Dia de Manutenção Autor: Fernando Antônio Bersan Pinheiro Férias, graças a Deus. Bem, férias do emprego por 15 dias, porque férias de mexer com som, isso é outra estória. E nos primeiros dia de férias, nada melhor que aproveitar para dar manutenção nos equipamentos que estão aguardando (alguns há meses) um "trato". Assim, chamei um amigo, o Max, que trouxe uns equipamentos que precisavam de conserto também da sua igreja, e tivemos então o "Dia de Manutenção" de som (na verdade, levei três dias até fazer tudo, sendo só o primeiro com ajuda do rapaz). Arranjei um canto tranqüilo em casa, arrumei as ferramentas da mala (http://www.somaovivo.mus.br/artigos.php?id=118) e me postei ao trabalho. Este artigo vai mostrar como foram estes dias de manutenção, e espero que traga boas dicas a todos, pois muitos dos problemas são comuns de serem encontrados em qualquer lugar. A maioria envolve soldagem, então é necessário ser muito bom soldador para fazer o que fiz aqui. Outros é pura gambiarra mesmo, mas funciona! E o pessoal também vai notar que trabalhei com eletrônica, mas preciso avisar que sei muito pouco (pouco mesmo) do assunto, mas meto a mão por pura curiosidade, usando uma dica que um deu aqui, outro ali, e assim por diante. Além disso, tenho péssimas experiências com assistências técnicas e "técnicos de eletrônica", e prefiro eu mesmo consertar (ou terminar de quebrar) meus aparelhos. Levar em algum técnico? Só depois que eu primeiro "fuçar" o aparelho todo. Mas deve haver dois alertas: pode haver o risco de choques, então se não entende, não mexa. Eu assumo o risco. E só trabalho em cima de um carpetão de vinil, isolante (morro de medo de eletricidade). Além disso, quem mexe sem saber o que está fazendo pode correr o risco de queimar coisas que não deveriam, piorando o estado das coisas. Aliás, olhem o resultado de uma dessas "mexidas" minhas: Prejuízo de R$ 50,00, preço da reforma do alto-falante. Mas descobri que não se testa amplificadores recém-consertados com um woofer, mas sim com lâmpadas incandescentes. Perdi dinheiro mas ganhei experiência (mas preferia não ter perdido nem ganhado nada, neste caso). Mas para quem tem curiosidade e coragem, vamos lá. Acredito que os leitores encontrarão boas surpresas! Ah, o artigo tem muitas fotos, então não se assuste se demorar a carregar. 1) Equalizador Behringer FQB-15012 Missão: transformar ele de 220V para 110V. O primeiro da lista é um equalizador da Behringer, que é 220V mas minha cidade é toda 110V, então eu gostaria de mudá-lo para 110V, seguindo as instruções dadas pelo Rodrigo "Sobjak" no fórum do SomAoVivo. Segue o link para o post: http://www.somaovivo.mus.br/forum/viewtopic.php?t=1193&highlight=110+220 Ele foi comprado em 2006, usado, e reclamei com o antigo dono que ele deveria ter avisado, ao vender, que o aparelho era 220V. Depois de um ponto negativo ao vendedor no MercadoLivre, só me restou gastar dinheiro e comprar um transformador 110V-220V, mais um trambolho para meter no rack: O transformador até que não foi caro, R$ 20,00 em 2006, mas pesa 1kg e moro no 4º andar, sem elevador, então peso é algo muito, muito importante para mim. Sem contar que deu um trabalhão adaptar esse transformador no rack. Falando do rack... - um Furman (comprado novo, na loja, R$ 400,00) - um efeito Zoom RFX 1000, que estava abandonado na minha igreja, sem uso (agora só querem saber do efeito da Behringer, segundo o pessoal é mais fácil e prático. Tirá-lo da igreja foi literalmente a melhor coisa que já fiz pelo aparelho: vejam só o estado do pobre: Uma falha de muitos equipamentos importados é esta: a tinta não aguenta a umidade do ar. -um equalizador MEQ-230 que me deram. Tem 13 anos de idade, mas funciona. - um equalizador Behringer FQB-1502, alvo deste acerto - um compressor MDX 2600, comprado novo, na loja, por R$ 500,00 e alguma coisa. - um Gate da Staner, fabricado em 1989, que está ali tampando buraco. E o pior é que funciona! Hoje, há compressores completos, incluindo Gate (como o MDX 4600 da Behringer) que ocupam o mesmo espaço e tem 4 canais. Uso os aparelhos principalmente para dar aulas, mas de vez em quando em um evento ou outro. Os cabinhos Insert são da Hayonic: O rack de 6U é finlandês, vendido no MercadoLivre por um rapaz no interior da Bahia. Custou R$ 300,00 com o frete. É bom, bem resistente, agüenta 40 kg de equipamentos dentro, é leve (6kg) e ecologicamente correto, já que é feito com plástico reciclado. Aliás, esse é o seu defeito: se ficar muito tempo exposto ao Sol e calor, racha todinho. Na Finlândia não tem esse problema (o país fica praticamente todo dentro do Círculo Polar Ártico), já aqui no Brasil... Mas é leve e barato, e guardo sempre longe do Sol. Voltando ao caso do equalizador, tirei o FQB do rack, desmontei ele e... Estranho... No post do Rodrigo 'Sobjak", havia dois cabos saindo do transformador, mas só um ligado na entrada de AC (de energia elétrica). Neste aqui, os dois cabos estão ligados no conector. Mas olhando a lateral do aparelho, está lá com todas as letras: 230V - 50/60Hz ~ 22W A marcação é de 230V. Ora. Então porque esses dois fios? Aí reparei uma coisa interessante... há uns triângulos no soquete do fusível... E se eu tirar o soquete do fusível, vou encontrar isto: E isto: Então caiu a ficha! O soquete é a chave seletora de voltagem do aparelho. Existem Behringer que são apenas 110V e outros que são apenas 220V, mas este é bi-volt. Se eu ligar deste jeito: Ele funciona em 110V! Sem precisar fazer mais nada, nada! Se quiser usar em 220V, só inverter o soquete do fusível: Fui direto para o manual, e olhem o que eu achei: E fala até nos fusíveis a usar em ambas as voltagens: Que ódio de mim mesmo! Carreguei esse transformador 110V por 220V por 2 anos porque eu não li o manual, manual que me foi entregue direitinho pelo antigo proprietário! Quase que o título deste artigo foi "Um dia de anta", pois eu me senti a maior "anta" (sem ofensas ao pobre do animal). O meu problema é ter ficado "bitolado" com as costumeiras chaves seletoras dos aparelhos nacionais: comum na maioria dos equipamentos e não ter atentado que alguém poderia ter feito a mesma coisa, só que de um jeito diferente, como a Behringer fez. E com o fato da marcação no próprio aparelho vir apenas com 230V. O MDX 2600 vem escrito 110V mas também pode ser usado em 220V sem problemas. Provavelmente, o fabricante preferiu colocar a marcação de voltagem referente ao país de destino da mercadoria. Mas pensou no aparelho ser usado em outra tensão também. O mais chato é que sempre estou falando a todos "leiam o manual". Dessa vez fui eu que não li. Que vergonha... 2) Microfone TSI MS-425 Missão: descobrir porque o som dele está distorcendo todo. Esse microfone é meu, comprado usado (R$ 200,00, em 2006 também) para emprestar para os amigos da minha denominação que às vezes precisam de uma ajuda em equipamentos. Emprestei para o Max por um bom tempo e, ao final de uns 2 meses, ele me ligou, dizendo que tinha alguma coisa errada no mic, que não estava funcionando bem, etc. Eu cheguei a ir à igreja dele, onde verifiquei que os cabos e a mesa estavam bons, e realmente era problema no microfone. Combinei com ele dele trazer o mic aqui em casa e me ajudar nessas manutenções, o que foi feito. Primeiro, desmontei a base (desmontar pode ser muito fácil ou muito difícil, neste caso eram 6 parafusos, fácil) e procurei por componentes queimados e/ou soldas ruins (chamadas de "soldas frias"). A lupa ajuda muito nessas situações. Muitos problemas de funcionamento são originados por soldas frias, que causam mal-contato. De qualquer forma, não encontrei nada, tudo perfeito. Também os conectores de encaixe (neste aparelho há 3, brancos) às vezes se soltam, então é bom dar um reaperto em tudo. Mesmo não havendo componentes queimados (capacitores e resistências torram mesmo e é fácil identificar o problema, mas circuitos integrados às vezes param de funcionar sem danos aparentes e não sei verificar isso) nem soldas frias, eu sabia que havia algum problema com a base, pois as luzes de RF ficavam constantemente acesas, quando o normal é que elas só acendam quando o microfone está transmitindo. Finalmente, fechei a base e peguei a fonte para ligar na tomada. Então reparei que a mesma estava configurada para 220V (na foto abaixo, ela já configurado corretamente). Alguém colocou a fonte para 220V, quando aqui na minha cidade tudo é 110V. Foi só colocar para 110V e voltou tudo ao normal, funcionando muito bem. Foi a vez do Max passar vergonha, de ser chamado de "anta". Brincadeiras à parte, microfone perfeito novamente! De qualquer forma, foi um pouco de erro de projeto também. Em muitas fontes, a chave fica embutida, protegida de um acionamento acidental, como foi este o caso. E também fica do outro lado, junto com os pinos da tomada, mais protegido ainda. 3) Microfone Karsect KRU-301, sem fio de mão Missão 1: quando liga o microfone, a luz de RF (rádio freqüência) na base acende, mas a luz de AF (áudio freqüência) não. Ou seja, o microfone transmite sinal, mas sem som. No caso, o problema parecia ser com o transmissor, pensei logo em cápsula ruim. Então fui desmontá-lo. Desmontar o aparelho é talvez uma das partes mais difíceis do trabalho: tem que pensar muito e imaginar como que alguém montou aquilo. A maioria é tudo encaixado (até porque pode precisar de manutenção), mas algumas peças são bem difíceis de soltar, estão bem presas. Como já estava quebrado e o dono me autorizou.... aqui o resultado: Com uma chave de fenda fininha, soltei a parte que recobre o botão On-Off do aparelho, que é encaixada. O botão On-Off que o usuário mexe nada mais é que uma capa para a verdadeira chave On-Off, e sai facilmente. O led é que deu trabalho, tive que pensar, pensar, pois sabia que precisava tirá-lo dali, para o corpo do microfone sair e revelar a placa. A solução veio que por acidente. O mic virou e o led caiu no chão. Ele é apenas encaixado em um soquete, só puxar que ele sai. Tiramos então o globo, e a parte da frente também. Bem duro, deixei o dono tirar... Depois disso, foi só puxar a placa de circuitos para fora do corpo. A primeira coisa que fiz foi dessoldar e testar a cápsula (que aliás é cópia do Shure SM-58, mas de qualidade bem inferior). Já aprendi que o teste de um componente nunca pode ser feito com ele soldado à placa, pois isso pode mascarar o estado da peça. Ou seja, para testar um componente, o técnico de eletrônica precisa primeiro dessoldar o componente, testar e, se o mesmo estiver bom, soldar tudo de novo. Aliás, só se aventure a fazer essas coisas se souber fazer soldas muito bem, além de ter um ferro de solda de ponta bem fininha. A cápsula foi testada com o multímetro*, e apresentou 300 Ohms, um valor normal. Como a cápsula é dinâmica, dava até para adaptar um fio e ligar em uma mesinha, alguma coisa assim. Mas como no multímetro estava bom, fui olhar a placa. * Como usar o multímetro: http://www.somaovivo.mus.br/artigos.php?id=141 Ao olhar a placa, a descoberta de um segredinho: a placa é da Nady! A Nady é um fabricante americano que faz bons microfones sem fio. Não é muito conhecida do mundo da música porque o mercado deles é mais voltado para palestras, aulas, etc, não música e shows. Mas é considerado um bom fabricante, e com transmissão bem limpa. Então está aqui o segredo da boa transmissão dos Karsect. Mas... Notem que, no lado direito, há diversos componentes em falta. Ou são componentes para transmissão em VHF (a placa serve para VHF ou UHF, depende dos componentes) ou é economia de peças para baratear o custo... vamos deixar o leitor escolher, mas pelo menos uma peça faltando eu consegui identificar que é um varistor, que protege equipamentos eletrônicos no caso de sobretensão. Se bem que sobretensão em uma bateria de 9V é algo que nunca vi. São na verdade duas placas, uma por cima e outra por baixo do suporte plástico. No exame visual, com lupa, nenhum problema constatado nos lados aparentes, mas poderia haver no lado escondido pelo suporte plástico. Para desmontar uma placa da outra (e ambas do suporte plástico), tivemos que pensar, e muito. Não havia parafusos, então as placas estavam unidas de outra forma. Nestas horas, duas cabeças realmente pensam muito melhor que uma. Foi o Max que descobriu. Notamos que existiam alguns fios que iam de uma placa à outra (pela existência do fio em cima e de uma solda no outro lado, no local correspondente): Ao dessoldar para remover a solda e soltar as placas uma das outra, um dos fiozinhos soltou e caiu no chão, enquanto os outros estavam firmes, mantidos presos pela solda na outra placa. Ao virar a placa, notamos o que tinha acontecido: A solda que segurava o fiozinho quebrou, e com isso a comunicação entre uma placa e outra ficou prejudicada em uma parte (no caso, no sinal de AF). Foi só ressoldar tudo novamente e voltou a funcionar beleza! A causa do problema não poderia ser mais terrível: o microfone é usado por crianças, e inúmeras vezes foi parar no chão. Assim não tem solda que agüente! Fiquei muito feliz de ter conseguido consertar, porque além dele poder devolver meu TSI, já havia tentado consertar dois sem fio, um AKG e um LeSon, sem sucesso. 4) Microfone Karsect KRU-301, sem fio de mão Missão 2: fonte com defeito. O Max, um tempo atrás, teve que comprar uma fonte de alimentação nova para o mesmo microfone, pois a velha havia quebrado. Ficava dando mal-contato constantemente, até que parou de funcionar de vez. Como as duas fontes, a nova e a velha, estavam lá, resolvi dar uma olhada na quebrada. Os fios dessas fontes são finos e se quebram facilmente. Lá no Anfiteatro estou acostumado a consertar as fontes dos Shures, que o pessoal de vez em quando quebra, ao dar puxões, enrolar de qualquer jeito, pressionar demais contra algo, etc. Só que a fonte do Shure usa parafusos e é fácil de ser aberta, esta aqui é colada, e para abrir, só estourando mesmo. Mas não precisou abrir. Cortei o fio fora, deixando apenas um pedaço de uns 2 centímetros. Medi a tensão com o multímetro e estavam lá os 12 Volts. O restante foi medir com a continuidade no pedaço de fio que sobrou e refazer as soldas, usando um pouco de espaguete termo-retrátil (para quem não sabe, é um tubinho de borracha que, ao esquentar, se retrai, diminuindo de diâmetro), recobertos depois por um pedaço fita isolante. O cabo estava rompido em dois lugares! E pronto, fonte funcionando de novo. Poderia ter economizado os R$ 25,00 que custou a fonte nova! 5) Mesa Unic MAC-8 XLR Missão: a mesa estava com a sonoridade péssima. Comprei essa mesa usada pelo MercadoLivre, mas foi péssimo negócio. Comprei uma de 12 canais, chegou de 8! E ainda chegou com péssima sonoridade. Bem, pelo menos ele devolveu parte do dinheiro. É o risco que corremos comprando usado. Pelo menos custou barato, R$ 230,00, se não me engano, em Abril/2008. Desmontando a placa, ela é parecida com mesas da Staner, da Ciclotron, etc. São módulos, ou seja, se você tem um canal funcionando e outro não, é só comparar um com o outro e consertar. O primeiro trabalho foi fazer aquela demorada inspeção visual, procurando soldas ruins e/ou componentes estourados. Mas nada! Aqui, tive que usar meus parcos conhecimentos de eletrônica. Aprendi certa vez que componentes como resistores costumam queimar quando com defeito, capacitores costumam explodir (uma tampa metálica voa longe, podendo inclusive ferir um olho, por exemplo). Ou seja, dá para notar visualmente quando esses componentes estão defeituosos*. Como a placa é cheia deles mas nenhum problema, então o problema deveria estar nos circuitos integrados (CIs). *evidente que a coisa é muito mais complicada que isso. Mas também não sei explicar. Por sorte (ou por azar, boas placas tem dois ou mais), essa placa só tem um CI por canal, e dois nos Masters. Comprei seis CIs (só ir na loja com os nomes que estão escritos em cima do CI antigo), para trocar em dois canais e nos masters. Além do CI, comprei um soquete DIP, de forma que o soquete é soldado e o CI é encaixado no soquete. Ou seja: se no futuro eu precisar trocar de CI, não preciso soldar mais nada. O que posso dizer é que deu um trabalhão. Além de desmontar um bom pedaço da mesa (1 canal e os dois masters), dessoldar 8 soldas minúsculas é muito difícil para quem não tem experiência no assunto, como eu. Mas com persistência e o sugador de solda conseguimos, depois de uns 20 minutos, soltar tudo e encaixar o soquete para o circuito. Já ressoldar é facílimo: a solda antiga puxa a nova com extrema velocidade e praticidade. Se foram 20 minutos para tirar, para colocar no lugar 1 único minuto resolveu. Os Masters levam 2 CIs cada um. Fomos fazendo aos poucos, trocando e testando, verificando se mudou alguma coisa. Mas valeu a pena: O problema não estava nos canais, mas em um dos CIs dos masters. O som saiu de muito ruim a decente. Não é nenhuma Mackie (bem longe disso), mas a mesinha tem bons recursos, e "quebra um galhão" para quem está acostumado com Ciclotron MXS. Agora já dá para emprestar a mesa! Levei 3 horas de trabalho e os 6 soquetes e 6 circuitos integrados me custaram R$ 15,00. Fico só imaginando quanto custaria se tivesse levado em alguma assistência técnica, ainda mais se for "autorizada". 6) Microfone de violino Missão: tentar consertar "isso": "Isso" é uma tremenda gambiarra que outro amigo, de outra igreja, usa como microfone de violino. Nada mais é que uma cápsula de microfone de lapela da LeSon com um cabo grande e uma tremenda gambiarra no lugar da pilha: Esse capacitor e a resistência são os mesmos que ficam dentro do guarda-pilha do lapela da LeSon. Mas será que alguém não conseguiria montar algo "menos feio"? Por sorte, a cápsula estava ruim, constatada pelo multímetro. Foi para o lixo! Tem gambiarra bem feita, mas esta... 7) Microfone de lapela LeSon ML-8 Missão: tentar recuperá-lo. Também veio junto com o microfone "de violino". Olhem só o tamanho deste microfone em relação ao ML70, o que a LeSon atualmente fabrica: Reparem como, em algumas décadas (pois o ML-8 tem mais de década de idade e não é mais fabricado), como os componentes foram reduzidos. Se o atual é bem discreto, o antigo... Na foto, a cápsula ruim do "microfone de violino" (na verdade, uma cápsula de ML-8) e uma cápsula avulsa do ML-70 Uma das cápsulas está boa, mas a outra ruim. Até dava para cortar uma fora, mas preferi dizer que está ruim logo. 8) Dois Microfones de lapela LeSon ML-70 Missão: tentar salvar os microfones Por mais que eu diga: "desiste de usar lapela, isso não presta", tem sempre um que fala que está sem dinheiro, e que tem que consertar de qualquer jeito, que na igreja dele funciona bem.. e eu acredito, e acabo ajudando! O problema, quase sempre, ou é cápsula com defeito ou é fio solto. Um estava com fio solto mesmo, mas antes de fazer soldas minúsculas resolvi testar as cápsulas no multímetro: Esta está rompida. Notem que o multímetro não apresenta impedância alguma (o número 1 se refere a impedância infinita, circuito rompido). Já a outra, a do fio solto, está boa. O multímetro marca o valor esperado, já que a cápsula é de 1KOhm (1.000 Ohms). Fazer solda em uma cápsula de 7 mm de diâmetro não é fácil: Mas com cuidado e muito trabalho e paciência, conseguimos: Microfone funcionando perfeito. Um pedacinho de fita isolante ajudou a melhorar o positivo, que ficou descascado demais para o meu gosto. 9) Dois Earsets com defeito Missão: tentar fazer uma cirurgia e consertar estes microfones. Minha denominação tentou, em 2006/2007, usar esses microfones aqui: São mics ominidirecionais de excelente qualidade, não distorcem e tem ótima sonoridade. Vi alguns pregadores famosos pelos gritos nas pregações falarem nele com excelente sonoridade e sem problemas. Vieram com uma caixinha Que faz o papel de suprimento de energia (a cápsula é condensadora), e um pequeno circuitinho de balanceamento (por baixo da pilha, não dá para ver) e até chave On/Off. Esse mic foi um projeto de um irmão da minha denominação em outra cidade, e fez muito sucesso, pois minha denominação tem muitas igrejas com a dupla "lapela LeSon + Ciclotron MXS (pode existir algo pior?). Assim, esses mics foram grandes avanços, pois tinham muito menos problema de microfonia, e uma sonoridade melhor (dentro do limite da MXS). Usamos até hoje um desses no Anfiteatro, adaptado em um sem fio AKG, e a sonoridade é realmente muito boa. Não sei falar de quanto custava, pois eles eram distribuídos gratuitamente pelas igrejas da minha denominação. Sei que era fabricado em São Paulo. Não devia ser muito caro, mas também não era muito barato. Só que, passados alguns meses, descobriu-se um pequeno problema: o mic é extremamente frágil. Os fios, finos como cabelo, se rompiam facilmente. A cápsula, de incríveis apenas 3mm de diâmetro, não aguentava muita coisa também, quebrando facilmente. Após inúmeros deles voltarem com defeito em menos de um ano, desistiram, pois o custo de reposição estava alto demais. Os earsets quebravam quase sempre no mesmo lugar: na base, onde existe a solda de um fio finíssimo que corre por dentro do tubo de metal (o corpo do microfone) com um fio maior, que vai ao conector. Mas o mais comum era quebrar lá na ponta, próximo da cápsula, onde havia a solda da cápsula com o fio finíssimo. O problema é que eles são um pouco difíceis de acertar no posicionamento, e o usuário para corrigir segura pela ponta, onde há a solda, em vez de segurar pelo corpo. Ao tentar dobrar a ponta para acertar o microfone... quebra a solda. E estes dois, quebrados e sem reposição, pararam na minha mão. Eu já sabia que encontraria dentro deles soldas minúsculas e fios finos como cabelo, mas já que eu podia "brincar com eles"... Primeiro, retirei o espaguete que protegia a cápsula. Descobri nos dois soldas arrebentadas. Em um, foi o positivo que soltou, em outro foi o negativo. Observe na foto a comparação com a cápsula do ML-70 e do ML-8: A cápsula tem 3mm contra 7mm do ML-70 e 12 cm do ML-8. Mas não espere precisão nas medidas: foi no "olhômetro" e régua de plástico. O cabinho que é soldado na cápsula é muito fino, o mais fino que já vi. Desculpem as fotos fora de foco, mas a câmera simplesmente não tira fotos tão detalhadas. A melhor que consegui foi esta, em modo Macro e com zoom: Só que não dá para ter a idéia que estou trabalhando com um alicate minúsculo, com uma cápsula minúscula e fios minúsculos. Ah, eu não consegui ver com meus olhos estes detalhes, nem na lupa. Um dos mics estava com a malha mais curta que o positivo, indicando que alguém repuxou alguma coisa que não deveria. Na tentativa de consertar, "puxando" a malha "de leve", ela rompeu na saída do corpo. Na tentativa de puxar um pouco de fio para fora do corpo (um tubinho de alumínio também muito fino, soltei o espaguete do outro lado, tentei puxar para o lado da cápsula. Então, tive meu segundo momento "anta" do dia e puxei o fio para o lado contrário, e ele veio, rompendo a solda que ainda restava na cápsula e tirando metade do fiozinho para fora do corpo. E não consegui colocar de volta. Resultado do microfone 1: cápsula com soldas rompidas, espaguetes estourados, fiozinho fora do corpo. Foi parar tudo no lixo. No microfone 2, o problema era mais "simples". A solda do positivo havia rompido, mas a malha estava boa, seria apenas necessário um "pinguinho de solda" no lugar certo. Antes de tentar ressoldar, tentei testar para ver se a cápsula estava boa (se havia impedância medida no multímetro). Só que não consegui. As pontas do multímetro, mesmo sendo fininhas, fechavam curto. Não tive como testar, nem esta nem a outra. Eu simplesmente não conseguia colocar as pontas no lugar certo! Nem pude saber se o trabalho estava valendo a pena, pois de nada adiantaria soldar se a cápsula estivesse ruim. Mas, movido pelo desafio, fui tentar soldar. Na verdade, "tentar soldar" é uma palavra que não se aplica ao caso. Na verdade, senti-me como médico, em uma verdadeira cirurgia. Resultado? Não podia ser pior. Após várias tentativas, depois de inundar a cápsula de solda, fechando curto com tudo e todos, desisti. Remontei o microfone (vai servir para dar aulas) e descobri que esse tipo de microfone tem muitos motivos para ser caro, pois exige ferramental especial e mãos firmes como aço (robôs?). Isso explica também porque a Shure não conserta esse microfone. Se quebrar em garantia, eles trocam. Se quebrar depois da garantia, mandam você comprar outro! 10) Cachimbo de microfone Missão: consertar/colar Todo microfone vem com o seu cachimbo (nome da peça que segura o microfone no pedestal). O que pouca gente sabe é que, além de cuidar bem do microfone, é necessário cuidar bem do cachimbo, pois à exceção dos microfones de mão - encontrar cachimbos de reposição é tarefa quase impossível. Disso, já vi gambiarras das mais complicadas para prender microfones em pedestal. Olhem só o cachimbo que o Max trouxe, da igreja dele, de um mic Samson C02 (over/coral): Por falta de cuidado, quebrou. Provavelmente alguém fez do microfone alavanca para girar o cachimbo e o resultado é este aí. Eu faço o seguinte: seguro o cachimbo pela base e giro o braço do pedestal (só soltar a trava que o braço gira livremente). E nunca quebro cachimbos! Esse aí precisou da famosa SuperBonder: Mas para dar um reforço, usei um pedaço de colchete (peça de latão usada em escritórios, para prender papéis). Colei as partes plásticas e o colchete também, tudo junto, de forma que o pedaço de metal ajude a dar mais resistência às partes coladas. O resultado ficou muito bom: Fora isso, o "Dia de Manutenção" foi completado com cabos, muitos cabos. Esses exigem atenção constante, não tem jeito. Espero que alguma coisa aqui tenha ajudado a outros curiosos em eletrônica e a quem mais tiver seus problemas. Só lembre de prestar bastante atenção e pensar bastante.