Espaço de Práticas em Sustentabilidade
Casos Práticos / BERACA
Maio de 2011
Água cristalina e
floresta preservada
“A Beraca inquestionavelmente tem profundo conhecimento de seu negócio, com alta qualidade de ingredientes, a partir
da biodiversidade, preservando e desenvolvendo as comunidades.” - Silvia Gambin, executiva da empresa francesa de
cosméticos L’Occitane no Brasil.
A Beraca é originariamente uma empresa voltada para o tratamento de água, o que faz com que
as questões ambientais sejam uma preocupação desde a sua origem, em 1950. O setor é o mais
importante da empresa até hoje, representando cerca de 70% do faturamento da empresa. A
sociedade e administração da Beraca se mantiveram em família nas gerações seguintes, assim como
se manteve a preocupação de investir em pesquisa e desenvolvimento.
Atualmente (2011), cerca de 3% do faturamento de R$ 110 milhões anuais são convertidos em
investimentos para obtenção de novos produtos ou processos produtivos, sempre tendo em vista a
integração entre resultados para o negócio, preservação ambiental e geração de benefícios sociais.
Foi assim que a empresa conseguiu a patente do processo a partir do dióxido de cloro (ClO2), um
oxidante eficiente que reduziu em 50% a concentração de alumínio no tratamento da água. Em
Fortaleza, por exemplo, onde o processo foi adotado, houve um aumento de 12% no volume de
água tratado com o mesmo tempo de processo.
Em 2001, a Beraca passou a investir em uma nova linha de produtos, que fizeram a empresa aprofundar
seu envolvimento com a preservação ambiental e o desenvolvimento das comunidades que atuam na
sua linha de produção. “Desde a fundação, a Beraca fez questão de acompanhar todas as normas de
segurança e ambientais, mas a partir do projeto Brasmazon começamos uma política mais arrojada
nesse sentido”, afirma André Tomazelli Sabará, diretor de Responsabilidade Social da Beraca.
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Maio de 2011
Através de uma parceria com a Universidade Federal do Pará, a empresa começou a pesquisar
processos de extração de óleos de sementes, atividade que hoje é responsável por 40% da produção
da sua unidade em Ananindeua, região metropolitana de Belém. “Temos trabalhado com a Beraca
na Ilha do Marajó, encorajando a criação de uma cooperativa de mulheres para extrair sementes
para a indústria de comésticos. A Beraca tem construído uma ponte entre as regiões Sudeste e Norte.
Outras empresas da região estão seguindo a experiência”, conta Thomas Mitschein, coordenador do
Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da UFPA.
“
A Beraca tem construído
uma ponte entre a
regiões Sudeste e Norte.
Outras empresas estão
seguindo a experiência.”
Thomas Mitschen, coordenados do
Núcleo de Meio Ambiente da UFPA.
Entre os diversos fornecedores da Beraca, já
estiveram os índios caiapós do sul do Pará, além
de comunidades ribeirinhas e praieiras da Ilha do
Marajó. Ao todo, são 200 comunidades, com 1,4 mil
famílias, que vendem copaíba, andiroba, castanha,
cupuaçu, urucum, buriti e cupuaçu para a empresa.
A Beraca não só cuida da complexa logística de
recolhimento da matéria-prima como investe na
capacitação dos fornecedores.
O maior desafio está em equacionar os resultados econômicos, sociais e ambientais dessa linha de
negócios. Nessa equação entram diversas variáveis, como as safras dos produtos da floresta. A
castanha do Pará, por exemplo, é produzida a cada um ano e meio e a qualidade e tamanho da safra
varia muito. “É preciso fazer uma previsão, estoques, mas nada que a matemática financeira não
ajude. O que constatamos é que é possível ter negócio viável mantendo a floresta em pé”, afirma
Wellington Rodgerio, gerente financeiro da Beraca.
Os gestores da Beraca defendem a exploração sustentável da riqueza encontrada nos biomas
brasileiros. E com apoio dos seus clientes. “A Beraca inquestionavelmente tem profundo
conhecimento de seu negócio, com alta qualidade de ingredientes, a partir da biodiversidade,
preservando e desenvolvendo as comunidades. Nossa linha Sol do Brasil tornou-se diferenciada,
pois a partir de produtos como buriti, cupuaçu e castanha do Pará conseguimos princípios físicos
e não químicos que podem ser absorvidos pela pele para a proteção solar”, afirma Silvia Gambin,
executiva da empresa francesa de cosméticos L’Occitane no Brasil.
Além da valorização do produto florestal, a empresa
faz com que comunidades tradicionais amazônicas
consigam sair do ciclo da exploração de madeira
ou da exploração sazonal de alguns produtos.
Aproveitando a sazonalidade de sementes que
antes eram usadas apenas para consumo próprio,
os produtores conseguiram ampliar sua renda e
garantiram trabalho para o ano inteiro.
É o que acontece com algumas comunidades de
Igarapé-Mirim, cidade do nordeste paraense, que
atualmente fornecem sementes de buriti, uma
espécie de palmeira, para a empresa. “Antes, a
Dona Flora, que tem a extração do óleo de andiroba
gente ficava seis meses parado, pois o período
como fonte complementar de renda, na Ilha de Marajó
de colheita do açaí vai de junho até dezembro.
Agora, teremos a colheita do buriti para fazer, que começa em janeiro. A gente vai ter como alimentar
nossas famílias, pois vai ter trabalho durante o ano inteiro. Eu creio que através dessa inovação que
a Beraca trouxe, dessa aprendizagem de como aproveitar melhor nossos produtos, a gente vai ter
muitos benefícios”, afirma Vitor Borges, da comunidade do Rio Panacauera.
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I nvestimento Social
Ao lado de projetos inovadores com fins lucrativos, a Beraca trabalha também o bem-estar das
comunidades do entorno. A empresa oferece apoio a uma creche em Fortaleza, a um abrigo
de crianças vítimas da violência doméstica no interior de São Paulo, a projetos de qualificação
profissional em Pernambuco, além de doar hipoclorito de sódio para diversos hospitais e
instituições de ensino.
Em São Paulo está um dos projetos de destaque. Assistindo jovens entre 14 e 24 anos em situação
de risco, a empresa oferece formação profissional, acompanhamento psicológico e pedagógico
numa parceria com Núcleo Cristão Cidadania e Vida, que dá assistência a parte dos 40 mil habitantes
das sete favelas do Parque Mundo Novo, zona leste da capital paulista, bairro vizinho à uma das
unidades da Beraca.
“Nossa idéia é, cada vez mais, trabalhar para que todas as unidades tenham a prática da
sustentabilidade incorporada ao seu dia-a-dia”, afirma André Tomazelli Sabará.
O que a Beraca ganhou com as medidas?
•
Ampliou seu leque de clientes
•
•
•
Aumentou seu faturamento
Contribuiu para uma sociedade mais justa
Conseguiu certificados e prêmios que a diferenciam no mercado
Para saber mais
Conheça o Programa de Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia
Relatório 2007/2008 da Beraca
Beraca
Ficha da Prática
Empresa:
Beraca
O que faz:
Investe em processos para extração de óleos de sementes da Amazônia
Prática:
Capacita fornecedores de pequenas comunidades ribeirinhas para complementar a renda
no ano todo, saindo do ciclo de exploração da madeira ou da exploração sazonal de
produtos.
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