E^ V 60 1998 ALIA BOLETIM NACIONAL DO M C L N0 ANO I setembro/97 1 \ rw nn***** ANTES DE ENSINAR AO POVO DEVEMOS APRENDER COM ELE 1 ENCONTRO NACIONAL DO MCI Realizou-se de 20 a 25 de julho de 1.997 em Feira de Santana(BA), o Encontro Nacional do Movimento Das Comissões de Luta - MCL , com o objetivo de avaliar o Movimento a partir da prática e tirar orientações para as bandeiras de luta, datas comemorativas , organização dos setores e finanças. AS BANDEIRAS DE LUTA 1. SOBREVIVÊNCIA COLETIVA ".... A gente junto faz coisa que se duvida muda o rrundo, muda a vida o segredo 6 se unir " O modelo econômico de capitalismo dependente e associado implantado em nosso país desde a colonização, vem agravando dia após dia a situação do povo brasileiro. Mais de metade da população ativa está fora do mercado de trabalho, vivendo abaixo da linha da pobreza. O IBGE divulgou seu levantamento mais recente, acusando aumento do desemprego em todas as regiões do país, sendo as mais atingidas ,pela ordem, Rio de Janeiro , São Paulo e todo o Nordeste. Não se trata de uma crise conjuntural. A remessa anual para os países centrais, de 30(trinta) bilhões de dólares para pagamento de juros, serviços e amortização de uma dívida externa que cresce a cada dia ; a entrega do patrimônio nacional ao grande capital através das privatizações; a concentração de riquezas nas mãos de poucos e sua contrapartida, a pobreza e a miséria da maioria são conseqüências do modelo econômico e só terminarão com a implantação de um novo modelo. Essa mudança, por sua vez, só ocorrerá com a organização consciente do povo sofrido , com o poder popular. A criação desse poder acontece na luta do povo por seus direitos e na oiganizaçáo coletiva pela SOBREVIVÊNCIA O povo está descobrindo que o indivíduo sozinho náo consegue resistir a tanta opressão e que, para lutar , precisa estar vivo. Náo é fácil aderir a formas de sobrevivência coletiva, quando a ideologia burguesa nos leva a um individualismo cada vez maior , introduzindo na cabeça das pessoas as idéias do "salve-se quem puder" , "cada um por si e Deus por todos", "você deve levar vantagem em tudo". É certo , entretanto, que as longas e difíceis caminhadas começam com o primeiro passo. OS PASSOS Os companheiros estáo dando os primeiros passos através de compras coletivas(feira, material escolar) , grupos de trabalho , fabricação coletiva de produtos( confecções , sabão) , criação coletiva de gado , horta coletiva , caixinha coletivo. Para a continuidade dessa bandeira o Encontro orientou: . Fazer pequenas experiências , alcançar resultados e, daí, experiências maiores, conduzindo sempre DO JEITO DO MCL nota n0 1 no final do boletim). partir para (Veja . De acordo com a realidade , promover a troca de experiências entre áreas , municípios e estados; fazer boletins para divulgação das experiências. . Fazer encontros com os mais interessados em vista da criação das Comissões de Luta(CLs.). 2^_ APOSENTADORIA ...Dr. , eu vou completar setenta anos de idade. Trabalho na roça desde os dez anos. Criei filhos , netos, nunca fiz outra coisa na vida. Veja minhas mãos. Agora , não tenho esses documentos que o sr. exige. Então , não sou trabalhador rural? Não posso me aposentar? - Eu acho que o sr. é trabalhador rural , mas a lei diz que não é. Só posso aprovar sua aposentadoria com a apresentação dos documentos que a lei pede. Esse diálogo, travado em Santa Rita-PB , entre um trabalhador rural e o representante do INSS local, expressa o problema mais sentido pelos idosos na zona rural. Eles atingem ou ultrapassam a idade para a aposentadoria , mas não contam com documentos que comprovem sua condição de beneficiário da previdência, de trabalhador rural. As mãos calejadas e o testemunho dos velhos companheiros não bastam. Com a aposentadoria, receberiam um salário mínimo. É pouco , mas representa muito para a sobrevivência deles que nada têm. Em vários lugares os companheiros do MCL têm ajudado idosos na sua peregrinação ao INSS e no levantamento dos documentos exigidos em lei, conseguindo diversas aposentadorias. Esse trabalho, feito individualmente, só dá resultados econômicos; não desenvolve a organização da massa. Só no município paraibano de Santa Rita a CL conseguiu encaminhar a orientação relativa à bandeira da aposentadoria. Outros locais tentaram, mas encontraram muitos obstáculos, como: dificuldade de pesquisar os idosos, em geral distantes uns dos outros; desconhecimento das leis sobre aposentadoria , falta de informações. Em Cajazeiras, outro município paraibano, os companheiros vêm reunindo idosos para atividades de lazer, a partir disso, vão suigindo os problemas. Para a continuidade das lutas em tomo da bandeira da aposentadoria, o Encontro tirou as seguintes orientações: a) A curto prazo . Estudo do boletim contendo as leis sobre aposentadoria e benefícios; . dar pequenos passos a partir dos problemas que forem surgindo , sempre de acordo com a realidade; . ir ao INSS coletivamente; . reunir os que já se aposentaram; . criar comissões de luta de idosos. b) A médio prazo . Realizar assembléias e outras formas de luta para reivindicar às autoridades a aposentadoria e outros benefícios; . ir formulando reivindicações para o projeto-lei de inici ativa popular. c) A longo prazo , Dependendo do nível da luta e organização , fazer projeto-lei de iniciativa popular, . abaixo-assinado e lutas fortes; . encontro nacional de idosos. O DIA 24 DE JANEIRO - DIA DO APOSENTADO - deve ser aproveitado para fortalecer a luta e o setor idoso. 3. MORADIA POPULAR E URBANIZAÇÃO u ... Na minha ma tem tanto lixo e buraco quando chove è tanta água que Inunda o meu barraco..." ( ciranda dos bairros) Números não são necessários para mostrar o que padecem os pobres pela falta de moradia e urbanização. Basta ter os olhos abertos e querer enxergar os morros, as favelas, palafitas, mocambos, barracos , os viadutos e as marquises dos prédios. A grande maioria da população das grandes cidades vive nessa situação. Muitas lutas têm sido encaminhadas , alcançando vitórias em muitos municípios e estados. São ocupações , conquista de casas , proteção para barreiras, muros de animo , água, energia elétrica, asfalto ou calçamento , entre outras. Para continuar a luta e firmar os mais interessados nas comissões , o Encontro orientou: . Fazer levantamento das famílias sem casa , pesquisar o povo sobre q que fazer para resolver os problemas; . devolver para a massa os passos dados na luta; . reunir os mais interessados para avaliar a luta; . juntar as áreas a partir de um roteiro comum; .fazer encontros municipais , estaduais onde houver condições e encontros interestaduais. Os encontros interestaduais deverão ter caráter de animação. 4. SAÚDE POPULAR ...Quem ama não adoece " O povo tem de contar com as próprias forças .inclusive em relação à saúde. Em todos os estados, as companheiras estáo encaminhando essa bandeira( os homens, quase não participam). As experiências mais avançadas estáo no Rio Grande do Sul e Maranhão. No Rio Grande do Sul , cerca de trinta mulheres reunem-se mensalmente para troca de receitas, informações sobre ervas medicinais , cultivam ervas , editam boletim de saúde , fabricam remédios caseiros . No Maranhão , além da feitura e uso de remédios caseiros , as companheiros estão dando os primeiros passos no sentido de alimentação alternativa. Estamos descobrindo que a maioria das doenças tem origem emocional. As preocupações trazem as doenças. Nesses casos, os remédios caseiros aliviam os sintomas, mas não curam. Nós, ainda não sabemos lidar com os problemas emocionais , nem resolvê-los. A partir desse encontro , vamos: . Intensificar a troca de experiências , através de visitas entre as áreas mais próximas, encontros, troca de materiais e edição de um boletim nacional com informações , receitas e experiências; . criar espaço no MCL para discussão dos problemas de saúde emocional; . desenvolver atividades que estimulem a emoção positiva , como festas, lazer, esporte, arte, lutas e estudos coletivos. 5, T ERRA .A terra é de quem a História não nós vamos ganhar trabalha falha " Os males que a concentraçáo de terra tem causado ao povo brasileiro são , por demais , sentidos e conhecidos por todos. Desde o fim da escravidão, os trabalhadores vêm sendo expulsos do campo , onde ficam excluídos, pois não há emprego para eles. Tomam-se biscateiros, pedintes, sem-teto , sem -salário , sem nada .vivendo em condições sub-humanas nas periferias das cidades, debaixo dos viadutos e manquises dos edifícios. O Brasil é o segundo país com maior concentraçáo de terra no mundo: um por cento dos proprietários rurais detém 460/o(quarenta e seis por cento) das terras. Trinta milhões de hectares de terras pertencem a bancos e empresas multinacionais. Existem 4,8 milhões de famílias de trabalhadores rurais sem terra. Diante dessa realidade, os companheiros camponeses estão lutando de acordo com as suas condições. Há ocupações na Paraíba, Pernambuco e Goiás ; lutas de resistência para não serem expulsos da terra , no Maranhão. Têm havido desapropriações. Nos acampamentos, formam-se comissões de esporte, lazer , arte e segurança. Pessoas novas estão assumindo tarefas. O MCL está ficando mais conhecido; está havendo ligação entre as áreas; mas, em muitas áreas não está sendo encaminhada a luta da terra. Desde o ano passado o MCL vem conversando com membros e aliados sobre a necessidade de realizar um Encontro Específico sobre a Terra , para avaliar a luta e tirar orientações. No Encontro Nacional esse assunto foi discutido. Depois de avaliar a luta pela terra na atual conjuntura foi decidido realizar o Encontro Nacional Específico sobre a terra , com o objetivo de animar para a luta. O Encontro será realizado de 12 a 14 de dezembro/97 , com a participação de trabalhadores da base que estão lutando por terra ou já conseguiram a terra na luta e companheiros aliados que pertencem a sindicatos, Igreja ou Movimentos com quem já estejamos fazendo aliança. Foi decidido realizar Encontro Nacional da Terra, com caráter de animação e com a participação dos aliados. O Encontro será preparado nas áreas e municípios. Na Paraíba e em Pernambuco, haverá encontros estaduais. 6. POLÍTICA AGRJCOIA E SERVIÇOS PÚBLICOS NO MEIO RURAL ..Juntando tudo, nossa fé ,nossa verdade nós, da roça e da cidade, fazendo nosso futuro..." Para entender os efeitos da ausência de uma política agrícola voltada para o mercado interno, basta sabermos que o Brasil é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo, mas trinta e dois milhões de brasileiros passam fome. Grande parte da produção perde-se, por falta de condições para transporte e armazenamento dos grãos. Os pequenos produtores vendem muito barato e os alimentos chegam muito caro aos consumidores; os atravessadores e comerciantes é que ficam com os lucros. Se, nas cidades , a assistência à saúde, educação e os serviços básicos sáo precários , imaginem a situação no meio rural. Náo poderia existir maior abandono. Em várias áreas o MCL conduz reivindicações por semente, venenos para combate às pragas, energia elétricos, postos telefônicos , cesta básica e transporte. Em Pernambuco , os companheiros vão fazer a experiência da venda direta dos produtos da roça aos consumidores da periferia do Recife, onde há comissões de luta do Movimento. Haverá vantagem para os dois lados. Livrando-se dos atravessadores, os produtores rurais ganham mais e os consumidores gastam menos, realizando-se , na prática, a aliança entre os trabalhadores do campo e da cidade. A orientação do encontro é , de acordo com a realidade, encaminhar as reivindicações de solução para os problemas existentes, organizando as comissões de luta e conduzindo, sempre, do jeito do Movimento. Nas áreas de pequenos proprietários ou assentamentos dos sem terras há uma exigência de que se crie Associação para receber os financiamentos destinados à aquisição de máquinas agrícolas ou realização de benfeitorias na comunidade. Teoricamente, não há problema nenhum; pelo contrário, seria uma forma de organização coletiva. Porém , na prática, há muitos problemas. A Associação não é uma organização popular, mas uma entidade reconhecida pelas autoridades, por causa dos Estatutos registrados legalmente. A diretoria náo é vista como tarefa, mas como cargo. Os sócios elegem o presidente para resolver os problemas dos associados. O presidente quer ser eleito para tirar proveito pessoal, econômico ou político. Os diretores brigam entre si para ver quem manda mais. As associações já nascem ligados aos políticos ou ao governo municipal , estadual ou federal. Com tudo isso as Associações são mal administradas, surge a corrupção e a divisão no meio do povo; destrói a união que havia nas lutas anteriores. Diante desses problemas o MCL ,desde a sua fundação , optou por não participar dessas Associações , mas tem enfrentado dificuldades. Muitas vezes a solução de um problema, por exemplo, a aqusição de um bem para a comunidade , depende da existência da Associação. Considerando isso, o Encontro Nacional viu algumas possibilidades de resolver o problema. Uma, seria as Associações funcionarem do jeito que funcionam as entidades em que estão registrados os bens do MCL. Nelas os diretores não recebem nada e nem têm poder de decisão. O nome das entidades só aparece nas necessidades jurídicas; diante do povo quem aparece é o MCL. A decisão do Encontro foi colocar essa discussão no roteiro do Encontro Nacional da Terra e a partir daí tirar as orientações. ORGANIZAÇAODOSSETORES MOVE N S "..JEi , jovem , vamos lutar pois a vida pode ser bela.." O MCL está organizando os jovens nas comissões de esporte, lazer e arte. Temos 43 CLs , com 228 joven. Há 35 times, com 494 participantes. Nas atividades, envolvemos 1.125 jovens. Na 2a quinzena de junho/98 o Movimento vai realizar um Encontro Nacional de Jovens , com o objetivo de formar os jovens para assumirem a coordenação do seu setor, da base ao nacional. Os assuntos do encontro serão as 3(três) bandeiras: esporte, arte e lazer , além dos seguintes temas: trabalho, escola e namoro. Os jovens deverão assumir as despesas do encontro, através de campanhas de base e caixa comum, além de contribuições dos apoios e aliados. Poderão , também, reivindicar aos órgãos públicos. No 26 de outubro - DIA NACIONAL DA JUVENTUDE - deverão ser realizadas atividades em vista das OLIMPÍADAS DO MCL - ANO 2.000. 2. CRIANÇAS EADOLESCENTES " ...Não quero ver tanta criança inocente passando fome ,morrendo como indigente eu quero ser criança feliz!" Refletimos que a criança nasce pura, livre da ideologia burguesa . Sua postura diante da vida, da realidade, dependerá da formação que dermos a ela. Enfrentamos um inimigo poderoso, disseminado em toda a sociedade e que conta com instrumentos muito fortes, como a escola e a televisão, entre outros. O MCL está organizando as crianças e adolescentes , assim como os jovens, em comissões de arte, esporte, e lazer. Temos 16 comissões , com sessenta e uma crianças e adolescentes. Há dezenove times, com duzentos e quarenta e dois participantes. Temos, também , seis escolinhas, com cento e sessenta e dois alunos. São , na maioria, aulas de reforço e auxílio aos deveres das escolas oficiais que eles freqüentam e, em menor parte , para ensinar a crianças que não conseguem ingressar nas escolas públicas. Nas atividades do MCL participam , em média , 1500(hum mil e quinhentas) crianças. A atividade das escolinhas foi avaliada como muito importante , porque mantém as crianças juntas. Nas escolinhas, além do ensino básico, elas conhecem a História do Movimento, o Hino, a Bandeira e entram nas comissões de esporte, arte e lazer. Nas escolinhas, passamos para elas a ideologia do Movimento e atingimos os adultos, seus pais e mães. Uma forte discussão foi a respeito do trabalho voluntário dos membros do MCL nas escolinhas. Já existe essa orientação , mas surgiu problema numa u área em que a companheira precisava trabalhar e, para a escolinha náo fechar, as máes resolveram pagar R$ 5)00(cinco reais) por mês, por criança. O Encontro refletiu que não está certo receber nenhuma remuneração. O trabalho das escolinhas é político , assim como conduzir uma luta, organizar um time,etc. E , pois, trabalho voluntário. Se o trabalho impedir a pessoa de trabalhar na escolinha , melhor não funcionar do que fazê-lo, cobrando qualquer remuneração, pois isso prejudica o objetivo do Movimento. Foi dado o exemplo de uma companheira que, sai de madrugada para a roça , chega de volta às quatro horas da tarde e ensina às crianças, de cinco às sete da noite. Houve questionamento se náo seria assistencialismo a escolinha gratuita. Discutimos e concluímos que náo é assistencialismo , de modo algum , pois as escolinhas servem à estratégia do Movimento , ajudam na criação do Poder Popular. Além disso , os pais assumem as despesas da es- colinha. O MCL só entra com o professor e com a casa, onde ela existe O Encontro reafirmou a orientação do trabalho voluntário e definiu metas para melhorar as escolinhas e criá-las , onde não existem ainda. 1. ONDE TÁ EXISTE Conversar sobre os problemas com as mães e pais , através de visitas às casas , reuniões , aplicando roteiro; colocar mais esporte, arte e lazer para incentivar os alunos; discutir as finanças com as mães, pais e alunos; fazer apostila do MCL para ajudar no planejamento das aulas; aplicar o jeito do Movimento. PARA CRIAR ESCOLINHAS Pesquisar a realidade da área , para ver na CL como criar escolinha; descobrir pessoas que aceitem ensinar do jeito do Movimento e, como voluntários; divulgar no Boletim Nacional , experiências de escolinhas já existentes; priorizar crianças que não estão na escola oficial. Ainda em relaçáo às crianças , ficou para ser dicutida a bolsa-escola, inclusive pesquisar os órgãos públicos e no 12 DE OUTUBRO - DIA DA CRIANÇA - mobilizá-las para encontros, reuniões ou assembléias , com a finalidade de preparar a pauta de reivindicações a serem apresentadas às autoridades no 23 DE OUTUBRO- DIA DE LUTA CONTRA A DÍVIDA EXTERNA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS. DATAS COMEMORATIVAS O SAO JOÃO "...Foi numa noite igual a esta que tu me deste o teu coração o céu eslava assim em festa pois era noite de São João.." ( cancioneiro popular) ...vamos ser compadres, que São João mandou.." ( costume popular) O São João é a festa mais popular dos sertões do Nordeste brasileiro e atinge , também os grandes centros da região e todo o país. As fogueiras , os casamentos de matuto e as quadrilhas são os pontos mais tradicionais das festas juninas. Desde sua fundação , em 1.992, o MCL orienta as CLs a organizarem os festejos juninos, com os objetivos de resgatar a cultura popular e arrecadar finanças para o Movimento. Neste ano de 1.997, os relatos dos estados mostram que o objetivo de resgatar a cultura popular vem sendo atingido, Houve muitas coisas novas, muita criatividade, como o coco de roda em Alagoas; o bumba-meu-boi, no Maranhão; o rodeio e o correio elegante, em Goiás; o batizado .no Maranhão; o pagode, na Bahia. Do que o Movimento já vinha fazendo , tudo aconteceu: fogueiras , quadrilhas, forró , comidas típicas,etc. O São João do MCL aconteceu em 30(trinta) municípios; houve quarenta e sete festas, atingindo aproximadamente sete mil pessoas. A arrecadação financeira foi de R$ 1.130,00 (Hum mil, cento e trinta reais), Um aspecto interessante nas festas juninas é que não houve violência, salvo em uma área.A segurança foi feita por comissões escolhidas nas reuniões de preparação, entre os próprios participantes. Na maioria das festas, não foi vendida bebida alcoólica. Onde se vendeu, foi muito pouco , ninguém ficou embriagado. O Encontro avaliou que estamos avançando no resgate da cultura popular, mas ainda é pequena a participação do povo. É fundamental desenvolvermos a arte popular do jeito do Movimento, pois a arte é , hoje , um dos principais instrumentos da luta ideológica. Nossa meta é tirar as idéias que a burguesia coloca na cabeça do povo e estimulá-lo a desenvolver as suas próprias idéias. Para isso, temos que apresentar na arte um conteúdo ideológico popular e aperfeiçoar a qualidade, pois não adianta ter uma boa mensagem , mas ser mal feita, não chamando a atenção das pessoas. O São João/97 apresenta avanços também na qualidade, pois em vários lugares nossas quadrilhas e cocos de roda e outra participaram de concursos, alcançando boas classificações; apresentaram-se em outras áreas, recebendo aplausos. Precisamos ter cuidado para não nos empolgarmos com a participação em concursos, cobertura de televisão e convites para eventos diversos e esquecermos os objetivos do Movimento ou fazermos concessões , como não apresentarmos a bandeira, por exemplo. Quanto às finanças , avançamos na organização e controle , mas o valor arrecadado foi muito baixo , eqüivalendo a apenas R$ 0,20(vinte centavos) por pessoa atingida pelas festas. Isso significa que ainda não temos daro que o São João é o ponto alto da nossa campanha financeira de base em vista de construirmos a autonomia financeira do MCL. Houve avanço na retirada ou redução da bebida alcoólica; isso é importante, porque menos bebida significa mais saúde e menos violência. O desuso da bebida alcoólica deve ser conseguido através do convencimento e náo da proibição. Nossa meta é criar um povo alegre, feliz e divertido , sem necessidade de bebidas ou drogas. Sabemos que a alegria obtida através da bebida ou droga é artificial e passageira. Quando o efeito passa , a tristeza é maior. Exceto em uma área, não houve violência no São João e a segurança foi feita pelos próprios participantes , através de comissões escolhidas nas reuniões de preparação . Refletimos que é fácil acender a chama da violência. É fácil odiar o inimigo , o opressor. Difícil é acender a chama da solidariedade, da união entre os sofridos. Com certeza, não construiremos a nova sociedade, baseada na vida coletiva, apenas com base no ódio aos inimigos, na coragem de enfrentar as classes dominantes. É preciso, além disso, desenvolvermos a união, a solidariedade, o amor entre os sofridos. Só assim substituiremos as relações de opressão , por rela;ções de companheirismo, de colaboração mútua. O Encontro manteve as orientações para o São João , já existentes, chamando a atenção para os aspectos avaliados e para a necessidade de envolver mais a massa, desde a preparação. Para isso deve-se fazer reuniões por rua e assembléias populares; distribuir tarefas de acordo com as condições e capacidades de cada um; iniciar a preparação do São João cedo, logo após o 21 de abril-DIA DE TIRADENTES. A partir do São João , criar CLs. de arte, permanentes. ENCERRAMENTO "...Esta mesa nos ensina todo o bem que a gente alcança em comum devemos pôr..." Encerramos o encontro com uma confraternização emocionante que teve entre outros pontos; . Homenagem aos companheiros que trabalharam , gratuitamente, na cozinha durante o encontro, garantindo a boa alimentação dos participantes. Eles falaram, >y emocionados , colocaram que se sentiram participantes , como todos que ali se encontravam. . Homenagem especial a " alguém muito especial. Calmo, sereno, tranqüilo, mas com muita atençáo". Esse alguém é uma criança com menos de três meses que foi levado por sua máe,pois só assim poderia participar do Encontro. Antônio Dantas, o Toinho , apontado na homenagem como símbolo da "Pureza. Não está contaminado pela ideologia capitalista. É uma semente que precisa ser regada por nós com a água da ideologia socialista". , Homenagem aos companheiros falecidos. . Refeição coletiva , com pratos típicos de cada estado , feitos pelos companheiros de acordo com os costumes locais. . Cantamos o Hino do Movimento, de mãos dadas. Abraçamo-nos, rimos e choramos pela felicidade de teraios estado juntos durante uma semana, trocando experiências, discutindo os erros e acertos , traçando os ramos da construção de um grande Movimento de Massas , da criação do Poder Popular , em vista da eliminação da opressão , da desigualdade , da injustiça que hoje dominam o povo brasileiro. " SE DEZ VIDAS TIVESSE, DEZ VIDAS DARIA!" TIRADENTES VIVE! NOTAS 1. Quando falamos em fazer as coisas do "jeito do MCL" , significa aplicar o Método LINHA DE MASSAS. O Método consiste em pesquisar a massa para identificar seus problemas, seus interesses, partir do seu nível. Em seguida, airumar a pesquisa e devolvê-la para a massa, construindo com ela o plano de ação. O Jeito do MCL coiresponde ao princípio do Movimento - SER DE MASSAS. 2. Todas as noites , a partir das 21 h. os companheiros apresentavam números de arte: encenações das lutas e atividades , danças e músicas próprias da cultura popular dos seus estados . Tivemos coco de roda, bumbameu-boi , quadrilha, baile funk , teatro, poesia , entre outros. 3. Os jovens, além de participarem das discussões, apresentavam no final de cada assunto uma dramatização ligada ao assunto concluído , o que animou e emocionou a todos. HIATO DO MCL Lute firme, companheiro defendendo esta bandeira juntos, nós seremos fortes com coragem e disciplina com respeito e com penhor sem temer a própria morte. Dar a vida, pelas vidas ser valente e viril lutar como fez o mártir em defesa do Brasil Liberdade só teremos se unidos nós lutarmos com fustiga, sem traição A vitória só com luta dela o progresso virá seremos forte nação Salve a terra das Palmeiras das cortinas verdejantes salve os guerreiros valentes do nosso Brasil gigante!