A L.etixãeAríes Domingo, 8-2-1953 A MAN FUNDADOR: JORGE LACERDA ANO 7.° DIRETOK ALMEIDA FISCHER , "Passeios SÈU na Ilha", Carlos Drummond NOde Andrade, a propósito de um livro de Manuel Bandeira — "Maiuá do Mulungo" —, escreve estas palavras que me parecem significativas: "Versos demuito circunstância, intitula-os o poeta. Mas que é circunstãncia, neste particular de versos? Se se incorpora à poesia, deixa de ser circunstância. Arte de transfigurar as circunstâncias, poderíamos rotular a poesia. A circunstância é sempre poetizável, e isso nos foi mostrado até ao cansaço pelos grandes poetas de todos os tempos, sempre que um preconceito discriminatório não lhes travou o surto lírico". Inteiramente de acordo com o poeta de "Claro Enigma", também eu penso que toda a poesia nasce de uma circunstância c que a poesia é por condição e natureza "arte de transfigurar as circunstâncias". Acontece, porém, que nem todos os poetas "transfiguram as eircunstâncias" numa mesma intenção. üir-sc-á que uns as transfiguram para apagar o traço concreto e real que elas deixaram na sua vida, outros que o fazcm como que para perpetuar o que de concreto e real houve nessas circunstâncias. Carlos Drummond de Andrade pareceme ter pertencido ao numero destes poetas antes da fase de "Claro Enigma". Agora, em "Claro Enigma", ou a partir de "Claro Enigma", vejo-o aproximar-se do número daqueles. A "circunstância" que se transfigurava no sentido de uma "vivificaeão", digamos, dos seus elementos propriamente circunstanciais, agora transfigura-sc em sentido inverso. O poeta de "Claro Enigma" aplica o seu gênio poético a tornar "enigmático" o que é "claro". a tornar "ineircunstanciado" o que é "circunstancial". Observa-se na poesia moderna do Brasil uma tendência geral para superar o concreto, para apagar o "circunstancial". Enquanto em Manuel Bandeira, em Jorge de Lima — o Jorge de Lima anterior à fase de que a "Invenção de Orfeu" é o mais alto expoente — em Ribeiro Couto, entre outros, a "circunstância" permanece, ainda mesmo quando é "transfigurada", enquanto permanece e se afirma ostensivamente "vivifiçada" no Carlos Drummond de Andrade que precede o "Ciaro Enigma", em poetas como Cassiann Rieardo. Ledo Ivo. Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto, Thiago de Melo, agora no Carlos Drummond de Andrade desta nova fase, a •circunstância" ê anulada, apagada, suprimida, em benefício de uma linguagem que aspira a ser como que a projeção abstrata e Intemporal do que tem lugar no mundo da realidade demasiado humana. Assistimos, de fato, a uma progres- ' siva "desumanização" da poesia brasileira. I Em que medida é que a palavra representa o objeto que significa? Serão as palavras completamente independentes das coisas a que dão nome? Àssim pensam alguns filólogos. Nao creio que o poeta pense da mesma maneira. Para o poeta, a palavra faz parte Integrante da coisa, do objeto, da idéia ou da sensação. Ou não fosse <s poeta uma mentalidade de sigmo primitivo. Para o lM>mem «• mentalidade primitiva, a palavra 6 a própria coisa, dar nom« às coisas é tomai; posso I i I «¦¦»¦»•*¦¦* *M**"*^***^*^'^^^^^^^^^P*ii^^^*M^r^*^M*?^^3t^BJ^B «»w»™«^j^^|^^^^>_j^^*j**JJ|^^^^^^^^^^^^^^^^^^*^^^^^^|^*^^^p^^pJS3^^K^^^^S^b^^^^B^^^^^^^^^CS^SSS!S^SmS*» mm ^^^mu —»f• &* *õr|C"^BJ \Ww~ BB m^~ ^Wmw Bfit WWW *£mJj wm*\ ^S*^B Uw ^mt ivA \ví* m^L\ m& mn ^mw^ FTWt5PJI MPPiEtjJ^L \mww0L+*\ WEmmzwm%mm\cBemEmt^ mW/f,'w^*" BfcBBFBg^B 51BB 3fe ^lu/A"',m/t' &%£**&, N.° 279 Im / *Q| ^R^^^r > ¦ Il^^^l H^^L ^y^í^Hc^M Brf^B ^fc^^K fi i ^kwc^i irTil /2S8 s8BK^BltHí^M»8M^B5sJSM JÍm\ mmSmmf *«jrtu^-''-^^i^^^S^^^é^^MmdnffiXnr ^MJwfA^^m\*mÈmW^^mm%m\\\ ^^B^vB^^B^Bt^C vVhE^i \\Vv .±wm\ ***mfJ^!mW * ^j*^C*^^T—^*^ ^•^*^^*^J*JI^^^^ ^F^^^^^^y ^5^^^_Wvv^1j» ^fc^*M BIEvs^^^J*>*MB ^£^m Á ^^ft, ^^k Xilogravura de CEORGES TCHERKESSOFF CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE E A POESIA DE CIRCUNSTANCIA ¦-'¦•» JOÃO GASPAR SIMÕES delas. Eis como se me afigura "cirqua o poeta para quem a representa uma cunstãncia" realidade a anular de certo modo se faz poeta contrariando a tendência natural da poesia. ai As palavras abstratas são que mais longinquamente evoeaai a realidade do objeto a que dão nome. Na medida em que a poesia se fax abstração, assim a poesia deixa de ter domínio sobre as coisas e os sentimentos, as sensações e as emoções que "transfigura". Segundo o filólogo Saussitre, citado por Damaso Alonso, o signo lingüístico não une uma coisa e um nome, mas um cot*ceito e uma imagem acústica. A imagem acústica não é, sematerial, gundo êle, um som seu puramente físico, mas o rasto psíquico, a representação que dele nos dá a testemunho dos nossos sentidos. E* Isto que explica que não precise- 1V3SX ->k.v. r.'jq mos de mover os lábios para re* citar uma poesia. Signo lingufc* tico, que é então? A combinai ção do "conceito" c da "imai gem acústica". Mas como a pin lavra signo na linguagem cor*rente serve, igualmente, par* designar a própria Imagem* acústica, o autor do "Cours d« linguistlque générale" — Sauav sure ~- decide chamar "slgnlff* cante" à imagem acústica < "significado" ao conceito. r-í} da associação do "-dgniflcante? do "significado" oue resulM o -signo". De acordo com Dâmaso Alom so, podemos chegai' à conclusãi de que há duas linguagens «4 — a "forma exterior" n poesia a "forma interior". A primei ra é o resultado da relação ei "signií tre "significante" e cadoM na perspectiva do "slg nlfleante" para o ". significado" a segunda, o resultado da mi ma relação na perspectiva versa: do "significado" para "slgnlficante". Tendo em vista a '^ransfq gntração'* da "circunstância"'-? considerando a "eircunstàm cia" como um "significado" -* podemos dòser que a forma .. poesia segundo a qual se pr< oura anular a própria, "circur tftncia" é "forma interior". Ô "forma exterior" a forma poesia em que a "eircunstân^ cia* prevalece em todo o seii "significado". Será assim? Te« remos nós que recusar o non*4 de poeta ao poeta que se enfy "eireunxtância" trega à eni da sua " transiigura* prcjulxo çáo", uma vez que, cm verdade a única forma legítima em poe» sia 6 a 'forma interior?" Não. E é fácil observar com* não são os poetas brasilelroi mais presos ao "significanle* que dispõem de uma forma poéfc tica mais exterior. líá no Jor* ge de Lima da "Invenção d*} Orfeu" maiM exteriorirlade <l* forma do que no Jorge de Lfy ma dos "Poemas negros". H por que? Porque o poeta qu# se empenha em transfigurar * circunstância no sentido d* abstração, sendo, por naturezei mais eircunsttincial que abstrai ta, fiea mais sujeito à "forma; exterior" que o poeta todo etw tregue à própria circunstancial Digamos que a circunstância! controla a forma, obrigando f poeta a uma sobriedade impoao, sívei desde que êle perde p<«| completo o sentimento da re*M lidade. A tendência "barroca^, da poesia de língua portugu«ír< sa exaspera-se, refina-se, r«K quinta-se, na medida em que « disciplín» poeta se liberta dá da realidade, do freio da "cir* ounstância". Quando há tempos me ocup&fc da poesia de Jorge de Lima, 114 do seu admirável poe*. prefácio ma "Invenção de Orfeu", tf** oportunidade de abordar o pra-v blema do barroco em arte. Dti fehtre todos os escritores <h*% têm abordado este mesmo problema, só oe espanhóis parece*» persuadidos de que o barroquisc;< mo é uma manifestação estéüev. de sentido romântico. Ora, rsniauttsmo, quando tomamos m seu sentido mai« pala\*ra no fundo, é, precisamente o eon-r trárlo de barroco, uma ver. qu«f se considera romântico o morfmento do espirito em que et Interior s*a impõe ao exterior, em que a expressão se nubordina à emoção, em que • ele** mento psíquico domina d ele-«, Efetivamente.' mente formai. aqueles que estudam o barroca de um ponto de vista mais oi» jetíro verificam que é barroc*^ (Conclui na 9.* pág.) 'LETRAS Página E Domingo, 8-2-1953 ARTES OS POEMAS DE DEOLINDO TAVARES uma palsagcm interior, o poema ESTILIZANDO tanto mais vale, quanto '- svTta cm nós o prazer poéti« j. Vede bem que não digo prazer èstétleb, o que seria outia coisa, muito embora saibamos que, entre os dois prazeres, ' se ajusta um nexo que os con• h KOPKE BURLAMAQUI C/1RL0S «Ma para a realização do j>oeputa. Essa parlloulai i/ação de iambos, todavia, se faz ncccssábração intima dos seres e das ria, porque existem poetas que ternas, c um ciclo completo que e cuspia no sereno vale onde coisas, quando os juízos de va[moravam os simples, »os induzem a ela, visto suas vai do princípio ao fim por uma lor, de uns o de outros, acerca «riações trazerem a ascenden- série de momentos de criação, onde morriam os simples. devessem criar o traumatismo dos quais o mais elementar já Da base, incontáveis olhos con«Ia de um prazer sobre o oudo pensamento poético — queé especificamente de artista", [tcmplavam a sua beleza, iro. Na Inglaterra, Edith Sitro crer tenha o único desido indiferença; jio-Io diz o crítico e esteta por- a sua força c a sua •reli, decana da poesia inglesa; sejo desse nada o pernambucano para comovia, lugués, Adolfo Casais Monteiro mas tem Portugal, Sá Carneiro, são foi a uma sempre súbito nascimento quem poesia o nem mesmo ("De pés fincados na terra", exemplos de como pode haver necessidade vital. Em estrela, uma poucos [de «o artista a» conjugação desses p. 20-21). Séries de momentos de cria- nem mesmo a plumagem dos poetas moços foi-me dado en(prazeres, ambos subsistindo com [condores contrar, como em Deolindo, pacão, como se nos apresentam os a mesma intensidade de valo Tavares, que esvoaçavam em torno da lavras que, não obstante cotires íntimos c expressivos. Aqui, poemas de Deolindo dianas*, em pleno estado ctimo[sua coroa. poemas que a generosidade de '*Lnz jno Brasil, Raul de Leoni, em Gilberto e nu triste, lógico, tenham raízes na autenmiseramente Um dia, Frcyre, Murilo Mendes Mediterrânea", Cecília ticidade de uma Vida e de um vale onde "Meireles, em "Viagem", Périe Manuel Bandeira conseguiu êle desceu ao sereno Em poucos poetas mocaráter. os simples, livro! O recolher c ordenar cm [moravam «eles Eugênio da Silva Ramos, "Lamentação repito: num Domingos Caros morriam, simples. em morto onde ços, em poeta pernambucano, Floral", co"pari da num Afránio Zuvalho o alto, Silva, olhando servir E vem mocidade, pamimgam, para plena passu", nesse reinava* Bucno de Rivera e colloto, num em seu lugar de viu tese ilustrar a ra pode que que fluasc fundamental problema "da [um homem em alguns mais... Pois, na leiconjugação de tais prazeres, haver disjunção entre prazer «a qual o estado de contemplapoético e prazer estético. Seus que tinba na fronte e no flieito tura dos poemas de Deolindo, o humano dos seus «ção encontra seu pleno triunfo [uma estréia movimento poemas plasmam cm nós um no e era um estado receptivo, poeta". ("Poema ao juízos, das suas revoltas, das qual proDna medida cm que o poeta dosuas adesões não perde sequer curamos retraitf-nos às suges- homem de muita glória"). iniría as dificuldades técnicas. formal, um elo de homogeneidade intedo quase toes Certos poetas, como é o caso do processo Como se vê, a simplicidade, rior, marcando até um sentido iltosso Vinícius de Morais, apre- ausente. A simplicidade, cm aidêsse sentam uni destino amadureci- guns desses poemas, chega a aí, é tangível. E tangível, tam- precoce nas concepções ser primária, mas, se atentar- bém, o prazer poético que se artista. Nenhum cerebralismo do, porque ajustam aos seus csmos em que ela se acha presen- evoia do poema, no qual os valados contemplativos uma forperturba a unidade dos temas, claros pensa- lores expressivos já estão con- o fio condutor que leva o arma duradoura e luminosa, que te para tornar (enfrenta os arremessos das esmentos e conflitos de vida, ve- tidos no pensamento que, à tista a ser uno consigo mesmo. >*éijV.!<5 inovadoras, e as sobreremos que o poeta, cm lhe dan- primeira vista, parece cursívo, Somente ecos de Inquietude em enobrece todavia se senão fez não do prosaico, tais preferência, a>as-?:'. poemas, mas de uma inimagens e do das ao das sugestões o prapoético prazer preferir quietude serena, de onde resO que se requer ao poeta é com o de conceptívo esquema o desejo .Talvez zer que estético. a consciência do homem salta atividade e fixação verbal, <> o mundo. volta aluse a ordem de c clareza, para nesse artista: houve que poeta que é" o mesmo que que se dizer: fizesse Essa economia léxica, essá audimos anteriormente, um", síntese de espiritualidade "A beleza nasceu com o sofrisemânticos da * d? materialidade. Assim, o parte do processo de Deolindo sência denãoplanos desmerecem os poepoeta per- palavra [mento em teu rosto Hprazer estético, em tais poetas, Tavares. O jovem Deolindo, antes lhe mas de dão nesse nambucano, frase musical uma como particular, festa sempre relacionado, funmatiz humildade, certo de cerimpor, como é não em solo estranho. preoeuquis perdida «ioiialmcntc, com a personalíIdade de quem o cria. Quando pação de todo poeta novo, no ta delicadeza, certa serenidade Metade do mundo que te olha no dizer de Edwin nas quais os estados internos nele sente a grande indiferença |0| poeta concretiza uma proje- momento, idioma Muir, um universal. Mas do poeta e sua alma essencial[de Deus. íÇão íntima num valor expressi¦vo, veia-se nessa elaboração, empregou a perfeita simplicida- mente edificante aparecem des- Às vezes, quando despertas mcrâ'.iica ou volitiva, o senso de na qual a poesia se engof- pojados da anuência de um fal- e corres a te mirar no cinzento fa, abrindo caminho entre os so hermetismo, o mesmo falso [espelho de tua parede, estoico da matéria, pela imdo hermetísmo temas circunstanciais tem tornado nele floresta virgem, vês uma poeta: que ppr.íància que o artista dá à irrisória da misterioso ou inquieto grande parte poesia vc-:¦! 'íuie apreendida. Uma linjardim "No cimo do monte êle era rei dos nossos dias. Perceber a vi[mar. adequada às visões guaíem do artista é o que se pede a este, multo embora, consoante o que pit,i. "t...!!"**z*"i«it**irT,iz*"'***********-----"-- ~!**"**l'.'-*""'''" *"•"*—***^'"~~*T!,**rz*!r'r*!rz._,ííí««¦ sszss««.znzsss.1 ¦'.'¦¦¦«."'E ex:\^imos acima, nem todos os artistas dispõem desse poder ou de:; ^ consciência estética. A angústia do poeta, relativa à apreensão do sentido dos seres « cias coisas; a angústia do poejta que não se vê, intcgralmenpfce, no objeto contemplado — eis a problemática que se levanta par;-, a psicologia do artista, o qual .sente a efemeridade ou a jetes nkiade de sua obra, confor«me o que essa angústia pode re"momentaneamente fVelav-. O da que nos fala Middlcpino", *on Murry, ao qual nos transformamos, ao toque da cxperSência poética, tem origem «csm angústia ou, propriamente, fá-la derivar-se de si mesmo, com o fim de marcar o essenciai destino da natureza ão bomem que há no artista e a gètiese psicológica de sua expressão. Entretanto, convenhamos iem que, a par desses artistas que partem à aventura, e constroem as suas fórmulas correspondentes, subsistem os que se aventura, japiicam, apenas, à conquanto neles permaneça líin desejo de ordem e de clareza. O exclusivamente poético é o «me lhes interessa, ou faz revêSarem a íorça lírica que acumudentro de si mesmos. Há Iam "Residência em, en ia tierra" «m verso do chileno Neruda que intuí, evoca c expressa o valor representativo dessa força líri*a: "Ay, que Io que soy siga jexistiendo, y cesanclo de exisWr", pois a existência do poeta arrosta, em seu interior, toda «ma série de determinantes, tòida uma permanente vigília em tomo da natureza das coisas. A existência do poeta é como o tidos platônico: forma bela em Si mesma c causa da beleza nas «coisas, ou melhor: contém, ao gtiesmo tempo, o êxtase espiriitual da pluralidade ienomênica le as projeções existenciais do iartista. "A ação do artista, cm ârelaeão ao mundo, à vida, a tô"Rubanjat", £das as realidades internas e es- Ilustração para o de Ornar Khayyari — EDMUND SÚLLI.VAN Acredita que somente os mere[cidOS sofrimentos. as feridas mais profundas, e o pranto cm teus olhos por onde escorrem lágrimas ver[molhas te ensinarão que neste inferno [de mundo nada subsiste, que tudo se destruiu em prin[cíplo que tudo ressurgiu da própria [destruição também assim desaparecerá um [dia a beleza que nasceu com o so[frimento em teu rosto como uma brevíssima frase muperdida cm solo estranho". ("O poema da misteriosa face"). 4 São, ao todo, 69 poemas cujo movimento temático é circunstancial, no conceito goethiano da expressão. A maior parte: enraizados num recolhimento me- Mfc ditativo. Procura, então, o poeta vencer suas limitações humanas com o próprio potencial de vida que sente nos seres e nas coisas. Daí a razão do eicio de Willi Pompou (12 poemas), em que campeia um humor sem fel ou retratação. Viria, agora, a bom talho, uma referência ao humor de Dcolindo, latente ou manifesto em grande parte de seus poemas, principalmente em "TestamentoM. Assim, a atividade artística do poeta pernambucano or£gínou-se-Ihe na compleição afetiva, pois, por intermédio dos seus temas, é que vemos como se fez submergir, generosamente, na alma das coisas. Nestas, como uma caixa de ressonância, está todo o espírito do artista. Se relacionarmos i o caráter do homem com o caráter de suas criações, sentiremos fluir entre esses poemas, amargos mas insuspeitos tíe exibicionismo, uma linfa que, muitas vezes, pode oferecer-nos uma golfada de céu. Nas ocasiões., em que sua poesia tenta mais energicamente entrar cm nós, ou tenta achar as linhas enganadoras da vida, lemos, para nosso consolo e autenticidade, o poema, abaixo transcrito, que expressa um tempo sem memória, poema no qual encontramos, verdadeiraJk mente, o sentido da poesia de Deolindo Tavares; '¦ Atravessarei o tempo, vencerei [a distância minhas mãos voltem a para que [repousar nas tuas e minha cabeça descanse no teu a [seio onde minhas dores depositarei. As palavras de tuas preces serão um ímã que me fará re[gressar a íí. Verás então como os dias e as [noites se impregnaram nas minhas [faces e como meu espírito não se 15[bertou da angústia secular; saberás pelas minhas palavras, as palavras que pronunciei para [outros ouvidos semnre presente em teu espírito pela mágica de meu pensamento. E nas pupilas de meus olhos, encontrarás paisagens e pers[pectivas multiformes; e na poeira de meus sapatosos caminhos tortuosos que yen[ceram os < meus pés. Tuas lágrimas serão a minha [remissão, a remissão dos meus erros e de meus desvios; e teus lábios pronunciando pa[lavras de júbilo, e tua voz soando na minha vou;, e meu corpo, meu espirito e [meus sentidos se reintegrarão neste instante [na tua memória para a éter[nldade. E seremos dois astros gêmeos aproximando faces esquecidas li percorrendo trajetórias infl- Enitas*. Tf Domingo, \ r L i: T R A S 8-2-1953 A RIOS PontW pertença a uma família de espíritos (^ -¦>" não mui(o comuns, entre nós: v dos freqüentadores da BibliotflCO Nacional, dos velhos livro. dos apaixonados da pesquiso histórica G erudita. £ uma otividade tão ingrata quanto sedutorc; c sedutora, principalmente, nc medida do desinteresso que a norteia. Depois de realizar certos pesquisas, cm que se achavo vivãmente empenhado, Capistrano muitas abandonava, dc Abreu com obtidas veios, os notas gronrlc esforço c fadiga sem utio que lixá-las num estudo. E' de a volúpia direi, prazer, quase haver esclarecido um ponto conrroverso c atingir o verdade, basíava para satisfazê-lo o dar-lhe aor bem pago o trabalho. deva Nào me parece que se :hegar a tanto; mas num ambi;nte como o nosso, em que a pesquisa erudita dispõe dc um púbüco tão reduzido, capaz de em valorizá-la, como aplicar-se sendo iniciativas desse gênero, animadas de uma paixão que as leve a bastar-sc a si mesmas? de Carlos Diante deste livro "Motivos e AproximaPontes, ora publicado, fico a penções", jar na soma dc trabalho, de leiruro, dc coleções de jornais re/olvidas, de manuscritos monuteodos, que se encontra por dctrás de cada ensaio de quatro ou cinco paginas, muitos vezes. Não desinteresse fera a chama do decerto cultural a insuflá-lo e a tão se entregaria nunca d autor exaustiva tarefa. Mas há um momento que pa— c digo isto, 3a toda a pena :om experiência própria, porque smboía humilde, sou o oficial do mesmo ofício — é aquele em que íocamos no ponto ainda não rocedo por ninguem. e podemos distinguir, afinal, o que ninguem distinguiu, resolvendo as dúvidas selecionando o problema. A sabastar-nos, hisfação moral deve em menos parte, porque o pelo resultado material que nos pode advir da conquista é gerolmente bem mesquinho. Quantas vezes um artigo, fruto de tão demoradas pesquisas, meio possa despercebido, num E -¦ rA R T E S Página UMA ATIVIDADE INGRATA K AFAIXONANTE (SOBRE O LIVRO "MOTIVOS E APROXIMAÇÕES, BRITO como o nosso em que quase ninguém lê, principalmente, coisas serias! Não fora a compensação moral, esse prazer visto quase como uma ingenuidade pelos que estão dc fora. c decerto ninguem se abalançaria o trabalhos do "Motivos dc Aproximoc gênero ções". Cumpre assinalar, no entanto, £' indiscutiuma circunstância. vel que, muitas vezes, o pouco interesse do nosso público pelos ensaios dc pesquisa e erudição resulta da má apresentação dada Infelizmente, a esses trabalhos. uma boa parte dos ouc entre nós se dedicam a semelhante atividade, não sabe utilizar-se com incolhido; teligencia do material numa palavra, são pesquisadores mas não escritores. O que emprestava, por exemplo, o maior interesse à obra dc erudição dc João Ribeiro era a graça, a ciogáncia, a clareia com que êle so valia de elementos respigados cocm livros que pouco gente nhecia; para realizar uma retificação histórica, um exercício dc uma literatura comparada ou simples vulgarização de conhecimentos. As mesmas qualidades possuía um Medeiros e Albuquerque; este, sem o caráter de pesquisador, antes como um leitor capaz de servir-ie odmiravclmcnte do que lia: bem menos culto e, porém mais escritor do que João Ribeiro. Carlos Pontes é dos que sabem fabricar os tijolos e com a mesma perícia construir a casa. Nos havia seus ensaios (como já acontecido na bíogrofca de Tavares Bastos) encontramos a marca do escritor preciso e escorreito, que sem fazer cencessões ao DE CARLOS PONTES) HROCA pitoresco, ao sosto do romanecado, hoje tão em voga, recorre a uma formo agradável, não propriamente leve, mas lambem noda áspera ou pesada Ensaios dc pesquisa, poderiam ser classificados com exatidão os desse livro Não se trata no caso dc debater idéias ou princípios, .dc realizar uma aventura intelecrual, como se dá com outros generos dc ensaios. Aqui a arte toda está na maneira de expor o resultado dc uma investigação, tirando dela algumas conclusões, erro, que venham corrigir um oferecer sugestões ou esclarecimentos para a melhor compreensão dc pontos da história política, sociológica ou literária. E' o "peque os franceses chamem de tite Mstoirc", aqueta que não cogitj dos largos afrescos. das grandes sínteses, das vastas panoromizações, preferindo trabalhar nos detalhes, na busca dos "dessous", dos pequenos elementos, -sem os quois não se pode. entretanto, dar a última demão às grandes telas. Não precisarei lembrar os nomes dos que, durante algum tempo, usaram, deformaram o abusaram c geneda ro, entre nós, praticando-o maneira mais atabalhoada, superficiol e leviana. . Carlos Pontes distancio-se muito deles, na integridade do seu trabalho probo e honesto. "motivos" de história São os que político, geralmente, os mais a atraem. No prefacio, Hermes Lima indica o autor, como uma das pessoas mais qualificadas para escrever a nossa histoEstamos de ria republicana. de acordo eom o alvitre, certo "Tavares Basaue o biografo de >.' f tos" se vier a realizar esse trabalho. pelo qual todos ansiámos, não se deixará levar pela superestimação do fotor poiítico, como aconteceu com os historiadores do Impcrio. Entre os capítulos mais interessantes de "Motivos e Aproxiinações" destacarei o que denun"fontes cia os c as incertezas" do admirável ensaio de Euclides da "Da Cunha Independência à República". Um dos meus amigos, homem de talento, mas um tanto arrebatado nos julgamentos, dizia de Euclides da Cunha que se tratava de um analfabeto de gênio. Os fanáticos do autor dc "Os Sertões" ficariam indignados. Mas se houve lamentável oxcesso no julgamento, a verdade c que Euclides da Cunha não realixava o tipo do erudito, do que vai diretamente às fontes, rejeitando conhecimentos de segunda mão. Sabe-se o papel desempenhado pelo seu grande amigo Francisco Escobar na elaboração "Os de Sertões". Foi Escobar forneceu os livros de que quem Euclides necessitava, acresecnfando-lhe possivelmente esclarecimentos sobre roteiros a seguir, êle que lhe traduziu o latim da "Flora" de Martins, eontribuindo assim para o arcabouço, do grande livro. Mesmo o temperamento dc Euclides me parece demasiado emotivo e inquieto para ter podido comportar longos Era êle trabalhos de pesquisa. "mágico" do que promais um E que priamente um lógico. "mágico?" Nos temas de historia e sociologia agiria antes pela infuição — poderosa e alerta —« crítica do artista do que pela FerGugliermo erudita. Quando rero aqui esteve em 1907, pro» ferindo conferências no Monroo, Euclides, cm carto a um amigo, confcssa-se, verdadeiramente docepcionado com o autor do "Ciandcto o Decadência dos Romanos"; mos nòo se pode sabor 'tor so foi por lhe conhocimon« tos históricor . bem aprecialo, ou porqu talando para um público em pbrto mundano (essas conferências constituíram grande oxito social) Fcrrcro se colocasso num certo nivcl dc supcrficiali'* dade copaz dc causar má impres* não a um espírito como o dc Eu* clld.es. Outro capitulo curioso c o que se refere aos erros do Jacques Brasil no livro Banvillc sobre o "Les Dictatours". Aliás, trota-sa de uma das obras mais fracas "His« "Nopoleón" e do autor de toira dc France", na qual êle fec vulgarização/ mais trabalho dc espírito intcrprctattvo o som apaixonado, c apesar dc tudo, tão inteligente dos livros anteriores. O Infelizmente, os erros sobre Brasil têm constituído até hoje quase uma regra cm historiada* res franceses. O próprio Seigno» bos, tão meticuloso, neles inci-* diu. "O Confcitciro e O No estudo Leiloeiro", alude Carlos Pontes a uma dos passagens mais inferessantes do romance dc Machado "Esau e Jaeob", no qual de Assis, vemos um negociante, atrapalhado com a mudança do letreiro de sua confeitaria, ante a proclama* disção da República. Já se quis tínguir nesse episódio admirável de humorismo, uma crítica fero* à falta de convicções políticos do brasileiro. O problema angustioso do personagem dc Machado de Assis é a necessidade ác ficar bem com quem estiver de eicoma ma e procede êlo assim, bom negociante fiel òs convenioncias do seu negocio. "Um discurso db Na capítulo Luis Delfino", Carlos Pontes nos teriam mostra os motivos que concorrido para que Silvio Rome» arrastado ro, depois de haver amar* da rua Delfino Luis pela cm depois, viesse gurci cm 1885, 1900, considerá-lo o maior poe* (Conclui na 10.a pág.) o NETO ' E MEU FARO DE CAO PERDE O TEU RASTO. VOU-ME ESTIRAR NO PÓ, VOU-ME ESQUECER SOB O BORRIFO SEDANTE DA MADORNA DÊSfE MALOGRO EMPÓS FURTIVA CAÇA É TROTE A NOITE COM SEUS CASCOS NEGROS E RODE O TEMPO O SEU SALOBRE RIO SOBRE O MEU FUTURO CORPO INACORDADO, MAS. SEM TORNAR SEQUER O ROSTO INVISO QUE, DECERTO, ESCARNECE DO MEU FADO, NA CAMPINA TE SOMES EXTRAVIADA O S w À L D NO i i. ¦•¦:'¦* Vânheta d© SANTA ROSA Ô VIDA BREVE! A T! ESTENDO OS BRAÇOS E SIGO, O LÁBIO TRÊMULO, PEDINCHANDO UM SOBEJO DE TI. FIAPO MÍSERO DO LEVE PANO QUE TE ESCOLTA O PASSO. 1 .- 1 tü5 3 MARQUES -¦ w ¦*.;;.' fe#. :> ir--.-".;- 4 •;:;:' :r ..'• minha fraque— ou coreIntulcional sa mesma — na CONIESSO bral, que dá para decifrar o código de oerIas poesias secretas e sentir rltmos, sonoridade ou mera sugeslio de palavras onde, para mim, antes havia qulctude, cacofatons musicais e ambigüidades adapmais laveis a temperamentos Sou por m menos exaltados. redeficiência essa dlaer que «alta, primeiramente, da rir«anstôncia de nunca ter conaeguido "armar" um evrso e, em segundo lugar, do condidonnmento, que sofri, de BHac, Vicente de Carvalho e Raymundo Corrêa,, traves-mestras da em poesia nacional ao tempo «ne ainda não se emprestava rapilal Importância ao futebol. Fura minha vergonha, confesso ;«als que, em matéria de moem Üernismo, fiquei parado "Vamos «Martim Cererêr e em Daí para «açar papagaios". só« por um frente, temo que trabalho lento de readaptação poderia encontrar, novamente, » grandioso Cassiano Ricardo. Acontece, porém, que já estou bem velhinho para tal experiléncia. E' por isto, de certo, que apreciável da atual ¦ni monte"poética me passa em produção branco exatamente como os enigmas pitorescos, coisa para a disposição, l«al nunca senti deuses que é os faro por todos a#enas incapacidade para sen43. tempo Tanto quanto viSETEMBRO, ve um homem há semum veneno que nfto elimina jamais. Qualquer rnele seja a morte, todos os hoEteeus morrem envenenados. O cristão, o homem religio* a despeito das aparência^ menos capaz de meditar sobre r, morte física. Muitas noçõea j* m interpõem entre o «eu pen-, lamento e o "não ser". Fava v Cristão meditar sobre a. moré pensar naquilo que não é te"'^rte. %: V & {0t preciso ter da religião e jHthecimento que o peixe tem .Ho oeeano. Nestes últimos dias w a venho -considerando das '«wgens. Mergulhar nela. Uautubro de 43. banhado por ffiftla dourado, toso luz que, o gênio humano Naou (Ver Meer; Claude Lorain Corot). Como Deus está sepatado dos acontecimentos. Eu Jrivo no centro de uma amea-' 9a vaga, sufocante. E^ssa nuvem de que não se sabe se sairá o [falo. Estas épocas da história *r» que. precisamos não deitar *n nosso leito. Lembro-me com delicia daem jueles dias de angustia, bairros «ue eu errava pelos desconhecidos de Paris, <• que «fe resta da vida é con-* jMgrado ao combate espiritual. /JViver em presença da morte, inão da morte cristã, que não me preocupa —¦ mas do desaipareclmento, da extinção daquiSo em que aplico tão desajeitatolamente o pensamento. Tomar fesse tempo de vida às escondi{fias, como um retiro preparatóTio paia a morte, a mais nua, ai suais desconhecida, tanto quanto para uma velhice apaixoÚ3L. ' Ignoro se nossa angustia em yS943 difere muito daquela do chamem das cavernas. Em cada E LET R'AS Página — 4 rART ES Domingo, 8-2-1953 PAULO CÉSAR, POETA HEREDITÁRIO DAVID w-la, ou talvez idiossincrasia da idade por certos avanços que se pretende fazer em nome de uma renovação que talvez até se processe com toda normalidade —¦ assim, pelo menos, parecerá às gerações futuras —¦ porém que, no momento, me desacomqda de velhos hábitos. Não se trata de reação. Tanto assim é que serei Incapaz de negar utilidade a esse movimento subversivo de revitalização de uma arte em decadência. Demais, em todas as épocas existiram revoltosos da forma estática. Uma espécie de Mario de Andrade, no século XVI, foi Theophile de Vlan, que berrava a plenos pulmões: "II E faut écrire à Ia moderne" mais isto aqui: "La règlc me déplait". E também conheço a Gaspar interrogação de João Simões no proêmio à metafísica "Invenção de Orfeu": "Que seria da poesia, contudo, se a poeiria desistisse dessa espécie de ambigüidade fundamental que á torna como que um véu lan- 'ANTUNES para êle. O que Importa acv tuar é que a leitura dos seus poemas não demanda esforço, do assim como a penetração seu significado prescinde bem de qualquer ginástica mental ou de imaginação supranormal. extraídos . do Muitos parecem nosso Inconsciente pela magia do próprio autor, tão à hora manifestam sentimentos até aí encobertos, incertos ou nebulosos. Mas bastou o toque do arOs tista para nô-los aelarar. das lampejos pensamento, impressões e —s reminiscênoias, nem sempre nítidas, no homem comum, reclamam do poeta, homem incomum, a fixidez de Nós imagens condensadoras. sentimos coisas inexprimíveis. O poeta é aquele que logra detê-las numa forma estável. Paulo César, esse poeta hereditário — filho de Júlio César da Silva e sobrinho de Franclsca JuIIb, para eitar apenas dois nemes esculpidos em alto relêto nas páginas mais expressivas çado sobre as formas demasiado mundo?" Agora claros deste o vulgo enconque percebo por tra na poesia tanta analogia com o idiotlsmo e vê no poeta apenas um homem que age e pensa de trás para diante. Está certo o crítico. Mas custaria muito aos continuadores dos corlfeus de ZZ fabricarem um véu mais diáfano? ' Conhecendo Paulo César da Silva pelo direito e pelo avesso, eu poderia dizer que lhe senti a mensagem poética mais do que outro qualquer poeta. K, comodamente, lhe teria feito o elo"Senhora do gio completo de Mar". Seria dizer pouco, porque outros já o disseram, que os seus versos revelam um fino temperamento, que os seus versos são muito sentidos e pessoais, que nos seus versos há ternura, música e profundeza. Demais, sendo amigo do poeta, qualquer elogio levará o selo da das suspeição, inconveniência maiores, para mim tanto como e duradouras da literatura paulista — herdou toda a angústia ancestral, que decorre da próprla condição criada pela arte, convci tendo-a em matéria prima da sua poesia. Há, em PauIo César, um vácuo permanente, a que êle dá o nome de "instabilldade do espírito*' e que len(V. ta inutilmente preencher "Noturno", por ex.) O vácuo é aquele desespero em que o "eu" sente o próprio nada, mera parasita, que é do tempo, quando o poeta aspira ao temnorai • Com vida Interior muito intensa, Paulo sofreu e sofre muito. O .sofrimento parece deixar sempre na sua alma uma segunda Impressão, como duplicata em carbono, para as reminiseências dolorosas que renova em solidão, melancolia, amargura e saudade. A tortura humana está disseminada em todo o livro. Existe, de fato, uma eoroa de espinho no coração de Paulo César. As veies, quer disfarçar, mas disfarça mal, os sentimentos com uns longes de mordacidade que nunca dobram a primeira esquina da memória; morrem de canseira antes de tempo. Que obsessão é essa pelo mar? O mar simboliza o Infinito. Mas, nos seus assomos de auto-defesa, Paulo César se confessa ateu. Que há, que há? Talvez uma (Conclui na 10.* pág.) <#, ¦f í- M esses antigos e impensáveis mistérios. Entre todas as promessas de eternidade recebidas do Cristo, evitemos de por o acento naquela que concerne ao nosso desespero. O inferno é o desespero eterno. FRAGMENTOS DE UM "DIÁRIO.-DA OCUPAÇÃO" Dezembro, 43. ERANÇOIS metafísico nesse O risco mundo mortífero de 1843, tenho por vezes a ilusão que não existe mais; não se pedem conhumanidade erucifcas á uma"Não, mas a ti que ficada... não estás crucificado — a ti, apesar do teu desespero monstruosamente feliz, aconteça o que acontecer ao resto dot mundo. MAURIAC* Entre 1943 e 44, durante a ocupação alemã, fruiiçois Mauriac receando a ação da Gestapo, na região de Vemars, onde ele se encontrava, chegou a permanecer oculto em pleno campo, durante muito tempo, numa cabana, onde a esposa ia diariamente levar-lhe alimento. As paginas que abaixo seguem são fragmentos de um diário que Mauriac mantinha justamente nesse período de angustias e aflições. encruzilhada a mesma morte nos espreita, a mesma morte que o ameaçava. No plano me- ,i; tafísico, nossa, vida não é mais regulada, como a sua pelas fases da lua; não ligamos mais ^pÒÍv.'"; ¦:'.''v;;v'(^Vv: Fevereiro, 44 • nosso destino aos astros. Mas, para nós cristãos o proMema dav salvação substituiu ¦.:y'f:-:':'t'"'.l ' ¦:iT.'-'^' ^ '<írj *&-^~**' mr -w > CAL SANDBURG NO SEU 75.° ANIVERSÁRIO volume já foram publicados! OS VENCEDORES DO em vários periódicos de cultu- CONCURSO ANUAL DA ra, entre eles "The Southern ELLERY QUEEN'S O famoso biógrafo de Lin- Review", "The New England MYSTERY MAGAZINE "Yale Review", coln foi agora homenageado '.Quarterly*', Os vencedores do oitavo "Kenyon inúmeras por Review", etc.. Num concurso anual da Ellery personalidades literárias e artísticas nortedos seus artigos, diz P. O. Queen's Mystery Magazine foamericanas, por ocasião da Matthiessen, em "The Res- ram agora divulgados em Nopassagem de seu septuagési- ponsabilities of the Critic": va Iorque. Dos cinqüenta e "Continuo acreditando mo quinto aniversário. Car]) que cinco laureados, treze são esSandburg é um dos escritores "a review" é simplesmente . critores até agora inéditos. Os mais importantes dos Estados uma pequena parte "of eri- prêmios totalizam quinze mil Unidos, sendo sua extensa ticism", e que sua qualidade dólares, sendo o primeiro de obra admh-ada também em está em relação a seu autor dois mil, eoube a Steve outras partes do mundo, on- Isto eqüivale a uma declara- Fraaee —- que sua história, pela de seu nome desfruta de igual ção de guerra a todos os aden- "My Brother Down There". repercussão. Como parte daa dos literários noe quais não se Os segundos eolocados, com comemorações que assinala- possa distinguir o que é erí- quinhentos dólares, foram: ram seu 75.° aniversário, Carl tica e o que é propaganda". Stanley Ellin, com "The Be"Alwaye Sandburg publicou trayers"; Roy Vickers, com "Miss Paisley's Cat"; A. H. the young strangers", uma A VIDA DE SARMIENTO autobiografia. Acredita-se, noj Z. Carr. com "If a Body", e entanto, que estas memórias1 A Prineeton University Press! Lilliam de Ia Torre, eom "The serão desenvolvidas em ou- publicou uma biografia, em Stroke of Thirteen". tros volumes. inglês, do célebre lider argen- DOIS NOVOS tino Domingo Faustino Sar- LANÇAMENTOS AS RESPONSABILIDADES "The Power Within", miento (1811-1888). de DA CRÍTICA O autor deste livro, William Alexander Cannon. Neste liBunkley, ex-proíessor vro o autor reexamina certos Com este título a Oxford) tente da Universidade aseisde conceitos psicológicos e filoUniversity Press lançou o li- Prineeton, examinou cerca de sófícos, à vro de P. o. Matthiessen, se= 15.000 cartas inéditas de Sar- investigaçõesluz das recentes e descobertas. lecionado por John Rackliffe. miento como contribuição a "Death of and Intruder", de Os ensaios aparecidos neste» esse estudo. Nedra Tyre, Conto. — S. C. íi.jihLL:.U;.i;tíVj::d;iiViVi'iUu!j!»í.í l.l.í.illliliii. Morte de Jean Giraudoux. Profunda emoção. Quase não mas tínhamos ligações; há trinta e cinco anos que os hoção se vêm viver uns aoít outros, o gráfico de cada destino mens de uma mesma geração se vêem viver uns aos outros. Outrora, por mais que fossemos sensíveis à conformidade dou sofrimentos do Cristo com as nossas penas particulares, desesperávamos de nada sentir que delas se aproximasse mesmo de longe. Hoje, muitos dentre nós limpam esse escarro a face, em sobre que a mão de um policial deixou u'a marca sangrenta. E seriamos mesmo SeIsto, tentados a dizer: nhor, não chegastes a sofrei% À vossa Paixão visível acrescentastes aquela a que nos submetemos hoje. Pois como róis o Cordeiro de Deus, pusestes numa só agonia todas as lágrimas e todo o sangue que os nossos irmãos vertem há, cineo anos. Esse silêncio do Pai, que vos arrancou o "Por que me abandonaste?", que neste mundo, votado à morte, ainda repercate, vós o sabieis antecipadamente que a humanidade sofreria um dia, hão somente no segredo dos destinos partículares, mas esmagando ele as naçõese raças inteiras, fi a prova das provas este vazio cavado pela vossa ausência aparen-i íe neste .universo çrimjjiQso,,. JL .tJilUÜiii.ii ~s«8 li .Hliüiil 0't:'\ vM.-uv t**»$F'-*a>&'&**í> :J LETRAS I Domingo, 8-2-1953 renasDRAMATURGO John Lyly, que D centlsta mio passou à posteridade '* com seus dramas mitológicos, é ho$e lembrado por um substantivo que se tornou universalmente conhecido na literatura afetado por designar um estilo oide escrever, qual o que ao Meu— o tado autor atribuem fuismo". Provém o vocábulo do título de dois livros que publicou, o EUPHUES, ou ANATOe MIA DO ESPIRITO (1579) EUPHUES E SUA INGLATERRA (1580) em que Eupheus, a figura central, toma o nome da palavra grega que quer dizer "de bom gosto", o que desde logo empresta ao herói uma aura de espiritualidade * de refinamento denunciadora de um sibaritismo fastidioso em desacôrdo ocm as experiências humanas que o autor lhe destina. Posto que o termo esteja hoje indissoluvelmente ligado ao tea^trólogo inglês, não é de sua invcnção, pois tomou-a de outro autor contemporâneo, Ascham. Nem mesmo o afetado estilo, de que lhe dão paternidade histórica, é de sua criagão pois, segundo alguns escolásticòs já vinha sido empregado anteriormente. Lyly se propôs a fazer do herói um paradigma de boas maneiras, de moral ilibada e de colocado cultivado intelecto num plano de vida real e apon- m E Página — 5 ARTES VI O "ENFUISMO" DE JOHN LYLY A. tar assim as experiências a que êle se devia superpor, os preoalços que devia' dominar paia atingir à perfeição colimada. Um livro, ou melhor, livros de preceito e teoria, escrito em ese tilo original, mas pomposo afetado em extremo em que os devaneios da ficção entram para entreter e ilustrar um didados tlcismo "magister dixit" Em escritores renascentistas. que pese a gloria de Lyly'com a arquitetura empolada do seu "eufuismo", a originalidade na obra que lhe valeu a fama repousa no fato de se ter devotado exclusivamente a agradar as mulheres. Para colunar a esse fim, meteu mãos à obra de criar um estilo superfino, delicado e ao mesmo tempo sibilino que encantou a mundanidade feminina da época e caiu em voga de tal maneira quo "novo passou a ser designado o de literatura inglese". Essa "boudoir" longe de edificar ou instruir, atraia poderosamente as mulheres por meio de engenhoso estilo de grande artificialismo e graça que lhes dava a impressão de estarem sendo cortejadas por um admirador i*ll^ v liilllillllillllil b nuiH lllllllH P «ffijW n i* i CASÈMÍRÕ DA SILVA. entusiasta. O "cufuisino" ou "novo inglês" foi a coqueluche da corte de EUzabeth e das elegantes renascentistas. A propria raihha foi fervorosa adepta da novidade, o que lhe valeu historiador ser apontada pelo inglês K. Richard Green (18371888) "a mais afetada c de testavel das eufuistas". Um poeta francês contemporâneo chamou a Lyly o "raffincur" da fala inglesa e outro panegirista compara-o a Cícero pela maneira com repeliu seu idioma. Para atingir essa finalidade Lyly procurou ser o mais afetado e exótico possível, usando de recursos até então desconhecidos em livros de ficção ou outros como por exemplo o emprego de símiles rebuscados na zoologia mitolofica e na heraldica. A súmula da historia dá Eupheus como um jovem grego que vai correr mundo e é posto à prova em experiências de varia Natureza e retorna ao lar triste, mas esclarecido e sabio. Ao autor não lhe importava o sediço da efabulação, era-lhe capital o estilo pedante e original que lhe deu ura nicho no coração das mulhe- fl___B___H___. ^^ JW. S ^sb^x res. Para uns, os livros são um simples pretexto para raorali* zação e a seqüência da narrativa nada tem que atraia a atenção do leitor como desdobramento de episódios novelescos encadeados; seus caracteres não palpitam de vida, mais parecem autômatos, cujas reações não despertam nem simpatia nem apelam ao nosso senso de humor. Nas suas extcrloridog/ações são sentenciosas, máticas como convém a obras desse teor, composta de dialogos, soliióquios C epístolas, onde o autor lhes dá contornos do dureza didática, muito dlstante da maleabilidade c ligeireza de água corrente dos romances medievais do período francês. Para outros o "eufuismo" é um vadc-mecum do belo espinto, das boas maneiras, comespaparavel ao gongorismo nhol. De resto, os críticos ingleses insistem no fato de se ter inspirado Lyly nas epistoIas traduzidas para o inglês sob o título de Golden Letters, do de monge espanhol Antônio Gue vara- Si Lyly não foi bem M sucedido na modelagem de se«ff caracteres, se suas jaçócs c lu* cidentes pecam pela desariiculaçáo e não oferecem absorvêneia de interesse, si o esboço de analise de sentimento não sai da flor da pele embora fosse uma novidade na época, contudo êle reclama para os anais da ficção inglesa o ter escrito * a primeira novela dirigida mulher e inaugurada a literata* ra de sala devisitas eom os re» quisitos que éle lhe instilou do favor finíssimo de um estilo original que lhe franqueou ai portas da posteridade. E por ter assim inventado um estilo novo de linguagem, que esteve cm grande voga por mais de cinqüenta anos, Lyly teve inumeros seguidores menores quo souberam perpetuar sua maneira bizarra de escrever, que ins «• pirou, pelos esculos afora, muitos Hedonistas com inclinação para o sibilinísmo literário. K o que me causa espanto é que sendo o escritor um pioniero no torneio da fraseologia calcada» em figuras de retórica e s** miles absurdos, pudesse, como comentadores,, os asseveram xa criar um tal furor entre mulheres elizabeteanas, de voa que se supõe a cultura não tetr sido uma das prendas doméítioas mais apreciadas na épo» ca. Mas não é licito duviçU? dos alfarrábios. ^^^HHII^^^^ -^v .^^ UUU wa 93 „:"5B; -Ni Vinheta de SANTA ROSA um numero Composição I DO SANTO REZANDO EM CRUCIFIXO E AMOR, O TEMPO SOLTA O DERRADEIRO GRITO DAS FLORES EMUDECIDAS., A FIGURA, RETORCIDA, DESPEJA " * O SEU ÓDIO NO MAR., E A PAISAGEM FALSA RENOVA A PERSPECTIVA DAS COISAS (SEM NENHUMA FALSA PERCEPÇÃO DE DEUSb VAZIO POR FORA O VASO PENETROU NA ESTANTE PONTÜDA, A VIRGEM ESVAZIOU . O SEXO NO BOLSO A DO HOMEM FESTIVO. A FACA PERMANECEU SOBRE A MESA DESPÍDA DE TODO PODER, II ENQUANTO O UVRO CONTINUA FECHADO, SEM OPORMENOR Y N A L D O B A I R m ¦; i ¦.. à O *, .*fl>^^ 1ET R'AS PáglAi — 6 A SECRETA MENTIRA HDALM1R DA CUNHA devei' precipuo que se TRADUÇÃO de "Wines- Esse burg, Oliio", de Sher- impôs a si mesmo Sherwood A de estudar pessoas-, wood Anderson, feita por Anderson, "ver a superfície das sob werde Moacir Jamet, Amado « Olovistas", neck de Castro (Editora pode-se admitir que . bo - 1950) • incluída na "Cole- representa a chave mágica en "A contrada pelo artista, para ção Nobel" sob o titulo de Secreta Mentira", coloca o lei- abrir o caminho da perfeição e tor brasileiro em contato com tentar percorrê-lo com êxito, um dos mais representativos Nessa capacidade de extroverescritores da literatura norte- ter-se, de saltar fora de si mesamericana contemporânea. mo para trilhar os sinuosos faleceu e obscuros caminhos do íntimo Sherwood Anderson em 1941. Após a aua morte, das pessoas, está, possivelmenMrs. Anderson, dizem, leu, dia- te, a explicação para a densa que se observa em riamente, durante um ano, uma unidade "Winesburg, Ohio". Não é pos- carta esposo. diferente do dessa conseqüência em sivel, Sherwood Anderson escrevera .mtencomposição^e de unidade 365 cartas nos últimos anos de sua existência, especialmente sidade substancial, ap^1™ dirigidas à esposai quando S°letftn^^.^!"10L r^nnto «Regram *° c™£* pressentiu que nãó duraria ?»» muito temjx) e estava disposto d° * Y™.J*» * ™T< nurHe? a aguardar a vMta da morte «¦ *^fS,deA£2? dnaU3Jf com a mesma tranquüidade gflgdí T leftutf de Stos wuicBours» *-""u esperou-a, aoroveitamento do macomo a um amante que a liber- • °" _. A^ot«™ ^p rrfprerer taria. Escrever cai-tas, contam xuno Çgitg 8ggg aqueles que se tem ocupado da JTOsgg|6-±_íSS deT^volu personalidade de Anderson, era te a e^™ ^Kf*. commoum dos imi hábitos insiibsti- me capaciaa-extraordmaiia oS tufvpüi Pxninrflvn «hiampnfa» var a SLJJSfJSíS. todosfe^^ofbuef^SSK?' de de **** *» inter-relacionai', d^S^So^ístoli^Sr^ habilmente, as histórias, dando "£ ligência e, seguramente nesse »° ^AggJSgpyS 'í»r na Vlda • "* ™ mister, logrou acumular consi- <*«e deravel soma de observações Fande c;dad*V uni <madro ausobre a« pessoa» e a sua hu- tentlC0. dos caminhos cruzados decriamana condição, oonseguindo ?« maisdeumavintona '• . .Ia petaem Winesburg mesmo através de cartas, cons- turas driUp ^S22J truir a sua filosofia da com- * vJlte S&Mgjg; de Piene no evidentemen- West-..", posição artística, 'como jhzer * ***serve que te bem pessoal, o prova, Brodm, do contos °" ™°s Para à sacie d a de, W^esburg! foud Ohio", qued^de a sua apa- hV££re5endendo e enriquecendo nçao em 1919, constitui um £cnica do conto contemporegular ponto de Interesse pa- *âne i Anderson confere mera todos que prezam a litera- n descritivo ao importância tura contemporânea dos Estaaprofundar-se exterior, para dos Unidos verticalidade, máxima a com Os traços do 1M) sw,redo biográficos do hodo homem d° n^meií' segIlS?, Sherwood Anderson, um escrit°™ UtS_?" dPinf mem tor pouco* conhecido no Brasil, ^5^?! tiajetoconfirmam, sem dificuldade, a! reconhecendo-lhe «ma e buscando melancólica *» existência de resquícios auto«Winesborg, naquela gente e nas coisas que em biográficos ¦ Ohio". A percepção do fato po- começavam a sentir os efeitos, de ser corroborada por opiniões d0 mdustriahsmo em larga es-C_ de Anderson sAhre a arte de Gala> tudo ^ue ainda l'estava de escrever, quando teve oportu- vida simples e poesia, poesia nidade de advertir jovens es- concira e^ deliciosa, cujos inscritores para que dedicassem tantes' sao comunicados com "seu tempo a estudai- pessoas austera compostura, inclusive e não a fazer experiências e nos momentos idílicos, quer deforça imaginar tramas" Os contos monstram a inequívoca "Surgir norteescritor desse lírica da vida real do devem "algo Há de fala) e fin- americano. Incluso no quadro povo". de seu gido em fazer movimentar.-se dos escritores realistas Dickmrealistas dos que pessoas imaginadas" Eis tudo Pa*s, classifica no. período poste-^ que teria feito o jovem Andei-- son a guerra de 14, Anderson ric-r son, muito antes de lançar-se é portador de um realismo mà tarefa de escrever, na sua eiterior que difere do realismo dade natal, participando viscede outros escritores do. objetivo ralmente da vida do lugar e da dos seus habitantes/a ponto mesmo período de vários da de sentirmos, em "Winesburg, posterior geração da. revolta, Não há, no fato, um propósito Ohio", os resultados da sua incursão no mistério de Wines- de fuga. Anderson e um escri burg e de sua curiosa gente, tor bem próximo do seu povo incursão que possibilitou a sua e realizar um poderoso mural integração, com o realismo li- da realidade, norte-americana, terário, na sua melhor forma Os homens e mulheres, de todas de transformação e transposi- as idades, que desfilam na paição do real para o plano artís- sagem de Winesburg, não são tico, em oposição ao idealirmo fruto exclusivo da' rua imagidos romântico ou ao realismo foto- nação. O comportamento suas asas seus personagens, gráfico. O seu George "AWillard, Águia pirações e reações, a sua atituo moço repórter de nada conse- de em face do industrialismo de Winesburg", guiu, quando pretendeu fazer- da grande cidade què está disáubmetendo-se a tante mai se projeta no destino se escritor uma premeditada paixão por de Winesburg, são reflexos dp Helen White, a desejada filha realidade que decerto foi indo banqueiro, que lhe propor- tensamente sentida por Anderwonaría os elementos emocio- son, nos seus vários postos de da£ de fazê-lo urdir observação do homem a nais capazes histórias revestidas de inconliterários. (Conclui n* 18.* pág.) méritos téstáveis li<VWVV^VVW*A<>AA<yVVV>A<VVVV^WkA^A^^ Domingo, 8-2-1953 Domingo, ARTES IRMÃOS Mann e Jacob Wassermann são os OStrês grandes romancista!! alemães do período que vai de 1880 a 1914, os únieds que nesse período conseguiram uma Thomas européia. reputação Mann, depois de um livro de novelas, com que se estreou, seu grande romance publicou "Buddenbroks", da historia de uma família decadência burguesa de Lubeck, no decurso de quatro gerações. Sobre o arcabouço de uma velha cronica soube ele bordar um quadro amplo e vivo da vida burguesa nos meados do século 19, das causas de decadência que se introduziram na prósperidade familiar e comercial dos Buddenbrok, grandes negociantes de cereais quando os contra golpes de acontecimentos políticos e exteriores (Revolução de 1848) se acrescentaram a casamentos imprudentes ou infelizes e uma espécie de desencantamento intimo que acompanha o refinamento da cultura , a leitura de Shopenhauer e a influência dissolvente da, musica. O romance muito longo, tem uma infinitraz dade' de personagens e da leitor do presa a atenção Hoprimeira á última pagina. mens e mulheres, grandes- patrôes e crianças, vivem numa serie de quadros de intenso colorido, tornando-se inesqueciveis para o leitor. O mesmo se pode dizer da maior parte das novelas do Thomas Mahn, nas quais se. a encontra um tema único: oposição entre a saúde burgueM e a decadência artística; a aspiração do burguês solidana vida mente estabelecido material e a vida do pensamento, a embriaguez da arte; a fragilidade do artista em cono vigor são mais traste com um tanto obtuso do grande burguês. Os personagem principais doe romances e das novelas de Thomas Mann pertencem ou a um desses tipos ou a um tipo hibrido e infelizz. Assim acontece com os primeiros e os últimos Budden"Tonio Kroeger", se brok, "Tristão". A de personagens "Montanha Mágica", gira ainda em torno do problema da burguesia, cuja decadência se manifesta inevitável e cuja desagregação libera um tipo superior, mas frágil de artista. Mas nesse romance longo e macisso o dom da vida, tão frisanle em obras anteriores, parece ter baixado algum tanto. O que se passa entre os hosna pedes de um sanatório e vida montanha, é menos ação do que uma certa atividade discensiva, expressa em intermináveis discussões. Não há um problema da vida contemporânea — educação, religião, política, questões soesporte, ciência, ciais, arte, medicina, vida passional, etc. — que não encontre seu lugar nas palestras desses infatigáveis discursadores. Os personagens são vivos, mas inativos, a paisagem por vezes impressionante, ma3 a necessidade de dizer tudo e de tudo explicai-, ou antes, do autor se explicar sobre tudo, faz com que a forma romanesca seja prejudicada. A filosofia do autor transborda dos quadros do romance, a presença da morte torna-se ai uma verdadeira obcessão. "A Outras novelas, como Morte em Veneza" revelam aspestos mais amáveis do talenta de Thomas Mann sem senti«-. mmwmÊÊÊÊÊÊÊ&mm^mmm HfwüJ i mmmmmwK^mÊ9^K^l^mmmÊ I PÊllIIÍlf' *M Bfv^Hl^^Hií[^_l mmWÊ$9mmmmr mmmm WÈÊÊÊÊÊKKÊÊmÈmmÊ wrt**3 ^^R*HB™"BMBi \ ^__.. *^^^**"^* I li ri 1 W-a-w^ffHllwWBMlW III lf\ U.'ajMtl!Mlwli_li_g-_lÍaBlHCT-Bta^ I I I Ii H7n ImmTEmflf BM BrW 1,1 M iT_^^BaB^E-fôMffi_ÍH^HBre!3E^B^BgB ssprTTTTTi 'Bi í í LI ffg|s«y[/|^-— —"^S^lvl : *^ÊÊ^=ÊSl|==£==iBÍ Wsmmmm^mlmTÊZÍL Kmh ^.^if^ "^^~^r^^^z._ ^^^T^V '¦ eevmann são de interesse mais arqueológico e histórico, como "Oristovam Colombo", e "Alexandre na Babilônia". Não são os melhores. Og melhores serão naturalmente os romances psieológicos que se desenrolam quo têm por pano de fundo um quadro social, opondo a "rêverie" idealista e apaixonada do indivíduo de elite, sua necessidade de expansão e liberdade 5 apatia, à intolerância e ao materialismo obtuso dá socledade contemporânea. Numa serie de quatro romances que se desenrolam entre 1870 e 1920, Wasserman quis abranger quase todos os problemas de "préedepost-guerra". Seus dois últimos romances "O processo Mauricius" e "Etzel Andergast" são talvez suas obras a atividade desinteprimas: ressada de um justiceiro jovem, esse combate acirrado de um adolescente contra todo o aparelho das leis e dos tribunais, sua vitoria final, e depois a inanidade desse vitoria, a irremediável mediocridade da vitima libertada, que não encontra outro emprego para a liberdade do que ir atirar-se no rio: tudo isso é de uma vida pungente, de um encanto extremo e de um profundo amargor. SlnSWl mratfflff? ji fQ»f M B_BM__^^__g_^j^5^^__^__BS^_a_SESMBSSBBBBag^^-B^B»B^ HGrto^ y^pMBHBl|BH^^B^^Bp^^^BspBBa^^HB|^^ '&v ^_^^^ aRTES ¦mmWMWWWÍMP?" 1__MM|__BagaMaMaaB^^^^H^^BaHa^^H^^_^B^^^_^^^^_B_«|_^^B«^^^^Ba ^¦ fmK^wfn^TWffliWifffnf^ l^^_ re;» ífcrastados do labor matea, e da intelegéncia invent-W continuidade da tradição t.( idade de inovação. i Irmão Helnrich Mann, m{ artista e mais versátil, venus" servis, seus chefes ambiciosos e seu proletariado míseravel. Quando ele quer repousar da atividade de paníletário consola-se em pintar aigum ídilio sensual no mundo cosmopolita da Cote d'Àzur ou a vida de todos os dias de uifca cidade italiana. Ou bem esne escritor fecundo e hábil escreve uma tragédia popular ou bem nos dá um romance calmo da __Bp';/i- 7&&<^^^r*'5^m^ÊÍBm^mmm^mlA^m\ burguesia do século 19. Bom europeu, republicano da primeira e da ultima hora, autor de ensaios políticos muito explícitos. Helnrich Mann estáva designado para ag perseguições do 3.° Reich què o baniu e acabou privando-o dos direitos do cidadão. Jacob Wassermann é um grande romancista judeu e alemão. Tem ele a consciência de sua dupla nacionalidade e aos problemas especiais que ela estabelece. O problema central dos seus romances é, quase sempre, o conflito da justiça e interesse, juatiça e dessa j do "preguiça do dacoração" que deixa perpretar-se a injustiça por indolência è covardia. Sensível, desde a sua primeira obra, eite idealismo essencialmente judeu obliterado na historia parece de "Renata Puchs", romance de emancipação feminina, do "musíc-hall" e do circo. "Maloch" Em aparece pela primeira vez com o personagem THOMAS INil do justiceiro fanático, que reaparecerá freqüentemente na |ou por fazer alternar rosua obra ulterior. Foi porque dia numa sei-ie de^ ensaios que es de formulas matériaSeu não houve no caminho do mispreenchem vários volumes. "José no terioso menino mudo de Nuj|com pinturas voluptuopenúltimo romance orilados da vida italia,remberg um coração heróico e Egito", romance bíblico c arforte para tomar-lhe a defesa queologico indica o desejo de 1 jft recc hesitar então ena e d'Anunzio, entre a . e reivindicar-lhe o direito que tirar os olhos do presente e ha de Guilherme II retornar a um passado mitico, a historia de Gaspar Hauser evolução; eternas acabou num obscuro assassinaa questões "l^sel s professores pedandesis cortezãos e seus "parto. Alguns romances de Wasdas famílias e das raças, valo» .... E WASSERMANN H do da alma infantil e da vida Procurou sempre ele animal. esclarecer, primeiro para Bi mesmo, depois paia os leitores seus pontos de vista sobre a filosofia da vida ò a política do B^BBBMWlWwWjMpWfflB^ffMPwWBWMWI^WI^W^ i _T^^|^^^M^B ¦_¦ 89?__E mr ; WM BB _Ja_._^_Mr .§•: 8 m; o b MANN IRMÃOS OS tETRAS 8-2-1953 romancistas Uma trindade MIRANDA mm? mmm% $P &»$* E j ^_U}* ¦ ¦ t "" T TíJl! Bi£ R9 ^^M^^Z~^—^^S^^^^^^Bm\ ^JilltfHffinJrTttíE—'=-L -—-^^^^^^^^^BJ —IÍIB--JJ^«-IB'il,f'TyJBFTFr^'rT~T~il111-1 —¦-—-»—-a-»-» m' ri Vinheta de LUIZ ABRAVA f —o ¦ í bsbbs ^^^^^^<w_^^7^^_^'^_^_5lLP%_^^'MãfPl mmmmmmmmm n n nn POEMA DEI COETHE "FREUDVOLL ÜND LEIDVOLL a ALEGRE E TRISTE » FREUDVOLL UND LEIDVOLL, GEDANKENVOLL SEIN. LANGEN ÜND BANGEN IN SGHWEBENDER PEIN KIMMELHOCH JAUCHZEND, ZUM TODE BETRUBT — — GLÜCKLICH ALLEIN IST DE SEELE, DIE LIEBT. Tradução . , *3 de O p*Bg_s_a ER ALEGRE RISTE i PENSATIVO, " ER SAUDADE TER MEDO V 'ULTANDO [UM DÚBIO TORMENTO/ V DE ALEGRIA ATÉ O CÉU AO MESMO TEMPO TRISTE COMO A MORTE WZ E SOMENTE ALMA QUE AMA A C C I O L I ¦• • • Página — 7 PREPARAÇÃO A GRACILIANO RAMOS \ * HAROLDO BRUNO ideológica- cidade imaginativa do mente a obra de Dickens, çamento especulativo,queou a penadoSITUANDO um crítico inglês se re- Ção da crítica estética defenfere à circunstância de ter ela dida contemporáneamente com servido, sem distinção, às cor- mais ardor por André Gide e rentes fundamentais do que, para muitos, se confunde mento filosófico dos fins pensado sé- com o impressionismo, em virculo XIX aos nossos dias. Pois tude da sua gratuidade. Mas "Davíd Copper- esse impressionismo através do o autor de field" homem naturalmente de qual se logra captar a duração convicções próprias e posição íntima da obra de arte é o que definida, soube, porém, comuniinforma, quando vem compencar aos seus romances um ili- sado por uma maior agudeza mitado conteúdo humano, den- intelectual, a verdadeira crítica tro de uma perspectiva social interpretativa, nem professoral, vasta, em que se harmonizam nem irresponsavelmente dileou simplesmente perfilam-se tante; ao mesmo tempo analitradições, costumes e aspirações tica e reveladora. E para o seu de uma época ..fixada com ai-- exercício parece imprescindível dente espírito de universalismo, que o ferítico chegue à obra, Embora quase tudo, e muito elegida sem giande resistência especialmente esse universalis- e aparato mental, entregando- > mo romântico de que resultava se a ela para gozá-la com a ^ em boa parte o sentido ingê- espoutaiiaidâde do leitor, e manuamente otimista do romance nife 'indo os juízos ou idéias dickensiano, separe dele a obra apenas tendo em vista sua de Graciliano Ramos, construi- consciência artística, seu senso da sob a inspiração mais rigo- inato de observação, sua experosa do realismo objetivo, esse riência acumulada anteriorromancista brasileiro faz invo- mente. Afinal de contas, será car, por um aspecto, a mesma mesmo essa experiência o que controvérsia de interpretação, vai distinguir sua concepção do que é o clima natural dos gran- simples impressionismo, e dandes criadores. ^ aos prinoípios racionais do em°uSSa^mo8 SSTwS **»»»*> uraa ""«"-* mais, são assim: múltiplos e até caPaz de apreender a transição mesmo contraditórios. Na obra mais sutil, serve para atenuar quen)os excessos individualistas da 88iS_fS asjá«houvç tificando incongruências Jufde ...... , uma exposição histórica de pro- sensibilidade, porções imprevistas, pensasse Implicando o ensaio, do ponque elas são inevitáveis para to de vista crítico, além de aíesustentar a luiidade geral, pro- .d valores> , resultado ae de ° resuitado fu$da e orgânica. Na obra de ÇM ae arte, os elementos aparente- um impulso para reproduzir o mente desconexos se fundem supremo instante criador, não é n« afirmação do poder de síntese, que só existe em função justo que se transforme a anáda pluralidade, do conflito das lise das obras de Graciliano emoções e das formas, caracte- Ramos uma pesquisa metirística marcante do romance de culosa. A arte tem seu mistéGraciliano Ramos. A concepção da vida, o\sentimento do mundo rio — há quem diga, com evineste romancista comporta ex- dente exagero, que ela é só mispressões diversas e opostas. tério — que foge aos critérios Análises menos preconcebidas da verdade exata. Neste caso, por certo colocarão sua visão faz-se necessário o apelo à inde criador mais além do pessimismo e do otimismo elementa- tuição, ao livre recriamento dares, individuais, gratuitos. o escritor, por limiquilo Todo o esforço honesto para tação que pessoal ou deficiência compreender Graciliano Ramos comunicativa - que subsiste no deve cifrar-se na tentativa de conciliar duas atitudes habi- fundo de certa criação, nem tuais e extremas da crítica: sempre exprimiu com lucidez uma que, com vistas em Machado de Assis, só observa no interna ou precisão vocabular. autor de "Vidas secas" o lado É o seu tributo à imaginação necessariamente negativo que, por uma outra utilização posto que êle trata com um do temperamento literário, o temundo negativo — s outra que oculta, digamos, um sentido de ria talvez levado igualmente à reparação moral e que, para poesia. Contudo, a obra não compensar o retrato impiedoso, chega não raro a esboçar um existe apenas em si mesma; comovido humanitarista. quan- tampouco o fim da crítica é fido não um escritor intencional. xar sua essência um tanto evaSe um dia escrevermos sóbre nescente. Torna-se preciso tamGraciliano Ramos, nosso ensaio qualificá-la em face do não obedecerá a nenhum pia- bém no. Não partirá de um pressu- tempo e do espaço, investigar posto — o que na crítica inter- as condições sob as quais foi pretativa tem parecido sempre concebida e os imperativos que incorrigível. uma estreiteza Nem, elaborado com certa li- compeliram o autor a decidirberdade, virá depois de escrito se por determinados processos a subordinar-se a uma conclu^ ou soluções. E aqui é onde o são geral. O método a ser seguido, como em nossas crôni- crítico cumpre integralmente ;i. cas de jornal, consistirá em missão da inteligência, sem q< apresentar o desenho crítico à entretanto, esteja traindo so' proporção, e no momento mes- ideais reprimidos de artista ¦ mo, em que se forma ao contato com seu objeto, ou me- criador. Sem dúvida, tal pio lhor: realizar-se-á a sondagem cura da fisionomia exterior < crítica simultaneamente com a obra e de suas relações in> • emoção viva da leitura, feita Por veis com o autor, ela tamb _; descobrimento renovado. * meio do que se pode atingir é criação. O que importa, <>íi dois resultados consideráveis: a fim. é que êsses limites não \ • adoção de um critério arbitra- nham a diminuir o equilíb' rio, subjetivo, expressionibta, responsável por um tipo de en- de uma obra julgada até co. saio que deriva antes da capa- traditória» t !0£*£Sô*yift»í>d4*'^^ X J. ¦¦¦¦£',¦¦ ¦ .:.¦.«. •¦ LETRAS Página — 8 *r-l—V^T^» • E PANO DE FUNDO C MA o sol a pique Bôb.o oe telhados íalscontes da etdado. Maio corria quente, o oforocondo-uc «oneroaoimonte em cor o em lu*. trouxera mata cedo a alegria do verão. Mhb, pura José Afonto, a palavra alegria nao tinha significado. Er.utu, sim, quatro sílabas plenas de vagas remi' ts, morna do esperteza. E como nlsccnclas, mas vazias de presente ir/.ul-cinza, avcluflado pela nebna voz autoritária da ra^aiiga o — linda, Quo e Incertas de íuturo. mar. na vinda do Irritara sempre! muculana clura Com 21 onoa, um corpo 'Tera sua cldauo. tão calrni "aquilo", *lo Tinham-so conhecido na do tez a atleta, de queimada Como do melo dial luz tulla", num ballorlco. Depola de lodo da pula, e uns olhos quf nU meamo, podia ter acontecido'... bela oua dois tangos à medla-luz, catavam a mesmo ionuluo quando sorriam, Olhou o ruióglo no intlmoe. E conforme os seus prlnboca, sensual o terna, se mnntibuBto. Aproximava-se a hora, e tinha projetado passar com se chaclplos, ora o êle manha serena, que subia nele uma revolta surda, ela umas tarde*, nem mais conma: um bonito rapaz Sabia que ró alta do incompreensão que lhe seqüências. Logo nessa nMte, oo atrair o «ra, e contava de antemão doía, contra a" Indiferença cia vida acompanhá-la a casa através do — e conservar 1 — todas as pi»que continuava, alheia » êle, contiCampo Grande, soubera que eiveis, atenções femininas. Tinha tra os carros elétricos apmhadoa um pseudo-noivo, ia nha havido" a Idade dourada dos príncipes dos de faces fechadas, o policia sina— Um da província. confins nos contos, Idade de Ilusões quase trálelro, os dois cães que se mornão liUS eu tu, malandrAo, vês gleas quando cs jovens se crêem dlam sobre a relva. — Ralo de olhos de estava fazia, o sabia que convlctamente-o centro da aociehistória, valha-me Deus' fechados 1... dade. o íuloro do mundo, mais do rapariga quo dobrava o anUma compreendeu sem mais. A boquo leso, havia momentos em que dum canteiro florido, açorguio desculpa, a explicar o que, aparecia lorenta como todo o universo lhe dou-o nas especulações de pensosi próprxo, está explicado... mera pertença sua. E a vida, ora. por mento que o amarfanhavam. Era velada e um convite. onde oferta Üma a vida era apenas um Jogo ela e antes mesmo de a reconheresponsabilidade não a Enfim, é excitante arriscar!... cer, aentira-o pelo sobressalto de temera dele, parvo lhe chamariam oa Sondo um sentimental por todos os nervos. Quase a odiava, r.paium era clima, ou três se não aproveitasse. Aproe peramento estender quilômetros de queria de mi-s . distancia entre êle e aquela muvcltou. E meses depois, nascera xonado. não duma muihtr, afioE Amor. dia negro, quando lhe ouaquele do todas, próprio vez mais perto, Ia cada lher que, vira as palavras que o tianain abaraudo ao do leve todos os problclevá-lo a cometer um crime. — os nunca eem lado mais do que uma pancada existência, mas da "Crime"?! Apagou depressa a panumdo vlta em cheio no rosto. — Agora — em girava traço penetrar, lavra que lhe riscara ura nele do sabendo que concluirá ela — o que resolves? do real, nada doloroso na corisclencla. — Pois "Tudo", menos casar! — ossense passava. ia "solt o que fosse! O que não fosse aventuras, suas Do todas as tou José Afonso. Mesmo ali, tio José Afonso-o esagora, era êle, decidido desfazer-se da crian"malta", nha dlsant" amorosas; apenas lhe ílcadeixar-se venperto da de ouúo aquidesvencilhar-se vam núme.cs, pequenos, evocatiça, cer pelo sentimentalismo piegas! lhe aparecer. mais nunca Io, vo3 e corridente.? números, a asNunca amara a insignificante manhã da indiferente E nesta eentar na agenda de algíbelra, a através criaturlnha que avançava Sentia momento. o chegara relcmbr-ar na glorlozinha barata maio, do ..Jardim, num passo medido de um boca na na nó de os desfiar ante oo amigos, em um garganta, ínlutas sem emoções nem pessoa café do a conscíênredonda saber a mesa da amargo travor volta timas. Fora uma aventura entre pasmavam das do bairro. E todos cia, mas tentou chamar a si o mais número um aventuras, outras "gala do oficial" "heróido facilidades que êle apelidava o *eu espírito a assentar na sua agenda duma só um íntimo no lú picados preciso desportivo. Era grupo, dizer toda a verdade, Para ca". devia cinqüenta aquilo certa inveja, em que pouco de coragem, até nem gostava dos frios olhos conarficava era, caso Jurar, o cento instante, posso um eer por claras dela, de expressão calcullstida admiração. Eh Pá, mas como é que tu <*m levas"? José Afonso, extrovertido por natureza e doente de petulância, entr» ura gole de café e dois sorrisos intencionais, piscava um olho e confidenciava: _ Isto vai tudo do arranque "**% ViV i^L L9ÈXVvA«^^ ¦7IJ^VI Inicial! Se a miúda ó gira, vou"na cola". Na primeira oporlhe uma sempre tuuldade, que há — voa era aqui, e oportunidade gúia-se-lhe uma oitava acima, em tom enfático de chefe experlmentario — passo-lho o meu cartão, nome e número do telefone, claroi H' esta a altura de empregar o olhar n,° 3, especial, etiquetado: Oh! supllcante o prometedor... "é limplnho 6 aquilo meninos, Não se passa oito dias e Já levo » garota a ver os arredores... Os outros em volta da mesa, engorínrn; em seco e. mentalmen» te, tomavam notas. Sim, que lá resultados o método dava, disso ninguém podia duvidar! E. José í Afonso continuava, com todo v juiíHtórlo suspenso e a mão morena espalmada no peito: — Eu cá, oh! genjt.es, tenho o meu "Manual do Perfeito conqulatador som Mestre, em 30 lições". Logo depois do prólogo, esparramei a minha primeira máxima: Ser cruel, audacioso e vestir bem. —•3 «Do— de dlmelo-ambientè Fora a«3Êt« hiiç-ão, de amores fácelB .logo esquecidos, de rapaziadas sem conseqüências e materiali3mo bruto, »c» deaculpável pelas exigências fi«lcas da idade, que se tinham apaos seus últimos anos. Balgado» •toricos depois das aulas, noites pordldas n*o cinema e na pândega, fins de semana na r)rtiia e... más notas ao terminarem -is períodos letivos* Vinha então à época inijrata em que o pai o chamava •ao escritório da Companhia, e lhe padl/áa algumas duras e amarga* 'reps' Invras. Entre o repostelfo de verde que fechava a porta e o mundo exterior, e n face austera do pai, o rapaz pensava: — Bem, que to, o pai tem razãoí Tenhotenho... E tn?x caminho, lá isso ihe ev.apo-. se dia outro logo ao poravam as boas intençõss. Não "terdia resistir que a miúda do ceiro" tinha arranjado dcilã bllhetes para «-"matliiíe" do Capltólio... alguma tal Fora sem que coisa "aquilo" aconfi-esse prever que tecera. Sentla-se, agora, longe de curtindo profundas ei próprio, «audades da perdida despreocupaçÜO • — Acontece cada "uma" a ura homem!... Ou ter-.ie-ia esquecido de algumas das regras do Marmai da sua autoria?... E ali estava, caído num banco do Jardim, lado a lado com um triste velhinho que se aquecia an sol — Que a êle, ó que não havia sol que o aquecesse! —¦ vensou. Era frente, para além do gradeamehto de ferro, descia a cl« OKI..*» dado ate ao largo rio. Na outra em margem, o eerr» esbawa-se Conto de MARIA MAFALDA jf'v'"C I I; ¦ -¦ ¦¦ Domingo, 8-2-1953 ARTES N. -*¦ mn . rumado c«quo boa lição ttnh» lido! — Bom dlal — B parando junro ao banco a rapariga magra, nem frescura, mais velha do que êle, (como tudo Isto lhe saltava agora aos olhosl) acrescentou: multo há «— Estos á espero '•¦_ tempo? ? è y-, Não, ho uns dez minutos, s* tantx>. Telefonaste A mulher;* Elo ossentlu, num gesto breve da cabeça alourada. Então, vamos lá! Desceram o rompo íngreme, lado o lado, sem se falarem, como se dois estranhos fossem. Em <ronte do casa de fachada antiga, de aitas Janelas de guilhotina, pararam, olhando instintivamente era sua voltu. Ninguém os notava e a sombra do pátio lageado, plngando humanidade, acolheu-os numa transição brusca da brilhante , . luz da rua. Subiram a escada de pedra de dois lances, procurando no escuro os degraus incertos, muito gastos no cent.o. No patamar, cia puxou cem deliberada resolução c cordei ensebado da campainha. A porta rangeu ao abrlr-so, deixando entrever uma mulher sem Idade, metida num sujo roupão de raSem falar, magens desbotadas. espera. Jode sallta entraram na então que a reparou Afonso só baços, cabelos tinha os mulher baraqueimados pela permanente ta, as unhas curtas, orladas de — I>eve ter estado uo preto. Oriente — considerou para si me3mo, olhando em redor. A um canto, erguia-se um biombo de laça fronte a um I à i .sua fazendo esfolaáft. o qual •¦-¦2# kl 54*7 niú sobro canoaüísslmo piano l'+M rolo*! um lequo aberto mostrava o 6or-mmriso ^-ateieottpado de duas Japon<? tm Wlkxwpo quarto, cobortrt > zltas. No melo do"crochet" 1 I fciiv-»> mau de de poeira e dum as, r exibia ir" baixa mosa *f ^A uma .1. íüBe es gosto, horrível dente de oleíento. scândíi «. Ora vamos saber — arengou "pronorninii a criatura — a menina está e faz-me etras aqui, ta? E' entrar paro "om aç&o" loca. I tudo tenho Jft favor. o 'poetas um ai... e Isto não duro"sala de operações" Paiwamm á se veril Ero ente um compartimento pamoços i •tiio.s â queno, mal arejado, onde ae adtvinhava uma velha mesa cirúrgica, vros, qi escondida sob um lençol de um r mais branco duvidoso. Num balde de aeriiim esmalte, bolavam algodões usados. «cnlant José Afonso estremeceu e desviou poesia i o olhar, ao ver no chão uma man-^y. so cl< cha &6ca, cor de ferrugem. «* cio ] Vou paro o Janela e delxi?" ampos correr! seus liv Afastou a cortina e olhou a rua sentia Vagamente, deserta. rossel" 4uase dentro do si como uma náusea, o respecti vi; desejo selvagem de esmurrar a — Iugí draça e fugir. Tudo aquilo $fitores sórdido, repugnante. 0, oi Um primeiro gemido fê-lo roldo exa lábios nos terrar os dentes tica. gues. E foi então que velo a rairam da mulher: otivo "Cale a boca! Aqui não se ua linl grita!"... Tapou os ouvidos com riginali as ú'r** m6os, mos a rapariga grly nn cer tou mais forte. Sentiu que as pernas lhe fraquejavam, teve que o que encostar-se ao peltoril da Janela. ão do E perdeu o olhar na rua, numa ária a inconsciente procura de socorro... os da cabeça de Um garotlnho gordo, emuré anelada, bem firme nas pernas rooldo à na sadns e curtas, estava parado Enão, cor frente. em morítra da leitarla enérgica antes mão ti a com quanto que dedo o com mãe, uarda. da a caia puxava c Cam Indicador da outra, muito espetade, apontava qualquer coisa exara aq u livn posta quo o tentava. _ Se calhar, quer um chupa0,s () n chupa! or algi Lembrou-se que também ele, em onsider mae a tostões petlz, apanhava uns ortahté à hora de sair a correr para a esra cn cola, e comprava na mercearia da ¦m eram d uma rua grande sua da esquina uc sòn chupêta de morango. A mãe, da ênio dí janela, fazia-lhe um último aceno cheio de carinho com a sua Gera muito branca. E ele linda mão, "galope", illiet metido nos largava a ncia d calções curtos, a mala presa aa sim, n costas, as botas cardadas de vlteéricles tere Ia branca, orgulho próprio rêmio ror de todos os outros futebolts-Io cc fcas de palmo e meio. — Que êle eta, a era um valentão, dava cada pontarapazi,-^ um era senhor, Sim stre, i péí nho forte, um filho dele havia ao ica dií ser col3a que- se visse... Talvez, tico-pc até tivesse oa seus olhos verdes, ampos. as pestanas grandes que as irmãs lhe envejavam, os punhos vigoro- >•» Public: sos. Era mais do que certo quçj ?vo!un . jogariam, êle e o herdeiro, às ma- >.4 tvra de os seus pequenhuo de domingo, "box" cente caseiro... nos desafios de ias ti outro ,. Arrancou-o ao devaneio o de fundo. . mais gemido, "aquilo" ^ ~ E und: que não acabava! T Wr "andres, Ò miúdo em frente já vinho a hat meí , sair da leitarla/ todo sorrisos. ; Empunhava um rebuçado com» prido embrulhado era papel vistoso. Veio-lhe à memória que a irmãzita _ mais pequena, a Génlnha, lhe pedira um rebuçado assim. Havia de lho levar. O petiz e o mãe desapareceram entre a gente que passava. Agor« rou-se, num último apelo, ao cia-: rão logo apagado dos lindos cara— "Em menino eu cóls loiros. Ura filho meu.»' loira! era também | seria... também..." -— Pare com isôo! Pare e Jâl -ri gritou. • * Segurou a mulher atônita, pu* xando-lhe com violência pelo braço. Expeotador de si mesmo, como se se visse mover num pesadelo, acercou-se da mesa, ajudou com mãos trementes a erguer-se e a eompor-se a criatura pálida que o fitava sem ainda compreender. E fôl a sua voz, uma pobre voa • . destroçada de emoção que êle ouviu balbuclar: — Vamos embora! Caso contigo. éf 9^\ I 1 I I y Só multo mais tarde, nessa notte, José Afonso compreendeu que estragara toda a sua vida| l» casar com uma mulher que nunca amara, dar o seu nome a alguém indigno de o usar. com um sorriso Recordou-se, triste, da sua divisa: "ser cruel, audacioso e vestir bem"... Men- .,; ¦ti'i' talmente, rasgou o Manual. Ben*zeu-se, no gesto simples que » zaãe lhe ensinara quando em me'ilno, enfiado na comprida caml^ : to bronca, de dormir, ojoelhavffj| lunto » camlfe de grades. E vi- \ rando a cabeça na almofada, chorou as primeiras lágrimas dos seu» vinte e um anos. .,* «^ José'Afonso — nem êle mesmo o sabia — além do "Manual do Perfeito Conquistador sem Mestre, em 30 Uções", tinha também uma ... Alaiac. I I Ia*. '» -% Domingo, 8-2-1953 LETRAS I f K t. <<9 TUAXMENTB podemcwi distinguir duas categorias de poetas: os que iiof.MMiii uma página literária ftasua disposição para o elosto mútuo, um critico par» a apulo^ia de seus livros, o um Um\%Wpo (le comentaristas m para os elogios fáceis. íás, no momento assistimos a r..,v espetáculo, com um certo tscândalo, ao contemplarmos lominicalmente a página do etras e artes de um jornal carloca. E a outra categoria de fpoetas é onde esse fenômeno se verifica ao contrário, isto é, moços de talento, apenas arre«lios à vida literária, com 11vros, que fosse menos parcial e mais honesta a nossa crítica, seriam eles considerados representantes primeiros de nossa ocsia de vanguarda. Esse é o iso de Augusto de Campos, solo Pignalari e Haroldo de em _'ampos. Os dois últimos, seus livros de estréia, "O Carrossel" e "Auto do Fossesso", respectivamente, conseguiram m lugar de destaque entre os tutores aparecidos por volta de ~"0, obtendo, principalmente roldo, louvores unânimes da itica. Sobre Décio Pignatari rairam algumas criticas, mais nolivo de incompreensão de >ua linha estética (onde há a iriginalidade da expressão e iim certo prcciosismo formal) Io que propriamente de negaão do seu talento. Mas, basária a honestidade dos "doíos da literatura" para que iempre elevassem Décio e Ha¦oido à sua verdadeira situasão, como máximos represenantes de nossa poesia de vanuarda. Já o caso de Augusto le Campos é mais melancólico tara aqueles que conhecem o eu livro de estréia "O rei metos o reino", de 1951. Senr> fabr algum essa obra pode ser onsiderada como a mais imfòrtahte para a nossa literaura entre aquelas que apareleram de 10 anos para cá. Creio lue somente um Péricles Euda Silva Ramos, «m Jofênio '; (Geraldo Vieira, um Sérgio I M BIliet perceberam a imporncia desse livro; mas, mesmo sim, não se perdoa ao próprio ; 'éricles de, no julgamento do Prêmio Fábio Prado" de 1951, "-Io concedido a um outro ¦eta, aliás poetisa, não menos jstre, mas um tanto acadê«ca diante das realizações es#tico-poéticas de Augusto d« Tampos. Publicam agora os três Kl j^volume, "Noigandres" em um (pafrra de sentido Ignorado, per"ucciite ao vocabulário dos etas trovadorescos), título tiAo de um verso de Ezra Jund: "noigandres, the noilandres, now what DEFFIL can — poeta esse que, pat mean!" ii E ARTES Página O SOL POR NATURAL PIMENTÉL ÇYRÕ •*»m Eliot, exerce forte InNuéncia sobre o* três. É um livro difícil para o comenlansta e para os críticos, porque são tantos os elementos de rctorciraento léxico-sem&ntico, que precisaria um cstudo à parto antes de se mentar propriamente a sua coesfiencia lírica. Não sei quais os motivos que levaram os poetas da geração de 48, ou novíssima, a produzir uma poesia pessimista, cétloa. desesperada, angustiosa, sem a graça de Deus, paga. Alguns ge refugiaram em si mesmos, outros no amor, outros em sonhos, outros no inefável, outros cidades estranhas, outros em na morte espiritual e outros no lento suicídio interior. Não sei ate onde o meio e atmosfera dos nossos dias de após-guerra teriam influenciado para que essa geração nos transmitisse essa mensagem que revela um sofrimento ; já quase incompreensível — geração essa que há tão pouco saida da adolescência já entra no juventude com sorrisos sombrios *e os olhos negros de esperança. A maturidade espiritua), a consciência do seu destino e um misticismo mais pagão do que cristão envolvem também os jovens da geração mais nova. Aliás, pode-se fazer uma distinção entre os outros, os menos jovens da geração de 45 — da idade de trintaquarenta anos — e os da geração de 48 — os de vinte e trinanos, os novos e os novíssimos. Gabam-se os do grupo de 45 que a sua característica prín- Campos. Ela, desde "O rei menos o reino", sempre foi seca, áspera, com a grandeza dos temperamentos solitários, sai«ástica, quase sem amor por ei mesmo ou pelas criaturas. Ma» agora com este "O sol por natura!" Augusto debruça-se sóbre a presença de Solangc Sohl, mito eterno de mulher. E a sua ternura por essa criatura aparecendo com um canto belo, de sereia, desapareceu diante dos homens como surpreendentemente surgiu, como uma estreIa cadente, cintilante em seu curto destino: ripai é o apuro formal de seus Certamente esse aspoemas. pecto EXTERIOR do poema revela a ausência, ou quase auscnela do elemento INTERIOR. E pela leitura dos principais representantes da geração de 45 existe esse deserto Interior onde resido a sua vida. E é ao contrário o que acontece com os poetas de 48. Há mais vivência interior, e principalmente isso. E a parte formal constitui não o cerne de seus poemas, mas uma seqüência subsidiária, um fenômeno intuitivo na elaboração dos versos. Assim, a geraÇão de 45 não tem problemas de angústia íntima, é uma geração feliz, e por isso essa paixao pela FORMA constitui uma auto-acusação, isto é, fotografa o deserto interior de seus poetas. Augusto de Campos está incluido entre aqueles para quem a vida é uma procissão de miséria e de solidão. Morto em vida apenas o espetáculo melancólico dos homens presos em sua religião, ou a farsa daqueIes_ que procuram somente a vaidade da presença do ridículo da condição humana, fazem-no mais triste em seu abandono: "A Deus, o grande ateu, Não descubro e nem visto. Adeus c apenas isto Dçixo-lhe: o que me dey. — nocr, noer o tino TJmbclical qut vem da palavra lida h lenda. O tema daqueles que íh. .*•vem do» suplementos literários deu motivo a Augusto para uma quadra sarcástica: Nisso não cogitastes, Heróis de suplemento: Vossas letras e artes Apodrecem no Tempo. Solange existe? Ê [uma só? Ou é um grupo de vidros com[binados? Uma lenda Medieval que vestes de neurose? [Por certo Esta armadura não te queda [mal, O meu Beltenebroso sem corcel. Forçoso é acrescentares uma [rosa á mão. E mais, desenterrares o antigo [arrabll. A vós, tempus tacendi. Deixo aquilo que tende: Deixo-vos as luvas Da Vaidade. DeixoVos as sanguessuga; Gordas do sucesso. Esses versos indicam a atitude de um grupo, fc um documento de protesto à política literária dos nossos dias. onde os verdadeiros autores de talento são sabotados estupidamento pela clã medíocre, ávida do sucesso temporal. A ausência e a solidão cobrem-lhe a vida e a interrogação dramática surge sem resposta: Solange Sohl, leoa sobre-humana Encarcerada em uma jaula de [ouro. Solange Sohl, doutora c si[lencíosa Sob o peso dos cilios. Solange Sohl, fontana sub[nirr.su. Solange Sohl, senhora silan[deira Com o sonho tecido em seu „ [regaço. Solange Sohl, Solange Sohl. [Solange Sohl, Solange Sohl, como prata [soando. Solange Sohl? A tua mesma [sombra. Que roda A velha ronda solar em tornu [do teu corpo. Agora ai te deixo como um cão [de diamente Tornado e mudo. Como um imenso ouvido que se ír alto j. No de uma [abre árvore. Como uma estátua que se des[morona. "Deusohdeus onde estou? Em que lenda? Em que homem Estou, Deus, desusado? Já cansei o meu nome. Os versos da segunda parte do livro: "O sol por natural", agora tirado de um soneto de Sá de Miranda: "Quem tirou nunca o sol por natural?", constituem o ponto alto da linha poética de Augusto de Não deixo Senão este desfecho De ouro ou pranto férreo: O sono duro mister e o Nosso magro destino: CARLOS DRUMOND DE ANDRADE E A POESIA DE CIRCUNSTÂNCIA (Conclusão da 1.» pág.) a arte em que prepondera a "forma exterior". Entregues a um abstracionismo que permitiu a Gôngora criar sobre a realidade uma sôbre-realidade verbal que é o mundo barroco das suas "Soledades" — os escritores barrocos por excelência anulam por completo a circunstâncía determinante da poesia, quedando-se, ineontrolados, com o mundo de palavras de que se servem para suprir o demasiado real, o demasiado humano da circunstância originária. E é assim que o poeta liberto da realidade, em vez de se confinar na linguagem interior necessaria a toda a poesia, se abandona à libertinagem da "forma exterior". Em "Claro Enigma", Carlos Drununond de Andrade está longe ainda de ter morto o circunstancial. E' a circunstância que alimenta as suas melhores poesias, mas o vocabulário, que nas suas obras anteriores era predominantemente concreto, parece volatilizar-se: começa a fazer-se abstrato. Vai Carlos Drununond de Andrade a eaminhó do barroco, nota característica da mais moderna poesia brasileira? Talvez não. Mas o que acontece aos poetas que em nossa língua levam longe de mais o anulamento da circunstância em benefício da abstra- ção, quando neles nao surge, compensadora, a hipertrofia da linguagem, o gigantismo "forma exterior", o delírio da do ornato barroco — é poderem cair no defeito contrário: numa secura, numa magreza, numa falta de humanidade que é, ou como queria Ortega y pode ser, "desumanizaeão". Gasset, Não creio que Carlos Drununond de Andrade, dos mais humanos, senão o mais humano, dentre os modernos poetas do Brasil, possa vir a matar a "cfrcunstância" que deu à sua poesia da fase anterior a "Claro Enigma" a mais alta vibração do seu estro de poeta. Não sei ainda qual será a •ição de Augusto de Campos pona poesia brasileira! Só o futuro poderá dar perspectiva neces«ária. No momento é uma daa personalidades mais autênticas; com o destino do grande poeta, pois os seus dois livros, em que pese o silêncio de certa critica, comprovam as suas reais possibilidades para a conquista de um posto de primeira grandeza «ou nossa poesia contemporâneo. * * * No próximo artigo comentaremos: "Rumo a Nausicaa", de Décio Pignatari, e "Thalassa Thalassa", de Haroldo de Carapos. Vinheta de SANTA ROSA y' A ESGRIMIR PALAVRAS NA TURVA HORA DO IMPOR-SE LÁTEGO DE LUZ, ESPUMA A SONHAR-SE PÁTRIA DE PRAIAS DO ESQUECE*. O CANTO INCENDE PURO CUMPRIR-SE DE MANHAS EM NOITfc SEM MISTÉRIOS, ÚLTIMA POSSE QUE SE DISFARÇA URICAMENTE SOL EM JARDINS ABERTOS — sinuosas panteras que o domar nos custa erguer-me tento a céus de ausência, serena pluma a se extinguir ardendo em mãoí &e amor repletas, que as pauvras vencem O TEMPO E AS COISASRÁPIDA FLECHA A ULTRAPASSAR TETO DE PÁSSAROS. e |: 1 i; i J i ü i ,*i j. j ti n Vi ti i'i T, i, i. 11. R E e R I H AS INQUIETAS PUPILAS ESPREITANDO EMOÇÕES. E CANTÁ-LAS (AS PALAVRAS FELINAS SEM ATENTAR NA SEMPRE MORTE QUE AS ACOMPANHA, t ALTO JÚBILO BEBENDO A SEIVA Di TANTA VIDA, O AGRESSIVO DE TANTO AMOR, H E l R Sohl O & ^!^MW*W«*W^**'- ,'¦»•'' p^1^ ^.. - -- «:« ¦ : i *(]W'**W11 .v,,--. 'LETRAS Página — 10 — Via Scandtnávlan Airlines — "BottePAUIS ghc Oscure" é urmi revlata lltetarla que aparece semcfllralraente era Homn. cm quatro língua»: francês, IUliam». Inglês e americano. Está ela em vias de ocupar o primeiro lugar no domínio dat revistas. Uma grande parle ü( suas página» é consagrada às* novelas. Ao lado disso se encontram numerosos poemas. O conjunto tem um ar de roupa lavada e suspensa «na janela; emparelham-se aí os mais inacrcdUúvois contrastes, os mais as temperamentos. diversos dispares; mais preocupações mas o conjunto dá uma boa idéia da literatura européia do momento. "Casa d^ltri", de Sílvio d* Arzio, é a história de um padre perdido nas brumas da montanha durante seis metscs do ano; a monotonia de sua existência quotidiana é contada pelo autor com um senso da tragédia inegável. O padre torna-se obsecado por uma velha da aldeia que'não possui outra coisa no mundo senão uma cabra. Ela parece querer pedlr-lhc alguma coisa, mas depois dc uma tentativa abordada, renuncia. Dias ele insiste, interroga-a c obtém afinfal a confissão: a velha queria libertar-sc da viria com o consentimento da igreja. '•"La formica argentina", de ítalo Calvino é uma novela impregnada pela atmosfera de Kafka: a história simples de um jovem par que vai habitar uma casa infectada de inselos, tornando-se dura e lenta a sua adaptação nesse amMente. Há muito simbolismo messa história, mas não bastante para empanar-lhc o frescor c a verossimilhança. O desespero dos heróis diante dos detalhes de natureza, grotesea produzem i\m efeito comico aprceiáycl. Ao lado disso, novelas dc André Dhotel c de Giorgio Bassíani, cheios de humanidade, de senso do individual, de conheci mento do ser humano. A poesia é mais fraca. Pondo de parte os versos de René Char aí encontramos mais —„,—,..¦. iíiiIiiiiii'-** ideo, como o "Hanilct" íurrauit acrweentii que gou» e cada ver. menos do gênero O MOVIMENTO LITER ARIO NA EUROPA UMA REVISTA - |OSÉ RECIO EM PARIS RAULT E CIONO ITALIANA louis de Jacob, rei. feliz, que abanversos veraforismos dona a rainha para consagrarv dadeiros. se a conquistas territoriais o XXX depois abandona também estas Notemos o aparecimento de de Deus. para cuidar da almao eanjo uma nova revista de poesia c Jaentre diálogos "Exils", em que se encontram Os cob são belos, solenes, masa os nomes de Cingrla, St. John muito teatrais. Na verdade Perse, Michaux, Frenand, Arda Mas peça sofre terrivelmente Leisch. Mac chibald o dramática; ação de ausência novos, naquanto aos poetas mec discute "front". se mais nela que da de novo no tafísica c, aliás, os personagens muito são psicologicamente UMA PECA DE JOSÉ EEGIO, tudo, dc antes frágeis. São, EM PARIS sangue. e carne símbolos sem Fala-se muito nos jornais paTem-se mais a impressão de ReJosé de da risienses "Jacob etpeça um ensaio dialogado do que de 1'Ange" que esgio uma peça de teatro. E o mais tá sendo representada no Teagrave de tudo é que os atores tro Studio Champs Elysées". são maus. Acontece com José Considerado uma das figuras Rcgio o que aconteceu .com mais marcantes das letras porGuilherme Figueiredo: todos tuguesas atualmente, Rcgio vios dois trouxeram para Paris cidade de ve numa pequena peças interessantes, comporcostumes austeros: Portalegre. tando defeitos e qualidades, Sua obra vasta e profunda mas interpretadas tão mal que da poetraz para os domínios chegaram a sia, do romance e do ensaio " os críticosse o não fracasso proveio concluir inspiração exuma rique«a de"Jacob maneira da pela ou Au1 das et pecas traordinária. Pacm apresentaram as qual ge" foi interditada pelade cenuni fizeram ris. Regio e Jeener três sura de Lisboa ao cabo adaptações. de trabalho belo representações, E' a história A - JEAN-UOUIS BAR para mas não encontro nada CharJacques dc dizer a favor sao pin c Françoist Adam que mecapa/cs de estragar peças lhores ainda. JEAN-LOUIS BARRAULT Dfc VOLTA DA AMÉRICA Jan-Louls Barrault e sua companhia acabam de regressar dos Estados Unidos, onde fizeram uma temporada triunfal. Devia ele dirigir-se agora ao Egito, mas o contrato foi denunciado no Cairo por motivos políticos. Pude encontrar Barrault com outros jornalistas, respondendo ele a todos um questionário comum cm inque explica seus projetos e uma tencões. Primeiramente, temporada na Alemanha. De-a Paris pois deverá montar em Williams Tenqssec dc peça "Summer and smoke". Sobre a fórmula do teatro circular que está tendo nos Estados Unidos sucesso, Barrault um grande no que apreciável ela diz ser às peças de sensação se refere J'G0ds little acre", de como o seria posnão Caldweli. Mas drama psicolosívél para um MENTIRA SECRETA lo -menos um simples extra em Hollywood ou um gerente de Anderson fábrica. Sherwood de inutilidade a compreendeu tudo isro. A seu modo, quase num sussurro, .revoltou-se, sem fazer- muito ruído, talvea com receio de que a sua voz fosse confundida com os gritos demagócicos de quaisquer, políticos republicanos ou democratas em vilegiatura eleitoral. Andetson odiou o padronizado, a máqui- ' na, o indur-trlalismo, certo de auque essa nova mentalidade tomática iria subverter os mais caros valores humanos e culturais de sua pátria. E, diante dessa realidade que gerava uma foi melancólica inquietação dehomem verdadeiramente, o Jolas: Eugéne finido por "Sherwood Atiderson est le poèt. dc Tinquiéfcude aniericaine _ un visionnaire tfuie eroil au rêve'V grande ator íratteeMfvera sllar o Brasil em 1964. .^r. O ÚLTIMO Í.IVKO »E ^j JB/wr.ioNO /wno i novo um dc oublicaçáo A ^, sefc£ mancéde Jeau Giono foi SúX um dos acmiteeimen^ O ultimo literários de janeiro. "Le dc Moulüi livro dc (üono o sobre Puegne" laz refletir o os po- i sentido da crueldade «hderes do romance. Coste, aiter. pelas rói, caracteriza-se violento que |» „ Uvas de humor u bondade da o iaz passar de Cos- t crueldade. A dinastia Madanie e le, com Joseph Ilorlense, tem qualquer cois.) um stendhaliano e segue des^ de destino alucinante. Giono eMj^/;• creve as lutas internas des ^ , ternas dc quatro gerações impiecasa família, com uma que * de sangrenta; Os crimes »^ij^ fariam ~íF aí são cometidos "Ubu-Itoi % novo sar num Giono pretendesse Jarry. se zer rir. Mas longe delete intenção. Retomando a o*™ ca goiana. Giono faz que mv do drama um autor mese!e ser bem pode rauíto considera a mo Giono não objetividade como unia virtii dc do romancista. Quer eu;e transpor os acontecimentos os sentimentos, sem 1K«M£ Em w a nrcseiica da vida. as persmouliu de Pologne" ao» fogem não fíociais pectivas se mie drama nossos olhos: o hetoís^desdos trava em torno se liwo enrjfàüece o donnmo da mostra-se imaginação Giono um orimitivo, um instintivo, monstruoso ao mesmo tempo Para terque srande escritor. Unhas em breves núnar pstas <* ,1 torto* sob Hvro torno desse aspccifts poderoso, o melhor algonias frases c-ssenserá citar "O essência! não e vj- »j ciais: ver, mas encontrar uma razão nma j.;| para viver... Comer não é viver, raxSo sufieienlc na»:a || nois mie a fome nodemos sa- | tisfaaê-la. E' pr<wso encontrar || uma razão n,ue não se satisfaça ;|| e que se renove Eis o segredo disso que os esoíritot min-!*to indulíreníes chamam de no!|^. # h crueldaflív m í PAULO CÉSAR, POETA HEREDITÁRIO as fio reúne que por um único sem, rosário, todas como num faltar a cruz que a completa: o pavor da morte, de que êle, porfiadamente, intenta desfazer-se em versos. Paulo César, que eu conheço, é um homem complitado, que se condensa e simpíifica cm "Senhora do Mar". O seu coração inteirinho se contem nos dezessete poemas do livro. E todo o honor à morte se evola de cada verso. Paulo César da Silva ainda Sofreu não se achou, porém. sempre, influências, perniciosas que o detiveram na busca de si próprio. Ou por outra, achou só urna parte de si, felizmente a* maior. A outra eoniinua dormindo no fundo do mar..„ St* (Conclusão da 4.a pág.) réstea de sol escondida sob a descrença do poeta... E* que, o misàs vezes, quase desvenda "Mariaem tério da vida, como Lúcia, minha filha", o. climax de "Senhora do Mar". Ali como que se dissimula o reconhecimento de que á consciência é apenas o substratum do medo. E aponta o horror que a Humanidade tem ao Real em Os mortos aguardarão ansiosos [as tuas tentativas das coisas deiinterpretação de [xadas herméticas. Mas a grande angústia verdadeira, subdividida em varias anmantém gústias distintas, se ANIQÜILAMENTO O «"Boletim de Informações", OS HOMZONTES CAÍDOS mimeograedição em CORTARAM O PASSO publicado da S DO HOMEM. íada pelo Setor Cultural Embaixada do Brasil em Buenos Aires,., divulga extenso noSEU CAMINHO ticiário sobre os festejos come(RASTRO INTERROMPIDO) morativos do IV Centenário de ESBARROU-SE São Fundação da Cidade de NA NEGATIVA SILENCIOSA Paulo, incluindo o regulamento DAS COISAS MUDAS. da'll Bienal do Museu de Arte Moderna e os respectivos prêNÃO ENCONTROU mios. Além de outras noticias " O ALÉM sobre assuntos culturais brasi-. PERDIDO leiros, publica o Boletim, que EM SI PRÓPRIO, obedece à direção do cônsul Paránhos do Rio Branco, um. conto de Xnvter Marques "n Vila do Homem". F*S ..«t»r ** <g°g 1 ¦ I \\*Jj wizMrry.iiR do que (Conclusão da G.a pág.) 'ida, como jornaleiro, trabalhador rural, operário fabril, solum dado ou jornalista. Foi capazes homens-antena, desses angústia de captar a secreta de um povo que não possuía . meios para apreender o significado das coisas e estava prestes a entregar-se, como ocor*«u posteriormente, à fúria da áquina, a sua filosofia vazia, infantil e otimista da vida, ao ÉRICO VERÍSSIMO E O "líve and let live'\ a uma literatura sedativo que proporBECO'1 DS RENARD Q. cionasse a fuga e desse a sen-a PEREZ sacão de que tudo ia bem e vida era ótima. Assistiu à priO romancista Êrico Verissi"O meira guerra mundial, à revomo- pronunciando-se sobre lução russa com a sua poderoBeco", escreveu ao seu jovem sa influência sobre 03 desttautor, o contista Renard Q. Penos políticos e sociais de outros rez: "Se eu fosse um crítico, estapovos, ao desenvolvimento asdo capitalismo que complias mais sustador ria a procurar ãizer razões goscuãas que para tomava forams desumanas, ao tei ãe sen "O Beco". Ê uma avanço do imperialismo de sua história, tem gente ãentro e sú pátria e compreendeu, amarga-o me interessei pela sorte dessa mente, que se desmoronava gente. Pode um autor ãesejar seu sonho americano. Não era mais ão leitor? O que o romanum sonho de fuga, mas a crencista tem a fazer- antes ãe mais ça numa vida que se n&o.gasnaãa, ê contar uma história tasse superfluamente, em íunHoje em dia existe entre os do cão das especulações na bolsa, seu e ão meu oficio a vergonha elétrico do excessivo conforto "skyscraãe contar uma história. Muito mandado da imponência dos obrigadoi ''O Beco".porS me ter pelo liaa parabéns pers", da rotina burocrática, até vroi padronização, das formulas para fazer amigos e amar, da Êrico Veríssimo". sede de lucro, da esperança de sempre Inútil de vir & ser pe- "BOLETIM DE IHFORMÃÍÕES" H. 3, DA Domingo, 8-2-1953 E ARTES A LUTA DO BEM E DO MAL ARRASTOU-O PARA OS OCASOS PARADOS E NUVENS IMPRECISAS ESMAGARAM-NO CONTRA AS ROCHAS OS HORIZONTES CAÍDOS CORTARAM O PASSO , DO HOMEM. RUBENS PERYÁ ... (Conclusão da 3.a página) ,| ta do país. Esses retratações t nunc^ Silvio não eram raras; motivos porém determinadas por subalternos e quase sempre por influencias emotivas. O ataque conto primitivo a tuis Delfino também a Ktechado dç quem na mesma ocasião Silvio disse horrores (retificados em parte, móis tarde, embora continuasse severo na crítica) proveio da hostilidade encontrada . pelo escritor sergipono, recém-chegado ao Rio, no qrupo da "Semana", liderado por Valentim Magalhães <Silvio víngou-se desancando injustamente, com uma virulência incrível, as endeusadas por figuras mais "capelinha". aquela • Assinalarei ainda « pagina "A última sesão do Velho Senado" que nos revela mais uma vez, « de maneira eloqüente, o quanto se os homens 6<t monarquia realidade ò mantiveram alheios Nesse novembro. do 15 de absurdo se manti* alheamento e toda a Ia Imperador a veram mifia imperial, com exceção do Conde d'Eu, o único a encarou « desde o primeira momento, gravidade da situação, propondo medidas, que se fossem tomados o tempo, ioUez desviassem, ü»;r curso dos acontecimentos. E fico por aqui no come^ desse livro substoncioso, oufro» serio, que se não tivesse"deixa:; méritos, valeria paio? que oferece 90S estudiosos do bo<» vontade: ¦* ¦/-; 3a M w.WTJ- íA m t • . I omíngo, RÉF '! / LETRAS 8-2-1953 Sérgio Milllot, cuja atividade llterftrla vem tsendo realmento notável, acaba de publicar mula uw livro. In-' titula-to "Fanorama da moderna poe* ela brasileira" e íol editado pelo Serviço do Documentação do Ministério •ja Educação. £ um ensaio histórico da nossa poesia desdo a Semana de Arto Moderna aos dias atuais. Um trabalho inteligente, feito cofan ciaresa, mótodo e espirito de síntese. Tfio precioso pelo interesse critico que ipreaenta quanto pelo valor lníorinativo. Nos novos, na geração de 45, detem-se particularSérgio Milliet mente. A Editora da Casa do Estudante do Brasil publicou, "O janeiro próximo passado, os seguintes livros: paromance de Mario Sette, em segunda |qulm dourado', "Como. os trustes exploram o Brasil", de A. f&o, e rigues Monteiro. Comemorou-se no dia 28 de Janeiro último ocenteíárlo de José Marti, o herói e precursor da independênIa de Cuba. Marti íói também uma das figuras mate potáveis da literatura hispano-americana, autor de panjletos de extraordinário vigor e poesias patrióticas altanente inspiradas, nas quais lamentava a eorte de sua átria sob o Jugo espanhol e incitava, ao mesmo tempo, s cubanos à guerra santa pela independência. !i sobrevivente dos irmãos Será o artista um enfermo? A "Folha da Manhã", de Sâo Paulo, esta realizando, jitre psiquiatras, pintores, escritores, médicos, juristas, betas, escultores, etc, uma "enquete" em torno da tese ofendida pelo escritor Dçivid Antunes, em seu ensaio, Foco Trágica da Arte", a ser lançado este mês pela iitora "Letras da Província", a tese em apreço sustenta lie o artista é um enfermo que encontra na arte uma Ilvúla de equilíbrio para a sua predisposição para a fucura, o suicídio ou o crime. Romance sobre a fundação de São Paulo 8 ¦-"".* A escritora Dinali Silveira de Queiroz, a consagrada ulora de "Margarida La Rocque" e "Floradas na Serestá trabalhando no momento em um novo romande fundo histórico, sobre a fundação dá capital paua, com o qual pretende concorrer a um dos% prêmios IV Centenário de São Paulo. nce de Ruy Santos A Livraria José Olympio Editora lançou, recentemen-• fflfie; o romance "Água. Barrenta", que assinala a estréia li-, *l ifrária do deputado baiano Ruy Santos. Romance bèmtüri? v *^Udo e melhor escrito, "Água Barrenta", que mereceu lúIo e penetrante artigo do deputado Ernani Sátyro, pupiado em nosso número pasfiado, revela um íiecionismo le já se apresenta dominando os elementos dá arte romãisca. ti «aca~ • os três últimos números Recebemos "Acaiaca" — e 41,agradecemos 42 e 43 — correspondentes aos meáes agosto, setembro e outubro dq ano próximo passado. saiaca", revista de cultura de Belo Horizonte, obedece fireção do escritor e poeta Celso Brant. Uma carta de Maupassant 'ÁWM' 3? | conhecido romancista americano >onn Steinbeck possui uma carta inéiita de Guy de Maupassant, na qua$ se pode ler o vguinte trecho: "Se a mulher e a tinta são as duas únicas coisas que importam para o escritor, são também aquelas que êle mais.de<?q procurar separar uma da outra". Steinbéclc, pouca gente o saberá,; é .un apaixonado colecionador de auto^rafos, e quando vai a Paris, passa grande, parte do tempo percorrendo 3s alfarrabistas da "rive gacho" em ouse. de raridades. UMA ESTRÉIA De São Paulo nos chega o |olume de versos "Rosas" Verlelhas", que assinala a estréia livro da poetisa Gida RinalGirastelli. O volume, que )nalguns poemas de boa íatum jui e alta inspiração, traz nota apresentação do sr, Antônio aares Amora, seu professor curso universitário qualíer. Quem, sendo tão jovem, aliza versos como os reunidos stó livro, não necessita de ne9$*fta "generosa" apresenta- "Isabel, íL£;iaDÇas úos cursos Psé-pri- íA il ¦_ ¦¦ V- * .*5 ' ¦ .'¦'_"¦>' V** Alceu Amoroso Lima, doutor "honoris causa Alceu Amoroso Lima (Tristão de Atnide), que há cerca de dois anos .<o encontra nes Batadea unidos servindo como diretor do Dcpartameiito Cultural da Organização doj Estados Americanos, devera regressar ao Brasil, cm abril próximo. Antes, porom, segundo s_ anuncia, reccb.r.t ü,í 0 titulo de doutor "honoris causa", p-las Universidades Rutgers c do San Francisco da Califórnia. Nn Rutgers L-ssa honra lhe será atrDulda no mosmo dia em que devem ser contempiados com o referido título Pôster Dulles o Padllha NOOVO, do México a de bom gosto" Sob o título "Isabel, a do bom gesto", o proí. José Carlos Lisboa acaba de publicar nos Cadernos de Cultura (Serviço de Documentação do Ministério da Ecucação) um interessante ensaio sobre a rainha Isabel, foi sem dúvida uma dae maiores figuras da história que da Espanha. José Carlos Lisboa, professor de literatura eapanhola em duas faculdades de filosofia, a do Rio e a de Belo Horizonte, é elo próprio um escritor de bom Bosto, quo sabe unir a erudição ao cunho literário. Já anteriormente nos havia dado ele, na mesma coleção, um trabalho sobre o teatro de Cervantes. O ensaio ora publicado, dada a maneira originai por que ó focalizado o tema, deverá despertar o maior interesse. Completas de João Novo livro de Êlcio Xavier Deverá aparecer durante todo o corrente mês em edição de "Revista Branca", novo livro de versos' de Elcio Xavier, intitulado "Rosaquarium". o poeta, quo ostreou em nossas letras com "O Véu daJovem Manhã", volume de poemas da melhor fatura poética e da mais alta inspiração compôs e imprimiu, êlo próprio, os trabalhos de i;*!U novo livro. Ribeiro Fábio Lucas no Rio A A cademia Brasileira de Letras está publicando as Obras Completas de João Ribeiro, organizadas pelo académico Muclo Leão. Segundo estamoB informados, a produçáo do grande João Ribeiro, nos mais diversos generos literários, reunida carinhosamente por Mucio Leão está dividida em cerca de sessenta volumes. Esteve nésía capital, em dias da semana passada o «scritor Fábio Lucas, colaborador dêste suplemento e um dos valores mais expressivos da nova gerarão de lntolcrtuals mineiros. Boletim Bibliográfico da Biblioteca Municipal - / Entrevista com Henry Miller .> A Biblioteca Municipal inaugurou, a 5 dò corrente mês un programa de informações de caráter cultural e blbltográfico, a ser irradiado às quintas-feiras, às 20,45 na Radio Roquette Pinto, o programa Inaugurai constou de: apresentação, pelo professor Roquette Pinto, escolhido paia sou patrono; divulgaçfto de informações bibliográficas; leitura de uma página inédita, pelo acadêmico Olc(;árlo Marlano. A Biblioteca Municipal solicita a colaboração u-í intelectuais, poetas e prosic!crs, qi.s d :i';jam contribui? para "A Página da Semana", que consistira da leitura de uma poesia, ou de üm trecho em prosa, preférenteiherite pelo próprio autor. Henry Miller, IncontestáVelmente, um dos escritores norte-americanos de nosso tempo, cujagrandes obra tem exercido muita influencia sobre as novas gerações européias, vem de conceder importante entrevista a Louie Wiznitzer, correspondente de "LETRAS E ARTES" no Velho Mundo. Dentre os seus livros destacam-se "Printemps Nolr" e "Tropique du Câncer". A entrevista em apreço será publicada no próximo número dêste suplemento. 'Aula de Solidão", de Stefan Baciu Poema de José Escobar Faria Em edição impressa na prensa manual do Artesanato Cristo Operário, vem de ser lançado, integrando os Cademos Mira Celi, o livrinho de poemas "Aula de Solidão", de atitoria do escritor e poeta rumeno, radicado entre nós, Stefan Baciu. O livrinho em apreço, que ostenta capa de Santa Rosa, assinala a estréia, como poeta de língua portuguesa, de Stefan Baciu. É pode-se dizer que constituiu uma boa estréia. "Letras Está circulando o oitavo numero de "Letras Flumlnenses", bem feito mensário de cultura e arte que se edita em Niterói, sob a direção de Luiz Magalhães. Como matéria de atração dêste número assinalamos o lançamento de um concurso de contos patrocinado pela Prefeitura da capital fluminense e pelo SEN AC regional, com prêmios de três mil, dois mil e mil cruzeiros. Colafooram no número em apreço, entre outros. Geir Campos, Aurélio Zaluar, Renato de Lacerda, Luiz Palmler. Volume de versos de Craveiro Leite As Edições Região, de Pernambuco, dirigidas pelo contista Mauritonio Mc ira e pelo poeta Edmir Régis, vão lançar, nos próximos meseB, o livro de estréia do poeta CraVeiro Leite,,"O Relógio". Uma O.poeta paulista Joaé Escobar Parla vai publicar novo poema, sob o título de "II Canção de Exílio!*, O poema ' ím apreço foi divulgado era primeira mão por "LETRAS E ARTES". Geografia antologia da poesia brasileira na Espanha Livro premiado ? Foi publicado-o volume de contos "O Pecado dos Outros", de autoria de Enoi Renée Navarro Swain, premiado pelo Centro de Letras do Paraná. A coletânea reúne quatorae contos. Novela de Carlos David Carlos David, jovem escritor que tem aparecido; corri certa freqüência, em nossos suplementos literários, asslnando artigos e ensaies literários, vai estrear próximamente em livro com uma novela, a que deu o titulo úz "Minuano", cujo enredo se desenvolve no Rio Ormiúp do Buli Para os ginasianos editada Apareceu na Espanha, através de "Edlcioncs Cultura Hispânica", de Madrid, uma Antologia "seguintes da poesia brasileira poetas: Gonçalves que reúne, entre outros,- os Dias, João Cabral de Melo Neto, Alvares de Azevedo, Henliqueta Lisboa, Francisco Otaviano, Ledo Ivo, Machado de 'de Morais, Assis, Pedro Nava, Fagundes Varela, Vinícius Junqueira Freire, Mario Quintana, Rosalina Coelho Lisboa, Casimiro de Abreu, Raul Bopp, Alberto de Oliveira, Augusto Frederico Schmidt, Olavo Bilac, Murilo Mendes, Raimundo Correia, Cruz e Souza, Cassiano Ricardo, Alphonsus de Guimaraens, Carlos Drummond de Andrade, Augusto dos Anjos, Emilio Moura, Raul de Leonl, Adaigisa Nery, Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Julieto Bárbara, Joaquim Cardozo, Odorico Tavares, Guilherme de Almeida, Cecília Meireles, Pedro Dantas. Jorge de Lima, Matheos de Lima, Ribeiro Couto, Castro Alves, Tasso da Silveira, Ronald de Carvalho, Dante Milano,. Augusto Meyer, etc. O organizador da referida antologia foi o d:plomata brasileiro Sr. Renato de Mendonça. Mais um livro didático, elaborado com multa ciareza, vem de ser lançado pelas Edições Melhoramentos: "O latim nos ginásios", do autoria de João Camilo do Almeidr. Machado de Assis nos Estados O jornal "The Crisiii'' de Nova lorque, publicou ,há pouco, sob o titulo Grcat Negro Author KeciiKcovercd", im importante artigo do escritor Wiliam Grossmann sobre Machado do \ssis. Grossmann foi quem traduziu jara o inglês as "Memórias póstuma» .ie Braz Cubas", obra oue refletiu ialluências inglesas, não poderá de -ser particularmente apreciada pelo púbhco anglo-saxão. Mas o que se con clui de tudo isso é que, aos poucos, Machado de Assis vai tendo a repercussão universal que merece. iliiiii ANDRÉ LKOTE E O BRASIL £ André Lhote começou & trabalhar numa série de quadros, todos eles sobre croquis feitos no Brasil. Será uma vasta documentação sobre a paisagem e os costumes do nosso país, que o pintor nelas apresentará. 6 As edições Kropf, de Nova Iorque, vão publicar "Et nunc manet inte", de André Gide —obra póstima que causou tanto rumor quando apareceu — com o título de Madeleine". A Correspondência de Gide-Claudel também será lançada por estes dias, nos Estados Unidos. MORREU ABEL Geral Destinada à primeira série ginaslal, acaba de ap;,recer, através das Edições Melhoramentos. "Gco;vrafIa G'> ral", de autoria de Moisés Glcovate. O volume traz numerosas ilustrações. Fluminenses" n.° S CEDE NOS ESTADOS UNIDOS luito útil o livrinho "Meu >kj cj>m ilustrações coloridas, lioiicado Edições Melho,%nentos. pelas Destina-se o mesmo aprendizado do alfabeto pe- -• Na Califórnia, com 74 anos de idade, faleceu "scrttor Walter B. Pitklng quo so tornou conhecido0 por um Uvro popularlsulmo "A vido oomeça nos Obra que se acha traduzido em vária» línguas, quarenta" inclusive «*n portuguôs. Pltking era educador e o seu famoso livro n&o tinha outro sentido sonflo o de ser Um instrumento do educação popular. Tharand Há cerca de alguns meses faleceu o escritor Jean Ihàrand, que fazia da dupla Jeipme et Jean Tharand, Bis irmãos que, a exemplo dos Goncourst sempre íizeLm suas obras de colaboraç&o. Agora, 6 Jeróme .quem fcaba de falecer com 76 anos de idade. » Morreu o autor de "A vida começa aos quarenta" • "Obras O centenário de José Marti o Página — PANORAMA LLTERARIÍ adições da Casa do Estudante Correu ARTES ¦ "P^ama da moderna poesia brasileira" 4ILi'bi E LEFRANC $ Faleceu com maip de noventa anos o escritor Abel Lefranc, grande erudito, que consumiu grande-parte da existência em estudar a obra de Shakespeare, chegando à conclusão de que esta era da autoria de Lord Derby, segundo procurou provar em mais de um volume. UM CURSO SOBRE STENDHAL 0 Henri Martineau, um dos maiores especialistas em Stendhal, realiza atualmente em Bruxelas um curso sobre "Stendhal turista" e a gênese da "Chartreuse de Parme", curso esse que deverá depois aparecer em Urro. if^MN^WVWN^y^^^A^^^^/>A/\AAAA^A^>A/N^^^^^WWV^VWV D. LANA — Conselheiro Lafaiete (E. de Minas Gerais) — Seu poema "Luz e Sombra", já que nos pede uma opinião, não é bom. Todavia, também não é mau, revelando, pelo menos, certa vocação para o gênero. v , GILBERTO CHAVES — Santa Bárbara d'Oeste (E. de Sao Paulo) — O meio mais prático de contar com todos os mimeros do suplemento é tornar uma assinatura dominical de A MANHA. O livro cm apreço sairá dentro de alguns meses, integrando a coleção Os Cademos, de Cultura, editada peIo Serviço de Documentação da Ministério da Educação e Saúde. e/nfes Letras eArti DOMINGO, 8 DE FEVEREIRO DE 1953 •r.* Do ________II_________________________^____________H^ ;**''''¦'¦'¦;'•'¦x-'''>^'^H[^^B^^B__MHBBw^BfloB_HBfe0fty.*JJi-i*i^ 5p__fffl_T'*¦'*¦' '"v^Bf'*''^^i*• .^P.*i*'*''8^^BB ^ ^—^ft^—j^-j^—tt—_!_________—__*•'>* . J| f ~rí_fo:£' >'^:-:.'y::_M Btllfev K:'-^: .':¦¦¦ :t::K_Mi i>.">w-yg ''o:*'. .• :»Ç'-_-i BPRi Wjfflll]« U:: :¦ yXvill-i lilULi- ' -¦•::-:-^_ .¦¦j:£í_i _Px^ : _ o" ¦ i-i B - ¦¦. _ ¦____ -.J •¦^B __L __L^I ¦_* _M___'Á—Mfc __—8— - *• SJB» ¦ ___» B _fe.Lv «_HE ____^___I__P7-'* _________________________ yV¦ B- DiUy • ?/'lifrff/- .' '''t/f/M < . '' ¦¦/!//»///>/• í •* W ro a Ck drcs ¦** : :£ -: M EmÁ_£' ¦ '¦•': Wm*^^ W. 8:-'; iíp.^i i w^n«^^*——«'*^"*BflHKa_M___ B_____^^^ : ___» ^5*^':,:;-Pvtv^''"'¦¦¦ _¦ muc aten íogia n|, [9 i>rití :¦?..:,¦¦"•: 'V::':'-;;'' Sryfp •. .-.; HV *¦¦¦' • ••:•: -.-: •:¦•.... ••¦:•• X'K«W«.:•:•;.••• ./<<:••:¦:»•:¦;•:•:••:•:•:•:•:••.:• :-;:•••:¦ .¦¦••••:•:¦::•: . r_ f:^..t.M-:.:¦:_•—¦>:_..-:-^.;:f¦>¦.¦¦¦ ¦...¦.¦y.fr-,.: ;¦_¦'¦.aaftafeÉiBteaadSaW '¦ '¦'¦ ¦;, ... ^t^*'.v':vv'+¦:¦¦¦"• ':. ¦ ¦"• ~> Ilustração ... v ..... í a ^ de SANTA ROSA j fé cc M ARIANA I hoso 'Mro li | diâri /•V" tâni< '1 ¦ fc i <;ão ESTÁ CHOVENDO SOBRE O MUNDO, MARIANA TODAS AS PORTAS SE FECHARAM. *' TODAS AS LUZES SE APAGARAM., ¦ "¦»< ' *r;-" ÍÔDAS AS VIDAS SE ABISMARAM. ESTÁ CHOVENDO SOBRE O MUNDO. * • ESTOU SÓ, SEM DESTINO E SEM ABRIGO. r ' | * , S5 I 1 secre ¦& ..VEJO A NOITE DESCER/CADA VEZ MAIS NEGRA SOBRE A MINHA CABEÇA __ gO V—I # ^ < o <C , .•- xar l^ entr< angl I glatt g part caca gene cspé< " _i cia ( _¦ ginai guar vezef «sen vi sepu râ c que do q ¦ mani a nu Cl SINTO A ÁGUA CORRER, CADA VEZ MAIS FRIA, AO LONGO DO MEU CORPO., ' COMO ESTÁ CHOVENDO SOBRE O MUNDO! , o -Kl %* *-« CÜ ONDE ESTÁS? ONDE ESTÁS, MARIANA? e-í o o QUERO TE VER, QUERO TE ACHAR, d s-, ® —< -**l TJ -3 o> CQ •¦ fie . ¦—.< J> • cq < a -1 QUERO TE CONHECER, criaç tant< ana. rém, par atrib j-egis Jj cons« | I •¦.'§ f;i .vi ;^J ünflu de e ftimo entr< ncos exist íla I I | cia i Ness ftime Tia < IHf uma s* l í%iiI uma QUERO QUE ESTEJAS PERTO DE MIM, MARIANA, |J: uma |« anais QUANDO. A LUZ SURGIR DE E O PRIMEIRO SOL NASCER NOVO, QUANDO AMANHECER, #^ , timo R^ J^cerdi SOBRE O DILÚVIO. J O A Q U I t: A R D w li T^T afasf E Pau!. #iJfâiFissá< i É "¦ cia í ' I «li&rj Na Uh •*__