Processo Legislativo Comparado O Ciclo de Debates sobre Qualidade Legislativa promovido pela Câmara dos Deputados, por iniciativa da Secretaria-Geral da Mesa, visa à melhoria das leis. No segundo encontro desse Ciclo, realizado em 27 de outubro (quinta-feira), debateu-se o processo legislativo a partir de abordagem comparativa entre o Brasil, a Espanha e os Estados Unidos. Palestrante: Júlio Roberto de Souza Pinto: Doutor em Sociologia pela Universidade de Brasília, mestre em Liberal Arts por Wheaton College (Illinois, EUA), especialista em Direito Legislativo e em Educação. Fez estudos na Espanha e na França, e está partindo para fazer estudos pós-doutorais na Universidade de Oxford (Reino Unido). Tem ensinado na Pós-Graduação do Cefor, entre outras disciplinas, Instituições Legislativas Comparadas. Autor dos livros Sistema político e comportamento parlamentar (Consulex, 2011) e Poder Legislativo Brasileiro: institutos e processos (Forense, 2009), bem como de vários artigos publicados em revistas especializadas. Co-organizador dos livros Estudos legislativos: pensamento e ação política (SF, CD e UnB, 2008) e Estudos legislativos: 20 anos da Constituição brasileira (SF, CD, TCU e UnB, 2010). Debator: Fernando Saboia Vieira: Consultor Legislativo, possui graduação em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (1981) e em Direito pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (1990), além de especialização em Gestão Legislativa pela Universidade de Brasília (2005) e mestrado em Ciência Política pelo IUPERJ. Sua rica experiência nessa última área advém, entre outras coisas, do longo exercício da Chefia da Assessoria Jurídica da Secretária-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados. Hoje é o diretor do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento Cefor. Moderador: Cristiano Ferri Soares Faria – Chefe da Assessoria do Departamento de Comissões. Doutor em Ciência Política e Sociologia (IESP-UERJ). 1 Síntese da exposição inicial do Palestrante Júlio Pinto: Processo Legislativo nos Estados Unidos e na Espanha 1) O Brasil adota o sistema de governo presidencialista, mas tem dado passos na direção de um parlamentarismo, uma vez que tem incorporado vários dos institutos próprios do sistema parlamentarista de governo; 2) Estados Unidos e Espanha são países bastante representativos de dois sistemas políticos distintos: presidencialismo e parlamentarismo. 3) A configuração decorrente do sistema de governo, do sistema eleitoral, do comportamento parlamentar e das formas de controle social tem reflexo no processo legislativo. Nos Estados Unidos, há um presidencialismo com majoritarismo, o comportamento parlamentar se caracteriza pelo individualismo (ações individuais) e o controle social é direto. A Espanha adota um parlamentarismo com lista fechada e o comportamento político é caracterizado pelo coletivismo (ações coletivas), sendo o controle social por meio de partidos políticos; 4) Em relação à estrutura de liderança e sistema de comissões no legislativo, há um contraponto sob o aspecto forte e fraco. Enquanto nos EUA a estrutura de liderança é fraca, o sistema de comissões é forte; na Espanha, por sua vez, como a estrutura de liderança é forte, o sistema de comissões é fraco. No Brasil, nem a estrutura de liderança nem o sistema de comissões pode ser considerado forte; 5) Sob a ótica de plenário versus comissões, a principal arena política nos Estados Unidos são as comissões enquanto que na Espanha é o plenário. 6) Iniciativa Legislativa: nos Estados Unidos, cabe formalmente apenas aos membros das duas Casas do Congresso. Na Espanha, cabe basicamente ao governo e às duas câmaras das Cortes Generales; 7) O debatedor discorreu ainda sobre o modo como EUA e Espanha enfrentam questões referentes à legislação executiva, ao controle legislativo e aos procedimentos referentes à deliberação. 2 Síntese da exposição inicial do Debatedor Fernando Sabóia: Considerações sobre o Processo Legislativo na Câmara dos Deputados Estados Unidos e Espanha são dois modelos bem definidos e paradigmáticos de sistema político. O sistema político brasileiro é híbrido, combinando institutos do presidencialismo e do parlamentarismo. Essa combinação resulta das várias influências que o país recebeu – somos um país mestiço – e não precisa ser considerada necessariamente um problema. Algumas vezes essa mescla funciona bem e outras nem tanto. No caso brasileiro, deve-se considerar a evidente ausência de uma gestão do processo legislativo: 1) Não há limitação da iniciativa legislativa individual, que é bastante fragmentada, multiplicada e estimulada por um efeito quantitativista produzido pela mídia ao longo do tempo, a partir de uma ideia equivocada de que parlamento bom é aquele que produz muitas leis e que parlamentar bom é aquele que apresenta muitos projetos, como se isso tivesse alguma relação com a vida. O parlamento deve produzir apenas as leis necessárias. 2) Deve-se avaliar a quantidade de recursos (meios disponíveis) que o parlamento possui para produzir a quantidade de leis necessárias por período. Assim, se faz necessário refletir sobre o conjunto de regras constitucionais e regimentais que regem o processo legislativo. Por exemplo, as regras de iniciativa, de apensação e de desapensação, de arquivamento e de desarquivamento. Muitas proposições não podem ser arquivadas definitivamente por causa das regras existentes. 3) A quantidade de comissões especiais dificulta a organização da agenda dos deputados. Os deputados enfrentam dificuldade na organização de suas agendas em decorrência da incerteza quanto aos eventos que serão realizados, pois são membros de comissões permanentes e de inúmeras comissões especiais. Além disso, há a possibilidade de as sessões ordinárias do plenário da Casa, cujos dias e horários são fixados no regimento, não ocorrerem em virtude de sessão extraordinária. Não há um calendário de atividades. Em outros parlamentos, as pessoas sabem com a devida antecedência o que acontecerá no legislativo. Um deputado brasileiro atuante consegue cumprir toda a agenda ou se pressupõe que ele não fará tudo o que está previsto por ser humanamente impossível? 3 4) É recomendável estimular os parlamentares a refletirem sobre a gestão do processo legislativo. Seria interessante saber como os parlamentares se sentem quanto à utilização do tempo e dos recursos de que dispõem para o exercício da atividade parlamentar, saber se eles consideram o ano legislativo produtivo, se acham que os projetos tramitaram como deveriam, se conseguiram participar dos debates que achavam que deveriam, ou se tiveram a sensação de que fizeram muita coisa e não produziram quase nada. Há alguma racionalidade no processo legislativo brasileiro? 5) Avaliar quanto custa um dia de tramitação de um projeto de lei faz parte de uma gestão do processo legislativo. 6) Para contribuir com a gestão do processo legislativo, poderia haver previsão de uma comissão de normas, como a existente no Congresso dos EUA, que pudesse fazer a organização do processo legislativo mediante a definição da quantidade de projetos a serem apreciados em determinado período. Alternativamente, essa atividade poderia ser desempenhada pelas comissões permanentes. 7) Não deve haver uma preocupação excessiva com prazos no processo legislativo, que não tem necessariamente que terminar sob o ponto de vista de uma decisão, diferentemente do que ocorre no processo judicial, que precisa de celeridade na busca de uma solução de conflito entre as partes. 8) A partir de um olhar interno, o Congresso deveria se organizar para apreciar as matérias de iniciativa do Presidente da República de uma forma mais eficiente. A intervenção do Presidente da República, com seus poderes legislativos, tem reflexos na gestão do processo legislativo. 9) O Legislativo deveria repensar os procedimentos de urgência no processo legislativo, que não se justificam mais, tendo em vista que o regime de urgência já não reflete a realidade econômica e social do país, como o foi no início da fase pós-1988. 10) O processamento de votação é absolutamente caótico. Acumulam-se textos e emendas ao longo da tramitação e tudo permanece válido e pode ser retomado numa fase mais avançada do processo. A tendência à improvisação prejudica a qualidade legislativa. Os destaques e emendas aglutinativas, que foram concebidos para resolver eventuais dificuldades para a votação, são utilizados equivocadamente para produção de textos e acabam por aumentar a confusão. O processo de votação em plenário 4 estimula táticas meramente procedimentais. Não se dedica tempo para elaboração de redação final para sua posterior aprovação. 11) A organização interna das bancadas políticas (Maioria, Minoria, Blocos Parlamentares, Colégio de Líderes...) deve ser repensada, pois em geral servem apenas para multiplicar os requerimentos. O que funciona na prática são as bases de coalização ao governo, que não têm organização formal. 12) O papel das comissões precisa ser melhor definido, a exemplo do papel das comissões do Congresso dos Estados Unidos. As comissões brasileiras ora funcionam mais tecnicamente, ora mais politicamente (poder decisório). 13) A Câmara dos Deputados deveria fazer uma revisão dos procedimentos legislativos. O Regimento Interno em vigor foi elaborado um ano após a vigência da Constituição Federal de 1988, que marcou a mudança de um regime político. De 1988 em diante não houve nenhuma revisão do processo legislativo. 14) A liturgia das sessões, ou sua falta, não favorece um trabalho racional, o qual muitas vezes é feito informalmente. Apesar de o processo legislativo regimental ser marcadamente oral, ele precisa ser reduzido a termo (escrito). 15) Os procedimentos legislativos devem ser repensados, pois podem ser diferentes. Mas, não é de se dizer que se irá mudar totalmente o que hoje se faz. Os sistemas são produtos históricos de culturas e instituições políticas que se sedimentaram ao longo do tempo e, por isso, são muito difíceis de serem modificados. E talvez não seja necessário mudar. Síntese do debate entre palestrante, debatedor e demais participantes do encontro Sérgio Sampaio – Secretário-Geral da Mesa – manifestou preocupação quanto ao momento em que será possível fazer a conexão entre o mundo do dever-ser, do plano ideal, com a realidade e a prática do cotidiano legislativo. Disse ainda que falar em buscar alguma racionalidade ou em aperfeiçoar a gerência das ações com vistas à melhoria do processo gera, às vezes, a sensação de se estar pregando no deserto. A prática vigente é fruto de uma cultura e só tende a situações políticas estabelecidas. Portanto, aqueles que chegaram ao Legislativo e hoje participam desse jogo de poder receiam promover alterações sem saber exatamente qual será o resultado de tais mudanças. 5 Reconheceu estar ainda sob o impacto de ter assumido a Secretaria-Geral da Mesa há pouco tempo e que, apesar de sua experiência nas comissões, sente-se extremamente surpreso com o que acontece no processo legislativo e no plenário, afirmando ser um pouco ou muito pior do que imaginava. Criticou o fato de a produção legislativa que, em tese, deveria ser analisada e aperfeiçoada nas comissões e levada ao plenário para discussões políticas, ser produzida na última hora em plenário. Esse procedimento desfavorece a compreensão do real alcance de uma simples alteração no texto que está sendo produzido. Ponderou, também, que a redação final, ao ser aprovada antes da consolidação dos textos aprovados (texto, emendas, destaques), impossibilita a correção de qualquer inconsistência no texto. Finalizando, acrescentou acreditar que, na dialética entre o ideal e o real, a Câmara conseguirá uma síntese melhor. Cristiano Ferri – Moderador – comentou que alguns grupos de ativistas, especialistas e pessoas interessadas no Legislativo estão elaborando uma carta de recomendação de boas práticas legislativas. Isso poderia ser o começo da construção de um conceito brasileiro do que seria uma boa prática parlamentar. Gabriela.S – participante pela internet, perguntou: a partir das experiências espanhola e norte-americana como estabelecer soluções mais efetivas no Brasil de apreciação de matérias mais urgentes, sem que essas se percam em meio a conteúdos menos relevantes? Luiz Antonio Eira – Diretor do Departamento de Comissões da Câmara dos Deputados – abordou o adensamento da discussão no parlamento em torno da qualidade legislativa por meio de dois pontos fundamentais: a participação popular no contexto da transparência legislativa e a modernização do processo legislativo. O primeiro ponto busca tratar do tema por meio de uma agenda da sociedade, com a participação de pessoas interessadas em melhorar o processo legislativo. O segundo ponto envolve a discussão sobre a participação dos servidores com ações procedimentais de melhoria do funcionamento do processo legislativo. Luiz Antônio citou como exemplo a possível disponibilização na internet do tempo médio de tramitação de matérias nas comissões. Jairo Luís Brod – Secretário Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados – questionou como melhorar a atuação das frentes parlamentares com vistas a aumentar a qualidade dos debates de interesse da sociedade. 6 Juliana Carla de Freitas – Assessora Técnica da Secretaria Geral da Mesa da Câmara dos Deputados – sugeriu que as soluções para a melhoria da qualidade do processo legislativo deveriam partir do reconhecimento e aceitação das características próprias do parlamento brasileiro, e não de modelos adotados em outros países. Luiz Henrique C. de Azevedo – Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados – ressaltou que é possível racionalizar e otimizar o processo legislativo, sem necessariamente depender de uma reforma regimental, a exemplo de experiências positivas ocorridas no início da década de 1990, como a edição de súmulas de entendimento no âmbito das comissões. Cristiano Ferri – Moderador – enalteceu a iniciativa da Primeira Vice-Presidência da Câmara dos Deputados de repensar o texto do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Maria Rosa Silveira Aguiar – Secretária Parlamentar do Gabinete do Deputado Eduardo Barbosa – questionou a iniciativa e o apoiamento referentes à apresentação de proposições no âmbito do Parlamento Espanhol, em comparação com a forma vigente no parlamento brasileiro. Alex – participante externo à Câmara dos Deputados – abordou a questão do excesso de retrabalhos decorrentes da repetição de proposições que já foram objetos de apreciação na Câmara dos Deputados. Exemplificou que 40% das matérias em trâmite já foram analisadas pela Casa. Comentou, ainda, a liberdade de iniciativa legislativa parlamentar e considerou possíveis alternativas regimentais para diminuir a quantidade de retrabalhos. Júlio Pinto – Palestrante – abordou a questão metodológica de análise legislativa. Considerou a utopia como requisito essencial de capacidade de crítica e salientou que a comparação, seja entre períodos históricos, ou entre modelos de parlamentos, constitui-se em mecanismo fundamental de análise científica, dependente não somente do processo de imersão (realidade vivida), como também do distanciamento referencial (outros modelos e experiências). As soluções para o caso brasileiro poderiam advir de combinações funcionais de modelos existentes em outros países. Destacou, ainda, que o modelo brasileiro necessita garantir racionalidade às representações individuais, que são difusas e confusas por natureza, tornando todo o processo legislativo disfuncional e caro. Essas representações individuais deveriam ser 7 transformadas em políticas públicas eficazes. As comissões são elementos fundamentais no processo de racionalização dos trabalhos legislativos. Nelas ocorrem as discussões e, na maioria das vezes, é onde se apresentam emendas e se estuda o impacto da nova lei no ordenamento jurídico, inclusive sob os aspectos financeiro e orçamentário. Observou, igualmente, a natureza minuciosa e detalhista do regimento, estruturado com base no de 1946, e sugeriu torná-lo mais simples e funcional. Destacou, também, a influência dos servidores no processo de elaboração de leis, o que determina a função estratégica da atuação deles no processo de racionalização legislativa. Referiuse, ainda, à ação articulada dos grupos parlamentares na Espanha, em oposição à ação individualista e caótica existente no parlamento brasileiro. Cristiano Ferri – Moderador – apontou o alto grau de abertura, transparência e participação social existente na Câmara dos Deputados. Citou como exemplos o Portal e-Democracia, e o lançamento do programa Dados Abertos, que colocam o sistema de comunicação legislativa do Brasil em relevância mundial. Concluiu que há necessidade de integrar os canais de comunicação, de conteúdos e de participação popular, de forma a obter-se reverberação no processo legislativo. Fernando Sabóia – Debatedor – asseverou que se deveria pensar globalmente no processo legislativo – construir conhecimento, buscar dados, diálogos com a sociedade e com a academia, e conhecer modelos –, mas agir pontualmente, aperfeiçoando os procedimentos existentes. Mudanças globais no processo legislativo seriam difíceis, enquanto mudanças pontuais evitariam dispersões. Observou, ainda, a importância da concepção de alternativas gerenciais, tecnológicas e de técnica legislativa, de forma a aproveitar tempestivamente o surgimento de espaços políticos para efetivação de ações pontuais. A transparência é necessária, mas deveria vir acompanhada de interpretação correta, tanto no aspecto quantitativo quanto qualitativo dos trabalhos legislativos. Ressaltou que a interpretação deveria distinguir a atividade parlamentar de outras atividades, como as linhas de produção. Deve-se evitar a visão puramente quantitativista, que estimula o retrabalho e provoca ineficácia do processo legislativo. Destacou, da mesma forma, a importância de convencer tecnicamente os parlamentares em relação às propostas de mudanças de normas regimentais. Considerou que seria necessário disponibilizar informações consistentes e demonstrar 8 a viabilidade das possíveis alterações, mostrando que as alterações visariam ao aperfeiçoamento da técnica legislativa e não a mudanças no equilíbrio do jogo político. Comentando o questionamento do participante Jairo Brod, concordou que as frentes parlamentares são mecanismos informais utilizados como forma de promoção política particular do parlamentar, cuja atuação mostra-se restringida pelas regras de organização e de coordenação política vigente no parlamento. Quanto ao questionamento da internauta Gabriela.S sobre a urgência no processo legislativo, afirmou que o termo “urgência” sofreu desgaste no decorrer dos anos e perdeu o real significado. O Debatedor citou a existência de diversas proposições classificadas como urgentes, mas que muitas vezes permanecem em tramitação por toda a legislatura. Rômulo Mesquita – Diretor da Coordenação de Comissões Permanentes do Departamento de Comissões da Câmara dos Deputados – manifestou interesse em saber como era a relação entre as comissões temáticas e o Executivo – as pastas ministeriais – nos Estados Unidos e na Espanha. Se há relação institucional próxima, regras de processo legislativo, obrigatoriedade de submeter as matérias previamente às comissões temáticas antes de serem apresentados os projetos de lei, estudos orçamentários e financeiros antes de iniciar a tramitação da matéria. Por fim, se o parlamento tem a oportunidade de se manifestar previamente. Fausto Bandeira – Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados – ressaltou ser imprescindível dispor de fatos e dados a respeito do processo para fins de gestão de sua melhoria e avaliação do impacto legislativo. Claudio Ribeiro Paes – Servidor da Comissão de Legislação Participativa – indagou se havia alguma experiência em que a matéria ficasse aguardando durante determinado tempo para que todos ou a maior quantidade de parlamentares votassem. Júlio Pinto – Palestrante – respondeu às indagações formuladas por Rômulo Mesquita quanto à relação entre as comissões e o Executivo, informando que, nos Estados Unidos, onde o sistema de comissões é forte, essas são poderosíssimas e todo o debate é realizado no âmbito delas e de suas subcomissões. As comissões têm um relacionamento com as secretarias de estados e com as agências governamentais, assim como realizam audiências públicas em que ocorrem a oitiva de pessoas que atuam naqueles órgãos. Nos EUA, há certo paralelismo entre as comissões e a 9 organização do governo. Em relação à Espanha, no passado, havia essa vinculação, mas atualmente isso não ocorre mais. Na Espanha, o governo participa ativamente de todo o processo legislativo, inclusive nas comissões. Muitos ministros são membros dessas, as quais podem requisitar informações ou a presença de membros do governo para discutir matérias. Luiz Claudio Alves dos Santos Rogério Scheidemantel Assessoria Técnica do Departamento de Comissões Câmara dos Deputados Contato: 32166003 Email: [email protected] 10