PASSAGEM DE COMANDO DO CMP (Brasília - DF) - No dia 30 de março, o Comando Militar do Planalto (CMP) realizou sua passagem de comando em solenidade militar ocorrida no 1º Regimento de Cavalarias de Guarda (1º RCGd). O comandante sucedido, General-de-Divisão Luiz Adolfo Sodré de Castro passou o comando para o General-de-Divisão Araken de Albuquerque. A cerimônia foi presidida pelo Chefe do EstadoMaior do Exército e antigo Comandante Militar do Planalto, General-de-Exército Marius Teixeira Neto. Também prestigiaram o evento, o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, General-de-Exército José Carlos De Nardi, autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Ministros do STM, Generais-deExército, Tenentes-Brigadeiros-do-Ar, integrantes do Almirantado, do Alto Comando do Exército de ontem e de hoje e autoridades civis e militares. Como a área do Comando Militar do Planalto engloba os Estados de Goiás e Tocantins, o Triângulo Mineiro e o Distrito Federal, a cerimônia também foi prestigiada com a presença dos governadores do Estado de Goiás, Marconi Perillo; de Tocantins, José Wilson Siqueira Campos; e do vicegovernador do Distrito Federal, Tadeu Filipelli. A referência elogiosa consignada ao comandante sucedido, assinada pelo Comandante da Força, General Enzo, destacou o produtivo diálogo e digno entendimento que o General Sodré teve com lideranças políticas e autoridades civis dos Três Poderes, nos âmbitos estadual, distrital e nacional, com a Justiça Militar, com órgãos internos e externos da Força e com militares das três Armas e Forças Auxiliares. Para o comandante da Força, a história de vida e de carreira do General Sodré “[...] cedo abraçada, é um espelho a refletir a sólida formação moral e o valor desse discípulo de Osorio, com quem nos orgulha partilhar uma convivência sempre fraterna [...]”. Em suas palavras de despedida, o General Sodré dirigiu-se a seus comandados com gratidão. “[...] Sempre fui um Comandante de muita sorte, assim sem qualquer mácula, após três grandes eventos, envolvendo Chefes de Estado e de Governo importantes, em Brasília, mais a posse presidencial em 1º de janeiro, encerro meu comando com a vinda do Presidente dos Estados Unidos da América à Capital Federal. Mais uma vez a sorte se repetiu. Tudo transcorreu na mais perfeita ordem, conforme o planejado, fruto do trabalho de todos os meus comandados. [...]”. Na formatura, a tropa foi composta por integrantes do Comando do CMP, da Companhia de Comando da 11ª Região Militar (11ª RM) e das Organizações Militares subordinadas. Ao final da solenidade, a tropa a pé, mecanizada e hipomóvel, desfilou em continência ao novo Comandante Militar do Planalto. Curriculum Vitae do novo Comandante O comandante sucessor, General Araken de Albuquerque, ingressou no Exército Brasileiro em 1971, sendo declarado aspirante-a-oficial da Arma de Cavalaria em 1974. Foi instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras e da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Comandou o 1º Esquadrão de Cavalaria Paraquedista; o 16º Regimento de Cavalaria Mecanizado e serviu no Estado-Maior do Exército. No exterior, serviu na Aditância do Exército Brasileiro junto às Embaixadas do Brasil nos Estados Unidos da América e no Canadá. Atingiu o generalato em 2004 e comandou a Escola de Sargentos das Armas, a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada e a 3ª Divisão de Exército - a Divisão Encouraçada, cargo que exerceu até fevereiro deste ano. Palavras do Comandante que se despede Meus comandados do CMP! Difícil se torna dirigir-vos palavras de despedida. Após um ano e meio exercendo a destacada função que o Comandante do Exército me confiou, deixo o Comando Militar do Planalto, que tantas realizações pessoais e profissionais me proporcionou, para enfrentar, com o mesmo entusiasmo e fé, outros desafios nesta nova etapa de vida além do “portão das armas”.São 44 anos de serviço. Confesso que ao chegar à Escola Preparatória quase desisti. Com menos de meia jornada desde a chegada vários candidatos tinham pedido para sair, o panorama era tétrico. A escola inacabada, sem forro no alojamento, faltando vidros nas janelas, uma torre em obras e pela metade, a pior comida de quartel que já comi, e para completar estávamos sendo conduzidos, ora pelos repetentes que não tinham dinheiro para voltar para casa, ora por um 3° sargento, jovem e sem nenhuma noção de urbanidade ou de cidadania, como gostam de dizer hoje. Resumindo, tudo conspirava contra o ficar, exceto a vontade de lutar para ser alguma coisa na vida e vencer o desafio de meu pai, "é bom você achar uma forma de viver, pois senão você não vai ser coisa alguma na vida." Agregue-se a tudo isso o fato de eu conhecer muito bem as instalações da AMAN, que se por um lado servia como base de comparação e fazia doer mais ainda o permanecer, pelo outro era a certeza que o futuro seria melhor. Sou de uma família que tem o DNA verde-oliva. Bisavô materno, avós materno e paterno, pai e meus tios, estes três últimos aqui presentes. Ser oficial do Exército seria natural e com facilidade esta opção venceu a da medicina. No entanto, uma importante correção na tradição teria que ser feita, já que o DNA em questão era artilheiro, necessitava-se evoluir para ser de Cavalaria. Eu sou de Cavalaria. É claro que eu fiquei na EsPCEx, lá fiz amizades que até hoje permanecem sólidas, lá conheci um local onde palavras como lealdade e honra tinham significado e consistência e pude comprovar o que vira em casa até então, existe uma profissão de Estado ímpar, que pensa no Brasil. A Constituição Federal veda aos militares das Forças Armadas, e só a eles, direitos comuns a todos os cidadãos: os direitos de sindicalização e de politização. Preserva-se assim, em qualquer instância, os pilares desta singular profissão, igualmente citados na Constituição: a hierarquia e a disciplina. E, que assim seja sempre, para o bem do Exército e do Brasil. O tempo veio marcando em mim, deixando uma trilha de evolução permanente, calcada na dedicação ao estudo e ao preparo técnico-profissional e físico. Trabalhei permanentemente à vontade e priorizei servir nas unidades de tropa ao longo da carreira. Neste aspecto, contrariei o poeta Manoel Bandeira, pois eu nunca quis "ir embora para Passárgada, eu nunca quis ser amigo do Rei”, afinal amigos do Rei acabam se transformando em servos e vassalos e eu nunca quis ser nem um, nem outro. Aprendi com meu pai que uma das vantagens da profissão militar é a de não se ter patrão, e a vontade a ser seguida é a vontade do povo brasileiro, para a garantia de sua liberdade e do estado democrático de direito. Historicamente sempre foi assim, de Guararapes, nosso berço, até a abertura política em 1980, passando pela Independência, Maioridade, República e Contra-revolução de 1964. A altíssima credibilidade que o Exército goza no seio da sociedade brasileira é testemunha da defesa permanente de seus anseios. Hoje me despeço, proclamando a minha inabalável crença na Instituição Militar a que servi. Deixo nela o mais caro testemunho de meu apreço, o meu querido filho, jovem capitão de Cavalaria, destacado entre seus pares por seu valor moral e profissional, seguidor de meus ideais, combatente de boa luta pelos elevados destinos desta Nação e pela defesa da Pátria. Com ele igualmente talhados de boa cepa seguem meu genro, também capitão de Cavalaria, e meu cunhado, este um major de Infantaria. Um dos grandes ensinamentos da vida militar é o respeito pelos que nos são caros como chefes, subordinados e amigos. É a camaradagem do cotidiano. E o momento é oportuno para iniciar minha despedida pelos meus antigos Cadetes, alguns Generais hoje. Deixo em vocês a fé da compreensão de ensinamentos de que o "homem não tem o direito de abdicar do direito divino de pensar". Nada é porque é. Chefes têm que entender os porquês e não podem deixar perguntas sem respostas. A fé em vocês ajudou-me a manter sempre a minha dignidade, para seguir como exemplo do que ensinei. Despeço-me de meus subordinados de todas as épocas e de todos os quartéis, que no anonimato de suas tarefas me ajudaram e, muitas vezes, foram exemplos de dedicação, de humildade e de abnegação. Despeço-me dos dignos chefes que me distinguiram com sua confiança e consideração; dos queridos companheiros que comigo - ombro a ombro- enfrentaram vicissitudes e momentos de realizações, sempre me honrando com sua amizade. Sigo a vida com a cabeça erguida, apoiado em minha mulher Teca, paixão de minha juventude, inspiração de minha maturidade, fiel amiga, companheira de todos os momentos, muito especialmente na dor e na tristeza. A ela minha eterna gratidão pelos sacrifícios que suportou com nossos filhos, pela cooperação e pelas silenciosas renúncias que permitiram meu total engajamento na vida profissional. (A Teca abdicou de sua carreira, nunca conseguindo concluir sua faculdade, para a qual foi aprovada em primeiro lugar, por, mesmo tendo excesso de créditos, carregar em nossas transferências o preconceito das universidades contra esposas e filhos de militares, sofridos também por minhas queridas e brilhantes Carol e Camila que, motivo de meu orgulho, nunca desanimaram). Reitero solenemente meu apreço ao Exército Brasileiro, e minha esperança no futuro do Brasil. Feliz é aquele que ingressa na carreira das armas com fé e esperança, nela busca um ideal e a percorre com honra e dedicação. Mais ainda, quando tem como primeira unidade o 1º Regimento de Carros de Combate, no qual oficiais de alto nível formavam os quadros para operar os, então, mais modernos carros de combate do Exército Brasileiro, ainda hoje em uso (...), e quando tem a oportunidade de desempenhar todas as funções de comando e de um estado-maior de tropa e de ter integrado os Dragões da Independência, o Regimento Andrade Neves e o glorioso Regimento Osorio, o qual tive a honra e o privilégio de comandar por três anos. Recordo-me ainda com especial alegria do 3º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, OM em que fui subcomandante e comandante, em época conturbada em Brasília. Feliz sou eu por encerrar esta carreira como Comandante Militar do Planalto, único comando militar de área entregue a um General-de-Divisão, o qual engloba o centro político e administrativo do País. Por isso, tenho a convicção no êxito de meu sucessor, General Araken de Albuquerque à frente do CMP, desejando a ele e a sua querida família a mesma sorte, camaradagem e amizade dispensadas à família Sodré. Aos meus comandados do CMP a minha gratidão. Sempre fui um Comandante de muita sorte, assim sem qualquer mácula, após três grandes eventos, envolvendo Chefes de Estado e de Governo importantes, em Brasília, mais a posse presidencial em 1º de janeiro, encerro meu comando com a vinda do Presidente dos Estados Unidos da América à Capital Federal. Mais uma vez a sorte se repetiu. Tudo transcorreu na mais perfeita ordem, conforme o planejado, fruto do trabalho de todos os meus comandados, afinal “Deus ajuda a quem trabalha”. Como disse o patrono da Cavalaria, o General Osorio: "é fácil a missão de comandar homens livres, basta indicar-lhes o caminho do dever". Foi fácil a missão de comandá-los! A todos os companheiros dos últimos passos da longa caminhada, que com tanto carinho me apoiaram nestes últimos dias, incluindo neste universo os militares da reserva ativa e os veteranos da FEB , meu muito obrigado . Não posso deixar de agradecer a minha família matriz, aqui presente, como em quase todos os momentos de minha carreira. A ela, referenciada na pessoa de meu pai, de minha mãe e de meus tios, minha gratidão mais profunda pelos alicerces plantados a partir dos exemplos do Gen Adolpho Sodré de Castro e do Cel Leontino Nunes de Andrade, não os desapontei e fui pelo Exército, que tanto amamos, até onde pude ir. Encerro minhas palavras agradecendo a Deus, por ter me dado a saúde, a coragem, a força e a fé, para enfrentar os obstáculos e as dificuldades. Orgulho-me de ter pertencido e acreditado sempre nos destinos do Exército, confirmado pelo juramento mais solene de minha vida militar, quando, há 44 anos no pátio da saudosa Escola Preparatória de Cadetes do Exército, o proferi perante à Bandeira Nacional: “Incorporando-me ao Exército Brasileiro, prometo cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado, respeitar os superiores hierárquicos, tratar com afeição os irmãos de armas e com bondade os subordinados e dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições defenderei, com o sacrifício da própria vida”. Em cada momento de difícil decisão fui aí buscar a inspiração. Cumpri meu juramento. Valeu a pena defender por 44 anos, de modo inflexível, a soberania do Brasil com Profissionalismo e Entusiasmo. Alma cavalariana heróica e forte, para frente para carga, para a morte pois brilha além a estrela da vitória! Missão cumprida! Que Deus nos proteja, nos guie e nos ilumine e continue permitindo a minha participação em muitas mais outras cargas. Avante camaradas! PLANALTO!