AU TO RA L UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PE LA LE I DE DI R EI TO PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EN TO PR OT EG ID O OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA PRÉESCOLA: REFLEXÕES ENTRE O CUIDAR E EDUCAR. DO CU M AUTORA:RAIMUNDA ANGÉLICA DA CONCEIÇÃO SANTOS Prof. Orientador: Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Salvador 2013 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA PRÉESCOLA: REFLEXÕES ENTRE O CUIDAR E EDUCAR. AUTORA:RAIMUNDA ANGÉLICA DA CONCEIÇÃO SANTOS Monografia apresentada Ao Instituto A Vez do Mestre como requisito para obtenção do título de especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento. Prof. Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho Salvador 2013 AGRADECIMENTOS De tudo ficaram três aprendizados eternos: a certeza de que estamos sempre recomeçando, a certeza de que é preciso continuar sempre e a certeza que seria impossível chegar até aqui sem o apoio, carinho e dedicação de pessoas tão importantes na minha vida... Quero agradecer primeiramente a Deus e sua mãe Maria, por me darem coragem e novas forças a cada amanhecer. Aos meus pais, exemplo de amor e simplicidade. A minha irmã Mara pelo constante apoio na minha trajetória como educadora. As minhas filhas Bárbara e Maria Rafaella pelo amor e compreensão. Ao Colégio Mediterrâneo que ao longo desses anos acreditou em mim como profissional. DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho as crianças do “Colégio Mediterrâneo”, que fizeram despertar o meu interesse em conhecer cada vez mais o universo infantil. A criança em si é um espetáculo de vida É renovação de espírito, É o anseio de nossa alma, É a esperança contida. Vejo no olhar de cada criança Um misto de ternura e verdade É um desejo que nasce no peito, De um mundo melhor, mais felicidade. (autor desconhecido) RESUMO Esta pesquisa intitulada “Os processos de ensino e aprendizagem na préescola: reflexões entre o cuidar e educar”, tem por objetivo entender qual a relação existente entre o binômio cuidar-educar no âmbito da educação infantil. Para tal se faz necessário uma busca na trajetória histórica sobre a infância, pois existiram fatos relevantes no contexto sócio histórico que nos remeteram a uma visão assistencialista da educação das crianças da pré-escola. Esta monografia é fundamentada a luz dos teóricos: Jean Piaget (1995), Lev Semionovich Vigotsky (2008), Henri Wallon (1995), os quais nos conduzem a uma reflexão filosófica no campo da produção do conhecimento das crianças. No entanto, estes dois princípios indissociáveis cuidar e educar estão imbricados nos aspectos físico, social, afetivo, cognitivo e emocional, que serão mediados pelo professor por caminhos mais promissores para o desenvolvimento dessas crianças. O problema dessa pesquisa cunhou sobre a seguinte questão: como ocorre o processo de ensino e aprendizagem na pré-escola? No transcorrer da pesquisa evidencia-se que cuidar e educar são fatores intrínsecos no processo de ensino e aprendizagem da préescola. Palavras-chave: Educar. Cuidar. Infância. Prática Pedagógica. METODOLOGIA A metodologia adotada para este trabalho foi o estudo bibliográfico, no qual foram lidos autores e documentos pertinentes e importantes ao tema aqui desenvolvido. Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. Serve como procedimento básico para o estudo monográfico, pelos quais se busca o domínio do “estado da arte” sobre determinado tema. As referências bibliográficas foram de extrema importância para conceituar o conteúdo abordado. A fundamentação teórica foi baseada no conhecimento geral de autores como: Philippe Ariés, Zilma Ramos Oliveira, Tereza Cristina Rego, Izabel Galvão, Barry Wadswort, dentre outros. Vale ressaltar o Referencial Curricular Nacional para educação infantil, o qual se destaca pelo papel específico na orientação que exerce na construção social das crianças da pré-escola. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 9 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA ACERCA DA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................................... 12 1.1 UMA INCURSÃO SOBRE OS MARCOS LEGAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL............................................................................................................... 15 1.2 DEMANDAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................... 2 18 AS CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET, VIGOTSKY E WALLON PARA COMPEENSÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA PRÉESCOLA 2.1 AS CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY 21 26 2.2 AS CONTRIBUIÇÕES DE WALLON 28 3 31 A RELAÇÃO ENTRE O CUIDAR E EO EDUCAR NA PRÉ-ESCOLA 3.1 A IMPORTÂNCIA DO CUIDAR 33 3.2 A IMPORTÂNCIA DO EDUCAR 35 3.3 O PROFESSOR NO BINÔMIO EDUCAR E CUIDAR NA PRÉ_ESCOLA 37 CONCLUSÃO 39 REFERÊNCIAS 41 9 INTRODUÇÃO Esta pesquisa partiu das indagações que são feitas ao tentar entender o que é necessário para desenvolver as habilidades e competências das crianças na préescola. Ao trabalhar com crianças pequenas deve-se ter como principio conhecer suas peculiaridades, ou seja, sua história, seus interesses e necessidades, mediante a esses aspectos aproveita-se a relevância de compreender a ação de cuidar nas instituições infantis. O desenvolvimento deste trabalho perpassa pela reflexão do assistencialismo ao processo de cuidar e educar as crianças de 4 a 5 anos, fase atualmente denominada como pré-escola. A educação infantil apresentou ao longo dos séculos uma equivocada conotação assistencial. Esta concepção passou por grandes transformações nos últimos anos, onde o foco assistencialista deu lugar a uma proposta pedagógica na qual o desenvolvimento da criança é visto de forma integral de suas especificidades (psicológicas, emocionais e cognitivas) que devem ser respeitadas e mediadas. Este estudo tem como objeto “Os processos de ensino e aprendizagem na pré-escola: reflexões entre o cuidar e educar, à luz das contribuições teóricas de Piaget (1995), Vigotsky (2008), Wallon (1995), Wadswort (1995), colaboradores que nos despertaram para um novo olhar sobre o sujeito que ensina e aprende. A trajetória percorrida para preparação desta pesquisa considerou um levantamento bibliográfico designado à literatura que trata do tema. A organização metódica e planejada da nossa pesquisa abrangeu os seguintes procedimentos: delimitação do objeto de pesquisa, levantamento da bibliografia referente ao tema, leitura e fichamento de alguns dessas leituras, construção do trabalho e redação do texto. Após diversos momentos reflexivos, selecionamos o assunto que mais nos instigava como objeto de estudo, ou seja, uma gênese da articulação do cuidar e educar na pré-escola. Tratando-se de um trabalho de cunho bibliográfico, foi fundante pesquisar e consultar literaturas que legitimassem e embasassem as controvérsias referentes ao tema. As reflexões acerca do problema: como ocorrem os processos de ensino e aprendizagem na educação infantil? Motivou-nos a diversas buscas referentes a 10 esse contexto, foram vivências significativas no meu estudo de graduanda em pedagogia. À medida que procedemos as leituras e que os elementos importantes foram surgindo elaboramos a documentação, que se configurou em apontamento para construir a pesquisa, enfim as experiências, os debates, as práticas docentes foram contribuições intelectuais preeminentes nesta busca. Todas as técnicas usadas nos favoreceram na eficiência do trabalho, toda essa organização nos conduziu a um estudo, embasado/fundamentado e dessa forma, elaboramos a construção lógica da pesquisa que foi redimensionada em três partes essenciais que são elas: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Dentro dessa disposição funcional que se desenvolveu o raciocínio demonstrativo do discurso em questão. Dessa maneira no primeiro capitulo se fez necessário reconhecer os fatos históricos que contribuíram com as concepções educacionais antagônicas da educação infantil, durante muitos séculos a criança pequena era considerada um ser sem valores e não era considerado a existência da sua identidade pessoal. O que contribui para uma educação precária e compensatória. Tais posicionamentos só vieram a evoluir a partir dos marcos legais, ou seja, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, foi definida uma nova doutrina em relação a infância que é: “ a criança como sujeito de direitos”. A visão das crianças foi substituída pela ótica de um ser que participa ativamente do seu processo de construção de conhecimentos por meio das suas interações sociais e culturais. Considerando uma nova etapa de construção da ideia de educação das crianças, veremos no segundo capitulo as concepções dos teóricos: Piaget, Vigotsky e Wallon, eles mostram a capacidade que as crianças têm de construir, conhecer e aprender a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio. Esse trabalho formativo é concebido através da interação entre criança-criança e criançaprofessor, em todo esse processo o afeto é um regulador da ação. O terceiro capítulo culmina definindo as práticas indissociáveis de cuidar e educar na pré-escola e também com o agir pedagógico nessa função integrada. Dessa forma este estudo propõe aos professores refletir acerca das questões relacionadas à infância, o cuidar/educar de forma constante e dialética nas situações de aprendizagem. 11 Durante muito tempo a função de cuidar e educar foram entendidas de maneira equivocada. Contudo, essa dimensão educativa é de suma relevância na ação do professor contemporâneo, pois as aprendizagens passam a ter significados no universo infantil, a partir da afetividade que surgem através da promoção de ações acolhedoras e instigadoras. O ato de cuidar e educar não é uma dupla tarefa e sim uma ação unificada para o desenvolvimento das crianças na educação infantil. Por fim, esta pesquisa é significativa para entendermos que o ato de cuidar é a base de todas as relações, sendo assim é muito importante no ato de educar. A esse respeito evidencia-se que é imprescindível cuidar para educar, pois são dois fatores intrínsecos no processo de ensino e aprendizagem na pré-escola. 12 1 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA ACERCA DA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL Este capitulo aborda no seu bojo aspectos históricos que situam a trajetória da educação infantil, enfatizando concepções de criança, os marcos legais, as demandas do Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil (RCNEI) e dos processos de aprendizagem nesse segmento. Cada época possui uma maneira própria de considerar as crianças. Na antiguidade as crianças representavam o pecado e como as famílias eram patriarcais, o poder do pai era absoluto permitindo a ele decidir sobre a vida dos filhos pequenos, expondo-os às diversas situações adversas ou abandonando-os. Existia pelas crianças um sentimento indiferente. Ariès (2006), afirma que a ideia sobre infância foi sendo historicamente construída e que a criança, por muito tempo, não foi vista como ser em desenvolvimento e sim adulto em miniatura, pois não havia distinção entre o mundo adulto e infantil. Para Ariès (2006, p.17) até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse mundo. É dessa maneira que era retratada a infância. Percebemos que a imagem infantil não era agradável de ser lembrada, existindo assim, uma reserva para despertar sentimentos de afeição. Ariès (2006) explica que esse sentimento da infância pode ser ainda melhor percebido através das reações críticas que provocou no fim do século XVI e, sobretudo, no século XVII, quando algumas pessoas “rabugentas” consideravam insuportável a atenção que se dispensava então às crianças: sentimento novo também, como que o negativo do sentimento da infância a que chamamos de “paparicação”. Embora essa visão infantil tenha precedido durante muitos séculos, essa análise nos permitira conhecer os erros históricos numa visão contemporânea. Com o desenvolvimento científico e a expansão comercial por volta dos séculos XVIII e XIX, tornou-se maior a necessidade de mão de obra para trabalhar nas indústrias. Devido à inserção da mulher no mercado de trabalho, surgem as instituições de educação infantil na Europa. 13 Durante muito tempo as instituições organizavam seus espaços com a função de assistência, de custódia e de higiene das crianças menos favorecidas. Nessa época as teorias defendiam ideias bem pejorativas relacionadas às crianças. O que afirmam Craides e Kaercher (2001, p.14): (...) Outro fato que precisa ser lembrado é que muitas teorias nesta época também estavam interessadas em descrever as crianças, sua natureza moral, suas inclinações boas ou más. Defendiam ideias de que proporcionar educação era, em alguns casos, uma forma de proteger a criança das influências negativas do seu meio e preservar-lhe a inocência, em outros, era preciso afastar a criança da ameaça da exploração, em outros, ainda, a educação dada às crianças tinha por objetivo eliminar as suas inclinações para a preguiça, a vagabundagem, que eram consideradas “características” das crianças pobres. Assim podemos notar que a construção da imagem infantil necessitava de uma visão mais otimista da infância. Assim surge Rousseau (1968), que criou um cenário de conquistas para as crianças e uma proposta educacional que combatia preconceitos, o autoritarismo e a severidade, o que resgatava o valor infantil. Segundo Rousseau (1968), as crianças têm maneira de ver, sentir e pensar que lhes são próprias e só aprendem através da conquista ativa, ou seja, quando elas participam de um processo que corresponda à sua alegria natural.(OLIVEIRA, 2008). Segundo Oliveira (2008), Rousseau revolucionou a educação de seu tempo, pois ele afirmava que a infância não era apenas uma via de acesso, e nem um período para a vida adulta, descobre-se que a criança tem necessidades próprias e precisa de cuidados, amor e respeito. As ideias de Rousseau favoreceram as concepções de Pestalozzi (1997), sendo antagônico a uma visão educacional tradicional, pautava suas concepções de práticas educativas na bondade e no amor. Através de Pestalozzi, a educação se ordenou na percepção para surgir à agilidade nas ações. (OLIVEIRA, 2008). Em consonância surge Froebel que defendia a evolução natural da criança e enfatizava a importância do simbolismo infantil. Em 1837, criou o “jardim de infância”, com a afirmação de que as crianças eram “pequenas sementes”, cujo “ jardineiro” seria o professor. Os “jardins de infância” iniciam uma visão pedagógica, onde, a criança começa a se expressar através da linguagem e percepção sensorial, diversos recursos e atividades pedagógicas, ou seja, as crianças passaram a vivenciar o mundo infantil. Assim a infância tomou o seu lugar na história, as teorias de Froebel foram gradativamente inseridas nas instituições de um modo geral. (OLIVEIRA, 2008) 14 No século XX surgem dois médicos interessados pela educação infantil, os quais contribuíram significativamente com o cenário educacional. Decroly (2008) elaborou um aprendizado global com materiais concretos, para ele a criança deve ser criança e não um adulto em potencial, a partir desse pressuposto deriva sua proposta pedagógica. Já Montessori (2008), ocupa também papel de destaque, o método Montessori introduziu novas técnicas nos jardins de infância, calcados nas informações científicas sobre o desenvolvimento infantil,ou seja, a evolução mental da criança acompanha seu crescimento biológico. O seu método era designado a crianças com e sem deficiências. Faz-se importante citar que Montessori criou diversos materiais didáticos especialmente elaborados para educação motora, como também o mobiliado escolar com tamanho reduzido e a casinha de boneca. Os médicos educadores citados tinham a concepção que a escola deveria girar em torno do aluno. (OLIVEIRA, 2008). Muitos fatos ocorrem na educação das nossas crianças pequenas, foram diversos educadores empenhados em construir uma educação com bases sólidas. Contudo, as transformações sociais ocorridas na Europa influenciaram o Brasil e a partir do século XX era o momento de resinificar as formas de educar as nossas crianças, pois as instituições infantis incluindo as brasileiras, preservavam a cunho assistencial e não criava condições socioculturais para o desenvolvimento das crianças. A escolaridade destinada às crianças passou por momentos de expansão e retraimento, os autores citados ao longo desse capitulo estabeleceram um sistema de ensino centrado na criança, porém muitos entraves teriam que ser superados. Surge também Freinet (2008), que renovou ainda mais as práticas educativas, com a visão que a escola deveria extrapolar os limites da sala de aula, estabelecendo assim às aulas passeio, mesmo não dedicando seu trabalho as crianças pequenas, seu legado causou marcas nas práticas didáticas infantis em diversos países. (OLIVEIRA, 2008). Essas contribuições teóricas causaram na sociedade contemporânea uma consciência da importância da primeira infância, as famílias começaram a despertar sentimentos de preocupação com educação dos seus filhos e criou-se um espaço para o posicionamento expressivo para buscar soluções e extinguir os modelos assistenciais dados aos mais pobres e se basear em ricas experiências baseadas nos “jardins de infância”, predominantes nas classes sociais privilegiadas. Passou-se 15 a dar importância à infância como etapa fundamental e decisiva na formação da personalidade, percebe-se uma preocupação com “cuidar e educar as crianças”, assim o campo da psicologia oferecia informações para compreender o desenvolvimento das crianças, assunto que será visto posteriormente. A intenção deste capítulo é deixar claro o processo histórico que a criança passou até ser reconhecida como sujeito social de direitos, com sentimentos e capaz de fazer descobertas. E para entendermos como os processos legais são preponderantes nesta transformação social, iniciaremos uma análise das leis voltadas para a educação. 1.1 UMA INCURSÃO SOBRE OS MARCOS LEGAIS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL Mediante a tantas controvérsias no nosso cenário educacional surge uma mudança significativa, em 1961 é aprovada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 4024/61. Iniciaremos uma análise nesta pioneira LDB, que traz no seu bojo, dois artigos destinados a educação infantil. Assim dispunha essa lei: Art. 23 – “A educação pré- primária destina-se aos menores de até 7 anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins - de- infância”. Art. 24 – “As empresas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão estimuladas a organizar e manter, por iniciativa própria ou em cooperação com os poderes públicos, instituições de educação préprimária”. A LDB evidenciou uma visão assistencialista e uma atuação compensatória para sanar a ausência de mães trabalhadoras. Não se percebe a obrigatoriedade na inserção das crianças nas escolas maternais ou jardins de infância. Sendo assim fica claro que as crianças de baixa renda deveriam ser acolhidas nas instituições, para que suas mães desenvolvessem suas atividades profissionais, todo esse contexto envolve as questões sociais e políticas que mais uma vez acaba refletindo de forma notória na formação educacional das crianças pequenas. Os espaços escolares continuavam sendo organizados de forma filantrópicas e assistenciais, para atender a sociedade industrial com um efeito tecnicista, existiam preocupações com cuidados higiênicos e nutricionais, negando o direito de ensino e aprendizagem das crianças. Em 1971 é implementada a Lei n. 5. 692, que apresenta no seu bojo questões relevantes para agravar ainda mais a educação compensatória e de cunho 16 assistencial. A respeito da educação de crianças pequenas, a Lei n. 5.692/71designa ao estado: “Os sistemas de ensino velarão para que as crianças de idade inferior a sete anos recebam conveniente educação em escolas maternais, jardins de infância e instituições equivalentes”. (BRASIL, 1977). Sendo assim, fica clara a omissão da legislação perante a educação das crianças, como também confirma que os menos favorecidos continuavam sem a garantia legal de uma pré- escola condizente com o desenvolvimento das estruturas afetivas, sociais e cognitivas. O ingresso das mulheres cada vez maior no mercado de trabalho tecia debates sobre a extinção de uma “educação compensatória” em defesa de um padrão educativo voltados para educação e ensino. Historicamente no Brasil existiram fatos que demonstraram o descaso com as crianças menos favorecidas entre eles: a roda dos expostos, as criadeiras e a casa da criança, o que permeio durante muito tempo. Essas polêmicas da educação assistencialista passaram a ser desacreditada o que afirma Oliveira (2008, p.111): No entanto, o descrédito da educação pré- escolar enquanto política educacional com maior impacto continuou perdurando. Durante os governos militares, assistiu-se ao embate entre programas federais de convênio com entidades privadas de finalidade assistencial, para atendimento ao pré- escolar, e a defesa, em nível municipal, da creche e da pré- escola com função educativa. Discursos diversos as destacavam como instrumentos de preparo para a escolarização obrigatória. Isso ocorreu porque o interesse pela educação pré- escolar expresso pelas camadas médias foi sendo gradativamente compartilhado por número cada vez maior de famílias de baixa renda, que passaram a reivindicar o que poderia representar uma conquista em seu projeto político. Substituir essa concepção de educação assistencialista envolve aspectos políticos. Deve-se atentar toda a sociedade a rever as concepções da infância e o papel do Estado numa polêmica-assistencial versus educativa, a abertura política permitiu o reconhecimento social desses direitos com a promulgação da carta magna de 1988. A Constituição Federal de 1988 representa a mudança de transição do regime militar para a democracia, esse avanço democrático reflete obrigações existentes na relação entre o Estado e os indivíduos e define claramente a educação das crianças de zero a seis anos. O artigo 208, inciso IV, explicita que: Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 17 IV- atendimento em creche e pré- escola às crianças de zero a seis anos de idade. Dessa forma, pela primeira vez no Brasil, garantiu como direito das crianças de zero a seis anos de idade e dever do Estado o atendimento a criança como ser social de direitos, um desenvolvimento integral assegurado por lei, rompendo assim com a visão assistencialista e desigual, ao mesmo tempo em que reflete algumas das conquistas em defesa da educação das crianças pequenas, continua a luta por uma educação de qualidade. Partindo dos pressupostos de uma visão reconhecida de instituição educacional, as crianças passam a participar de um amplo movimento de mudanças, direitos a receber uma educação de qualidade receber um atendimento pleno para o desenvolvimento integral. Alguns documentos legais vão surgindo para reafirmar os direitos das crianças, a década de 90 foi marcada pela promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal de n. 8.069/90, que em seu artigo 15 ratifica: Art. 15- A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Esse artigo do ECA confirma a construção de uma nova forma de olhar a infância, apresenta uma infância com direito ao afeto, direito de brincar, direito de sonhar com direito a participação na sociedade. As propostas pedagógicas devem considerar as crianças integralmente. No processo de construção da democracia e de uma nova concepção da infância é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n. 9.394/96, surge uma visão sistematizada da préescola, a expressão “Educação Infantil’, aparece na LDB pela primeira vez, um marco de grande significação, pois nas legislações educacionais anteriores, a educação de crianças pequenas não constava como responsabilidade do Estado. É importante reconhecer que essa lei chega para nos situar e para desvelar o significado desse ordenamento jurídico, destacamos a reflexão do artigo 29: Art. 29- A educação infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade. 18 Fica claro que a lei traz no seu bojo uma proposta de organização, que priorizam o atendimento da criança da educação infantil na sua total integralidade de suas necessidades e potencialidades físicas, psicológicas, intelectuais, sociais e culturais. Portanto, o artigo 29 aponta para ações indissociáveis de educação e cuidado, aquele cuidado que forma e educa que veremos mais posteriormente um estudo acerca desse assunto. A partir de todo esse envolvimento por uma educação infantil de qualidade para as crianças brasileiras o Ministério da Educação e Cultura (MEC) divulga, em 1998, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), com o objetivo de resinificar práticas numa ação integrada. O RCNEI apresenta a criança como sujeito histórico e social com capacidades próprias de agir e pensar o mundo em consonância com a sua totalidade, iremos assim fazer um breve analise sobre este guia de cunho educacional. 1.2 DEMANDAS PARA EDUCAÇÃO INFANTIL O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil representa um exemplo de currículo para o contexto da educação infantil no Brasil, apresenta diferentes linguagens para a criança avançar na construção dos seus conhecimentos. Nesse sentido faz-se necessário compreender, ao contrário do que muitos imaginam, o Referencial Curricular Nacional (RCN) não é um documento normativo e sim uma referência, dentre tantas outras, para elaboração das propostas pedagógicas de cada instituição. Como forma de ampliar a visão a respeito do RCNEI vale ressaltar que Considerando e respeitando a pluralidade e diversidade da sociedade brasileira e das diversas propostas curriculares de educação infantil existentes, este Referencial é uma proposta aberta, flexível e não obrigatória, que poderá subsidiar os sistemas educacionais, que assim o desejarem, na elaboração ou implementação de programas e currículos condizentes com suas realidades singularidades. Seu caráter não obrigatório visa a favorecer o diálogo com propostas e currículos que se constroem no cotidiano das instituições, sejam creches, pré-escolas ou nos diversos grupos de formação existentes nos diferentes sistemas. (BRASIL, 1998, p.14) Desse modo o RCN, aponta uma proposta de mudança nos espaços educativos das crianças pequenas, porém deixa uma liberdade de segmento de escolha dos sujeitos envolvidos nos processos de mudança da esfera educacional infantil. A busca da qualidade educacional daqueles que participaram dessa 19 empreitada, não visaram estabelecer uma obrigatoriedade com este material de suporte e sim a realização de um trabalho prazeroso e enriquecedor nas discussões pedagógicas, na elaboração dos projetos e nas diversas situações de aprendizagem das crianças pequenas brasileiras. De acordo com a construção de uma proposta pedagógica adequada Oliveira (2008, p.169), apresenta uma afirmação condizente com a proposta do RCN. Construir uma proposta pedagógica implica a opção por uma organização curricular que seja um elemento mediador fundamental da relação entre a realidade cotidiana da criança- as concepções valores e os desejos, as necessidades e os conflitos vividos em seu meio próximo- e a realidade social mais ampla, com outros conceitos, valores e visões de mundo. Envolve elaborar um discurso que potencialize mudanças, que oriente rotas. Em outras palavras, envolve concretizar um currículo para as crianças. Sendo assim quando falamos em educação infantil, temos que elaborar uma proposta que envolva a família e a comunidade, deverá ser criada condições internas e externas com destaque para a organização do espaço e do tempo entre outros aspectos favoráveis ao desenvolvimento da criança. Considerando esses aspectos preponderantes o RCNEI explana essas condições que iremos vislumbrar: a) o respeito à dignidade e os direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais,econômicas,culturais, étnicas, religiosas etc; b) o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; c) o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento; d) das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e a estética; e) a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; f) o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. (BRASIL, 1998, p. 13). É importante ressaltar que dar ênfase na criança em seus processos de constituição como ser humano em diferentes contextos sociais, culturais, intelectuais, artísticos e expressivos são princípios considerados importantes no RCNEI, para que as crianças desenvolvam suas especificidades. Assim, permite-nos significar o Referencial como instrumento potencializador para favorecer o desenvolvimento das estruturas sociais e cognitivas. Este documento traz como pano de fundo uma modificação da concepção assistencialista e tenta inserir uma proposta nas práticas que privilegiam os cuidados físicos, os aspectos emocionais e os cognitivos. Iremos assim, suscitar um estudo nas propostas da pré-escola, 20 esclarecendo o processo de desenvolvimento que as atividades pedagógicas podem proporcionar. Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita ) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva. (BRASIL, 1998, p.63). Desse modo, o RCNEI, apresenta diferentes linguagens para a criança avançar na construção dos seus conhecimentos e traz suporte teórico para realização dessas práticas educativas advindas das mais diversas experiências sociais, afetivas e cognitivas. Esse suporte teórico encontra-se ancorado nas teorias de: Jean Piaget (1995), Lev Semionovitch Vigotsky (2008) e Henry Wallon (1995), que situa reflexões do processo de ensino, aprendizagem e desenvolvimento das crianças, que analisaremos posteriormente, como também analisaremos as concepções desse autores contemporâneos que tanto ofereceram formas de compreender de maneira individual, numa perspectiva abrangente sobre: criança, cuidar e aprendizagem. 21 2 AS CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET, VIGOTSKY E WALLON PARA COMPREENSÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA PRÉESCOLA Neste capítulo faremos uma incursão acerca dos pressupostos epistemológicos sócio histórico e afetivos sobre o desenvolvimento infantil, ressaltando a questão do processo de ensino e aprendizagem sobre a luz dos teóricos Piaget (1995), Vigotsky (2008) e Wallon (1995). Esses teóricos são importantes contribuidores nos desvelamentos da compreensão do desenvolvimento humano, sobretudo, no que concerne aos processos que envolvem a construção do conhecimento. Assim, a epistemologia genética e o construtivismo em Piaget, a concepção sócio histórica e sócio interacionista em Vigotsky e a psicogênese da pessoa completa em Wallon são pontos fecundos e relevantes para compreensão do nosso objeto de estudo. Jean Piaget nasceu em 1986, em Neuchâtel, na Suíça, biólogo e epistemológico, construiu sua teoria ao longo de mais de 50 anos de pesquisa. Preocupou-se com várias áreas do conhecimento, porém deu mais ênfase ao desenvolvimento intelectual da criança. A preocupação central de Piaget foi “o sujeito epistêmico”, ou seja, o estudo dos processos do pensamento presentes desde a infância até a fase adulta. Foi considerado um dos grandes psicólogos do século XX, embora se considerasse um epistemológico, Piaget sempre esteve envolvido em averiguar como se constrói o pensamento e o desenvolvimento da inteligência humana. Para Piaget, a criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo o momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Esta interação com o ambiente possibilita a construção de estruturas mentais ou cognitivas. (WADSWORT, 1995). Dessa forma, para entendermos o processo do desenvolvimento intelectual de uma criança, partiremos da ideia de que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente. Segundo Wadswort (1995), a adaptação é a essência do funcionamento intelectual, assim como, a essência do funcionamento biológico. Ainda segundo o autor, a adaptação acontece através da organização de estímulos e sensações. 22 Esse processo de adaptação é realizado sob duas operações, a assimilação e a acomodação. É importante ressaltar que Piaget usou o termo esquema para ajudar a entender as crianças na estruturação dos correlatos mentais. E sobre esquema Wadswort (1995, p.2), esclarece que: esquemas podem ser pensados simplesmente como conceitos ou categorias. Uma outra analogia pode ser a de um arquivo, no qual cada ficha representa um esquema. Os adultos têm muitas fichas ou esquemas. Estes esquemas são usados para processar e identificar a entrada de estímulos. Dessa maneira, o organismo está apto a diferenciar estímulos e a generalizar. A criança, quando nasce, apresenta poucos esquemas (fichas no arquivo). À medida que se desenvolvem, seus esquemas tornam-se mais generalizados, mais diferenciados e progressivamente mais “adultos”. Sendo assim percebe-se que a criança apresenta poucos esquemas e à medida que se desenvolve e são confrontadas com desafios, são ampliados, generalizados e diferenciados. Na proporção gradativa que as crianças tornam-se mais capazes de propagar os estímulos, os esquemas vão se aprimorando na medida em que a criança estabelece contato com o mundo, ou seja, na medida em que a criança se desenvolve e defronta-se com estímulos apresenta um maior número de estruturas intelectuais que organizam o pensamento. No decorrer da infância, as interações sobre os objetos são bastante importantes, pois devido à aplicação do mesmo esquema as diferentes ações a criança consegue adaptar-se a situações diferentes. Assim, podemos constatar que as crianças da pré-escola aprendem muitas coisas importantes por meio de suas próprias descobertas. E assim as estruturas do desenvolvimento cognitivo se transformam durante o período da Educação Infantil, a partir das interações das crianças com as situações de aprendizagem, serão promovidos desafios nos quais ocorrerá a aproximação das crianças com os conhecimentos. Evidencia-se que a criança na pré-escola torna-se mais perspicaz ao confrontar-se com os diversos desafios e transformá-los gradativamente, o que se constata que os esquemas são ampliados nesta fase. Os esquemas cognitivos do adulto são derivados dos esquemas sensóriomotores da criança, esses se desenvolvem de acordo a cada faixa etária, contudo a partir da estruturação dos processos de cognição dos esquemas surgem às mudanças ou novos padrões de conhecimentos, ocasionando assim a assimilação e acomodação. 23 Iniciaremos um entendimento sobre assimilação partindo da ideia que é o processo de classificar novos eventos em esquemas já existentes na estrutura cognitiva, conseguindo a organização das situações de aprendizagem. A assimilação significa tentar solucionar uma situação nova com base nas estruturas antigas; isto é, a criança irá modificar suas estruturas antigas para poder dominar uma nova situação. Procurando elucidar esse segmento Wadswort (1995, p.6), diz que “assimilação é uma parte do processo pelo qual o indivíduo cognitivamente se adapta ao ambiente e o organiza”. A este processo de modificação de estruturas antigas com vistas à solução de um novo desafio para ajustamento a uma nova situação, Piaget (1995 apud WADSWORT, 1995), denomina essas transformações de acomodação, ou seja, no momento em que a criança defronta-se com um novo estimulo e consegue dominar adequadamente, diremos que se acomodou a ele e assim ocorreu a modificação de velhos esquemas que irá resultar na adaptação intelectual e no desenvolvimento da cognição. Sobre esse ponto Wadswort (1995, p.7), revela que: durante a assimilação, uma pessoa impõe sua estrutura disponível aos estímulos que estão sendo processados. Isto é, os estímulos são “forçados” a se ajustarem à estrutura da pessoa. Na acomodação o inverso é verdadeiro. A pessoa é “forçada” a mudar sua estrutura para acomodar os novos estímulos. A acomodação explica o desenvolvimento (uma mudança quantitativa); juntos eles explicam a adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas cognitivas. A criança vai construindo seus esquemas com o processo de maturação e consequentemente depende que ela esteja assimilando e acomodando ativamente. Dessa forma, observa-se que durante a assimilação e acomodação a criança estabelece sua estrutura disponível aos estímulos que estão sendo processados, adaptando-se a nova exigência da realidade. É importante destacar que segundo Piaget 1995 (apud WADSWORT, 1995, p.8), demonstra que: um balanço entre assimilação e acomodação é necessário quanto os processos em si. Piaget chamou o balanço entre assimilação acomodação de equilíbrio. É ele o mecanismo auto regulador, necessário para assegurar uma eficiente interação da criança com o meio-ambiente. O resultado entre assimilação e acomodação é o processo de adaptação do desenvolvimento intelectual pelo qual as crianças passam, porém o surgimento do desenvolvimento intelectual na infância é uma construção constante das bases sólidas para o desenvolvimento de um modo geral. 24 É interessante notarmos que a criança para avançar no desenvolvimento das suas estruturas cognitivas necessita que o ambiente promova condições para diversas transformações. A Escola possibilita o desenvolvimento amplo, pois nas interações, se dá a ampliação dos conhecimentos sociais e afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos, contribuindo para que o reconhecimento do outro e a comprovação das diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias. Na infância existem experiências que possibilitam as crianças marcos claros de conduta que irá permear grandes aprendizados na sua vida. Nessas situações de aprendizagem na préescola, se faz necessário que se estabeleça o conflito cognitivo, pois através desse processo de experiências diversificadas entre: ambiente, esquemas, adaptação, assimilação, acomodação, equilíbrio e desequilíbrio; a criança consegue segundo Piaget, a auto regulação interna do organismo, que constitui na busca sucessiva de equilibração, após cada desequilíbrio sofrido. Qualquer experiência pode ser assimilada por uma criança, a equilibração ocasiona avanço das estruturas internas e desta forma se processam o crescimento e o desenvolvimento da criança de acordo ao avanço do desenvolvimento intelectual. A partir desses pontos explanados, evidencia-se que a teoria construtivista engendrada por Piaget designa uma grande importância nas inter-relações e interdependência entre a criança e o seu meio. Wadswort (1995) afirma que os esquemas são construídos e reconstruídos (ou modificados), gradualmente. Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie humana que são eles: a) o estágio da inteligência sensório-motora; b) o estágio do pensamento pré-operacional; c) o estágio das operações concretas; d) o estágio das operações formais. Vale ressaltar que nesse estudo discorremos apenas sobre o estágio préoperatório, pois a idade cronológica desse estágio refere-se às crianças da préescola. Piaget (1995 apud WADSWORT, 1995) denominou este estágio de préoperatório, porque significa que a criança irá utilizar a inteligência prática em representação, com a introdução ao mundo da linguagem, do jogo simbólico e das outras formas de função simbólica. Há um desenvolvimento notório das estruturas mentais nesta fase. 25 Craides e Kaercher (2001, p.31), destacam algumas atividades realizadas pelas crianças na fase da pré-escola: (...) a criança vai construindo a capacidade de efetuar operações lógicomatemáticas (seriação, classificação). Ela aprende, por exemplo, a colocar objetos do menor para o maior, a separá-los por tamanho, cor, forma, etc. Embora a inteligência já seja capaz de empregar símbolos e signos, ainda lhe falta a reversibilidade, ou seja, a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de conservação da quantidade quando se passa o líquido de um copo mais larga para um outro recipiente mais estreito). De acordo com o exposto concluímos que nesta fase ocorrem diversas descobertas no universo das crianças da pré-escola, neste processo a educação infantil poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades emocionais, afetivas e cognitivas. No estágio préoperatório, além da evolução das estruturas cognitivas já relatadas, existe um acontecimentos presente nesta fase que precisam ser resinificados na pré-escola: o “egocentrismo”, que Wadswort (1995) explica, Piaget (1995) caracterizou o pensamento e o comportamento de uma criança pré-operacional como egocêntrico. Isto é, a criança não pode assumir o papel ou o ponto de vista do outro. Com a participação do professor a criança irá vivenciar situações do posicionamento e escuta, irá interagir com grupos da mesma faixa etária, assim, na pré- escola deve-se rever a superação do egocentrismo. Sobre esse assunto o RCNEI ressalta que: no processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. (BRASIL, 1998, p. 21). Observa-se que, as crianças possuem estruturas cognitivas e que ao receber estímulos do meio dá uma resposta em função dessas estruturas da inteligência que são formadas após uma interação ativa com ações físicas ou mentais sobre os objetos, as crianças constroem os seus conhecimentos, o que se conclui é que todo conhecimento é resultado das ações com o meio. É interessante notarmos que apesar da teoria da construção do conhecimento difundida por Jean Piaget não ter intenção pedagógica, ofereceu aos professores e 26 professoras significativos princípios para orientar as suas ações pedagógicas, suas contribuições para área da pedagogia foram imensuráveis até os dias atuais. Ao elencarmos esse estudo acerca de Piaget, vale destacar que ele descobriu que as crianças não raciocinam como adultos. Jean Piaget morreu em 1980, mas a revolução cognitiva iniciada por ele acentuou-se em 1990 no Brasil. Ele modificou a teria pedagógica tradicional que até então, afirmava que a mente de uma criança é vazia esperando ser preenchida por conhecimento. Na visão de Piaget (1995 apud WADSWORT, 1995) as crianças são as próprias construtoras ativas do conhecimento. Dando continuidade a essas contribuições teóricas tão importantes no processo de ensino e aprendizagem a seguir será apresentado os pressupostos de Vigotsky. 2.1 AS CONTRIBUIÇÕES DE VIGOTSKY Lev Semenovich Vigotsky, foi um professor e pesquisador contemporâneo, nasceu em Orssha na Rússia e morreu em Moscou em 1934, com apenas 38 anos. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio histórico. Para este autor, o funcionamento psicológico estrutura-se a partir das relações sociais, enfatizando na sua abordagem que os elementos mediadores do homem com o mundo são dois elementos básicos: o instrumento, que tem a função de regular as ações sobre os objetos e o signo, que regula as ações sobre o psiquismo (REGO, 2008). Assim como Piaget, sua questão central é a aquisição dos conhecimentos pela interação do sujeito com o meio, partindo desse principio analisaremos que função mediadora está presente nos instrumentos provocadores de mudanças externas, os signos agem como ampliação das capacidades cognitivas. De acordo com a concepção de Vigotsky (2008 apud REGO, 2008) para o processo de formação dos conceitos adquiridos é necessário a articulação entre pensamento e linguagem. Sendo a linguagem um sistema simbólico, que representa um salto qualitativo no desenvolvimento infantil, ela possui um papel de destaque, pois através dela é possível os indivíduos abstrair e generalizar o pensamento. Sem 27 dúvida, através da análise entre a relação do uso dos instrumentos, signos e a da linguagem, podemos perceber como essa teoria sócio interacionista esta imbricada no contexto da pré-escola. Dessa forma Rego (2008, p.56), esclarece que: Vigotsky atribui enorme importância ao papel da interação social no desenvolvimento do ser humano. Uma das mais significativas contribuições das teses que formulou está na tentativa de explicitar (e não apenas pressupor) como o processo de desenvolvimento é socialmente constituído. Essa é a principal razão de seu interesse no estudo da infância. É interessante notarmos que Vigotsky (2008 apud REGO, 2008) considera a criança como um ser prático e social e é protagonista viva da história da sociedade e da cultura. O Referencial ressalta informações em consonância com a teoria histórico-cultural: A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (BRASIL, 1998, p. 21). A partir dessa articulação percebe-se que a criança através da relação com o meio social irá construir a construção dos seus conhecimentos, ou seja, pela interação e mediação a criança será protagonista da história da sociedade e da cultura. Diante do exposto fica claro que o desenvolvimento está relacionado ao contexto sociocultural que a criança processa de forma dinâmica e dialética, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, revela no seu bojo tendências para concepção construtivista e sócio interacionista na educação infantil. Ao construir o conhecimento as crianças buscam as mais diversas linguagens e busca através das ideias e hipóteses o que irão desvendar. Sendo assim, o meio deverá favorecer essas descobertas como também a mediação de parceiros mais experientes. Dessa forma para que ocorra o desenvolvimento social e cognitivo na préescola deve haver influências e constantes interações com o meio social em que a criança está inserida e na relação com o outro. Esta interação entre aprendizado e desenvolvimento que as crianças passam Vigotsky identifica como: zona desenvolvimento real desenvolvimento potencial e desenvolvimento proximal. 28 O desenvolvimento real é quando dizemos que a criança já sabe realizar determinadas tarefas, ou seja, as etapas já alcançadas e conquistadas pele criança. Quanto ao desenvolvimento potencial é a capacidade que a criança tem de realizar tarefas de companheiros mais experientes. E a partir da existência desses dois níveis de desenvolvimento, que surge a zona do desenvolvimento proximal. Sobre esses níveis do desenvolvimento (REGO, 2008, p.74), explica: o conceito de zona desenvolvimento proximal é de extrema importância para as pesquisas do desenvolvimento infantil e para o plano educacional, justamente porque permite a compreensão da dinâmica interna do desenvolvimento individual. Através da consideração da zona do desenvolvimento proximal, é possível verificar não somente os ciclos já completados, como também os que estão em via de formação, o que permite o delineamento da competência da criança e de suas futuras conquistas, assim como a elaboração de estratégias pedagógicas que auxiliam nesse processo. De acordo com o exposto podemos identificar na pré-escola esses níveis de desenvolvimento e mediar as aprendizagens no momento adequado. Cabe à escola fazer a criança avançar intervindo na zona do desenvolvimento proximal, mediando os aprendizados que não ocorreriam espontaneamente. Evidentemente a teoria sócio interacionista elaborada por Vigotsky, contribui significativamente com a ação pedagógica, pois ao se apropriar dos aprendizados na infância a criança forma a base e se configura por todas as fases do desenvolvimento. Segundo Vigotsky (2008 apud REGO, 2008), o que a criança pode fazer hoje com o auxilio dos adultos poderá fazê-lo amanhã só. Para ampliar nossa visão acerca dessa relação afetiva, cognitiva e motora das crianças iremos abordar as valiosas contribuições de Henri Wallon para com desenvolvimento infantil. 2.2 AS CONTRIBUIÇÕES DE WALLON Henri Wallon nasceu na França em 1879 e morreu em 1962. Filósofo, médico, psicólogo e político francês teve uma vida marcada pelo elevado desenvolvimento intelectual. Dedicou-se a compreender o psiquismo humano, voltando sua atenção as crianças. Wallon sistematizou a psicogênese da pessoa completa, articulando nessa compreensão o aspecto cognitivo, motor e afetivo. Seu postulado dedica um vasto espaço às emoções como forma de revelar as expressões e comunicações como base do pensamento. 29 Para Wallon (1995, apud GALVÃO, 2008) o movimento é a primeira forma de integração com o meio exterior, evidencia-se na sua abordagem a dimensão da afetividade na construção do conhecimento do individuo, para este teórico, o processo de desenvolvimento infantil se realiza nas interações sociais, com o predomínio da emoção, o horizonte da criança amplia e faz transcender sua subjetividade no seu crescimento individual, na pré-escola a estruturação do ambiente escolar e as possibilidades das várias dimensões com o meio ampliará ainda mais essas descobertas. Como afirma o RCNEI evidencia-se que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e sim a criança de forma contextualizada nos quais se distribuem a atividade infantil. (...) cabe ao professor propiciar situações de conversa, brincadeiras ou de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma a que possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar e de sentir, em um ambiente acolhedor, porém, não significa eliminar os conflitos, disputas e divergências presentes nas interações sociais, mas pressupõe que o professor forneça elementos afetivos e de linguagem para que as crianças aprendam a conviver, buscando as soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente. (BRASIL, 1998, p. 31). Assim destaca-se o valor da afetividade para desenvolver e promover o desenvolvimento das crianças pequenas, esta importância revela-se na diferenciação que cada criança aprende a fazer entre si e com os outros. As proposições de Craides e Kaercher (2008, p.28), revela concordância a partir do exposto no Referencial: (...) o desenvolvimento da inteligência depende das experiências oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito faz delas. Neste sentido, os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem, bem como os conhecimentos presentes na cultura contribuem efetivamente para formar o contexto de desenvolvimento (...) o desenvolvimento se dá de forma descontínua, sendo marcado por rupturas e retrocessos. Esses conflitos são propulsores do desenvolvimento, dessa forma este estudo propõe conhecermos os estágios do desenvolvimento infantil, pois nesses processos de aprendizagem o desenvolvimento não se dá linearmente por ampliação, mas por reformulação, instalando no momento da passagem de uma etapa a outra. Os cinco estágios do desenvolvimento de elencados por Wallon (1995 apud GALVÃO, 2008) são: - Impulsivo-emocional; - Sensório- motor e pejorativo; - Personalismo; 30 - Categorial; - Predominância funcional. Na pré- escola as crianças apresentam-se no estágio do personalismo, estágio no qual se desenvolve a construção da consciência de si, mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas. No Personalismo as crianças, mostram suas conquistas constituindo-se reciprocamente num permanente processo de integração e diferenciação. Wallon (1995) nos deixou uma nova concepção de motricidade, da afetividade e da inteligência humana, e, sobretudo, que a afetividade deve prevalecer nas relações humanas de modo geral e na escola em particular. Obviamente esses postulados nos conduz a pensar que a pré-escola é o lugar no qual as crianças não devem encontrar atendimentos extra domésticos e sim um ideário pedagógico de cuidar e educar. Destaca-se também o papel do professor frente ao desenvolvimento infantil para fortalecer essa prática e mediar avanços que não ocorreriam espontaneamente. A criança precisa ser vista muito além do que o aspecto assistencialista é preciso não apenas cuidar, mas também educar, a incorporação desse binômio “cuidar e educar” e o papel do professor neste contexto explanaremos no próximo capítulo.(GALVÃO, 2008). 31 3 A RELAÇÃO ENTRE O CUIDAR E O EDUCAR NA PRÉ-ESCOLA Neste capítulo serão retratados aspectos relativos aos objetivos que as instituições da pré-escola se propõem a desempenhar acerca do papel social entre educar e cuidar nesse segmento de ensino. É sabido que o contexto sócio histórico da educação infantil girava em torno de uma proposta assistencialista. Mas com as mudanças na sociedade da maneira de pensar sobre as crianças, o surgimento das instituições de educação infantil passou a ser relacionada ao pensamento pedagógico moderno, hoje o atendimento da criança não pode ser considerado como uma necessidade decorrente das condições de vida das famílias e sim uma nova forma de encarar a infância. Hoje no Brasil e no mundo a educação infantil está mais consciente da importância das experiências na primeira infância. Existem aspectos inerentes à pré-escola que são eles: saúde, afeto, alimentação, segurança, socialização, brincadeira, entre outros devem integrar o cuidar e educar. Para que as crianças desenvolvam suas habilidades e se sentam seguras e amadas. As polêmicas entre o cuidar e o educar surgem devido ao posicionamento assistencial de algumas propostas que se preocupava em atuar como substitutos maternos e não educava para o desenvolvimento e conhecimento através da exploração e descobertas com suporte emocional. Para Wallon (1995 apud GALVÃO, 2008) o desenvolvimento da pessoa como uma construção progressiva em que se sucedem fases com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Sendo assim, a cisão de cuidar e educar estão imbricados, mas ao desenvolver estes cuidados na pré-escola, as instituições não podem ser pensadas como substituta da família. O importante é que as escolas infantis desenvolvam atividades para as crianças construam uma visão de mundo e de si mesma, constituindo-se como sujeito social de direitos e deveres. Nas instituições de educação infantil o trabalho educativo cria condições para as crianças descobrirem novos sentimentos, valores e ideias, essa prática desenvolvida na pré-escola deve ser realizada com cuidados básicos necessários para a faixa etária, além de educar as crianças deve apoiá-las em seu desenvolvimento. Ao considerarmos que a pré-escola envolve simultaneamente o cuidar e o educar, percebemos que desta forma a criança encontra maneiras peculiares e 32 muito originais de se expressar. A interação da criança no âmbito escolar inclui o acolhimento, o lugar para emoção, para o gosto, para desenvolver a sensibilidade e habilidades, o desenvolvimento integral depende tanto de cuidados relacionais que envolvem a dimensão afetiva e com os aspectos biológicos do corpo. Para Oliveira (2008, p.136): o afeto inclui expressividade, a exteriorização de certos estados emocionais socialmente elaborados em uma cultura. Contudo, em qualquer atividade humana, afeto e cognição são aspectos inseparáveis. Embora presentes em proporções variáveis, permitem ao indivíduo construir noções sobre objetos, pessoas e situações, conferindo-lhes atributos e valores. Segundo a autora, o afeto e um sentimento inerente ao individuo, sendo assim deve estar presente em todas as suas vivências. É apresentada também, uma ligação intrínseca entre afeto e cognição nas situações de descobertas e aprendizagens. Nesse sentido, o cuidar é uma forma de afeto para mediar às crianças nos seus avanços sociais e cognitivos, podem trazer profundas modificações na forma de agir e pensar, tal sentimento atua com resultados positivos no processo de construção dos conhecimentos das crianças. Portanto o ato de cuidar é uma ação de afeto que deve estar presente na pré-escola, pois irá contribuir imensuravelmente nesta fase de desenvolvimento. Nota-se uma articulação entre o cuidar e educar, assim caracteriza-se o ato de cuidar como essencial e não desvincula do ato de educar, pois quando auxiliamos uma criança estamos proporcionando situações de aprendizagem. No entanto, o cuidar designa-se na forma afetiva de compreender o mundo e o educar é o processo de construção desta compreensão de mundo. Não cabe hoje na contemporaneidade o cuidar visto de forma assistencialista, os cuidados na pré-escola é um direito da criança, ele deve contribuir com o crescimento da autonomia, o cuidar atual é visto como uma prática pedagógica e como forma de mediação. O RCNEI apresenta a importante relação do cuidar no desenvolvimento infantil: Assim, cuidar da criança é, sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades. Isto inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento e de suas 33 habilidades, que aos poucos a tornarão mais independentes e mais autônoma. (BRASIL, 1998, p. 25). Denota-se assim, que na pré-escola o desenvolvimento deve ocorrer de forma integral, ressaltando que o cuidar e educar são ações dinâmicas da rotina pedagógica, ou seja, não tem como separar essas duas maneiras de atuar, que contribuem para o desenvolvimento das crianças. Sendo assim é necessário cuidar para educar Nesse cenário, anuncia-se uma nova concepção de pré-escola, que contempla o cuidar e educar com a visão de consolidar as especificidades necessárias para o desenvolvimento global das crianças. As instituições infantis devem prestar cuidados físicos e possibilitar estratégias pedagógicas para propagar o cognitivo, o simbólico, o social e o emocional. Assim, evidenciamos a importância de conhecermos um pouco mais as ações cuidar e educar na pré-escola, ressaltando seu caráter de unicidade. 3.1 A IMPORTÂNCIA DO CUIDAR As aprendizagens na pré-escola envolvem não apenas conhecimentos culturalmente difundidos. Outrossim, a construção de atitudes básicas para a socialização da criança, sendo uma aprendizagem fundamentada na relação com o outro, o afeto, a capacidade expressiva das emoções que se apresenta através do cuidar. Considerando a prática do cuidado necessário quando convivemos com crianças, ele potencializa os vínculos e permeia a formação do individuo. Existe uma preocupação muito grande com a higiene e para não se machucar, são atenções necessárias ao desenvolvimento da criança, ela precisa ser bem tratada pelos professores, principalmente no que se refere aos cuidados indispensáveis para a sua vida, pois eles são fundamentais para o seu desenvolvimento afetivo, social e cognitivo. Estão intrinsecamente imbricadas na pré-escola as ações de acolher as crianças do ponto de vista integral, atender suas individualidades, compreender suas manifestações emocionais, aceitá-la com linguagem própria, dar e receber afeto proporciona o desenvolvimento da autonomia, ou seja, conhecê-la de forma ampla significa cuidar. 34 O ato de cuidar transcende os conhecimentos didáticos, pois o processo de cuidado se torna mais efetivo estabelecendo uma harmonia entre quem cuida e quem é cuidado, contribuindo assim para as estruturas cognitivas se dá de forma mais prazerosa. O RCNEI traz a seguinte observação: A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. (BRASIL, 1998, p. 24) Dessa maneira, evidencia-se a complexidade e a importância das atitudes permeadas por aspectos afetivos e emocionais, são formas privilegiadas de promover a comunicação entre as crianças e os adultos. A ação do cuidar numa perspectiva educativa configura-se com dimensões cognitivas, psicomotoras e sociais. Revela-se na pré-escola a importância da função dos pais e professores, nesta fase, os estímulos oferecidos são fundamentais, as atitudes de carinho, as brincadeiras favorecem a autoestima das crianças. Cuidar de uma criança significa compreendê-la como parte integrante da educação. Ou seja, cuidar de uma criança demanda a integração de vários campos de conhecimentos (BRASIL, 1998). Para cuidar das crianças devemos conhecê-la com suas peculiaridades, origens e história, significa adotar uma metodologia dialógica, estimulando novas descobertas, a resinificar os seus conhecimentos, adquirir valores e novas atitudes na sua relação com o meio. O cuidado deve ter como objetivo a preservação da vida e com desenvolvimento das capacidades humanas, precisa considerar as necessidades individuais das crianças, e estas devem ser ouvidas e respeitadas. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil para cuidar e preciso estar comprometido com o outro, deve-se ser solidário com suas necessidades e confiar nas suas capacidades. (BRASIL, 1998). Na pré-escola é clara a necessidade do cuidar e da construção de uma proposta pedagógica centrada na criança no seu processo de desenvolvimento e aprendizagens, para conhecermos mais esta ação, iremos fazer um breve estudo sobre o educar. 35 3.2 A IMPORTÂNCIA DO EDUCAR A educação infantil fase inicial da educação formal, oportuniza as crianças situações de aprendizagens diversas para a construção dos seus conhecimentos. Nesse sentido, essa fase em que as crianças começam a frequentar a escola deve ser marcada por muitas descobertas. Vejamos o que sugere o Referencial Curricular para a Educação Infantil, para reorientar as escolas brasileiras na sua prática educativa. Entre os diferentes eixos sugeridos a serem trabalhados com as crianças: Formação Pessoal e Social, Conhecimento de Mundo, Identidade e Autonomia, essa proposta educativa visa contribuir para o planejamento e desenvolvimento escolar das crianças pequenas. (BRASIL, 1998). A partir do momento histórico em que a educação infantil das crianças da préescola modifica a prática assistencialista e assume as especificidades de desenvolver as estruturas do pensamento, permitindo ao educando, formar conceitos através das vivências e aprendizagens de conteúdos específicos, a escola assume a meta de educar. (BRASIL, 1998). O educar tem um papel fundamental na pré-escola, pois na escola a criança convive com outras crianças. Ela passa a ter um grupo social da sua idade para brincar, viverem interessantes experiências e significativas trocas. Na interação ela aprende regra de convivência como: dividir, partilhar, fazer valer seus direitos, respeitando o espaço do outro. Essas práticas possibilitam importantes estímulos para as mais diversas esferas do conhecimento. Os processos educativos das crianças na fase da pré-escola devem ser encarados pela sociedade com muita seriedade, pois apesar dos aprendizados surgirem das brincadeiras, jogos, faz-de-conta, enfim, todas essas atividades lúdicas possuem uma intencionalidade pedagógica. Na infância as crianças podem experimentar o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os sentimentos e os diversos conhecimentos, portanto o educar tem relevância nesta faixa etária. De acordo com Bassedas, Huguet e Sole (1999, p.67 e 68): 36 A descoberta de si mesmo refere-se à construção da identidade psicológica da criança que é resultante do conjunto de experiências que ela tem com o mundo físico e social. Nessa construção manifesta-se a interação estabelecida entre as possibilidades que oferece o calendário da maturação - que possibilita competências no âmbito motriz, dirigidas ao alcance da autonomia, por exemplo, em relação às capacidades de deslocar-se – e as interações sociais e as experiências que lhe são oferecidas. Na pré-escola é de fundamental importância para as crianças construir a sua identidade, a partir desses conhecimentos a criança irá passar a conhecer-se, essa construção própria da identidade, possibilitará uma relação de adaptação com o mundo social, na perspectiva de contribuir para a formação de uma criança mais autônoma. Isso significa que por meio de aprendizagens diversificadas o educar vai promover avanços fundamentais na construção social da criança. Nesse sentido, considera-se importante salientar a definição do RCNEI: Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, p. 23). Ao fazer a leitura desse documento, percebe-se que a concepção assistencialista, foi sobrepujada pela concepção educacional, cabe ressaltar que esse educar exige padrões de qualidade, pois a complexidade do processo de ensino e aprendizagem na pré-escola objetiva-se no desenvolvimento geral da criança. Para constatar a qualidade atual do educar as crianças pequenas, surge, Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (2009), um instrumento de auto avaliação das práticas educativas das instituições de educação infantil, considerando os seguintes aspectos: o ato de educar crianças está imbricado os valores nos quais as pessoas acreditam as tradições de uma determinada cultura, os conhecimentos científicos de acordo as aprendizagens e desenvolvimento das crianças, o contexto histórico, social e econômico no qual estão inseridas as escolas. Essas ações pedagógicas podem ser realizadas, porém cabe ao professor organizar critérios relevantes na sua prática, sabendo educar com criatividade a criança estará estimulada no seu processo de construção de conhecimentos. Educar as crianças de hoje é importante, pois serão elas os adultos do amanhã. Cabe ao professor atentar para a sua atuação, analisaremos esse profissional a seguir. 37 3.3 O PAPEL DO PROFESSOR NO BINÔMIO EDUCAR E CUIDAR NA PRÉESCOLA Historicamente as funções dos profissionais da pré-escola estão perpassando por reformulações constantes. O modelo educacional materno, de cuidados familiares, esta sendo substituído por professores com uma formação mais abrangente e unificada, que seguem uma proposta pedagógica, zelando assim pelo desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. Dessa maneira, existe a necessidade de uma formação docente inicial e continuada, pois os professores da pré-escolar buscam o desenvolvimento da cognição e também mantêm relações cordiais, acolhedoras e balizadoras de limites que são responsáveis pela trajetória escolar bem sucedida das crianças pequenas. A LDB (1996) dispõe, no título VI, art.62: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. Dessa forma, a legislação indica como deverá ser conduzida a formação de docentes, reorientando que as redes de ensino devem colocar-se a tarefa de investir na capacitação e atualização permanente de seus educadores, aproveitando as práticas e conhecimentos já acumulados daqueles que já trabalham com crianças há mais tempo. Faz-se necessário que os professores tenham ou venham a ter uma formação educacional sólida e consistente, pois o professor da pré-escola tem como desempenho ser uma pessoa verdadeiramente afetiva par acolher a criança e contribuir com a estruturação do seu pensamento. A criança é considerada um agente ativo de seu processo de desenvolvimento e o professor faz a mediação entre ela e o seu meio. O professor da pré-escola deve estar embasado na sua função de cuidar e educar, pois assim irá desenvolver aspectos inerentes a faixa etária que são: afeto, segurança, interação, estimulação, brincadeiras, higiene entre outros, ou seja, cabe ao professor o cuidar/educar de forma dinâmica. A formação do professor deve ser concebida como direito do profissional, pois a mesma o levará a constantes reflexões acerca da sua própria prática pedagógica. Nesse sentido Oliveira (2008), revela que a perspectiva do professor em constante 38 capacitação é de um profissional emocionalmente estruturado, com conhecimento técnico-pedagógico e com compromisso com a promoção do desenvolvimento dos alunos. A partir desse contexto no qual se abrem diversas discussões sobre a qualificação do profissional da pré-escola, aumenta o desafio permanente com relação ao ato de educar e cuidar as crianças numa visão pedagógica. Para compreender melhor essa atuação docente na educação infantil o RCNEI esclarece: O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para reflexão sobre a prática direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação. (BRASIL, 1998, p. 41). Desta forma, o Referencial designa a complexidade que tem a atuação do professor na pré-escola, é ressaltado que esse educador deve ter uma prática diversificada e comprometida. Esse profissional também deve ter ações planejadas e compartilhadas e exercer sua função sempre meditando e resinificando suas práticas cotidianas abrangendo as questões especificas relativas aos cuidados e aprendizagens na infância. O reordenamento atual da pré-escola deve desenvolver a formação de um profissional atualizado para responder as demandas atuais da criança na pré-escola. É preciso ter educadores comprometidos com a prática educacional, assim como as questões especificas relativas aos cuidados. A base que sustenta as aprendizagens feitas na pré-escola é a relação afetiva que se cria entre crianças, professores e a família. O professor precisa garantir uma ação educativa, considerando as especificidades da faixa etária, pois na pré-escola é que se instala de forma marcante, a relação da criança com o conhecimento. Portanto desde cedo à criança deve apropriar-se do conjunto de informações próprias da sua cultura, ampliando seus conhecimentos e vivências. Deverá também garantir o cuidar que permite uma construção progressiva da autonomia e da autoestima. Essas práticas educacionais contemporâneas superam a visão de um profissional da educação sem qualificação. 39 CONCLUSÃO Ao iniciar a construção dessa monografia se instaurou diversos diálogos em torno de um tema que delimitasse as questões referentes ao cuidar e educar na préescola, essa delineação nos permitiu fazer um estudo sistematizado a respeito desse binômio. A escolha do tema partiu das motivações pessoais que envolvem esse assunto no cotidiano dos profissionais envolvidos com a presente pesquisa. A relevância desse estudo visa contribuir com o avanço cultural acerca da temática abordada. O termo “infância” (in-fans), tem o sentido de “não fala”, essa conotação durante a idade média e moderna causou uma lenta evolução envolvendo a trajetória da concepção de infância. Essas opiniões negligentes voltadas à infância interferiram nos graves prejuízos sofridos na parte social e educacional das crianças. O ordenamento constitucional e legal brasileiro atribuiu no seu bojo, direitos as crianças brasileiras, definindo as suas necessidades para desenvolver os aspectos sociais, emocionais, afetivos e cognitivos. As práticas educacionais sofreram uma visão assistencialista, divergindo assim sobre sua finalidade social. Modificar essa concepção de educação compensatória significa atentar para várias questões como: concepções sobre a infância, aspectos legais, responsabilidade da sociedade e papel do Estado nesse cenário educacional. A criança precisa ser vista muito além do que os aspectos dos cuidados, porque ela como todo ser humano é um sujeito social e histórico que possui natureza singular. Assim o ato de cuidar deixa de ter uma conotação assistencialista e pode adquirir um caráter educativo, a partir da ação pedagógica do professor da educação infantil. Os debates atuais apontam um sentido de traduzir a formação de o binômio cuidar/educar, devem ser funções necessárias para pré-escola. As novas funções devem estar imbricadas a padrões de qualidade para uma educação infantil de qualidade. O professor como mediador de desenvolvimento das crianças, precisa prestar cuidados e criar condições para o seu desenvolvimento geral. É importante ressaltar que as escolas não sejam pensadas como instituições familiares de assistência / 40 custódia e sim como ambiente de interações, diferente do familiar. Nelas as crianças convivem, exploram, conhecem e constroem uma visão de mundo. Quanto à função docente, há muito que reverberar, faz-se necessário uma formação docente qualificada, fundamentada na teoria e na prática. Conclui-se que para reestruturar uma pré-escola de qualidade é de extrema importância que o binômio cuida/educar esteja presente na ação do professor, pois para o individuo ser educado precisa passar por cuidados essenciais, que permitirá assim o desenvolvimento integral. Acredita-se que ao cuidar o profissional da educação tem ações para promover as capacidades das crianças, além da dimensão afetiva e relacional é preciso que o professor participe do que a criança sente e pensa, mediando a sua ampliação de conhecimentos para que se tornem mais autônomas. Durante muito tempo as funções de cuidar e educar foram entendidas de maneira equivocada. Contudo, essa dimensão educativa é de suma relevância na ação do professor contemporâneo, pois as aprendizagens passam a ter significados no universo infantil, a partir da afetividade que surge através da promoção de ações acolhedoras e instigadoras. O ato de cuidar e educar não é uma dupla tarefa e sim uma ação unificada para o desenvolvimento na educação infantil Por fim, conclui-se que esta pesquisa foi muito significativa para entendermos que o ato de cuidar é à base de todas as relações, sendo assim é muito importante no ato de educar. A esse respeito evidencia-se que é imprescindível cuidar para educar, pois são dois fatores intrínsecos no processo de ensino e aprendizagem das crianças na pré-escola. 41 REFERÊNCIAS ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução de Dora Llaksman. 2 ed. Rio de janeiro: LTC, 2006. BASSEDAS, Eulália; HUGUET, Teresa; SOLÉ, Isabel. Aprender e ensinar na educação infantil. Tradução Cristina Maria de Oliveira. 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