Revistas digitais educativas para tablet: possibilidade de enriquecimento audiovisual da revista Nova Escola Francisco Rolfsen Belda FAAC - UNESP e-mail: [email protected] Danilo Leme Bressan FAAC - UNESP e-mail: [email protected] Felippe Souza Lima FAAC - UNESP e-mail: [email protected] Gisleine Durigan FAAC - UNESP e-mail: [email protected] Comunicação Oral Pesquisa em andamento RESUMO EXPANDIDO Introdução As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) têm proporcionado diversas oportunidades de ensino e aprendizado dentro e fora do ambiente escolar. Com a popularização das plataformas de leitura digital, como os tablets, por exemplo, faz-se necessário a adaptação do conteúdo dos materiais didáticos e 1 paradidáticos para estas novas plataformas digitais, as quais já são de uso comum entre crianças, jovens e adultos para os mais diversos fins. O termo adaptação não designa apenas a transposição do conteúdo presente nestes materiais para as plataformas digitais tal qual foi concebido para o suporte impresso. É necessário que nesta transposição sejam incorporados e explorados os recursos multimidiáticos que tais plataformas permitem, enriquecendo, assim, a experiência dos alunos com este material e tornando o processo de aprendizagem mais lúdico, interativo e dinâmico. Novas tecnologias, entretanto, impõem novos desafios na produção de tais conteúdos. Além da preocupação com a qualidade textual e com o conteúdo pedagógico, os profissionais envolvidos precisam pensar em como estes conteúdos serão dispostos ao longo do projeto gráfico e em sua relação de complementariedade e sincretismo na construção de sentido. Esta tarefa exige equipes multidisciplinares capazes de compreender as características e especificidades da produção de cada tipo de conteúdo. Manovich em sua obra Language of New Media1 (2001), faz reflexões acerca dos critérios para que uma mídia seja considerada “nova”. De acordo com o autor, a definição popular de nova mídia geralmente a identifica pelo uso de um computador para distribuição e exibição, assim como para sua produção. Desta forma, textos e fotos distribuídos através de um computador (via websites e e-books) são considerados como novas mídias e os mesmos textos e fotos em sua versão impressa não são. Diante deste paradoxo, Manovich questiona se devemos aceitar tais definições que parecem limitar a discussão diante da dimensão que envolve todo o processo da cultura digital. O fato de um texto, foto, vídeo ou qualquer outro elemento possuir um correspondente em versão digital não faz com que ele se torne necessariamente melhor ou mais inovador do que sua versão em qualquer suporte analógico. Para que isto ocorra, é necessário que as potencialidades, características e recursos do meio digital sejam de fato incorporados a estas mídias. O presente trabalho realiza um estudo sobre a transformação da revista digital expandida Nova Escola, da Editora Abril, para revista nativa digital. O trabalho 1 Linguagem na nova mídia, sem tradução para o português 2 apresenta ainda as características das publicações nativas digitais, analisando as possibilidades de desenvolvimento editorial em plataformas digitais móveis de comunicação. A revista Nova Escola é uma publicação voltada para professores e educadores de todas as áreas, com abordagem de práticas pedagógicas. A revista apresenta matérias relacionadas aos conteúdos programáticos do ensino infantil, fundamental e médio, além de assuntos relacionados ao ambiente educacional e a práticas administrativas e de gestão de instituições de ensino. Metodologia Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico para buscar o embasamento teórico da pesquisa. Em seguida, houve a análise das possibilidades de desenvolvimento editorial para as plataformas digitais com a discussão dos parâmetros técnicos e estéticos que condicionam a transposição de conteúdos gráficos e audiovisuais para o suporte digital com características de mobilidade e interatividade. Resultados A pesquisa está em andamento, mas até o presente momento, a partir do levantamento bibliográfico foi possível perceber que o design digital, especificamente, é utilizado para criar um ambiente para informação e torna-la consistente. Neste sentido, cada elemento gráfico e audiovisual deve ter sua função bem definida. Uma pesquisa exploratória revelou que as revistas nativas digitais, ou seja, construídas já para a plataforma tablet, são mais adaptadas ao meio digital do que as convertidas diretamente do impresso. Essas revistas se apropriam do ambiente virtual para deixar o usuário/leitor à vontade para construir seu ritmo de leitura por meio do conteúdo não estático oferecido e, ainda, transgredir as estruturas construídas no grid impressa. Discussão Nos últimos anos, o ambiente educacional tem facilitado a integração de tecnologias digitais com o objetivo de melhorar a experiência educativa dos alunos e 3 profissionais da educação. Diferentes estudos (Moura, 2010; Sung, et al., 2010) apresentam resultados positivos sobre o valor das tecnologias, em especial, as tecnologias móveis que possibilitam o acesso à informação independentemente do dispositivo ou do local (Johnson et al., 2011). De acordo com o estudo teórico, a principal característica das publicações digitais é a junção de elementos gráficos e editoriais tradicionais da mídia impressa com recursos digitais, interativos, hipertextuais e multimídia. No entanto, uma revista no tablet com conteúdo estático não deixa de ser uma revista digital, mas só explora os recursos de cada device, como por exemplo, o de folhear páginas (Minoru Horie, Pluvinage, 2012). Dessa forma, pode-se analisar na revista alguns recursos multimídia, como entrevistas com áudio, entrevistas em vídeo e alguns infográficos. Percebe-se que que estes recursos ficam restritos às páginas iniciais e os gráficos consistem em imagens estáticas que, ao clicar, são exibidas algumas informações adicionais. A revista não possui um conteúdo visual que chame a atenção, pois é claramente uma transposição da versão impressa com a adição de alguns recursos multimídia e poucos elementos gráficos que dão ordem de leitura para o usuário/leitor, mas nada que realmente acrescente ou torne a leitura da versão digital mais dinâmica e aprofundada. Considerações finais Com a popularização dos dispositivos móveis, tablets e smartphones, e seus recursos tecnológicos nativos que viabilizam mais interatividade e participação ao conteúdo apresentado estão presentes dentro e fora das salas de aula. As tecnologias móveis transformaram as relações sociais em todas as esferas e, assim, a área educacional deve acompanhar essas mudanças. Com isso, as editoras estão buscando cada vez mais a convergência de conteúdo para adaptá-lo ao público, da melhor forma possível. De acordo com este estudo, as análises das possibilidades de adaptação de conteúdo são pertinentes ao público-alvo da revista Nova Escola, pois já está presente no corpus analisado um mínimo de conteúdo multimídia. Sendo assim, é indicado salientar que se faz necessário, para a transposição total, a adaptação da equipe de produção da revista para pensar o produto no formato proposto. Além 4 disso, esse conteúdo menos estático visa à mudança de pensamento e comportamento do educador por meio de um processo reflexivo, crítico e criativo e, ao mesmo tempo, coloca o profissional no cotidiano do aluno. A tecnologia presente no ambiente educacional, por si só, não resolverá os problemas de uma sociedade em transformação, mas deve ser vista como um meio expressivo capaz de ajudar a superar as necessidades dos alunos e exemplificar, de forma intuitiva, aos professores resistentes à tecnologia e às exigências da sociedade de que faz parte. PALAVRAS-CHAVE Educação; Convergência; Revista digital; Revista Nova Escola; Tablet. 5 REFERÊNCIAS HORIE, Ricardo Minoru; PLUVINAGE, Jean. Revistas digitais para iPad e outros tablets. Arte-finalização, Geração e Distribuição. São Paulo: Bytes & Types, 2011. JOHNSON, L., ADAMS, S., Cummins, M. (2012). The NMC Horizon Report: 2012 K-12 Edition. Austin, Texas: The New Media Consortium. JOHNSON, L., ADAMS, S., Haywood, K., (2011). The NMC Horizon Report: 2011 K-12 Edition. Austin, Texas: The New Media Consortium. MANOVICH, L. The Language of new media. Cambridge: MIT Press, 2001. MOURA, A. (2010). Apropriação do telemóvel como ferramenta de mediação em mobile learning: estudos de casos em contexto educativo. Doutoramento em Educação, na área de especialização em Tecnologia Educativa, Universidade do Minho. SUNG, Y., HOU, H.-T., LIU, C.-K., CHANG, K.-E.(2010). Mobile guide system using problem-solving strategy for museum learning: a sequential learning behavioral pattern analysis. Journal of Computer Assisted Learning, 26(2), p.106115. 6