RBE. VOL.6 N.2 1989 MONITOR RESPIRATóRIO UT~LIZANDO SENSOR CAPACITIVO (SEM CONTATO COM O PACIENTE) E. L. Alonso Jr', C. M. Campos Neto' RESUMO -- Este trabalha re~ere-se ao desenvolvimento, montagem e testes iniciais de um monitor respiratória, para medições da atividade respiratória neonatal sem contato direta com a paciente. O princípio utilizado explora o e~eito capacitivo existente entre um sensor e o tórax. O sensor constitui-se de uma das placas capacitivas, enquanto a outra é o tórax. Basicamente o transdutor é composta de um oscilador operando na freqü~ncia de 5 MHz, com o elemento capacitivo (placa metálica) fazendo parte do circuito tanque. Com a movimento respiratório, a distAncia do tórax em relaç~o ao sensor será traduzida eletricamente numa variaç30 de capacitAncia, acarretando um desvio da ~reqü~ncia central de oscilação do transdutor. Posteriormente o sinal é demodulado em freqüência, filtrada e amplificado, obtendo-se desta forma um sinal analógico correspondente ;ao movimento respiratório. O monitor possui ainda um circuito de supervisão de ocorrência de apnéia. INTRODUI;;AO A apnéia prolongada, definida como pausa respiratória de duração maior que 16(s), podem provocar graves conseqüências em neonatal. São vários as processas que podem desencadear uma apnéia: Hemorragia Intra-cranian;a causada par traumatismo de parta, Síndrome do Descon~orto Respiratório, Doença Cardíaca Congênita, entre outras. Diversas estudas realizados (7) concluiram que a ocorrência da apnéia tem como conseqüências importantes danos fisiológicas como a mani~estaç30 da hipertensão sistêmica e pulmonar, comprometimento neurol6gico, e até provocar a morte súbita do. in~ante (SMIS). Experiências realizadas (7) demonstram que existe correlaç3o entre a ~reqüência e a duraç30 das pausas respiratór-ias com a risco de ocorrência da SMIS. O sucesso no tratamento da insuficiência respiratória depende, na grande maioria dos casos. da precocidade da diagnóstico e da rapidez com que se iniciam as medidas terapêuticas. Devido a necessidade de monitorar a respiraç30 e com o desenvolvimento da eletrOnica surgiram os monitores de respiraç30 para auxiliar _o atendimento em berçários, UTI's neonatal e pediátrica. , Instituto Dante Pazzanese São Paulo -SP, Brasil. de Cardiologia/Fundação 488 Adib Jatene, o~ diferent~s princípios de respiratórion 540: transduçao empregados pelos monitores Termistor: Posicionado na saída da cavidade nasall - Strain-Gauge: ao redor de tóra>: I Utilizado preso a uma cinta elástica colocada - Eletrodos Metálicos: Colo.cados como eletrodos de ECG. sobre o tóra>: do paciente, A proposta desse trabalho consiste no desenvolvimento, construçao e testes de um monitor respiratório altenativo utilizando um trandutor cap&citivo. cuja vantagem principal ~ nao apresentar contato com o pacie~te. ~ DESCRIÇAD DO PROJETO aasicam~nte o equipamento consiste em duas partes: um transdutor c&pacitivo e uma unidade analógica de processamento, conforme apresentado no diagra~a de blocos da Figura I. a transdutor constitui-se de um oscilador tipo Clapp, operando na f~eqüência de 5 MHz, cujO elemento de tranduç30 é o capacitor que campOs o circuito tanque, responsável pelo valor central de oscilaç!o (Figura 2). a elemento sansor é uma placa metálica retangular de dimensOes 9>:13cm, que energizada produz um campo el~trico variável de bai>:a intensid.de. Partindo do princípio que objetos na vizin~ança do trandutor Qfetivamente aterrados (4), na faixa de freqüência de operaç~o do o~cilador, ser.i formado um capacitor entre a placa sensora e tórax do paciente. Desta forma, deslocamentos superficiais devido-a respiração irão traduzir-s8 em desvio da freqü~ncia central de oscilaç30. est30 Na saída. do transdutor tem-se um sinal senoidal modulado em freqüência que entrará no circuito de demodulação. Utilizou-se o princípio PLL (~hased Locked Loop> , o qual facilita o síncronismci com o transdutor numa faiXA ampla. o sinal demodulado passa por um circuito de ajuste de linha de base. para eliminar a variaçlo do nível DC durante o posicionamento do transdutor em relação ao tórax, Como o espectro de freqüência do sinal respiratório est.i compreendido entre 0,05 Hz e 3 Hz (7) projetou-s~ um filtro passa faixa de 0,01 Hz a 7 Hz. Apó~ respiraçSo ajust~v~l. as filtragens e correção da linha de b~se, o sinal de passa para um estágio de amplificaç30 com ganho A import~ncia deste ajumte é o controle do operador 489 sobre a amplitude do sinal respiratório, nas diversas distâncias de posicionamento do transdutor. o monitor possui um circuito de deteção da pausa respiratória para lOs ou 20s. Possui uma saída analógica pará um registrador e um indicador de amplitude tipo galvanômetro no painel frontal. TESTES DO TRANSDUTOR Para avaliar a linearidade e a focalização da trandutor alguns testes foram realizados. Na Figura 3 pode ser verificada a curva referente a distância entre o transdutor e o abjeto a ser detectado (placa metálica 30mmx30mm). Cama na prática o movimento respiratória são pequenos, a resposta pode se considerada linear. Na Figura 4 pode ser verificada a focalização da transdutor. A curva de focalização foi levantada pela deslocamento lateral (d) de um p~queno cuba metálico (10mmxl0mmxl0mm), posicionado às várias distâncias do transdutor. Esse deslocamento foi feito no semi-plano definida pela placa sensora. O cuba foi deslocado de uma maneira a obter 5 pontos par curva, para uma distância h, os quais foram interpolados. Pode-se observar pela curva que foi conseguido um desvia de freqüência de oscilação maior na regiªo central. TESTES EM PACIENTES O aparelho foi testada em dois prematuros, que se encontravam em estufas. O transdutor foi posicionado sabre o abdÔmen a uma distância média de 20 em. O primeira prematura se encontrava em freqüentes apnéias, que foram detectadas pelo aparelho, segundo o médico avaliação que colaborou com os testes. No segundo experimento foi executada a monitorização em prematura com administração de oxigênio. Durante o teste, a taxa do oxigênio foi propositalmente reduzida gradativamente, até ficar totalmente desligada. Nesta fase foi constatada que a amplitude do sinal respiratória se manteve inalterada. Foram feitos alguns registros da respiração em um adl~lto normal, que foi instruído para realizar algumas manobras: - Apnéia pós-expiratória manter pulmões vazios após a expiração, Figura 5A; - Apnéia pós-inspiratória - reter o ar nos pulmões após a inspiração, Figura 5B; - Apnéia nor~al - simplesmente parar de respirar, Figura 6. 490 CONCLUSAO um método o monitor respiratório proposto constitui informações do movimento respialternativo capaz de fornecer ratório, sem que haja contato direto com o paciente o que ocorre com outros tipos sensores. Os testes realizados, embora em ndmero reduzido de pacientes Idoisl, mostraram que este monitor oferece as informações necessárias para o controle na respiração do neonato e pela simplicidade do uso. Um fator de interferência neste tipo de sensor é que qualquer movimento que não o respiratório será detectado pelo aparelho, o que é um ponto negativo na apnéia obstrutiva. Neste caso haverá movimento do neonato e o aparelho não acusará o bloqueio respiratório. Foi percebido a necessidade de processar digitalmente de forma a analizar padrões para reconhecer tal situação ou outras que ainda não foram experimentadas. Com r~lação a alimentação do transdutor, atualmente feita por tensão, notou-se a necessidade de alterar para fonte de corrente, pClis o movimento do cabo de interligação transdutor/aparelho causa interferência central de oscilação. Durante os testes com os dois prematuros, o transdutor ~oi colocado dentro da estufa, pois a distância máxima para uma boa captação do sinal é de apenas 20cm, o que impossibilitou posiciónálo sobre a estufa. Este incoveniente é atualmente uma limitaçgo, concluindo que será necessário reavaliar a sensibilidade do sen~nr, sendo que uma alternativa é a minimização do tamanho para que se possa ser esterilizado e posicionado dentro da estufa. REFEFc~NCIAS 1. BOLTON M., MACGREGOR J., GRASSIE J.G. 119731, "The of my Cardial Movement by Field Detection", Biological Engineering, Dresden. Characteri~ation Digest 2. CAI"IPOS C.M. 119831, "Desenvolvimento de Deslocamento", tese de mestrado. 3. FARIAS, R.A.C. 119831, um Cardiógrafo de "Curso de Bioengenharia E.E. Mauá". 4. L.Uf<JANOFF, E.F., LAPSHINA, G.B., (1973) "A Method for Noncontacting Unipolar Capacitance Recording of Physiological PI-ocesses", in Oigest 10th. Int. Conf. Med. Biol. Eng. e Oresden, E. Germany. 491 5. PALAS R., G{~LW,N .J., "DE,t.l?ctcwes Pasj,vos deI Ritmo Car-dio.... -.... e.pi .... ato .... io: Alte nativas no EI ect .... ometri as" , Depa.... tamento Telecomunicación B celona-Apto 30.002. 6. 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The t .... ansduce.... e>:plo .... es the elet .... ic inte.... action between a sensor plate and the thorax, resulting in a variable capacitar, this capacitar belongs to the tunning circuit Df a 5MHz give wave oscillator. The supe.... fic' ai .... espirato.... y displacement of the thorax with the ~lectrically conversed in a perturbaticn of the transducer centr'al oscillatian fr-equency~ i.e., frequency modulat.ion .. This signal IEEE, 10, Pagas 102-710. pa;;ses thr-ougtl a pl'·ocassing unit composed tJy demodulating, ftlt .... ation and amplification, ci .... cuit the outPLlt is arl arlalog signal corr-esponding to the thoraxic moviement. This monitor own the apncea ocorrency supervision circuito 492 • U(JIIf) 701 FIGURA-2 .• 1;~lIId' f..- NU.. ' 4,8 oi:1.0 Lo> ltltzl TRANSOUTOfl OJ i • 50 ~ 40 .'• 30 ...., ~D f ... .....,... \ Placa lhlcilice li< 10 fr-- c... .. o 20 ~ I .\"-' m 15 Ir ~ 40~ j FIGURA-1 t Metálico 15 30 4' 60 75 90 105 120 I~ "1_) FIGUitA-3- SEItSl8lUDADE DO TAANSDUTOR lI] 30 .. [Q 45_ lI] IG_ ..:. I~ fIG.5- -,: t. '===: =.: =.-::: =::::_.......:. FIGUflA-4 iT.1' /1 1I .1-1 I FiG.6 ..... --. -....-.-.. ...... _ _ mTI