III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação
Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010
p. 001 - 003
UTILIZAÇÃO DO BASÍMETRO: UMA HOMENAGEM AOS
GEODESISTAS ANTES DA ERA DO GPS
MARCELO ANTONIO NERO
DANIEL CARNEIRO DA SILVA
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Centro de Tecnologia e Geociências - CTG
Departamento de Engenharia Cartográfica, Recife, PE
{[email protected], danielcs @ufpe.br
ABSTRACT - The purpose from this job is to present a preliminary study of the use of the set of
instruments that were used in century XIX for the measurement of geodesic bases in the triangulation,
basimeter. Here, you see a general vision of as sits down they were the procedures and of as he was much
more arduous, onerous and more expensive the development of the activities of field of the geodesists
now a days. One notices clearly that the available resources did not provide to the precision and accuracy
of today. However, the technician and professionals of the time, with the scarce resources, had gotten
resulted valuable for the evolution of the techniques adopted currently. Thus, the stories of this work
represent the recognition of the professionals who had developed its activities in the area of geodesy
under the most diverse difficulties.
1 INTRODUÇÃO
O trabalho tem por objetivo principal apresentar
como era realizado o trabalho de medição de bases
geodésicas no século XIX e bem antes do advento do
GPS/GNSS. Alguns trabalhos interessantes estão em
CINTRA (2003) e CINTRA e SILVA (2003).
Aqui nesse trabalho foi realizada uma pesquisa
preliminar sobre o basímetro e, que relata as dificuldades
e todos os recursos necessários na época para a medição
de bases geodésicas para a triangulação. Algumas
variáveis são importantes e também aqui destacadas, as
quais são o tempo de levantamento, os recursos humanos
envolvidos e os resultados alcançados.
2 PESQUISA PRELIMINAR
Foi realizada até o momento uma pesquisa
preliminar do conjunto de instrumentação do basímetro,
sendo realizada a leitura de algumas fontes bibliográficas,
que constituem verdadeiras relíquias como é o caso de
BENOIT e GUILLAUME (1908), CASTILLO (1945) e
TARDI e LACLAVERE (1951). Tais autores descrevem
sobre os acessórios e instrumentos utilizados, as
metodologias e os cálculos utilizados para a determinação
de bases geodésicas.
Existe um basímetro no museu de instrumentos
topográficos
do
Departamento
de
Engenharia
Cartográfica da UFPE, contendo os tripés para a
instalação de acessórios, tais como lunetas, bases das
extremidades com os esticadores do fio de invar (em
rolo), além dos pesos.
M. A.. Nero, D. C.. Silva
Os autores relatam que existem 2 procedimentos
básicos de medição, segundo o recurso utilizado para a
determinação do comprimento da base geodésica para a
triangulação, a saber:
- medição com fita de aço;
- medição com fio de invar.
No caso da utilização da fita de aço se deve
considerar a temperatura sob a qual a mesma foi aferida
de modo a empregar-se o coeficiente de dilatação
adequado. Existem fitas de diversos tamanhos, desde 20 a
100 m de comprimento. O caminhamento da base a ser
definida deve ser livre de obstáculos e deve-se manter
uma mesma direção desde uma extremidade até a outra da
base geodésica a ser medida. Para isso, são implantados
marcos de concreto, devidamente materializados e
sinalizados. Assim, instala-se um tripé no vértice de
partida e se realiza o caminhamento das medições de
distância com a fita o mais perfeitamente esticada nas
suas extremidades, o que é ralizado com o emprego de
dispositivos de roldana e pesos. Assim, se realizam várias
trenadas de medidas até se completar a medida da base
desejada (conforme observado na figura 1).
Figura 1 – Trenadas com fita de aço.
III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação
Ao final de todas as medições com a fita de aço se
deve aplicar cálculos para a correção do efeito da
temperatura, da catenária e da inclinação da fita.
Alguns relatos de medidas de bases geodésicas
com fita de aço remetem às realizadas pela Comissão
Geográfica e Geológica de Minas: Base de Marçal (1890,
com fita de aço de 100 m e diferença obtidas entre a
primeira e segunda medidas de 0,00884 m, em
4304,19678m) e Base do Limoeiro (1892, com fita de aço
de 100 m e diferença obtidas entre a primeira e segunda
medidas de 0,054 m, em 2632,774m).
No que se refere ao método de medição com fio de
invar, este foi aplicado e descoberto por BENOI e
GUILLAUME em 1897, com liga de ferro e níquel (86
%) e que gerou um coeficiente de dilatação quase nulo.
Essa característica é que justifica o termo “INVAR”, de
invariante. Para se ter uma idéia dessa variação tão
pequena, considerando a maior variação, esta atinge 3,4
cm apenas.
Vale destacar também a utilização de alguns
acessórios, tais como o do tripé de referência e da luneta
de nivelamento,
Um ponto relevante a ser considerado é a
quantidade de mão de obra necessária para medir uma
única base, que envolvia o total de 9 pessoas, incluindo o
coordenador ou engenheiro.
Em termos de velocidade média das medições
estima-se por volta de 500 m/hora. No entanto, BENOIT
e GUILLAUME (1908), apontam para cerca de 800
m/hora.
Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010
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Escuela Esepcial de Ingenieros industriales, Madrid,
1945.
CINTRA, J. P. . A primeira base geodésica do Brasil. In:
XXI
CONGRESSO
BRASILEIRO
DE
CARTOGRAFIA, 2003, Belo Horizonte. Anais. Rio de
Janeiro : Sociedade Brasileira de Cartografia, 2003. v. 1.
p. 1-7.
CINTRA, J. P. ; SILVA, M. J. . Teodoro Sampaio,
Cartógrafo. In: XXI CONGRESSO BRASILEIRO DE
CARTOGRAFIA, 2003, Belo Horizonte. Anais. Rio de
Janeiro : Sociedade Brasileira de Cartografia, 2003. v. 1.
p. 1-5.
TARDI, P.; LACLAVÈRE, G. Traítede geodésie: tome
I-Traingulations. 2 Ed.: Gautir Villar, Paris, 1951. 387p.
ANEXO I – FOTOS DO CONJUNTO DE
ACESSÓRIOS DO BASÍMETRO DA UFPE
3 CONCLUSÃO
Realizando uma comparação com as metodologias
atuais, se pode dizer que existe uma discrepância muito
grande e que praticamente seria impossível, por exemplo,
se desenvolver uma base de triangulação próxima de 200
Km. Devido principalmente aos obstáculos naturais e a
variação de relevo existente.
Considerando que os recursos na época eram
muito escassos, se pode concluir que os resultados
obtidos, em termos de precisão, eram razoavelmente
satisfatórios.
Futuramente e no decorrer desse projeto, pretendese realizar um estudo mais profundo e que venha a
contribuir com novas pesquisas para o museu do
Departamento de Engenharia Cartográfica da UFPE.
Algumas fotografias do basímetro com o seus acessórios
podem ser observadas nas figuras do Anexo I.
Figura 1 – Caixa com rolo de fio de invar.
REFERÊNCIAS
BEINOT, J. R.; GUILLAME, C. E. La mesure rapide
dês bases gódesiqués. 4 Ed.: Gautir Villar, Paris, 1908.
228p.
CASTILLO, L. R. Métodos Planimétricos (Topografia
de Precisión). Ed.: Patronato de publicaciones de la
M. A.. Nero, D. C.. Silva
Figura 2 – Luneta do basímetro.
III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação
Figura 3 – Detalhe do tripé para instalação dos acessórios.
Figura 4 – Roldanas e pesos.
Figura 5 – Detalhe da régua com escala utilizada no
basímetro.
M. A.. Nero, D. C.. Silva
Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010
p. 00X – 00X
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