E^ V
60 1998
ALIA
BOLETIM NACIONAL DO M C L
N0
ANO I
setembro/97
1
\
rw nn*****
ANTES DE ENSINAR AO POVO
DEVEMOS APRENDER COM ELE
1
ENCONTRO NACIONAL
DO
MCI
Realizou-se de 20 a 25 de julho de 1.997 em Feira de Santana(BA), o
Encontro Nacional do Movimento Das Comissões de Luta - MCL , com o objetivo
de avaliar o Movimento a partir da prática e tirar orientações para as bandeiras de
luta, datas comemorativas , organização dos setores e finanças.
AS BANDEIRAS DE LUTA
1.
SOBREVIVÊNCIA COLETIVA
".... A gente junto faz coisa que se duvida
muda o rrundo, muda a vida
o segredo 6 se unir "
O modelo econômico de capitalismo dependente e associado implantado
em nosso país desde a colonização, vem agravando dia após dia a situação do
povo brasileiro. Mais de metade da população ativa está fora do mercado de
trabalho, vivendo abaixo da linha da pobreza. O IBGE divulgou seu
levantamento mais recente, acusando aumento do desemprego em todas as
regiões do país, sendo as mais atingidas ,pela ordem, Rio de Janeiro , São
Paulo e todo o Nordeste. Não se trata de uma crise conjuntural. A remessa
anual para os países centrais, de 30(trinta) bilhões de dólares para pagamento
de juros, serviços e amortização de uma dívida externa que cresce a cada dia ;
a entrega do patrimônio nacional ao grande capital através das privatizações;
a concentração de riquezas nas mãos de poucos e sua contrapartida, a pobreza
e a miséria da maioria são conseqüências do modelo econômico e só
terminarão com a implantação de um novo modelo. Essa mudança, por sua
vez, só ocorrerá com a organização consciente do povo sofrido , com o poder
popular. A criação desse poder acontece na luta do povo por seus direitos e na
oiganizaçáo coletiva pela SOBREVIVÊNCIA O povo está descobrindo que o
indivíduo sozinho náo consegue resistir a tanta opressão e que, para lutar ,
precisa estar vivo.
Náo é fácil aderir a formas de sobrevivência coletiva, quando a ideologia
burguesa nos leva a um individualismo cada vez maior , introduzindo na
cabeça das pessoas as idéias do "salve-se quem puder" , "cada um por si e Deus
por todos", "você deve levar vantagem em tudo". É certo , entretanto, que as
longas e difíceis caminhadas começam com o primeiro passo.
OS PASSOS
Os companheiros estáo dando os primeiros passos através de compras
coletivas(feira, material escolar) , grupos de trabalho , fabricação coletiva de
produtos( confecções , sabão) , criação coletiva de gado , horta coletiva ,
caixinha coletivo. Para a continuidade dessa bandeira o Encontro orientou:
. Fazer pequenas experiências , alcançar resultados e, daí,
experiências maiores, conduzindo sempre DO JEITO DO MCL
nota n0 1 no final do boletim).
partir para
(Veja
. De acordo com a realidade , promover a troca de experiências entre áreas ,
municípios e estados; fazer boletins para divulgação das experiências.
. Fazer encontros com os mais interessados em vista da criação das Comissões
de Luta(CLs.).
2^_
APOSENTADORIA
...Dr. , eu vou completar setenta anos de idade. Trabalho na roça desde
os dez anos. Criei filhos , netos, nunca fiz outra coisa na vida. Veja minhas
mãos. Agora , não tenho esses documentos que o sr. exige. Então , não sou
trabalhador rural? Não posso me aposentar?
- Eu acho que o sr. é trabalhador rural , mas a lei diz que não é. Só posso
aprovar sua aposentadoria com a apresentação dos documentos que a lei pede.
Esse diálogo, travado em Santa Rita-PB , entre um trabalhador rural e o
representante do INSS local, expressa o problema mais sentido pelos idosos
na zona rural. Eles atingem ou ultrapassam a idade para a aposentadoria ,
mas não contam com documentos que comprovem sua condição de
beneficiário da previdência, de trabalhador rural. As mãos calejadas e o
testemunho dos velhos companheiros não bastam. Com a aposentadoria,
receberiam um salário mínimo. É pouco , mas representa muito para a
sobrevivência deles que nada têm.
Em vários lugares os companheiros do MCL têm ajudado idosos na sua
peregrinação ao INSS e no levantamento dos documentos exigidos em lei,
conseguindo diversas aposentadorias. Esse trabalho, feito individualmente, só
dá resultados econômicos; não desenvolve a organização da massa. Só no
município paraibano de Santa Rita a CL conseguiu encaminhar a orientação
relativa à bandeira da aposentadoria. Outros locais tentaram, mas
encontraram muitos obstáculos, como: dificuldade de pesquisar os idosos, em
geral distantes uns dos outros; desconhecimento das leis sobre aposentadoria ,
falta de informações. Em Cajazeiras, outro município paraibano, os
companheiros vêm reunindo idosos para atividades de lazer, a partir disso,
vão suigindo os problemas.
Para a continuidade das lutas em tomo da bandeira da aposentadoria, o
Encontro tirou as seguintes orientações:
a) A curto prazo
. Estudo do boletim contendo as leis sobre aposentadoria e
benefícios;
. dar pequenos passos a partir dos problemas que forem
surgindo , sempre de acordo com a realidade;
. ir ao INSS coletivamente;
. reunir os que já se aposentaram;
. criar comissões de luta de idosos.
b) A médio prazo
. Realizar assembléias e outras formas de luta para reivindicar às autoridades a aposentadoria e outros benefícios;
. ir formulando reivindicações para o projeto-lei de inici ativa popular.
c) A longo prazo
, Dependendo do nível da luta e organização , fazer projeto-lei de iniciativa popular,
. abaixo-assinado e lutas fortes;
. encontro nacional de idosos.
O DIA 24 DE JANEIRO - DIA DO APOSENTADO - deve ser aproveitado
para fortalecer a luta e o setor idoso.
3. MORADIA POPULAR E URBANIZAÇÃO
u
... Na minha ma tem tanto lixo e buraco
quando chove è tanta água
que Inunda o meu barraco..."
( ciranda dos bairros)
Números não são necessários para mostrar o que padecem os pobres pela
falta de moradia e urbanização. Basta ter os olhos abertos e querer enxergar
os morros, as favelas, palafitas, mocambos, barracos , os viadutos e as
marquises dos prédios. A grande maioria da população das grandes cidades
vive nessa situação.
Muitas lutas têm sido encaminhadas , alcançando vitórias em muitos
municípios e estados. São ocupações , conquista de casas , proteção para
barreiras, muros de animo , água, energia elétrica, asfalto ou calçamento ,
entre outras.
Para continuar a luta e firmar os mais interessados nas comissões , o
Encontro orientou:
. Fazer levantamento das famílias sem casa , pesquisar o povo sobre q que
fazer para resolver os problemas;
. devolver para a massa os passos dados na luta;
. reunir os mais interessados para avaliar a luta;
. juntar as áreas a partir de um roteiro comum;
.fazer encontros municipais , estaduais onde houver condições e encontros
interestaduais. Os encontros interestaduais deverão ter caráter de animação.
4.
SAÚDE
POPULAR
...Quem ama não adoece "
O povo tem de contar com as próprias forças .inclusive em relação à saúde.
Em todos os estados, as companheiras estáo encaminhando essa bandeira( os
homens, quase não participam). As experiências mais avançadas estáo no Rio
Grande do Sul e Maranhão. No Rio Grande do Sul , cerca de trinta mulheres
reunem-se mensalmente para troca de receitas, informações sobre ervas
medicinais , cultivam ervas , editam boletim de saúde , fabricam remédios
caseiros . No Maranhão , além da feitura e uso de remédios caseiros , as
companheiros estão dando os primeiros passos no sentido de alimentação
alternativa.
Estamos descobrindo que a maioria das doenças tem origem emocional.
As preocupações trazem as doenças. Nesses casos, os remédios caseiros aliviam
os sintomas, mas não curam. Nós, ainda não sabemos lidar com os problemas
emocionais , nem resolvê-los. A partir desse encontro , vamos:
. Intensificar a troca de experiências , através de visitas entre as áreas mais
próximas, encontros, troca de materiais e edição de um boletim nacional com
informações , receitas e experiências;
. criar espaço no MCL para discussão dos problemas de saúde emocional;
. desenvolver atividades que estimulem a emoção positiva , como festas,
lazer, esporte, arte, lutas e estudos coletivos.
5,
T
ERRA
.A terra é de quem
a História
não
nós vamos ganhar
trabalha
falha
"
Os males que a concentraçáo de terra tem causado ao povo brasileiro são ,
por demais , sentidos e conhecidos por todos. Desde o fim da escravidão, os
trabalhadores vêm sendo expulsos do campo , onde ficam excluídos, pois não
há emprego para eles. Tomam-se biscateiros, pedintes, sem-teto , sem -salário ,
sem nada .vivendo em condições sub-humanas nas periferias das cidades,
debaixo dos viadutos e manquises dos edifícios.
O Brasil é o segundo país com maior concentraçáo de terra no mundo: um
por cento dos proprietários rurais detém 460/o(quarenta e seis por cento) das
terras. Trinta milhões de hectares de terras pertencem a bancos e empresas
multinacionais. Existem 4,8 milhões de famílias de trabalhadores rurais sem
terra.
Diante dessa realidade, os companheiros camponeses estão lutando de
acordo com as suas condições. Há ocupações na Paraíba, Pernambuco e Goiás
; lutas de resistência para não serem expulsos da terra , no Maranhão. Têm
havido desapropriações. Nos acampamentos, formam-se comissões de esporte,
lazer , arte e segurança. Pessoas novas estão assumindo tarefas. O MCL está
ficando mais conhecido; está havendo ligação entre as áreas; mas, em muitas
áreas não está sendo encaminhada a luta da terra.
Desde o ano passado o MCL vem conversando com membros e aliados
sobre a necessidade de realizar um Encontro Específico sobre a Terra , para
avaliar a luta e tirar orientações. No Encontro Nacional esse assunto foi
discutido. Depois de avaliar a luta pela terra na atual conjuntura foi decidido
realizar o Encontro Nacional Específico sobre a terra , com o objetivo de
animar para a luta. O Encontro será realizado de 12 a 14 de dezembro/97 ,
com a participação de trabalhadores da base que estão lutando por terra ou já
conseguiram a terra na luta e companheiros aliados que pertencem a
sindicatos, Igreja ou Movimentos com quem já estejamos fazendo aliança.
Foi decidido realizar Encontro Nacional da Terra, com caráter de
animação e com a participação dos aliados. O Encontro será preparado nas
áreas e municípios. Na Paraíba e em Pernambuco, haverá encontros estaduais.
6.
POLÍTICA AGRJCOIA E SERVIÇOS PÚBLICOS NO MEIO RURAL
..Juntando tudo, nossa fé ,nossa verdade
nós, da roça e da cidade, fazendo nosso futuro..."
Para entender os efeitos da ausência de uma política agrícola voltada para
o mercado interno, basta sabermos que o Brasil é o terceiro maior exportador
de alimentos do mundo, mas trinta e dois milhões de brasileiros passam fome.
Grande parte da produção perde-se, por falta de condições para transporte e
armazenamento dos grãos. Os pequenos produtores vendem muito barato e
os alimentos chegam muito caro aos consumidores; os atravessadores e
comerciantes é que ficam com os lucros.
Se, nas cidades , a assistência à saúde, educação e os serviços básicos sáo
precários , imaginem a situação no meio rural. Náo poderia existir maior
abandono.
Em várias áreas o MCL conduz reivindicações por semente, venenos para
combate às pragas, energia elétricos, postos telefônicos , cesta básica e
transporte.
Em Pernambuco , os companheiros vão fazer a experiência da venda direta
dos produtos da roça aos consumidores da periferia do Recife, onde há
comissões de luta do Movimento. Haverá vantagem para os dois lados.
Livrando-se dos atravessadores, os produtores rurais ganham mais e os
consumidores gastam menos, realizando-se , na prática, a aliança entre os
trabalhadores do campo e da cidade.
A orientação do encontro é , de acordo com a realidade, encaminhar as
reivindicações de solução para os problemas existentes, organizando as
comissões de luta e conduzindo, sempre, do jeito do Movimento.
Nas áreas de pequenos proprietários ou assentamentos dos sem terras há
uma exigência de que se crie Associação para receber os financiamentos
destinados à aquisição de máquinas agrícolas ou realização de benfeitorias na
comunidade.
Teoricamente, não há problema nenhum; pelo contrário, seria uma
forma de organização coletiva. Porém , na prática, há muitos problemas. A
Associação não é uma organização popular, mas uma entidade reconhecida
pelas autoridades, por causa dos Estatutos registrados legalmente. A diretoria
náo é vista como tarefa, mas como cargo. Os sócios elegem o presidente para
resolver os problemas dos associados. O presidente quer ser eleito para tirar
proveito pessoal, econômico ou político. Os diretores brigam entre si para ver
quem manda mais. As associações já nascem ligados aos políticos ou ao
governo municipal , estadual ou federal.
Com tudo isso as Associações são mal administradas, surge a corrupção e
a divisão no meio do povo; destrói a união que havia nas lutas anteriores.
Diante desses problemas o MCL ,desde a sua fundação , optou por não
participar dessas Associações , mas tem enfrentado dificuldades. Muitas vezes
a solução de um problema, por exemplo, a aqusição de um bem para a
comunidade , depende da existência da Associação. Considerando isso, o
Encontro Nacional viu algumas possibilidades de resolver o problema. Uma,
seria as Associações funcionarem do jeito que funcionam as entidades em que
estão registrados os bens do MCL. Nelas os diretores não recebem nada e nem
têm poder de decisão. O nome das entidades só aparece nas necessidades
jurídicas; diante do povo quem aparece é o MCL. A decisão do Encontro foi
colocar essa discussão no roteiro do Encontro Nacional da Terra e a partir daí
tirar as orientações.
ORGANIZAÇAODOSSETORES
MOVE N S
"..JEi , jovem , vamos lutar
pois a vida pode ser bela.."
O MCL está organizando os jovens nas comissões de esporte, lazer e arte.
Temos 43 CLs , com 228 joven. Há 35 times, com 494 participantes. Nas
atividades, envolvemos 1.125 jovens.
Na 2a quinzena de junho/98 o Movimento vai realizar um Encontro
Nacional de Jovens , com o objetivo de formar os jovens para assumirem a
coordenação do seu setor, da base ao nacional. Os assuntos do encontro serão
as 3(três) bandeiras: esporte, arte e lazer , além dos seguintes temas: trabalho,
escola e namoro. Os jovens deverão assumir as despesas do encontro, através
de campanhas de base e caixa comum, além de contribuições dos apoios e
aliados. Poderão , também, reivindicar aos órgãos públicos.
No 26 de outubro - DIA NACIONAL DA JUVENTUDE - deverão ser
realizadas atividades em vista das OLIMPÍADAS DO MCL - ANO 2.000.
2.
CRIANÇAS EADOLESCENTES
" ...Não quero ver tanta criança inocente
passando fome ,morrendo como indigente
eu quero ser criança feliz!"
Refletimos que a criança nasce pura, livre da ideologia burguesa . Sua
postura diante da vida, da realidade, dependerá da formação que dermos a
ela. Enfrentamos um inimigo poderoso, disseminado em toda a sociedade e
que conta com instrumentos muito fortes, como a escola e a televisão, entre
outros.
O MCL está organizando as crianças e adolescentes , assim como os
jovens, em comissões de arte, esporte, e lazer. Temos 16 comissões , com
sessenta e uma crianças e adolescentes. Há dezenove times, com duzentos e
quarenta e dois participantes.
Temos, também , seis escolinhas, com cento e sessenta e dois alunos. São ,
na maioria, aulas de reforço e auxílio aos deveres das escolas oficiais que eles
freqüentam e, em menor parte , para ensinar a crianças que não conseguem
ingressar nas escolas públicas. Nas atividades do MCL participam , em média ,
1500(hum mil e quinhentas) crianças.
A atividade das escolinhas foi avaliada como muito importante , porque
mantém as crianças juntas. Nas escolinhas, além do ensino básico, elas
conhecem a História do Movimento, o Hino, a Bandeira e entram nas
comissões de esporte, arte e lazer. Nas escolinhas, passamos para elas a
ideologia do Movimento e atingimos os adultos, seus pais e mães.
Uma forte discussão foi a respeito do trabalho voluntário dos membros do
MCL nas escolinhas. Já existe essa orientação , mas surgiu problema numa
u
área em que a companheira precisava trabalhar e, para a escolinha náo fechar,
as máes resolveram pagar R$ 5)00(cinco reais) por mês, por criança. O
Encontro refletiu que não está certo receber nenhuma remuneração. O
trabalho das escolinhas é político , assim como conduzir uma luta, organizar
um time,etc. E , pois, trabalho voluntário. Se o trabalho impedir a pessoa de
trabalhar na escolinha , melhor não funcionar do que fazê-lo, cobrando
qualquer remuneração, pois isso prejudica o objetivo do Movimento. Foi dado
o exemplo de uma companheira que, sai de madrugada para a roça , chega de
volta às quatro horas da tarde e ensina às crianças, de cinco às sete da noite.
Houve questionamento se náo seria assistencialismo a escolinha gratuita.
Discutimos e concluímos que náo é assistencialismo , de modo algum , pois as
escolinhas servem à estratégia do Movimento , ajudam na criação do Poder
Popular. Além disso , os pais assumem as despesas da es- colinha. O MCL só
entra com o professor e com a casa, onde ela existe
O Encontro reafirmou a orientação do trabalho voluntário e definiu metas
para melhorar as escolinhas e criá-las , onde não existem ainda.
1. ONDE TÁ EXISTE
Conversar sobre os problemas com as mães e pais , através de visitas às casas ,
reuniões , aplicando roteiro;
colocar mais esporte, arte e lazer para incentivar os alunos;
discutir as finanças com as mães, pais e alunos;
fazer apostila do MCL para ajudar no planejamento das aulas;
aplicar o jeito do Movimento.
PARA CRIAR ESCOLINHAS
Pesquisar a realidade da área , para ver na CL como criar escolinha;
descobrir pessoas que aceitem ensinar do jeito do Movimento e, como
voluntários;
divulgar no Boletim Nacional , experiências de escolinhas já existentes;
priorizar crianças que não estão na escola oficial.
Ainda em relaçáo às crianças , ficou para ser dicutida a bolsa-escola,
inclusive pesquisar os órgãos públicos e no 12 DE OUTUBRO - DIA DA
CRIANÇA - mobilizá-las para encontros, reuniões ou assembléias , com a
finalidade de preparar a pauta de reivindicações a serem apresentadas às
autoridades no 23 DE OUTUBRO- DIA DE LUTA CONTRA A DÍVIDA
EXTERNA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS.
DATAS COMEMORATIVAS
O SAO JOÃO
"...Foi numa noite igual a esta
que tu me deste o teu coração
o céu eslava assim em festa
pois era noite de São João.."
( cancioneiro popular)
...vamos ser compadres, que
São João mandou.."
( costume popular)
O São João é a festa mais popular dos sertões do Nordeste brasileiro e
atinge , também os grandes centros da região e todo o país. As fogueiras , os
casamentos de matuto e as quadrilhas são os pontos mais tradicionais das
festas juninas.
Desde sua fundação , em 1.992, o MCL orienta as CLs a organizarem os
festejos juninos, com os objetivos de resgatar a cultura popular e arrecadar
finanças para o Movimento.
Neste ano de 1.997, os relatos dos estados mostram que o objetivo de
resgatar a cultura popular vem sendo atingido, Houve muitas coisas novas,
muita criatividade, como o coco de roda em Alagoas; o bumba-meu-boi, no
Maranhão; o rodeio e o correio elegante, em Goiás; o batizado .no Maranhão;
o pagode, na Bahia. Do que o Movimento já vinha fazendo , tudo aconteceu:
fogueiras , quadrilhas, forró , comidas típicas,etc.
O São João do MCL aconteceu em 30(trinta) municípios; houve quarenta
e sete festas, atingindo aproximadamente sete mil pessoas. A arrecadação
financeira foi de R$ 1.130,00 (Hum mil, cento e trinta reais), Um aspecto
interessante nas festas juninas é que não houve violência, salvo em uma área.A
segurança foi feita por comissões escolhidas nas reuniões de preparação, entre
os próprios participantes. Na maioria das festas, não foi vendida bebida
alcoólica. Onde se vendeu, foi muito pouco , ninguém ficou embriagado.
O Encontro avaliou que estamos avançando no resgate da cultura
popular, mas ainda é pequena a participação do povo. É fundamental
desenvolvermos a arte popular do jeito do Movimento, pois a arte é , hoje , um dos
principais instrumentos da luta ideológica. Nossa meta é tirar as idéias que a
burguesia coloca na cabeça do povo e estimulá-lo a desenvolver as suas próprias
idéias. Para isso, temos que apresentar na arte um conteúdo ideológico popular e
aperfeiçoar a qualidade, pois não adianta ter uma boa mensagem , mas ser mal
feita, não chamando a atenção das pessoas.
O São João/97 apresenta avanços também na qualidade, pois em vários
lugares nossas quadrilhas e cocos de roda e outra participaram de concursos,
alcançando boas classificações; apresentaram-se em outras áreas, recebendo
aplausos.
Precisamos ter cuidado para não nos empolgarmos com a participação em
concursos, cobertura de televisão e convites para eventos diversos e esquecermos os
objetivos do Movimento ou fazermos concessões , como não apresentarmos a
bandeira, por exemplo.
Quanto às finanças , avançamos na organização e controle , mas o valor
arrecadado foi muito baixo , eqüivalendo a apenas R$ 0,20(vinte centavos) por
pessoa atingida pelas festas. Isso significa que ainda não temos daro que o São João
é o ponto alto da nossa campanha financeira de base em vista de construirmos a
autonomia financeira do MCL.
Houve avanço na retirada ou redução da bebida alcoólica; isso é
importante, porque menos bebida significa mais saúde e menos violência. O desuso
da bebida alcoólica deve ser conseguido através do convencimento e náo da
proibição. Nossa meta é criar um povo alegre, feliz e divertido , sem necessidade de
bebidas ou drogas. Sabemos que a alegria obtida através da bebida ou droga é
artificial e passageira. Quando o efeito passa , a tristeza é maior.
Exceto em uma área, não houve violência no São João e a segurança foi
feita pelos próprios participantes , através de comissões escolhidas nas reuniões de
preparação . Refletimos que é fácil acender a chama da violência. É fácil odiar o
inimigo , o opressor. Difícil é acender a chama da solidariedade, da união entre os
sofridos. Com certeza, não construiremos a nova sociedade, baseada na vida
coletiva, apenas com base no ódio aos inimigos, na coragem de enfrentar as classes
dominantes. É preciso, além disso, desenvolvermos a união, a solidariedade, o amor
entre os sofridos. Só assim substituiremos as relações de opressão , por rela;ções de
companheirismo, de colaboração mútua.
O Encontro manteve as orientações para o São João , já existentes,
chamando a atenção para os aspectos avaliados e para a necessidade de envolver
mais a massa, desde a preparação. Para isso deve-se fazer reuniões por rua e
assembléias populares; distribuir tarefas de acordo com as condições e capacidades
de cada um; iniciar a preparação do São João cedo, logo após o 21 de abril-DIA DE
TIRADENTES. A partir do São João , criar CLs. de arte, permanentes.
ENCERRAMENTO
"...Esta mesa nos ensina
todo o bem que a gente alcança
em comum devemos pôr..."
Encerramos o encontro com uma confraternização emocionante que teve
entre outros pontos;
. Homenagem aos companheiros que trabalharam , gratuitamente, na cozinha
durante o encontro, garantindo a boa alimentação dos participantes. Eles falaram,
>y
emocionados , colocaram que se sentiram participantes , como todos que ali se
encontravam.
. Homenagem especial a " alguém muito especial. Calmo, sereno, tranqüilo, mas com
muita atençáo". Esse alguém é uma criança com menos de três meses que foi levado
por sua máe,pois só assim poderia participar do Encontro. Antônio Dantas, o
Toinho , apontado na homenagem como
símbolo da "Pureza. Não está
contaminado pela ideologia capitalista. É uma semente que precisa ser regada por
nós com a água da ideologia socialista".
, Homenagem aos companheiros falecidos.
. Refeição coletiva , com pratos típicos de cada estado , feitos pelos companheiros
de acordo com os costumes locais.
. Cantamos o Hino do Movimento, de mãos dadas. Abraçamo-nos, rimos e
choramos pela felicidade de teraios estado juntos durante uma semana, trocando
experiências, discutindo os erros e acertos , traçando os ramos da construção de um
grande Movimento de Massas , da criação do Poder Popular , em vista da
eliminação da opressão , da desigualdade , da injustiça que hoje dominam o povo
brasileiro.
" SE DEZ VIDAS TIVESSE, DEZ VIDAS DARIA!"
TIRADENTES
VIVE!
NOTAS
1. Quando falamos em fazer as coisas do "jeito do MCL" , significa aplicar
o Método LINHA DE MASSAS. O Método consiste em pesquisar a massa
para identificar seus problemas, seus interesses, partir do seu nível. Em
seguida, airumar a pesquisa e devolvê-la para a massa, construindo com ela o
plano de ação. O Jeito do MCL coiresponde ao princípio do Movimento - SER
DE MASSAS.
2. Todas as noites , a partir das 21 h. os companheiros apresentavam
números de arte: encenações das lutas e atividades , danças e músicas
próprias da cultura popular dos seus estados . Tivemos coco de roda, bumbameu-boi , quadrilha, baile funk , teatro, poesia , entre outros.
3.
Os jovens, além de participarem das discussões, apresentavam no final
de cada assunto uma dramatização ligada ao assunto concluído , o que
animou e emocionou a todos.
HIATO DO MCL
Lute firme, companheiro
defendendo esta bandeira
juntos, nós seremos fortes
com coragem e disciplina
com respeito e com penhor
sem temer a própria morte.
Dar a vida, pelas vidas
ser valente e viril
lutar como fez o mártir
em defesa do Brasil
Liberdade só teremos
se unidos nós lutarmos
com fustiga, sem traição
A vitória só com luta
dela o progresso virá
seremos forte nação
Salve a terra das Palmeiras
das cortinas verdejantes
salve os guerreiros valentes
do nosso Brasil gigante!
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