Utilização eficiente de energia em motores Humberto Jorge Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria Introdução Os motores de indução representam 90% do consumo de energia em força motriz Nos países desenvolvidos os motores consumem metade da energia eléctrica Os sistemas que integram motores têm potenciais elevados de poupança de energia eléctrica 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 2 Aplicações típicas de motores Bombas Compressores Ventiladores Moinhos Misturadores Elevadores 2003/04 Tapetes rolantes Electrodomésticos Equipamento de escritório etc. Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 3 Consumo de EE na Indústria Energia electrica consumida pela indústria (100 %) Força Moriz (64 %) Energia útil (32 %) (20,7 %) Perdas nos motores (11,3 %) Outros usos (36 %) 2003/04 Ventil. Compress. Bombas Perdas nas máq. e etc. transmissão mecânicas Perdas totais (32 %) Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 4 Sistemas de força motriz Em geral os sistemas de força motriz podem integrar 4 módulos: (a) Variador Electrónico de Velocidade (VEV) (b) Motor Eléctrico (c) Transmissão mecânica (d) Dispositivo de uso final. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 5 Utilização eficiente dos motores Dimensionamento correcto dos motores Utilização de motores de alto rendimento Utilização de transmissões mecânicas de baixas perdas Utilização de variadores electrónicos de velocidade para adaptar o regime de trabalho às flutuações de carga Optimização das condições de funcionamento 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 6 Perdas e Rendimento As perdas num motor de indução correspondem à energia que não é convertida em trabalho útil, e que é transformada em calor. As perdas não só contribuem para a redução do rendimento do motor, mas também vão provocar um aumento da sua temperatura. Um aumento excessivo de temperatura pode conduzir a uma redução substancial da vida do motor. Potência Mecânica Perdas Rendimento 1 Potência Eléctrica Potência Eléctrica 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 7 Perdas típicas nos motores Tipo de perdas Localização Dependência (%) Perdas no Cobre Condutores do estator e Crescem rapidamente rotor com a carga Perdas no Ferro Circuito magnético Perdas Mecânicas Rolamentos, ventoinha e parte rotativa Perdas Perdas devidas a: suplementares Saturação do ferro Acabamento das superfícies do entreferro Harmónicos 2003/04 Valor Constantes e independentes da carga Constantes e independentes da carga Constantes e independentes da carga Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 18 % rotor 37 % estator 20 9 16 8 Curvas Características Perdas 2003/04 Rendimento & F.P. Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 9 Rendimento dos motores Motores de maior dimensão apresentam maior rendimento 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 10 Variação do Cos j com a carga I - Corrente total IP - Corrente activa IR - Corrente reactiva Cos j - Factor de potência 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 11 Factor de potência dos Motores de indução Característica construtiva 2003/04 Característica de utilização Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 12 Desvantagens do sobre-dimensionamento Menor rendimento o rendimento dos motores reduz-se substancialmente, especialmente nos motores mais pequenos Menor factor de potência o factor de potência degrada-se rapidamente a partir da plena carga Maior custo da instalação 2003/04 do motor, da aparelhagem de accionamento associada (contactores, arrancadores, etc.) Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 13 Exemplo de dimensionamento Bomba de 24 kW/2900 rpm funcionando 4500 h/ano accionada por um de dois motores de 30 kW ou de 55 kW Regime de carga (%) Rendimento (%) Factor de potência Potência absorvida em (kW) Energia / ano (kWh) Encargo energia (0,06€/kWh) Diferença de encargos / ano 2003/04 Motor de 30 kW 80 88 0,87 27,27 122 715 7362,90 € 945 € Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria Motor de 55 kW 43 78 0,73 30,77 138 465 8307,90 € 14 Condições ambientais e de manutenção Devem trabalhar a temperaturas baixas Os condutores de cobre têm menos resistência e portanto menos perdas A vida do motor aumenta (por cada 10 ºC de elevação a duração do isolamento reduz-se a metade) As necessidades de manutenção de motores de indução são essencialmente limpeza da carcaça, a fim de reduzir a temperatura, e nalguns casos lubrificação dos rolamentos 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 15 Motores de alto rendimento Modificações Chapa magnética mais fina e de melhor qualidade Aumento do comprimento do circuito magnético Optimização do entreferro Aumento da secção dos enrolamentos do rotor e do estator Optimização dos sistemas de ventilação Rolamentos e lubrificantes de melhor qualidade Variação (%) Redução das perdas … Perdas no ferro 15 a 35 Perdas no ferro … 20 Perdas no ferro e suplementares Perdas no cobre … Perdas mecânicas … Perdas mecânicas Menores perdas => temperatura de funcionamento mais baixa => vida útil mais longa. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 16 Motores de alto rendimento (Algumas desvantagens) Aspectos menos positivos no funcionamento de um motor de alto rendimento, causados pela menor resistência do rotor: 2003/04 Diminuição do binário de arranque => problemas em cargas com elevada inércia. Aumento da corrente de arranque, o que pode ter implicações no dimensionamento da alimentação e accionamento do motor. Diminuição do escorregamento, ou seja um pequeno aumento da velocidade do motor. Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 17 Motores de Alto Rendimento Exemplo Motores de 10hp podem apresentar velocidades à plena carga de 1460 RPM ou 1450 RPM, para motores de alto rendimento e standard respectivamente. Em bombas e ventiladores => a carga e o consumo sobem, anulando uma parte substancial da economia obtida com a introdução do motor de alto rendimento (a carga das bombas e ventiladores centrífugos cresce aproximadamente com o cubo da velocidade). Há possibilidade de evitar este aumento de carga através de ajustamentos na transmissão, na bomba ou sobretudo utilizando o controlo electrónico de velocidade. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 18 Decisão de Instalação de Motores de Alto Rendimento Instalação de um novo equipamento ou motor Para um uso superior a 2000h/ano um EEM é normalmente vantajoso (EEM vs Standard): O motor existente avariou Precisa de ser rebobinado. Se tem um número elevado de horas de funcionamento por ano, deverá ser considerada a sua substituição por um EEM. A diferença no investimento é significativamente maior que no caso anterior. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 19 Decisão de Instalação de Motores de Alto Rendimento O motor existente está fortemente sobredimensionado Se o motor tem um número elevado de horas de funcionamento por ano, deverá ser considerada a sua substituição por um EEM com uma potência não excedendo o máximo da potência mecânica requerida. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 20 Reparação/Rebobinagem Factores de índole técnica e económica que devem ser pesados aquando da decisão de reparar/substituir: Apurar previamente o estado geral do motor danificado a fim de prever em que condição ficará após a reparação; Preço do motor e da reparação; Número de horas de operação; Factor de carga; Custo da electricidade; No caso da substituição, e assumindo que um motor reparado sofre uma quebra de rendimento de 1%, a compra de um EEM é normalmente vantajosa do ponto de vista do tempo de retorno do capital investido ("payback time") e em termos de tempo de vida do motor. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 21 Controlo de Velocidade Uma grande parte das aplicações em que se utiliza força motriz beneficiaria, em termos de consumo de electricidade e desempenho global, se a velocidade do motor se ajustasse às necessidades do processo. Conduz em geral a uma poupança substancial de energia. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 22 Aplicações com carga variável ou parcial Representam 60% das aplicações de força motriz na indústria, e 80% no sector terciário Ventiladores Desumidificadores Bombas Condicionadores de ar Máquinas de lavar Correias transportadoras Máquinas pneumáticas Elevadores Serras de bancada Compressores 2003/04 Escadas rolantes Etc. Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 23 Bombas e Ventiladores Os métodos convencionais de controlar caudais em bombas e ventiladores baseiam-se no uso de dispositivos de estrangulamento (válvulas, persianas, etc.) que restringem o caudal mas introduzindo simultaneamente perdas consideráveis. Bomba 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 24 Métodos Convencionais de Controlo de Velocidade A velocidade de saída de um motor pode ser variado interpondo entre o motor e a carga de diversos tipos de dispositivos: • caixas de velocidade com engrenagens • sistemas de correia com polias de diâmetro variável • embraiagens excêntricas de disco seco • transmissões hidráulicas • embraiagens electromagnéticas. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 25 Métodos Convencionais de Controlo de Velocidade caixas de velocidade com engrenagens sistemas de correia com polias de diâmetro variável embraiagens excêntricas de disco seco transmissões hidráulicas embraiagens electromagnéticas. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 26 Variadores Electrónicos de Velocidade (VEVs) Os VEVs convertem a tensão da rede de 50 Hz numa tensão contínua e em seguida numa tensão com frequência variável sob controlo externo do utilizador que pode ir de 0 a 150 Hz consoante o tipo de aplicações. Diagrama geral dos variadores electrónicos de velocidade que utilizam inversores na saída Ligação DC linkDC 3 AC Alimentação input trifásica 2003/04 Rectificador CA AC para CC to DC converter Filtro Filter Inverter: DC to Inversor variable CC para CA voltage com & e Frequência frequency tensão variável AC Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria Motor Motor 27 Características binário/velocidade (motor de indução) Características binário/velocidade do motor de indução funcionando a frequência variável e com uma relação linear frequência /tensão 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 28 Tipos de VEV’s 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 29 Utilização de VEV´s no controlo de caudais P1- Controlo por válvula P2- Controlo de velocidade incluindo perdas no VEV P3- Controlo de velocidade sem perdas no VEV 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 30 Bombas e Ventiladores Ventilador 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 31 Transmissão mecânica Tipicamente são usados 3 tipos de transmissão mecânica: • Acoplamentos directos no veio; • Engrenagens; • Correias. Os acoplamentos directos no veio são o tipo de transmissão mais utilizado (cerca de 50% das aplicações). (c) (a) (d) (e) (b) 2003/04 EngrenagensGestão de Energia em Edifícios e na Correias Indústria 32 Transmissão mecânica Acoplamentos directos: Os acoplamentos directos, se forem alinhados com precisão, possuem um rendimento muito elevado (99%). Engrenagens: As engrenagens simples ou redutoras, são tipicamente utilizados em cargas que requerem velocidades baixas (abaixo de 1200 rpm) e binário muito elevado (que utilizando correias poderia resultar em escorregamento). Existem vários tipos de engrenagens: helicoidais, de dentes direitos, cónicas e com sem-fim. Correias: Estas permitem mais flexibilidade no posicionamento do motor em relação à carga, e usando polias de diferentes tamanhos permitem reduzir/aumentar a velocidade. Existem vários tipos de correias: (a) Correias em V, (b) Correias com dentes, (c) correias síncronas, (d) correias lisas. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 33 Transmissão por correia 1- Correias trapezoidais, 2- correias síncronas (dentadas) 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 34 Transmissão Mecânica Correntes: Tal como as correias síncronas, as correntes não têm deslizamento. Normalmente são usadas em aplicações onde é requerido uma velocidade reduzida e binário elevado, suportam ambientes com temperaturas elevadas e cargas de choque e têm um tempo de vida elevado se forem apropriadamente lubrificadas. O seu rendimento ascende aos 98% se forem sujeitas a uma manutenção periódica. 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 35 Exemplos Compra de um motor de 45 kW para uma nova instalação (Pode ser comprado um motor standard ou um motor de alto rendimento) Substituição de um motor de 45 kW avariado por um motor novo (2 opção acima indicadas) ou reparação do motor 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 36 Considerações gerais • Preço médio da electricidade : 0,045€/kWh • Número de horas de funcionamento por ano: a) Trabalho contínuo, sem paragens significativas: 8400 horas/ano; b) Trabalho não contínuo : 4000 horas/ano • Motor com a carga nominal • Motor de Alto Rendimento (EEM) custa tipicamente mais 30 % que um Motor Standard (STD) • EEMs possuem um rendimento superior (em média 3%) • Após a reparação o rendimento decresce em média 1% 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 37 Poupanças anuais e payback 1 1 Poupança STD EEM PN N € kWh Diferença de Preço Payback Poupançaanual STD - Rendimento do Motor Standard EEM - Rendimento do Motor de Alto Rendimento PN - Potência Nominal do Motor N - Nº de horas de funcionamento por ano €/kWh - Preço da electricidade 2003/04 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 38 Avaliação das opções na compra ou substituição de motor de 45kW Situações Possíveis: Compra de um EEM em vez de um Standard Compra de Standard em vez da Reparação Compra de um EEM em vez da Reparação Diferença de custo % Contos 3 90 56 1 101 4 191 Motor Standard Motor de Alto Rendimento Reparação 2003/04 Poupanças anuais 4000 8400 horas/ano horas/ano Contos Contos Diferença de Rendimento Payback simples 4000 horas/ano anos/meses 8400 horas/ano anos/meses 117 1 ano e 7 meses 9 meses 19 41 5 anos e 4 meses 2 anos e 6 meses 75 157 2 anos e 6 meses 1 ano e 3 meses Rendimento (%) Preço (Contos) 92 295 95 385 91 194 Gestão de Energia em Edifícios e na Indústria 39 Avaliação económica do investimento num VEV FUNCIONAMENTO DIÁRIO DO VENTILADOR Nº DE HORAS 6 ASSUMIR QUE: POTÊNCIA VENTILADOR =75KW 4,5 3 1,5 FUNCIONAMENTO 50 60 70 = 300 DIAS/ANO CUSTO VEV+INSTALAÇÃO =7000 EUROS PREÇO DO kWh 90 100 % CAUDAL CURVAS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA CURVA DO VENTILADOR POTÊNCIA(kW) 10 CURVA DO SISTEMA ESTRANGULADO 30 =0,06€ (tarifa fixa) 40 60 2003/04 80 60 50 50na 60 70 80 Gestão de Energia em Edifícios e Indústria 90 100 % CAUDAL 40