APRESENTAÇÃO Esta apostila reúne, de forma sucinta, aspectos gerais do estudo dos hexápodes, enfatizando vários exemplos de ocorrência no Rio Grande do Sul, com o propósito de auxiliar os estudantes de ciências biológicas no conhecimento do amplo mundo da entomologia. Tratam-se de assuntos já constantes nas publicações: Filo Arthropoda: 1. Generalidades. (1970,75), Filo Arthropoda: 4. Classe Insecta (1970,73) e nos fascículos divulgados na PUCRS, através da série TEMAS DIDÁTICOS nºs 8 a 11, de 1997/98, reunidos de 2000 a 2003 sob a designação de APOSTILA DE ENTOMOLOGIA, agora nesta 4a. edição com pequenas modificações. Para abreviaturas dos nomes das ordens, são utilizadas as quatro letras iniciais, exceto para Mantophasmatodea (MAPH), Thysanoptera (THPT) e Thysanura (THNU). Todas as críticas e sugestões para que estas notas possam melhor atingir seus objetivos serão acolhidas com a máxima satisfação. Porto Alegre, agosto de 2006 Prof. Elio Corseuil 2.2.2 2.2.3 2.2.4 2.2.5 2.2.6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................. 1.1Conceitos ..................................................................... 1.2 Divisões ...................................................................... 1.3 Posição sistemática .................................................... 1.4 Número de espécies ................................................... 1.5 Filogenia .................................................................... 1.6 Distribuição ............................................................... 1.7 Aspectos ecológicos ................................................... 1.8 Aspectos etológicos .................................................... 1.9 Importância ................................................................ 1 1 1 7 8 8 10 13 14 17 2 ANATOMIA ................................................................. 2.1 Organização externa ................................................... 2.1.1 Aspectos gerais ........................................................ 2.1.2 Tegumento ............................................................... 2.1.2.1 Diferenciações ...................................................... 2.1.2.2 Particularidades .................................................... 2.1.3 Segmentação ........................................................... 2.1.3.1 Cabeça .................................................................. 2.1.3.2 Tórax .................................................................... 2.1.3.3 Abdome ................................................................ 2.1.4 Apêndices ................................................................ 2.1.4.1 Cefálicos .............................................................. 2.1.4.2 Torácicos .............................................................. 2.1.4.3 Abdominais .......................................................... 2.2 Organização interna .................................................... 2.2.1 Sistemas digestivo e excretor ................................... 19 19 19 21 22 23 24 25 27 27 28 28 30 35 36 37 iii Sistema respiratório ................................................. Sistema circulatório ................................................. Sistemas de sustentação e muscular .......................... Sistema reprodutor .................................................. Sistema neurosecretor ............................................. Glândulas exócrinas ............................................... Glândulas endócrinas ............................................. Orgãos dos sentidos ................................................ 37 39 39 40 41 43 44 45 3 REPRODUÇÃO ........................................................... 3.1 Modalidades ............................................................... 3.2 Particularidades .......................................................... 49 49 51 4 DESENVOLVIMENTO ............................................... 4.1 Embrionário ............................................................... 4.2 Pós-embrionário ......................................................... 4.2.1 Tipos de metamorfose .............................................. 4.2.2 Tipos de larvas ......................................................... 4.2.3 Tipos de pupas ......................................................... 4.2.4 Adulto ou imago ...................................................... 53 53 54 55 58 61 63 5 SISTEMÁTICA ............................................................ 5.1 Classificação dos hexápodes atuais ............................. 5.2 Chave para ordens ....................................................... 5.3 Caracterização das ordens ........................................... Collembola .............................................................. Protura ..................................................................... Diplura ..................................................................... Archaeognatha ......................................................... Thysanura ................................................................ Ephemeroptera ........................................................ Odonata ................................................................... Plecoptera ................................................................ 65 65 70 79 79 80 80 81 81 82 83 84 iv Blattodea ................................................................. Isoptera .................................................................... Mantodea ................................................................. Grylloblattodea ........................................................ Mantophasmatodea .................................................. Dermaptera .............................................................. Phasmatodea ............................................................ Orthoptera ............................................................... Embioptera .............................................................. Zoraptera .................................................................. Psocoptera ............................................................... Phthiraptera ............................................................. Hemiptera ............................................................... Thysanoptera ........................................................... Strepsiptera .............................................................. Coleoptera ............................................................... Megaloptera ............................................................. Raphidioptera .......................................................... Neuroptera ............................................................... Mecoptera ................................................................ Siphonaptera ............................................................ Diptera ..................................................................... Trichoptera .............................................................. Lepidoptera ............................................................. Hymenoptera ........................................................... 85 85 86 87 87 88 88 89 90 91 91 92 93 95 97 97 99 100 100 101 101 102 103 104 107 6 GLOSSÁRIO ................................................................ 119 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................... 129 8 ÍNDICE .......................................................................... 133 v LISTA DAS ESTAMPAS 1 - ORTHOPTERA ............................................................. A- Acrididae, B- Gryllidae, C- Gryllotalpidae, D- Proscopiidae, E- Tettigoniidae 2 - HEMIPTERA - Heteroptera ........................................... A- Belostomatidae, B- Notonectidae, C- Nepidae, D- Coreidae, E- Reduviidae, F- Pentatomidae, G- Scutelleridae, H- Miridae, I- Tingidae 3 - HEMIPTERA – Auchenorrhyncha ................................ A- Fulgoridae, B- Cicadellidae, C- Cercopidae, D- Aethalionidae, E e F- Membracidae, G- Cicadidae 4 - HEMIPTERA – Sternorrhyncha .................................... A- Aphididae, alado e áptero, B- Psyllidae, adulto e ninfa, C- Aleyrodidae, D- Pseudococcidae, E- Diaspididae, escudos e fêmea, F- Diaspididae, macho 5 - COLEOPTERA .............................................................. A- Carabidae - Carabinae, B- Carabidae Cicindelinae, C- Dytiscidae, D- Chrysomelidae - Bruchinae, E- Chrysomelidae - Galerucinae, F- Coccinellidae, G- Elateridae, H- Cerambycidae, I- Buprestidae, J- Curculionidae, K- Lampyridae, L- Scarabaeidae 6 - NEUROPTERA ............................................................. A- Ascalaphidae, B- Chrysopidae, C- Myrmeleontidae, D- Mantispidae 7 - DIPTERA ....................................................................... A- Tipulidae, B- Culicidae, C- Cecidomyiidae, D- Tabanidae, E- Simuliidae, F- Asilidae, GMuscidae, H- Tachinidae, I- Syrphidae, J- Tephritidae, K- Drosophilidae, L- Hippoboscidae 8 - LEPIDOPTERA ............................................................. A- Hesperiidae, B- Lycaenidae, C -Papilionidae, D- Pieridae, E- Saturniidae, F- Tortricidae, G- Sphingidae, H- Noctuidae 9 - HYMENOPTERA ......................................................... A- Siricidae, B- Tenthredinidae, C- Vespidae, D- Apidae - Xylocopinae, E- Apidae - Apinae, F- Ichneumonidae, G- Pompilidae, H- Formicidae, I- Scoliidae, J- Sphecidae, K- Aphelinidae, L- Trichogrammatidae, M- Braconidae vi 109 110 111 112 113 114 115 116 117 1 INTRODUÇÃO de ordem econômica ou importância para o homem, e, aplicada ou econômica, que estuda os insetos sob o ponto de vista de sua utilidade ou nocividade. Comportam, como principais subdivisões, as referidas a seguir: 1.1 CONCEITOS Entomologia é a parte da Zoologia que se dedica ao estudo dos insetos. Essa palavra é derivada do grego (entomon= segmentado e logos= tratado), podendo ser etimologicamente definida como a “ciência que estuda os animais segmentados”. O termo “inseto”, de uso geral, vem da palavra latina intersectum, significando entrecortado. Tanto um termo como outro fazem alusão à presença da segmentação ou metameria somática. Desde Aristóteles (350 AC) os insetos são referidos como animais articulados; a entomologia abrangia então, não só os hexápodes, mas todos os invertebrados articulados, inclusive os vermes superiores. O termo “Articulata” já foi usado por Cuvier para reunir os anelídeos e artrópodes. Desde Lamarck, porém, o campo da entomologia limita-se ao estudo dos artrópodes cujas formas adultas possuem 3 pares de pernas, constituindo a classe Insecta, nome dado por Linneu (1758), tendo por muito tempo Hexapoda, de Blainville (1816) e Latreille (1825), como sinônimo. Atualmente, alguns hexápodes mais primitivos, que vinham sendo tratados como insetos, passaram a integrar grupos distintos. Dessa forma a classe Insecta, agora, abriga apenas os artrópodes dotados de 3 pares de pernas, díceros, ectognatos e com desenvolvimento epimórfico. 1.2 DIVISÕES A ENTOMOLOGIA é comumente dividida em básica ou pura, ocupando-se do estudo dos hexápodes, sem preocupações 1 Geral . . . . . . Entomologia básica Anatômica Biológica Ecológica Fisiológica Sistemática Entomologia aplicada . . . . . . . . . . . . . Agrícola Ambiental Farmacêutica Florestal Forense Habitacional Industrial Médica Química Veterinária ENTOMOLOGIA GERAL - estuda os insetos procurando conhecer tanto sua organização anatômica externa e interna, como também sua biologia, ecologia.e fisiologia. ENTOMOLOGIA SISTEMÁTICA - tomando por base as semelhanças e diferenças que ocorrem entre os insetos, procura classificá-los por similaridade, formando grupos naturais, fundamentados, atualmente, em bases filogenéticas. ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA - estuda os insetos, tanto nocivos como úteis à agricultura. Também referida como Entomologia Econômica, é a que reúne maior número de pesquisadores e de publicações no mundo. Os insetos nocivos são os que proporcionam, direta ou indiretamente, algum prejuízo; no primeiro caso - danos diretos - atacando os vegetais, tanto na lavoura como armazenados, 2 servindo como exemplos a lagarta-do-trigo Pseudaletia sequax Franc., 1951 e a lagarta-da-soja Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (LEPI., Noctuidae), o maranduvá-da-mandioca Erinnyis ello (L., 1758) (LEPI., Sphingidae) e vários besouros, como a “vaquinha” Diabrotica speciosa (Germar, 1824) (COLE., Chrysomelidae) e os “burrinhos” Epicauta spp. (COLE., Meloidae); no segundo - dano indireto - introduzindo nas plantas princípios tóxicos ou outros agentes que podem provocar distúrbios os mais diversos, como manchas e deformações; os insetos cecidógenos representam um exemplo típico, pelas galhas ou cecídeas produzidas por atrofia, hipertrofia ou hiperplasia dos tecidos vegetais; outros provocam a disseminação de várias doenças de plantas, causadas especialmente por vírus, que são levados de uma planta para outra, pelos chamados “insetos vetores”. Os insetos úteis podem ser assim referidos tanto pela utilidade direta como indireta. No primeiro caso, incluindo espécies que contribuem para a polinização de vegetais, como por exemplo a abelha-comum, doméstica ou européia Apis mellifera (L., 1758) (HYME., Apidae) de grande importância especialmente em pomares, e, Blastophagus psenes (L., 1758) (HYME., Agaonidae), imprescindível para a frutificação da figueira (Ficus carica), introduzida em vários países. No segundo, incluindo espécies, referidas como insetos auxiliares, que são usadas para minimizar os danos causados por diversas pragas da agricultura, pelo método do “controle biológico”; os agentes usados para esse fim são chamados de um modo geral de “inimigos naturais” das diferentes pragas e abrangem tanto predadores como parasitóides: Predador - alimenta-se diretamente de suas vítimas, chamadas “presas”, devorando-as em seguida, sendo exemplos o louva-a-deus (MANT.) e a maioria das “joaninhas” (COLE., Coccinellidae), destacando-se Cycloneda sanguinea (L., 1763) e Eriopis connexa (Germar, 1824) comumente encontradas junto a colônias de pulgões. Parasitóide - deposita o ovo junto ou no interior do corpo de sua vítima, chamada de “hospedeiro”, que servirá de alimento quando a larva eclodir; são exemplos diversas espécies de vespinhas ou microhimenópteros, como as do gênero Aphidius (Braconidae), que parasitam grande número de pulgões, as de Aphytis (Aphelinidae) em cochonilhas e Trissolcus (Scelionidae) em ovos de percevejos. Também é comum o parasitismo de lagartas tanto por vespinhas, destacando-se as do gênero Cotesia (Braconidae), como por dípteros Tachinidae. ENTOMOLOGIA AMBIENTAL - estuda os insetos de interesse como indicadores de poluição, especialmente hídrica,e, ainda, para estimar os níveis da degradação de florestas. O estudo e criação de espécies de borboletas para ornamentação de parques e jardins está sendo atualmente objeto de grande atenção. ENTOMOLOGIA FARMACÊUTICA - estuda os insetos que proporcionam matérias primas para a fabricação de medicamentos. A geleia real produzida pela abelha é um exemplo dos mais expressivos; a cantaridina, que apesar de ter propriedades vesicatórias atua também como afrodisíaco, presente em meloídeos, com maior proporção na espécie européia Lytta vesicatoria (L.,1758) (COLE., Meloidae) é outro exemplo. Relacionam-se ainda com este ramo da Entomologia a busca da susbstância existente no besouro-do-amendoim Ulomoides dermestoides (Fairmaire,1893) (COLE., Tenebrionidae) responsável por sua ação medicinal, com propriedades anti-inflamatórias, bem como o estudo dos efeitos anti-reumáticos do veneno produzido por algumas abelhas e vespas. ENTOMOLOGIA FLORESTAL - estuda os insetos associados às plantas florestais, tanto nativas como cultivadas. Relaciona-se intimamente à entomologia agrícola. Destacam-se pela importância vários coleópteros cerambicídeos, como o “serrador-da-acácia-negra” [Oncideres impluviata (Germar, 1824)], a “broca-da-erva-mate” (Hedypathes betulinus Klug, 1825), a “broca-do-eucalipto” [Phoracantha semipunctata (Fabr., 1775)] e a “broca-do-pinheiro” [Parandra glabra 3 4 (De Geer, 1774)], além de outros coleópteros e também várias lagartas e cochonilhas. ENTOMOLOGIA FORENSE - estuda os insetos que de alguma forma possam contribuir para o esclarecimento de aspectos discutidos em âmbito judicial. São exemplos as formas necrófagas, destacando-se espécies de Nicrophorus e Silpha (COLE., Silphidae), que podem indicar o tempo decorrido na execução de homicídios. ENTOMOLOGIA HABITACIONAL - estuda os insetos que ocorrem nas habitações, os quais podem molestar pela simples presença ou picada, como danificar alimentos, objetos e outros bens humanos. A crescente ocorrência de insetos em residências, hotéis, restaurantes, cinemas, bibliotecas etc, vem aumentando de forma apreciável a importância deste ramo da entomologia aplicada. Como exemplos mais expressivos podem ser lembradas as baratas Periplaneta americana (L., 1758) (BLAT., Blattidae) e Blatella germanica (L., 1767) (BLAT., Blatellidae); o mosquito Culex quinquefasciatus Say,1823 (DIPT., Culicidae) e a pulga Pulex irritans (L., 1758) (SIPH., Pulicidae), insetos hematófagos causando desassossego; os cupins ou térmitas Kalotermes spp. (ISOP., Kalotermitidae) que vivem em madeiras, prejudicando móveis e mesmo caibros, assoalhos e paredes; a traça Tineola uterella (Wals., 1897) (LEPI., Tineidae) e a punilha Dermestes maculatus (DeGeer, 1774) (COLE., Dermestidae), responsáveis por prejuízos em roupas, peles e tapetes; a falsa traça Lepisma saccharina (L., 1758) (THNU., Lepistamidae) danificando quadros e papéis em geral; os piolhos-dos-livros Liposcelis spp. (PSOC., Liposcelidae) comum em bibliotecas, produtos armazenados, herbários e coleções entomológicas. ENTOMOLOGIA INDUSTRIAL - estuda os insetos sob o ponto de vista da utilização industrial de seus produtos. São exemplos a abelha, já citada, de grande importância na produção de mel e cera; o bicho-da-seda Bombyx mori (L., 1758) (LEPI., Bombycidae), espécie de ampla utilização na sericicultura; as cochonilhas Laccifer lacca (Kerr, 1782) (HEMI., Sternorrhyncha, Kerriidae) e Dactylopius coccus (Costa, 1835) (HEMI., Sternorrhyncha, Dactylopiidae), produtoras da verdadeira laca animal e do carmim de melhor qualidade, respectivamente. ENTOMOLOGIA MÉDICA - estuda os insetos que, de qualquer forma, podem afetar a saúde humana. Como exemplos podem ser lembrados os “barbeiros” Triatoma infestans (Klug., 1834) e Panstrongylus megistus (Burm., 1835) (HEMI., Heteroptera, Reduviidae) transmissores de Trypanosoma cruzi causador da doença de Chagas; os mosquitos Aedes aegypti (L., 1762) transmissor dos vírus causadores da febre amarela e da “dengue” e Anopheles spp. (DIPT., Culicidae) vetores do esporozoário Plasmodium vivax causador da malária; o piolho Pediculus humanus (L., 1758) (PHTH., Anoplura, Pediculidae) transmissor de Rickettsia, vírus causador do tifo exantemático; as lagartas urticantes de vários lepidópteros, como as de Automeris spp. e Hylesia spp. (LEPI., Saturniidae), as “taturanas” ou “lagartas-de-fogo” Megalopyge spp. (LEPI., Megalopygidae) e especialmente a “lagarta-assassina” [Lonomia obliqua Walker, 1855 (LEPI., Saturniidae)] capaz de causar hemorragias e óbitos. ENTOMOLOGIA QUÍMICA ou TOXICOLÓGICA preocupa-se com a procura e fabricação de substâncias destinadas ao controle de insetos. Abrange os aspectos toxicológicos, incluindo os testes de eficiência e seletividade de produtos. ENTOMOLOGIA VETERINÁRIA - estuda os insetos relacionados com a saúde dos animais. Como exemplos destacam-se Dermatobia hominis (L., 1781) (DIPT., Cuterebridae) cujas larvas são conhecidas como “bichoberne”; Gasterophilus nasalis (L., 1761) (DIPT., Gasterophilidae) causador da “gasterofilose” dos eqüinos; Cochliomyia spp. (DIPT., Calliphoridae) moscas varejeiras responsáveis por miíases tanto em animais como no homem; Melophagus ovinus (L., 1761) (DIPT., Hippoboscidae), ectoparasito permanente de ovelhas; os piolhos das aves, como 5 6 Menopon gallinae (L., 1758) (PHTH., Amblycera, Menoponidae) entre outros, e os dos mamíferos, como Trichodectes spp. (PHTH., Ischnocera, Trichodectidae) que se alimentam da base dos pêlos e Haematopinus spp. (PHTH., Anoplura, Haematopinidae) que são hematófagos, associados principalmente a bovinos e suinos. 1.3 POSIÇÃO SISTEMÁTICA Existe grande divergência entre os autores no tocante à hierarquia dos grupos que integram os invertebrados que possuem pernas articuladas, incluidos em Insecta por Linneu e em Arthropoda por Sieboldt & Stannius. Apesar do termo Hexapoda ter sido usado como sinônimo de Insecta por muito tempo, e ainda sem diferenciação por BARNES, CALOW & OLIVE (1995), que elevam a hierarquia da maioria dos grupos, os mesmos são mantidos como táxons distintos na proposta de KRISTENSEN (1991). O quadro que segue dá uma visão geral da posição sistemática dos insetos desde filo: Filo Subfilos Superclasses Classes †Trilobita Chelicerata Crustacea ARTHROPODA Myriapoda Uniramia Hexapoda Ellipura Diplura Insecta A classe Ellipura reune as ordens Collembola e Protura, consideradas anteriormente por KRISTENSEN (1981) como 7 classes independentes, que juntamente com Diplura, formava o grupo “Entognatha”. 1.4 NÚMERO DE ESPÉCIES As estimativas existentes em relação ao número de espécies de hexápodes descritas são as mais discordantes, pois raros são os trabalhos com dados precisos. Convém lembrar as indicações de 685.900 espécies (SABROSKY, 1952), 739.460 (MARANHÃO, 1976), 787.643 (BORROR, TRIPLEHORN & JOHNSON, 1989) e >883.475 (DALY, DOYEN & PURCELL, 1998) Considerando os valores para cada ordem, em função de estimativas de vários autores, principalmente Grimaldi & Engel (2005), nota-se que 98,8% pertencem a classe Insecta, conforme explicitado na Tabela 1. Estimativas baseadas em cálculos de riquesa e diversidade da entomofauna, no entanto, sugerem que o número de insetos existentes atinge a cifra de 3 a 4 milhões de espécies. (GULLAN & CRANSTON, 2000). 1.5 FILOGENIA É muito discutida a origem dos hexápodes. JEANNEL (1946) calculou em 440 milhões de anos a idade do aparecimento dos primeiros representantes; segundo KUKALOVÁ-PECK (1991), como já referiu VANDEL (1949), os mais antigos que se conhecem são colêmbolos do gênero Rhyniella, datando do Devoniano Inferior (cerca de 400 milhões de anos). As formas aladas surgiram no Carbonífero Superior, há mais de 285 milhões de anos. A teoria de Handlirsch admite uma origem a partir de Trilobita; outros sugerem a partir de crustáceos, como a de Hansen (de Syncarida) e de Crampton (de Peracarida). Para Brauer a origem é a partir do sínfilo Scolopendrella. Depois 8 Tabela 1 - Estimativa do número de espécies das ordens de hexápodes. Archaeognatha ...................... Thysanura ............................... Ephemeroptera ...................... Odonata................................... Blattodea ................................ Isoptera ................................... Mantodea ................................ Plecoptera ............................... Grylloblattodea........................ Mantophasmatodea ................. Dermaptera ............................. Phasmatodea ........................... Orthoptera............................... Embioptera.............................. Zoraptera ................................ Psocoptera .............................. Phthiraptera............................. Hemiptera................................ Thysanoptera........................... Strepsiptera ............................. Coleoptera............................... Megaloptera ............................ Raphidioptera.......................... Neuroptera............................... Mecoptera ............................... Siphonaptera........................... Diptera ................................... Trichoptera ............................ Lepidoptera ............................ Hymenoptera........................... I N S E C T A.......................... Protura.................................... Collembola ............................. Diplura ................................... H E X A P O D A.................... 9 500 400 3.100 5.500 4.400 2.900 2.300 2.000 27 14 2.000 3.000 20.000 500 32 4.400 4.900 90.000 5.000 550 350.000 300 200 6.000 600 2.500 120.000 11.000 150.000 125.000 916.223 600 9.000 1.000 927.323 surge a mais importante, de Tillyard, admitindo a existência de um tipo hipotético, provavelmente siluriano, como ancestral de onde se originaram tanto os hexápodes como os miriápodes, forma primitiva que foi chamada “protaptera”; dessa forma derivam-se os grupos pro e opistogoneados. Os hexápodes constituem um grupo monofilético, derivado de tais artrópodes opistogoneados, onde o desenvolvimento metamérico se inicia com os representantes da classe Ellipura, incluindo Collembola, onde há uma redução na segmentação abdominal (protomórficos) e Protura, com o número de segmentos aumentando durante o desenvolvimento pós-embrionário (anamórficos); culmina com as classes Diplura e Insecta, onde a evolução metamérica se completa durante o desenvolvimento embrionário (epimórficos) (JEANNEL,1945; KRISTENSEN, 1991; GULLAN & CRANSTON, 2000). A definição dos diversos relacionamentos filogenéticos dos hexápodes, como tembém de todos os artrópodes, entretanto, apresenta ainda muitas controvérsias. . A filogenia dos hexápodes está ilustrada no cladograma da Figura 1, baseado na combinação de dados morfológicos e de seqüência molecular, compilados de vários autores por Gullan & Cranston (2000). Dentro dos insetos surge primeiro Archaeognatha, depois Thysanura e, finalmente, com derivação comum, todas as formas aladas, abrangendo Ephemeroptera e Odonata, que formam os Palaeoptera, e, as demais ordens, que integram os Neoptera. . 1.6 DISTRIBUIÇÃO A distribuição geográfica representa a biogeografia dos seres; é o estudo da ocorrência das espécies em função das regiões do globo terrestre (simplesmente ponto de vista geográfico). Em relação ao tempo estuda-se a “dispersão geográfica”, 10 que representa a biogeografia histórica, tratando da disseminação das espécies em função do espaço e do tempo (aliando os pontos de vista geográfico e geológico); refere-se geralmente a espécies ou pequenos grupos. A distribuição, em função da abrangência, pode ser geral ou restrita. As espécies de distribuição geral, encontradas em todas as regiões, são ditas cosmopolitas. A traça-dos-cereais Sitotroga cerealella (Olivier, 1819) (LEPI., Gelechiidae) e a mosca-comum Musca domestica L., 1758 (DIPT., Muscidae) constituem exemplos bem característicos. . As de distribuição restrita podem ser cosmopolitastropicais, características de uma região zoogeográfica ou peculiares apenas a determinados locais de uma região; neste caso são chamadas endêmicas, servindo de exemplo Diloboderus abderus Sturm.,1826 (COLE., Scarabaeidae) encontrado apenas no Uruguai, norte da Argentina e sul do Brasil. Quanto às regiões zoogeográficas, apesar de serem caracterizadas principalmente pela fauna de vertebrados, são também referidas para distribuição dos artrópodes: Fig. 1 - Relacionamento evolutivo das ordens de hexápodes (Cf. GULLAN & CRANSTON, 2000). 1- Insecta, 2- Pterygota, 3- Neoptera, 4- Endopterygota. 11 Australiana: Austrália, Tasmânia, Nova Guiné, Nova Zelândia e outras ilhas vizinhas. Ex.: Australembia (EMBI., Australembiidae). Etiópica: África, abaixo do trópico de Câncer; inclui deserto de Saara, Madagascar e ilhas adjacentes. Ex.: Hemimerus (DERM., Hemimeridae), com espécies que parasitam roedores, encontradas exclusivamente no sul da África. Neártica: Norte do México (terras altas), USA, Canadá, Groenlândia e ilhas árticas. Ex.: Magicicada septemdecem (L.,1758) (HEMI., Auchenorrhyncha, Cicadidae), uma das cigarras periódicas da América do Norte. Neotropical: América do Sul e Central, sul do México (terras baixas) e Antilhas. Ex.: Acrocinus longimanus (L.,1758) (COLE., Cerambycidae); os “falsos-bichos-pau” (ORTH., Proscopiidae) são exclusivos da América do Sul. 12 Oriental: Ásia ao sul do Himalaia, Índia, Sri Lanka, Malásia, Indonésia (Sumatra, Java, Borneo, Celebes) e Filipinas. Ex.: Pharnacia serratipes (Gray,1835) (PHAS., Phasmatidae). Paleártica: Europa, Ásia acima do Himalaia (China, Japão, Rússia), Afganistão, Irã, Iraque, Síria e África ao norte do trópico de Câncer. Ex.: Panorpa (MECO., Panorpidae). 1.7 ASPECTOS ECOLÓGICOS Os insetos, durante sua vida, podem ocorrer em vários “habitats”, sendo comum locais distintos em função das fases do desenvolvimento. Os principais aspectos estão relacionados a seguir, acompanhados, a título de exemplificação, de gêneros que possuem espécies com tais modos de vida: Terrestre epígeo – vivendo acima da superfície do solo, em especial na parte aérea das plantas: a grande maioria. Chrysomphalus (HEMI., Sternorrhyncha, Diaspididae) hipógeo – hábito subterrâneo: larvas de Diloboderus (COLE., Scarabaeidae) 1.8 ASPECTOS ETOLÓGICOS No tocante aos costumes e relações com outros organismos, convém destacar regimes alimentares e associações biológicas. Quanto aos regimes alimentares podem ser agrupados em: fitófagos - alimentam-se de vegetais; zoófagos - vivem às expensas de animais, incluindo as espécies entomófagos e hematófagos; pantófagos ou onívoros - valendo-se indistintamente de produtos de origem tanto vegetal como animal; saprófagos - alimentam-se de matéria em decomposição, incluindo coprófagos, que se valem de excrementos, e, necrófagos, que se desenvolvem em cadáveres. Os fitófagos, que representam a grande maioria, podem viver apenas na dependência de uma espécie vegetal (monofitófagos), de grupo de plantas semelhantes ou da mesma família (oligofitófagos), ou, alimentarem-se indistintamente de diversos vegetais (polifitófagos). Tais insetos são comumente caracterizados por nomes relacionados a particularidades de seu regime alimentar, listadas a seguir, com exemplos comuns em nosso meio: Aquático dulciaqüícola lêntico - Culex (DIPT., Culicidae) lótico - Hexagenia (EPHE., Ephemeridae) lenítico - Simulium (DIPT., Simuliidae) Marinho litorâneo - alguns dípteros Chironomidae pelágico - Halobates (HEMI., Heteroptera, Gerridae) 13 algófagos - Hexagenia albivittata (Walker, 1853) (EPHE., Ephemeridae), cujas formas jovens se alimentam de algas diatomáceas. micetófagos - Atta sexdens (L., 1758) (HYME., Formicidae), formiga cortadeira conhecida por “saúva” que cultiva o fungo Pholiota gongylophora do qual se alimenta. rizófagos - Conoderus scalaris (Germar, 1824) (COLE., Elateridae), cujas larvas chamadas “verme-arame” 14 alimentam-se de raízes de várias plantas. Diloboderus abderus (COLE., Scarabaeidae) e muitas outras espécies de escarabeídeos, cujas larvas são conhecidas como “bicho-bolo”, “capitão”, “coró” e “pão-de-galinha”. xilófagos- Oncideres impluviata (COLE., Cerambycidae), o “serrador-da-acácia-negra”, cujas larvas abrem galerias nos galhos cortados pelos adultos, alimentando-se do lenho. filófagos - Epicauta spp. (COLE., Meloidae), conhecidos comumente por “burrinhos” que na forma adulta se alimentam de folhas, especialmente solanáceas. fitossuccívoros - Aethalion reticulatum (L.,1767) (HEMI., Auchenorrhyncha, Aethalionidae) (cigarrinha-dos-pomares), (Nezara viridula (L.,1758) (HEMI., Heteroptera, Pentatomidae) (percevejo-da-soja), Schizaphis graminum (Rond.,1852)(HEMI., Sternorrhyncha, Aphididae) (pulgão-verde-dos-cereais). cecidógenos - Iatrophobia brasiliensis (Rübs., 1907) (DIPT., Cecidomyiidae), causador da “verruga da folha da mandioca”. florífagos - Macraspis spp. (COLE., Scarabaeidae), cujos adultos comumente se alimentam de pétalas, especialmente da roseira. polinífagos - Astylus spp. (COLE., Dasytidae), aliamentam-se do pólen de várias flores. nectarívoros - Papilio spp. (LEPI., Papilionidae) e a maioria das demais borboletas, sugam o néctar de várias flores. carpófagos - Anastrepha fraterculus (Wied., 1830) (DIPT., Tephritidae), conhecida como “mosca-dasfrutas-sul-americana”, cujas larvas se alimentam da polpa de vários frutos. espermófagos - Cydia deshaysiana (Lucas, 1858) [=Laspeyresia saltitans (West.,1858)] (LEPI., 15 Tortricidae), vive em uma euforbiácea, ocasionando as sementes saltadoras! cletrófagos - Sitophilus oryzae (L., 1758) (COLE., Curculionidae), comumente chamado “gorgulhodos-cereais”, larvas e adultos danificando grãos armazenados. Em relação às associações entre organismos (biocenoses) existem espécies que vivem interrelacionadas com outras: - com vegetais epífitas - Chrysomphalus spp. ( HEMI ., Sternorrhyncha, Diaspididae) endófitas - (DIPT., Cecidomyiidae) - com animais - da mesma espécie: agregações - gafanhoto migratório, lagartas, pulgões sociedades - abelhas, formigas, térmitas. - de espécies diferentes (simbioses) : associações harmônicas: comensalismo - espécies mirmecófilas e termitófilas mutualismo - f o r m i g a s a ç u c a r e i r a s e pulgões cupins e protozoários associações desarmônicas: inquilinismo - traça-das-colméias Galleria mellonella (L.,1758)(LEPI., Pyralidae) parasitismo - vespinhas em cochonilhas predatismo - joaninhas em pulgões 16 1.9 IMPORTÂNCIA Além das implicações já citadas nas divisões da Entomologia, com expressivos exemplos de espécies referidas nos aspectos ecológicos e etológicos, destacando-se as nocivas a plantas, animais e homem, construções e produtos armazenados, e, as úteis no controle biológico, uso industrial e polinização, devem ser ressaltadas outras formas de importância dos insetos: Adorno - o valor estético de grande número de representantes, motiva a utilização de exemplares, convenientemente preparados, como enfeites presentes em pregadores, brincos, quadros, bandejas etc, ou também inspirando confecção de jóias e múltiplas obras de arte, bem como ilustrações filatélicas. Destacam-se as borboletas, especialmente de coloração metálica, e, coleópteros, também de cores metálicas ou vistosos pelo grande porte. Cuidados com a proteção de borboletas e inclusive sua criação, permitindo ao público melhor apreciar tais maravilhas da natureza, constituem assuntos de grande atualidade. permanência da diversidade dos organismos e conseqüentes interações nos vários ecossistemas é evidente. Bioindicadores - várias espécies, especialmente dípteros quironomídeos, plecópteros e odonatos são de grande importância para avaliar a poluição de ambientes aquáticos; diversos lepidópteros são utilizados como indicadores da degradação de florestas. Biomassa - os insetos constituem parte importantíssima da biomassa do planeta; existem estimativas de que cupins e formigas chegam a representar, cada um, a expressiva proporção de 10%! São imprescindíveis para o equilíbrio biológico, atuando tanto no controle de organismos como, especialmente, constituindo-se em meios fundamentais de alimentação de muitas espécies, tanto aquáticas como terrestres. Alimento - o uso de gafanhotos como alimento é freqüente no Oriente. Nativos da África valem-se de cupins, formigas, gafanhotos e larvas, tanto de coleópteros como de lepidópteros. No México são consumidas lagartas fritas, conhecidas como “gusanos de Maguey”, sendo inclusive enlatadas e comercializadas. No Brasil indígenas utilizam larvas de coleobrocas, especialmente cerambicídeos e curculionídeos, em sua alimentação. Larvas de abelhas também são consumidas. Biodiversidade - tratando-se dos seres com maior número de espécies na natureza, muitas representadas por descomunais populações, sua importância na 17 18 2 ANATOMIA O termo anatomia, cujo significado é “Ciência que trata da forma e da estrutura dos seres organizados”, vem sendo utilizado com diferentes acepções. Apesar de abranger anatomia externa e anatomia interna, alguns autores consideram o nome restrito à organização interna, reservando o nome morfologia para a externa; há ainda os que adotam somente morfologia, dividindo-a em externa e interna. 2.1 ORGANIZAÇÃO EXTERNA 2.1.1 ASPECTOS GERAIS exemplificados a seguir, juntamente com alguns dados de envergadura, incluindo a do maior inseto fóssil: Maiores insetos †Meganeura (ODON.) 70cm envergadura Pharnacia(PHAS.) (Oriental) 33cm Otocrania(PHAS.) (Brasil) 26,5cm Thysania (LEPI.) 30cm envergadura Titanus (COLE.) 20cm Mecistogaster (ODON.) 15,5cm Acrocinus (COLE.) 11cm (33cm: entre extremidades das pernas anteriores) Menores insetos Ptiliidae (COLE.) Alaptus (HYME.) Megaphragma (HYME.) Dicopomorpha (HYME.) 0,25mm 0,21mm 0,17mm 0,139mm Cor - Pode ser: estrutural (física) pigmentária (química) Forma - O corpo dos insetos pode ter várias formas, com aparência grandemente modificada pela presença dos apêndices, que exibem aspectos e tamanhos os mais diversos. O corpo, em alguns, apresenta-se: subgloboso - pulgões hemisférico - joaninhas subcilíndrico - freqüente em larvas. baciliforme - bichos-pau comprimido (lateralmente) - pulgas deprimido (dorso-ventralmente) - piolhos Esses termos são também usados para caracterizar apenas parte do corpo, como por exemplo libélulas com abdome subcilíndrico e cabeça subglobosa. Tamanho - O comprimento do corpo dos insetos adultos atuais pode variar desde fração de milímetro até mais de 3 decímetros, pertencentes a espécies dos gêneros As cores pigmentárias podem ser motivadas por melaninas (pardo escura ou negra), carotenóides (amarela, vermelha), insectoverdinas (azul, verde), pteridinas (eritropterinas - vermelha; xantopterina - amarela; leucopterina - branca), derivados das quinonas (ácido carmínico: carmin), e mais raramente, clorofila e hemoglobina. 19 20 São exemplos de colorações estruturais as metálicas, decorrentes de irizações devidas a fenômenos de difração ou, mais seguido, de interferência, determinados pela superposição de lâminas de quitina extremamente delgadas, separadas por camadas apresentando índice de refração diferente, como se observa em asas de várias borboletas (Morpho spp.) e no corpo e apêndices de muitos coleópteros. 2.1.2 TEGUMENTO O tegumento ou integumento é o revestimento externo ou parede do corpo, que cobre toda a superfície, constituindo o exoesqueleto, responsável pelo aspecto geral dos artrópodes. Forma também algumas dobras salientes no interior do corpo e apêndices, chamadas apódemas, representando as superfícies de inserção dos músculos, que no seu conjunto formam o endoesqueleto. O tegumento é formado por três camadas consecutivas: cutícula, hipoderme e membrana basal (Fig. 2) decorre da aminação da d-glicose (C6H12O6), resultando a glicosamina ou quitosamina (C6H13O5N), que sofre acetilização e subsequente tautomeria, seguindo-se polimerização e condensação; tem por fórmula (C8H13O5N)n onde o valor de n é ao redor de 18, diferindo da celulose por apresentar radicais acetilamina em lugar de oxidrila. HIPODERME ou EPIDERME - camada celular formadora da cutícula. MEMBRANA BASAL.- delimitadora da cutícula. A cutícula, além de formar o exoesqueleto, recobre igualmente os epitélios de origem ectodérmica; forma invaginações ao nível dos orifícios naturais, revestindo uma parte das cavidades internas, como intestinos anterior e posterior, canais excretores das glândulas e cavidades respiratórias. 2.1.2.1 Diferenciações Fig. 2 – Tegumento. C - cutícula: ep - epicutícula, ex - exocutícula, en- endocutícula; H - hipoderme; Mb - membrana basal. Existem formações tipicamente externas, que são diferenciações cuticulares, e outras, produzidas por uma ou mais células hipodermais, formando as diferenciações tegumentares. (Fig. 3) CUTÍCULA - camada externa, acelular, substituída nos processos de ecdises. É formada por: Epicutícula, camada externa, muito fina, com fenois derivados do aminoácido tirosina; tem estrutura cerosa sendo responsável pela impermeabilização. Exocutícula, camada estratificada com melanina e outros pigmentos. Endocutícula, parte essencial da cutícula, formada por camadas alternadas de uma proteína hidrossolúvel - a artropodina, e do acetato de um polissacarídeo, chamado quitina. A artropodina, por ação de polifenois, atuando como substâncias tanantes, transforma-se em esclerotina, proporcionando grande resistência ao tegumento. A quitina TEGUMENTARES Unicelulares: São produções hipodermais móveis, destacando-se os pêlos e as cerdas. Com freqüência os pêlos estão conetados a terminações nervosas e desempenham uma função sensorial; alguns podem estar ligados a células glandulares, formando as cerdass urticantes. O número e 21 22 CUTICULARES Existe uma extrema variedade de diferenciações externas da cutícula, de importância para os trabalhos sistemáticos, incluindo pontuações, granulações, puncturações, estriações, pequenos espinhos (microtríquias), cristas etc. disposição das setas e cerdas, em muitos casos, é de grande importância para propósitos sistemáticos (quetotaxia), especialmente em coleópteros, dípteros e formas imaturas de lepidópteros. As escamas que se observam em numerosos insetos, representam cerdas modificadas. Multicelulares: estruturas rígidas, ocas ou sólidas, que podem ser fixas, como os espinhos e processos cefálicos (chifres) e torácicos, ou móveis, como os esporões. Fig. 3 – Diferenciações cuticulares e tegumentares. (Segundo Osuna) 2.1.2.2 Particularidades A presença do revestimento tegumentar motiva algumas particularidades que viabilizam tanto os movimentos como o crescimento. Articulações Revestimento tegumentar muito fino, pouco esclerotizado e bastante flexível: Entre somitos - membranas articulares, que em alguns casos permitem grande afastamento dos somitos, como se observa em rainhas de isópteros (fisogastria). 23 Entre artículos monocondilares – permitem movimentos amplos, como por exemplo nas antenas. bicondilares – condicionam movimentos em um só plano. Ex.: entre fêmur e tíbia dos gafanhotos. Crescimento O crescimento dos insetos, como de todos os artrópodes, está condicionado à substituição do revestimento tegumentar. Esta substituição, regulada por processos hormonais, se dá através das “trocas de pele” ou ecdises. O número de ecdises é muito variável, observando-se na maioria de três a seis; alguns, entretanto, como em Ephemeroptera, atinge 45 e em Thysanura pode chegar até 65. As ecdises ocorrem de um modo geral somente nas formas imaturas. Constituem exceções os tisanuros, que fazem várias durante a fase adulta, e, os efemerópteros, que fazem uma após emergir a primeira forma alada. 2.1.3 SEGMENTAÇÃO Como em todos os artrópodes, o corpo dos insetos é formado por segmentos, chamados com mais freqüência de somitos, e também referidos por metâmeros ou zoonitos. Um somito típico é um anel formado pela região dorsal, chamada noto ou tergo, a ventral, o esterno, e duas laterais unindo às anteriores, chamadas pleuras. (Fig. 4) Fig. 4 – Regiões de um somito. A - acetábulo, E - esterno, N- noto ou tergo, P-pleura. em - epímero, et - episterno, sp - sutura pleural. 24 As regiões dos somitos podem ser formadas por peças menores, os escleritos, delimitados por linhas de união chamadas suturas. Tagmose Os insetos caracterizam-se por metameria heterônoma, onde o corpo consta geralmente de 20 somitos, agrupados em 3 regiões ou tagmas (Fig. 5): cabeça - 6 somitos tórax - 3 somitos abdome - 11 somitos ou urômeros. Fig. 5 – Tagmas. A- abdome, C - cabeça, T- tórax. Aa- asa anterior, Ap- asa posterior, Ag- armadura genital, An- antena, Ce- cercos, L- lábio, M- mandíbula, Mx- maxila, O - olho, P1-3 – pernas anterior, média e posterior. 1-6 – segmentos cefálicos, 1-3 – segmentos torácicos, 1-11 – urômeros. (Modificado de Ceballos) ramo superior, chamado coronal, que se divide para baixo, em forma de Y invertido, evidenciando duas suturas frontais. A cabeça às vezes apresenta um prolongamento anterior do vértice, chamado fastígio. Pode também prolongar-se inferiormente, formando um rostro, onde se abrigam as peças bucais. Fig. 6 – Cabeça. A - antena, c - clípeo, f - fronte, g - gena, l - labro, md -mandíbula, o - ocelo, OC - olho composto, occ - occipício, pl palpo labial, pm - palpo maxilar, v - vértice. Em função da orientação das peças bucais, para a frente, para baixo ou para trás, a cabeça pode ser referida prognata, hipognata e opistognata, respectivamente. (Fig. 7) 2.1.3.1 CABEÇA Formada pela fusão de seis segmentos, chamados: ocular, antenal, intercalar, mandibular, maxilar e labial. Distinguem-se as seguintes regiões (Fig. 6): occipital (occipício), vértice (vértex), frontal (fronte), genais (genas) e clipeal (clípeo), merecendo ressaltar, como principais suturas, nem sempre bem visíveis, as antenais, a epicranial, as genais e a clipeal ou epistomal. A sutura epicranial muitas vezes tem um 25 Fig. 7 - Tipos de cabeça: Pr- prognata, Hi- hipognata, Op- opistognata. Na região cefálica podem ser encontrados ocelos, em número de 1, 2 ou 3, e um par de olhos compostos ou facetados. 26 Os olhos apresentam-se circulares, elípticos, emarginados, reniformes, e mais raramente pedunculados e ascalafóides (subdivididos, com uma parte para visão aérea e outra no seio líquido); na maioria estão separados - dicópticos, ou,às vezes, tocando-se em maior ou menor extensão holópticos. Logo atrás do tagma cefálico pode ocorrer uma região membranosa, como um colarinho ou “pescoço”, chamado cerviz ou cérvice, observado com facilidade em baratas, no louva-a-deus e em “esperanças”. 2.1.3.2 TÓRAX O primeiro segmento abdominal pode estar fundido com o metatórax, formando o propódeo. Quando o abdome tem ampla inserção com o tórax é chamado séssil, também conhecido por aderente. Havendo uma constrição chama-se livre; quando o primeiro urômero visível ou mesmo os dois primeiros forem um pouco alongados, é dito peciolado e quando for muito longo e cilíndrico, o abdome é dito pedunculado. Em alguns hemípteros o abdome apresenta-se lateralmente expandido, além das asas em repouso, ao que se dá o nome de conexivo. 2.1.4 APÊNDICES Formado por 3 somitos, bem distintos, às vezes parcial ou totalmente fundidos: protórax mesotórax metatórax Os dois últimos, quando fundidos, formam o chamado pterotórax. Os somitos torácicos são os que evidenciam grande diversidade de escleritos, que recebem denominações particulares, conforme as regiões: noto ou tergo - pré-escuto, escuto, escutelo, pósescutelo; pleuras - episterno e epímero, que por sua vez podem estar subdivididos em duas partes (superior e inferior); esterno - presterno, esternelo, pós-esternelo e espinasterno. As partes acessórias dos diversos segmentos, via de regra pares e articuladas, chamadas apêndices, são características dos diversos tagmas. 2.1.4.1 CEFÁLICOS ANTENAS Formadas por número variável de artículos, chamados antenômeros, que recebem nomes particulares: Escapo para o primeiro, pedicelo para o segundo e flagelo para o conjunto dos demais, que podem apresentar os últimos artículos mais dilatados, chamados de clava, em oposição aos anteriores que constituem o funículo. (Fig. 8) ffl 2.1.3.3 ABDOME Os urômeros possuem urotergitos e urosternitos facilmente visíveis, ao contrário dos uropleuritos, nem sempre bem delimitados. 27 Ffu Fp Fe Fc Fig. 8 – Partes da antena. c - clava, e - escapo, p - pedicelo, fl - flagelo, fu - funículo. 28 Alguns insetos podem ter antenas de um só artículo e também outros ultrapassando 150; a maioria porém varia de 3 a poucas dezenas. As antenas podem se apresentar sob diversas formas, como as ilustradas na Fig. 9. Além de aristada, capitada, clavada, estilada, filiforme, flabelada, geniculada, lamelada, moniliforme, pectinada, plumosa, serreada e setácea, já repreentadas, pode ainda ser denteada, fusiforme, imbricada, irregular, triquetra e verticilada. As denteadas, pectinadas e serreadas podem ter expansões para os dois lados, usando-se então o prefixo “bi”. PEÇAS BUCAIS (Figs. 10 e 11) Apresentam grande diversificação, podendo ser caracterizados quatro tipos fundamentais de aparelhos bucais: mandibulado (mandibulata) - baratas, cascudos, ortópteros em geral; picador-sugador (pungentia-sorbentia)percevejos,cigarras, mosquitos, pulgas, trips; sugador (sorbentia) - mosca-doméstica (=esponjador) e borboletas; lambedor (lambentia) - abelhas. l - labro md - mandíbula mx - maxila c - cardo e - estipe lc - lacínia g - gálea pm - palpo maxilar lb - lábio sb - submento m - mento prm - premento pl - palpo labial lg - lígula Fig. 10 – Aparelho bucal mastigador. 2.1.4.2 TORÁCICOS PERNAS Inseridas na região pleuro-esternal posterior, entre episterno e epímero Formadas por coxa, trocanter, fêmur, tíbia e tarso, sendo que antes da coxa às vezes pode ser observado o trocantino Fig. 9 – Tipos de antenas. 29 30 (Fig. 12). O trocanter pode ser simples ou duplo (dítroco) e o tarso com até 5 tarsômeros. Em relação ao número de tarsômeros em cada perna são referidas fórmulas tarsais, como por exemplo 5-5-5, 5-5-4, 3-4-4 etc. Quando os tarsos anterior, médio e posterior possuem o mesmo número de artículos, chamam-se homômeros, que podem ser monômeros, dímeros, trímeros, tetrâmeros e pentâmeros; existem também os pseudotrímeros (=criptotetrâmeros) e os pseudotetrâmeros (=criptopentâmeros) que possuem um pequeno artículo de difícil visualização. Quando os números são variáveis, chamam-se heterômeros. Após o último tarsômero pode estar presente um póstarso, também chamado prétarso, representado pelas garras, que podem ser simples ou duplas, apresentando-se lisas, apendiculadas ou pectinadas. Fig. 12 – Artículos da perna: Cx - coxa, Fm - fêmur, Pt - pós-tarso, Ta tarso, Tb - tíbia, Tc - trocantino, Tr - trocanter. O pós-tarso (Fig. 13) pode ainda ser dotado de: arólio - uma projeção como almofada, entre as garras empódio - projeção em forma de cerda, entre as garras.; pulvilo - projeção como almofada, em baixo de cada uma das duas garras; Fig. 13 – Pós-tarso: a - arólio, e - empódio, g - garra, p - pulvilo. Fig. 11 – Aparelhos bucais. La - lambedor (abelha), Ma – mastigador (gafanhoto), Se - sugador esponjador (mosca comum), Sm - sugador maxilar (borboleta), Ps - picador sugador - 1.percevejo, 2.trips. 31 As pernas recebem designações especiais em decorrência de suas funções: ambulatoriais, auditivas, coletoras, cursoriais, escansoriais, estridulatórias, fossoriais, glandulares, limpadoras, natatoriais, raptoriais, saltatoriais. (Fig. 14) As maiores distâncias atingidas pelo salto são de 75cm em gafanhotos e 30cm em pulgas (mais de 100 vezes o seu comprimento!). 32 das asas posteriores, podem ocorrer estruturas em forma de lingueta ou mais comumente capitadas, como em Diptera, chamadas “balancins” ou “halteres”. As asas, em função de sua estrutura ou consistência, são reunidas nos tipos a seguir referidos, juntamente com exemplos: Membranosas: nuas - odonatos pilosas - tricópteros escamosas - lepidópteros Pergamináceas: tégminas - ortópteros Coriáceas: total - élitros - coleópteros parcial - hemiélitros - hemípteros Em muitos casos distinguem-se nas asas os ângulos (umeral ou basal, apical e anal), margens (costal ou anterior, apical ou externa e anal ou interna) e veias (costal, subcostal, radiais, médias, cubitais e anais) que podem se anastomosar e formar células (Fig. 15). Fig. 14 – Tipos de pernas. ASAS São evaginações tegumentares, na porção anterior das linhas de união do noto com as pleuras. Na base das asas podem ser observados escleritos articulares que formam a “pterália”. Um de importância na sistemática, é o chamado “tégula”, situado junto à inserção do primeiro par de asas. Os insetos podem ser destituídos de asas (ápteros), ter apenas um par (dípteros) ou dois pares (tetrápteros). Alguns, apesar de possuirem asas, não voam (aptésicos). O primeiro par de asas é mesotorácico, podendo apresentar grande variação quanto à sua estrutura. O segundo é metatorácico, sendo as asas sempre membranosas,planas ou dobradas, comumente em leque; em alguns insetos, em lugar 33 Fig. 15 – Asas. 1- ângulos: aan- ângulo anal, aap- ângulo apical, au- ângulo umeral; margens: man- margem anal ou interna, map- margem apical ou externa, mc- margem costal ou anterior; 2 - veias: A- anal, C- costal, Cu- cubital, M- média, R- radial, Sc- subcostal; 3- hemiélitro: c- cúneo, cl- clavo, co- cório, e- embólio, m- membrana. 34 Certas asas membranosas apresentam um espessamento das veias junto à margem costal, chamado “pterostigma”, como nos odonatos e muitos himenópteros. Nas asas, além da estrutura, podem ser referidas particularidades de forma, como estreitas, fendidas e franjadas. O acoplamento entre asas pode ser do tipo amplexiforme ou por meio de estruturas especiais, como os frênulos em mariposas, representados por cerda ou cerdas na base da asa posterior que se ajusta em escamas da asa anterior, e, os hâmulos, pequenos ganchos na margem anterior do segundo par de asas, comuns em himenópteros, O vôo dos insetos decorre da ação conjunta de feixes musculares dorsolongitudinais e tergoesternais. Taxas de 10 vibrações por segundo são encontradas em borboletas, atingindo até 200 em abelhas. A velocidade, em km/h, varia de 7 na mosca doméstica, 20 em abelhas, 54 em mariposas (Sphingidae), cerca de 100 em libélulas e até 145 por curto período, em algumas moscas (Tabanidae). 2.1.4.3 ABDOMINAIS uniarticulados e diminutos, em Hymenoptera, Lepidoptera e Trichoptera Outros Colóforo e furca Filamento caudal mediano Pigópode Pseudópode (espuripédio ou falsa-perna) Sifúnculo (=cornículo) Urogonfo (em larvas) Podem ocorrer exteriorizações de peças da genitália (terebra; ovipositores ensiforme, estiliforme, falciforme e telescópico) e também de modificações do aparelho respiratório, como sifões ou tubos respiratórios. 2.2 ORGANIZAÇÃO INTERNA As estruturas que compõem a organização interna constituem os aparelhos, relacionados à vida vegetativa, incluindo digestivo, respiratório, circulatório, excretor e reprodutor, e, os sistemas, relacionados à vida de relação, incluindo muscular, nervoso e secretor (Fig. 16). Cercos - apêndices pares da parte láteroventral do 11º urômero, de função sensorial e em alguns casos preensora, formados por um ou mais artículos: Uniarticulados: Dermaptera (em forma de tenaz, chamados “calíperos”), Isoptera, Odonata, Orthoptera Caelifera, Zoraptera. Multiarticulados: Blattodea, Embioptera, Ephemeroptera, Mantodea, Orthoptera Ensifera, Plecoptera, Thysanura. Muitos insetos, no entanto, não possuem cercos: Coleoptera, Hemiptera, Hymenoptera, Neuroptera, Phthiraptera, Psocoptera, Siphonaptera, Strepsiptera. Estilos - apêndices pares, uniarticulados, oriundos das partes laterais ou posteriores do 11º somito: em machos de Blattodea e Mantodea Sócios - apêndices pares dorso-laterais do 10º urômero, Fig. 16 – Aspectos da anatomia interna de um inseto. Ca- cabeça, Tx- tórax, Ab- abdome, A- ânus, Ar- aorta anterior, B- boca, E- esôfago, G- gônadas, Og- orifício genital, Im- intestino médio, Pa- papo, Pr- proventrículo, R- reto. 1-9 – gânglios cefálicos e torácicos da cadeia nervosa e Cnv- demais gânglios ventrais, Vd- vaso dorsal. (Segundo Ceballos) 35 36 Modernamente, entretanto, não se faz mais distinção dos termos, ocasionando certa confusão nas publicações. Objetivando eliminar tal situação, Buzzi & Miyazaki (1999) utilizam a terminologia de enterossoma, hemossoma, aerossoma, excretossoma, gonadossoma, miossoma, neurossoma e sensilossoma, cujas etimologias já indicam as correspondentes abrangências. Em muitas obras, inclusive bem recentes, no entanto, é feita utilização geral do termo sistema, critério adotado nesta apostila. menor calibre chamadas traquéolas, que levam o ar até as células. Possuem um filamento cuticular helicoidal, chamado tenídio, que assegura a permanência de sua forma tubular. A comunicação com o exterior se dá por meio de aberturas chamadas espiráculos, que facultam o fechamento quando necessário.(Fig. 17) 2.2.1 SISTEMAS DIGESTIVO E EXCRETOR Formado por três regiões bem características, chamadas intestino anterior (estomodeu), médio (mesêntero) e posterior (proctodeu). Estomodeu - com a cavidade bucal, faringe, esôfago, inglúvio (ou “papo”) e proventrículo (ou “moela”). Pode ocorrer um espaço anterior à abertura bucal, entre as peças mastigadoras, chamado cibário. Nem sempre todas as regiões estão bem delimitadas. Mesêntero - com hipoderme formando epitélio glandular, também chamado “estômago” ou “ventrículo”. Possui divertículos ou cecos gástricos, geralmente na região anterior. Proctodeu – Pode exibir um intestino delgado (íleo) e um intestino grosso (cólon), que se continuam pelo reto, finalizando na abertura anal. Junto à inserção com o mesêntero desembocam os túbulos de Malpighi, de função excretora e eventualmente glandular. 2.2.2 SISTEMA RESPIRATÓRIO A respiração pode ser cutânea, traqueal ou branquial. Cutânea - pela permeabilidade do tegumento. Ocorre na maioria dos colêmbolos, em algumas larvas aquáticas de dípteros e em larvas de vespinhas parasitóides. Traqueal - através de traquéias, com ramificações de 37 Fig. 17 – Sistema respiratório. 1- invaginação traqueal, 2- traquéola, 3 - tenídio, 4 - espiráculo aberto e fechado, ae – anel elástico, E - abertura do espiráculo, En - endocutícula, Ep - epicutícula, Ex exocutícula, H - hipoderme, m - músculo espiracular, Mb - membrana basal. (Segundo Ceballos) 38 Em relação ao número de espiráculos podem ser: Apnêusticos (maioria dos colêmbolos) Oligopnêusticos, que podem ser: propnêusticos (só um par anterio, torácicor: pupa de mosquito) metapnêusticos (só um par posterior, no último urômero: larva de mosquito) anfipnêusticos (pares anterior e posterior: larva de mosca) Polipnêusticos: hemipnêusticos (1 torácico + até 7 abdominais): piolhos peripnêusticos (1 + 8) (lagartas) holopnêusticos (2 + 8) (maioria dos adultos) Branquial: brânquias traqueais ou traqueobrânquias, que podem ser filamentares, digitiformes ou foliáceas brânquias sanguíneas - raras, em larvas de alguns dípteros e tricópteros. 2.2.3 SISTEMA CIRCULATÓRIO Circulação aberta ou lacunar, com hemoceles. Hemolinfa - líquido circulatório, relacionado à nutrição. Vaso dorsal com câmaras dotadas de ostíolos, dispostas dorsalmente no abdome, acionadas por músculos aliformes, continuando-se pela aorta anterior, de menor calibre, que se abre na região cefálica. 2.2.4 SISTEMAS DE SUSTENTAÇÃO E MUSCULAR O sistema muscular do hexápodes é muito complexo, constituído por grande número de músculos estriados, 39 formando feixes individualizados, capazes de ações extremamente rápidas e potentes. Os músculos obedecem à organização geral dos artrópodes, sendo os somáticos, que representam a grande maioria, pares, enquanto os esplâncnicos, relacionados às vísceras, ímpares. Quanto à conexão, os músculos podem estar em continuidade com a membrana basal ou atingir até a exocutícula por meio de tonofibrilas, estruturas fibrilares não estriadas resultantes de diferenciação das células hipodermais. A inserção dos músculos pode ser diretamente no exoesqueleto ou em invaginações tegumentares, que formam diversos tipos de apódemas, constituintes do endoesqueleto. Os apódemas mais importantes situam-se na região torácica, incluindo os endotergitos, geralmente em forma de placa chamada “fragma”, endopleuritos e endoesternitos comumente referidos como “apófises”. Na região cefálica os apódemas podem estar reunidos, recebendo a designação particular de “tentório”. 2.2.5 SISTEMA REPRODUTOR Opistogoneados - com sexos separados (dióicos) Macho - vesículas testiculares formando os testículos, vaso deferente, vesícula seminal com glândulas anexas e ducto ejaculador (edeago) (Fig. 18-1) Fêmea - ovaríolos formando o ovário, oviduto e vagina com espermateca dotada de glândula espermatecal, e, glândulas coletéricas. (Fig. 18-2) Os órgãos sexuais externos, que constituem a genitália, são mais desenvolvidos nos machos, sendo formados por um conjunto de peças essenciais e outras acessórias do aparelho reprodutor. São estruturas de grande importância sistemática, cujo exame, em muitos casos, torna-se imprescindível para assegurar o exato conhecimento das espécies. 40 Fig. 18 – Sistema reprodutor. 1- masculino: de- ducto ejaculador, ga- glândula anexa, t- testículo, vd- vaso deferentes, vs- vesícula seminal, vt- vesículas testiculares no corte de um testículo. 2- feminino: c- cálice, e-espermateca, gc- glândula coletérica, ge- glândula espermatecal, ls- ligamento suspensor do ovário, o- ovário formado por grande número de ovaríolos, ov- oviduto, v- vagina. (Baseado em Comstock) 2.2.6 SISTEMA NEUROSECRETOR SISTEMA NERVOSO (Fig. 19) - composto de três partes fundamentais: o sistema nervoso central, o sistema nervoso simpático ou visceral e o sistema nervoso periférico: - Sistema nervoso central - representado pelo cérebro, gânglio subesofagiano e cadeia nervosa ventral: Cérebro, formado por proto, deuto e tritocérebro: protocérebro - responsável pela enervação dos olhos, ligados aos lóbulos ópticos, e dos ocelos, pelos nervos ocelares conetados aos lóbulos protocerebrais; deutocérebro - contém os gânglios antenais; tritocécebro - dois pequenos lóbulos reunidos por uma comissura pos-esofagiana, que enervam o labro. gânglio subesofagiano - reunião de 3 pares de gânglios, em baixo do esôfago, responsável pela enervação dos demais apêndices bucais. 41 Fig. 19 – Sistema neurosecretor. 1- vista dorsal da porção anterior; 2- esquema “escada de corda”; 3- tipo geral do sistema nervoso central; 4-em Coccidae (HEMI.), 5- em Belostomatidae (HEMI.), 6- em Stratiomyidae (DIPT.); 1-17 – pares de gânglios; Ca- Corpora allata; Cc- Corpora cardiaca; Con-comissura; D- deutocérebro; E- esôfago; Gfgânglio frontal; Gh- gânglio hipocerebral; Gs-gânglio subesofagiano; Gtgânglios torácicos; Gv- gânglio ventricular; Lo- lobo ocular; Lp- lobo protocerebral; N- nervos: Na-antenal, Nb do labro, Nl-labial, Nmmandibular, No-ocelar, Nx-Maxilar; P- protocérebro; T- tritocérebro. (Segundo Ceballos) 42 Cadeia nervosa ventral - formada pelos pares de gânglios torácicos e abdominais, ocorrendo com freqüência fusões ganglionares. - Sistema nervoso simpático ou visceral, cujas ramificações enervam o sistema digestivo. Existem três massas ganglionares: frontal Gânglios hipocerebral ventricular - Sistema nervoso periférico - situado abaixo do tegumento, composto de uma extensa rede de nervos responsáveis pela sensibilidade geral periférica. SISTEMA SECRETOR - formado por glândulas que podem ser de secreção externa - exócrinas, como as ceríparas, sericígenas, odoríferas ou repugnatórias, produtoras de feromônios etc, ou, de secreção interna - endócrinas, como as produtoras de hormônios. Glândulas exócrinas: Glândulas ceríferas – também chamadas ceríparas ou cerígenas - secretoras de cera, em forma de fino pó, filamentos, escamas, placas ou revestimento espesso. Comum em hemípteros, especialmente em cochonilhas e pulgões; entre himenópteros destaca-se a abelha-doméstica, com quatro pares de glândulas que se abrem do 2º ao 5º urosternitos das operárias. Glândulas sericígenas – produtoras de seda, destacandose as labiais existentes em lepidópteros, himenópteros e tricópteros; são muito desenvolvidas em lagartas, como no bicho-da-seda. Em coleópteros e neurópteros a seda é produzida pelos túbulos de Malpighi e nos embiópteros pelo artículo basal dos tarsos anteriores. Glândulas odoríferas ou repugnatórias – comuns em vários hemípteros, conhecidos como “fede-fede”, dispostas no metatórax dos adultos e no abdome das ninfas; nas baratas existem glândulas abdominais responsáveis pelo cheiro 43 característico; nas lagartas de Papilionidae existe o osmetério, glândula protorácica eversível, em forma de “Y” da qual emana um odor repugnante que as protege de inimigos naturais. Glândulas associadas a cerdas e escamas – além das glândulas especiais, localizadas junto às células tricógenas, que produzem substâncias cáusticas e irritantes nos chamados pêlos urticantes, devem ser lembradas outras, que produzem substâncias de comunicação intraespecífica – os feromônios, destacando-se as existentes nos lepidópteros junto a escamas alares modificadas, chamadas androcônias, e, também, associadas com tufos de cerdas ou escamas nas pernas, base do abdome ou associadas à genitália, responsáveis pela produção dos feromônios sexuais. Glândulas relacionadas ao aparelho reprodutor – as acessórias, destinam-se à proteção de espermatozóides e ovos; as veneníferas, de função defensiva, típicas dos himenópteros providos de ferrão; as coletéricas, produtoras de substâncias para fixar ou proteger os ovos. Outras glândulas – de espuma dos cercopídeos, lacíferas de cochonilhas, defensivas dos besouros-bombardeiros, frontal dos cupins etc. Glândulas endócrinas: Em relação aos processos hormonais destacam-se glândulas hipodermais relacionadas à apólise e ecdise, e ainda estruturas pares anexas ao sistema nervoso (Fig. 19): Corpos cardíacos - reservatório do neurohormônio cerebral (ecdisotropina) que vai atuar nas glândulas protorácicas, que então produzem seu próprio hormônio - a “ecdisona”, indutor da muda nas formas imaturas e da metamorfose na ausência do hormônio juvenil. Corpos alados - ativados da mesma forma, segregam o hormônio juvenil, chamado “neotenina”, que controla todo o desenvolvimento, impedindo, até o último ínstar, quando cessa sua produção, o aparecimento dos caracteres adultos. 44 ÓRGÃOS DOS SENTIDOS Os receptores sensoriais, chamados sensilas (do latim: sensillum) ou sensórios, são estruturas especializadas constituídas por uma diferenciação externa da cutícula e ligadas por cordões nervosos aos diferentes centros do sistema nervoso. Os estímulos recebidos através das sensilas que se comunicam aos neurônios sensitivos, são transmitidos pelas fibras sensitivas ao correspondente gânglio da cadeia nervosa ventral. Nos gânglios notam-se os neurônios associativos, de disposição ventral, e os neurônios motores, de disposição dorsal. A interligação da fibra sensitiva com o neurônio associativo e deste com o motor é feita através de ramificações arborescentes designadas de sinapses. Do neurônio motor parte a fibra motora que se comunica ao feixe muscular proporcionando a reação correspondente ao estímulo recebido (Fig. 20). Chama-se dendrite à fibra que traz os impulsos até o neurônio; pode haver apenas uma ou em geral várias por neurônio. À fibra eferente, que transmite os impulsos do neurônio que é sempre simples, dá-se o nome de axon. As sensilas podem se apresentar sob diversos aspectos, estando os principais esquematizados na Fig. 21. Fig. 21 – Tipos de sensilas: 1- tricóide, 2- placóide, 3- basicônica, 4- campaniforme, 5- celocônica, 6- ampulácea. Quanto à percepção dos estímulos, distinguem-se as sensilas: mecanorreceptoras quimiorreceptoras fotorreceptoras O TATO é um sentido cujos responsáveis por sua percepção normalmente acham-se distribuídos por toda a superfície do corpo. As sensilas mais encontrados para essa finalidade são as do tipo tricóide, sendo comum também as basicônicas. A GUSTAÇÃO é outro sentido que se observa de uma maneira geral nos artrópodes, sendo responsáveis especialmente os tarsos e tíbia, a epifaringe e também as antenas, com sensilas tricóides ou basicônicas. A OLFAÇÃO é percebida pelas sensilas olfativas, que podem ser de todos os tipos, sendo as antenas a principal sede dessas estruturas especializadas. A AUDIÇÃO está relacionada principalmente a sensilas placóides e celocônicas. Existem órgãos cordotonais, formados por tufos fusiformes de células sensitivas, chamadas 45 46 Fig. 20 – Diagrama do mecanismo reflexo do sistema nervoso. D- dorsal, V- ventral, fm-fibra motora, fs-fibra sensitiva, g- gânglio delimitado por linha tracejada, m- músculo, na- neurônio associativo, nm- neurônio motor, ns- neurônio sensitivo, conetado ao receptor sensorial, s- sinapse. escolóforos, ligados à membrana externa desses órgãos timpânicos A VISÃO é o sentido que apresenta a maior complexidade nas estruturas responsáveis por sua percepção. Os órgãos visuais são constituídos por fotorreceptores topográfica e estruturalmente diversos. Distinguem-se os olhos simples ou ocelos e os olhos compostos ou facetados. Os ocelos (Fig. 22) são constituídos por camada única de células que representam uma diferenciação das células hipodérmicas – as células retineanas, que produzem um espessamento superficial chamado córnea (lente), circundado por uma camada de células pigmentares – as células íris. Fig. 22 – Esquema de um ocelo: c - cutícula, ci - células íris, co - córnea, cr - cristalino, h-hipoderme, no - nervo ocelar, r - retínulas, rb - rabdômeros, v - vitrelas. com células geradoras; 3) parte superficial, formada pela córnea, que é transparente e esclerotizada, de formato hexagonal, sobre duas células corneagênicas. (Fig. 23) Os omatídeos são contornados por células pigmentares: em geral 2 a 8 ao redor da córnea e cristalino – constituindo as células iris primárias, e, mais 6 a 16 basais, contornando as células retineanas – formando as células iris secundárias. Fig. 23 – Omatídeos. A - de justaposição, B - de superposição. a - córnea, b células corneagênicas, c - cone cristalino, d - células íris primárias, e - rabdoma, f - células retineanas, g - células íris secundárias, h - membrana basal, i - filamento translúcido, j - fibra nervosa. (Segundo Maranhão) Os olhos compostos são formados por omatídeos, cujo número é muito variável, geralmente grande: em dípteros ao redor de 1.000, em odonatos cerca de 28.000; existe, no entanto, exemplo extremo, em formiga do gênero Dinoponera, onde ocorre apenas um omatídeo!. Cada omatídeo é constituído por: 1) elementos profundos – as células retineanas, geralmente em número de sete, que representam a parte sensível, prolongandose por fibras nervosas; dispõem-se radialmente segregando um bastão interno – o rabdoma, elemento cuticular, não sensitivo, formado pelo conjunto dos rabdômeros de cada célula; 2) parte óptica responsável pela refração dos raios luminosos; superposta à região sensível, é constituída por um cone cristalino, formado geralmente por quatro elementos e junto Em função da disposição das células íris, distinguem-se nos olhos compostos a visão por aposição, comum em insetos diurnos, e, a visão por superposição, característica dos noturnos. (Fig. 23) No primeiro caso as células íris primárias e secundárias formam um revestimento total do omatídeo, de forma que cada um recebe as impressões luminosas parciais, representando a visão total a soma (aposição) de todos os omatídeos. No segundo caso, as células íris primárias formam um pequeno revestimento na parte superior do cristalino e as células íris secundárias acumulam-se apenas na região basal do omatídeo, de modo que os raios luminosos podem, após passar pelo cone cristalino de um omatídeo, atingir o rabdoma de outro, formando-se uma imagem mais reforçada – por superposição. Nesse caso, em geral, os rabdomas também são bem mais curtos. 47 48 3 REPRODUÇÃO 3.1 MODALIDADES conhecem os machos. Periódica ou heterogâmica - quando aparece uma alternância mais ou menos regular de gerações sexuadas e partenogenéticas. Também é chamada de “cíclica” e ocorre em muitos pulgões de regiões frias e na filoxera. Em função dos sexos produzidos na reprodução partenogenética, costuma-se distinguir três tipos: arrenótoca - exclusivamente machos telítoca - exclusivamente fêmeas deuterótoca - tanto machos como fêmeas. A reprodução nos insetos pode se processar por: sexualidade partenogênese. A reprodução sexual é o processo mais comum, sendo necessário o concurso dos dois sexos para a formação de novos indivíduos. Os sexos são separados, sendo freqüente o gonocorismo ou dimorfismo sexual. São muito raros os casos de hermafroditismo, sendo conhecidos apenas três, sendo um o da cochonilha Icerya purchasi Maskel, 1879 (HEMI., Sternorrhyncha, Margarodidae), espécie ocorrente em nosso meio. A reprodução partenogenética caracteriza-se pelo desenvolvimento do ser, a partir do óvulo, sem a interferência do sexo masculino. Pode ser: acidental facultativa obrigatória periódica Acidental - quando a espécie se reproduz por sexualidade e eventualmente ocorre o desenvolvimento do óvulo de forma independente. Facultativa - onde o inseto, reproduzindo-se normalmente por sexualidade, pode, em determinadas circunstâncias, dar origem a novos indivíduos em decorrência de ovos não fecundados, como se observa com a formação de zangões nas abelhas. Obrigatória ou constante - quando a reprodução se processa exclusivamente por partenogênese. É o caso de algumas cochonilhas e microhimenópteros, em que não se Vi v ip a r id a d e - o emb r ião c o mp l e t a o s eu desenvolvimento às expensas de substâncias produzidas pelo organismo materno; pode ser: adenotrófica hemocélica pseudoplacentária 49 50 A reprodução, tanto sexual como partenogenética, tendo em vista caracteres pertinentes à evolução do embrião, pode ainda ser classificada como por: oviparidade ovoviviparidade viviparidade Oviparidade - o embrião completa seu desenvolvimento no ovo, fora do corpo materno. É o caso mais freqüente. Ovoviviparidade - o embrião completa seu desenvolvimento no ovo, antes de ser expelido, isto é, conservase dentro do copo materno durante o período de incubação, nascendo diretamente as pequenas formas jovens. Comum em pulgões (HEMI., Sternorrhyncha, Aphididae) e já observado também em alguns representantes de outras ordens, como Blattodea, Thysanoptera, Coleoptera e Diptera. Adenotrófica - quando a nutrição é feita às expensas de secreções de glândulas uterinas. Observa-se em alguns dípteros, como na mosca tsé-tsé (Glossina spp.) e em outros chamados pupíparos. Hemocélica - adaptação associativa com neotenia. Desenvolve-se apenas a parte mediana dos ovários, ficando então livres nos hemoceles, proporcionando, assim, a nutrição necessária às formas em desenvolvimento, cujos ovos são destituídos de córion. Observado em estrepsípteros e dípteros Cecidomyiidae e Chironomidae. Pseudoplacentária - forma mais complexa onde os ovos não apresentam vitelo, sendo a nutrição feita através de modificações da membrana extraembriônica, com a participação de tecidos do organismo materno. Observado em alguns representantes de Blattodea, Dermaptera, Psocoptera e Hemiptera. subdivisão sucessiva do zigoto; de cada ovo, portanto, surgem sempre indivíduos do mesmo sexo. Existe um caso referido em estrepsípteros e alguns em himenópteros parasitóides; é comum em nosso meio Copidosoma truncatellum (Dalman,1820) (HYM., Encyrtidae) (=Litomastix), parasitóides de lagartas falsas-medideiras (Noctuidae, Plusiinae), que de um só ovo originam-se mais de duas centenas de larvas. 3.2 PARTICULARIDADES Existem particularidades interessantes de reprodução nos insetos, que convém referir: Neotenia - persistência de caracteres de forma imatura em um ser, com capacidade reprodutiva. É pouco freqüente, com exemplos em alguns coleópteros (Lampyridae) e lepidópteros (Psychidae); nestes, são comuns em nosso meio Oiketicus spp., especialmente O. kirbyi (Lands-Guilding, 1827), conhecido como “bicho-do-cesto”. Pedogênese - É a produção de formas jovens pelo indivíduo ainda imaturo. Pode ser pedogênese larval ou pupal. Trata-se de uma forma relativamente rara, encontrada em alguns coleópteros (Micromalthidae) e dípteros (Cecidomyiidae). Poliembrionia - desenvolvimento de um número de embriões maior que o de ovos produzidos. Resulta de uma 51 52 4 DESENVOLVIMENTO Entende-se por desenvolvimento a sucessão de fases ou estados por que passam os insetos até atingirem a forma adulta. Representa, portanto, o período que vai desde a formação do ovo, ou início de sua segmentação, até o adulto ou imago, passando sempre pela fase de forma jovem e, em diversos casos, também pela fase pupal: OVO FORMA JOVEM PUPA ADULTO Estas fases delimitam dois períodos bem característicos no desenvolvimento: embrionário pós-embrionário 4.1 EMBRIONÁRIO Representa o período que vai da fertilização ou início da segmentação do óvulo até a eclosão da forma jovem. Inicia-se pela divisão sucessiva do núcleo, com subseqüente diferenciação. Há formação do blastoderme, camada contínua de células, na periferia junto à membrana vitelina. Segue-se a formação da faixa ou banda germinal, representada por células que se aglomeram na região ventral; depois há invaginação formando-se a mesoderme pelas células da blastoderme que permanecem internamente e a ectoderme pela camada superficial. Após formam-se as duas membranas embrionárias, por pregas da blastoderme que crescem de cada lado, por cima da membrana germinal. A camada externa da prega forma a “serosa” e a interna o “amnio” , depois do encontro e fusão daquelas membranas, separando-se assim o 53 novo ser da membrana vitelina. A faixa germinal é então segmentada por sulcos transversais. A ectoderme, por invaginação, da origem aos intestinos anterior e posterior; a mesoderme forma o intestino médio. Os apêndices são formados por evaginações da ectoderme. Verifica-se então o crescimento lateral da faixa germinal, eliminando a blastoderme, até a união dos bordos opostos; o corpo toma a forma cilíndrica encerrando o vitelo. Os músculos e vaso dorsal tem origem na mesoderme. A cutícula, o sistema nervoso central, as traquéias e glândulas salivares tem origem ectodérmica. Com a multiplicação celular e formação dos vários tecidos e órgãos, o inseto recém formado permanece no interior do ovo, que é protegido pelo cório, até sua eclosão. Quanto maior a quantidade de vitelo disponível nos ovos, maior é o período de desenvolvimento embrionário e, por conseguinte, maiores são as diversificações morfológicas encontradas até o momento da eclosão, que só ocorre quando o embrião já esgotou tais recursos alimentares. Os ovos podem se apresentar com os mais variados aspectos. De acordo com o modo de vida dos diversos grupos, encontram-se tipos característicos. Podem estar isolados ou agrupados; às vezes reunidos sob uma proteção comum, constituindo a “ooteca”. 4.2 PÓS-EMBRIONÁRIO Representa o período que sucede à eclosão, ou seja, do nascimento da forma imatura até atingir a fase adulta. Podem ocorrer expressivas transformações morfológicas conhecidas como “metamorfoses”. O crescimento dos insetos dá-se por substituições sucessivas do revestimento tegumentar, mediante apólise e 54 subsequente ecdise ou muda, eliminando o velho exoesqueleto que constitui a exúvia. Os intervalos de tempo limitados pela eclosão e primeira ecdise ou entre duas ecdises consecutivas recebem o nome de estádios, aos quais correspondem formas designadas de ínstares. 4.2.1 TIPOS DE METAMORFOSE O quadro a seguir, baseado principalmente em Lizer y Trelles (1949), resume os tipos de metamorfose, com os principais ilustrados na Fig. 24: AMETABÓLICO Sem metamorfose Met. incompleta Hemimetabólico Paurometabólico Hipometabólico Apometabólico Neometabólico Metamorfose completa Holometabólico Hipermetabólico METABÓLICO AMETABÓLICO OU AMETÁBOLO - é o tipo de desenvolvimento sem aparente modificação ou metamorfose. Do ovo eclodem as formas jovens que por mudas sucessivas vão simplesmente aumentando de tamanho até atingirem a forma adulta. Ocorre nos insetos mais primitivos, pertencentes à subclasse Apterygota. METABÓLICO OU METÁBOLO - evidenciam modificações morfológicas ou metamorfose, que pode ser incompleta ou completa. Fig. 24 – Tipos de metamorfose. A- Thysanura: ametabólico; B- Hemiptera: paurometabólico; C- Ephemeroptera: hemimetabólico; D- Lepidodptera: holometabólico; E- Coleoptera, Meloidae: hipermetabólico. 55 56 Metamorfose incompleta ou simples é caracterizada por existirem apenas três fases do desenvolvimento: ovo, forma jovem e adulta. Em trabalhos mais antigos referida como hemimetabolia. Ocorre nos insetos pertencentes ao grupo também referido como Exopterygota, por que as asas em formação podem ser observadas externamente antes de atingirem a fase adulta. Conforme o modo de vida, aliado a aspectos peculiares da forma jovem, distingue-se: Hemimetabólico ou Batmedometabólico - com formas jovens aquáticas, chamadas náiades. Encontrado em Ephemeroptera, Odonata e Plecoptera. Paurometabólico - com formas jóvens terrestres, chamadas ninfas. Ocorre na maioria das ordens, destacando-se como exemplos Blattodea, Orthoptera, Dermaptera e Hemiptera. Hipometabólico - nome particular usado para “cigarras” (HEMI., Auchenorrhyncha, Cicadidae), cujas ninfas, de pouca mobilidade, tem hábito de vida hipógeo. Apometabólico ou pseudoametabolia - em formas mais evoluidas que as ametabólicas, de hábito parasitário e que não evidenciam metamorfose: piolhos (Phthiraptera). Neometabólico ou remetabolia - ocorre em vários representantes de Thysanoptera e em machos de cochonilhas (HEMI., Sternorrhyncha, Coccoidea), onde está presente uma fase semelhante à pupal. Metamorfose completa ou complexa é caracterizada pela presença de quatro fases do desenvolvimento: ovo, forma jovem chamada “larva”, pupa e adulta. De acordo com a morfologia das larvas distingue-se: Holometabólico - com o mesmo tipo morfológico em todos os ínstares. Ocorre em ordens consideradas mais evoluidas, como Coleoptera, Lepidoptera, Neuroptera, Diptera e Hymenoptera. Hipermetabólico - onde existem ínstares com tipos morfológicos distintos. Ocorre em Strepsiptera, em alguns himenópteros parasitóides e em coleópteros incluídos em 57 Carabidae, Chrysomelidae - Bruchinae e Meloidae. A tendência atual, entretanto, é considerar apenas três tipos: AMETABÓLICOS - sem metamorfose. HEMIMETABÓLICOS - com metamorfose incompleta, incluíndo tanto formas jovens aquáticas como terrestres, chamadas ninfas. HOLOMETABÓLICOS - com metamorfose completa, havendo período pupal e as formas jovens que o antecedem chamadas larvas. 4.2.2 TIPOS DE LARVAS As larvas dos insetos apresentam um grande polimorfismo. Existem 4 tipos fundamentais, que também ocorrem no próprio desenvolvimento embrionário, de acordo com a quantidade de vitelo existente nos ovos: protópodes, ápodes, oligópodes e polípodes. As principais formas particulares, baseado em Lizer y Trelles (1949), com exemplos, dentro dos tipos morfológicos fundamentais, estão agrupadas no Quadro 1 e ilustradas na Fig. 25. Protópodes - dotadas de apêndices mandibulares sendo os demais cefálicos e torácicos rudimentares ou vestigiais; carecem de segmentação abdominal. Encontrado em microhimenópteros parasitóides. Ápodes - com segmentação abdominal e dotadas de apêndices apenas na região cefálica. Comum em dípteros, ocorrendo também em sifonápteros e alguns coleópteros e himenópteros. Oligópodes - possuidoras de apêndices cefálicos e torácicos normais, porém sem as pernas abdominais transitórias, características do próximo tipo. As pernas torácicas às vezes são muito desenvolvidas. Ocorre nos 58 Quadro 1 - Tipos de larvas Tipo geral Tipos particulares Principais exemplos: Cerambiciformes COLE. Cerambycidae Buprestóides COLE Buprestidae Curculioniformes COLE. Curculionidae ChrysomelidaeBruchinae ÁPODES Vermiformes ou muscóides DIPT. Muscóideos HYME. Microhimenópteros parasitóides Apoidiformes HYME. Apidae Formicidae COLE. Coccinellidae Campodeiformes Staphylinidae NEUR. Escarabeiformes COLE. Scarabaeidae (=melolontóides) Lucanidae OLIGÓPODES Carabiformes COLE. Carabidae Hydrophilidae Onisciformes COLE. Silphidae Elateriformes COLE. Elateridae Tenebrionidae Eruciformes POLÍPODES PROTÓPODES Limaciformes Naupliformes (=ciclopiformes) LEPI. MECO. HYME. Pergidae HYME. Tenthredinidae LEPI. Lycaenidae HYME. Microhimenópteros parasitóides 59 Fig. 25 – Tipos de larvas. A- apoidiforme, B- buprestóide, C- carabiforme, D- campodeiforme, E- cerambiciforme, F- curculioniforme, G- elateriforme, H- eruciforme, I- escarabeiforme, J- naupliforme, K- onisciforme, L- vermiforme. 60 Neurópteros, em alguns tricópteros e é o tipo mais comum em muitos coleópteros. Polípodes - possuem, além de apêndices cefálicos e torácicos normais, pseudópodes ou espuripédios, que são divertículos abdominais do tegumento, com função locomotora. Uma das formas mais freqüentes é a das larvas eruciformes, características dos lepidópteros, conhecidas pela designação de “lagartas”, que possuem pseudópodes dotados de séries de ganchos plantares. Ocorre também em mecópteros e alguns himenópteros e tricópteros, porém sem a presença dos ganchos plantares. As limaciformes assemelham-se a lesmas, tendo pseudópodes muito reduzidos em forma de ventosas. 4.2.3 TIPOS DE PUPAS A fase pupal corresponde à transformação da larva em forma adulta. Ocorre pois nos insetos de metamorfose completa, sendo um estado de aparente inatividade onde o inseto não se alimenta e em geral também não se locomove. Na realidade, porém, é um período de intensa atividade, onde se processam os fenômenos de histólise e histogênese. Distinguem-se três tipos gerais de pupas (Fig. 26), baseados no modo de proteção e disposição dos apêndices torácicos: exarata pupas obtecta coarctata Pupa exarata - apresenta os apêndices torácicos livres, como se observa nos coleópteros e himenópteros. Também chamada “pupa libera”. Pupa obtecta - os apêndices torácicos são aderidos à superfície do corpo, como se observa nos lepidópteros. Esse tipo é comumente designado de crisálida. 61 Fig. 26 - Tipos de pupas. 62 Pupa coarctata - fica envolta pela última exúvia larval, endurecida, não se observando os apêndices, como ocorre na maioria dos dípteros. As pupas podem se apresentar nuas ou protegidas por casulos, de estrutura e forma variáveis segundo as espécies. As pupas nuas podem ser encontradas em câmaras no solo, protegidas sob folhas secas ou detritos, observado nas mariposas, ou estarem expostas, podendo ser suspensas quando fixas através do cremaster, por secreção de seda a substratos diversos, ficando a região cefálica para baixo, ou sucintas, quando há produção de um fio de seda, ao redor da região torácica, permanecendo a região cefálica voltada para cima, observado em várias borboletas. Convém lembrar que existem algumas espécies que apresentam uma pré-pupa, sujeita à ecdise, da qual se origina a pupa. 4.2.4 ADULTO OU IMAGO Representa a fase final do desenvolvimento; é o inseto perfeito, forma de reprodução, responsável pela perpetuação da espécie, salvo as exceções já citadas anteriormente. Libertando-se da última exúvia da forma imatura, o inseto adulto não sofre mais qualquer processo de ecdise e, por conseguinte, não há mais crescimento. Existem exceções: em Ephemeroptera, onde as náiades de último ínstar sofrem uma ecdise dando origem à forma alada chamada subimago que depois de um dia sofre nova ecdise surgindo o adulto de constituição mais delicada; também em Thysanura, além de muitas ecdises nas formas jovens ocorre também algumas quando adultos. 63 5 SISTEMÁTICA 5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS HEXÁPODES ATUAIS Das ordens inicialmente estabelecidas por Linneu em 1758: Aptera, Coleoptera, Diptera, Hemiptera, Hymenoptera, Lepidoptera e Neuroptera (LINNAEI, 1956), apenas a primeira - que incluía tanto insetos destituídos de asas como também outros artrópodes - não persiste atualmente. Gradativamente foram ocorrendo desmembramentos e criação de novas ordens. As classificações mais importantes apareceram apenas a partir do final do século dezenove, destacando-se as de Brauer (1885), Comstock (1895), Handlirsch (1908), Brues & Melander (1915) e Martinov (1938). Para uma visão geral da contribuição de alguns autores mais recentes, visando apreciar nomes adotados e as afinidades sugeridas, é feita a seguir uma rápida síntese. Na obra Insetos do Brasil, do saudoso Professor Costa Lima, é apresentada uma classificação baseada principalmente em Handlirsch, considerando a classe Hexapoda (=Insecta, partim), constituída de 30 ordens, listadas com autoria e sinônimos. Considera as ordens Thysanura e Collembolla como integrantes da subclasse Apterygogenea e as demais formando a subclasse Pterygogenea; adota Anoplura, Mallophaga, Hemiptera e Homoptera; Megaloptera permanece como subordem de Neuroptera (LIMA, 1939/62). Jeannel, baseando-se em Martinov, considerou 40 ordens de insetos, incluindo 8 fósseis, distribuindo-as, em 1945, nas subclasses Collembola, Protura, Thysanura e Pterygota. Em 1949, restringe para apenas duas: Apterygota, com as 65 superordens Entotropha e Ectotropha, e, Pterygota, com as seções Palaeoptera, Polyneoptera, Oligoneoptera e Paraneoptera. Considera Anoplura, Mallophaga, Homoptera, Heteroptera e Magaloptera. Mackerras (1973) considera Hexapoda como superclasse, integrada pelas classes Collembola, Protura, Diplura e Insecta. Esta formada por 28 ordens, reunidas nas subclasses Apterygota e Pterygota. Utiliza Phthiraptera, Hemiptera no sentido amplo e Megaloptera. Richards & Davies (1983/84) - tradução da edição de 1977 - considerando a falta de um acordo mais amplo sobre princípios filogenéticos, com demasiadas hipóteses evolutivas, referem 4 ordens de apterigotos e 25 de pterigotos divididos em exopterigotos e endopterigotos. Considera Hemiptera no sentido amplo e não utiliza Phthiraptera nem Megaloptera. Para Storer et al. (1995) - tradução da edição de 1979 - é considerada a classe Insecta (=Hexapoda) com 27 ordens agrupadas, sendo 4 na subclasse Apterygota (=Ametabola) e as demais na subclasse Pterygota. Refere alguns táxons intermediários, considerando a classe integrante do subfilo Mandibulata do filo Arthropoda. Para Borror, Triplehorn & Johnson (1992) - tradução da edição de 1989 - os hexápodes são considerados como classe, integrada por 31 ordens, agrupadas em Entognatha, contendo Protura, Collembola e Diplura, e, Insecta, com as demais, distribuídas em Paleoptera (ordens Ephemeroptera e Odonata) e Neoptera, dividida em ortopteróides, hemipteróides e holometábolos. Baseia-se na filogenia das ordens apresentada por Kristensen em 1981, e consideram Hemiptera e Homoptera ordens independentes. A proposta de Kristensen (1991) considera 31 ordens na superclasse Hexapoda, formada pelas classes Ellipura, Diplura e Insecta. Considera ordem Hemiptera com as subordens Auchenorrhyncha, Heteroptera e Sternorrhyncha, desaparecendo o nome Homoptera. A sistemática adotada por Barnes, Calow & Olive (1995), 66 que consta na versão original de 1993, considera 34 ordens dentro das classes Diplurata, Oligoentomata, Myrientomata, Zygoentomata, Archaeognatha e Pterygota, que integram o subfilo Hexapoda do filo Uniramia, sendo a última a maior, dividida em 4 superordens. Consideram Homoptera e Heteroptera ordens independentes. Com propósitos didáticos, visando manter a maioria dos nomes já consagrados pelo uso, estão reunidos no Quadro 2, numa visão conjunta da sinopse sistemática, os principais posicionamentos referidos anteriormente, sendo importante ter sempre em mente a abrangência dos termos: DICTYOPTERA ( = B AT TO D E A + I S O P T E R A + M A N TO D E A ) , PHTHIRAPTERA (= ANOPLURA + MALLOPHAGA) e HEMIPTERA nas acepções utilizadas pelos diferentes autores. A existência de distintos posicionamentos quanto à sistemática dos insetos, evidencia a falta de um consenso sobre o assunto. Ainda está longe o desejo de Costa Lima de que “seria de toda a vantagem que a questão da classificação geral dos insetos fosse discutida nos congressos internacionais de zoologia e especialmente de entomologia, de modo a ficar definitivamente estabelecida uma classificação que fosse aceita por todos os entomologistas”. O exagero das modificações decorrentes das hipóteses filogenéticas vem ocasionando uma constante alteração da nomenclatura e da hierarquia dos táxons, criando múltiplos problemas. Papavero (1994) já faz alusão à conveniência de um novo sistema de nomenclatura para a sistemática filogenética. A sinopse da classificação adotada, expressa no Quadro 2, reune as 33 ordens que integram a superclasse Hexapoda, sendo os táxons hierarquizados em categorias intermediárias; constam alguns sinônimos e, em seqüencia, a caracterização sucinta desses grandes grupos. 67 Quadro 2 - Sinopse da classificação adotada. Superclasse H E X A P O D A Classe ELLIPURA Ordem COLLEMBOLA Ordem PROTURA Classe DIPLURA (=APTERA) Ordem DIPLURA Classe INSECTA (ECTOGNATHA) Subclasse APTERYGOTA (=APTERYGOGENEA, AMETABOLA) Ordem ARCHAEOGNATHA (=MICROCORYPHIA) Ordem THYSANURA Subclasse PTERYGOTA (=PTERYGOGENEA) Infraclasse PALAEOPTERA Ordem EPHEMEROPTERA (=EPHEMERIDA, PLECTOPTERA) Ordem ODONATA Infraclasse NEOPTERA Seção POLYNEOPTERA Ordem PLECOPTERA (=PERLARIAE) Ordem BLATTODEA (=BLATTARIAE, BLATTARIA) Ordem ISOPTERA Ordem MANTODEA Ordem GRYLLOBLATTODEA (=NOTOPTERA) Ordem MANTOPHASMATODEA Ordem DERMAPTERA Ordem PHASMATODEA (=PHASMIDA) Ordem ORTHOPTERA Ordem EMBIOPTERA (=EMBIIDINA) Ordem ZORAPTERA Seção PARANEOPTERA Ordem PSOCOPTERA (=CORRODENTIA) Ordem PHTHIRAPTERA (ANOPLURA+MALLOPHAGA) Ordem HEMIPTERA (Incl. HOMOPTERA) Ordem THYSANOPTERA Seção OLIGONEOPTERA (HOLOMETABOLA) Ordem STREPSIPTERA Ordem COLEOPTERA Ordem MEGALOPTERA Ordem RAPHIDIOPTERA (=RAPHIDIODEA) Ordem NEUROPTERA Ordem MECOPTERA (=PANORPATAE) Ordem SIPHONAPTERA (=SUCTORIA, APHANIPTERA) Ordem DIPTERA Ordem TRICHOPTERA Ordem LEPIDOPTERA Ordem HYMENOPTERA 68 Caracterização dos grandes grupos: Classes Ellipura e Diplura, às vezes reunidas em Entognatha - sem exteriorização das peças bucais; desenvolvimento protomórfico em colêmbolos, anamórfico em proturos e epimórfico em dipluros. Classe Insecta - com peças bucais aparentes; desenvolvimento epimórfico. Subclasse Apterygota - insetos primitivos, ápteros, sem metamorfose, formas jovens e adultas dotadas de apêndices locomotores abdominais. Subclasse Pterygota - insetos ápteros ou alados, com metamorfose evidente, salvo em alguns de hábito parasitário; adultos sem apêndices locomotores abdominais. Infraclasse Palaeoptera - Asas primitivas, estendidas, não dobradas para trás nem apresentando pregas; as anteriores em geral recobrindo as posteriores. Infraclasse Neoptera - Asas dobradas posteriormente ou com pregas; as anteriores com a área anal desenvolvida, chamada “neala”, de forma mais ou menos acentuada, o que não ocorre nos paleópteros, servindo às vezes para proteger as posteriores. Seção Polyneoptera - neala muito desenvolvida e com grande número de nervuras (veias jugoradiais). Túbulos de Malpighi em geral em grande número (8 a 60). Metamorfose incompleta. Seção Paraneoptera - Neala pouco desenvolvida; quando evidente, com uma só nervura ramificada na extremidade. Túbulos de Malpighi em pequeno número (2-6). Metamorfose incompleta. Seção Oligoneoptera - Neala desenvolvida, com apenas uma nervura simples (veia arcuata). Túbulos de Malpighi geralmente em pequeno número (2-6). Metamorfose completa. 69 5.2 CHAVE PARA ORDENS (Formas ninfais e adultas) 1 1' Formas ápteras ........................................................... 2 Formas aladas ............................................................. 33 2 2' Sem antenas ........................................................ Protura Com um par de antenas ................................................ 3 3 Abdome com 6 segmentos no máximo, dotado de colóforo e geralmente também fúrcula. ....................... Collembola Maior número de urômeros. Colóforo e fúrcula nunca presentes .................................................................... 4 3' 4 4' Peças bucais entognatas ...................................... Diplura Peças bucas ectognatas ............................................... 5 5 Apêndices auxiliares da locomoção presentes no abdome. Com filamento dorsal mediano entre os cercos .......... 6 Abdome destituído de apêndices locomotores. Sem filamento dorsal mediano ........................................... 7 5' 6 6' 7 7' Corpo comprimido. Capazes de grandes saltos pela flexão do abdome. Tórax fortemente arqueado. Sete pares de espiráculos abdominais. Apêndice dorsal mediano bem maior que os cercos ................................ Archaeognatha Corpo deprimido. Oito pares de espiráculos abdominais. Apêndice dorsal mediano pouco maior que os cercos. Tórax pouco arqueado. Não saltam ................ Thysanura Formas pequenas, de aspecto anormal, quase sempre fixas aos vegetais, com o tegumento nu ou protegido por secreções diversas. Aparelho bucal sugador com rostro filamentar (fêmeas de Coccoidea) .................. Hemiptera Formas com outro aspecto .......................................... 8 70 8 8' Insetos larviformes, de corpo cilindróide e desprovidos de pernas 9 Outro conjunto de caracteres ...................................... 10 Formas diminutas, parasitando outros insetos .................................................................... Strepsiptera 9’ Formas maiores, de corpo saciforme, em casulo de fragmentos vegetais e fios de seda (fêmeas de Psychidae) .................................................................... Lepidoptera 17 Tarsos trímeros. Pernas cursoriais. Cercos desenvolvidos em forma de pinça (calíperos) ............. Dermaptera 17' Tarsos trímeros ou tetrâmeros. Pernas posteriores saltatoriais, ou, quando não distintamente, as do par anterior são do tipo fossorial. Cercos pouco desenvolvidos ................................................Orthoptera 9 10 Aspecto larviforme, porém com pernas (fêmeas de Phengodidae) ............................................... Coleoptera 10' Aspecto normal, com regiões do corpo bem diferenciadas .................................................................................... 11 11 Aparelho bucal mastigador ......................................... 12 11' Aparelho bucal de outro tipo ....................................... 28 12 Cabeça prolongada inferiormente em um rostro pouco mais longo que a cabeça ................................ Mecoptera 12' Cabeça não prolongada inferiormente ........................ 13 13 Abdome provido de cercos ......................................... 14 13' Abdome desprovido de cercos .................................... 19 14 Cercos uniarticulados ................................................. 15 14' Cercos multiarticulados ............................................. 22 15 Tarsos dímeros ............................................... Zoraptera 15' Tarsos com maior número de artículos ....................... 16 16 Tarsos trímeros ou tetrâmeros ..................................... 17 16' Tarsos pentâmeros ...................................................... 18 71 18 Insetos prognatos ...................................... Phasmatodea 18' Insetos hipognatos..(região Etiópica).. Mantophasmatodea 19 Tarsos de 1 a 3 artículos ........................................... 20 19' Tarsos de 4 a 5 artículos ........................................... 21 20 Antenas com 5 artículos no máximo. Corpo deprimido. Tarsos monômeros ..................................... Phthiraptera 20' Antenas com 13 a 50 artículos. Corpo não deprimido. Tarsos dímeros ou trímeros ........................... Psocoptera 21 Abdome peciolado. Tarsos pentâmeros .... Hymenoptera 21' Abdome séssil. Tarsos tetrâmeros, raramente pentâmeros ........................................................................... Isoptera 22 Pernas posteriores saltatoriais, ou, quando não distintamente, as anteriores são fossoriais ...... Orthoptera 22' Pernas posteriores não saltatoriais .............................. 23 23 Pernas anteriores raptoriais ............................. Mantodea 23' Pernas anteriores de outro tipo ..................................... 24 24 Tarsos trímeros ............................................................ 25 24' Tarsos com maior número de artículos ......................... 26 25 Primeiro artículo tarsal das pernas anteriores muito dilatado ....................................................... Embioptera 25’ Primeiro artículo das pernas anteriores normal ........................................................................ Plecoptera 72 26 Tarsos tetrâmeros. Cercos muito curtos, pouco visíveis ........................................................................... Isoptera 26' Tarsos pentâmeros. Cercos maiores, bem visíveis ....... 27 27 Corpo oval e deprimido. Sem ovipositor .......... Blattodea 27' Corpo alongado. Ovipositor bem desenvolvido. (apenas no hemisfério norte) .................................... Grylloblattodea . 28 Corpo revestido de escamas e longos pelos.. Probóscida enrolada sob a cabeça (espiritromba) ............ Lepidoptera 28' Corpo sem escamas e sem probóscida enrolada sob a cabeça ........................................................................... 29 29 Tarsos pentâmeros ....................................................... 30 29' Tarsos com menor número de artículos ...................... 31 30 Corpo fortemente comprimido ................ Siphonaptera 30' Corpo não comprimido ..................................... Diptera 31 Tarsos monômeros ou aparentemente uniarticulados. Peças bucais retraidas ................................................. 32 31' Tarsos com maior número de artículos. Peças bucais com lábio dividido em artículos ............................. Hemiptera 32 Pernas escansoriais, com uma garra tarsal ... Phthiraptera 32' Pernas ambulatoriais, com uma vesícula entre duas diminutas garras tarsais ............................ Thysanoptera 33 Asas desenvolvidas ................................................... 33´ Asas reduzidas ou apenas tecas alares ...................... 34 67 34 Um par de asas ......................................................... 34' Dois pares de asas .................................................... 35 42 35 Asas de estrutura pergaminácea ou coriácea ........... 35' Asas de estrutura membranosa ................................ 36 40 73 36 Peças bucais picadoras-sugadoras, com lábio dividido em artículos .........................................................Hemiptera 36' Peças bucais mastigadoras ......................................... 37 37 Asas coriáceas, sem nervuras (élitros) ......... Coleoptera 37' Asas pergamináceas, com nervuras (tégminas) ......... 38 38 Pernas posteriores saltatoriais ou, quando não desse tipo, com as anteriores fossoriais ........................ Orthoptera 38' Pernas de outro tipo .................................................. 39 39 Pernas ambulatoriais. Cercos uniarticulados. Insetos de corpo alongado ........ ............................... Phasmatodea 39' Pernas cursoriais. Cercos multiarticulados. Insetos de corpo oval deeprimido .................................... Blattodea 40 Peças bucais sugadoras ou picadoras-sugadoras ..............................................................................Diptera 40' Peças bucais rudimentares ou ausentes ....................... 41 41 Asas com uma só veia; halteres presentes (machos de Coccoidea) ..................................................... Hemiptera 41' Asas com muitas veias; sem halteres ... Ephemeroptera 42 Asas anteriores mais resistentes que as posteriores, pergamináceas ou coriáceas, em toda extensão ou apenas de forma bem delimitada na parte basal ou costal ......... 43 42' Os dois pares de asas membranosos ............................ 52 43 Asas anteriores com uma parte mais resistente, em nítido contraste com a restante que é membranosa ................ 44 43' Asas anteriores pergamináceas ou coriáceas, de mesma estrutura em toda extensão ........................................ 45 74 44 Asas anteriores com a parte basal coriácea e a apical membranosa (hemiélitros). Peças bucais picadorassugadoras, com lábio dividido em artículos ..... Hemiptera 44’ Asas anteriores com uma parte junto à margem costal pergaminácea e a restante membranosa. Peças bucais mastigadoras. Pernas anteriores raptoriais. Cercos miltiarticulados ............................................... Mantodea 45 Asas anteriores coriáceas, sem nervuras (élitros), cobrindo parcial ou totalmente o abdome .................................. 46 45' Asas pergamináceas (tégminas), com nervuras ........... 48 46 Abdome provido de cercos em forma de pinças (calíperos) ................................................... Dermaptera 46' Abdome sem cercos ................................................... 47 47 Tarsos providos de garras. Asas posteriores com veias longitudinais e transversais ............................ Coleoptera 47' Tarsos sem garras. Asas posteriores sem veias transversais e consideravelmente mais desenvolvidas que as anteriores, que são reduzidas, parecendo élitros atrofiados. Insetos pequenos, com até 4mm de comprimento .......................................................................Strepsiptera 48 Asas posteriores dobradas longitudinalmente em leque. Peças bucais mastigadoras .......................................... 49 48' Asas posteriores não dobradas. Peças bucais picadorassugadoras com lábio dividido em artículos .... Hemiptera 49 Pernas posteriores saltatoriais ou, quando não desse tipo, as anteriores são fossoriais .......................... Orthoptera 49' Pernas posteriores ambulatoriais ou cursoriais e anteriores nunca fossoriais.......................................................... 50 75 50 Pernas anteriores raptoriais ............................. Mantodea 50' Pernas anteriores não raptoriais .................................. 51 51 Cercos uniarticulados. Insetos de corpo alongado, pernas ambulatoriais ............................................ Phasmatodea 51’ Cercos multiarticulados. Insetos de corpo oval deprimido, pernas cursoriais ............................................. Blattodea 52 Asas total ou parcialmente revestidas de escamas. Peças bucais, quando visíveis, representadas por uma probóscida enrolada sob a cabeça (espiritromba) ............ Lepidoptera 52' Asas nuas ou revestidas de pêlos. Peças bucais não constituídas por espiritromba ....................................... 53 53 Insetos que lembram pequenas mariposas, com as asas revestidas de pêlos; tegumento pouco esclerotizado; mandíbulas atrofiadas ou ausentes ................ Trichoptera 53’ Insetos com outro aspecto ............................................ 54 54 Peças bucais picadoras-sugadoras, dotadas de um rostro com lábio dividido em artículos ...................... Hemiptera 54' Peças bucais de outro tipo, em geral mastigadoras, às vezes atrofiadas, nunca com lábio articulado ........................ 55 55 Asas muito estreitas com longos pelos marginais; estiletes dentro de um cone bucal; tarsos aparentemente uniarticulados, com um órgão vesiculiforme entre duas garras rudimentares .................................. Thysanoptera 55' Asas com outro aspecto; tarsos com dois ou mais artículos. .................................................................................... 56 56 Cabeça prolongada em rostro mais longo que a cabeça, com as peças bucais no ápice ................................. Mecoptera 56' Cabeça com outro aspecto .......................................... 57 76 57 Asas anteriores e posteriores aparentemente iguais ou as posteriores com a área anal desenvolvida; tarsos com menos de 5 artículos ................................................... 58 57' Asas posteriores geralmente menores que as anteriores, quando porém aparentemente iguais ou mais desenvolvidas que as anteriores, os tarsos são pentâmeros .................................................................................... 61 58 Asas com uma sutura transversa na base, permitindo fácil destacamento ..................................................... Isoptera 58’ Asas sem tal sutura ................................................... 59 59 Tarsos anteriores com o primeiro artículo muito dilatado ..................................................................... Embioptera 59' Tarsos de todas as pernas normais ............................... 60 65 Asas posteriores alargadas na base, com a área anal muito desenvolvida. Espécies de porte médio a grande. Larvas aquáticas .................................................... Megaloptera 65' Asas posteriores com outro aspecto. Larvas quase sempre terrestres .................................................................. 66 66 Protórax geralmente pequeno; quando desenvolvido as pernas anteriores são raptoriais .................... Neuroptera 66’ Protórax muito longo. Pernas anteriores ambulatoriais ................................................................ Raphidioptera 67 Peças bucais mastigadoras ............................................ 68 67´ Peças bucais de outro tipo............................................. 7 1 68 Pernas posteriores saltatoriais ou anteriores fossoriais ....................................................................... Orthoptera 68´ Todas as pernas ambulatoriais ou cursoriais ................. 69 60 Antenas setiformes, quase invisíveis a olho nu. Cercos uniarticulados ................................................... Odonata 60' Antenas filiformes, alongadas. Cercos multiarticulados ....................................................................... Plecoptera 69 Cercos ausentes ............................................ Coleoptera 69´ Cercos presentes .......................................................... 70 61 Abdome com cercos bem visíveis ................................ 62 61' Cercos ausentes ou muito reduzidos ......................... 63 70 Cercos uniarticulados (calíperos) ................ Dermaptera 70’ Cercos multiarticulados ................................... Blattodea 62 Cercos muito curtos, uniarticulados ................ Zoraptera 62' Cercos muito longos, multiarticulados ... Ephemeroptera 71 Peças bucais picadoras-sugadoras, com lábio dividido em artículos ........................................................ Hemiptera 71´ Peças bucais sugadoras, lábio não dividido em artículos ........................................................ Diptera 63 Tarsos dímeros ou trímeros ............................ Psocoptera 63' Tarsos pentâmeros ..................................................... 64 64 Asas nuas, com veias longitudinais e várias transversais, formando um retículo complexo ............................... 65 64' Asas nuas ou com pêlos microscópicos, com poucas veias transversais, sem formar retículo .............. Hymenoptera 77 ********* ***** * 78 5.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ORDENS De forma sucinta são indicados a seguir os principais aspectos relativos às ordens de Hexapoda, relacionadas na seqüência filogenética expressa no Quadro 2: COLLEMBOLA Lubbock,1869 Hexápaodes primitivos (Fig. 27), com 6 urômeros no máximo (protomórficos). Corpo subcilíndrico ou globoso, de comprimento em geral entre 1 e 5mm. Antenas usualmente de 4 artículos, peças bucais entognatas; abdome com uma vesícula eversível no primeiro urosternito, chamada tubo ventral ou colóforo, 27 - Collembola. Em que permite a fixação no substrato, Fig. cima Symphypleona e em e, no ápice, um apêndice bífido, baixo Arthropleona. chamado furcula, facultando o salto quando liberada do retináculo existente no terceiro urosternito. São ovíparos, não tem metamorfose e vivem em locais úmidos, a maioria alimentando-se de materiais em decomposição. Estimadas 9.000 espécies distribuídas em 20 famílias integrando as subordens: - SYMPHYPLEONA, com espécimes de corpo globoso e sem segmentação abdominal, destacando-se Sminthuridae. - ARTHROPLEONA, de corpo subcilíndrico e abdome segmentado, destacando-se Entomobryidae. É oportuno alertar 79 que estas subordens, para alguns autores, hierarquia de ordem. já passaram à PROTURA Silvestri,1907 Hexápodes diminutos, não atingindo 2mm de comprimento. Olhos e antenas ausentes, mandíbulas estiliformes, ápteros, pernas anteriores anteniformes, abdome com 12 segmentos. (Fig. 28). São raros, micetófagos, encontrados em folhiço, sendo conveniente o uso do funil de Berlese para coleta. DesenvolFig.28 - Protura. vimento anamórfico, de interesse em estudos filogenéticos. Distribuidos em todas as regiões zoogeográficas, ocorrendo cerca de 600 espécies, reunidas em 4 famílias, sendo Acerentomidae a mais expressiva. DIPLURA Borner,1904 Tem como sinônimo Aptera. Possuem corpo alongado com tegumento pouco esclerotizado; são destituídos de olhos ou ocelos e apresentam cercos uni ou multiarticulados; a maioria tem cerca de 5mm de comprimento. (Fig. 29). Raros, encontrados em todas as regiões zoogeográficas, principalmente pantropicais;. são criptozoários, vivendo no solo, em serapilheira ou em musgos. 80 Fig. 29 - Diplura. Grupo de interesse filogenético. Existem cerca de 800 espécies, distribuídas em quatro famílias, sendo mais comuns Campodeidae e Japygidae ARCHAEOGNATHA Borner,1904 Ordem representada pelas “traças saltadoras”, anteriormente incluídas em Thysanura, caracterizadas pelo corpo comprimido, olhos contíguos, palpos maxilares longos de 7 artículos, coxas médias e posteriores geralmente dotadas de estilos, presentes também na maioria dos urosternitos; abdome terminando em filamento caudal mediano maior do que os cercos, que são quase paralelos (Fig. 30). Fig. 30 - Archaeognatha Cerca de 500 espécies descritas, incluídas em 2 famílias, sendo mais conhecida Machilidae. THYSANURA (Latreille,1796) Insetos de corpo deprimido, com aparelho bucal mastigador, ápteros, pernas cursoriais de movimento rápido, abdome com estilos em alguns urosternitos, cercos e filamento caudal mediano longos e multiarticulados, sendo este de tamanho semelhante aos cercos, que são divergentes.(Fig. 31). Fig. 31 - Thysanura Ametabólicos, de vida livre, criptozoários, onívoros, com 81 algumas espécies mirmecófilas e termitófilas e outras de importância na Entomologia Habitacional. As ecdises continuam ocorrendo mesmo nas formas adultas. Encontrados em todas as regiões zoogeográficas, conhecendo-se cerca de 400 espécies, agrupadas em 4 famílias, sendo a mais importante Lepismatidae, que abriga Lepisma saccharina L.,1758, a “traça-dos-livros”, e Thermobia domestica (Packard,1873), outra falsa traça que vive em locais de temperatura elevada. EPHEMEROPTERA Haeckel,1896 Conhecidos como “efêmeras” ou mariposas-de-verão e também, como para isópteros, “siriruias”. Corpo muito delicado, de comprimento variável entre 4 e 40 milímetros, com peças bucais atrofiadas e antenas setáceas curtas; olhos compostos às vezes divididos - tipo ascalafóide, evidenciando então dois pares de olhos. Tarsos trímeros até pentâmeros. Dois pares de asas membranosas, sendo as anteriores com o dobro ou mais do tamanho das posteriores, que, em alguns grupos, podem estar ausentes. Abdome com um par de cercos e um filamento caudal mediano, multiarticulados (Fig. 32). São anfibióticos, ocorrendo a cópula durante o vôo, geralmente em grande número, próximo aos mananciais hídricos. A maioria deposita de 500 a 5.000 ovos na água, eclodindo náiades que exibem traqueobrânquias abdominais muito características, com formas algófagas e outras predadoras; após mais de 20 ínstares dão origem a uma forma alada chamada “subimago” Fig. 32 - Ephemeroptera que depois de um dia sofre ecdise originando então o adulto. Enquanto os adultos tem vida muito curta, de algumas horas até poucos dias, as náiades 82 podem viver até 3 anos. Tanto adultos como náiades são de grande importância como alimento para peixes. Conhecidas cerca de 3.100 espécies distribuídas em 23 famílias, agrupadas por alguns autores em duas subordens diferenciadas apenas por aspectos de anatomia interna e características de náiades. São comuns Ephemeridae que abriga Hexagenia albivitatta, já referida como abundante na laguna dos Patos, e Baetidae e Caenidae, com espécies de pequeno porte, muitas com apenas um par de asas. ODONATA Fabricius,1792 Insetos de corpo esbelto, com longo abdome subcilíndrico (Fig. 33). Conhecidos comumente pelos nomes de “libélulas” e “lavadeiras”. Comprimento variável ente 2 e 15,5cm. Olhos grandes com até cerca de 28.000 omatídeos, antenas curtas setiformes e peças bucais mastigadoras; dois pares de asas membranosas nuas, com intensa nervação. facilitando a captura das presas, constituídas por insetos e até mesmo alevinos. Estima-se em 5.500 espécies, incluídas em 27 famílias, integrantes de 3 subordens, sendo comuns em nosso meio: - ANISOPTERA, caracterizada pelo corpo robusto, olhos aproximados ou contíguos e área anal das asas posteriores expandidas; com 7 famílias, sendo mais comuns Aeshnidae, Gomphidae e Libelullidae. - ZYGOPTERA, com corpo muito delgado, olhos afastados e asas estreitas, semelhantes, sendo as posteriores sem área anal expandida; formada por 19 famílias, destacandose Agrionidae, Coenagrionidae, Lestidae e Pseudostigmatidae [com Mecistogaster lucretia (Drury,1782) que atinge 15,5cm de comprimento]. PLECOPTERA Burmeister,1839 Reprodução sexuada, sendo os machos dotados de receptáculo seminal nos primeiros urosternitos, que são localizados pela extremidade do abdome das fêmeas, durante o vôo, quando presas pelos cercos dos machos na região cervical. As náiades possuem um tipo especial de aparelho bucal mandibulado, com lábio protrátil, conhecido como “máscara”, Também chamada Perlariae. Dois pares de asas membranosas, cercos longos multiarticulados (Fig. 34). Insetos hemimetabólicos, anfibióticos, com náiades predadoras e algumas fitófagas; adultos não se alimentam ou são fitófagos. De importância como bioindicadores. Ocorrem em todas as regiões zoogeográficas, sendo Fig. 34 - Plecoptera conhecidas cerca de 2.000 espécies, reunidas nas subordens: FILIPALPIA (=Holognatha), com lábio dotado de glossas e paraglossas desenvolvidas e de tamanho semelhantes; SETIPALPIA (=Systellognatha), com glossa reduzida, como um lobo basal da paraglossa. Existem 15 famílias, sendo a mais comum Perlidae, pertencente à última, onde se destacam as espécies do gênero Anacroneuria. Além dessa divisão baseada na estrutura do lábio, existe outra mais recente 83 84 Fig. 33 - Odonata. À esquerda Anisoptera e à direita Zygoptera. (Antarctoperlaria e Arctoperlaria), em função de músculos das pernas anteriores. BLATTODEA Brunner,1882 Representantes vulgarmente conhecidos pelo nome de “baratas”. Ordem também referida como Blattaria ou Blattariae, integrando, juntamente com Isoptera e Mantodea, por alguns autores, à ordem Dictyoptera. Possuem corpo oval deprimido, de comprimento entre 4 e 100mm; antenas longas, filiformes; opistognatos com peças bucais mastigadoras; tégminas geralmente desenvolvidas, às vezes curtas ou mesmo ausentes em algumas espécies; pernas cursoriais com cerdas espiniformes e tarsos pentâmeros; cercos multiarticulados, fusiformes, acompanhados por estilos nos machos (Fig. 35). Maioria ovípara, com ovos reunidos em ooteca. Descritas cerca de 4.000 espécies, incluídas em 6 famílias, destacando-se as de importância habitacional: Blattidae, que abriga Periplaneta spp. e Blatellidae com a conhecida Blatella germanica. Fig. 35 - Blattodea ISOPTERA (Brullé,1832) Conhecidos popularmente como cupins ou térmitas, e com menos freqüência “formigas-brancas”. Também referidos como “siriruia” ou “aleluia”, quando em revoada. São insetos sociais, com castas de indivíduos ápteros (operários e soldados) e sexuais alados, que partum as asas após a revoada. Antenas moniliformes, aparelho bucal mastigador; pernas ambulatoriais, quase sempre com tarsos tetrâmeros; os dois pares de asas dos sexuais (rei e rainha) são 85 membranosas, dotadas de uma sutura basal que faculta seu desprendimento (Fig. 36). O abdome é volumoso, amplamente aderente ao tórax, com diminutos cercos uniarticulados. Possuem simbiontes intestinais que permitem a digestão da celulose. Conhecidas cerca de 2.900 espécies distribuídas em 7 famílias, sendo mais comuns Kalotermitidae, com os cupins que vivem em madeiras, Rhinotermitidae, com os Fig. 36 - Isoptera. arborícolas, e, Termitidae, com os construtores de montículos no solo. MANTODEA Burmeister,1838 Conhecidos como “louva-a-deus” e erroneamente temidos como perigosos, pois não possuem qualquer glândula de veneno. (Fig. 37) C o r p o alongado, subcilíndrico ou com mais freqüência um pouco deprimido, de compriFig. 37 - Mantodea mento variável entre 1 e 10cm. Cabeça livremente articulada com o tórax, capaz de ampla movimentação, com antenas filiformes multiarticuladas e peças bucais mastigadoras. Pernas anteriores raptoriais; dois pares de asas, sendo as anteriores total ou parcialmente pergamináceas, sendo que fêmeas de algumas espécies podem ser ápteras ou braquípteras . 86 Cercos multiarticulados, acompanhados por estilos nos machos. Reprodução sexual com ovos reunidos em ootecas, Ninfas e adultos são predadores vorazes, alimentando-se especialmente de insetos. Existem cerca de 2.300 espécies, distribuídas em 8 famílias. Destacam-se Acanthopidae, Thespidae e Vatidae com vários representantes em nosso meio, sendo mais comuns espécies de vatídeos dos gêneros Coptopteryx e Parastagmatoptera. GRYLLOBLATTODEA Brues & Melander,1915 Tem como sinônimo Notoptera. São insetos ápteros, de corpo deprimido, com 15 a 30mm de comprimento, dotados de cercos multiarticulados (Fig. 38). São c r i p t o z o á r i o s , paurometabólicos, ovíparos, Fig. 38 - Grylloblattodea de interesse em estudos filogenéticos. Alimentam-se de insetos vivos ou mortos, ocorrendo apenas nas regiões Neártica e Paleártica. São conhecidas 37 espécies, incluídas em Grylloblattidae. MANTOPHASMATODEA (Zompro, Klass, Kristensen & Adis, 2002) Insetos ápteros, hipognatos, atingindo cerca de 22mm de comprimento. (Fig. 39) Zoófagos, de aspecto que lembra os bichos-paus. Descritas 14 espécies atuais, ocorrentes na região Etiópica. Fig. 39 - Mantophasmatodea 87 DERMAPTERA (De Geer,1773) Conhecidos popularmente pelo nome de “tesourinhas”, de comprimento variável entre 5 e 40mm. Cabeça livre e prognata, com antenas filiformes ou moniliformes e peças bucais mastigadoras. Pernas cursoriais com tarsos trímeros. Élitros curtos e asas posteriores amplas, dobradas em leque sob as anteriores, com vértice na região média da margem costal. Existem espécies ápteras. Abdome mais largo na região mediana, dotado de cercos uniarticulados em forma de pinças, bem esclerotizados, chamados calíperos Fig. 40 - Dermaptera (Fig. 40). Existem cerca de 2.000 espécies, distribuidas em 10 famílias integrantes das Subordens ARIXENINA, HEMIMERINA e FORFICULINA. As duas primeiras tem espécies associadas a morcegos na Asia e roedores na África, respectivamente; a última, que exibe calíperos bem desenvolvidos e esclerotizados, abriga espécies de importância no controle biológico de pragas agrícolas, apesar de eventuais danos que possam ocasionar em flores, destacando-se representantes de Forficulidae. PHASMATODEA Jacobson & Bianchi,1905 Também referida como Phasmida. São os verdadeiros “bichos-pau”. Corpo baciliforme, podendo atingir até 330mm de comprimento em espécies da Região Oriental. Aparelho bucal mastigador, protórax curto, ápteros ou alados, pernas ambulatoiais com tarsos pentâmeros, cercos 88 uniarticulados (Fig. 41). Paurometabólicos, ovíparos (ovos esculturados), fitófagos com algumas espécies que, em outros paises, chegam a ser pragas agrícolas. Encontrados em todas as regiões zoogeográficas, com cerca de 3.000 espécies conhecidas, reunidas em três famílias, sendo Phylliidae a mais comum. Pouco freqüentes no Rio Grande do Sul. ORTHOPTERA (Olivier,1811) Fig. 41 - Phasmatodea ínstares ninfais, nos ensíferos pode ultrapassar dez estádios. Existem cerca de 20.000 espécies agrupadas nas subordens Caelifera e Ensifera. Alguns exemplos estão ilustrados na Estampa 1. - CAELIFERA - com antenas curtas, com menos de 30 artículos; órgãos timpânicos, quando presentes, lateralmente no primeiro urômero; ovipositor inconspícuo. Reune 18 famílias, merecendo destacar Acrididae (gafanhotos) e Proscopiidae (falsos bichos-pau). - ENSIFERA - com antenas geralmente longas, com mais de 30 artículos; órgãos timpânicos, quando presentes, nas tíbias anteriores; ovipositor em geral bem desenvolvido, exceto Gryllotalpidae que possuem antenas muito curtas e pernas anteriores fossoriais. Reune 10 famílias, onde se destacam Gryllidae (grilos), Gryllotalpidae (paquinhas ou cachorrinhos d’água e cachorrinhos da terra) e Tettigoniidae (esperanças). Autores mais antigos e mesmo Borror, Delong (1988), incluem em Orthoptera também os atuais representantes de Blattodea, Mantodea e Phasmatodea. Inclui os “gafanhotos”, “esperanças”, “grilos” e “paquinhas”, com tamanhos variáveis desde 5 até 110mm de comprimento. Cabeça hipognata com peças bucais mastigadoras. Dois pares de asas, sendo as anteriores tégminas geralmente bem desenvolvidas; existem espécies ápteras e braquípteras. Pernas com tarsos trímeros ou tetrâmeros, sendo as posteriores saltatoriais (Fig. 42). Estruturas especiais nas tégminas de machos permitem a produção de sons característicos para cada espécie. Algumas espécies de gafanhotos, chamados migratórios, podem o c o r r e r e m g r a n d e s Fig, 42- Orthoptera. Em cima agregações, tanto na fase Caelifera, em baixo Ensifera ninfal como adulta. Reprodução sexual e ovíparos na maioria, com postura em “cartuchos” no solo, em grupos sobre plantas e às vezes endofítica. Enquanto gafanhotos tem normalmente 5 Te m c o m o s i n ô n i m o Embiidina. Insetos de cor geral castanha, comprimento variável de 4 a 20 mm, aparelho bucal mastigador; fêmeas sempre ápteras e machos em geral alados; tarsos anteriores glandulares; dotados de cercos assimétricos, Fig. 43 - Embioptera macho notadamente nos machos (Fig. 43). Vivem em pequenas colônias, construindo galerias ou túneis de seda, em geral no tronco de árvores. São pouco prolíficos, alimentando-se de matéria orgânica vegetal, considerados sem importância econômica. Possuem desenvolvimento paurometabólico, sendo anfigônicos e 89 90 EMBIOPTERA Shipley,1904 ovíparos. Existem cerca de 200 espécies, reunidas em oito famílias, destacando-se Embiidae como a mais comum. ZORAPTERA Silvestri,1913 Insetos de porte diminuto, muito raros, não atingindo 3mm de comprimento, com formas aladas e ápteras. Cabeça hipognata, com antenas moniliformes e peças bucais mandibuladas. Alados com 2 pares de asas membranosas de nervação reduzida. Tarsos dímeros e cercos diminutos, uniarticulados dotados de estilo (Fig. 44). Possuem hábito gregário com p r i n c i p a l r e g i m e a l i m e n t a r Fig. 44 - Zoraptera micetófago. Existem 32 espécies, pertencentes ao gênero Zorotypus. PSOCOPTERA Shipley,1904 Vivem isolados ou em colônias, podendo produzir fino revestimento de seda. Ocorrem em todas as regiões zoogeográficas, existindo cerca de 4.400 espécies, reunidas em 35 famílias, distribuidas nas subordens: - TROGIOMORPHA – antenas com mais de 20 artículos, sem anelação secundária; tarsos trímeros; pterostigma não espessado ou ausente. - TROCTOMORPHA – antenas com 12 a 17 artículos, alguns com anelação secundária; tarsos de 2 ou 3 artículos; pterostigma não espessado. Destaca-se Liposcelidae, que abriga o “piolho-dos-livros”. - PSOCOMORPHA – antenas geralmente com 13 artículos; tarsos dímeros ou trímeros, neste caso antenas sem anelação secundária; pterostigma espessado. PHTHIRAPTERA Haeckel,1896 Inclui os “piolhos”, tanto sugadores como mastigadores. Nome que engloba as antigas ordens Anoplura e Mallophaga. Insetos de corpo deprimido, de importância médica ou veterinária; comprimento entre 0,5 e 10mm, apometabólicos, ápteros, com tarsos monômeros ou dímeros e destituídos de cercos (Fig. 46). Tem como sinônimo Corrodentia. Comprimento variável de 1 a 10mm, cor esbranquiçada a parda. Cabeça com pósclípeo saliente; aparelho bucal mastigador; ápteros, braquípteros ou alados, com dois pares, membranosas; cercos ausentes (Fig. 45). São paurometabólicos, alimentando-se de algas, Fig. 45 - Psocoptera liquens, fungos e detritos diversos, incluindo-se espécies que Atacam produtos armazenados e materiais em coleções entomológicas e herbários. Reprodução sexual, ovíparos, sendo os ovos dos anopluros conhecidos como “lêndeas”. São estimadas cerca de 4.900 espécies, agrupadas em 4 subordens: - ANOPLURA - com espécies hematófagas, cabeça estreita dotada de 3 estiletes dentro de um cone bucal sugador e 91 92 Fig. 46 - Phthiraptera. A - Anoplura B - Amblycera C - Ischnocera A B C pernas tipicamente escansoriais, destacando-se Haematopinidae (piolhos de ungulados), Pediculidae (em primatas) e Pthiridae (com uma só espécie, no homem). - AMBLYCERA, cabeça larga, com peças bucais mastigadoras dotadas de mandíbulas horizontais e antenas acultas em sulco sob a cabeça; inclui espécies penívoras, destacando-se Menoponidae. - ISCHNOCERA – cabeça larga, com peças bucais também mastigadoras dotadas de mandíbulas verticais e antenas bem visíveis; com espécies penívoras e pilívoras, destacando-se Philopteridae (em aves) e Trichodectidae (em mamíferos). - RHYNCHOPHTHIRINA - contendo apenas o gênero Haematomyzus, que abriga o piolho do elefante. HEMIPTERA Linnaeus,1758 Trata-se de uma ordem cuja abrangência tem sido objeto de grandes modificações, especialmente fundamentadas em trabalhos filogenéticos. Os hemípteros possuem tamanho variável desde 1 até 110mm de comprimento. Caracterizam-se por aparelho bucal picador-sugador, com lábio articulado, existindo formas ápteras e aladas com um ou dois pares de asas; pernas com no máximo 3 tarsômeros, abdome desprovido de cercos (Fig. 47). Fig. 47 - Hemiptera. À esquerda Heteroptera, à direita Homoptera Auchenorrhyncha Convém alertar que em alguns trabalhos recentes são consideradas três subordens: Heteroptera, Auchenorrhyncha e Sternorrhyncha, desaparecendo o termo Homoptera, que não é monofilético. - HETEROPTERA : Abriga, de um modo geral, os conhecidos “percevejos”; alguns nomes particulares são também utilizados como “baratadágua”, “fede-fede” e “barbeiro” ainda chamado “chupão”, “fincão” e “furão”. (Estampa 2) Tamanho variável desde 1 até 110mm de comprimento. Caracterizam-se por aparelho bucal picador-sugador emergindo da região anterior da cabeça e asas anteriores quase sempre tipicamente “hemiélitros”. Existem espécies fitosuccívoras - que representam a grande maioria, hematófagas e predadoras. Muitos possuem glândulas odoríferas que se abrem lateralmente no tórax. Ovíparos, ninfas usualmente com 5 ínstares. Estima-se em cerca de 54.000 espécies, incluídas em 62 famílias, que em classificações mais antigas agrupavam-se em CRYPTOCERATA, de antenas curtas e ocultas sob a cabeça; quase todos aquáticos, destacando-se Belostomatidae (baratasdágua), e, GYMNOCERATA, de antenas longas e bem visíveis, quase todos terrestres, destacando-se Coreidae (com os percevejos de solanáceas), Lygaeidae (com espécies fitosuccívoras e predadoras), Miridae (com pragas de gramíneas e de orquídeas), Nabidae (com espécies predadoras), Pentatomidae (com várias espécies pragas do arroz, soja, trigo e plantas de horta), Reduviidae (com espécies hematófagas e predadoras). Atualmente os heterópteros estão divididos em grupos onde se destacam Gerromorpha e Nepomorpha entre os aqüáticos e Cimicomorpha e Pentatomorpha entre os terrestres. Conforme hierarquia taxonômica usada no Zoological Records divide-se nas subordens Heteroptera e Homoptera, esta com as infraordens Coleorrhyncha, Auchenorrhyncha e Sternorrhyncha. - “HOMOPTERA”: (Estampas 3 e 4) Caracterizam-se pelo aparelho bucal picador-sugador emergindo da região posterior da cabeça ou mesmo da torácica e asas anteriores membranosas ou pergamináceas (tégminas). 93 94 Insetos de pequeno porte e comprimento variável entre 0,5 e 15mm, conhecidos pela designação geral de “tripes” ou “trips”. Antenas com 4 a 9 artículos, filiformes ou moniliformes; peças bucais hipognatas, tipo picador-sugador, assimétricas, com uma mandíbula (esquerda) e as lacínias, dentro de pequeno rostro ou cone bucal (Fig. 48). Tarsos de 1 ou 2 artículos, com arólio postarsal eversível. Asas, quando presentes, em numero de 2 pares, muito estreitas e com longos pelos marginais. Ovipositor constituído por urômero terminal tubular ou F i g . 4 8 - ThysanopteraFig. com valvas ventrais formando uma terebra. Vivem em agregações, reproduzindo-se sexualmente, porém com muitas espécies partenogenéticas. O desenvolvimento, variável com as espécies, é intermediário entre paurometabólico, por ínstares com asas em formação externamente, e holometabólico, pela presença do estágio pupal, caracterizando a remetabolia ou neometabolia. Existem cerca de 5.000 espécies, incluídas nas subordens: - TEREBRANTIA, tendo superfície alar com pêlos microscópicos; asas anteriores com 2 ou mais nervuras; último urômero raramente tubular; ovipositor formado por 2 pares de gonapófises (terebra) situadas ventralmente nos últimos segmentos. Existem 7 famílias, sendo mais importante Thripidae, com muitas espécies pertencentes a Heliothrips, Thrips e Taeniothrips de grande importância como nocivas a plantas cultivadas. - TUBULIFERA, com superfície alar sem pubescência; asas anteriores sem nervuras ou com apenas uma; último urômero tubular; sem gonapófises. Apenas com Phloeothripidae, que abriga algumas espécies predadoras e também o conhecido tripes da cerca-viva Gynaikothrips ficorum (Marchal,1908). 95 96 Inclui as “cigarras” e “cigarrinhas”. “pulgões”, “cochonilhas” e “piolhos-farinhentos”. Comprimento do corpo variável deste fração de milímetro até um decímetro. Possuem dois pares de asas dispostas sobre o corpo como abas de um telhado; existem, no entanto, formas com somente um par (machos de Coccoidea) e também ápteras. O desenvolvimento é paurometabólico, havendo particularidades como nas “cigarras” referido como hipometabólico, e em cochonilhas, onde os machos emergem de formas pupais, através de remetabolia ou neometabolia. Ninfas e adultos são exclusivamente fitossuccívoros, havendo algumas formas masculinas com peças bucais atrofiadas, que não se alimentam. São conhecidas cerca de 36.000 espécies, reunidas em dois grupos (infraordens ou subordens e até ordens cf autores). AUCHENORRHYNCHA, com 31 famílias, destacando-se Aethalionidae (com a cigarrinha dos pomares), Cercopidae (com as cigarrinhas da cana-de-açucar e pastagens), Cicadellidae (com a cigarrinha-do-feijoeiro), Cicadidae (com as cigarras), Fulgoridae (com a jequitiranabóia) e Membracidae (com a cigarrinha-dos-citros). STERNORRHYNCHA, com 29 famílias, destacandose Aleyrodidae com o piolho-farinhento dos citros e “moscabranca” da soja), Aphididae (com os pulgões da couve, citros, pessegueiro, trigo e plantas ornamentais), Coccidae (cochonilhas nuas ou com revestimento de cera), Diaspididae (cochonilhas com escudo, como cabeça-de-prego, escamavírgula, piolho-de-são-josé), Margarodidae (com a “pérola-daterra” e Icerya purchasi), Phylloxeridae (com a filoxera-daparreira) e Psyllidae (com a “ampola-da-erva-mate”). THYSANOPTERA Haliday,1836 STREPSIPTERA Kirby,1813 Insetos diminutos, sendo as fêmeas ápteras larviformes e os machos com asas anteriores claviformes (élitros) e posteriores membranosas amplas, além de antenas flabeladas muito características (Fig. 49). São hipermetabólicos, vivíparos, vivendo as larvas como parasitóides de outros insetos, especialmente hemípteros, homópteros, himenópteros e ortópteros. Encontrados em todas as regiões zoogeográficas, sendo conhecidas 550 espécies, reunidas em 9 famílias, Fig. 49 - Strepsiptera macho. sendo Stylopidae a mais expressiva. Fig. 50 - Coleoptera. À esquerda vista dorsal; à direita, vista ventral de 1) Adephaga e 2) Polyphaga. Conhecidos pelas designações gerais de “cascudos” ou “besouros”. Corpo bem esclerotizado, de comprimento variável desde fração de milímetro até 20cm; peças bucais mastigadoras; dois pares de asas, sendo as anteriores élitros, que cobrem total ou parcialmente o abdome (Fig. 50). Desenvolvimento holometabólico, havendo alguns grupos, como Bruchinae (Chrysomelidae) e Meloidae que são hipermetabólicos. Trata-se da maior ordem de seres vivos, com espécies exibindo os mais variados hábitos, incluindo aquáticas e subterrâneas. A maioria é fitófaga, podendo viver em todas as partes das plantas; existem também cletrófagos, coprófagos, necrófagos e predadores de grande importância no controle biológico de pragas. Existem cerca de 350.000 espécies, agrupadas em 4 subordens, destacando-se Adephaga e Polyphaga que abrigam as espécies comumente observadas: (Estampa 5) - ADEPHAGA – com os três primeiros urosternitos unidos na região mediana ou pelo menos o 2º e 3º; o primeiro dividido pelas cavidades coxais posteriores; gálea palpiforme; protórax com sutura pleural; tarsos pentâmeros; asas com oblongo. Possue 9 famílias, sendo mais expressivas: Carabidae - Calosoma spp. e Lebia concina, importantes predadores de lagartas da soja e trigo. Dytiscidae - aquáticos e zoófagos. - POLYPHAGA – urosternitos livres e o primeiro não dividido; gálea não palpiforme; protórax sem sutura pleural; tarsos variáveis; asas sem oblongo. Existem 148 famílias, destacando-se: Anobiidae - Lasioderma serricorne (F.,1792) (Caruncho-dofumo). Buprestidae - Colobogaster cyanitarsis (Laporte & Gory, 1837) (Broca do tronco da figueira). Cerambycidae - Acrocinus longimanus (Broca de figueiras, paineira e timbaúva); Oncideres impluviata (Serrador da acácia-negra). Chrysomelidae - Galerucinae: Diabrotica speciosa (Germar,1824) – adultos filófagos (“vaquinhas“) e larvas 97 98 COLEOPTERA (Linnaeus,1758) rizófagas. Eumolpinae: são comuns os besourinhos azuis e também verdes, nocivos a várias plantas cultivadas. Bruchinae: Acanthoscelides obtectus (Say,1831) (Caruncho do feijão). Coccinellidae - maioria entomófagas: Cycloneda e Eriopis com espécies predadoras de pulgões; Azya, Coccidophilus, Pentilia e Rodolia com espécies predadoras de cochonilhas, Stethorus com espécies predadoras de ácaros. Existem alguns representantes filófagos e micetófagos. Curculionidae - Oryzophagus oryzae (Lima,1936) (Bicheira da raiz do arroz); Sitophilus spp. (Gorgulhos de cereais). Elateridae - Agriotes e Conoderus com espécies rizófagas (verme-arame). Alguns com órgãos luminosos pronotais (pirilampos). Lampyridae - com os vagalumes, dotados de órgaos luminosos nos últimos urômeros. Meloidae - Epicauta spp. (adultos conhecidos como “burrinhos” filófagos especialmente em hortas). Scarabaeidae - larvas rizófagas (“capitão” ou “coró”) em gramíneas, com destaque a Diloboderus, Ligyrus e Phyllophaga, além de várias coprófagas. Staphylinidae - dotados de élitros muito curtos. Paederus spp. (”Potós”) com glândulas pigidiais que causam dermatites. Tenebrionidae - com muitas espécies cletrófagas, destacandose os gêneros Tenebrio, Tribolium e Ulomoides. MEGALOPTERA Latreille,1802 Até pouco tempo considerada subordem de Neuroptera. São insetos robustos de cor castanha; dois pares de asas membranosas, com envergadura até 175mm (Fig. 51). Mandíbulas desenvolvidas, particularmente nos machos; tarsos pentâmeros e cercos ausentes. 99 Holometabólicos, anfibióticos, com larvas aquáticas predadoras; ovíparos. São conhecidas cerca de 300 espécies, reunidas em duas famílias, sendo a mais comum Corydalidae. RAPHIDIOPTERA (Leach,1815) Insetos com 2 pares de asas membranosas, dotadas de intensa nervação, similar aos neurópteros, dentro dos quais se situavam enteriormente (Fig. 52). Conhecidas cerca de 200 espécies, quase todas do hemisfério norte. Não se conhecem representantes em nosso meio. Fig. 52 - Raphidioptera NEUROPTERA Linnaeus,1758 Insetos de corpo delicado, antenas multiarticuladas, na maioria filiformes, com aparelho bucal mastigador, dois pares de asas membranosas com intensa venação e abdome destituído de cercos (Fig. 53). Reprodução sexual, ovíparos, muitos com ovos pedunculados. Larvas das principais famílias sempre terrestres, oligópodes, predadoras, tecendo casulos Fig. 53 - Neuroptera. de seda onde se transformam em pupa. Existem cerca de 6.000 espécies, agrupadas em 18 famílias, sendo mais expressivas Ascalaphidae, Chrysopidae (com o “lixeiro”), Coniopterygidae, Hemerobiidae, Mantispidae e Myrmeleontidae (com a “formiga-leão”). (Estampa 6) Fig. 51 - Megaloptera. 100 MECOPTERA Comstock,1895 Te m c o m o s i n ô n i m o Panorpatae, possuindo comprimento entre 15 e 40mm. Cabeça prolongada inferiormente, com peças bucais mastigadoras, dois pares de asas membranosas, pernas muito Fig. 54 - Mecoptera. desenvolvidas. (Fig. 54) Em repouso ficam suspensos pelas pernas anteriores; machos com abdome terminando em forma de bulbo (“scorpionfly”). Insetos holometabólicos, terrestres, raros, com larvas subterrâneas predadoras ou saprófagas. Ovíparos com ciclo vital de 1 a 5 anos. Estimam-se cerca de 600 espécies, em todas as regiões zoogeográficas, distribuídas em nove famílias, sendo Bittacidae a mais comum. Raramente coletados, especialmente no sul do Brasil. ocorrendo em aves e mamíferos, com longevidade que pode altrapassar ano e meio. Existem cerca de 2.500 espécies reunidas em 16 famílias, destacando-se Pulicidae (com Ctenocephalides, Pulex e Xenopsylla) e Tungidae [com Tunga penetrans (L.,1758), o conhecido “bicho-do-pé” e Echidnophaga gallinacea (West., 1875) a pulga penetrante de galináceos]. DIPTERA Linnaeus,1758 Inclui as “moscas” e “mosquitos”. Dotados somente de um par de asas mesotorácicas membranosas, sendo as do metatórax modificadas em balancins ou halteres; algumas espécies, no entanto, são ápteras. Variam de 0,5 a 60mm de comprimento, com peças bucais do tipo sugador ou picador-sugador, raramente atrofiadas; tarsos pentâmeros (Fig. 56). SIPHONAPTERA Latreille,1825 Ordem já referida como Aphaniptera e Suctoria. Insetos ápteros, de corpo fortemente comprimido, conhecidos pelo nome vulgar de “pulgas”; Fig. 55 - Siphonaptera. tamanho variável de 1 a 10mm de comprimento. (Fig. 55) Peças bucais picadoras-sugadoras; tarsos pentâmeros, sendo as pernas posteriores saltatoriais Cabeça e tórax podem apresentar fileiras de cerdas rígidas, chamadas ctenídios, de importância sistemática. Reprodução sexual, ovíparos, emergindo larvas ápodes, vermiformes, que se alimentam de detritos, tecendo um casulo sedoso onde se transformam em pupas. Os adultos são ectoparasitos obrigatórios, hematófagos, 101 Fig. 56 - Diptera. À esquerda Nematocera, no centro Brachycera Orthorrapha e à direita Brachycera Cyclorrhapha. Na grande maioria são ovíparos, eclodindo larvas ápodes que se transformam em pupas geralmente imóveis, do tipo coarctata. Existem cerca de 120.000 espécies, distribuídas em duas subordens e com um total de 130 famílias. (Estampa 7) - NEMATOCERA, com antenas longas, com mais de 10 artículos, geralmente maiores que o tórax; palpos maxilares com 4 ou 5 artículos. Existem 26 famílias, destacando-se Cecidomyiidae (com espécies cecidógenas), Chironomidae 102 (com importantes bioindicadores), Culicidae e Simuliidae (fêmeas hematófagas, respectivamente mosquitos e borrachudos) e Tipulidae, dotados de pernas muito longas. - BRACHYCERA, com antenas curtas, geralmente de 3 artículos, o 3º às vezes subdividido, podendo ser aristadas ou estiladas; palpos maxilares com 1 ou 2 artículos. Composta pelas divisões: Orthorrhapha - antenas geralmente estiladas; sem lúnula ou depressão em forma de “U” invertido; palpos maxilares geraalmente de 2 artículos. Emergência do pupário com incisão em forma de “T”. Existem 19 famílias, destacando-se Asilidae (moscões, predadores) e Tabanidae (mutucas, com fêmeas hematófagas). Cyclorrhapha – antenas geralmente aristadas; lúnula presente, muitas vezes oculta numa depressão em forma de “U” invertido; palpos maxilares uniarticulados. Emergência do pupário com incisão circular. Existem 85 famílias, sendo mais importantes Calliphoridae (varejeiras), Drosophilidae, Muscidae (moscas doméstica e dos estábulos), Syrphidae (larvas predadoras de pulgões), Tachinidae (parasitóides) e Tephritidae (moscas-das-frutas). TRICHOPTERA Kirby,1813 Adultos semelhantes a pequenas mariposas, de corpo delicado, revestido de pilosidade; comprimento variável de 2 a 30mm; antenas filiformes multiarticuladas, geralmente muito longas, aparelho bucal do tipo mandibulado, porém com mandíbulas atrofiadas e palpos maxilares e labiais desenvolvidos, dois pares de asas membranosas pilosas e tarsos pentâmeros (Fig. 57). Conhecidos por alguns como friganidos. A maioria tem hábitos noturnos, sendo encontrados nas proximidades dos ambientes dulceaquícolas onde suas larvas se desenvolvem. 103 As larvas, chamadas curubixás, podem ser campodeiformes ou eruciformes. Estas constroem casas ou estojos com fragmentos vegetais, pequenas pedras, areia, pedaços de conchas etc, aglutinados por fio de seda, constituindo abrigos Fig. 57 - Trichoptera. móveis onde vivem até a transformação em pupa. Adultos alimentam-se de substâncias líquidas; as larvas que constroem casinhas são fitófagas enquanto as expostas geralmente predadoras. A maior importância dos tricópteros reside no fato de larvas e pupas constituirem o principal alimento de muitos peixes. Existem cerca de 11.000 espécies agrupadas em 43 famílias, destacando-se Hydropsychidae. LEPIDOPTERA Linnaeus,1758 Inlui as “borboletas” e “mariposas”; possuem asas e corpo revestidos por escamas, que se destacam com facilidade, especialmente nas asas. Cabeça geralmente arredondada e mais estreita que o tórax, com olhos dotados de grande número de omatídeos e peças bucais formando aparelho sugador pela justaposição das gáleas maxilares, constituindo a espiritromba. Dois pares de asas membranosas escamosas, com mesma forma e nervação nas espécies primitivas e bem distintas nas usualmente coletadas; envergadura variável desde 3 até 280mm. Tarsos pentâmeros, podendo o primeiro par de pernas ser muito reduzido em algumas borboletas (Fig. 58). Reproduzem-se sexualmente, sendo ovíparos, eclodindo larvas polípodes eruciformes, chamadas comumente de lagartas, que se transformam em pupas obtectas, conhecidas como crisálidas. 104 Fig. 58 - Lepidoptera. À esquerda “Rhopalocera” e à direita “Frenatae”. Grande número de lagartas constituem expressivas pragas da agricultura; algumas são de importância médica pela presença de pelos urticantes e secreções que podem provocar severas queimaduras e até óbitos. São estimadas cerca de 150.000 espécies, 98% das quais integram a subordem GLOSSATA, composta por 133 famílias, e, as demais, nas subordens ZEUGLOPTERA, AGLOSSATA e HETEROBATHMIINA, cada uma com apenas uma família. - GLOSSATA, caracteriza-se pelas maxilas com gálea formando espiritromba, raramente ausente, e, ausência de mandíbulas funcionais. A infraordem Heteroneura, ao contrário da Exoporia, não possue jugo tendo as asas forma e nervação distintas; além de Monotrysia, com microlepidópteros, destacase a série Ditrysia, onde os acúleos alares, quando presentes, situam-se apenas em pequenas áreas e as fêmeas possuem 2 orifícios genitais. Ditrysia, com 112 famílias, inclui tanto borboletas como mariposas (Estampa 8). Antigamente eram representadas pelas subordens Rhopalocera e Frenatae, que, por conveniência didática, permanecem a seguir como dois grupos: Rhopalocera – formado por quatro famílias que integram Papilionoidea. Representam pouco mais de 13% das espécies de lepidópteros. Caracterizam-se pelas antenas dilatadas na extremidade, asas posteriores sem frênulo e com área umeral mais ou menos dilatada; são as borboletas, geralmente de cores vistosas e vôo diurno. Seguem alguns exemplos: 105 Hesperiidae - borboletas de vôo rápido, incluíndo Urbanus proteus (L.,1758) que à vezes chega a ser praga do feijoeiro. Lycaenidae - borboletas pequenas, muito delicadas, a maioria exibindo cores brilhantes e comumente com prolongamentos caudiformes nas asas posteriores. Abriga Strymon megarus (Godart, 1824), conhecida como broca-do-abacaxi. Nymphalidae - borboletas de aspectos muito variados, destacando espécies dos gêneros Morpho,dotadas de cores azuis metálicas, e, Brassolis, com lagartas que comumente devoram as folhas de palmeiras. Papilionidae - borboletas de porte grande tendo a maioria prolongamentos caudais nas asas posteriores. Algumas espécies danificam planta cítricas. Pieridae - borboletas na maioria de cor amarela, incluindo Ascia monuste orseis (Godart,1818) - praga comum de crucíferas. Frenatae – são as mariposas, com antenas filiformes, fusiformes ou pectinadas, frênulo quase sempre presente; cor geralmente pouco vistosa e vôo noturno. Alguns exemplos: Noctuidae - mariposas, em geral de porte médio, incluindo a maioria das espécies consideradas pragas de plantas de lavoura, como as pertencentes a Anticarsia, Pseudaletia e Spodoptera, com lagartas ocorrentes em soja, trigo e milho, respectivamente. Pyralidae - maioria de pequeno porte, apresentando grande variação tanto no aspecto como nos hábitos; abriga espécies cletrófagas e fitófagas, destacando-se algumas consideradas pragas de plantas cultivadas, como a broca da cana-de-açucar Diatraea saccharalis (Fabr., 1794). Saturniidae - mariposas com lagartas urticantes, destacando-se as dos gêneros Automeris, Dirphia, Hylesia e Lonomia. Sphingidae - mariposas de corpo rebusto e asas relativamente estreitas, de vôo rápido, sendo comum Manduca spp. com pragas de solanáceas. Tineidae - mariposas de pequeno porte, incluindo as verdadeiras traças comuns em habitações. 106 HYMENOPTERA Linnaeus,1758 Inclui as abelhas, formigas, marimbondos, vespas e vespinhas, com tamanho que pode variar desde fração de milímetro até 7cm de comprimento Caracterizam-se por tegumento fortemente esclerotizado, presença de aparelho bucal mandibulado ou lambedor, dois pares de asas membranosas nuas ou com pêlos microscópicos e com poucas nervuras transversais, tarsos quase sempre pentâmeros e abdome com cercos muito reduzidos ou ausentes (Fig. 59). . Desenvolvimento holometabólicos, em geral reprodução sexual; maioria das larvas ápodes, havendo polípodes em alguns grupos. Muitas espécies são sociais. Fig. 59 - Hymenoptera. À esquerda Symphyta e à direita Apocrita. São conhecidas cerca de 125.000 espécies descritas, sendo que Michener (2000) refere a provável existência de 250.000. Agrupam-se nas subordens Symphyta e Apocrita. Alguns exemplos das principais famílias estão ilustrados na Estampa 9. - SYMPHYTA, caracterizada por abdome séssil; trocanteres subdivididos; asas posteriores com pelo menos três células basais; larvas polípodes. Reunidos em 14 famílias, destacando-se Pergidae (com Paraperreyia dorsuaria (Konow, 1899) cujas larvas são conhecidas como mata-porcos) , Siricidae (com a vespa-da-madeira Sirex noctilio (Fabr., 1793) praga de coníferas) e Tenthredinidae, com larvas filófagas, eruciformes ou limaciformes. 107 - APOCRITA, com abdome livre, peciolado ou pedunculado; trocanteres variáveis; asas posteriores com no máximo duas células basais; larvas ápodes. Abrange 77 famílias, havendo destaque para: Apidae - Em Apinae situam-se as abelhas sociais produtoras de mel e cera, incluindo a abelha-comum e muitas espécies pertencentes ao grupo das “abelhas sem ferrão”, como a mirim (Plebeia spp.) e a irapuá (Trigona spinipes Fabr., 1793) Em Xylocopinae encontram-se as abelhas-carpinteiras, de corpo robusto (Xylocopa spp.), tambem chamadas mamangabas e abelhões. Braconidae - parasitóides, com muitas espécies diminutas, de grande importância no controle biológico. Formicidae - insetos sociais, conhecidos pela designação geral de formigas, destacando-se as açucareiras (Camponotus spp.) e as cortadeiras saúva (Atta spp.) e quenquém (Acromyrmex spp.). Ichneumonidae - caracaterizados pelo longo ovipositor; semelhantes aos braconídeos tanto na morfologia como nos hábitos. Megachilidae - abelhas com escovas situadas no lado ventral do abdome e não nas pernas posteriores como em Apidae, as quais fazem cortes circulares nas folhas; são importantes polinizadores da alfafa. Mutilidae - vespas, cujas fêmeas são ápteras assemelhando-se a formigas. São parasitos externos de abelhas, besouros, moscas e outras vespas. Pompilidae - com as grandes vespas caçadoras de aranhas.(Pepsis spp.). Sphecidae - vespas solitárias, predadoras, com variados regimes alimentares. Vespidae - com espécies solitárias e também sociais,incluindo os conhecidos “marimbondos”. além das cerca de 20 famílias que integram Chalcidoidea, englobando a grande maioria das “vespinhas” de expressiva importância no controle biológico. 108 Estampa 2 C B A F D E G H I HEMIPTERA. A- Belostomatidae, B- Notonectidae, C- Nepidae, D- Coreidae, E- Reduviidae, F- Pentatomidae, G- Scutelleridae, H- Miridae, I- Tingidae 110 Estampa 4 Estampa 3 A A B C D B C F E D E G HEMIPTERA, Auchenorrhyncha: A- Fulgoridae, B- Cicadellidae, C- Cercopidae, D- Aethalionidae, E e F- Membracidae, G- Cicadidae 111 HEMIPTERA, Sternorrhyncha: . A- Aphididae, alado e áptero, B-Psyllidae, adulto e ninfa, C- Aleyrodidae, adulto e ninfa, D- Pseudococcidae, E- Diaspididae, escudo com fêmea e macho. 112 Estampa 6 Estampa 5 A B C A E D F B G H I C D J K L COLEOPTERA. A- Carabidae - Carabinae, B- Carabidae - Cicindelinae, C- Dytiscidae, D- Chrysomelidae, Bruchinae, E- Chrysomelidae Galerucinae, F- Coccinellidae, G- Elateridae, H- Cerambycidae, I- Buprestidae, J- Curculionidae, K- Lampyridae, L- Scarabaeidae 113 NEUROPTERA. AD- Mantispidae Ascalaphidae, B- Chrysopidae, C- 114 Myrmeleonthidae, Estampa 7 Estampa 8 A A B C D E D E F F G J C B H K I G H L I DIPTERA. A- Tipulidae, B- Culicidae, C- Cecidomyiidae, D-Tabanidae, E- Simuliidae, F- Asilidae, G- Muscidae, H- Tachinidae, I- Syrphidae, J- Tephritidae, K- Drosophilidae, L- Hippoboscidae 115 LEPIDOPTERA. A- Hesperiidae, B- Nymphalidae, C- Lycaenidae, D- Papilionidae, E- Pieridae, F- Saturniidae, G- Sphingidae, H- Tortricidae, I- Noctuidae 116 Estampa 9 A B C E D H F G I J K L M HYMENOPTERA. A- Siricidae, B- Tenthredinidae, C- Vespidae, D- Apidae - Xylocopinae, E- Ichneumonidae, F- Pompilidae, G- Apidae - Apinae, H- Formicidae, I- Sphecidae, J- Scoliidae, K- Aphelinidae, L- Tricogrammatidae,M- Braconidae 117 6 GLOSSÁRIO Significado de alguns termos constantes na apostila, em especial os não explicitamente definidos: Abdome – terceiro tagma dos insetos. Ácero – destituído de antenas, como os proturos. Alado - dotado de um ou dois pares de asas. Ambulatorial - tipo de perna destinada a caminhar. Anamórfico – tipo de desenvolvimento em que há aumento do número de segmentos nas formas jovens após a eclosão. Androcônia - escama odorífera especializada, presente nas asas de certos machos de lepidópteros. Anfipnêustico – tipo de aparelho respiratório com um par de espiráculos torácico e outro na extremidade abdominal. Antena – apêndice do primeiro somito cefálico, enervado pelo protocérebro, ocorrente em número de um par em todos os insetos. Apêndice – estrutura presa ao corpo por articulação. Apnêustico – tipo de aparelho respiratório destituído de espiráculos. Apófise – processo da parede do corpo, particularmente os endoesternitos. Apólise – formação do novo tegumento no processo de ecdise. Áptero - destituído de asas. Aptésico – dotado de asas mas sem capacidade de vôo. Área anal - região basal da margem posterior das asas Arista – cerda simples ou plumosa inserida lateralmente no último antenômero de alguns dípteros. Arólio – estrutura em forma de almofada simples entre as garras tarsais. Artículo – cada um dos segmentos que formam um apêndice. Artrópode – invertebrado triploblástico de corpo metamerizado, com simetria bilateral e dotado de pares de apêndices articulados. 119 Artropodina – proteina hidrossolúvel que integra o tegumento dos artrópodes. Asa - apêndice torácico, de inserção dorso-lateral, no meso e/ou metatórax. Atrofiado - rudidmentar ou pouco desenvolvido. Cabeça - tagma anterior do corpo. Calíperos - cercos uniarticulados, em forma de pinça, característicos dos dermápteros. Cardo – artículo basal das maxilas. Casulo - estrutura confeccionada para proteger formas imaturas. Cecidógeno - organismo que causa deformações (galhas) em tecidos vegetais, por atrofia, hipertrofia ou hiperplasia. Cercos – apêndices, uni ou multiarticulados, situados lateroventralmente no último urômero. Cerda – diferenciação tegumentar filiforme originada de uma célula tricógena, a semelhança de um pêlo, mais resistente que as setas. Cerda urticante - cerda conetada a glândulas de veneno que é liberado por orifício ou quando ocorre sua ruptura. Cibário – cavidade preoral entre o clípeo e hipofaringe. Clavo – parte basal interna diferenciada em hemiélitros. Clípeo – esclerito cefálico entre a fronte e o labro. Colchete - ver gancho plantar. Colóforo – órgão de fixação dos colêmbolos, constituído por uma projeção do primeiro urosternito. Comprimido – forma de estrutura submetida à compressão lateral, com diâmetro transversal menor que a altura. Cone bucal - peças bucais com três estiletes que se deslocam entre labro e o lábio formando um cone, encontrado em tisanópteros. Coriácea - asa de estrutura mais espessa que a tégmina, sem veias perceptíveis. (élitro) Coxa – artículo basal de inserção das pernas nos acetábulos. Cursorial - tipo de perna destinada a correr. Deprimido – forma de estrutura submetida à compressão dorsoventral, com diâmetro transversal maior que a altura. Dímero - tarso composto por dois artículos. Dítroco – inseto que apresenta o trocanter duplo. 120 Ecdise – ato de liberação do exoesqueleto velho substituído durante o crescimento. Ecdisotropina - hormônio protocerebral que se acumula nos corpos cardíacos. Ectognato - cabeça com peças bucais visíveis externamente. Élitro – asa de estrutura coriácea, como as anteriores de coleópteros e dermápteros. Embólio – parte basal da área costal do hemiélitro de alguns hemípteros. Empódio – estrutura setiforme, entre as garras tarsais. Endêmico – organismo cuja distribuição está restrita a áreas menores dentro das regiões zoogeográficas. Ensiforme - em forma de espada, usado para tipo de ovipositor. Entognato - cabeça com peças bucais dispostas internamente. Entomologia – parte da zoologia que se dedica ao estudo dos hexápodes. Epígeo – organismo que vive acima da superfície do solo, especialmente na parte aérea dos vegetais. Epimórfico – desenvolvimento em que não há aumento do número de segmentos nas formas jovens após a eclosão. Escama - seta midificada em forma de pequena lâmina. Escansorial – tipo de perna adaptada à locomoção entre pelos de mamíferos. Característica dos piolhos. Escapo – primeiro artículo das antenas. Esclerito – parte integrante das regiões de um somito, constituída por uma placa esclerotizada, separada das demais por suturas. Esclerotina – substância tegumentar resistente, resultante da ação de substâncias tanantes sobre a artropodina. Esclerotizado - tegumento resistente, resultante da presença de esclerotina e/ou quitina. Espinho – evaginação cuticular pontiaguda. Espiráculo – abertura externa das traquéias. Esporão – processo tegumentar, fixo ou móvel, em geral na extremidade das tíbias. Espuripédio - ver pseudópode. Estádio – tempo de desenvolvimento das formas jovens, entre ecdises sucessivas. Esterno – região inferior de um somito. Estilo – processo similar a uma cerda na extremidade da antena. Estrutura par, uniarticulada, da região lateral ou posterior do último urômero de alguns insetos. Em Thysanura apêndices dos urosternitos. Estipe – segundo artículo das maxilas. Estomodeu – região anterior do tubo digestivo. Exúvia – tegumento velho liberado no processo de ecdise. Falciforme - em forma de foice, usado para tipo de ovipositor. Faringe – parte anterior do estomodeu, entre abertura bucal e esôfago. Fêmur – terceiro artículo da perna, em geral o mais robusto, situado entre trocanter e tíbia. Filiforme - tipo de antena, longa e com artículos de diâmetros semelhantes. Flagelo – parte da antena situada após o pedicelo. Fossorial – tipo de perna adaptada à excavação do solo. Fragma – apódema dorsal dos somitos torácicos. Fronte – região anterior da cabeça, entre as suturas frontais e epistomal. Funículo – parte do flagelo anterior à clava, nas antenas com artículos terminais dilatados. Furca – apódema ventral bífido do esterno torácico. Fúrcula – apêndice saltatorial bifurcado da extremidade abdominal dos colêmbolos Gálea – lobo externo da maxila, articulado no ápice do estipe. Gancho - processo cuticular esclerotizado na superfície plantar dos pseudópodes, também chamado colchete. Garra - porção terminal do tarso, em forma de unha aguçada Gena – região lateral da cabeça, entre as suturas frontal e occipital. Glossa - expansão apical do lábio, formando um pa,r na porção mediana, entre as paraglossas. Haltere – asa posterior dos dípteros, modificada em forma de pequeno bastão capitado. Hemiélitro – tipo de asa, com parte basal coriácea ou pergaminácea e apical membranosa, característica dos hemípteros heterópteros. 121 122 Hemimetabólico – tipo de desenvolvimento dos insetos de metamorfose incompleta cuja forma jovem tem habitat aquático e aspecto bem distinto do adulto. Hemipnêustico – tipo de aparelho respiratório polipnêustico dotado de um par de espiráculos torácicos e até sete abdominais. Hemolinfa – líquido circulatório, como o sangue dos vertebrados. Hexápode – artrópode com formas adultas dotadas de três pares de pernas torácicas. Hipermetabólico - tipo de desenvolvimento dos insetos de metamorfose completa cujas larvas passam por mais de um tipo morfológico. Hipógeo – organismo que vive abaixo da superfície do solo, também chamado subterrâneo. Hipognato – inseto com as peças bucais dirigidas para parte inferior da cabeça, aproximadamente em ângulo reto ao eixo do corpo. Holometabólico - tipo de desenvolvimento dos insetos de metamorfose completa cujas larvas possuem sempre o mesmo tipo. Holopnêustico - tipo de aparelho respiratório polipnêustico dotado de dois pares de espiráculos torácicos e oito abdominais. Imago – designação para as formas adultas. Inglúvio – região mediana do estomodeu, também referida como “papo”. Inseto – hexápode epimórfico dotado de um par de antenas. Ínstar – etapa do desenvolvimento das formas jovens, caracterizada pelo aspecto exibido após eclosão e entre ecdises sucessivas. Lábio – peça do aparelho bucal relacionada ao sexto somito cefálico. Referido também como lábio inferior, quando o labro é dito lábio superior. Labro – peça ímpar do aparelho bucal, relacionada ao terceiro somito cefálico, situada entre o clípeo e as mandíbulas. Lacínia – projeção interna da maxila, articulado no ápice do estipe, geralmente esclerotizada e com dentículos. Lambedor - tipo de aparelho bucal com maxilas e lábio alongados e unidos, apresentando glossas a semelhança de língua para sorver néctar, presente em abelhas. Larva – forma jovem dos insetos de metamorfose completa, entre as fases de ovo e pupa. Larviforme - com aparência de larva. Lenítico – organismo aquático que habita correntezas. Lêntico – organismo que habita águas paradas. Lígula – lobo anterior do premento, representado pela fusão de glossa e paraglossa. Litorâneo- organismo que habita a orla marítima. Lótico – organismo que vive nas águas em movimento. Lúnula - pequeno eclerito em forma de crescente, nos dípteros, logo acima da inserção das antenas. Mandíbula – peça par do aparelho bucal, relacionada ao quarto somito cefálico, simples e geralmente bem esclerotizada, situada logo após o labro. Maxila – peça par do aparelho bucal, relacionada ao quinto somito cefálico, geralmente com dois artículos e apêndices, situada logo após a mandíbula. Membranosa - asa de estrutura delicada (nua, escamosa ou pilosa), exibindo nítidas veias. Menognato – presença de peças bucais mastigadoras tanto nas formas jovens como adultas. Menorrinco – presença de peças bucas picadoras-sugadoras tanto nas formas jovens como adultas. Metagnato – presença depeças bucais mastigadoras nas formas jovens e tipo distinto nas adultas. Mento - parte mediana do lábio, inserida no submento. Mesêntero – região mediana do tubo digestivo, revestida com epitélio glandular. Mesotórax – segundo somito torácico. Metapnêustico - tipo de aparelho respiratório apenas com espiráculos posteriores. Metatórax – terceiro somito torácico. Moniliforme - em forma de contas de colar, usado para tipo de antena. 123 124 Multiarticulado - dotado de muitos artículos. Náiade - forma jovem dos insetos hemimetabólicos. Natatorial - tipo de perna destinada a nadar. Nervura – nome às vezes usado para veia. Ninfa – forma jovem dos insetos paurometabólicos. Noto – região dorsal de um somito, também chamada tergo. Oblongo - célula mediana da asa posterior dos coleópteros adéfagos. Ocelo – estrutura fotorreceptora conetada ao nervo ocelar na região anterior do protocérebro. Olho composto – estrutura fotorreceptora, formada por número variável de omatídeos, conetados aos lobos laterais do protocérebro. Oligopnêustico - tipo de aparelho respiratório caracterizado pela redução do número de espiráculos. Omatídeo – unidade integrante de um olho composto, conetado aos lobos oculares do protocérebro. Opistognato – inseto com as peças bucais dirigidas para a região póstero-inferior da cabeça. Opistogoneado - organismo cujas gônadas são exteriorizadas nos últimos urossomitos. Osmetério - glândula odorífera,tubular bífida, eversível, situada no pronoto de lagartas de Papilionidae. Ostíolo – orifício lateral das câmaras do vaso dorsal. Ovipositor - órgão da genitália feminina formado por gonapófises ou modificações dos últimos urômeros. Palpo – apêndice uni ou multiarticulado das maxilas e do lábio. Paraglossa - expansão apical do lábio, externamente em relação à glossa. Paurometabólico - tipo de desenvolvimento dos insetos de metamorfose incompleta cujas formas jovens tem habitat terrestre e aspecto semelhante ao adulto. Peciolado - abdôme com o(s) primeiro(s) urômero(s) bem delgado(s), em contraste com os demais. Pectinada - tipo de antena com artículos prolongados lateraalmente, como dentes de um pente. Pedicelo – segundo artículo das antenas. Pelágico – organismo que vive superficialmente em alto mar. Pêlo – nome às vezes utilizado para seta e/ou cerda delgada e flexível, por semelhanca com estrutura de mamiferos. Pêlo urticante – ver cerda urticante. Pentâmero - tarso dotado de cinco artículos. Pergaminácea - asa de estrutura mais espessa que a membranosa, com veias percentíveis. Peripnêustico - tipo de aparelho respiratório polipnêustico dotado de um par de espiráculos torácicos e oito abdominais. Picador-sugador - tipo de aparelho bucal com l[acio em forma de tubo, contendo estiletes para introduzir nos tecidos e sorver líquidos. Pigópode - apêndice do décimo urômero. Pleuras – regiões laterais de um somito, ligando tergo e esterno. Polipnêustico - tipo de aparelho respiratório dotado de um ou dois espiráculos torácicos e vários abdominais. Pós-tarso – porção terminal do último tarsômero, onde se articulam as garras Premento - parte terminal do lábio, inserida no mento e dotada de apêndices. Proctodeu – região posterior do aparelho digestivo, logo após o mesêntero, delimitado pelos tubos de Malpighi. Progoneado – organismo cujas gônadas são exteriorizadas na região anterior do corpo. Prognato – inseto com as peças bucais dirigidas para a frente. Propnêustico - tipo de aparelho respiratório apenas com espiráculos anteriores. Protomórfico - desenvolvimento primitivo dos colêmbolos, onde existe no máximo seis urômeros. Protórax – primeiro dos três somitos torácicos. Proventrículo – porção posterior do estomodeu, também referida como “ moela”. Pseudópode - apêndice abdominal das larvas de lepidópteros e alguns himenópteros, também chamado espuripédio e falsaperna. Pterália – conjunto de escleritos articulares da base das asas. Pulvilo – par de expansões, em forma de almofadas, entre as garras tarsais. Pupa – fase do desenvolvimento dos insetos holometabólicos, entre a larva e o imago. 125 126 Quetotaxia - estudo da disposição e nomenclatura das setas e cerdas em diversas partes do corpo. Quitina – acetato de um polissacarídeo, de grande resistência, que integra o tegumento dos artrópodes. Raptorial – tipo de perna destinada a captura de organismos. Rostro - prolongamento da cabeça, com um tubo contendo as peças bucais. Saciforme - em forma de saco. Saltatorial - tipo de perna destinada a saltar, com fêmur robusto e longa tíbia dotada de espinhos. Segmento – ver somito. Sensila - orgão responsavel pela percepção sensorial. Séssil - abdome amplamente inserido ao tórax, sem constrição. Seta - cerda muito delgada. Setiforme - tipo de antena, curta e com artículos afilando-se como uma seta. Sifúnculo – apêndice abdominal tubular, em número de um par, situados na região posterior dorsal na maioria dos representantes de Aphidoidea. Sócios – apêndices uniarticulados dorso-lateriais do décimo urômero, semelhantes aos cercos, ocorrente em himenópteros, lepidópteros e tricópteros Somito – parte metamerizada do corpo dos artrópodes, também chamado metâmero, segmento ou zoonito. Submento – parte basal do lábio, emergente do sexto somito cefálico. Sugador - tipo de aparelho bucal para sorver líquidos superficialmente. Sutura – linha ou sulco de separação entre escleritos. Tagmose – agrupamento dos somitos em regiões bem delimitadas. Tarso – parte das pernas, depois das tíbias, composta por um até cinco tarsômeros. Tarsômero – divisão integrante dos tarsos, em número máximo de cinco nos insetos. Tégmina – asa anterior de estrutura pergaminácea. Tégula – pequeno esclerito semelhante a uma escama cobrindo a base da asa anterior. Tegumento - revestimento externo do corpo. Telescópico - tipo de ovipositor com urômeros finais encaixandose como seções retráteis. Tenídio- estrutura helicoidal esclerotizada da cutícula que forma a parede das traquéias. Tentório – apódema cefálico fundido. Terebra - ovipositor formado por duas pequenas valvas curvas, presente em muitos tisanópteros. Tergo – região superior de um somito. Tetrâmero - tarso dotado de quatro artículos. Tíbia – artículo da perna situado entre o fêmur e tarso. Tórax - tagma central, entre cabeça e abdome, formado por três somitos. Traquéia – parte interna tubular do aparelho respiratório, ligando os espiráculos às traquéolas. Traquéola – ramificação fina da traquéia. Traqueobrânquia – expansão laminar do tegumento, com intensa rede de traquéias, ocorrente em formas aquáticas. Trímero - tarso dotado de três artículos. Trocanter – artículo da perna situado entre coxa e fêmur, geralmente simples, podendo ser subdividido (duplo) em alguns insetos. Trocantino – esclerito basal junto à coxa, às vezes presente na perna de insetos, particularmente coleópteros. Túbulos de Malpighi – divertículos do tubo digestivo, desembocando na junção de mesêntero e proctodeu, de função precipuamente excretora. Uniarticulado - estrutura formada apenas por um artículo. Urogonfo – apêndice do nono urômero de certas larvas. Urômero – somito abdominal. Urossomito – somito ou segmento do abdome. Veia - estrutura esclerotizada que sustenta a membrana alar dos insetos. Vértice – porção superior da cabeça, geralmente entre os olhos e a sutura occipital. Vesícula - pequena projeção em forma de ampola ou bexiga. Xilófago - que se alimenta de partes lenhosas de plantas. Zoófago - que se alimenta de animais Zoonito – ver somito 127 128 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNETT, R.H.; JAQUES, R.L. Jr. Simon & Schuster’s Guide to Insects. New York: Simon & Schuster, 1981. 511 p. CORSEUIL, E. Filo Arthropoda. 1. Generalidades. Porto Alegre: Emma, 1975. 109p. 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Bruchinae, 58, 59, 97, 99, 113 Buprestidae, 59, 98, 113 Caenidae, 83 Calliphoridae, 6, 103 Calosoma, 98 Campodeidae, 81 Camponotus, 108 Carabidae, 58, 59, 98, 113 Carabinae, 113 Cecidomyiidae, 15, 16, 51,102,115 Cerambycidae, 12, 15, 59, 98, 113 Cercopidae, 95, 111 Chironomidae, 13, 51, 102 Chrysomelidae, 3,58,59,97,98,113 Chrysomphalus, 13, 16 Chrysopidae, 100, 114 Cicadellidae, 95, 111 Cicindelinae, 113 Cicadidae, 12, 57, 95, 111 Coccidae, 42, 95 133 Coccidophilus, 99 Coccinellidae, 3, 59, 99, 113 Cochliomyia, 6 Coenagrionidae, 84 Colobogaster cyanitarsis, 98 Coniopterygidae, 100 Conoderus, 99 Conoderus scalaris, 14 Copidosoma truncatellum, 52 Coptopteryx, 87 Coreidae, 94, 110 Corydalidae, `00 Cotesia, 4 Ctenocephalides, 102 Culex, 13 Culex quinquefasciatus, 5 Culicidae, 5, 6, 13, 103, 115 Curculionidae, 16, 59, 99, 113 Cuterebridae, 6 Cycloneda, 99 Cycloneda sanguinea, 3 C ydia deshayziana, 15 Dactylopiidae, 6 Dactylopius coccus, 6 Dasytidae, 15 Dermatobia hominis, 6 Dermestes maculatus, 5 Dermestidae, 5 Diabrotica speciosa, 3, 98 Diaspididae, 13, 16, 95, 112 Diatraea saccharalis, 106 Dicopomorpha, 20 Diloboderus, 13, 99 Diloboderus abderus , 12, 15 Dinoponera, 47 Dirphia, 106 Drosophilidae, 103, 115 Dytiscidae, 98, 113 Echidnophaga gallinacea, 102 Elateridae, 14, 59, 99, 113 Embiidae, 91 Encyrtidae, 52 Entomobryidae, 79 Ephemeridae, 13, 14, 83 Epicauta, 3, 15, 99 Erinnyis ello, 3 Eriopis, 99 Eriopis connexa, 3 Ficus carica, 3 Forficulidae, 88 Formicidae, 14, 59, 108, 117 Fulgoridae, 95, 111 Galerucinae, 98, 113 Galleria mellonella, 16 Gasterophilidae, 6 Gasterophilus nasalis, 6 Gelechiidae, 12 Gerridae, 13 Glossina, 51 Gomphidae, 84 Gryllidae, 90, 109 Grylloblattidae, 87 Gryllotalpidae, 90, 109 Gynaikothrips ficorum, 96 Haematomyzus, 93 Haematopinidae, 7, 93 Haematopinus, 7 Halobates, 13 Hedypathes betulinus, 4 Heliothrips, 96 Hemerobiidae, 100 Hemimeridae, 12 Hemimerus, 12 Hesperiidae, 106, 116 Hexagenia, 13 Hexagenia albivitatta, 14, 83 Hippoboscidae, 6, 115 Hydrophylidae, 59 Hydropsychidae, 104 Hylesia, 6, 106 Iatrophobia brasiliensis, 15 Icerya purchasi, 49, 95 Ichneumonidae, 108, 117 Japygidae, 81 Kalotermes, 5 134 Muscidae, 12, 103, 115 Mutilidae, 108 Myrmeleontidae, 100, 114 Nabidae, 94 Nepidae, 10 Nezara viridula, 15 Nicrophorus, 5 Noctuidae, 3, 52, 106, 116 Notonectidae, 110 Nymphalidae, 106, 116 Oiketicus kirbyi, 51 Oncideres impluviata, 4, 15, 98 Oryzophagus oryzae, 99 Otocrania, 20 Paederus, 99 Panorpa, 13 Panorpidae, 13 Panstrongylus megistus, 6 Papilio, 15 Papilionidae, 15, 44, 106, 116 Parandra glabra, 4 Paraperreyia dorsuaria, 107 Parastagmatoptera, 87 Pediculidae, 6, 93 Pediculus humanus, 6 Pentatomidae, 15, 94, 110 Pentilia, 99 Pepsis, 108 Pergidae, 59, 107 Periplaneta, 85 Periplaneta americana, 5 Perlidae, 84 Pharnacia, 20 Pharnacia serratipes, 13 Phasmatidae, 13 Phengodidae, 71 Philopteridae, 93 Phloeothripidae, 96 Pholiota gongylophora, 14 Phoracantha semipunctata, 4 Phylliidae, 89 Phyllophaga, 99 Phylloxeridae, 95 Kalotermitidae, 5, 85 Kerriidae, 6 Laccifer lacca, 5 Lampyridae, 51, 99, 113 Lasioderma serricorne, 98 Laspeyresia saltitans, 15 Lebia concinna, 98 Lepisma saccharina, 5, 81 Lepismatidae, 5, 81 Lestidae, 84 Libellulidae, 84 Ligyrus, 99 Liposcelidae, 5, 92 Liposcelis, 5 Litomastix, 52 Lonomia, 106 Lonomia obliqua, 6 Lucanidae, 59 Lycaenidae, 59, 106 Lygaeidae, 94 Lytta vesicatoria, 4 Machilidae, 81 Macraspis, 15 Magicicada septemdecem, 12 Manduca, 106 Mantispidae, 100, 114 Margarodidae, 49, 95 Mecistogaster, 20 Mecistogaster lucretia, 84 Megachilidae, 108 Megalopyge, 6 Megalopygidae, 6 Meganeura, 20 Megaphragma, 20 Meloidae, 3, 4, 15, 56, 58, 97, 99 Melophagus ovinus, 6 Membracidae, 95, 111 Menopon gallinae, 7 Menoponidae, 7, 93 Micromalthidae, 51 Miridae, 94, 110 Morpho, 20, 106 Musca domestica, 12 135 Stethorus, 99 Pieridae, 106, 116 Plasmodium vivax, 6 Stratiomyidae, 42 Plusiinae, 52 Strymon megarus, 106 Pompilidae, 108, 117 Stylopidae, 97 Proscopiidae, 12, 90, 109 Syrphidae, 103, 115 Pseudaletia, 106 Tabanidae, 35, 103, 115 Pseudaletia sequax, 3 Tachinidae, 4, 103, 115 Pseudococcidae, 112 Taeniothrips, 96 Pseudostigmatidae, 84 Tenebrio, 99 Psychidae, 51, 71 Tenebrionidae, 4, 59, 99 Psyllidae, 95, 112 Tenthredinidae, 59, 107, 117 Pthiridae, 93 Tephritidae, 15, 103, 115 Ptiliidae, 20 Termitidae, 86 Pulex, 102 Tettigoniidae, 90, 109 Pulex irritans, 5 Thermobia domestica, 82 Pulicidae, 5, 102 Thespidae, 87 Pyralidae, 16, 106 Thripidae, 96 Reduviidae, 6, 94, 110 Thrips, 96 Rhinotermitidae, 86 Thysania, 20 Rhyniella, 8 Tineidae, 5, 106 Rickettsia, 6 Tineola uterella, 5 Rodolia, 99 Tingidae, 110 Saturniidae, 6, 106, 116 Tipulidae, 103, 115 Scarabaeidae, 12,13,15,59,98,99,113 Titanus, 20 Scelionidae, 4 Tortricidae, 16, 116 Schizaphis graminum, 15 Triatoma infestans, 6 Scoliidae, 117 Tribolium, 99 Scolopendrella, 8 Trichodectes, 7 Scutelleridae, 110 Trichodectidae, 7, 93 Silpha, 5 Trichogrammatidae, 117 Silphidae, 5, 59 Trissolcus, 4 Simuliidae, 13, 103, 115 Trypanosoma cruzi, 6 Simulium, 13 Tunga penetrans, 101 Sirex noctilio, 107 Tungidae, 101 Siricidae, 107, 117 Ulomoides, 99 Sitophilus, 99 Ulomoides dermestoides, 4 Sitophilus oryzae, 16 Urbanus proteus, 106 Sitotroga cerealella, 12 Vatidae, 87 Sminthuridae, 79 Vespidae, 108, 117 Sphecidae, 108, 117 Xenopsylla, 102 Sphingidae, 3, 35, 106, 116 Xylocopinae, 117 Spodoptera, 106 Zorotypus, 91 Staphylinidae, 59, 99 136