UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ UNOCHAPECÓ -PROPRIEDADES QUÍMICAS DO SOLO - Profa. Carolina R. Duarte Maluche Baretta [email protected] Chapecó – SC, Setembro de 2013 Composição geral de um solo 5% 25% 45% 25% ar água minerais M.O. FASE SÓLIDA MINERAL Classes de tamanho de partículas minerais do solo Partícula Matacão Calhau Cascalho Diâmetro (mm) > 200 200 - 20 20 - 2 Areia 2 – 0,05 Silte 0,05 – 0,002 Argila < 0,002 FASE SÓLIDA - Controla em grande parte a composição da solução do solo; - Principal fonte natural dos íons que as plantas precisam; - Mesmo quando adicionado pelo homem, a fase sólida se comporta com um depósito de nutrientes; - Cátions adsorvidos as cargas negativa e ânions as cargas positivas da fase sólida; Cátion adsorvido em sítios de troca Cátions na solução do solo Areia NH4+ 2+ + Ca Argila K + K K+ Mg2+ 2+ Ca M.O H+ 2+ Ca + - H+ K NO 3 - H+ Mg2+ Areia Principais propriedades químicas do solo CTC – capac. de troca de cátions do solo (cargas) pH do solo Poder tampão do solo Propriedades químicas do solo 1. ÁREASUPERFICIAL ESPECÍFICA Propriedades químicas do solo 1. ÁREASUPERFICIAL ESPECÍFICA Propriedades químicas do solo 2. CARGAS ELÉTRICAS De onde vem as cargas elétricas ? Propriedades químicas do solo 2. CARGAS ELÉTRICAS De onde vem as cargas elétricas ? CARGAS ELÉTRICAS DO SOLO IMPORTÂNCIA: 1. Retenção dos elementos químicos 2. Trocas químicas 3. Interações colóide-colóide OCORRÊNCIA: - As cargas ocorrem em muito maior número na MOS e na fração argila (minerais geralmente pedogênicos e de alta ASE) TIPOS DE CARGAS ELÉTRICAS Permanentes NEGATIVAS CARGAS ELÉTRICAS Dependentes de pH POSITIVAS Dependentes de pH CARGAS ELÉTRICAS Permanentes NEGATIVAS CARGAS ELÉTRICAS Origem na substituição isomórfica de átomos na rede cristalina dos minerais Como o nome sugere, são imutáveis ou permanentes. CARGAS ELÉTRICAS Permanentes NEGATIVAS CARGAS ELÉTRICAS A formação de cargas negativas permanentes ocorre em dois casos específicos: a) Substituição de Si+4 por Al+3 nos tetraedros b) Substituição de Al+3 por Mg+2 nos octaedros As substituições causam um déficit de cargas positivas, aumentando o número de cargas negativas Propriedades químicas do solo 2. CARGAS ELÉTRICAS Substituição isomórfica Alumínio 3+ Silício 4+ Principais substituições: geram cargas negativas . •Tetraedros de sílica Si4+ → Al3+ •Octaedros de alumina Al3+ → Fe2+ Al3+ → Mg2+ Cargas permanentes ou constantes Principal processo: substituição isomórfica ou iônica (termo mais adequado). Características: •Íons de tamanhos semelhantes e cargas diferentes ; •Formam-se cargas permanentes; •Principal fonte para argilas 2:1. Origem das Cargas dependentes do pH Dissociação do H+ dos radicais OH- das bordas das argilas silicatadas e dos óxidos de Fe e Al - PROTONAÇÃO. CTC variável; Depende do pH; Ocorre em todos os filossilicatos, importante para os 1:1, óxidos e hidróxidos de Fe e Al e colóides orgânicos. Propriedades químicas do solo 2. CARGAS ELÉTRICAS Exemplo na borda de uma argila 1:1 ----------------- - Si – OH --------------- - Si- O- ------------------ + OH → --------------- + HOH -Al – OH - Al - OH -----------------Mesmo para óxidos de Fe e Al (FeOH + 3OH= FeO + 3H2O) Importante em solos intemperizados, pois as cargas negativas dependerão da manutenção do pH alto (dependentes do manejo) Propriedades químicas do solo 2. CARGAS ELÉTRICAS GERAÇÃO DE CARGAS NEGATIVAS NA MATÉRIA ORGÂNICA • Principais grupos: carboxílico e fenólico -Carboxílico : R – COOH - Fenólico : R – COO- + H+ OH O- + H+ O O Propriedades químicas do solo 2. CARGAS ELÉTRICAS GERAÇÃO DE CARGAS NOS ÓXIDOS E HIDRÓXIDOS DE Fe E DE Al • Importantes em solo tropicais altamente intemperizados ; • Apresentam caráter anfótero (anfi = duplo): podem ter balanço positivo ou negativo de cargas . Origem das cargas positivas - Somente existem cagas positivas DEPENDENTES DE pH - Ocorrem nos mesmos radicais das cargas negativas dependentes de pH, somente são geradas quando pH do solo baixa (torna-se ácido). Ex. borda argilas 1:1 ------------------------------- Si – OH - Si- OH ------------------ + H → ---------------Al – OH - Al – OH2+ -----------------Mesmo para óxidos de Fe e Al A CTC deve-se a: • Conteúde de M.O; • Conteúdo de argila; • Tipo de argila – Montmorilonita alta CTC – ilita mod. CTC – Caulinita baixa CTC Aplicações práticas Solo com baixa CTC Solo com alta CTC Alto maior Conteúdo de Argila Baixo Necessidade de calário menor Maior capacidade Nutrição de plantas Lixiviação facilitada Alta capacidade Retenção de água Baixa capacidade Capacidade de troca de cátions (CTC) • Habilidade do solo em adsorver e trocar – Íons são átomos com cargas elétricas Cátions Ânions Ca2+, Mg2+ SO42-, PO43- Na+, K+ Cl-, NO3- • Colóides com cargas (-) (MO e argilas) atraem adsorvem cátions CAPACIDADE DE TROCA DE CÁTIONS – CTC CTC - expressa o número de mols de cargas negativas por unidade de massa ou volume. Unidades: mmolc kg-1 (massa), mmolc dm-3 (volume) Unidades antigas (até 1996): (meq 100g-1) = (1 meq 100 g-1 = 10 mmolc kg-1) - massa (meq 100cm-3) = (1 meq 100 cm-3 = 10 mmolc dm-3) - volume • Reações de troca de cátions são baseadas em carga por carga (e não íon por íon). O que são cátions ácidos e cátions básicos Cátions ácidos: são aqueles que se encontram como ácidos, capazes de liberar prótons (H+): Al3+ [Al3+ +3H2O → Al (OH)3 + 3H+] Cátions básicos: são aqueles que se comportam como bases. Exemplos: Ca2+, Mg2+, K+ Estimativa da CTC Exemplos: a)Um Chernossolo cultivado, localizado em Iowa-USA (pH 7; 20% de argila e 4 % de matéria orgânica); •Argila do tipo 2:1 com CTC média de 800 mmolc kg-1. •Matéria orgânica com CTC de 2.000 mmolc kg-1 •1 kg de solo tem 0,2 kg de argila e 0,04 kg de matéria orgânica: Oriunda do teor de argila: 0,2 kg x 800 mmolc kg-1 = 160 mmolc Oriunda da Matéria Orgânica: 0,04 kg x 2.000 mmolc kg-1 = 80 mmolc Assim, a CTC total do Chernossolo é: 160 + 80 = 240 mmolc kg-1 b) Um Latossolo localizado em uma área de floresta virgem na região amazônica, no Brasil (pH = 4; 60 % de argila e 4 % de mat. orgânica). • CTC dos minerais de argila (Caulinita) + Óxidos de Fe e Al é 30 mmolc kg-1. • CTC da matéria orgânica em solos muito ácidos = 1.000 mmolc kg-1 • 1 kg de solo tem 0,60 kg de argila e 0,04 kg de matéria orgânica. Oriunda do teor de argila: 0,6 kg x 30 mmolc kg-1 = 18 mmolc Oriunda da Matéria Orgânica: 0,04 kg x 1.000 mmolc kg-1 = 40 mmolc Assim, a CTC total do Latossolo é: 18 + 40 = 58 mmolc kg-1 Capacidade de troca catiônica dos solos • CTC – relacionada às quantidades dos colóides no solo e a CTC desses colóides. • CTC originada do húmus: papel dominante nas reações de troca de cátions no solo, principalmente dos tropicais altamente intemperizados. PONTO DE CARGA ZERO (PCZ) • É o valor de pH onde os colóides do solo apresentam o mesmo número de radicais com cargas negativas e positivas Definição: Valor de pH em que a superfície de determinado colóide (orgânico ou inorgânico) tem carga nula. PONTO DE CARGA ZERO (PCZ) • Quando um solo está com pH acima do PCZ há um maior número de cargas negativas em relação às positivas (CTC > CTA) – situação comum nos solos do Sul do Brasil • Quando um solo esta abaixo de seu PCZ há um maior número de cargas positivas em relação às negativas (CTA > CTC) – situação rara nos solos do Sul do Brasil. Valores comuns de PCZ de solos Camada superficial: PCZ na faixa de 3 a 4. Camada subsuperficial: geralmente os valores de PCZ se mantém na faixa de 3 a 4, mas podem ser mais altos, dependendo principalmente dos teores de óxidos de Fe e de Al. DISPERSÃO E REPULSÃO Propriedades químicas do solo 3. ADSORÇÃO E TROCA DE ÍONS ADSORÇÃO • DESSORÇÃO ADSORÇÃO E TROCA DE ÍONS • Adsorção é a ligação química ou atração dos íons da solução do solo nos colóides do solo (Fenômeno químico, atração elétrica); • A adsorção é reversível →HÁ TROCAS → CTC • Formação de uma NUVEM DE ÍONS. ADSORÇÃO E TROCA DE ÍONS Enxame de íons difusíveis Difusão: fenômeno químicos de atração elétrica CTC ADSORÇÃO E TROCA DE ÍONS Complexação (ocluso e fixado), quelação e precipitação. Adsorção ou troca de íon = acúmulo de íons ou moléculas na superfície de uma partícula 1.Eletrovalente ou iônica = atração por cargas elétricas ; 2. Covalente = Reação íntima entre o íon e a superfície do colóide . LIGAÇÃO IÔNICA • relativamente fraca; • elétrons não são compartilhados ; • água de permanece; hidratação ou solvatação • exemplos: - cátions trocáveis: cálcio, magnésio, potássio; - alguns ânions: nitrato, carbonato, fluoreto LIGAÇÃO COVALENTE • reação mais íntima; • elétrons são compartilhados ; • sem água de hidratação; • adsorção é chamada específica; • exemplos: - alguns metais pesados: Cu, Pb, Cd - ânions derivados de ácidos polipróticos ex.: fosfato Adsorção específica e não-específica Energia de adsorção FATORES QUE AFETAM: -Valência do íon (H+ exceção) -Grupo periódico -Tamanho do íon -Hidratação do íon -Concentração do íon -Seletividade do colóide Cátions: Al3+ = H+=Fe3+>Zn2+= Cu2+=Mn2+=Fe2+ > Ca2+ >Mg2+ >NH4+ >K+ >Na+ Ânions: PO43->MoO42- >SO42- >NO3-=Cl- Adsorção de íons no solo Adsorção de íons no solo PODER TAMPÃO DO SOLO Capacidade do solo em manter em equilibrio uma grande quantidade de íons adsorvidos à fase sólida e uma pequena quantidade na fase líquida. Quando a fase líquida é enriquecida, a fase sólida adsorve os íons em excesso. Quando são retirados íons da fase liquida (adsorção ou lixiviação) a fase sólida desorve íons e os repõe. Detalhamento - Interpretação dos resultados de análise de solo