Relatório final de pesquisa
Identidades sonoras para gestão de marcas:
Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
Relatório final
Identidades sonoras
para gestão de marcas:
Modelos de audibilidades
no cenário midiático contemporâneo
Joyce Ajuz Coelho (ESPM Rio)
José Cláudio Siqueira Castanheira (UFSC)
Rio de Janeiro, 2010
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CENTRO DE ALTOS
ESTUDOS DA ESPM
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Relatório final
Identidades sonoras
para gestão de marcas:
Modelos de audibilidades
no cenário midiático contemporâneo
Joyce Ajuz Coelho (ESPM Rio)
José Cláudio Siqueira Castanheira (UFSC)
CENTRO DE ALTOS
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Equipe:
Ricardo Zagallo Camargo (coordenador)
Guilherme Cohen
Osmar Pastore
São Paulo, 2014
Identidades sonoras para gestão de marcas: modelos de audibilidades no
cenário midiático contemporâneo / José Claudio Castanheira, Joyce
Ajuz Coelho. – 2010.
54 p.: color.
Relatório Final de Pesquisa 2010, desenvolvida junto ao CAEPM − Centro
de Altos Estudos da Escola Superior de Propaganda e Marketing, São
Paulo, SP, 2013.
1. Música 2. Mídia sonora 3. Tecnologias digitais 4. Transparência. I.
Título. II. Castanheira, José Claudio III. Coelho, Joyce Ajuz. IV.
CAEPM − Centro de Altos Estudos da ESPM. V. Escola Superior de
Propaganda e Marketing.
Sumário
1ª etapa do Projeto (março a agosto/2010)
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Pesquisa de marcas sonoras
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Roteiros5
2ª etapa do Projeto(agosto/2010 a janeiro/2011)
Produção de textos para Congressos e Publicação em revistas
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Identidades sonoras para gestão de marcas:
Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
1ª etapa do Projeto (março a agosto/2010)
Nesta primeira etapa do projeto tivemos como ponto de partida o
artigo para apresentação em Congressos, a pesquisa sobre marcas
sonoras e a elaboração do roteiro do vídeo um.
Pesquisa de marcas sonoras
Para o mapeamento inicial foi solicitado a 60 pessoas, entre 18 e 50
anos, que citassem uma marca cuja lembrança estava associada a algum som. Sendo assim, juntamente com jingles, assinaturas sonoras
e efeitos sonoros de empresas e produtos, obtivemos com nossa pesquisa um retorno de muitos sons originados de programas de televisão, filmes séries e desenhos animados. Percebemos que mesmo
junto ao público mais experiente (entre 30 e 50 anos) tais sons provenientes de ícones culturais são recorrentes. A diferença para público
mais jovem (entre 18 e 30) seria tão somente a que programas ou
personagens de ficção esses sons remetem. Por entender que essa
memória condiciona fortemente a própria auto-representação, julgamos ser de imensa importância o posterior aprofundamento de uma
pesquisa de campo com a finalidade de avaliar o impacto dessas representações na constituição de um ou mais modelos geracionais.
Como entendemos o universo sonoro como algo complexo e sobre o
qual estamos pouco habituados a refletir, consideramos tanto sons que
tiveram sua criação objetivando a caracterização de um produto ou
serviço, com fins especificamente comerciais, como aqueles surgidos
e tornados famosos de forma mais espontânea. Estes últimos normalmente fazem parte de uma cultura popular originada em produtos culturais, nem sempre planejados para ficar em nossa memória coletiva.
Além da classificação como produto, empresa ou ícone cultural, deixamos uma opção para enquadrar aqueles não categorizáveis segundo os modelos anteriores. Reafirmamos que essa classificação
está sujeita a um aprofundamento que será possível em uma segunda
etapa. Esta é apenas uma fase inicial, um reconhecimento de campo.
Um segundo nível de classificação se dá na possibilidade desses sons
serem reconhecidos como sons musicais ou não-musicais. Essa divisão pode parecer simples, em um primeiro momento, mas o estudo
revelou que não é. Determinados sons podem exercer funções musicais mesmo se não oriundos de instrumentos musicais ou inicialmente planejados como tal. Nossa cultura digital permite o manuseio
intenso de sons das mais diferentes naturezas e a sua utilização de
formas inusitadas. A estética do sampler pode aproveitar-se de falas,
sons naturais, efeitos sonoros engraçados, etc. para a produção de
loops e batidas eletrônicas veiculadas em meios de comunicação de
massa ou em locais frequentados por grupos de cultura de nicho. A
determinação das características materiais desses sons e de seu caráter musical também é de grande importância para a nossa pesquisa.
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
Finalizando as questões abordadas por nossa pesquisa, pedimos aos
entrevistados que apresentassem palavras-chaves ou conceitos que
definissem a marca sonora lembrada. Essa palavra ou conceito pode
ajudar tanto a classificar a sonoridade dentro de um universo ainda
pouco mapeado quanto a ilustrar como esses sons são guardados e
lembrados, como eles são incorporados à nossa memória.
A partir da pesquisa da marca em meios digitais tentamos identificar a longevidade da marca sonora e em que meios ela se propaga
com mais facilidade, surgindo a classificação de alcance a partir da
veiculação em mídias de massa. Esta pesquisa teve como objetivo
identificar o alcance e eficiência das marcas sonoras para dar suporte aos textos e às entrevistas. Ressalte-se que esse alcance, só será
identificado de forma mais precisa com uma pesquisa de maior profundidade e segundo metodologias quantitativas e qualitativas em
longo prazo o que não está no objetivo deste projeto.
Roteiros
O roteiro não é uma peça literária. Ele deve ser bastante objetivo e,
muitas vezes até simplificador. Ele deve apresentar de forma direta o
que será transformado posteriormente em vídeo pelo editor e pelo
diretor. Por esse motivo o roteiro pode parecer, inicialmente, linear
ou longo. A edição é que vai dar o ritmo e a duração final, prevista
para 30 minutos cada vídeo. Os roteiros foram elaborados a partir
do material gerado pelas entrevistas, considerando que em determinados momentos o conhecimento ou a importância do entrevistado
para o assunto tratado determinou uma maior inserção de seus comentários. Procuramos da mesma forma, enriquecer o trabalho com
imagens filmadas ou conseguidas em arquivos. Estamos trabalhando
para conseguir as melhores imagens possíveis, tendo em vista a negativa do Globo Universidade na cessão dos arquivos solicitados.
Os vídeos são direcionados para um público acadêmico, principalmente. Utilizamos uma linguagem o menos hermética possível para
que possam também ser visto e aproveitados por pessoas não necessariamente ligadas à área de som ou à universidade.
A pretensão é a de realizarmos algo que possa ser exibido em universidades, congressos, seminário, etc. e que possa ser enviado a
universidades do Brasil e de fora, como demonstração do interesse
de nosso campo acadêmico pela área. A veiculação dos vídeos por
plataformas online também faz parte de nossos planos, bem como o
lançamento de um DVD a íntegra do trabalho.
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
A edição dos vídeos está seguindo a proposta original:
Vídeo 1
Título: A paisagem sonora eletrônica
• Novas tecnologias, novos sons.
• Novas mídias e suas implicações sonoras
• Objetos sonoros e sua distribuição pelas mídias
Vídeo 2
Título: Sons extremos
• Movimentos musicais de vanguarda
• Noise
• Circuit bending
• Hiperestímulo sensorial
• Funk carioca
Vídeo 3
Título: Escutas cinematográficas
• Evolução dos modelos de escuta no cinema
• Dispositivos de reprodução sonora no cinema
• Imbricação do cinema com outras mídias
Vídeo 4
Título: A construção de marcas sonoras nas mídias
• O apelo das sensorialidades na publicidade
• O que são marcas sonoras?
• O caráter afetivo das marcas
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
2ª etapa do Projeto
(agosto/2010 a janeiro/2011)
Neste período os pesquisadores se concentraram na seleção dos entrevistados e na realização das entrevistas.
Ao fazer a seleção dos entrevistados para o conjunto de vídeos sobre
audibilidades contemporâneas alguns problemas se colocavam:
Primeiro: deveríamos abranger um maior campo possível de práticas sonoras e um número igualmente grande de perspectivas sobre
essas práticas.
Segundo: era desejável que os entrevistados fornecessem dados sobre suas atividades e explicitasse suas reflexões a respeito do campo, sem, contudo estabelecer uma abordagem “correta” ou dominante em muitas das questões.
Terceiro: os vídeos deveriam conter um estofo teórico necessário
para um trabalho acadêmico, sem, contudo, perder de vista o caráter
múltiplo e heterogêneo do público a quem o trabalho pode interessar. Igualmente, desejamos inserir questões de mercado ao trazer estratégias de branding sonoro e ao entrevistar profissionais que atuam
em áreas de publicidade e no meio corporativo.
Contamos com entrevistados de áreas como música, comunicação e cinema, com experiência comprovada na academia e fora dela. Alguns
nomes estrangeiros contribuíram grandemente para um caráter mais
universal da pesquisa, dialogando com pesquisadores brasileiros e
ajudando a inserir nossa investigação em um cenário pioneiro no país.
Forem realizadas 15 entrevistas, com duração média de 60 minutos.
Segue um pequeno resumo do teor de cada entrevista e uma justificativa de por que tais assuntos foram importantes para o resultado final.
1. Jonatham Sterne é professor associado e diretor do Departmento Art History and Communication Studies, McGill University, Montreal, Canada. Obteve o grau de PhD na University of Illinois at Urbana-Champaign - Institute of Communications Research.Autor de The
Audible Past: Cultural Origins of Sound Reproduction(DUke University
Pub; 2003) e de inúmeros artigos sobre som e música, velhas e novas
tecnologias da comunicação e assuntos correlatos. Em sua entrevista, a primeira a ser realizada, resolvemos investigar conceitos mais
abrangentes da área de som e suas relações com temas atuais como
cultura digital, novas tecnologias e sonoridades contemporâneas. Inicialmente, Sterne procurou definir o conceito de paisagem sonora,
proposto por Murray Schafer, endereçando-lhe críticas de ordem metodológica, mas também procurando ver como este tem sido reapropriado por autores contemporâneos para a discussão de temas mais
atuais. Nossa relação com a tecnologia é um tema caro ao entrevistado
por revelar como nossas práticas culturais estão profundamente atre-
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
ladas ao desenvolvimento de aparatos tecnológicos. Isso em períodos
anteriores da história bem como em nossa sociedade pautada por paradigmas da cultura digital. Novos ambientes tecnológicos e o uso do
som por esses ambientes estiveram em pauta na entrevista.
2. Michael Goddard é palestrante em Estudos de Mídia desde 2007,
na Universidade de Salford, Escola de Mídia, Música e Performance.
Graduou-se (com o mais alto grau de honra) em Comunicação pela
Universidade de Tecnologia de Sidney, concluiu seu mestrado (magna cum laude) em Língua Inglesa pela Universidade de Otago, em
Dunedin, e é doutor em História e Teoria da Arte pela Universidade
de Sidney. Seus principais interesses de pesquisa envolvem cinema
mundial, cinemas do Leste Europeu, teoria do Screen, filmes, culturas
visual e midiática, filme e filosofia e cinema e intermidialidade. Goddard foi um dos organizadores da conferência “Bigger than words, wider than pictures”: noise, affect, politics” que teve o Ruído como objeto
principal, em Salford, Inglaterra, em julho de 2010. Como ele mesmo
diz em sua entrevista, um de seus principais interesses é o ruído não
apenas do ponto de vista sonoro ou musical, e sim como o ruído se
insere em processos estéticos, de comunicação ou mesmo de forma
política. Ao tratar de assuntos como o surgimento de rádios livres na
Itália nos anos 70 e de movimentos musicais como o Industrial e o
punk, Goddard tenta resgatar essa dimensão política. A questão principal que perpassou a entrevista foi a da ideia de uma sociedade pósmídia em que um modelo de comunicação descentralizado colocaria
em xeque fenômenos e análises mais tradicionais das mídias.
3. O compositor polonês Zbigniew Karkowski estudou composição
no State College of Music em Gotemburgo, Suécia, estética da música
moderna no Departamento de Musicologia da Universidade de Gotenburgo e música computacional na Chalmers University of Technology. Depois de completar seus estudos na Suécia, estudou sonologia
por um ano no Royal Conservatory of Music em Den Haag, Holanda.
Durante este período, também participou de mastercourses de composição organizados pelo Centre Acanthes em Avignon e Aix-en-Provence, França, estudando com Iannis Xenakis, Olivier Messiaen, Pierre Boulez e Georges Aperghis, além de outros. Trabalha ativamente
como compositor de música acústica e eletroacústica. Karkowski veio
ao Brasil para realizar shows e workshops no Rio, em São Paulo e em
Florianópolis. Sua participação forneceu uma perspectiva diferente
dos temas abordados em outras entrevistas seja pelo fato de falar
como alguém que “cria” sons e vive disso, portanto, uma experiência
prática do som. Suas preocupações são principalmente de ordem estética, admitindo claramente que teorias não o interessam e não são
o mais importante. O despojamento com que encarou a entrevista
forneceu bons momentos de reflexão sobre a própria atividade artística. Novas tecnologias foram tema importante da conversa, sendo
que, para o músico, a eletricidade foi e é o grande fator de mudanças
de comportamentos e de práticas culturais.
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
4. Paula Sibilia é professora no Departamento de Estudos Culturais
e Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo graduada em Ciências da Comunicação pela Universidade de Buenos Aires
(UBA), mestre na mesma área pela Universidade Federal Fluminense
(UFF) e doutora em Saúde Coletiva, pela Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UFRJ). Autora de vários livros Sibilia publicou as obras
“O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade e tecnologias digitais” e “O show do eu: A intimidade como espetáculo”. A entrevistada
possui um perfil diferente dos demais por não ter nenhuma relação
direta com o som. Na verdade, a pesquisadora tem as tecnologias,
principalmente as digitais, como objeto importante de suas investigações. Em nossa conversa, discorreu sobre os modos como essas
novas tecnologias influenciam e modificam a nossa própria ideia de
humano. Corpos e subjetividades são conformados segundo novas
lógicas binárias. O som, como parte integrante desse universo digital, comparece como um sintoma de todas essas transformações. Um
momento especialmente interessante da entrevista foi quando Paula
analisou a questão do silêncio e como ele tem sido cada vez mais
afastado de nossos ambientes justamente por uma mudança de nossos próprios mecanismos psíquicos de constituição de self.
5. Simone Pereira de Sá é Professora associada do Curso de Mídia e
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da
Universidade Federal Fluminense. Doutora em Comunicação e Cultura (ECO/UFRJ), foi pesquisadora visitante na McGill University em
2008, trabalhando junto ao grupo de Jonathan Sterne. É autora dos livros: Baiana Internacional: As mediações Culturais de Carmen Miranda
(MIS-2002) e O Samba em rede: comunidades virtuais, dinâmicas identitárias e Carnaval carioca, (E-papers; 2005), além de artigos sobre
som, música e tecnologias da comunicação. A pesquisadora Simone
Pereira de Sá tem, entre outros, nos movimentos de produção e circulação de música (principalmente música popular) um de seus principais objetos de pesquisa. A entrevista girou, entre outros temas,
principalmente sobre as novas relações estabelecidas por novas tecnologias de gravação e distribuição com as práticas musicais emergentes. Movimentos como a música eletrônica de pista e os bailes
funk foram tratados como sintomas de uma cultura que procura, cada
vez mais, elementos de estímulo intenso, adequando-se a uma lógica
de reconfiguração de sensorialidades a partir de novas tecnologias.
A mediação a partir do crescimento de mecanismos de circulação
musical na Internet, com a participação de um número crescente de
redes sociais, também foi abordada na conversa.
6. Vinícius de Andrade Pereira possui graduação em Psicologia
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestrado em Psicologia
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com formação
complementar (bolsa doutorado sanduíche) no McLuhan Program in
Culture and Technology, da Universidade de Toronto, Canadá. É professor adjunto da Faculdade de Comunicação Social e do Programa
de Pós Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do
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Rio de Janeiro, e dos cursos de comunicação e design da Escola Superior de Propaganda e Marketing. É pesquisador do CAEPM/ESPM,
e do Programa McLuhan em Cultura e Tecnologia, da Universidade
de Toronto, Canadá. Suas pesquisas e estudos situam-se, principalmente, em torno dos seguintes temas: tecnologias da comunicação,
cibercultura, arte midiática, linguagens publicitárias em mídias digitais, estudos das materialidades dos meios e a Escola de Toronto de
Comunicação, especialmente, a obra de Marshall McLuhan. Vinícius
foi perguntado a respeito dos processos de reconfiguração de modelos perceptivos em ambientes midiáticos contemporâneos. Parte de
suas conclusões é de que atualmente vivemos imersos em um cenário
que requisita muito de nossa atenção. A partir dessa nova economia
da atenção, outros sentidos, além do da visão, são necessários para
uma melhor utilização de mídias e aparatos tecnológicos. A partir de
uma pergunta sobre o ruído em nossa sociedade, Vinícius propõe que
novos elementos comunicacionais que se inserem em uma ordem já
estabelecida, são entendidos como ruídos, como perturbações que
vão, posteriormente, organizar-se como um novo tipo de ordem. Essas
perturbações e reorganizações de sistemas comunicacionais devem
necessariamente levar em conta a participação de novas tecnologias.
7. Rodolfo Caesar é pesquisador do CNPq e professor na Escola de
Música da UFRJ, onde coordena o Laboratório de Música e Tecnologia, o LaMuT. Estudou no GRM/Conservatoire de Paris, com Pierre
Schaeffer, e mais tarde na University of East Anglia. Suas obras têm
recebido distinções internacionais, tendo sido apresentadas em concertos e eventos como o Cycle Acousmatique em Paris, a International Conference of Computer Music, o Akustika Festival em Viena, o
Fylkingen Festival em Estocolmo e outros. A formação de músico de
Caesar e sua atuação junto à composição eletroacústica nos permitiu
apresentar temas que ainda não tinham sido analisados por entrevistados da área de comunicação. Sua descrição dos procedimentos
da música concreta nos anos 50, como figuras como Pierre Schaeffer
e Pierre Henri, forneceu um panorama histórico das transformações
sofridas pela música e, de um modo mais amplo, pelas práticas sonoras do século XX. Caesar também teceu críticas à ideia de Paisagem
Sonora, estipulando as diferenças entre âmbitos sonoros e visuais da
criação. Perguntado sobre a ideia de cinema como música e de música como cinema, Caesar falou um pouco sobre as diversas experiências contemporâneas que tentam trazer a participação de outros
sentidos para a composição musical.
8. Gisela Castro é doutora em Comunicação e Cultura pela ECO/
UFRJ, onde também cursou o Mestrado. Graduação e Psicologia pelo
IP/UFRJ. Docente do Programa de Mestrado em Comunicação Social da PUC-Rio em 2004, desenvolveu estudo sobre a distribuição
de música na Internet. Seu projeto atual de pesquisa no Programa
de Mestrado em Comunicação e Práticas de Consumo ESPM-SP visa
compreender estratégias no consumo de música surgidas a partir
da mediação de novas tecnologias de informação e comunicação.
Participa regularmente dos principais fóruns de discussão no cam-
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
po da Comunicação no Brasil e no exterior. É membro do Conselho
Científico Deliberativo da ABCiber (Associação de Pesquisadores
em Cibercultura) e sócia da Intercom, filiada ao Núcleo de Pesquisa
em Comunicação e Culturas Urbanas. Seus artigos têm sido publicados em diversas revistas acadêmicas nacionais e internacionais.
A contribuição de Gisela para os vídeos foi grande e variada. Sua
pesquisa sobre movimentos musicais trouxe para a discussão nomes importantes no campo não só da música, mas também de performances artísticas mais ambiciosas como John Cage. Cage, entre
tantas outras realizações, notabilizou-se por criar espetáculos nos
quais diversas ações simultâneas eram executadas, não havendo,
pois um centro específico das atenções. Suas investigações sobre
novas sonoridades e sobre o uso de novas tecnologias na produção musical também foram abordadas. Gisela também respondeu
a perguntas relacionadas a práticas de consumo e a como os sons
podem servir a consolidação de estratégias de branding e a consolidação de marcas. A entrevista ainda tratou das modificações das
sonoridades contemporâneas, principalmente no âmbito urbano, e
de como nosso sentido da audição vem passando por processos de
modificação ao longo do tempo.
9 & 10. Jean-Pierre Caron tem formação musical e, atualmente, faz
seu doutorado em Filosofia e Linguagem em Paris 8, França. Rafael
Sarpa, também é músico e desenvolveu sua dissertação de mestrado
investigando o movimentos Noise e suas relações com modelos de
escuta específicos, historicizando modos de utilização de sons extremos em práticas musicais e não musicais. Os dois formam o grupo
Notyesus, de Noise, e já se apresentam em várias cidades brasileiras
e fora do Brasil. Tem profunda ligação com a cena musical contemporânea. A entrevista começou abordando, assim como no caso de
Jonathan Sterne e Rodolfo Caesar, a utilidade que o conceito de paisagem sonora pode ter para as várias áreas do estudo do som. Os
dois entrevistados discorreram sobre o assunto, apontando problemas metodológicos e benefícios do uso do conceito. Como ambos
têm seu trabalho ligado ao uso de tecnologias sonoras e a tecnologias digitais, esse foi um tema que tomou boa parte da entrevista. A
partir de inúmeros exemplos, os músicos situaram a tecnologia na
área da música como algo inescapável desde sempre. Os próprios
instrumentos musicais tradicionais não deixam de ser tecnologias.
O que acontecem atualmente é a existência de uma maleabilidade
da matéria sonora muito maior, fato que também foi confirmado por
Karkowski e por Caesar. Jean-Pierre e Rafael falaram um pouco sobre
a cena musical contemporânea no Brasil e fora dele. Situaram o que
costumamos chamar de música experimental como uma espécie de
termo guarda-chuva para abarcar manifestações as mais distintas. No
Brasil, a música experimental teria uma relação mais presente com o
meio acadêmico do que em outros países. Os entrevistados falaram
também sobre movimentos musicais, especialmente o Noise e sobre
efeitos estéticos e fisiológicos de sonoridades intensas.
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
11. Zana é brasileira, carioca, formada em Canto lírico, é proprietária da Zanna Sound, a primeira empresa em Comunicação Sonora da
América Latina. No final de 2009, fundou na Alemanha a primeira Associação de Sound Branding da história, junto com as 16 maiores no
mundo do segmento. Já desenvolveu sonoridade para várias marcas
no Brasil, entre elas: Unimed, Banco do Brasil, Kuat, Amil, Icatu, MPB
FM. Acredita que o som e o branding são ferramentas fundamentais
para garantir uma conexão longeva entre a marca e seu público, capaz de gerar experiências inesquecíveis. A entrevistada demonstrou
grande empolgação ao tratar do tema dos sons como elemento importante no universo das marcas. Para ela, não há como fugir da utilização de sons e de outros elementos sensoriais nas estratégias publicitárias. Zana explicou os passos para se construir a identidade sonora
de uma marca, apontando, igualmente para os perigos de se estabelecer essa identidade sem uma pesquisa prévia do público-alvo, suas
preferências e em que pontos a empresa precisa atuar para fortalecer
essa relação com o consumidor. Citou vários exemplos do uso de sons
em campanhas e em ambientes de venda. A profissional também demonstrou grande preocupação com as mudanças que nosso universo
sonoro enfrenta, com níveis de barulho cada vez maiores e provocando, inclusive, doenças como estresse e problemas do coração.
12. Fernando Morais é Professor adjunto da Universidade Federal
Fluminense, na Pós-Graduação em Comunicação e no Departamento
de Cinema e Vídeo. Doutor em Comunicação pela mesma instituição
(2007). Atua principalmente nos seguintes temas: análise do som, história e teoria do cinema. Lançou em 2008 o livro “O som no cinema
brasileiro”, pela editora 7 letras. A entrevista com Fernando Morais
nos forneceu, principalmente, um painel histórico do uso do som
no cinema. Descrevendo práticas tanto da produção nacional como
do cinema internacional, o entrevistado faz algumas análises sobre
a constituição da linguagem e da experiência cinematográfica. Fez
também uma revisão das teorias e dos autores preocupados com a
instância sonora dos filmes, levantando relações entre o cinema e as
outras formas de arte. Por fim, Fernando fez uma pequena análise do
som no cinema nacional nas últimas décadas.
13. Ivan Capeller é profissional de som direto para cinema com
vários longas-metragens no currículo. Foi recentemente aprovado
como professor do curso de comunicação da UFRJ, já tendo dado aulas em outras universidades. Ivan, por conta de sua experiência na
prática cinematográfica, apresentou questões importantes para situarmos metodologicamente o som no cinema. Citando autores como
Foucault e o método arqueológico, Ivan nos falou de sua investigação
sobre as origens e os tipos de escuta surgidos na sociedade moderna, remetendo a modelos como a Ópera wagneriana. Ivan também
falou sobre os processos mnemônicos desencadeados pelo som e
que podem auxiliar na atividade de construção de marcas sonoras.
Deu alguns exemplos de propagandas que utilizam o som para provocar no consumidor associações afetivas e emocionais.
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14. Stephan Duailibi Yunes é graduado em comunicação social
pela ESPM, tem MBA em marketing pela ESPM e mestrado em administração de empresas pelo Mackenzie. Com passagens por empresas como DPZ propaganda e MTV Brasil, atuou por 4 anos como
gerente de marketing da Unimed do Brasil e atualmente é o responsável pela gestão da marca Unimed-Rio.
Stephan tratou com minúcias das estratégias de marketing utilizadas na empresa Unimed, dando exemplos de utilização de elementos sensoriais para trazer o cliente para mais perto. Destacou que,
muito embora reconheça que a utilização dessas novas plataformas
seja uma aposta promissora, não há dados precisos sobre o retorno
que esses recursos gerariam. Citou exemplos de sons que despertaram tanta simpatia dos funcionários de uma empresa que acabaram por ser utilizados como ringtones sem nenhum estímulo direto
por parte da direção. Falou da importância dos elementos sonoros
no mercado de publicidade e confirmou que eles são uma opção
interessante para qualquer tipo de empresa.
15. Carlos Henrique Equi (Cahique) é publicitário, com MBA em
Marketing pelo IAG-PUC, sócio da Staff Brasil e recebeu em 2010 o
Prêmio de Publicitário do Ano.
O publicitário identificou movimentos no mercado que, segundo ele, a
médio e longo prazo, vão modificar totalmente a ideia que fazemos de
propaganda. As novas mídias digitais exigem um novo modelo de relação entre cliente e agências e entre produtos e consumidores. Para
o entrevistado, os elementos sensoriais, principalmente o som, são
ferramenta indispensável para prender a atenção do público. Principalmente quando as mídias tradicionais têm que competir com a Internet, os games e novas modalidades de processos de comunicação.
Sobre o profissional apto a trabalhar com os elementos sonoros para
o mercado, Cahique diz ser importante darmos o reconhecimento devido aos músicos que são capazes de compor melodias inesquecíveis.
Dada a diversidade e quantidade de informações coletadas em todas
as entrevistas, julgamos poder fornecer um espectro amplo de usos e
considerações sobre o som em nossa cultura. É importante ressaltar
que cada entrevistado, ao ter a liberdade para discorrer sobre temas
apresentados, não estando, contudo, preso a um roteiro rígido e restritivo, pôde contribuir para as discussões apresentadas em mais de um
vídeo. Demonstra-se, assim, que quaisquer discussões sobre o tema
ou sobre partes dele, podem ser profundamente enriquecidas por diferentes visões. Isso certamente ajudou na elaboração de um produto
rico e que possa propor novas discussões e desdobramentos futuros.
Para a edição final dos quatro DVDs está sendo realizada a pesquisa de imagens e a correspondente solicitação de cessão dos
direitos autorais. Os pesquisadores se comprometeram a entregar
os DVDs prontos em 29 de abril.
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Modelos de audibilidades no cenário midiático contemporâneo
Produção de textos para Congressos e Publicação em revistas
Em paralelo com as entrevistas foram escritos dois textos para serem
submetidos a Congressos e Revistas indexadas. O primeiro texto:
Dos sinos ao ipod: Sons, espaços e identidades nas novas estratégias das marcas foi submetido ao Congresso da Anpad, porém
não foi aceito. Foi revisado e foi enviado para a Revista Intexto.
Foi escrito um segundo artigo, intitulado: A cultura do consumo e
o entretenimento como linguagem multissensorial que foi enviado para o Confibercom e para a Revista Galáxia.
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