secretaria de Portos da Presidência de República (SEP/PR) de retomada do planejamento do setor portuário brasileiro. Neste contexto está o projeto intitulado “Pesquisas e estudos para a logística portuária e desenvolvimento de instrumentos de apoio ao planejamento portuário”, resultado da parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), representada pelo seu Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), e a SEP/PR. Tal projeto representa um avanço no quadro atual de planejamento do setor portuário, e é concebido de modo articulado com e complementar ao Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) – também elaborado pela SEP/PR em parceria como LabTrans/UFSC. A primeira fase do projeto foi finalizada em março de 2012 com a entrega dos 14 Planos Mestres e a atualização para o Porto de Santos, tendo como base as tendências e linhas estratégicas definidas em âmbito macro pelo PNLP. Esta segunda fase do projeto completa a elaboração dos restantes 19 Planos Mestres e a atualização dos resultados dos Planos Mestres entregues em 2012. A importância dos Planos Mestres diz respeito à orientação de decisões de investimento, público e privado, na infraestrutura do porto. É reconhecido que os investimentos portuários são de longa maturação e que, portanto, requerem avaliações de longo prazo. Instrumentos de planejamento são, neste sentido, essenciais. A rápida expansão do comércio mundial, com o surgimento de novos players no cenário internacional, como China e Índia – que representam desafios logísticos importantes, dada a distância destes mercados e sua grande escala de operação – exige que o sistema de transporte brasileiro, especialmente o portuário, seja eficiente e competitivo. O planejamento portuário, em nível micro (mas articulado com uma política nacional para o setor), pode contribuir decisivamente para a construção de um setor portuário capaz de oferecer serviços que atendam a expansão da demanda com custos competitivos e bons níveis de qualidade. De modo mais específico, o Plano Mestre do Porto do Imbituba destaca as principais características do porto, a análise dos condicionantes físicos e operacionais, a projeção de Porto de Imbituba vii Plano Mestre demanda de cargas, a avaliação da capacidade instalada e de operação e, por fim, como principal resultado, discute as necessidades e alternativas de expansão do porto para o horizonte de planejamento de 20 anos. viii Porto de Imbituba Plano Mestre 1 SUMÁRIO EXECUTIVO Este relatório apresenta o Plano Mestre do Porto de Imbituba, o qual contempla desde uma descrição das instalações atuais até a indicação das ações requeridas para que o porto venha a atender, com elevado padrão de serviço, a demanda de movimentação de cargas projetada para os próximos 20 anos. Para tanto, ao longo do relatório são encontrados capítulos dedicados à projeção da movimentação futura de cargas em Imbituba, ao cálculo da capacidade das instalações do porto, atual e futura, e, finalmente, à definição das alternativas de expansão que se farão necessárias para o atendimento da demanda. Após uma breve introdução feita no capítulo 2, o capítulo seguinte encerra o diagnóstico da situação atual sob várias óticas, incluindo a situação da infraestrutura e superestrutura existentes, a situação dos acessos aquaviário, rodoviário e ferroviário, a análise das operações portuárias, uma análise dos aspectos ambientais e, por último, considerações sobre a gestão do porto. Sobre a situação da infraestrutura destaque-se a obra de dragagem de aprofundamento que será realizada em breve, que levará a profundidade do canal de acesso a 17 m, além de aprofundar os berços ao nível -15 m. Esta obra irá complementar a dragagem provisória para -12,5 m realizada pela arrendatária do TECON, a empresa Santos Brasil, que permitirá a entrada no porto de navios de 7.500 TEU. Ainda a respeito do acesso aquaviário, registre-se que, segundo a praticagem, haverá a necessidade de se modernizar a frota de rebocadores que atende Imbituba, face ao crescimento esperado para o porte dos navios de contêineres. Os dois atuais, da companhia Wilson&Sons, não são azimutais e têm tração estática de 45 t, o que os torna pouco adequados para a manobra de navios porta-contêineres grandes, principalmente sob a ação de ventos fortes e/ou numa eventual manobra de desatracação de emergência. No tocante às instalações de armazenagem ficou patente a reduzida capacidade estática do pátio recebedor do coque de petróleo. Este pátio tem uma capacidade de 120.000 t, porém, por exigência do órgão ambiental do estado, está limitado a operar no máximo com 90.000 t. Esta limitação tem provocado a interrupção do desembarque no período noturno para que seja feito o rechego da carga no pátio para abrir espaço e permitir a continuação do desembarque no turno seguinte. Essa interrupção gera uma perda de Porto de Imbituba 9 Plano Mestre produtividade que deve ser eliminada pelo aumento da capacidade estática, principalmente porque no futuro as consignações irão aumentar face ao aprofundamento das águas do porto. O diagnóstico do acesso rodoviário evidenciou a necessidade de se concluir a duplicação da BR-101 no trecho ao sul de Imbituba, assim como de se duplicar o acesso norte ao porto, entre a rodovia e o porto propriamente dito. Nesse acesso norte há quatro rótulas no cruzamento de avenidas e ruas da cidade, tornando pesado o tráfego na via. Por outro lado, o acesso ferroviário não tem sido utilizado na movimentação das cargas do porto. Por exemplo, em 2011, nenhuma carga foi transportada de ou para o porto pelo modal ferroviário. Espera-se que esta situação mude no futuro. Quanto à análise das operações portuárias, verificou-se que o volume total de carga movimentado em Imbituba aumentou 139% nos últimos dez anos, tendo apresentado nesse período um crescimento médio anual de 10,2%. Em 2011, o Porto de Imbituba movimentou 2.311.731 toneladas de carga, sendo 1.868.316 t de granéis sólidos, 330.172 t de carga geral e 113.243 t de granéis líquidos. Ressaltam a predominância dos granéis sólidos, decorrente principalmente dos significativos volumes de desembarque de coque de petróleo, e a menor representatividade dos granéis líquidos, cuja operação consiste basicamente de desembarques de soda cáustica e ácido fosfórico. A movimentação de carga geral se dividiu em 199.640 t de carga conteinerizada e 130.532 t de carga solta. O diagnóstico evidenciou que a operação com contêineres é feita preferencialmente no berço 2, distante das áreas de armazenagem, enquanto que no berço adjacente à principal destas áreas a movimentação preferencial é de granéis sólidos. Essa inversão de posicionamento é histórica e decorre do fato de que o berço 3 dispõe de correia transportadora embutida no cais para permitir o transporte do coque de petróleo para a correspondente área de armazenagem. No entanto ela causa um deslocamento grande dos caminhões de contêineres que tem que vencer pelo menos 700 m em cada sentido, consumindo mais combustível e provocando maior poluição do ar. Essa situação irá se agravar muito porque as projeções relativas à movimentação futura de contêineres mostram níveis de 500.000 TEU/ano, o que irá gerar enorme tráfego nas vias de circulação que levam ao berço 2. 10 Porto de Imbituba Plano Mestre O diagnóstico ambiental foi realizado com base nos estudos ambientais já disponíveis. A seguir, no capítulo 4 é apresentada a análise estratégica realizada, a qual, essencialmente, buscou avaliar os pontos positivos e negativos do porto, tanto no que se refere ao seu ambiente interno quanto ao externo e, em seguida, estabeleceu as linhas estratégicas que devem nortear o seu desenvolvimento. A matriz SWOT do Porto de Imbituba pode ser vista na próxima tabela. Tabela 1. Matriz SWOT Positivo Negativo Baixa capacidade de realizar investimentos com recursos próprios Operação intraporto: cruzamento de caminhões de diferentes tipos de cargas Canal de acesso com boas condições de navegabilidade e de manobra Ambiente Interno Ambiente Externo Amplas áreas de armazenagem para contêineres Situação financeira equilibrada e boa distribuição de receitas entre arrecadação com tarifas e arrendamentos Acessos terrestres conflitantes com a cidade Portfólio diversificado de mercadorias Desestímulo a concorrência nas áreas de arrendamento Perspectivas de crescimento de Unificação do ICMS para demanda por contêineres, cavaco de importação madeira e coque de petróleo Proximidade com o sul catarinense, Ausência de ligação ferroviária ativa Rio Grande do Sul e Paraná Tendência de aumento de participação na movimentação de Perspectiva de baixo crescimento contêineres em relação a portos da economia mundial concorrentes: Rio Grande, Itajaí/Navegantes e Itapoá Boa disponibilidade de acessos terrestres com ligação a grandes zonas produtoras: acesso à BR-101 com pista duplicada no sentido norte Fonte: Elaborado por LabTrans Algumas das linhas estratégicas sugeridas estão expostas a seguir. Consolidar e estimular o crescimento da movimentação de contêineres Adequar a estrutura portuária para atender às exigências ambientais Promover o arrendamento de áreas subutilizadas No capítulo 5 são apresentadas as projeções da demanda de movimentação de cada uma das principais cargas de Imbituba. Porto de Imbituba 11 Plano Mestre Ressalte-se que o óxido de ferro deixará de ser movimentado nos próximos anos, por exaustão de sua fonte, mas, por outro lado, espera-se que cavaco de madeira passe a fazer parte da pauta de exportações pelo porto. Essas projeções foram feitas após intensos e detalhados estudos envolvendo vários parâmetros macroeconômicos nacionais e internacionais, questões da logística de acesso ao porto, competitividade entre portos, identificação das zonas de produção, reconhecimento de projetos que pudessem afetar a demanda sobre o porto, etc. Importante ressaltar que as projeções feitas estão consistentes com as projeções do PNLP, e a elas se subordinam. Os resultados alcançados estão apresentados naquele capítulo, sendo reproduzido a seguir um resumo dos mesmos, iniciando-se pela figura seguinte que mostra a variação da Milhares de Toneladas demanda por natureza de carga. 14.000 12.000 10.000 Contêiner 8.000 Carga Geral Granel Líquido 6.000 Granel Sólido 4.000 Total 2.000 Figura 1. 2029 2030 2027 2028 2026 2024 2025 2022 2023 2020 2021 2019 2017 2018 2015 2016 2014 2012 2013 2011 0 Movimentação Observada (2011) e Projetada (2012-2030) por Natureza de Carga – Porto de Imbituba Fonte: Dados Secex (Aliceweb) e PNLP; Elaborado por LabTrans A próxima tabela detalha a demanda futura para cada carga movimentada por Imbituba. 12 Porto de Imbituba Plano Mestre Tabela 2. Volume de Produtos Movimentados no Porto de Imbituba entre os Anos 2011 (Observado) e 2030 (Projetado) Produtos 2011 2015 2020 2025 2030 Coque de petróleo 757.102 806.297 1.297.984 1.705.932 2.050.635 Óxido de ferro 361.927 0 0 0 0 Contêiner 199.640 986.643 4.565.456 6.218.885 7.023.169 Contêiner (TEUs) 13.587 67.148 310.714 423.242 477.979 Sal 179.769 189.727 233.364 244.829 253.890 Sal longo curso 152.790 161.253 198.342 208.086 215.788 Sal cabotagem 26.979 28.473 35.022 36.743 38.103 Fertilizantes 128.374 383.797 453.453 453.950 453.953 Clínquer 127.413 0 0 0 0 Hulha 112.434 297.011 385.306 402.775 405.830 Barrilha 79.147 157.731 205.747 263.450 329.394 Cevada 78.699 206.436 276.060 353.957 435.681 Soda cáustica 68.784 78.161 84.033 88.319 92.821 Trigo 56.750 62.924 70.300 75.260 78.510 Ácido fosfórico 43.806 42.493 48.449 54.601 60.957 0 720.000 895.970 947.697 1.012.301 117.887 211.245 457.617 580.860 655.418 2.311.731 4.142.466 8.973.739 11.390.516 12.852.559 Cavaco de Madeira Outros Total Fonte: Dados Secex (Aliceweb) e ANTAQ; Elaborado por LabTrans Pode-se notar a expectativa de grande crescimento da demanda de contêineres, que crescerá a uma taxa média de 19% ao ano, alcançando, em 2030, mais de 7 milhões de toneladas. Produtos como coque de petróleo, cevada, barrilha, fertilizantes e hulha crescerão a uma taxa média anual maior do que 5%, enquanto os demais produtos crescerão a taxas menores até 2030. Por outro lado, as movimentações de clínquer e óxido de ferro deverão cair a zero ao longo dos próximos cinco anos. Dentre os produtos novos destaca-se o cavaco de madeira, que deve iniciar sua movimentação em 2013 e tornar-se a terceira principal carga do porto em 2030, perdendo apenas para contêineres e coque de petróleo. A evolução da composição dos principais produtos indica que o coque de petróleo, principal produto movimentado no Porto de Imbituba em 2011, experimentará uma queda de seu market share na movimentação total, de 33% em 2011 para 16% em 2030. Porto de Imbituba 13 Plano Mestre Observa-se o expressivo crescimento esperado da participação dos contêineres na movimentação total do porto, cujo percentual deverá ser de 55% em 2030, contra apenas 9% em 2011. Essas variações podem ser vistas na próxima figura. Figura 2. Participação dos Principais Produtos Movimentados no Porto de Imbituba, em 2011 (Observada) e 2030 (Projetada) Fonte: Dados Secex (Aliceweb) e ANTAQ. Elaborado por LabTrans As demandas consequentes sobre os acessos ao porto, tanto aquaviário quanto terrestre, foram também estimadas no capítulo 5. Por exemplo, o número de escalas previsto para ocorrer em 2030 é da ordem de 1.300, bem acima do que foi observado em 2011, de cerca de 200 atracações. Esse excepcional crescimento é creditado à evolução da movimentação de contêineres, que deverá crescer de meras 11.000 unidades em 2011 para mais de 470.000 unidades em 2030. 14 Porto de Imbituba Plano Mestre Em seguida, no capítulo 6 foram estimadas as capacidades futuras de movimentação das cargas nas instalações atuais do porto. Essas capacidades foram calculadas a partir da premissa básica de que o porto irá operar com padrão de serviço elevado, buscando reduzir o custo Brasil associado à logística de transporte. As capacidades foram calculadas para os anos 2015, 2020, 2025 e 2030. Segundo a metodologia adotada para seu cálculo, que pode ser vista em anexo deste relatório, essas capacidades dependem do mix de produtos que serão movimentados num trecho de cais em cada ano. Como o mix de produtos varia por conta da projeção da demanda, e uma vez que as produtividades de movimentação diferem de carga a carga, pode ocorrer uma variação da capacidade de movimentação de uma particular carga ao longo do tempo. No capítulo 6 foram também estimadas as capacidades dos acessos aquaviário e terrestres, tanto rodoviário quanto ferroviário. No tocante ao acesso rodoviário avaliou-se o aumento de capacidade que seria obtido pela duplicação do trecho da BR-101 ao sul de Imbituba. No capítulo 7 foi feita a comparação entre as demandas e as capacidades, tanto das instalações portuárias, quanto dos acessos terrestres e aquaviário. No que diz respeito às instalações portuárias a comparação foi feita para cada carga, reunindo as capacidades estimadas dos vários berços que movimentam a mesma carga. O contido no capítulo 7 evidenciou a situação de déficit de capacidade que ocorrerá com o coque de petróleo a partir de 2020. A figura seguinte ilustra o resultado alcançado para o coque de petróleo. Porto de Imbituba 15 Plano Mestre Figura 3. Coque de Petróleo – Demanda vs Capacidade Fonte: Elaborado por LabTrans Com relação às demais cargas, a situação é semelhante, sendo destacado a seguir o contêiner. Figura 4. Contêineres – Demanda vs Capacidade Fonte: Elaborado por LabTrans Portanto, ficou evidenciada a necessidade de serem implementadas ações para a eliminação dos déficits de capacidade. Esta questão foi devidamente abordada no capítulo 8. Antes porém, registre-se que o capítulo 7 também tratou dos acessos terrestres e aquaviário. Quanto a esse último pode ser afirmado que o acesso aquaviário não impedirá o atendimento pleno da demanda projetada para o porto. 16 Porto de Imbituba Plano Mestre Entretanto, no tocante ao acesso rodoviário a situação requer que seja concluída a duplicação do trecho da BR-101 ao sul de Imbituba. Isto feito a rodovia também não será obstáculo para o crescimento da movimentação do porto. Mais localmente, entre a BR e o porto, também se recomenda a duplicação do acesso norte ao porto em si. A próxima figura mostra a comparação entre a capacidade e a demanda referentes à BR-101. Nesta figura o trecho 1 refere-se tramo da rodovia ao norte de Imbituba e o 2 ao tramo sul. Figura 5. BR-101 pista duplicada – demanda vs capacidade Fonte: Elaborado por LabTrans Com respeito ao acesso ferroviário concluiu-se que a capacidade irá superar a demanda com bastante folga ao longo de todo o horizonte do planejamento. Como antecipado, no capítulo 8 foram analisadas ações capazes de reduzir ou eliminar os déficits de capacidade. Foi admitido que, antes de se decidir pela construção de mais infraestrutura para atracação, dever-se-ia esgotar as possibilidades de se aumentar a capacidade do porto pela introdução de melhorias operacionais (aumento de produtividade) e pela substituição e/ou aumento da quantidade de equipamentos que ora fazem o embarque/desembarque das cargas. Dentre as melhorias operacionais se admitiu tão somente um aumento na produtividade do desembarque do coque de petróleo por conta de uma maior área de Porto de Imbituba 17 Plano Mestre armazenagem, já a partir de 2015. Esse aumento de produtividade seria consequência da não interrupção do desembarque da carga no período noturno. Para tanto buscar-se-ia remover as restrições ambientais atuais que impedem o uso pleno da capacidade estática disponível no porto para a armazenagem do coque, além de se promover a ampliação em si desta capacidade pelo aumento da área. Não obstante esse aumento da produtividade no desembarque do coque de petróleo haverá a necessidade de se expandir a infraestrutura de atracação em 2020. Cálculos de capacidade com a inclusão de mais um berço indicaram que esta expansão será suficiente para eliminar os déficits de capacidade, conforme pode ser visto nas próximas figuras. Figura 6. Coque de Petróleo – Demanda vs Capacidade com mais 1 Berço Fonte: Elaborado por LabTrans Com relação às demais cargas, a situação é semelhante, sendo destacado a seguir o contêiner. Considerando-se a importância que os contêineres assumirão na movimentação no porto, admitiu-se também que, junto com o novo berço, serão instalados mais dois portêineres similares aos hoje existentes no porto. 18 Porto de Imbituba Plano Mestre Figura 7. Contêineres – Demanda vs Capacidade com mais um berço Fonte: Elaborado por LabTrans Para a implantação do novo berço dois locais foram considerados. O primeiro seria uma extensão natural do berço 2, expandindo-se aquela frente de atracação em mais 330 m (Cais Leste). O segundo local seria ao lado do berço 3, após este ter sido expandido para 330 m (Cais Oeste). Esse novo berço, por recomendação da praticagem, não seria construído no alinhamento do berço 3, mas sim faria com este um pequeno ângulo, seguindo a linha da futura bacia de evolução. Desta forma a manobra dos navios na bacia de evolução seria mais segura e as necessidades de dragagem menores. Nas duas alternativas seria requerido aumentar o comprimento do molhe de proteção. Para efeitos de comparação as alternativas foram avaliadas quanto aos aspectos econômico, ambiental e de planejamento de longo prazo. O aspecto econômico foi analisado por meio da relação intitulada EVM, que é o quociente entre o custo anualizado do ciclo de vida do empreendimento e a capacidade anual de movimentação por ele adicionada ao porto. A análise ambiental compreendeu uma avaliação dos principais impactos ambientais, tanto na fase de construção quanto de operação, que seriam causados pela implantação da alternativa estudada. Para permitir a comparação entre as alternativas foi atribuída uma nota de criticidade a cada uma delas, variando entre 1 (pior) e 5 (melhor). Porto de Imbituba 19 Plano Mestre A avaliação de planejamento de longo prazo levou em consideração se o empreendimento se ajusta ao zoneamento pretendido para o porto, ao mesmo tempo em que contribui para reduzir, ou não agravar, o conflito porto-cidade. Também segundo esse critério foi atribuída uma nota variando de 1 (pior) a 5 (melhor). A próxima tabela resume as pontuações atribuídas às duas alternativas. Tabela 3. Pontuação das Alternativas Avaliação Cais Leste Cais Oeste 2,54 2,39 Ambiental Fase de Implantação (NGC) 2 2 Ambiental Fase de Operação (NGC) 3 3 Planejamento de Longo Prazo 2 5 Econômica (EVM) Fonte: Elaborado por LabTrans As medidas de valor econômico (EVM) mostram uma vantagem para alternativa localizada no cais oeste. As Notas Globais de Criticidade (NGC) apresentaram valores idênticos para as duas alternativas propostas. Isso reflete a similitude das obras em um mesmo ambiente. Os valores caracterizam como mais severos os impactos de implantação do empreendimento (Nota Global de Criticidade = 2), e medianos os impactos associados à operação dos empreendimentos (Nota Global de Criticidade = 3). Finalmente, a avaliação sob o ponto de vista do planejamento de longo prazo é francamente a favor da alternativa de se construir o novo berço no lado oeste, em continuação do berço 3. À vista desses resultados recomenda-se que a expansão seja feita no lado oeste, reconfigurando o porto para uma disposição mais eficiente das operações, tal como preconizado na visão ideal do Porto de Imbituba (vide capítulo 8). A seguir no capítulo 9 são feitas considerações sobre parte financeira do porto e modelo de gestão. Concluiu-se que o porto é saudável financeiramente, embora não haja recursos suficientes para investimentos em expansão. Finalmente no capítulo 10 é apresentado o Programa de Ações que sintetiza as principais intervenções que deverão ocorrer no Porto de Imbituba e seu entorno, para garantir o atendimento da demanda com elevado padrão de serviço. Este programa de ações pode ser visto na próxima tabela. 20 Porto de Imbituba Plano Mestre Tabela 4. Programa de Ações – Porto de Imbituba i ii iii iv v vi vii viii ix x xi xii xiii xiv xv xvi xvii xviii xix xx 2030 2028 2029 2026 2027 2024 2025 2022 2023 2020 Estratégico 2021 2018 2019 2016 Operacional 2017 2014 2015 2012 Descrição da Ação 2013 PROGRAMA DE AÇÕES - PORTO DE IMBITUBA Emergencial Item Estudos de Viabilidade Estudo de viabilidade para o aterro próximo ao berço 2 Estudo de viabilidade de instalações apropriadas para a movimentação do cavaco Estudo de viabilidade para a expansão do molhe de abrigo Investimentos no porto Ampliação da armazenagem de coque Instalações apropriadas para a movimentação do cavaco Dragagem PAC 2 Ampliação do berço 3 existente em 80 metros Melhoria das vias de circulação internas do porto e portões de acesso Construção de um novo berço e aquisição de 2 portêineres Estabelecimento de pátios ferroviários Reposicionamento e modernização das instalações de coque de petróleo Investimentos fora do porto Término da duplicação do trecho sul da BR-101 em Santa Catarina Duplicação do acesso norte do porto Pátio de triagem da Santos Brasil Área industrial da Santos Brasil Gestão portuária Término da concessão da C.D.I. Término do contrato de arrendamento da FrangoSul Programa de arrendamentos portuários Reestruturação do balanço contábil do porto Monitoramento de indicadores de produtividade Legenda Prepa ra çã o Prontifi ca çã o Fonte: Elaborado por LabTrans Porto de Imbituba 21