Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos ESTUDO DO COMPORTAMENTO ELETROQUÍMICO DO REVESTIMENTO ZN -55AL Paulo S. G. da Silva 1, Alberto N. C. Costa2, Pedro de Lima Neto1*. 1 – Grupo de Eletroquímica, DQAFQ, UFC, C. P. 6035, 60455 -900 Fortaleza, Ce, Brasil 2 – Gerência de Pesquisa e Desenvolvimento, CSN, Volta Redonda, RJ, Brasil. 6°°COTEQ Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 22° CONBRASCORR – Congresso Brasileiro de Corrosâo Salvador - Bahia 19 a 21 de Agosto de 2002 “As informações e opiniões responsabilidade dos autores” contidas neste trabalho são de exclusiva Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos SINÓPSE Neste trabalho foi feito o estudo de corrosão do revestimento Zn-55Al (Galvalume) em meio aquoso de cloreto e sulfato 10-2 M por ensaio de imersão total contínua, monitorados por Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE) a potencial de circuito aberto em temperatura ambiente. Também foram obtidas curvas de polarização potenciodinâmica. A caracterização das amostras como recebidas, foi feita por Difração de Raios-X (DRX) para determinar as poss íveis fases do revestimento. O difratogramas de raios-X apresentou picos característicos das fases Zn e Al puros. As curvas de polarização mostraram que em ambos os meios o revestimento Zn-55Al, apresenta um potencial de corrosão menor (≅ 0,20 V) em relação ao revestimento Zn. Adiconalmente, o ramo anódico das curvas de polarização mostrou a presença de uma região de passivação. Os diagramas de EIE mostraram que a impedância total aumenta com o tempo de imersão. Este comportamento é atribuído à presença de produtos de corrosão na superfície que atuam como barreira. Palavras chaves: liga Zn-55Al, Impedância, Corrosão, Curvas de Polarização. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 1 – INTRODUÇÃO O Galvalume é o aço revestido com liga de zinco/alumínio que contém 55% em peso de alumínio (Zn-55Al). O revestimento Zn-55Al é produzido por imersão à quente em banho de Zn e Al fundidos a temperatura de 600 o C. A este banho é adicionado 1,6 % de silício (Si) para controlar o rápido ataque da liga Zn-Al ao Fe da cuba de fusão. Este revestimento apresenta uma superfície com aspecto de um mosaico brilhante, que consiste de grãos de Al, semelhante à superfície do Zn puro, mas com grãos aproximadamente dez vezes menores. Estes grãos são formados por dendritos ramificados de Al com a presença de Zn nas regiõ es interdendríticas (1). O revestimento de liga Zn-55Al (Galvalume), é utilizado principalmente como revestimento para aço baixo carbono. Esta liga combina os efeitos individuais de resistência à corrosão atmosférica e durabilidade do alumínio com a proteção galvânica do zinco em um único revestimento, sendo que no estágio inicial da corrosão, ocorre um ataque preferencial nas regiões ricas em zinco, promovendo proteção sacrificial, seguida da formação de um filme passivante de óxido e/ou hidróxido de alumínio (2). Entretanto, poucos são os estudos encontrados na literatura da corrosão deste revestimento em meio aquoso. Assim, o objetivo deste trabalho é realizar o estudo eletroquímico deste revestimento em meio aquoso de cloreto e sulfato 10-2 M por meio de ensaio de imersão total contínua, monitorados por Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE) a potencial de circuito aberto em temperatura ambiente. Curvas de polarização potenciodinâmicas foram feitas para estudar o comportamento anódico e catódic o deste revestimento. Adicionalmente foi feito análise qualitativa de Difração de Raios-X para identificação das fases. 2 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 2.1 – Amostras As amostras utilizadas neste estudo foram cedidas pela Companhia Siderúrgica Naciona l (CSN), consistindo de chapas de aço baixo carbono revestidas por imersão a quente com liga Zn-55Al. 2.2 – Caracterização dos revestimentos A identificação das fases cristalográficas do revestimento foi feita por Difração de Raios-X usando um difratômetro PHILIPS modelo:X’PERT – PRO (PW3040/60), usando o módulo para filmes finos com radiação incidente a um ângulo fixo (2o ) e variação da leitura do ângulo de difração. 2.3 - Ensaios de corrosão 2.3.1 – Curvas de Polarização Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos As curvas de polarização foram obtidas na temperatura ambiente e a 1 mV s-1 , utilizando um sistema potenciostato/galvanostato AUTOLAB – PGSTA20 controlado pelo programa GPES-4, que permite aquisição e tratamento dos dados. 2.3.2 – Ensaios de imersão total monitorados por Espectroscopia de Impedância Eletroquímica(EIE) As medidas de impedância eletroquímica foram obtidas por ensaios de imersão total contínua, a potencial de circuito aberto, a 25 oC e utilizando um sistema potenciostato/galvanostato AUTOLAB – PGSTA20, no modo potenciostático, e controlado pelo programa FRA (Frequency Response Anlyzer System) que permite aquisição e tratamento dos dados, com intervalo de frequência de 10KHz – 4mHzn distribuído logaritimamente em 50 pontos com amplitude 5mV. 2.4 – Eletrólitos Em todos os experimentos eletroquímicos foram utilizados soluções aquosas de NaCl (VETEC) e Na2 SO4 (REAGER) 10 -2M 2.5 – Célula Eletroquímica A célula eletroquímica consisitiu de um tubo de PVC ( ∅ = 84 mm para os ensaios de EIE e 38 mm para Polarização) colados sobre uma das fases da amostra para formar o reservatório. Os eletrodos auxiliar e de referência foram fixados numa tampa sobre o reservatório de modo adequado a entrarem em contato com o eletrólito. 2.6 – Eletrodos Como eletrodos de referência foram utilizados Hg/Hg2 Cl2 em KCl saturado (ECS) e Hg/HgSO4 em K2 SO4 saturado para os eletrólitos NaCl e Na2 SO4 , respectivamente. Eletrodo de platina foi usado como auxiliar em todas as medidas. 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 - Caracterização A Fig. 1 apresenta o difratograma típico de raios-X obtido para a amostra galvalume. Esta figura apresentou picos bem definidos caracterizando estrutura cristalina. Os dados dos principais picos foram comparados aos do JCPDS (Join Committe of Powder Diffraction Standards). Como observado, foram identificados picos característicos relativos a Zn e Al puros. Por outro lado, não foi identificado picos relativos à formação de fases intermetálicas Zn-Al. 3.2 – Ensaios de Corrosão 3.2.1 – Curvas de Polarização A Fig. 2 (a) apresenta as curvas de polarização dos revestimentos Zn-55Al, em meio de cloreto e sulfato, normalizadas pelo Eletrodo Padrão de Hidrogênio (EPH). Para comparação a Fig. 2 (b) apresenta as curvas de polarização do revestimento Zn puro, Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos obtidas nas mesmas condições. O revestimento Zn-55Al apresenta um potencial de corrosão 0,20V menor em relação ao revestimento de Zn puro. Adicionalmente, o revestimento Zn-55Al apresenta no ramo anódico comportamento característico de formação de filme de passivação em ambos os meios, sendo que, em meio de cloreto o intervalo de potencial de passivação é menor. Por outro lado, a presença de filme de passivação confere uma maior resistência à corrosão, mesmo que este revestimento apresente um potencial mais susceptível à corrosão. 3.2.2 – Evolução do potencial de circuito aberto com o tempo de imersão A Fig 3 apresenta a evolução do potencial de circuito aberto com o tempo de imersão em meio de cloreto e sulfato 10 -2 M. Esta figura mostra um crescimento inicial de potencial. De acordo com MARDER e colaboradores (1), este comportamento está associado à proteção sacrificial do Zn interdendrítico. Após este estágio do processo, o potencial mantém-se estável a valores mais positivos, que correspondem à dissolução da fase Al do revestimento. 3.2.3 – Espectroscopia de impedância Eletroquímica (EIE) Os diagramas de impedância apresentaram comportamento semelhante em ambos os meios, onde foi observado o aumento da impedância total com o tempo de imersão. No primeiro dia de imersão, foi observado dois arcos capacitivos. Este comportamento é característico da dissolução de revestimentos de Zn puro. Após o primeiro dia de imersão observou-se somente um arco capacitivo. A Fig 4 mostra a evolução dos diagramas de impedância com o tempo de imersão em meio de cloreto 10-2 M, representando o comportamento da impedância total para as amostras galvalume. O aumento da impedância total está associado à presença dos produtos de corrosão na superfície e à passivação característica do Al, que agem como barreira. Por outro lado, estudos prévios em nosso laboratório mostrarma que a impedância total do revestimentos de Zn diminui com o tempo de imersão em ambos os meios (5). Comportamento similar de impedância total com o tempo de imersão, foi observado por FABRI MIRANDA e colaboradores (4) e PAULO SILVA (5), para revestimento Zn-Fe, que atribuíram ao aumento da impedância total, à presença de produtos de corrosão na superfície, que agem como barreira, inibindo a dissolução do revestimento. 4 - CONCLUSÕES O revestimento Zn-55Al, mesmo apresentando potencial de corrosão menor que o revestimento Zn puro, é mais resistente à corrosão devido formar camada passivante. O crescimento do potencial de circuito aberto no primeiro dia e posteriormente mantendo-se a potencial constante mais positivo, sugere a existência de fases mais susceptível à dissolução com posterior passivação. A formação desta camada justifica o aumento da p com o tempo de imersão. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) Marder, A. R., “The Metallurgy of Zinc-Coated Steel”, Progress in Material Science, Bethlehem (USA), 45 191-271 2000. (2) Llewellyn, D. T. e Hud, R. C. Steel Metallurgy and Aplications 3rd edition, Butterworth Heineman, 1961, pág. 88. (3) Palma, E., Puente, J. M. e Morcillo, M. “The Atmospheric Corrosion Mechanism of 55%Al- Zn Coating on Steel”, Corrosion Science, Madrid, 40, 61-68, 1998. (4) Fabri Miranda, F. J., Silva Filho, J. F., Margarit, I. C. P. e Mattos, O. R. “Corrosion Behaviour of Galvannealed Steel”, 7t h Internetional Symposium on Electrochemical Methods in Corrosion Research, Budapest, Hungary, May/June – 2000, Paper No. 095. (5) Paulo Silva, S. G. “Estudo de Corrosão de Aços Zincados a Quente de Interesse Industrial”, Dissertação de Mestrado (UFC), Fortaleza, Brasil, 2001. (6) Silva, N. S., Freire, C. M. A., Ballecter, M., “Efeito do Tratamento Térmico na Microestrutura e resistência à Corrosão de revestimento de Liga 55Al-Zn”, Campinas (Brasil), Apresentado no 21 º CONBRASCOR (T096). (7) Jones D. A., Principles and Prevention of Corrosion 1st edition, Macmillian Publishing Company, 1992 pág. 75. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos Zn Al Al Zn Zn 30 35 40 45 50 55 60 Anglo de Difração /2 θ Fig 1 – Difratograma de XRD do revestimento Zn-55Al, como recebido -1 2 2 log [ i / A cm ] -2 -3 -4 1 (a) -5 -0,94 V -6 -7 -1.2 -1.0 -0.8 -0.6 -0.4 E / (V vs. EPH) -1 0,2V 1 -3 2 log [ i / A cm ] -2 -4 (b) 2 -5 -0,72 V -6 -7 -1.2 -1.0 -0.8 -0.6 -0.4 E / (V vs. EPH) Fig 2 – Curvas de polarização em meio de sulfato (1) e cloreto (2) padronizadas pelo EPH (a) revestimento Zn-55Al e (b) revestimento Zn. Sair 6ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos -0.65 E / ( V vs. EPH ) 2 -0.70 1 -0.75 -0.80 0 20 40 60 500 1000 1500 2000 t/h Fig 3 – Evolução do potencial de circuito aberto com o tempo de imersão em meio de sulfato (1) e cloreto (2) 15 1d 7d 10d Imag / KΩ cm2 12 9 6 3 0 0 6 12 Real / K Ω cm Fig 4 Evolução da Impedância Total em cloreto 18 2 24 30