6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO th 6 BRAZILIAN CONFERENCE ON MANUFACTURING ENGINEERING 11 a 15 de abril de 2011 – Caxias do Sul – RS - Brasil th th April 11 to 15 , 2011 – Caxias do Sul – RS – Brazil AVALIAÇÃO TÉRMICA, MECÂNICA E ESTRUTURAL DE UMA LIGA DE AL-EC COM TEORES DE ZIRCÔNIO PARA FINS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Kazuo de Almeida Kamizono, [email protected] Patrick dos Santos Nogueira, [email protected] Luanna Nayara dos Santos Costa, [email protected] Fernanda Ohashi Jardim, [email protected] Thalita Maria Pontes Moutinho, [email protected] José Maria do Vale Quaresma, [email protected] 1 Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Pará - Rua Augusto Corrêa, 01 - Guamá. CEP 66075-110. Caixa postal 479, Belém – Pará – Brasil. Resumo: A análise da transferência de calor na solidificação apresenta essencialmente dois objetivos: a determinação de distribuição de temperaturas no sistema metal/molde e a determinação da cinética da solidificação, para a determinação dos parâmetros térmicos e operacionais, por serem decisivos para a formação da estrutura final dos produtos, causando reflexo no comportamento mecânico dos mesmos. Este trabalho é proposto em vistas destas considerações para: i] avaliar o efeito de dois teores de Zr sobre a afinidade metal/molde do Al-EC por ser uma liga de alumínio com boa condutividade elétrica; ii]a conseqüência dessa afinidade sobre a velocidade de solidificação e taxa de resfriamento; iii] bem como caracterizar a ação dos parâmetros termofísicos sobre a macroestrutura de solidificação. Primeiramente houve a preparação das ligas Al-EC com [0,05 e 0,11]%Zr para a determinação da temperatura liquidus de cada uma. O vazamento unidirecional horizontal realizou-se em presença do gás argônio para restringir a presença do hidrogênio e de porosidades. A partir das curvas obtidas com o auxílio de termopares estrategicamente posicionados na câmara de vazamento e acoplados a um registrador térmico foi possível plotar os gráficos das temperaturas em função do tempo em cada posição para em seguida construir-se equações experimentais que possibilitaram a obtenção das curvas para a Velocidade de Solidificação e a Taxa de Resfriamento. A análise das micrografias das fraturas após ensaios de tração foi feita em um microscópio eletrônico de varredura (MEV) LEO. As macrografias foram analisadas em um microscópio óptico modelo LEICA. Como resultado, observou-se que com o aumento da distância da interface metal/molde o tamanho médio do EDS tende a aumentar, isto é observado nos dois teores. E o que teve menor teor teve maiores EDS. Em geral, com o aumento do tamanho do grão, a resistência mecânica do material tende a diminuir. Com os resultados das medições de EDS e dos valores obtidos de LRT do material observa-se que os menores espaçamentos apresentam maiores valores de LRT. Palavras-chave: Alumínio Eletrocondutor, Molde Unidirecional Horizontal, Resistência Mecânica. 1. INTRODUÇÃO A solidificação metálica pode ser considerada fundamentalmente como um processo de transferência de calor em regime transitório. A transição líquido/sólido é acompanhada por liberação de energia térmica, com uma fronteira móvel separando as duas fases de propriedades termofísicas distintas. A análise da transferência de calor na solidificação apresenta essencialmente dois objetivos: a determinação da distribuição de temperaturas no sistema material/molde e a determinação da cinética da solidificação. As microestruturas com menores espaçamentos interdendríticos permitem uma distribuição mais homogênea de produtos segregados, de inclusões e de poros, que não puderam ser completamente eliminados antes da solidificação. Rooy (1992) em experiências com liga Al-Si (A356), Quaresma et al (2000) com ligas Al-Cu, e Osório et al (2002, 2003) com ligas Zn-Al, demonstraram que os limites de escoamento e de resistência à tração podem ser correlacionados com os espaçamentos dendríticos e que aumentam com a diminuição destes parâmetros estruturais. O alumínio é um metal de baixa massa específica (2,75 g/cm3 para o Al puro), possui estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC) e, junto com o magnésio, faz parte do grupo conhecido por ligas leves. Possui muito boa resistência à corrosão, sendo utilizado em ambientes de atmosfera marinha e nos meios líquidos aquosos. Devido à sua elevada condutividade elétrica é muito utilizado como condutor de eletricidade. A condutividade elétrica de um © Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas 2011 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS condutor fabricado com liga 1350 [Al-EC] é cerca de 62% da condutividade do cobre (%IACS). Após estudos realizados por vários pesquisadores do grupo GPEMAT, foi definida uma liga de alumínio com uma base que agregasse um bom limite de resistência à tração e uma boa condutividade elétrica. Na vanguarda de ligas para transmissão e distribuição estão as ligas termorresistentes (TAL) que tem maior aplicação em países de clima tropical como o Brasil, onde as linhas atingem maiores temperaturas de operação. O Al, com adição de pequenas quantidades de Zr, tende a formar ligas com características de termorresistividade. 2. OBJETIVO O objetivo do trabalho consiste em percorrer o caminho que vai desde a solidificação de lingotes da liga 7000 registrar a evolução de temperatura ao longo do processo, obter as curvas de solidificação e, destas, as curvas de velocidade da frente de solidificação e realizar a caracterização mecânica e microestrutural após a solidificação, a fim de obter melhor amostragem da influência da instabilidade causada pela segregação de soluto e solvente na interface liquido/sólido tem nas morfologias estruturais. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Ligas Termorresistentes (TAL) Na vanguarda de ligas para transmissão e distribuição estão as ligas termorresistentes (TAL) que tem maior aplicação em países de clima tropical como o Brasil, onde as linhas atingem maiores temperaturas de operação. O Al, com adição de pequenas quantidades de Zr, tende a formar ligas com características de termorresistividade. Uma liga termorresistente (TAL) é aquela que suporta maiores temperaturas de operação sem deteriorar suas propriedades mecânicas, conseqüentemente haverá aumento da ampacidade do cabo, pois suportando maior temperatura poderá suportar maior efeito joule e o projeto sofre significativo aumento de confiabilidade, pois a linha terá maior capacidade ao suportar variações de corrente elétrica seja por picos de demanda ou por fenômenos atmosféricos indesejados como descargas elétricas. Um condutor termorresistente pode transportar até 50% mais energia do que os cabos tradicionais CAA (Cabo de Al com Alma de Aço), sendo assim ideal para re-capacitação de linhas sobrecarregadas utilizando a infra-estrutura já existente além de atender a segurança ambiental quanto aos riscos decorrentes dos efeitos de campos eletromagnéticos e aumento das condições de segurança operacionais, a re-capacitação de uma linha pode ser feita com desligamento parcial de apenas um dos circuitos, não ocasionando interrupção no fornecimento de energia Domingues (2005). 3.2. Parâmetros Térmicos na Solidificação A Figura 1 apresenta um elemento de referência extraído do sistema metal/molde que evidencia todos os modos de transferência de calor que podem ocorrer ao longo de sua solidificação: condução térmica no metal e no molde; transferência Newtoniana na interface metal/molde; convecção no metal líquido e na interface molde/ambiente e radiação térmica do molde para o meio ambiente. Alguns desses modos de transferência de calor permanecem do início ao final da solidificação, enquanto outros são transitórios. Figura 1. Modos de transferência de calor atuantes no sistema metal/molde GARCIA (2001). A convecção e a radiação térmica do molde para o meio ambiente só se verifica quando o molde não tiver massa suficiente para absorver todo o calor transferido pelo metal durante a solidificação. Em condições práticas pode-se dimensionar o molde de tal forma que ela possa absorver todo o calor transferido ou apenas eleve sua temperatura externa nos instantes finais do processo, tornando o transporte de calor ao meio ambiente inexpressivo no cômputo geral. Esses modos de transferência de calor não ocorrem quando se trata de solidificação em moldes refrigerados. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS Inicialmente, fez-se a pesagem dos materiais (Al, Cu, Fe, Si e Zr) a serem utilizados para a fabricação das ligas. Feito isso, foram levadas dentro de um cadinho para um forno de resistência tipo Mufla. Após a fundição, foi feita a homogeneização do material e a retirada de impurezas com gás Argônio. Para o vazamento, utilizou-se um molde de geometria regular com dimensões 60 x 60 x 110 mm, demonstrado na Figura 2. As dimensões da câmera de vazamento foram baseadas em Quaresma (1999), na qual uma das paredes é constituída por um molde de aço SAE 1010, material condutor utilizado como fonte de absorção da carga térmica liberada pelo metal líquido, este bloco possui um furo posicionado a 3 mm da interface metal/molde (M/M) e com profundidade de 30 mm para o posicionamento do termopar no molde. (a) (b) Figura 2. Esquema ilustrativo do sistema metal/molde: (a) planta baixa e (b) corte longitudinal da câmara de vazamento. O esquema mostra 8 termopares, acoplados em um registrador de dados Almemo, em posições específicas na câmara de vazamento, sendo que 6 termopares tipo “K” foram colocados no metal, nas posições, em relação à interface metal-molde, de 7,5 mm, 15 mm, 22,5 mm, 30 mm, 37,5 mm e 45 mm, e dois termopares do tipo “K”, um posicionado no molde (bloco metálico) e outro na interface molde-ambiente. A Figura 3 apresenta um conjunto de informações úteis ao entendimento da experimentação. (a) (b) (c) Figura 3. (a) Câmara de Vazamento Desmontada; (b) Câmara de vazamento e a disposição dos Termopares; (c) Vazamento da Liga na Câmara. Após vazamento, os lingotes são retirados no mesmo plano dos termopares como é mostrado na Figura (4a), as quais foram posteriormente usinadas para diâmetro de 10 mm, com intuito de atingir a geometria desejada para o ensaio de tração, obedecendo as dimensões que estão de acordo com a norma ASTM E 8M – 95. A barra de secção quadrada e o corpo de prova são mostrados na Figura (4c). (a) (b) (c) Figura 4. A disposição da retirada dos Corpos de Prova: Em (a), Foto mostrando o lingote; Em (b), Dimensões do corpo de prova segundo a norma ASTM-E8M e em (c) os lingotes já cortados prontos para serem usinados. 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS Para a retirada dos corpos de prova, leva-se em consideração a orientação do espaçamento dendrítico secundário (λ2), pois à medida que o tamanho de grão diminui, há a tendência de aumento da resistência mecânica. Neste caso particular, pode-se citar a equação de Hall-Petch, na qual a tensão de escoamento é proporcional ao inverso da raiz quadrada do diâmetro do grão. A literatura aponta também o efeito do espaçamento dendrítico como fator de influência, indicando que o grau de refino dos espaçamentos dendríticos possa ser até mais influente sobre as propriedades mecânicas do que o próprio tamanho de grão. Com a inexistência de ferramentas que permitissem quantificar a relação entre espaçamentos dendríticos secundários e propriedades mecânicas foi desenvolvido por Quaresma (1999) e Garcia (2001) estudos que possibilitaram estas ferramentas. 5. CARACTERIZAÇÃO 5.1. Mecânica Nesta etapa da caracterização, os perfis são submetidos a teste de tração segundo as normas para cabos elétricos, onde geram os dados que permitem caracterizar os perfis segundo o LRT, o alongamento e a tenacidade, foram realizados em uma máquina de tração Kratos modelo Ikcl1-usb, acoplada a um micro computador com sistema de aquisição de dados. 5.2. Metalográfica Um dos perfis obtidos no corte do lingote foi utilizado para analise do EDS. A preparação desse lingote consistiu em: lixamento; polimento; e ataque químico em submersão com a solução poulton por 8 segundos. O microscópio ótico Leica DMR foi utilizado na caracterização metalográfica. A caracterização, nesta etapa, teve a preocupação de avaliar as dentritas para a posterior medição dos espaçamentos secundários. As medições dos espaçamentos foram feitas com o auxilio do software Motic. Em cada imagem obtida foi calculada três medições e feita uma média para cada teor e posição. A análise das macrografias das fraturas após ensaios de tração foi feita no microscópio eletrônico de varredura LEO, modelo 1450VP, as amostras a serem examinadas no MEV foram limpas com uma solução de álcool+acetona (PA) em um limpador ultrassônico por 10 min. 5.3. Térmica o Temperatura ( C) Para caracterização térmica das ligas é necessário a determinação das curvas de resfriamento. A título de exemplo têm-se na Figura (5) as curvas obtidas por Passos (Passos, 2009) durante o desenvolvimento de sua dissertação de mestrado quando desenvolveu estudos com a liga Al-0,6%Mg-0,8%Si, modificada com dois teores de cobre. Foram obtidas experimentalmente através do vazamento em molde unidirecional horizontal monitorado por seis termopares, posicionados estrategicamente dentro da câmara de vazamento, de maneira que se consiga o histórico térmico da solidificação. Am b. M o ld e T e rm o p a r T e rm o p a r T e rm o p a r T e rm o p a r T e rm o p a r T e rm o p a r 750 700 650 600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 0 200 400 T em p o (s) a a a a a a 7 ,5 m m d a in te rfa c e M /M 1 5 m m d a in te rfa c e M /M 2 2 ,5 m m d a in te rfa c e M /M 3 0 m m d a in te rfa c e M /M 3 7 ,5 m m d a in te rfa c e M /M 4 5 m m d a in te rfa c e M /M 600 800 Figura 5. Curva experimental de resfriamento para liga de 0,05% Cu. A partir das curvas obtidas com o auxílio de um registrador térmico é possível plotar os gráficos temperatura em função do tempo para cada posição para em seguida, por tratamento dos dados, construir equações experimentais que possibilitem a obtenção das curvas para a velocidade de solidificação e taxa de resfriamento. A metodologia utilizada tanto para a determinação do tempo de passagem da isoterma liquidus em cada termopar, para a obtenção da velocidade de solidificação como para a obtenção da taxa de resfriamento, expressa pela Eq. (1), encontra-se descrita em Passos (2009). 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS • Τ= ∆T (T2 − T1 ) = ∆t ( t 2 − t1 ) Onde: T1 - temperatura 1 ; T2 - temperatura 1 ; (1) t1 - tempo 1 t2 - tempo 2 6. RESULTADOS 6.1. Curvas de Resfriamento das Ligas As Figuras (6 e 7) apresentam as curvas de resfriamento para as ligas Al-EC 0,05%Zr e Al-EC 0,11%Zr respectivamente. Estas curvas foram obtidas experimentalmente através do vazamento em molde unidirecional horizontal, como ilustrado pelas Figuras (3 e 4), através de seis termopares posicionados dentro da câmara de vazamento e conectados ao registrador térmico de maneira a permitir a obtenção da história térmica da solidificação. 1000 1000 900 800 700 600 M/M 15 22,5 30 37,5 45 M/A 500 400 300 200 100 Temperatura (°C) Temperatura (°C) 900 800 700 600 400 300 200 100 0 0 150 300 450 600 750 T L =658,4°C 500 Termopar na posiçao 45mm 0 900 1050 1200 1350 0 Tempo (s) 150 300 450 600 750 Tempo (s) (a) 900 1050 1200 (b) Figura 6. (a) Curvas de Resfriamento da liga Al-EC 0,05%Zr. (b) Curvas de Resfriamento da liga Al-EC 0,05%Zr na posição 45mm em relação a interface M/M. 900 800 800 700 600 500 M/M 7,5mm 15 mm 22,5 mm 30mm 37,5 mm 42,5mm M/A 400 300 200 100 0 0 100 200 300 400 500 600 Temperatura (°C) 1000 900 Temperatura (°C) 1000 700 Tempo (s) (a) 700 600 TL=657,8°C 500 400 300 200 100 Termopar na posiçao 42,5mm 0 0 100 200 300 400 500 600 700 Tempo (s) (b) Figura 7. (a) Curvas de Resfriamento da liga Al-EC 0,11%Zr. (b) Curvas de Resfriamento da liga Al-EC 0,11%Zr na posição 45mm em relação a interface M/M. 6.2. Determinação da Velocidade de Resfriamento (VL) Considerando que este trabalho trata das modificações de composição em torno de uma liga Al-EC-0,7%Si, tomouse como temperatura liquidus as mudanças de inclinação observadas nos perfis térmicos da cada liga monitorada, conforme exemplificado nas Figuras (5 e 6b). Dos perfis térmicos de cada posição, por exemplo, 45 mm da interface Metal/Molde [M/M], objetivando a localização das temperaturas liquidus [TL], traçou-se uma reta horizontal paralela ao eixo das abscissas [Tempo], partindo da mudança de inclinação até o eixo das ordenadas [Temperaturas]; em seguida, objetivando a determinação do tempo liquidus [TL], partindo do perfil térmico e da invariância térmica traçou-se uma reta perpendicular ao eixo das abscissas que, ao cortá-lo, define o instante em que a isoterma liquidus atinge cada termopar. Desta forma, é possível determinar-se perfis que correlacionam o tempo de passagem da ponta da dendrita em relação às posições específicas em que se encontram posicionados os termopares. As velocidades experimentais da 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS VL = dP dt . isoterma líquidus (VL), para todas as ligas, são determinadas através das derivadas das funções P = f (t) , isto é As funções P = f (t) são obtidas experimentalmente a partir de conjuntos de pontos [P, t], tendo como referência TL, para cada liga e para cada posição descrita anteriormente. TL será sempre a Temperatura Liquidus; t, o tempo de passagem da isoterma liquidus na posição P desejada. Os pares ordenados (P, t) obtidos a partir do procedimento relatado acima se encontram relacionados nas Tabelas (1 e 2) e permitem que sejam traçadas as curvas experimentais da posição da isoterma liquidus com o tempo. Tabela 1. Tabela posição x tempo para liga 0,05% Zr. Posição (mm) 7,5 15 22,5 30 37,5 45 Tempo(s)0,05 % Zr 4 13 26 38 54 90 Tabela 2. Tabela posição x tempo para liga 0,11% Zr Posição (mm) 7,5 15 22,5 30 37,5 45 Tempo(s) 0,11 % Zr 1,6 9,6 22,4 28 34,4 38,4 Vel. Solidificaçمo [ VL (m/s)] Derivando-se as equações da passagem das isotermas liquidus, posição em função do tempo, obtém-se a velocidade de deslocamento da isoterma liquidus em relação ao tempo e após breve manipulação numérica pode ser obtida a equação para o perfil de velocidade em função da posição, como estas plotadas na Figura (8b). Estas curvas sugerem que a liga com 0,11%Zr, apresenta contato metal/molde, inicial, mais intenso e, desta forma, aquece o molde de tal sorte a fazê-lo diminuir sua função resfriadora. Posiçمo [P (mm)] 40 35 30 25 20 15 10 Posiçao0,05% Zr=2,5xTempo 5 [A] 0,7 0,51 Posicao0,11% Zr=4,43 x tempo 0 10 20 30 40 50 60 70 Tempo [t (s)] 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 -0,2 -0,4 -0,41 VL (0,05% Zr)= 2,47 [P] ; -0,96 VL (0,11% Zr)= 9,47 [P] 0 5 [B] . 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Pos. Termopar [ P (mm)] Figura 8. (A) Evolução comparativa da passagem das isotermas liquidus para a liga Al-EC [0,05 e 0,11%] %Zr (B) Perfis de deslocamento da Isoterma Liquidus em função da posição do termopar [VL]. • 6.3. Determinação da Taxa de Resfriamento [ T ] As curvas das Figuras (6 e 7) auxiliam na obtenção dos pontos [T; t] temperatura/tempo, para a formatação da diferença finita, para cada liga e posição do termopar. Os valores das razões das diferenças indicadas pela Eq. (2), encontram-se relacionados nas Tabelas (3 e 4). . T = (2) ∆T T 2 −T1 = ∆t t 2 −t 1 Tabela 3. Tempos e temperaturas para determinação da taxa de resfriamento em função da posição para liga 0,05%Zr. Posição T1(°C) T2(°C) t1 (s) t2 (s) 7,5 - 15 669,1 652,2 12 14 22,5 661,7 658 25 26,1 30 659,1 655,2 37 39 37,5 659,7 658 115 117 45 658,5 658,4 89 91 Tabela 4. Tempos e temperaturas para determinação da taxa de resfriamento em função da posição para a liga 0,11% Zr. 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS Posição 7,5 15 22,5 30 37,5 42,5 T1(°C) 662,5 660,4 658,3 658,8 658,4 658,2 T2(°C) 658,1 657,6 657,7 657,7 657,7 657,7 t1 (s) 4,8 14,4 27,2 25,6 64 28,8 t2 (s) 6,4 16 28,8 27,2 65,6 30,4 A avaliação da macroestrutura pode ser feita pela análise do perfil apresentado pelas curvas das equações experimentais da taxa de resfriamento para cada liga. A Figura (9), está formada pelo conjunto das duas fotos macro estruturais e um gráfico com as duas curvas das taxas de resfriamento para as ligas com [0,05 e 0,11]%Zr. A cor vermelha é associada ao teor 0,05%Zr e a verde ao 0,11%Zr. A macroestrutura para o teor 0,05%Zr, com arranjo colunar e equiaxial, apresenta região com característica de transição entre elas. Provável conseqüência da menor afinidade metal/molde – molhabilidade do molde. A intensidade desta afinidade pode proporcionar a formação de camada sólida inicial de espessura delgada que oferece pequena reação à pressão metalostática além de sofrer pequena contração volumétrica. E, desta forma, propiciar a formação de “Gap´s” de ar menores na interface metal/molde. Por outro lado a macro estrutura, para a liga com o teor 0,11%Zr, apresenta arranjo que não apresenta a característica de transição, pois a afinidade entre o metal e o molde é diferente da anteriormente descrita. 3,0 Perfi da Taxa de Resfriamento 20 15 10 5 0 Ε -5 τ 0,05% Zr= 84,45 [ (P) 0 -0,73 ] Perfi da Taxa de Resfriamento 2,5 0 25 TAXA RESF. [ τ ( C/s) ] 0 TAXA RESF. [ τ ( C/s) ] 30 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 Ε -0,5 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 τ 0,11% Zr= 12,5 [ (P) 0 -1,03 ] 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Pos. Termopar [ P (mm) ] Pos. Termopar [ P (mm) ] Figura 9. Correlação entre o gráfico da taxa de resfriamento versus posição e a visualização das macroestruturas das ligas. A Figura (10), a seguir, apresenta comparação entre as curvas experimentais e analíticas para a taxa de resfriamento, obtidas pelas Equações [1] e [2] paras as ligas Al-EC-0,05%Zr [A] e Al-EC-0,11%Zr. * T= d s . L 2 = 4,42 [V ]2 L VL ks Taxa de Resfriamento (3) Na qual L, Calor Latente de Fusão = 385.000 J/Kg; dS, Densidade = 2.550 Kg/m3; kS, Condutividade Térmica = 222 W/m.K Quaresma (1999). Estes valores permitem obter a constante 4,42. Comparaçمo de Perfis da Taxa de Resfriamento 25 0 0 20 15 10 5 0 Ε τ 0,05% Zr= 84,45 [ (P) -5 -10 [A] TAXA RESF. [ τ ( C/s) ] TAXA RESF. [ τ ( C/s) ] 30 A τ 0 -0,73 ]; = 4,42 [2,47 [ (P) 0,05% Zr -0,41 2 ] ]. 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Pos. Termopar [ P (mm) ] 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 -2 -4 -6 -8 [B] Comparaçمo de Perfis da Taxa de Resfriamento Ε τ 0,11% Zr= 12,5 [ (P) A τ 0 -1,03 ]; = 4,42 [ 9,47 (P) 0,11% Zr -0.96 2 ] . 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Pos. Termopar [ P (mm) ] 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS Figura 10. Compara as curvas experimentais e analíticas para a taxa de resfriamento, obtidas pelas Equações (1) e (2). 6.4. Espaçamento Dentritico Secundário A configuração estrutural apresentada pelas ligas com os teores de zircônio pode ser vista nas figuras abaixo. As medidas do EDS também estão apresentadas na Figura (11). As medições foram realizadas com o auxílio do programa Motic. 200µ m 200µ m 200µ m 160 150 140 EDS [ λ 2 (µ m) ] 130 120 110 100 90 80 λ 2 [0,05% Zr]= 25,47[P] 60 λ 2 [0,11% Zr]= 43,44[P] 50 200µ m 0,47 70 ; 0,31 5 10 15 20 25 30 35 40 Pos Termopar [ P (mm) ] 200µ m 45 50 200µ m Figura 11. Estrutura dendritica das ligas com a composição de 0,05 e 0,11% Zr em diferentes posições, com as respectivas imagens com aumento de 100x. Observa-se que com o aumento da distancia da interface metal/molde o tamanho médio do EDS tende a aumentar, isto é observado nos dois teores. E que o menor teor teve menores EDS. 6.5. Caracterização Mecânica A Figura (12) apresenta arranjo que correlaciona a macrografia da topografia da fratura com as curvas que descrevem a evolução do Limite de Resistência a Tração [LRT] para as amostras coletadas em diferentes posições em relação a interface metal/molde [M/M]. Pode ser observado que as macrografias, para os teores [0,05 e 0,11]%Zr, apresentam níveis de porosidade crescentes à medida em que registram fraturas de amostras coletadas mais afastadas desta interface. 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS Pos Pos Pos 90 LRT [ σ (MPa) ] 85 80 75 70 65 60 55 50 5 σ 0,05% Ζρ = 134,71[P] -0,22 ; σ 0,11% Ζρ = 124,65[P] -0,17 . 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Pos do Termopar [ P (mm) ] Pos Pos Pos Figura 12. Ensaio de Tração do material usinado (Ф= 10,0 mm) em função da posição com a topografia de cada fratura com aumento de 48x. Por outro lado, as curvas que descrevem a evolução para o LRT, apresentam forte tendência de decréscimo nos valores quanto mais afastados da interface M/M são coletados. Este comportamento pode estar relacionado com a topografia da fratura. Autores há que sugerem, em seus estudos, que a presença e o tamanho desses defeitos influenciam negativamente nas propriedades mecânicas do material. 7. CONCLUSÕES Através de vários trabalhos já realizados pelo grupo GPEMAT e de outras leituras, em geral, com o aumento do tamanho de grão, a resistência mecânica do material tende a diminuir. Para materiais apenas como estrutura bruta de fusão, ou seja, sem deformação mecânica, esta relação de tamanho de grão e LRT nem sempre é verdadeira. É preciso também analisar o arranjo dendritico. Com os resultados das medições de EDS e dos valores obtidos de LRT do material observa-se que os menores espaçamentos apresentam maiores valores de LRT. Então, pode-se concluir que o 0,11% foi o que apresentou melhor resposta mecânica já que o seu EDS foi menor em relação ao 0,05%, e que os dois teores apresentaram a tendência de diminuição na resistência mecânica devido ao aparecimento das porosidades. Entende-se com estes resultados uma relação inversa com a resistência mecânica no que diz respeito ao EDS e a presença de porosidades. 8. REFERÊNCIAS ASTM - Standard Test Methods for TENSION TESTING of METALLIC METARIALS [METRIC] (Designation: E8m – 00B - METRIC). DOMINGUES, I.T., LOPES J.C.R., MENDES L.M.R., CABRAL S., ROQUELANE R., UEDA S., ANAUATE S.; “Emprego de novas tecnologias de materiais em linhas de transmissão aérea com a substituição de condutores acsr por condutores termorresistentes tacsr e tacir (invariável)”; XVIII SNPTEE, Curitiba, PR, 16 a 21 de outubro de 2005. FEITOSA, J. P.; “Caracterização da Liga 6101 Refinada com a Adição de Diferentes Teores de Cobre e Solidificadas em Molde Unidirecional Horizontal e em Molde U”, Dissertação de Mestrado, UFPA, FEM, 2007. GARCIA, A.; “Solidificação: Fundamentos e Aplicações”, Editora da UNICAMP, Campinas, Brasil, 2001. MÜLLER, A.; “Solidificação e Análise Térmica dos Metais”; 1. ed. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2001, v. 500. 250 p. NBR 5118/2007; “Fios de alumínio 1350 nus, de seção circular, para fins elétricos”, São Paulo, 2007. OSÓRIO, W. R.; PEIXOTO, L. C.; GARCIA. A. Effects of mechanical agitation and of the addition of grain refiner on the microstructure and mechanical properties of castings of the Al-Sn alloy Matéria (Rio J.) vol.14 no.3 Rio de Janeiro 2009. PRAZERES, U. R.; “Avaliação do Efeito do Ferro em Ligas de Alumínio Destinadas a Condução e Distribuição de Energia Elétrica”, Trabalho de Conclusão de Curso, (Graduação em Engenharia Mecânica); Universidade Federal do Pará. Orientador: José Maria do Vale Quaresma; UFPA, FEM, 2008. 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO 11 a 15 de Abril de 2011. Caxias do Sul - RS QUARESMA, J. M. V.; “Correlação entre Condições de Solidificação Microestrutura e Resistência Mecânica”, Tese de Doutoramento, UNICAMP, FEM; 1999. VERRAN, O.G.: “Método alternativo para medição do índice de fluidez de ligas de Al em coquilhas”, Fundição e Serviços, n° 134, fevereiro, 2004, pp.70-79. 9. DIREITOS AUTORAIS Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho. THERMAL, MECHANICAL AND STRUCTURAL ANALYSIS FOR AN ALEC ALLOY WITH ZIRCONIUM CONTENTS FOR DISTRIBUTION AND TRANSMISSION OF ELECTRICITY Kazuo de Almeida Kamizono, [email protected] Patrick dos Santos Nogueira, [email protected] Luanna Nayara dos Santos Costa, [email protected] Fernanda Ohashi Jardim, [email protected] Thalita Maria Pontes Moutinho, [email protected] José Maria do Vale Quaresma, [email protected] 1 Federal University of Pará, Universidade Federal do Pará - Rua Augusto Corrêa, 01 - Guamá. CEP 66075-110. Caixa postal 479, Belém – Pará – Brasil Abstract: The analysis of heat transfer in solidification has two main purposes: the determination of temperature distribution in metal-mold interface and the determination of the kinetic of solidification, which are for the determination of thermal and operational parameters, because those purposes are determinative to the shaping of the final structure of products and they influence their mechanical behavior. This paper considers that information to: i] evaluate the effect of two contents or Zr on the affinity metal-mold of Al-EC, because it is an aluminum alloy that has good electric conductivity, ii] the consequence of this affinity on the solidification speed and the rate of cooling, iii] characterize the action of thermophysical parameters on the solidification macrostructure. First, Al-EC alloys [0,05 and 0,11] %Zr were prepared to determine the liquidus temperature of each one of them. The unidirectional horizontal casting was realized with argon gas to decrease the presence of hydrogen and porosity. The cross section allowed the removal of the specimens that were necessary to the thermal and structural characterization of alloys. They were obtained curves with the helping of thermocouples that were strategically placed in the solidification chamber, they were connected to a thermal register and then it was possible to plot the diagrams of temperature versus time in each position, after that they build experimental equations that allowed the acquisition of curves to solidification rate and cooling rate. The analysis of the fracture micrographies after the tensile test was realized in an electronic microscopy scanning SEM. The macrographies were analyzed in an optic microscopy LEICA. As a result, it was observed that if the distance in metal-mold interface increases, the average size of EDS tends to increase; this can be noticed in both alloys. The less zirconium content alloy had bigger EDS. Usually, an increase in the grain size of the material makes the mechanical strength decrease. It is possible to observe that the smaller distances present bigger LRT values, from the results of EDS measurements and values obtained from the LRT material. Keywords: aluminium eletroconductor, unidirectional horizontal mold, mechanical strength.