PR UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE CURITIBA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA E DE MATERIAIS - PPGEM RUBEM MATIMOTO KOIDE ALGORITMO DE COLÔNIA DE FORMIGAS APLICADO À OTIMIZAÇÃO DE MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS CURITIBA FEVEREIRO – 2010 RUBEM MATIMOTO KOIDE ALGORITMO DE COLÔNIA DE FORMIGAS APLICADO À OTIMIZAÇÃO DE MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de Concentração em Mecânica dos Sólidos e Vibrações, do Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus de Curitiba, da UTFPR. Orientador: Prof. Marco A. Luersen, Dr. Eng. CURITIBA FEVEREIRO – 2010 TERMO DE APROVAÇÃO RUBEM MATIMOTO KOIDE ALGORITMO DE COLÔNIA DE FORMIGAS APLICADO À OTIMIZAÇÃO DE MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia, área de concentração em Mecânica dos Sólidos e Vibrações, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais. _________________________________ Prof. Giuseppe Pintaúde, Dr. Eng. Coordenador de Curso Banca Examinadora ______________________________ _________________________________ Prof. Marco Antônio Luersen, Dr. Eng. (UTFPR) Prof. Pablo Andrés Muñoz-Rojas, Dr. Eng. (UDESC) ______________________________ _________________________________ Prof. Jucélio Tomás Pereira, Dr. Eng. (UTFPR) Prof. Lauro César Galvão, Dr. Eng. (UTFPR) Curitiba, 23 de fevereiro de 2010 iii Dedico este trabalho a Deus que é a fonte de toda criação. Aos meus pais Masaaki Koide e Fugico Matimoto Koide que iniciaram minha educação. À minha esposa Ângela R. Kampa M. Koide e meu filho Rubem Kenzo Kampa Koide pelo apoio e compreensão. iv AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por tornar tudo possível. Agradeço a minha família, em especial minha esposa Ângela, pelo incentivo, pela compreensão e apoio durante o curso. Ao professor e orientador Marco Antonio Luersen por auxiliar na conquista deste desafio. Aos professores do PPGEM por transmitirem seus conhecimentos. Ao PPGEM e CITEC/LAMES pela infraestrutura e administrações disponibilizadas. À centenária UTFPR pela infraestrutura física e administrativa. Aos colegas do LAMES ao compartilhar as idéias e pela amizade. Ao colega Gustavo Von Zeska de França pela colaboração na programação em MATLAB. À Capes por proporcionar os recursos para a pesquisa. v “Vá em frente, que a fé virá até você.” Conselho dado por D’Alembert a Laplace vi KOIDE, Rubem Matimoto, Algoritmo de colônia de formigas aplicado à otimização de materiais compostos laminados, 2010, Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 113 p. RESUMO O algoritmo de colônia de formigas é uma heurística que foi formulada na década de 1990 por Marco Dorigo. A idéia foi inspirada no comportamento de formigas reais, relacionada às suas habilidades em encontrar o caminho mais curto entre o ninho e o alimento. Esta busca é efetuada através da exploração das trilhas de feromônio, substância química depositada pelas formigas durante seu percurso. Devido a este comportamento cooperativo e eficaz de busca, elas vão construindo alternativas melhores no caminho para encontrar o alimento. Este comportamento foi então simulado em algoritmos de otimização, conhecidos como otimização com colônia de formigas (ACO, do inglês Ant Colony Optimization). Assim, esta dissertação tem por objetivo estudar e aplicar o método de colônia de formigas à otimização de materiais compostos laminados. Tais materiais são formados pelo empilhamento de lâminas, sendo que uma lâmina é composta por uma matriz, geralmente polimérica, reforçada por fibras. Normalmente sua otimização está relacionada às melhores configurações dos ângulos de orientação das lâminas, e consequentemente das fibras. A variante Ant Colony System (ACS) é implementada na plataforma Matlab e aplicada a problemas de otimização de placas compostas laminadas como a maximização da resistência, a minimização do peso, a minimização do custo e a maximização da frequência fundamental. Este último problema foi também resolvido com uma interface com o programa de elementos finitos ABAQUS, possibilitando assim a otimização de problemas cuja resposta estrutural não possui solução analítica. Os testes numéricos realizados indicam que o método é competitivo, em relação às outras técnicas encontradas na literatura, para a otimização de materiais compostos laminados. Palavras-chave: Otimização com colônia de formigas, Meta-heurística, Materiais compostos laminados. vii KOIDE, Rubem Matimoto, Ant colony optimization applied to laminated composite materials, 2010, Thesis (Master in Engineering) - Programa de Pósgraduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 113 p. ABSTRACT The ant colony algorithm is a heuristic formulated in the decade of the 1990s by Marco Dorigo. The idea was inspired by the behavior of real ants, related to their ability to find the shortest path between the nest and the food. This search is run by exploiting pheromone trails, a chemical substance deposited by the ants during their journey. Due to this cooperative behavior and effective search, they build better alternatives on the path to find food. This behavior was then simulated in optimization algorithms, called Ant Colony Optimization (ACO). Thus, this dissertation aims to study and apply the ant colony method to the optimization of laminated composite materials. This kind of material is made by stacking plies where each ply is composed by a usually polymeric matrix, reinforced by fibers. Usually, its optimization is related to the best settings of the orientation angles of the plies, and consequently the fibers. The variant Ant Colony System (ACS) is implemented and applied to laminated composite plate problems, such as the maximization of the strength, the minimization of the cost and the maximization of the fundamental frequency. This last problem was also solved using an interface with the finite element program ABAQUS, allowing the optimization of problems without analytical solution for the structural response. The numerical tests carried out indicate that the method is competitive compared to other techniques found in the literature for optimization of composite laminates materials. Keywords: Ant colony optimization, Meta-heuristic, Laminated composite materials. viii SUMÁRIO RESUMO.................................................................................................................... vi ABSTRACT ............................................................................................................... vii LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. xi LISTA DE TABELAS .................................................................................................xiii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................... xv LISTA DE SÍMBOLOS.............................................................................................. xvi 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................1 1.1 Considerações Gerais ............................................................................................................. 1 1.2 Objetivos e Organização do Trabalho ..................................................................................... 2 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................4 2.1 Otimização e Problemas de Otimização.................................................................................. 4 2.2 Otimização Estrutural de Materiais Compostos....................................................................... 5 2.3 Algoritmo de Colônia de Formigas Aplicado a Materiais Compostos Laminados................. 10 3 CONCEITOS DA MECÂNICA DOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS .13 3.1 Definições e Generalidades................................................................................................... 13 3.2 Comportamento Macromecâmico de uma Lâmina................................................................ 16 3.3 Comportamento Macromecânico dos Laminados via Teoria Clássica dos Laminados ........ 21 3.4 3.5 3.6 4 3.3.1 Tensões e Deformações em Laminados .......................................................................... 22 3.3.2 Forças e Momentos Resultantes no Laminado ................................................................ 25 Critérios de Falha................................................................................................................... 30 3.4.1 Teoria da Máxima Tensão ................................................................................................ 30 3.4.2 Teoria da Máxima Deformação ........................................................................................ 31 3.4.3 Teoria de Tsai-Hill............................................................................................................. 31 3.4.4 Teoria de Hoffman ............................................................................................................ 32 3.4.5 Teoria de Tsai-Wu ............................................................................................................ 32 Frequência Natural e Carga Crítica de Flambagem de Laminados ...................................... 32 3.5.1 Frequência Natural ........................................................................................................... 33 3.5.2 Carga de Flambagem ....................................................................................................... 34 Alguns Aspectos sobre o Projeto de Compostos Laminados................................................ 35 ALGORITMO DE COLÔNIA DE FORMIGAS .....................................................38 ix 4.1 4.1.1 Algoritmo Ant System - AS ............................................................................................... 42 4.1.2 Algoritmos de Otimização de Colônia de Formigas (ACO) .............................................. 44 4.2 Aplicações da Técnica de Otimização de Colônia de Formigas ........................................... 49 4.3 Ant Colony System (ACS) Aplicado a Materiais Compostos Laminados .............................. 50 4.4 ACO Associado ao Método dos Elementos Finitos (ABAQUS) ............................................ 58 5 6 Origem dos Algoritmos de Colônia de Formigas ................................................................... 38 RESULTADOS NUMÉRICOS E DISCUSSÃO ...................................................61 5.1 Caso 1 - Maximização do Fator Crítico de Carga.................................................................. 61 5.2 Caso 2 - Minimização do Peso com Restrição na Carga de Flambagem para Laminado Híbrido.................................................................................................................................... 69 5.3 Caso 3 - Minimização do Custo com Restrição na Carga de Flambagem e no Peso para Laminado Híbrido................................................................................................................... 72 5.4 Caso 4 - Maximização da Frequência Fundamental de Placas Retangulares...................... 75 5.5 Maximização da Frequência Fundamental de Placas Quadradas e Retangulares com um Furo Central ........................................................................................................................... 79 5.5.1 Caso 5 - Placa Quadrada com Furo Central .................................................................... 80 5.5.2 Caso 6 - Placa Retangular com Furo Central................................................................... 82 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ....................85 PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO PERÍODO (Março 2008 – Fevereiro 2010)...............87 REFERÊNCIAS.........................................................................................................88 APÊNDICE A – PRINCIPAIS ALGORITMOS de COLôNIA DE FORMIGAS ............95 APÊNDICE B – FLUXOGRAMA DO ALGORITMO ACO APLICADO AOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS...............................................................100 APÊNDICE C – MODOS DE VIBRAÇÃO FUNDAMENTAL DE PLACAS APRESENTADAs NAS SEÇÕES 5.4 E 5.5 ............................................................101 ANEXO A – TEORIA DOS GRAFOS ......................................................................105 A. INTRODUÇÃO..................................................................................................105 A.1 Definição .............................................................................................................................. 105 A.2 Representação do Grafo...................................................................................................... 106 A.3 Exemplo do Grafo ................................................................................................................ 106 A.4 Algumas Definições e Características dos Grafos .............................................................. 106 A.4.1 Grafo Simples ................................................................................................................. 106 x A.4.2 Peso do Grafo................................................................................................................. 106 A.4.3 Grafo Direcionado........................................................................................................... 107 A.4.4 Circuito Euleriano............................................................................................................ 107 A.4.5 Grafo Euleriano............................................................................................................... 107 A.4.6 Ciclo Hamiltoniano .......................................................................................................... 108 A.4.7 Grafo Hamiltoniano ......................................................................................................... 108 A.4.8 Grafo Bipartido................................................................................................................ 108 A.4.9 Grafo Valorado................................................................................................................ 109 A.5 Grafo Aleatório ..................................................................................................................... 109 A.6 Teorias de Probabilidade Estocástica ................................................................................. 110 A.6.1 Probabilidade Condicional .............................................................................................. 110 A.6.2 Fórmula da Probabilidade Total...................................................................................... 110 A.6.3 Fórmula de Bayes........................................................................................................... 110 GLOSSÁRIO ...........................................................................................................112 xi LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 - Material composto laminado. .................................................................14 Figura 3.2 - Sistema de coordenadas principais do material.....................................16 Figura 3.3 - Sistemas de coordenadas x-y e 1-2.......................................................20 Figura 3.4 - Deformação de um laminado segundo a TCL........................................23 Figura 3.5 - Geometria e definição das coordenadas ao longo das camadas do laminado.............................................................................................................26 Figura 3.6 - Representação do sentido positivo das forças e momentos resultantes no laminado........................................................................................................27 Figura 3.7 - Acoplamentos dos termos das matrizes constitutivas............................29 Figura 3.8 - Placa retangular sujeita a carregamentos compressivos. ......................35 Figura 4.1 - Experimento da ponte dupla para trilha de formigas..............................39 Figura 4.2 - Formação da trilha de feromônio na busca do alimento. .......................40 Figura 4.3 - Pseudocódigo do algoritmo ACO. ..........................................................45 Figura 4.4 - Representação de ACO aplicado a material composto laminado. .........51 Figura 4.5 - Representação esquemática do grafo para um laminado de 4 lâminas e 3 opções de orientações (0°, 45° ou 90°)...........................................................54 Figura 4.6 - Exemplo do grafo para um laminado [0, 45, 90,45]................................55 Figura 4.7 – Exemplo de grafo para um laminado híbrido [ 45mat1 , 0mat 2 , 0mat1 , 90mat 2 ]. .56 Figura 4.8 - Pseudocódigo do ACO aplicado a material composto laminado............57 Figura 4.9 - Pseudocódigo para a busca local. .........................................................58 Figura 4.10 - Fluxograma da integração do ACO, desenvolvido em Matlab, com o ABAQUS. ...........................................................................................................60 Figura 5.1 - Placa quadrada com furo de diâmetro D . .............................................80 Figura 5.2 - Malha da placa quadrada com furo de diâmetro D = 0,08 m................81 xii Figura 5.3 - Primeiro modo de vibração da placa quadrada com furo de diâmetro D = 0,08 m. ............................................................................................................82 Figura 5.4 - Primeiro modo de vibração da placa retangular com furo de diâmetro D = 0,06 m. ............................................................................................................84 Figura A.1 - Exemplo de grafo.................................................................................105 Figura A.2 - Exemplo de grafo direcionado. ............................................................107 Figura A.3 - Exemplo de grafo Euleriano (As pontes de Königsberg). ....................107 Figura A.4 - Exemplo de grafo bipartido. .................................................................108 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 2.1 - Influência dos parâmetros no projeto de compostos laminados (HAFTKA e GÜRDAL, 1992). ...............................................................................................7 Tabela 3.1 - Número de possíveis soluções em função da quantidade de lâminas e de orientações....................................................................................................37 Tabela 3.2 - Número de possíveis soluções em função da quantidade de lâminas e de materiais........................................................................................................37 Tabela 4.1 - Correspondência entre a natureza e o ACO. ........................................41 Tabela 4.2 - Parâmetros para o ACS. .......................................................................49 Tabela 4.3 - Representação do ACO aplicado a materiais compostos laminados. ...52 Tabela 5.1 - Propriedades da lâmina de grafite/epóxi. ..............................................63 Tabela 5.2 - Cargas aplicadas no laminado. .............................................................63 Tabela 5.3 - Caso 1: Comparação de resultados entre ACO (presente trabalho) x ACO de AYMERICH e SERRA (2008)* para o carregamento 2. .......................64 Tabela 5.4 - Ótimos práticos para o carregamento 1 (KOGISO et al., 1994a). .........65 Tabela 5.5 - Ótimos práticos para o carregamento 2 (KOGISO et al., 1994a). .........65 Tabela 5.6 - Ótimos práticos para o carregamento 3 (KOGISO et al.,1994a). ..........66 Tabela 5.7 – Parâmetros adotados nos testes do caso 1 com ACO. ........................67 Tabela 5.8 - Comparação do desempenho sem busca local do ACO x AG..............68 Tabela 5.9 - Comparação do desempenho com busca local do ACO x AG..............68 Tabela 5.10 - Propriedades das lâminas. ..................................................................69 Tabela 5.11 - Valores mínimos para o fator crítico de flambagem e cargas aplicadas no laminado........................................................................................................70 Tabela 5.12 - Caso 2: Comparação ACO (presente trabalho) x AG (GIRARD, 2006). ...........................................................................................................................72 xiv Tabela 5.13 - Valor mínimo para o fator crítico de flambagem e cargas aplicadas no laminado.............................................................................................................73 Tabela 5.14 - Caso 3: Comparação ACO (presente trabalho) x AG (GIRARD, 2006). ...........................................................................................................................75 Tabela 5.15 - Características da placa de laminado. ................................................76 Tabela 5.16 - Propriedades do grafite/epóxi. ............................................................77 Tabela 5.17 - Caso 4: Sequência ótima de empilhamento de placa retangular. .......77 Tabela 5.18 - Caso 4: Sequência ótima de empilhamento de placa retangular obtida via ACO/ABAQUS. .............................................................................................79 Tabela 5.19 - Caso 5: Sequência de empilhamento ótima da placa quadrada com furo com ACO/ABAQUS.....................................................................................81 Tabela 5.20 - Sequência de empilhamento da placa retangular com furo com ABAQUS. ...........................................................................................................83 Tabela 5.21 - Caso 6: Sequência ótima de empilhamento da placa retangular com furo (ACO/ABAQUS). .........................................................................................83 xv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACO - Ant Colony Optimization ACOR - Ant Colony Optimization for Contínuos Domains ACS - Ant Colony System AF - Avaliação da Função Objetivo AG - Algoritmo Genético AS - Ant System ASRANK - Rank – Based Ant System CAE - Computer Aided Design, Módulo do ABAQUS, extensão do nome do arquivo C-E - Carbono-Epóxi DP - Desvio Padrão MATLAB® - MATrix LABoratory - Programa de computação científica MCLACA - Multi City-Layer Ant Colony Algorithm MCLACAW1 - Multi City-Layer Ant Colony Algorithm Without Interchange ME - Média MEF - Método dos Elementos Finitos MMAS - MAX-MIN Ant System PSO - Particle Swarm Optimization S-ACO - Simple Ant Colony Optimization SIMPLE-ACO - Simple Ant Colony Optimization TCL - Teoria Clássica dos Laminados U - Unidade Monetária V-E - Vidro-Epóxi xvi LISTA DE SÍMBOLOS a A - Comprimento do laminado - Conjunto das arestas dos nós do grafo Aij - Matriz de rigidez extensional Amn - Coeficientes da série de Fourier da frequência natural b - Largura do laminado Bij - Matriz entre flexão e membrana de acoplamento C - Conjunto dos componentes C bs - Comprimento do circuito da melhor solução da iteração Cij - Coeficientes da matriz constitutiva do material C nn - Comprimento do circuito D - Diâmetro Dij - Componentes da matriz de flexão e - Espessura da lâmina E - Módulo de Young (Subseção 3.2) - Conjunto de arestas ou pares de vértices (Subseção A.1) f - Função a ser minimizada fBL - Solução gerada com a rotina de busca local fmin - A melhor solução da iteração f(x) - Função objetivo f* - A melhor solução Fs - Fator de segurança F( x ) - Função penalizada F12 - Coeficiente de acoplamento do critério de Tsai_Wu g - Aceleração da gravidade g j( x ) - Funções de restrições de desigualdade g min - Soma mínima da restrição g soma - Soma das restrições xvii g( x ) - A restrição g1 - Restrição para λcb g2 - Restrição para W G - Módulo de cisalhamento G( n ) - Grafo aleatório com n vértices G( N , A ) - Grafo dos nós N e arestas A h - Espessura do laminado hi ( x ) - Funções de restrições de igualdade J - Variável randômica selecionada pela probabilidade pijk k - Índice que indica o número da camada de laminado (Subseção 3.3.1) l - Formiga (Subseção 4.1.1) - Candidato do conjunto de soluções m - Material da lâmina (Seção 3.1) - Modo de vibração da frequência natural (Subseção 3.5.1) - Quantidades de formigas artificiais do ACS (Subseção 4.1.2.1) mat k - Material correspondente a cada par de lâmina Mx - Momento fletor resultante proveniente da distribução de tensões na direção x M xy - Momento torsor resultante em relação ao plano xy My - Momento fletor resultante proveniente da distribuição de tensões na direção y - Número de lâminas do laminado (Seção 3.1) n - Modo de vibração da frequência natural (Subseção 3.5.1) - Número de pontos no circuito das formigas (Subseção 4.1.2.1) - Número de pares de lâminas (Seção 5.1) ne - Número de restrições de igualdade ng - Número de restrições de desigualdade N - Conjunto de nós do grafo (Subseção 4.1) - Unidade de medida de força Newton (Seção 5.1) Ν ik - Conjunto das soluções das k -ésimas formigas NI - Número de iterações NL - Número total de lâminas xviii Nx - Força resultante (por unidade de comprimento) na direção x Ny - Força resultante na direção y N xy - Força cisalhante resultante em relação ao plano xy p - Meia onda na direção x na equação para modo de flambagem - Probabilidade da formiga k escolher o próximo nó j estando no nó pijk i P ( A) - Probabilidade de ocorrência do evento A P ( B) - Probabilidade de ocorrência do evento B P ( A / B ) - Probabilidade condicional de A dado B P (n) - Propriedade do grafo aleatório - Meia onda na direção y na equação para modo flambagem (Subseção 3.5.2) - Variável randômica entre 0 e 1 (Subseção 4.1.2.1) q q q0 - Parâmetro do ACS que indica a probabilidade do melhor movimento ( 0 ≤ q0 ≤ 1) Q - Matriz constitutiva reduzida Qij - Componentes da matriz constitutiva reduzida nas direções principais do material Q ij - Componentes da matriz constitutiva reduzida em direções quaisquer ℜn - Conjunto dos números reais n -dimensional s* - Solução ótima S - Domínio das variáveis da função objetivo (Seção 2.1) - Matriz de complacência (Subseção 3.2) - Resistência mecânica ao cisalhamento no plano 1-2 (Subseção 3.4.1) Sij - Coeficientes da matriz de complacência S12 - Tensão cisalhante no plano 1, 2 Sε - Deformação máxima cisalhante de falha t - Tempo T u bs - Conjunto com as melhores soluções das iterações - Deslocamento na direção x xix uc - Deslocamento u no ponto c u0 - Deslocamento na direção x no plano médio da placa U - Unidade monetária v - Deslocamento na direção y v0 - Deslocamento na direção y no plano médio da placa V - Conjunto de vértices ou nós do grafo V1 - Subconjunto de vértices ou nós do grafo do conjunto V V2 - Subconjunto de vértices ou nós do grafo do conjunto V ( V 1 ≠ V 2 ) w - Deslocamento na direção z w0 - Deslocamento na direção z no plano médio da placa W - Peso do laminado Wmax - Peso máximo do laminado X - Resistência na direção longitudinal às fibras - Conjunto das soluções (Seção 4.3) X - Conjunto das soluções factíveis Xc - Resistência mecânica em compressão da lâmina na direção longitudinal às fibras x, y - Deformação de falha à compressão da lâmina na direção longitudinal das fibras - Deformação de falha à tração da lâmina na direção longitudinal das fibras - Resistência mecânica em tração da lâmina na direção longitudinal às fibras - Coordenadas do plano x, y Y - Resistência na direção transversal às fibras Yc - Resistência mecânica em compressão na direção transversal Yεc - Deformação de falha à compressão da lâmina na direção transversal às fibras - Deformação de falha à tração da lâmina na direção transversal às fibras X εc X εt Xt Yεt Yt - Resistência mecânica em tração na direção transversal z - Direção perpendicular ao plano x, y (Seção 3.3) - Índice da sequência de empilhamento das lâminas (Subseção 3.3.2) zc - Deslocamento na direção z do ponto c zk - Espessura da lâmina k xx zk −1 - Espessura da lâmina k − 1 z0 - Espessura do laminado no ponto inicial 1,2 - Coordenadas do plano 1, 2 % - Comentário no pseudocódigo α - Parâmetro de controle de influência de feromônio (Seção 2.3) - Parâmetro de controle de influência de feromônio do AS (Subseção 4.1.1) β γ - Ângulo, declive do laminado após deformação (Subseção 3.3.1) - Parâmetro de controle da informação heurística do AS (Subseção 4.1.1) - Parâmetro de controle da informação heurística do ACS (Subseção 4.1.2.1) - Deformação cisalhante γk - Deformação cisalhante na direção principal da k -ésima lâmina γ xy - Deformação cisalhante no plano x, y γ 0xy - Deformação cisalhante xy no plano médio da placa γ xz - Deformação cisalhante em relação ao plano x,z γ yz - Deformação cisalhante em relação ao plano y,z γu - Deformação cisalhante admissível de falha γ12 - Deformação cisalhante no plano 1,2 Δb - Valor de bonificação Δg - Fator de relaxamento Δp - Valor de penalização Δτ k - Quantidade de feromônio a depositar pela formiga k Δτ ijbs - Quantidade de feromônio para a melhor solução da iteração εj - Componentes de deformação εk - Deformação normal na direção principal da k -ésima lâmina εu - Deformação normal admissível de falha εx - Deformação normal na direção x εy - Deformação normal na direção y ε0x - Deformação normal na direção x , atuando no plano médio da placa xxi ε0y - Deformação normal na direção y , atuando no plano médio da placa εz - Deformação normal na direção z ε2 - Deformação normal na direção 2 η - Informação heurística ou valor heurístico nf - Número total de avaliações da função objetivo θ - Ângulo de orientação da fibra na lâmina (Seção 3.1) - Ângulo do eixo x, y para o eixo 1,2 (Seção 3.2) θk - Ângulo de orientação de duas lâminas contíguas κx - Curvatura em x na superfície média após o deslocamento u0 κy - Curvatura em y na superfície média após o deslocamento u0 κz - Curvatura em xy na superfície média após o deslocamento u0 λc - Menor valor entre o fator crítico da carga de flambagem e o fator crítico de falha λcb - Fator crítico da carga de flambagem λcf - Fator crítico de falha λmin - Carga crítica mínima de flambagem ν - Coeficiente de Poisson ξ - Parâmetro da taxa de evaporação local de feromônio do ACS π ρ - Número PI - Parâmetro da taxa de evaporação de feromônio (Seção 2.3) σi - Densidade média ao longo da espessura (Subseção 3.5.1) - Parâmetro da taxa de evaporação de feromônio do AS (Subseção 4.1.1) - Parâmetro da taxa de evaporação global de feromônio do ACS (Subseção 4.1.2.1) - Componentes de tensão σx - Tensão normal na direção x σy - Tensão normal na direção y σ1 - Tensão normal na direção 1 σ2 - Tensão normal na direção 2 τ - Tensão cisalhante xxii τ xy - Tensão cisalhante no plano x, y τ 12 - Tensão cisalhante no plano 1,2 τ ij - Feromônio artificial τ0 - Valor inicial de quantidade de feromônio ω - Frequência natural ωmax - Máxima frequência fundamental Ω - Restrições do problema (Seção 4.3) - Conjunto não vazio (Subseção A.6.1) Capítulo 1 Introdução 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações Gerais Os materiais compostos laminados são usados atualmente em peças e componentes estruturais nas indústrias aeronáutica, automobilística, militar, espacial, principalmente devido às suas excelentes características de alta rigidez e baixo peso, e facilidade de adaptá-los às geometrias complexas. As aplicações têm se expandido também às indústrias de produtos esportivos, construção civil e de autopeças. Com o objetivo de melhorar o desempenho de compostos laminados via otimização de seu projeto estrutural, estuda-se qual a melhor configuração para a espessura das lâminas, os ângulos de orientação das fibras e diferentes tipos de materiais das lâminas. Geralmente estas variáveis têm valores discretos definidos em um espaço finito (por exemplo, comumentemente as opções de orientações das fibras são 0°, ± 45º e 90º para um dado material onde a espessura da lâmina é prédefinida). A conjugação destes parâmetros visando a otimização da estrutura leva a um problema de otimização combinatória em função dessas variáveis discretas. Uma forma bastante eficiente de resolver problemas de otimização combinatória é através de meta-heurísticas (BLUM e ROLI, 2003). Diversas meta-heurísticas foram testadas e usadas com o objetivo de otimizar materiais compostos laminados, como por exemplo, algoritmos genéticos (AG), busca tabu, simulated annealing, entre outros. Um dos mais atuais e promissores algoritmos heurísticos, que têm evoluído desde sua publicação na década de 1990 por Marco Dorigo (DORIGO e STÜTZLE, 2004), é o algoritmo denominado de otimização de colônia de formigas (ACO, do inglês Ant Colony Optimization). Ele baseia-se na simulação do comportamento real das formigas forrageiras que buscam seu alimento através das trilhas de feromônio e no comportamento denominado estimergia (em inglês stigmergy), que é o tipo de comunicação indireta entre as formigas, na qual elas rastreiam os melhores caminhos. Da aplicação deste conhecimento, via comportamento simulado com formigas artificiais, criou-se o algoritmo ACO. Este algoritmo busca melhores Capítulo 1 Introdução 2 soluções, nas trilhas em que se encontra maior quantidade de feromônio, com o controle de seu depósito e evaporação. Realizam-se também atualizações locais e globais de feromônio, melhorando assim a busca de resultados e alternativas por caminhos não trilhados. O avanço desta técnica em diversos problemas de otimização combinatória tem-lhe creditado razões para que se amplie sua aplicação, especificamente no presente caso aos problemas de otimização de estruturas de materiais compostos laminados. Normalmente tais problemas de otimização visam o mínimo custo ou peso, ou a maximização da rigidez da estrutura, como é detalhado posteriormente neste texto. 1.2 Objetivos e Organização do Trabalho Esta dissertação tem como objetivo a implementação e aplicação do método de colônia de formigas na otimização estrutural de materiais compostos laminados. Podem ser encontradas na literatura diversas técnicas de otimização aplicadas a compostos laminados como: algoritmos genéticos, simulated annealing, artificial immune system, busca tabu, método de Nelder–Mead, entre outras. Entretanto, o algoritmo de colônia de formigas ainda é pouco explorado para este tipo de aplicação. A proposta de sua implementação proporciona, assim, uma opção às técnicas já existentes, além de possibilitar seu estudo detalhado bem como a comparação com outros métodos. Para fundamentar o estudo, é feita primeiramente uma revisão sobre otimização, alguns conceitos e definições, a qual é a base para as formulações dos problemas de otimização aqui estudados. As definições e teorias relacionadas ao comportamento mecânico dos materiais compostos laminados também são descritas e formuladas. O algoritmo de colônia de formigas, sendo o objeto do presente estudo, é detalhado para a sua melhor compreensão. A origem e a construção do algoritmo são explicadas. As variantes do mesmo e a escolha pelo Ant Colony System (ACS) para a aplicação corrente também são detalhadas. As características fundamentais Capítulo 1 Introdução 3 do algoritmo, como a construção via grafos, o feromônio e suas atualizações em nível local e global de modo a tornar o algoritmo mais eficiente, também são descritas. Partindo-se da construção do algoritmo de colônia de formigas particularizado para problemas de materiais compostos laminados, foram testados diversos casos encontrados na literatura, como a maximização da resistência, a minimização do custo, a minimização do peso e maximização da frequência fundamental considerando placas retangulares ou quadradas. Na sequência, associou-se o algoritmo de colônia de formigas ao programa de elementos finitos ABAQUS, para a otimização de geometrias complexas. A dissertação está dividida em seis capítulos, os quais apresentam os assuntos descritos abaixo. O Capítulo 1 contempla a introdução do trabalho focando principalmente o objetivo, bem como sua estruturação. O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica de otimização e técnicas de otimização envolvidas nos problemas de compostos laminados. O Capítulo 3 resume a teoria da mecânica dos materiais compostos laminados e os critérios de falha usualmente utilizados para estes materiais. Os conceitos mostrados neste capítulo servirão de base para a compreensão dos problemas de otimização estudados. O Capítulo 4 está organizado de modo a descrever a origem do algoritmo de colônia de formigas, os procedimentos que compõem o mesmo e a justificativa de escolha pelo algoritmo Ant Colony System (ACS) dentre as diversas variantes. Os fundamentos do algoritmo de colônia de formigas aplicados aos materiais compostos laminados também são expostos. O Capítulo 5 descreve os diversos problemas solucionados aplicando o algoritmo desenvolvido e implementado. Os resultados de testes numéricos são apresentados e discutidos. Para finalizar, no Capítulo 6 são apresentadas as conclusões deste trabalho e as sugestões para futuras pesquisas complementares, e no Glossário alguns termos específicos relacionados com o tema do trabalho. 4 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Otimização e Problemas de Otimização Otimização refere-se, como define CASTRO (2006), aos conceitos, métodos e aplicações relacionadas com a determinação da melhor ou das melhores soluções para um dado problema. Envolve o estudo das condições ótimas, desenvolvimento e análise de algoritmos, aplicações e experimentações computacionais. Para resolver através de algoritmos um problema de otimização, é necessário desenvolver inicialmente a formulação matemática do problema. Em seguida descrever todos os aspectos do problema, o que proporcionará definir a função objetivo a minimizar ou a maximizar, respeitando os critérios de restrições impostas pelo problema, do qual se extraem as soluções factíveis e, a partir destas, as ótimas ou melhores soluções. Outro aspecto importante relativo aos algoritmos de otimização, que se baseiam em processos iterativos de busca da solução, diz respeito à convergência. Deve-se garantir as condições de convergência, velocidade de convergência para uma solução de boa qualidade. Normalmente o objetivo da otimização de um projeto é melhorar a sua eficiência e diminuir seu custo. A otimização busca, portanto, determinar qual é o melhor projeto, sem que seja necessário computar todas as possíveis alternativas. Os problemas de otimização podem ser representados por uma função objetivo, por vezes também denominada função custo ou de mérito, que é a função a ser avaliada, buscando a sua maximização ou minimização, sob determinadas restrições (ARORA, 2004). A função objetivo e as funções de restrições dependem das variáveis de projeto. As variáveis de projeto são aquelas que sofrem alterações durante o processo de otimização. As restrições são funções que estabelecem limites permitidos pelas variáveis. Matematicamente a função objetivo pode ser escrita como f(x), tal que x ∈ S ⊂ ℜn , Eq. 2.1 5 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica onde x são as variáveis de projeto pertencentes ao domínio S destas variáveis. Estas podem ser do tipo: reais, inteiras, mistas (reais e inteiras em um mesmo problema), discretas, contínuas, limitadas, etc. As restrições são representadas por hi(x) = 0 gj(x) ≤ 0 i = 1,...,ne , j = 1,..., ng , Eq. 2.2 sendo que hi(x) são as funções de restrições de igualdade e gj(x) as funções de restrições de desigualdade. A otimização combinatória considera o problema dentro de um conjunto finito de variáveis, e a otimização contínua resolve o problema em um domínio infinito, pois as variáveis possuem variação contínua. As restrições determinam os campos das soluções factíveis e das infactíveis. As factíveis significam que as possíveis soluções candidatas respeitam as restrições, e as infactíveis é o conjunto de soluções que violam as condições impostas pelas restrições. Um problema de otimização busca sempre uma solução ótima factível (PHAM e KARABOGA, 2000). Por vezes, alguns problemas de otimização são classificados como difíceis (do inglês hard). A interpretação para difícil diz respeito principalmente ao tempo computacional necessário para se encontrar a solução. Um problema difícil é definido por CORNE et al. (1999) como um problema que não garante a obtenção da melhor solução em um tempo aceitável. Além disso, não existe um método ou algoritmo de otimização que seja eficiente para todos os tipos de problemas. Os métodos estocásticos (processos de busca com algum elemento randômico) têm se destacado na solução de problemas em que outros métodos não conseguem apresentar bons resultados (SPALL, 2003). 2.2 Otimização Estrutural de Materiais Compostos Estudos sobre a mecânica dos materiais compostos se intensificaram a partir de 1960, com pesquisadores como Dr. Stephen Tsai, Dr. Rozen, Dr. Broustman, Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 6 Dow e outros, como relata CHAMIS (2007). Estes desenvolveram a base teórica da mecânica dos materiais compostos que considera a análise da micromecânica e da macromecânica, evoluindo da teoria clássica dos laminados, para o campo das estruturas dos compostos. Várias teorias foram desenvolvidas, também, para a análise de falhas em termos das tensões, como as teorias de Tsai-Hill, Tsai-Wu, Hoffmann, entre outras. O projeto de estruturas de compostos laminados, como qualquer outro projeto estrutural, normalmente visa a redução de custo e peso, além de buscar uma maximização da resistência. Assim, os projetos de compostos reforçados podem se tornar muitas vezes um problema de otimização multiobjetivo, sendo necessário computar a espessura ótima do laminado, o ângulo das lâminas, o material de cada lâmina. Além disso, devido às restrições de fabricação, o ângulo e a espessura da lâmina são selecionados de valores discretos e o projeto torna-se um problema de otimização discreta (DEKA et al., 2005). Como descrevem BLOOMFIELD et al. (2009) a otimização do empilhamento é inerentemente um problema com variáveis discretas. Em projeto de laminados, a espessura da lâmina é geralmente fixada e as orientações das lâminas têm valores discretos. A determinação da sequência de empilhamento de uma placa de espessura dada usando as orientações das lâminas como variáveis de projeto é um problema combinatório. Outra restrição dos laminados está relacionada à quantidade de lâminas adjacentes de mesma orientação. A ocorrência de mais de quatro lâminas adjacentes com a mesma orientação pode deixar a matriz quebradiça, devido aos efeitos de tensões térmicas geradas durante o processo de cura (GÜRDAL et al., 1999). Decidir o número de lâminas de orientação específica não é suficiente para definir o melhor laminado (HAFTKA e GÜRDAL, 1992), mas sim conhecer a sequência de empilhamento, as orientações para cada lâmina e os respectivos materiais. O que determinará a melhoria no projeto de laminados compostos são as escolhas dos valores das variáveis de projeto, o que significa projetar as propriedades do laminado (WIDMAIER, 2005). A Tabela 2.1 mostra a influência da variação dos parâmetros no projeto de compostos laminados. 7 Capítulo 2 Revisão Bibliográfica Tabela 2.1 - Influência dos parâmetros no projeto de compostos laminados (HAFTKA e GÜRDAL, 1992). Parâmetros do projeto Influência principal Ângulo de orientação da lâmina Direção da resistência Espessura da lâmina Resistência global Sequência de empilhamento Rigidez e acoplamento entre as matrizes constitutivas Resumindo, um projeto eficiente de compostos laminados não computa somente a área e a espessura que determinada aplicação deve alcançar, mas também as propriedades global e local dos materiais através do uso seletivo da orientação, número e sequência de empilhamento das lâminas que constituem o laminado (HAFTKA e GÜRDAL, 1992). Assim, em função do número de variáveis de projeto, a otimização de compostos laminados torna-se complexa. Encontrar o melhor projeto, sem que se violem as restrições, é normalmente muito difícil e é onde muitas das soluções encontradas podem ser ótimos locais. Considerando, por exemplo, um laminado com 20 lâminas, sendo que cada uma dessas lâminas pode assumir 2 orientações (0° e 90°), há aproximadamente 220 ≈ 1.000.000 possíveis alternativas de soluções para o projeto (GÜRDAL et al., 1999). O projeto de otimização de estruturas de compostos laminados é um problema de otimização global, com múltiplos ótimos locais e um espaço de projeto complexo, destaca ERDAL e SONMEZ (2005). A otimização com algoritmo determinístico pode tender para um ponto de ótimo local em vez de um ótimo global, dependendo do ponto inicial. Além disso, se o ponto inicial estiver em uma região infactível, ou seja, inviável, o algoritmo pode convergir para um ótimo local infactível. Muitos métodos de otimização também não são adequados para variáveis discretas, por exemplo, o número de lâminas do laminado ou valores discretos para as orientações das lâminas. Por estas razões, as técnicas de otimização estocásticas têm se destacado por não serem sensíveis ao ponto inicial, efetuando a busca em uma região grande, escapando de estagnar num ótimo local e poder tratar problemas em variáveis contínuas, discretas ou mistas com a mesma facilidade. Assim, recentemente, têm surgido métodos não determinísticos para a otimização de materiais compostos laminados, como os algoritmos heurísticos, que são algoritmos exploratórios não Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 8 exatos e meta-heurísticos, que buscam solucionar problemas genéricos onde não se tem um algoritmo eficiente. Em uma meta-heurística utilizam-se estratégias guiadas por processos de busca heurística e estocástica na exploração do espaço da solução (CASTRO, 2006). A mesma utiliza técnica de busca de modo a escapar de um mínimo local. Uma meta-heurística é um tipo de algoritmo exploratório inteligente onde técnicas de alto nível (meta = alto nível, do prefixo grego) são aplicadas nos procedimentos heurísticos (do grego heuriskein = descobrir). A mesma é usada para resolver problemas difíceis, para encontrar a melhor alternativa, a mais próxima da solução ótima, com menor custo computacional. Meta-heurísticas vêm sendo aplicadas na solução de problemas específicos dentre os quais problemas de otimização combinatória. Exemplos de meta-heurísticas são o simulated annealing, a busca tabu, algoritmos genéticos, algoritmo de colônia de formigas, entre outros. Podem ser encontrados na literatura inúmeros trabalhos aplicando-se diferentes técnicas de solução a problemas de otimização de materiais compostos laminados, entretanto há predominância dos algoritmos genéticos. Dentre estes trabalhos evidenciam-se aqui os seguintes: LE RICHE e HAFTKA (1993) estudaram o uso de algoritmos genéticos para otimizar a sequência de empilhamento na maximização da carga de flambagem e analisaram também os efeitos das lâminas adjacentes como restrição; TODOROKI et al. (1996) otimizaram a sequência ótima de empilhamento com a técnica de decisão sequencial orientados a objeto e pelo método branch and bound; LIU et al. (2000) desenvolveram um algoritmo genético com novas características permutativas, a fim de obterem a sequência de empilhamento das lâminas, para resolver o problema da máxima carga de flambagem; GANTOVNIK et al. (2002) adotaram um algoritmo genético no qual incluíram uma memória para as variáveis contínuas, para a minimização do peso, e assim obterem a melhor sequência de empilhamento, neste caso com variáveis discretas e contínuas; SOREMEKUN et al. (2002) utilizaram um algoritmo genético para resolver o problema de minimização de peso e custo de estruturas com quantidades diferentes de lâminas; TERADA et al. (2001) maximizaram a carga de flambagem utilizando o método fractal branch and bound na otimização da sequência de empilhamento para uma placa retangular; SPALLINO e RIZZO (2002) Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 9 otimizaram estruturas de compostos laminados utilizando estratégias evolucionárias e teoria dos jogos em problemas discretos multiobjetivos. LUERSEN e LE RICHE (2004) aplicaram o método Globalized Nelder-Mead na maximização da carga de flambagem; DEKA et al. (2005) combinaram algoritmos genéticos com o método de elementos finitos para a otimização multiobjetivo de minimização de custo e peso combinados; ZEHNDER e ERMANNI (2006) pesquisaram a técnica de algoritmos evolucionários na otimização de rigidez de estruturas; AKBULUT e SONMEZ (2008) investigaram a aplicação do algoritmo simulated annealing na minimização da espessura do laminado. LOPEZ et al. (2008) analisaram os efeitos dos critérios de falha na minimização do peso dos materiais compostos laminados. Estes pesquisadores também desenvolveram e aplicaram um algoritmo genético na otimização de materiais compostos híbridos (LOPEZ et al., 2009). As soluções ótimas muitas vezes requerem um tempo elevado de processamento computacional em relação às partes heurísticas. Por outro lado, a inclusão de uma rotina de busca local muitas vezes tende a reduzir este tempo. Dessa forma, surgem os algoritmos híbridos, como por exemplo, um algoritmo genético com busca local, como apresentado por LEE et al. (2005). De forma a complementar às técnicas de otimização, tem-se o método dos elementos finitos como ferramenta auxiliar no projeto e otimização de estruturas. Como avalia ACEVES et al. (2008), o avanço do método dos elementos finitos e sua combinação com algoritmos de otimização permitiu o seu uso como estratégia na otimização do projeto de estruturas de material composto com geometrias complexas. Um aspecto importante destas estruturas está relacionado ao comportamento dinâmico das placas de laminados compostos. A melhoria do desempenho dinâmico do material composto está diretamente relacionada com a otimização dos valores das frequências naturais para diminuir os riscos da ressonância causada por excitações externas. Em função desta necessidade, muitos pesquisadores vêm realizando estudos desta natureza, adotando o método dos elementos finitos, incorporando ou analisando via programas comerciais, como citado a seguir. TESSLER et al. (1995) estudaram a vibração de placas finas de laminados compostos utilizando a técnica de elementos finitos com o ABAQUS, comparando Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 10 com a solução analítica e com uma teoria de ordem superior para placas de laminados. LEE e KIM (1996) compararam os resultados analíticos da frequência fundamental com os resultados obtidos pelo ABAQUS. HU e JUANG (1997) utilizaram o método da programação linear sequencial em combinação com o ABAQUS para a otimização das orientações das fibras no problema de maximização da frequência fundamental. DANO et al. (2000) desenvolveram, via ABAQUS, um modelo em elementos finitos para análise de falha em laminados simétricos balanceados. Problemas de maximização de frequências fundamentais foram resolvidos por NARITA e HODGKINSON (2005) e NARITA e ROBINSON (2006) onde abordam a otimização considerando que as lâminas externas têm um maior efeito na rigidez em relação às internas. Assim, a sequência ótima de empilhamento pode ser obtida determinando-se a melhor orientação das fibras para cada camada ordenadamente de fora para dentro. Muitos pesquisadores têm desenvolvido trabalhos para analisar a vibração em laminados compostos utilizando teorias de ordem superior, como por exemplo, PRADYUMNA e BANDYOPADHYAY (2007), que analisaram o comportamento estático e dinâmico de laminados via elementos finitos de casca de ordem superior. 2.3 Algoritmo de Colônia de Formigas Aplicado a Materiais Compostos Laminados Poucos trabalhos apresentam a aplicação do ACO em compostos laminados. Dentre estes se destacam os trabalhos de AYMERICH e SERRA (2008) e ABACHIZADEH e TAHANI (2009). No primeiro artigo é utilizada a variante Ant System (AS) para otimizar a sequência de empilhamento de placas laminadas. Foi maximizada a carga de flambagem de uma placa retangular de espessura fixa, sujeita a forças de compressão biaxiais e restrições de resistência. Os resultados, comparados com aqueles obtidos com um algoritmo genético e busca tabu, foram semelhantes ou melhores. A seleção dos parâmetros do ACO apropriados que controlam o processo durante a busca são essenciais para melhorar o desempenho do algoritmo. Um valor alto de α , que é o parâmetro de controle de influência de feromônio, tende a aumentar a importância probabilística do conhecimento acumulado. Por outro lado, o Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 11 aumento da taxa de evaporação ρ evita o acúmulo excessivo de feromônio, diminuindo o risco de estagnação do algoritmo e promove a procura por soluções em novas regiões. Os testes realizados por AYMERICH e SERRA (2008) conduziram a valores de α = 0,95 e ρ = 0,91. Outro ponto importante observado pelos autores acima diz respeito às restrições do problema. Elas foram introduzidas na construção das soluções viáveis no fim de cada iteração de processamento do algoritmo ACO. Os autores implementaram uma rotina de ação daemon, cujo termo significa um programa específico para executar uma determinada tarefa, para melhorar o desempenho do algoritmo com a introdução de uma rotina de busca local. O terceiro ponto considerado diz respeito à quantidade de formigas, sendo adotada apenas uma formiga por iteração. Isto para diminuir a complexidade computacional e limitar o número de parâmetros a serem observados que poderiam afetar ou aumentar os custos computacionais, como destacam os autores. Embora os mesmos ressaltem que evidências experimentais apontam que uma colônia de formigas apresente melhores resultados, o número de formigas a ser utilizado deve ser avaliado de acordo com o problema específico em análise. O segundo artigo (ABACHIZADEH e TAHANI, 2009) trata da otimização da frequência fundamental e da minimização do custo de compostos laminados. O algoritmo implementado neste caso é o Ant Colony System, ACS, que é outra variante do ACO. As restrições são impostas através da penalização da função objetivo e os valores dos parâmetros do algoritmo foram adotados conforme as sugestões de DORIGO e STÜTZLE (2004). Os autores detectaram uma rápida convergência para um ótimo global nas primeiras iterações. Os resultados obtidos, quando comparados com algoritmos genéticos e simulated annealing, revelam que o ACO apresenta ótimos resultados e supera-os em determinados casos. Não foram adotadas as ações daemon para rastrearem uma busca localizada. Porque este algoritmo já atua com a atualização local e global de feromônio, melhorando o seu desempenho, além de considerar a evaporação e depósito nestas instâncias durante os percursos realizados pelas formigas. Recentemente, BLOOMFIELD et al. (2009) analisaram e compararam um AG, um ACO e um PSO (otimização por enxame de partículas, do inglês particle swarm optimization). Tais algoritmos foram aplicados na minimização do peso sujeito às Capítulo 2 Revisão Bibliográfica 12 restrições de resistência e flambagem de materiais compostos laminados. Estes pesquisadores concluíram que, para os problemas analisados, o ACO é um dos melhores métodos para determinar a sequência de empilhamento do laminado composto. WANG et al. (2009) aplicaram o algoritmo de colônia de formigas na maximização do fator crítico de carga e realizaram testes de desempenho do algoritmo comparando com trabalhos desenvolvidos em AG e ACO. A otimização da rigidez de painéis T e a sequência de empilhamento do laminado foram estudados por WANG et al. (2010) para a maximização da carga de flambagem sob restrição do peso utilizando um ACO. Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados 13 3 CONCEITOS DA MECÂNICA DOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS 3.1 Definições e Generalidades Material composto, ou também chamado material compósito, significa a união de dois ou mais materiais que são combinados para formar um terceiro material (JONES, 1999). Ou, como define STAAB (1999), material composto é considerado um material que contenha dois ou mais constituintes com comportamentos macroscópicos significativamente diferentes, unidos para formar um terceiro material com comportamento diferente dos dois primeiros. Os materiais compostos têm sido usados na natureza desde tempos remotos. Pode-se identificar seu uso através da história, como os tijolos, placas de madeira utilizadas pelos egípcios, fibras de plantas utilizadas pelos povos Maias e Incas e espadas dos samurais, fabricadas em multicamadas. Outros exemplos da natureza considerados como compostos são: bambu, tecido dos músculos e ossos, como exemplifica STAAB (1999). Os materiais compostos têm evoluído principalmente devido aos avanços tecnológicos em diversas áreas como: espacial, aeronáutica e automobilística. As novas tecnologias têm levado estas indústrias a adotarem e projetarem estruturas com tais materiais, pois eles são ideais para aplicações onde são requeridas altas relações resistência-peso ou rigidez-peso (JONES, 1999). A partir de 1960, estes materiais tiveram seu uso intensificado pela indústria militar, mas vêm sendo atualmente utilizados também em outras aplicações, tais como: raquetes de tênis e tacos de golfe, bicicletas, contêineres, na construção civil e em satélites. Um caso particular dos materiais compostos são os compostos laminados, objeto do presente estudo. Eles são formados pela união (empilhamento) de várias lâminas, onde cada lâmina é composta pela matriz, que é sua fase contínua, e pelas fibras. Neste trabalho são consideradas que as fibras são contínuas, unidirecionais e paralelas, alinhadas segundo uma orientação. Este arranjo fornece um caráter 14 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados ortrotópico ao material, onde sua resistência e rigidez são muito maiores na direção das fibras do que na direção transversal (perpendicular) a elas. A Figura 3.1 apresenta, de forma esquemática, como é formado um material composto laminado. As fibras têm a função de reforço, aumentando a rigidez do conjunto. Como exemplo de fibras comumentemente utilizadas tem-se as fibras de vidro, carbono e boro. Já a matriz, tem a função de suportar e proteger as fibras e distribuir de forma homogênea o carregamento para estas. Ela possui normalmente baixa densidade, rigidez e resistência em relação às fibras. Como exemplo de materiais utilizados para matrizes tem-se o poliéster e o epóxi. Figura 3.1 - Material composto laminado. Os laminados podem ser compostos de diferentes lâminas com materiais e orientações diferentes. Assim, pode-se desenvolver elementos estruturais com características voltadas às necessidades específicas de cada aplicação. A nomenclatura para a sequência de empilhamento do laminado apresenta uma notação padrão. Este padrão lista as orientações das diferentes lâminas em relação a um sistema de referência, iniciando da lâmina superior para a inferior, e é representado como ⎡⎣ θ1 , θ2 , … ,θn ⎤⎦ ou ⎡⎣ θ1 / θ2 / … / θn ⎤⎦ . Eq. 3.1 15 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados Esta expressão indica a sequência de empilhamento de um laminado composto de n lâminas, todas de um mesmo material e espessura, onde θi representa o ângulo de orientação da lâmina i. Os laminados podem ter diversas lâminas adjacentes com a mesma orientação. Nesses casos, para simplificar a notação, escreve-se o ângulo e a quantidade correspodente de lâminas que possuem a mesma orientação. Por exemplo, ⎡⎣ 02 , 903 , 45⎤⎦ representa um laminado que possui um total de 6 lâminas, 2 orientadas a 0°, 3 orientadas a 90° e uma orientada a 45°, cuja notação estendida é [0 , 0, 90, 90, 90, 45] . Em alguns casos têm-se duas lâminas adjacentes onde uma é o par negativo da outra (+θ e −θ). Neste caso, o sinal ± é indicado na frente do ângulo que representa a orientação do par de lâminas. Por exemplo, [ ± 45] indica duas lâminas, uma orientada a +45° e outra a -45°. Se cada lâmina do laminado possuir seu par negativo, não necessariamente em posição adjacente, o laminado é dito balanceado. Os laminados também podem ser simétricos em relação a um plano de empilhamento, ou seja, apresentam a configuração das orientações espelhada abaixo e acima do plano médio, que é o plano de simetria. A letra s em subscrito representa a notação para simétrico. Por exemplo, [ 0 , 60]s , indica o empilhamento de 4 lâminas, com as seguintes orientações: 0°, 60°, 60° e 0°. No caso de material composto laminado híbrido (possui diferentes tipos de lâminas), a indicação dos diferentes materiais e suas respectivas espessuras é feita adicionando novos índices, normalmente superescritos, à sequência de empilhamento. Assim, o empilhamento é indicado por ⎡⎣ θ1,m ,e , θ2 ,m ,e , … , θn ,m ,e ⎤⎦ , Eq. 3.2 onde m representa o material e e a espessura das respectivas lâminas da sequência de empilhamento. A seguir são descritos os conceitos básicos do comportamento mecânico de laminados, baseados na Teoria Clássica dos Laminados (JONES, 1999 e GÜRDAL 16 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados et al. 1999). Isto permite um equacionamento analítico da resposta estrutural do laminado, o qual é utilizado nos problemas propostos e solucionado no Capítulo 5. 3.2 Comportamento Macromecâmico de uma Lâmina O comportamento mecânico do laminado está diretamente relacionado ao comportamento da lâmina. Dessa forma, para analisar o laminado, é necessário compreender primeiramente uma lâmina. A lâmina (do tipo matriz-fibra) é estudada aqui do ponto de vista macromecânico, onde ela é presumida homogênea e os efeitos dos materiais constituintes são detectados como uma média das propriedades do composto. Devido à sua constituição, a lâmina pode ser considerada ortotrópica e assim apresenta diferentes propriedades mecânicas em 3 direções mutualmente perpendiculares (JONES, 1999). Uma dessas direções é dada pelo eixo na direção longitudinal às fibras, outra pelo eixo na direção transversal às fibras e a terceira pelo eixo ortogonal aos dois anteriores. Tais direções são representadas por 1, 2 e 3, respectivamente, como mostrado na Figura 3.2 e designadas por direções principais do material ou direções de ortotropia. Figura 3.2 - Sistema de coordenadas principais do material. Partindo da relação tensão-deformação elástica-linear generalizada), que em notação compactada pode ser escrita como (lei de Hooke 17 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados 6 σ i = ∑ Cij ε j , i = 1,...,6 , Eq. 3.3 j =1 onde σ i são as componentes de tensão, Cij a matriz constitutiva do material e ε j as componentes de deformação. Para o caso de material completamente anisotrópico, a matriz Cij é simétrica e a relação tensão-deformação pode ser escrita na forma explícita como ⎧σ 1 ⎫ ⎡ C11 ⎪ ⎪ ⎢ ⎪σ 2 ⎪ ⎢C12 ⎪⎪σ 3 ⎪⎪ ⎢C13 ⎨ ⎬=⎢ ⎪τ23 ⎪ ⎢C14 ⎪τ31 ⎪ ⎢C15 ⎪ ⎪ ⎢ ⎪⎩τ12 ⎪⎭ ⎢⎣C16 C12 C22 C13 C14 C23 C24 C15 C25 C23 C33 C34 C35 C24 C34 C44 C45 C25 C26 C35 C36 C45 C46 C55 C56 C16 ⎤ ⎧ε1 ⎫ ⎪ ⎪ C26 ⎥⎥ ⎪ε 2 ⎪ C36 ⎥ ⎪⎪ε3 ⎪⎪ ⎥⎨ ⎬, C46 ⎥ ⎪ γ 23 ⎪ C56 ⎥ ⎪ γ 31 ⎪ ⎥⎪ ⎪ C66 ⎥⎦ ⎪⎩ γ12 ⎭⎪ Eq. 3.4 onde σ i , neste caso, representam as tensões normais, τ ij as tensões cisalhantes, ε i as deformações longitudinais e γ ij as deformações cisalhantes. Quando o material apresenta o plano de simetria (z = 0) é chamado monoclínico, e sua equação constitutiva fica ⎧σ 1 ⎫ ⎡ C11 ⎪σ ⎪ ⎢ ⎪ 2 ⎪ ⎢C12 ⎪⎪σ 3 ⎪⎪ ⎢C13 ⎨ ⎬=⎢ ⎪τ23 ⎪ ⎢ 0 ⎪τ31 ⎪ ⎢ 0 ⎪ ⎪ ⎢ ⎩⎪τ12 ⎭⎪ ⎢⎣C16 C21 C31 0 0 C22 C23 0 C32 C33 0 0 0 C44 0 0 C45 0 C26 0 C36 C45 0 C55 0 C16 ⎤ ⎧ε1 ⎫ ⎪ ⎪ C26 ⎥ ⎪ε 2 ⎪ ⎥ C36 ⎥ ⎪⎪ε3 ⎪⎪ ⎥⎨ ⎬. 0 ⎥ ⎪ γ 23 ⎪ 0 ⎥ ⎪ γ 31 ⎪ ⎥⎪ ⎪ C66 ⎥⎦ ⎩⎪ γ12 ⎭⎪ Eq. 3.5 Finalmente, para material ortotrópico (três planos de simetria mutualmente perpendiculares), tem-se 18 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados ⎧σ 1 ⎫ ⎡ C11 ⎪σ ⎪ ⎢ ⎪ 2 ⎪ ⎢C12 ⎪⎪σ 3 ⎪⎪ ⎢ C13 ⎨ ⎬=⎢ ⎪τ23 ⎪ ⎢ 0 ⎪τ31 ⎪ ⎢ 0 ⎪ ⎪ ⎢ ⎩⎪τ12 ⎭⎪ ⎣⎢ 0 C21 C22 C31 C32 0 0 0 0 C23 0 0 0 C33 0 0 0 0 C44 0 0 0 0 C55 0 0 ⎤ ⎧ε1 ⎫ ⎪ ⎪ 0 ⎥ ⎪ε2 ⎪ ⎥ 0 ⎥ ⎪⎪ε3 ⎪⎪ ⎥⎨ ⎬ 0 ⎥ ⎪ γ 23 ⎪ 0 ⎥ ⎪ γ 31 ⎪ ⎥⎪ ⎪ C66 ⎦⎥ ⎩⎪ γ12 ⎭⎪ Eq. 3.6 A relação inversa da lei de Hooke é expressa como 6 εi = ∑ Sij σ j , i = 1,...,6 Eq. 3.7 j =1 onde Sij é matriz de complacência. Similarmente, pode-se obter as formas matriciais para a relação deformaçãotensão. A relação deformação-tensão para material anisotrópico é expressa como ⎧ε1 ⎫ ⎡ S11 ⎪ε ⎪ ⎢ ⎪ 2 ⎪ ⎢ S12 ⎪⎪ε3 ⎪⎪ ⎢ S13 ⎨ ⎬=⎢ ⎪ γ 23 ⎪ ⎢ S14 ⎪ γ 31 ⎪ ⎢ S15 ⎪ ⎪ ⎢ ⎩⎪ γ12 ⎭⎪ ⎣⎢ S16 S12 S13 S14 S15 S 22 S 23 S 24 S 23 S 33 S 34 S 24 S 34 S 44 S 25 S 35 S 45 S 25 S 26 S 35 S 36 S 45 S 46 S55 S56 S16 ⎤ ⎧σ 1 ⎫ ⎪ ⎪ S 26 ⎥ ⎪σ 2 ⎪ ⎥ S 36 ⎥ ⎪⎪σ 3 ⎪⎪ ⎥⎨ ⎬ S 46 ⎥ ⎪τ23 ⎪ S56 ⎥ ⎪τ31 ⎪ ⎥⎪ ⎪ S66 ⎦⎥ ⎩⎪τ12 ⎭⎪ Eq. 3.8 A matriz de complacência pode ser escrita em termos das constantes de engenharia. Estas constantes são medidas por testes de tensão uniaxial ou testes de cisalhamento puro. Tais constantes são o módulo de elasticidade ou módulo de Young, E , o coeficiente de Poisson, ν e o módulo de cisalhamento, G . Considerando um material ortotrópico, a matriz de complacência pode ser escrita como 19 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados ⎡ 1/E1 ⎢-ν /E ⎢ 12 1 ⎢ -ν /E [S] = ⎢ 130 1 ⎢ ⎢ 0 ⎢ ⎣⎢ 0 -ν 21 /E2 1/E2 -ν 31 /E3 -ν 32 /E3 0 0 0 0 -ν 23 /E2 1/E3 0 0 0 0 1/G23 0 0 0 0 0 0 0 1/G31 0 0 ⎤ 0 ⎥⎥ 0 ⎥ ⎥ 0 ⎥ 0 ⎥ ⎥ 1/G12 ⎦⎥ Eq. 3.9 Como será visto na Seção 3.3, sob as hipóteses da Teoria Clássica dos Laminados, pode-se considerar a lâmina e o laminado em um estado plano de tensões. Assim, particulizando-se as relações deformação-tensão para este estado de tensões, ⎧ε1 ⎫ ⎡ S11 ⎪ ⎪ ⎢ ⎨ε 2 ⎬ = ⎢ S 21 ⎪γ ⎪ ⎢ 0 ⎩ 12 ⎭ ⎣ S 21 S 22 0 0 ⎤ ⎧σ 1 ⎫ ⎪ ⎪ 0 ⎥⎥ ⎨σ 2 ⎬ S66 ⎥⎦ ⎪⎩τ12 ⎪⎭ Eq. 3.10 e σ3 = 0 τ23 = 0 τ31 = 0 ε3 = S13σ 1 + S 23σ 2 Eq. 3.11 γ 23 = 0 γ 31 = 0 Invertendo-se a Eq. 3.10, obtém-se a relação tensão-deformação, expressa como ⎧σ 1 ⎫ ⎡ Q11 Q12 ⎪ ⎪ ⎢ ⎨σ 2 ⎬ = ⎢Q12 Q22 ⎪τ ⎪ ⎢ 0 0 ⎩ 12 ⎭ ⎣ 0 ⎤ ⎧ε1 ⎫ ⎪ ⎪ 0 ⎥⎥ ⎨ε 2 ⎬ Q66 ⎥⎦ ⎪⎩ γ12 ⎪⎭ Eq. 3.12 onde Qij são os componentes da matriz constitutiva, que em termos das constantes elásticas de engenharia podem ser escritos como 20 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados Q11 = E1 1 − ν12ν 21 Q12 = ν 21 E1 1 − ν12ν 21 Q22 = E2 1 − ν12 ν 21 Eq. 3.13 Q66 = G12 Como as direções principais do material no plano da lâmina (1-2) nem sempre coincidem com as direções das coordenadas de referência x-y, é necessário realizar uma transformação de coordenadas de um sistema para outro. A expressão desta transformação é dada em função do ângulo θ , que é o ângulo que relaciona o sistema x-y com o sistema 1-2 (ver Figura 3.3). Para a relação tensão-deformação ortotrópica, em estado plano de tensões, tem-se (JONES, 1999) ⎧σ x ⎫ ⎡ cos 2 θ sen 2 θ -2senθcosθ ⎤ ⎧σ 1 ⎫ ⎪ ⎪ ⎢ ⎥⎪ ⎪ 2 cos 2 θ 2senθcosθ ⎥ ⎨σ 2 ⎬ . ⎨σ y ⎬ = ⎢ sen θ ⎪ ⎪ ⎢ senθcosθ − senθcosθ cos 2 θ − sen 2θ ⎥ ⎪τ ⎪ ⎦ ⎩ 12 ⎭ ⎩τ xy ⎭ ⎣ Eq. 3.14 Figura 3.3 - Sistemas de coordenadas x-y e 1-2. Substituindo a relação tensão-deformação no sistema principal do material (Eq. 3.12) na Eq. 3.14, obtem-se 21 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados ⎧σ x ⎫ ⎧ε x ⎫ ⎡ Q11 Q12 ⎪ ⎪ ⎡ ⎤⎪ ⎪ ⎢ ⎨σ y ⎬ = ⎢Q ⎥ ⎨ε y ⎬ = ⎢Q12 Q 22 ⎪ ⎪ ⎣ ⎦⎪ ⎪ ⎢ ⎩τ xy ⎭ ⎩ γ xy ⎭ ⎣⎢Q16 Q 26 Q16 ⎤ ⎧ε x ⎫ ⎥⎪ ⎪ Q 26 ⎥ ⎨ε y ⎬ , ⎥⎪ ⎪ Q 66 ⎦⎥ ⎩ γ xy ⎭ Eq. 3.15 onde ⎡⎣Q ⎤⎦ é a matriz constitutiva reduzida cujas componentes Qij são expressas por Q11 = Q11 cos 4 θ + 2( Q12 + 2Q66 )sen 2θ cos 2 θ + Q22 sen 4θ Q12 = ( Q11 + Q22 − 4Q66 )sen 2 θ cos 2 θ + Q12 ( sen 4 θ + cos 4 θ) Q 22 = Q11sen 4 θ + 2( Q12 + 2Q66 )sen 2 θ cos 2 θ + Q22 cos 4 θ Q16 = ( Q11 − Q12 − 2Q66 )senθ cos 3 θ + ( Q12 − Q22 + 2Q66 )sen3θ cos θ Eq. 3.16 Q 26 = ( Q11 − Q12 − 2Q66 )sen3θ cos θ + ( Q12 − Q22 + 2Q66 )senθ cos 3 θ Q 66 = ( Q11 + Q22 − 2Q12 − 2Q66 )sen 2θ cos 2 θ + Q66 ( sen 4θ + cos 4 θ) A Eq. 3.15 relaciona as tensões em uma lâmina no sistema x-y, com as respectivas deformações, em função da orientação das fibras e das propriedades elásticas dadas no sistema principal do material. 3.3 Comportamento Macromecânico dos Laminados via Teoria Clássica dos Laminados O desenvolvimento teórico para análise de tensões e deformação considera alguns pressupostos ou condições especiais. Estas suposições são baseadas nas hipóteses de Kirchhoff nos estudos de placas e nas hipóteses de Kirchhoff-Love nos estudos de cascas. Aplicadas aos materiais compostos laminados, as principais hipóteses são (JONES, 1999 e GÜRDAL et al. 1999): As lâminas são perfeitamente coladas; • A colagem ou a resina utilizada para unir as lâminas é infinitamente fina e não deformável por cisalhamento, possibilitando deslocamento contínuo através das lâminas; Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados • 22 O laminado é considerado fino, ou seja, trata-se de uma placa ou casca de pequena espessura; • Baseado na hipótese acima, a superfície de referência permanece reta e perpendicular à geometria da estrutura. Assim, as deformações cisalhantes transversais são nulas ( γ xz = γ yz = 0 ); • Não há deformações normais na direção perpendicular à superfície de referência. Ou seja, ε z = 0 e, portanto a espessura permanece constante. As hipóteses acima levam à chamada Teoria Clássica dos Laminados (TCL), que não considera as seguintes tensões: σ z , τ zx , τ zy . Somente as tensões: σ x , σ y , τ xy são não nulas. Ou seja, resume-se ao estado plano de tensões. Ao mesmo tempo tem-se ε z = γ xz = γ yz = 0 , isto é, estado plano de deformação (não há deformação alguma no plano z). Devido a estas considerações, JONES (1999) destaca algumas observações que dizem respeito a esta teoria, como: • A teoria clássica dos laminados é incapaz de predizer algumas tensões, que normalmente causam falhas no laminado; • Existência de valores de τ xy que não são possíveis obter via TCL, como nas bordas dos laminados. 3.3.1 Tensões e Deformações em Laminados Com base nas hipóteses apresentadas anteriormente, os deslocamentos são analisados a partir de um estado não deformado para o deformado, conforme representado na Figura 3.4. Adotando as hipóteses de Kirchhoff para placas e as de Kirchhoff-Love para cascas, pode-se obter os deslocamentos, u , v , w do laminado para os respectivos eixos x, y e z. Considerando uma dada seção transversal, o deslocamento u0 é aquele relacionado com o ponto B, no plano médio do laminado (Figura 3.4 (b)). O 23 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados deslocamento uc do ponto C, em uma posição z = zc, com a linha ABCD permanecendo reta após a deformação, é expresso por uc = u0 − z c β , Eq. 3.17 onde β é o ângulo de rotação da seção transversal que, para pequenos deslocamentos, é dado por β= ∂w0 . ∂x Eq. 3.18 (a) (b) Figura 3.4 - Deformação de um laminado segundo a TCL. 24 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados Assim, para qualquer ponto do laminado, o deslocamento na direção x é u = u0 − z ∂w0 . ∂x Eq. 3.19 Similarmente para o deslocamento na direção y tem-se v = v0 − z ∂w0 . ∂y Eq. 3.20 As deformações do laminado ficam reduzidas a ε x , ε y , γ xy , em virtude das hipóteses de Kirchhoff. Considerando pequenas deformações e elasticidade linear, tem-se εx = ∂u ∂v ∂u ∂v . ; ε y = ; γ xy = + ∂x ∂y ∂y ∂x Eq. 3.21 Substituindo agora as Eq. 3.19 e Eq. 3.20 na Eq. 3.21, tem-se as deformações, dadas por ⎧ε x ⎫ ⎧ε 0x ⎫ ⎧ κ x ⎫ ⎪ ⎪ ⎪⎪ 0 ⎪⎪ ⎪ ⎪ ⎨ε y ⎬ = ⎨ε y ⎬ + z ⎨ κ y ⎬ ⎪ ⎪ ⎪ 0 ⎪ ⎪ ⎪ ⎩ γ xy ⎭ ⎩⎪ γ xy ⎭⎪ ⎩ κ xy ⎭ Eq. 3.22 onde ε 0x , ε 0y , γ 0xy são as deformações na superfície média, expressas por ⎧ ∂u0 ⎫ ⎪ ⎪ ⎧ ε 0x ⎫ ⎪ ∂x ⎪ ⎪⎪ 0 ⎪⎪ ⎪ ∂v0 ⎪ ⎨ εy ⎬ = ⎨ ⎬ ⎪ 0 ⎪ ⎪ ∂y ⎪ ⎪⎩ γ xy ⎪⎭ ⎪ ∂u ∂v ⎪ 0 + 0⎪ ⎪ ∂ y ∂x ⎭ ⎩ Eq. 3.23 25 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados e κ x , κ y , κ xy as curvaturas da deformação na superfície média, dadas por ⎧ ∂ 2 w0 ⎫ ⎪ 2 ⎪ ⎪ ∂x ⎪ ⎧ κx ⎫ ⎪⎪ ∂ 2 w0 ⎪⎪ ⎪ ⎪ ⎨ κy ⎬ = − ⎨ 2 ⎬ ⎪ ⎪ ⎪ ∂y ⎪ ⎩ κ xy ⎭ ⎪ ∂2w ⎪ 0 ⎪2 ⎪ ∂ x ∂ y ⎪⎩ ⎭⎪ Eq. 3.24 Substituindo a Eq. 3.22 na expressão das tensões (Eq. 3.15) e utilizando as Eq. 3.23 e Eq. 3.24, obtem-se a distribuição de tensões ao longo da espessura do laminado, ⎧σ x ⎫ ⎡ Q11 Q12 ⎪ ⎪ ⎢ ⎨σ y ⎬ = ⎢Q12 Q22 ⎪ ⎪ ⎢Q Q26 ⎩τ xy ⎭k ⎣ 16 Q16 ⎤ ⎥ Q26 ⎥ Q66 ⎥⎦ k ⎧⎧ε 0x ⎫ ⎧ κ ⎫⎫ ⎪⎪⎪⎪ 0 ⎪⎪ ⎪ x ⎪⎪⎪ ⎨⎨ε y ⎬ + z ⎨ κ y ⎬⎬ ⎪⎪ 0 ⎪ ⎪ ⎪⎪ κ ⎩⎪⎩⎪ γ xy ⎭⎪ ⎩ xy ⎭⎭⎪ Eq. 3.25 onde k representa a k -ésima lâmina. Note que os termos Qij são diferentes para cada camada do laminado, e a variação das tensões através da espessura do laminado não é necessariamente linear, apesar da variação da deformação ser linear. 3.3.2 Forças e Momentos Resultantes no Laminado Normalmente em um laminado não são as tensões ou deformações os parâmetros conhecidos, mas sim as forças e momentos externos atuantes. Assim, para relacionar tensões com os esforços atuantes, definem-se forças e momentos resultantes, através da integração em relação à espessura total h do laminado. A força resultante Nx em relação ao eixo x é expressa como h/ 2 Nx = ∫ −h / 2 σ x dz. Eq. 3.26 26 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados O momento resultante Mx, provocado pela distribuição das tensões σx, é dado por h/ 2 Mx = ∫ σ x z dz. Eq. 3.27 −h / 2 Considerando as forças resultantes em todos os eixos e também substituindo a integral contínua pela soma de integrais que representam a contribuição de cada lâmina, tem-se ⎧Nx ⎫ ⎧σ x ⎫ ⎧σ x ⎫ NL zk ⎪ ⎪ h/ 2 ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ N y ⎬ = ∫ ⎨σ y ⎬ dz = ∑ ∫ ⎨σ y ⎬ dz, k =1 zk −1 ⎪ ⎪ ⎪ −h / 2 ⎪ ⎪ ⎪ ⎩ N xy ⎭ ⎩τ xy ⎭ ⎩τ xy ⎭k Eq. 3.28 onde N L é o número total de lâminas. Os limites zk e zk −1 da integral da Eq. 3.28 são as variações nas espessuras do laminado, lâmina a lâmina, e z0 = −h / 2 , corresponde o ponto inicial, conforme visualizado na Figura 3.5. Figura 3.5 - Geometria e definição das coordenadas ao longo das camadas do laminado. 27 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados Da mesma forma, os momentos resultantes são dados por ⎧M x ⎫ ⎧σ x ⎫ ⎧σ x ⎫ NL zk ⎪ ⎪ h/ 2 ⎪ ⎪ ⎪ ⎪ ⎨ M y ⎬ = ∫ ⎨σ y ⎬ z dz = ∑ ∫ ⎨σ y ⎬ z dz. k =1 zk −1 ⎪ ⎪ ⎪ −h / 2 ⎪ ⎪ ⎪ ⎩ M xy ⎭ ⎩τ xy ⎭ ⎩τ xy ⎭k Eq. 3.29 As direções e convenção de sentido positivo das forças e momentos resultantes estão representadas na Figura 3.6. Figura 3.6 - Representação do sentido positivo das forças e momentos resultantes no laminado. Substituindo a Eq. 3.25, nas Eq. 3.28 e Eq. 3.29 e colocando a matriz constitutiva reduzida, Qij , para fora da integral, pois é constante ao longo da espessura de uma lâmina k , obtêm-se as forças resultantes em função da matriz constitutiva reduzida e das deformações, ⎧Nx ⎫ ⎡ Q11 Q12 ⎪ ⎪ NL ⎢ ⎨ N y ⎬ = ∑ ⎢Q12 Q22 ⎪ ⎪ k =1 ⎢Q Q 26 ⎣ 16 ⎩ N xy ⎭ Q16 ⎤ ⎥ Q26 ⎥ Q66 ⎦⎥ k ⎧ ⎧ε 0x ⎫ ⎫ ⎧κ x ⎫ zk ⎪⎪ zk ⎪⎪ 0 ⎪⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎪ ε + κ dz zdz ⎨∫ ⎨ y ⎬ ∫ ⎨ y⎬ ⎬ zk −1 ⎪ ⎪ zk −1 ⎪ 0 ⎪ ⎪ ⎪ ⎩κ z ⎭ ⎩⎪ ⎪⎩ γ xy ⎪⎭ ⎭⎪ Eq. 3.30 bem como os momentos resultantes em função dessas mesmas quantidades, 28 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados ⎧M x ⎫ ⎡ Q11 Q12 ⎪ ⎪ NL ⎢ ⎨ M y ⎬ = ∑ ⎢Q12 Q22 ⎪ ⎪ k =1 ⎢Q Q 26 ⎣ 16 ⎩ M xy ⎭ Q16 ⎤ ⎥ Q26 ⎥ Q66 ⎥⎦ k ⎧ ⎧ε 0x ⎫ ⎫ ⎧κ x ⎫ zk ⎪⎪ zk ⎪⎪ 0 ⎪⎪ ⎪ ⎪ 2 ⎪⎪ ⎨ ∫ ⎨ε y ⎬ zdz + ∫ ⎨ κ y ⎬ z dz ⎬ . zk −1 ⎪ ⎪ zk −1 ⎪ 0 ⎪ ⎪ ⎪ ⎩κ z ⎭ ⎪⎩ ⎪⎩ γ xy ⎪⎭ ⎭⎪ Eq. 3.31 Como ε 0x , ε 0y , γ 0xy e κ x , κ y , κ xy não são funções de z, pois são valores na superfície média, estes termos podem ser removidos para fora da integral. Assim, as Eq. 3.30 e Eq. 3.31 podem ser reescritas da seguinte forma ⎧ N x ⎫ ⎡ A11 ⎪ ⎪ ⎢ ⎨ N y ⎬ = ⎢ A12 ⎪ ⎪ ⎢A ⎩ N xy ⎭ ⎣ 16 ⎧ M x ⎫ ⎡ B11 ⎪ ⎪ ⎢ ⎨ M y ⎬ = ⎢ B12 ⎪ ⎪ ⎢B ⎩ M xy ⎭ ⎣ 16 A12 A22 A26 B12 B22 B26 0 A16 ⎤ ⎧ε x ⎫ ⎡ B11 ⎪ ⎪ ⎪⎪ A26 ⎥⎥ ⎨ε 0y ⎬ + ⎢⎢ B12 A66 ⎥⎦ ⎪ γ 0 ⎪ ⎢⎣ B16 ⎩⎪ xy ⎭⎪ 0 B16 ⎤ ⎧ε x ⎫ ⎡ D11 ⎪⎪ ⎪⎪ B26 ⎥⎥ ⎨ε 0y ⎬ + ⎢⎢ D12 B66 ⎥⎦ ⎪ γ 0 ⎪ ⎢⎣ D16 ⎪⎩ xy ⎪⎭ B12 B22 B26 D12 D22 D26 B16 ⎤ ⎧ κ x ⎫ ⎪ ⎪ B26 ⎥⎥ ⎨ κ y ⎬ B66 ⎥⎦ ⎪ κ xy ⎪ ⎩ ⎭ D16 ⎤ ⎧ κ x ⎫ ⎪ ⎪ D26 ⎥⎥ ⎨ κ y ⎬ , D66 ⎥⎦ ⎪ κ xy ⎪ ⎩ ⎭ Eq. 3.32 onde Aij é a matriz constitutiva (ou também chamada de matriz de rigidez) de extensão (ou de membrana), dada por NL ⎛ ⎞ Aij = ∑ ⎜ Q ij ⎟ ( zk − zk −1 ) , k =1 ⎝ ⎠k Eq. 3.33 Bij é a matriz de acoplamento flexão-extensão, expresssa por Bij = 1 NL ⎛ ⎞ 2 2 ∑ ⎜ Qij ⎟ ( zk − zk −1 ) , 2 k =1 ⎝ ⎠ k Eq. 3.34 e Dij a matriz constitutiva de flexão, obtida por Dij = 1 NL ⎛ ⎞ 3 3 ∑ ⎜ Qij ⎟ ( zk − zk −1 ) . 3 k =1 ⎝ ⎠ k Eq. 3.35 29 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados Os termos A16 e A26 da matriz de extensão representam o acoplamento entre extensão e cisalhamento e os termos D16 e D26 representam o acoplamento entre flexão e torção. A Figura 3.7 resume os termos de acoplamentos da matriz constitutiva do laminado. Para um laminado simétrico, que ocorre frequentemente em aplicações, a matriz Bij é nula, e não se tem o acoplamento entre flexão e membrana. Casos contrários, quando os termos de Bij não são todos nulos, implica em que um carregamento de membrana no laminado provoca também uma flexão sobre ele. Figura 3.7 - Acoplamentos dos termos das matrizes constitutivas. A Eq. 3.32 pode ser escrita em forma compacta como ⎧ N ⎫ ⎡ A B ⎤ ⎧ ε0 ⎫ ⎨ ⎬=⎢ ⎥⎨ ⎬. ⎩ M ⎭ ⎣B D⎦ ⎩ κ ⎭ Eq. 3.36 Como geralmente os esforços solicitantes são os valores conhecidos e as deformações desconhecidas, inverte-se a Eq. 3.36, e desta forma obtêm-se as 30 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados deformações e curvaturas no plano médio em função dos esforços resultantes e da inversa da matriz constitutiva, −1 ⎧ ε0 ⎫ ⎡ A B ⎤ ⎧ N ⎫ ⎨ ⎬=⎢ ⎥ ⎨M ⎬ . B D κ ⎣ ⎦ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭ Eq. 3.37 Obtendo-se ε0 e κ a partir da Eq. 3.37 , utilizam-se as Eq. 3.25 e Eq. 3.14 para se obter as tensões nos sistemas x- y e 1-2, para qualquer lâmina k do laminado. 3.4 Critérios de Falha Nesta seção são apresentados alguns critérios para prever a falha de um laminado, todos baseados na falha da primeira lâmina (do inglês first-ply failure). Nesses critérios, se qualquer lâmina falhar, é considerado que o laminado falhou. Tais critérios são amplamente aplicados no projeto estrutural de materiais compostos laminados e alguns deles são utilizados nos problemas de otimização solucionados no presente trabalho. 3.4.1 Teoria da Máxima Tensão Na teoria da máxima tensão, para não ocorrer a falha, o valor das tensões nas direções principais do material ( σ 1 , σ 2 e τ 12 ) devem ser menores que as correspondentes resistências do material. Estas condições são expressas por X c < σ1 < X t Yc < σ 2 < Yt Eq. 3.38 − S < τ12 < S onde Xc e Xt são as resistências da lâmina em compressão e tração, respectivamente, na direção longitudial às fibras, Yc e Yt as resistências em compressão e tração, respectivamente, na direção transversal às fibras e S a resistência ao cisalhamento no plano 1-2. 31 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados 3.4.2 Teoria da Máxima Deformação A teoria da máxima deformação limita as deformações do material aos correspondentes valores de suas deformações de falha. Ela é expressa como X εc < ε1 < X εt Yεc < ε 2 < Yεt Eq. 3.39 − Sε < γ12 < Sε onde X ε c e X ε t são as deformações normais de falha em compressão e tração, respectivamente, na direção longitudinal, Yε c e Yε t as deformações normais de falha em compressão e tração, respectivamente, na direção transversal, e Sε a deformação cisalhante de falha no plano 1-2. 3.4.3 Teoria de Tsai-Hill O critério de Tsai-Hill foi baseado no critério de escoamento de Von Mises, adaptando-o para materiais ortotrópicos. Para não ocorrer a falha da lâmina, a seguinte inequação deve ser atendida σ 12 X2 − σ 1σ 2 X2 + σ 22 Y2 + 2 τ12 <1 S2 Eq. 3.40 onde X e Y são as resistências nas direções longitudinal e transversal às fibras, respectivamente. Entretanto, X e Y devem ser usados adequadamente de acordo com os sinais das tensões σ 1 e σ 2 . Caso σ 1 for positivo, X = Xt, do contrário, X = Xc. Da mesma forma, se σ 2 for positivo, Y = Yt, do contrário Y = Yc. 32 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados 3.4.4 Teoria de Hoffman O critério de Hoffman é uma generalização do critério de Tsai-Hill, que leva em conta as diferenças entre as resistências em tração e compressão. Este critério é escrito como 2 ⎛ 1 ⎛1 1⎞ ⎛ τ12 ⎞ 1 ⎞ + − +⎜ − ⎟σ1 + ⎜ − ⎟σ 2 + ⎜ ⎟ <1 X t X c YY Xt Xc ⎝ Xt Xc ⎠ t c ⎝ S12 ⎠ ⎝ Yt Yc ⎠ σ 12 3.4.5 σ 22 σ1σ 2 Eq. 3.41 Teoria de Tsai-Wu Uma forma mais geral de critério de falha, de forma a melhorar a correlação com resultados experimentais, é dada pela teoria de Tsai-Wu. Para o estado plano de tensões tal critério é expresso como 2 ⎛ 1 ⎛1 1⎞ ⎛ τ12 ⎞ 1 ⎞ + + 2 F12 +⎜ − ⎟σ1 + ⎜ − ⎟σ 2 + ⎜ ⎟ <1 X t X c YY Xt Xc ⎝ Xt Xc ⎠ t c ⎝ S12 ⎠ ⎝ Yt Yc ⎠ σ 12 σ 22 σ1σ 2 Eq. 3.42 onde F12 é um parâmetro obtido de ensaios experimentais e denominado de coeficiente de acoplamento entre as tensões normais. Segundo PEREIRA (2003), pode variar de −1 < F12 < 1 . Note que se F12 = −1/ 2 , recai-se no critério de Hoffman. 3.5 Frequência Natural e Carga Crítica de Flambagem de Laminados Nesta seção são apresentadas formulações analíticas para prever as frequências naturais e a carga crítica de flambagem de placas laminadas, utilizando a TCL e certas hipóteses adicionais. As equações resultantes são utilizadas em alguns dos problemas resolvidos no Capítulo 5. 33 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados 3.5.1 Frequência Natural Muitas vezes a melhoria da performance dinâmica de uma estrutura está diretamente relacionada com a otimização de suas frequências naturais, de forma a diminuir os riscos de ressonâncias causadas por excitações externas. Não é diferente no caso de materiais compostos laminados. Assim, torna-se importante prever seu comportamento dinâmico e suas frequências naturais. Considere uma placa retangular simplesmente suportada nas quatro arestas, com comprimento a, na direção x e largura b, na direção y, e com espessura total h na direção z. As lâminas têm espessuras iguais, são caracterizadas por serem ortotrópicas e o empilhamento é simétrico e balanceado. A seguinte equação diferencial governa o comportamento dinâmico da placa (GÜRDAL et al. (1999), JONES (1999) e REDDY (2004)), D11 ∂4w ∂4w ∂4w ∂4w ∂4w ∂2w + + + + + = − 4 D 2 D 2 D 4 D D ρ h , Eq. 3.43 ( ) 16 12 66 26 22 ∂x 4 ∂x3∂y ∂x 2 ∂y 2 ∂x∂y 3 ∂y 4 ∂t 2 onde w é a deflexão na direção z, h a espessura total do laminado e ρ a densidade média ao longo da espessura, dada por ρ= 1 h / 2 (k ) 1 NL (k ) ρ dz = ∑ρ h ∫h / 2 NL k =1 Eq. 3.44 sendo ρ ( k ) a densidade do material na k -ésima lâmina, NL o número total de lâminas e Dij os componentes da matriz de rigidez de flexão. Segundo JONES (1999), a presença dos termos D16 e D26 da rigidez de flexão e que estão associados ao acoplamento flexão-torção na Eq. 3.43 resulta em uma solução impossível. Entretanto, é considerado que esses termos são negligenciáveis, o que pode ser obtido, exceto para placas muito finas, empilhandose uma lâmina com orientação +θ próxima de uma com orientação −θ (GÜRDAL et al. , 1999). 34 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados Aplicando as condições de contorno para a placa simplesmente suportada, dadas por w = 0 e M x = 0 em x = 0 e em x = a w = 0 e M y = 0 em y = 0 e em y = b Eq. 3.45 onde M x e M y são os momentos resultantes, definidos na sub-seção 3.3.2, e fazendo uso de uma abordagem por Rayleigh-Ritz, a solução geral para o deslocamento transversal w é expressa por (JONES, 1999) ∞ ∞ w( x, y,t ) = ∑∑ Amn sin m =1 n =1 mπ x n π y i ωmn t sin e , a b Eq. 3.46 onde ωmn é a frequência natural do modo de vibração (m, n), i o número complexo definido como i = −1 , t a variável tempo e Amn os coeficientes da série de Fourier. Substituindo a Eq. 3.46 na Eq. 3.43 obtém-se a equação para as frequências naturais (JONES, 1999) 4 2 2 4 π2 ⎡ ⎛ m⎞ ⎛m⎞ ⎛n⎞ ⎛m⎞ ⎤ ωmn = ⎢ D11 ⎜ ⎟ + 2 ( D12 + 2 D66 ) ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ + D22 ⎜ ⎟ ⎥ , ρ h ⎣⎢ ⎝ a ⎠ ⎝ a ⎠ ⎝b⎠ ⎝ b ⎠ ⎦⎥ Eq. 3.47 m,n = 1, 2 ,3... 3.5.2 Carga de Flambagem Como as estruturas de materiais compostos laminados possuem geralmente pequena espessura, se ocorrerem tensões compressivas, elas poderão estar sujeitas à flambagem. Assim, a previsão da carga de flambagem se torna importante no projeto de tais estruturas. Uma formulação para determinar a carga crítica de flambagem para uma placa retangular simplesmente apoiada nas quatro arestas, com empilhamento simétrico de lâminas e somente com carregamentos de membrana compressivos Nx e Ny (Nxy = 0), conforme mostra a Figura 3.8, é apresentada por GÜRDAL et al. (1999). Os 35 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados modos de flambagem são senoidais e o fator crítico de flambagem λ cb , que representa a razão entre carga de flambagem e carga aplicada é dado por 2 2 4 ⎛ 2 ⎡ ⎛ p ⎞4 ⎛ p⎞ ⎛q⎞ ⎛q⎞ ⎤⎞ + + + D D D D π 2 2 ⎜ ⎢ 11 ⎜ ⎟ ( 12 ⎟ ⎜ ⎟ ⎟ ⎥⎟ 66 ) ⎜ 22 ⎜ ⎝ a⎠ ⎝b⎠ ⎝ a ⎠ ⎥⎦ ⎟ ⎜ ⎢⎣ ⎝ a ⎠ λ cb = min ⎜ 2 2 ⎟ p ,q ⎛ p⎞ ⎛q⎞ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ Nx + ⎜ ⎟ N y ⎜ ⎟ a b ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ Eq. 3.48 onde p e q são os números de meias ondas nas direções x e y, a o comprimento, b a largura da placa e Dij os componentes da matriz de flexão. Note que a flambagem ocorre quando o fator crítico de flambagem for menor que 1 ( λ cb < 1 ). Figura 3.8 - Placa retangular sujeita a carregamentos compressivos. 3.6 Alguns Aspectos sobre o Projeto de Compostos Laminados O projeto de uma estrutura eficiente de compostos laminados significa encontrar, para uma determinada aplicação específica, não somente a sua forma ou espessura, mas projetar as propriedades do material através da escolha das orientações, número e sequência de empilhamento das lâminas (GÜRDAL et al., 1999). Os ângulos de orientações das lâminas variam entre -90° e 90° e, por razões práticas e comerciais normalmente são valores discretos, como por exemplo, 0°, Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados 36 ±45° e 90°, ou entre 0° e 90°, com incrementos de 15°. Também, como já mencionado, é possível combinar, em um mesmo laminado, diferentes tipos de lâminas. Por exemplo, lâminas reforçadas com fibras de vidro e lâminas reforçadas com fibras de carbono. As primeiras normalmente apresentam menor rigidez e resistência, mas também um custo menor em relação às segundas. Assim, o projeto de um laminado visa encontrar a sequência de empilhamento, com diferentes propriedades em diferentes direções, utilizando as propriedades naturais de cada lâmina. No entanto, encontrar a melhor sequência de empilhamento pode se tornar um problema complexo, em função das inúmeras possibilidades para um determinado número de variáveis. Considerando, por exemplo, as orientações 0°, 45° e 90°, os números de possíveis soluções para diferentes números de lâminas do laminado são apresentados na Tabela 3.1. Se considerarmos agora somente o material como variável, tendo-se a opção de dois materiais, as quantidades de possíveis soluções são mostradas na Tabela 3.2. Para os casos de otimização de materiais híbridos têm-se então as possibilidades para a sequência de orientação de empilhamento multiplicadas pelas possibilidades obtidas com a sequência de materiais do laminado. Outro aspecto que está relacionado aos materiais compostos é o projeto com menor custo em combinação com a otimização do seu comportamento mecânico. Por exemplo, caso deseja-se minimizar o custo e maximizar a rigidez, ou minimizar o custo e também o peso, recai-se em um problema de otimização multiobjetivo. A otimização multiobjetivo de compostos laminados não é abordada no presente trabalho, podendo o leitor interessado consultar os trabalhos de SOREMEKUM (1997) e ABACHIZADEH e TAHANI (2009), entre outros. 37 Capítulo 3 Conceitos da Mecânica dos Materiais Compostos Laminados Tabela 3.1 - Número de possíveis soluções em função da quantidade de lâminas e de orientações Quantidade de lâminas Quantidade de ângulos (0°, 45° e 90°) Número de possíveis soluções 1 3 3 2 3 9 5 3 243 8 3 6561 10 3 59049 20 3 3486784401 n 3 3n Tabela 3.2 - Número de possíveis soluções em função da quantidade de lâminas e de materiais Quantidade de lâminas Quantidade de materiais (grafite/epoxy-vidro/epoxy) Número de possíveis soluções. 1 2 2 2 2 4 5 2 32 8 2 256 10 2 1024 20 2 1048576 n 2 2n 38 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 4 ALGORITMO DE COLÔNIA DE FORMIGAS 4.1 Origem dos Algoritmos de Colônia de Formigas Os algoritmos de colônia de formigas (ACO, do inglês Ant Colony Optimization) como o próprio nome indica, foram inspirados nas formigas, principalmente no comportamento que elas apresentam na busca por alimento, mas também no que diz respeito à organização do trabalho e cooperação entre si. Uma colônia de insetos é muito organizada e as atividades coletivas dos insetos são realizadas com a auto-organização. A auto-organização relacionada ao comportamento social dos insetos é descrita por BONABEAU et al. (1999) como um mecanismo estrutural dinâmico de um sistema de interações entre os seus componentes. O estudo da auto-organização social dos insetos aplicado como uma ferramenta a outros campos do conhecimento originou projetos de sistemas inteligentes com estas características, dentre eles o algoritmo de colônia de formigas. Outro fator de relevância observado por biologistas diz respeito à forma de comunicação das formigas. A auto-organização dos insetos necessita de uma interação entre si. Esta interação pode ser direta, através de antenas, contato das mandíbulas, contato visual ou contatos químicos. Também pode ser de forma indireta em que dois indivíduos interagem quando um deles modifica o ambiente e o outro responde a esta mudança posteriormente (BONABEAU et al., 1999). Assim, uma informação indireta é transferida através de modificações no ambiente. Esta forma indireta de comunicação é denominada estimergia, em inglês stigmergy, e significa estímulo dos trabalhadores para melhorar o seu desempenho (DORIGO e STÜTZLE, 2004). Já segundo CASTRO (2006), estimergia é o método de comunicação em que os indivíduos de um sistema se comunicam entre si pela modificação do ambiente local. Este termo foi introduzido por Grassé (BONABEAU et al., 1999) para explicar a coordenação de tarefas e a organização das formigas. As formigas percebem as mudanças realizadas por outras formigas no ambiente e este torna-se um meio de comunicação. O que torna isto aplicável a algoritmos é que esta comunicação, estimergia, pode ser quantitativamente operacional, e a mesma é flexível, cujas perturbações externas podem ser detectadas, observadas, e Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 39 relacionadas às formigas artificiais, porque estas respondem positivamente a estas perturbações. Detectou-se que uma forma de comunicação entre as formigas, ou entre as formigas e o ambiente, baseia-se no feromônio, um elemento químico produzido pelas formigas (DORIGO e STÜTZLE, 2004). Para algumas espécies de formigas, como a Lasius niger ou a Argentine Iridomyrmex humilis, o feromônio é utilizado para fazer trilhas e assim marcar caminhos ao seu redor. As trilhas de feromônio são utilizadas pelas formigas para se moverem do ninho até uma determinada fonte de alimentos. Deneubourg, Aron, Goss, e Pasteels, citados por DORIGO e STÜTZLE (2004), realizaram um experimento real de ponte dupla com formigas da espécie Argentine em busca de alimento entre o ninho e a fonte de alimento, conforme representado na Figura 4.1. Figura 4.1 - Experimento da ponte dupla para trilha de formigas. Inicialmente as formigas reais movem-se randomicamente em busca de alimento, ou seja, realizam buscas exploratórias por possíveis soluções. Ao encontrarem alimento elas retornam para o ninho depositando feromônio. A quantidade maior de feromônio significa que mais formigas encontraram este caminho e depositaram o feromônio, aumentando a probabilidade de este ser o 40 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas melhor caminho ou o mais curto. Assim, este caminho tornou-se uma solução que foi otimizada em função do nível de feromônio encontrado na trilha. Os resultados comprovaram que as formigas circulavam pelo caminho com maior quantidade de feromônio, que também era o mais curto. O depósito de feromônio estimulava cada vez mais as formigas a optarem pelo caminho com maior concentração química desta substância, convergindo para um determinado caminho. A trilha de feromônio está ilustrada na Figura 4.2. Figura 4.2 - Formação da trilha de feromônio na busca do alimento. Computando via feromônio a capacidade de se comunicar, marcar e rastrear as trilhas como formigas artificiais, o algoritmo de colônia de formigas foi criado por Marco Dorigo em 1992 (DORIGO e STÜTZLE, 2004). Assim, um modelo natural de trilha de feromônio de insetos foi a base para um sistema artificial. As formigas artificiais são comportamento também das denominadas formigas agentes. artificiais partiu A do análise modelo probabilística do estocástico do comportamento das formigas reais, conforme descrito por DORIGO e STÜTZLE (2004). O nível de feromônio artificial permite a formiga intensificar a busca por um determinado caminho, ou trilha por um circuito menor e gastando, portanto, menos 41 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas tempo. Isto significa que, quanto maior a quantidade de feromônio na trilha, melhor é o caminho. A sensibilidade em relação ao elemento químico permite uma comunicação interativa entre as formigas reais. A transposição matemática deste nível de controle ou sensibilidade de feromônio leva à construção da solução heurística de colônia de formigas artificiais para resolver problemas difíceis de otimização. As características básicas do algoritmo de colônia de formigas, como explicam BONABEAU et al. (1999), são: i) a retroalimentação positiva em função das trilhas de feromônio, isto é, quanto maior o nível de feromônio melhor a qualidade da solução; ii) o feromônio virtual, cuja quantidade é acrescida nas soluções boas e decrescida em outras soluções não efetivamente boas evitando a estagnação; iii) o comportamento cooperativo das formigas, cuja exploração é coletiva; e iv) o reforço de feromônio nas trilhas de feromônio das formigas que atingiram melhores desempenhos. VIANA et al. (2008) apresentam a correspondência entre o que acontece na natureza e o algoritmo ACO. Tal correspondência está representada na Tabela 4.1. Tabela 4.1 - Correspondência entre a natureza e o ACO. Natureza ACO Possíveis caminhos entre o ninho e o alimento Caminho mais curto Ação via comunicação por feromônio Conjunto de possíveis soluções (diferentes vetores das variáveis de projeto) Solução ótima Procedimento de otimização O processo de obtenção da solução com o algoritmo de colônia de formigas pode adotar uma representação por grafos. Um grafo é designado por G( N , A ) , onde N é o conjunto de nós e A simboliza as arestas entre os nós, e as formigas artificiais processam a construção da solução através da seleção probabilística dos nós. Ao comportamento das formigas artificiais adiciona-se uma forma de memória que armazena parcialmente as trilhas percorridas. Assim, a construção da solução passa a ter as seguintes características: 42 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas • Construção de uma solução probabilística para a trilha de feromônio, sem uma atualização no percurso de ida do circuito; • O circuito de retorno é determinístico e com atualização de feromônio. A atualização corresponde à taxa de adição de feromônio e simultaneamente à taxa de diminuição do mesmo; • As soluções geradas são avaliadas pela sua qualidade, e esta avaliação é usada para determinar a quantidade de feromônio a depositar e a evaporar, de forma similar ao comportamento das formigas reais para melhorar a busca pelo caminho de alimento. 4.1.1 Algoritmo Ant System - AS O algoritmo S-ACO, Simple-ACO ou AS, foi o primeiro algoritmo baseado no comportamento de formigas a ser desenvolvido por Marco Dorigo, na década de 1990 (DORIGO e STÜTZLE, 2004). Ele adaptou o comportamento das formigas reais para a obtenção da solução, por meio de grafos para o problema do caixeiro viajante (problema de caminho mínimo). Relacionou cada aresta (i,j) do grafo G( N , A ) a uma variável τ ij , denominada trilha de feromônio artificial, ou simplesmente trilha de feromônio. A construção da solução inicia com cada formiga partindo de um determinado nó (ninho) e a seleção do próximo nó (alimento) se dá de forma aleatória para a decisão da escolha, e as informações das arestas são armazenadas justamente para a tomada de decisão. A quantidade inicial de feromônio é constante para todos os arcos ou arestas. As probabilidades pijk nas quais ocorrem as decisões para uma formiga k percorrer a conexão i, j , são dadas por (DORIGO e STÜTZLE, 2004) ⎧ ⎡τ ⎤α ⎡η ⎤ β ⎪ ⎣ ij ⎦ ⎣ ij ⎦ , α β ⎪ pijk = ⎨ ∑ [τ il ] [ηil ] k ⎪ l∈ Νi ⎪0 , ⎩ j ∈ Ν ik j ∉ Ν ik Eq. 4.1 43 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas onde τ ij é a quantidade de feromônio, α é o parâmetro que controla a influência de feromônio, ηij é a informação heurística ou valor heurístico que é definida em função das características do problema, β é o parâmetro que controla a influência da informação heurística, l é o candidato do conjunto de soluções, Ν ik é o conjunto de nós de vizinhança viável do nó i , associado à k -ésima formiga. A atualização de feromônio, dada por τ ijk ← τ ijk + Δτ k , Eq. 4.2 ocorre no retorno do circuito da k -ésima formiga, depositando uma quantidade Δτ k de feromônio nos arcos visitados. O valor de Δτ k é assumido constante para todas as formigas. Esta variação de feromônio faz com que os caminhos mais curtos sejam alcançados pela intensificação da quantidade de feromônio nos melhores trechos. A evaporação do nível de feromônio tende a permitir uma convergência das formigas para um subótimo, ou seja, uma solução nas proximidades do ótimo. Como a quantidade de feromônio diminui, isto leva à exploração de caminhos alternativos durante o processo de busca, e a evaporação limita o nível máximo de feromônio, evitando uma estagnação da solução em um ótimo local. A evaporação respeita a equação τ ijk ← (1− ρ )τ ijk , ∀( i, j ) ∈ A ; ρ ∈ [ 0,1] Eq. 4.3 sendo ρ um parâmetro da taxa de evaporação de feromônio do algoritmo AS. Segundo DORIGO e STÜTZLE (2004), as principais características do AS são: Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas • 44 Somente a adição de uma quantidade de feromônio, Δτ k , não é suficiente para permitir uma solução efetiva de problemas de otimização; • Uma convergência mais rápida é obtida com a atualização de feromônio baseada na qualidade da solução; • O parâmetro ρ controla o nível de feromônio no AS. Valores muito grandes do fator de evaporação pioram o comportamento do algoritmo, em razão das flutuações randômicas; • O maior número de formigas eleva a perfomance do algoritmo, entretanto aumenta o tempo de processamento; • A evaporação de feromônio se faz importante, principalmente na resolução de problemas complexos. Como o objetivo é a otimização de problemas considerados difíceis, a garantia de convergência em solução é necessária para se ter resultados considerados ótimos. A convergência do ACO foi testada e comprovada numericamente para a função analítica OneMax por GUTJAHR (2008). 4.1.2 Algoritmos de Otimização de Colônia de Formigas (ACO) O primeiro algoritmo de colônia de formigas (Ant System) deu origem a outros algoritmos que foram denominados algoritmos de otimização de colônia de formigas, ACO, do inglês Ant Colony Optimization. Suas principais variantes podem ser encontradas no Apêndice A. O algoritmo ACO resume-se em três procedimentos: • Construção das soluções com as formigas; • Atualização de feromônio; • Ações daemon. O primeiro procedimento é a construção das soluções pelas formigas com base em um grafo. As formigas movem-se entre os componentes do grafo, variáveis do problema, estabelecendo uma conexão entre eles. Este movimento é determinado Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 45 estocasticamente e localmente pelas informações das trilhas de feromônio e pela informação heurística, η , a qual é utilizada para melhorar a eficiência do algoritmo sendo definida em função das características do problema. O segundo procedimento está relacionado ao depósito ou à evaporação do feromônio durante a construção na busca da solução. Quanto maior a quantidade de feromônio maior a probabilidade de uma mesma conexão ou componente ser usado, reforçando sua trilha. Por outro lado, a diminuição faz com que se busquem novas regiões ainda não consideradas, podendo ser regiões próximas do ótimo. O terceiro procedimento, ações daemon, diz respeito a rotinas que venham a melhorar a busca em determinado local, ações de busca local, ou um conjunto de ações globais que possibilitem tomar decisões positivas. O termo daemon, que é originário da linguagem computacional, significa uma rotina ou um programa criado para realizar determinada tarefa padrão, com fins específicos, a ser executado sempre que solicitado. Na Figura 4.3 é apresentado o pseudocódigo resumido do algoritmo ACO segundo DORIGO e STÜTZLE (2004). Figura 4.3 - Pseudocódigo do algoritmo ACO. Destacam-se, entre as principais variantes dos algoritmos ACO, os seguintes: MAX-MIN Ant System (MMAS), Ant Colony System (ACS) e o ASRANK. Mais recentemente, outros pesquisadores vêm introduzindo métodos de melhoria para o ACO, como XIA et al. (2008) e SOCHA e DORIGO (2008) com o algoritmo ACOR para problemas com variáveis contínuas. O algoritmo MMAS apresenta melhores resultados, embora com um tempo computacional maior (DORIGO e STÜTZLE, 46 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 2004). O Ant Colony System, ACS, é descrito e estudado com maiores detalhes em razão das suas características e vantagens, além do mesmo ser adotado no presente trabalho. 4.1.2.1 Algoritmo Ant Colony System – ACS O ACS é uma variante ou extensão do algoritmo AS, e tem as seguintes características que o torna mais eficiente: • Explora a experiência acumulada pelas formigas com mais intensidade do que o AS; • A evaporação e o depósito de feromônio são alterados somente nos circuitos de melhor qualidade; • Remove feromônio nas conexões dos circuitos aumentando a exploração de outros caminhos diferentes. Estas alterações no algoritmo AS possibilitaram execuções com tempos computacionais menores, além de encontrar soluções factíveis ótimas e apresentar prova de convergência. Estas razões determinaram sua seleção para a implementação no problema de otimização do corrente trabalho. O procedimento da construção de soluções na forma da representação por grafos segue a regra pseudoaleatória proporcional. Para selecionar a próxima opção j , a partir do ponto i , tal regra é dada por (DORIGO e STÜTZLE, 2004) { } ⎧ arg max [τ ] [η ]β , il il ⎪ k j = ⎨ l∈ Νi ⎪ J ( pijk ) , ⎩ q ≤ q0 , Eq. 4.4 q > q0 , onde q é um parâmetro randômico uniformemente distribuído entre 0 e 1 e q0 é um parâmetro constante, também entre 0 e 1, Ν ik é o conjunto de nós de vizinhança viável do nó i , associado à k -ésima formiga e J a variável randômica selecionada 47 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas de acordo com a probabilidade pijk , dada pela primeira das equações (4.1). As outras quantidades desta equação são as mesmas apresentadas na Eq. 4.1. A parametrização do valor de q0 busca valores em torno da melhor solução ou define a exploração de soluções alternativas. O parâmetro q0 determina a importância relativa da GAMBARDELLA, 1997). investigação versus a exploração (DORIGO e Se q ≤ q0 , procede-se uma investigação na qual, o elemento com a maior combinação de feromônio e informação heurística é escolhido. Caso contrário, se q > q0 , a exploração de um novo elemento é determinado proporcionalmente à sua distribuição probabilística (ABACHIZADEH e TAHANI, 2009). Um valor alto de α , que é o parâmetro de controle de influência de feromônio, tende a aumentar a importância probabilística do conhecimento acumulado. E o valor do parâmetro β influência a importância da característica do problema com o controle da informação heurística. A matriz de feromônio, τ ij , é denominada também como medida de desejabilidade. DORIGO e GAMBARDELLA (1997) observaram experimentalmente que é a propriedade de desejabilidade que indica se as formigas exploram diferentes caminhos, então há uma maior probabilidade de uma delas encontrar uma solução melhor. Segundo estudos com experimentos numéricos realizados por DORIGO e GAMBARDELLA (1997), a função heurística ηil , também denominada valor heurístico ou matriz heurística, é importante para que o algoritmo encontre boas soluções em tempo razoável. Estes testes numéricos experimentais com o ACS aplicado ao problema Oliver30, com mais de 30 execuções, e 10000 iterações por execução, apontaram que a ausência da informação heurística piora o desempenho do algoritmo (DORIGO e GAMBARDELLA, 1997). O segundo procedimento das atividades da meta-heurística ACS é a atualização de feromônio, que se processa via análise local e global. A atualização local atua junto à construção das soluções, onde uma parcela de feromônio é reduzida permitindo a exploração de regiões não consideradas e diminuindo a tendência à estagnação do algoritmo. Realiza-se também um acréscimo de feromônio favorecendo uma solução subótima, próxima da solução ótima, 48 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas correspondente ao trajeto i, j . A expressão da atualização local de feromônio é dada por τ ij ← (1− ξ)τ ij + ξτ 0 , 0 < ξ < 1, Eq. 4.5 onde ξ é um parâmetro da taxa de evaporação local de feromônio do algoritmo ACS. O valor inicial de feromônio τ 0 é calculado por τ0 = 1 n C nn Eq. 4.6 sendo n o número de pontos do circuito e C nn o comprimento do circuito, ou a função objetivo, simbolizada para o problema do caixeiro viajante. A atualização local altera dinamicamente a desejabilidade ou o nível de feromônio nas arestas. Toda vez que a formiga utilizar a mesma aresta esta se torna menos desejável, pois existe perda de feromônio. Dessa maneira as formigas fazem melhor uso da informação de feromônio (DORIGO e GAMBARDELLA, 1997). A atualização global se faz a cada iteração do algoritmo, e a mesma se processa tanto com a evaporação e depósito de feromônio, que são aplicados somente à melhor solução, ou ao melhor percurso que as formigas encontram e estão no conjunto T bs . A aresta correspondente à melhor solução recebe um reforço de feromônio (DORIGO e GAMBARDELLA, 1997). A atualização global é dada por τ ij ← (1− ρ )τ ij + ρΔτ ijbs , ∀( i, j ) ∈ T bs , Eq. 4.7 onde ρ é um parâmetro da taxa de evaporação global de feromônio do algoritmo ACS e T bs o conjunto das melhores soluções. O valor do feromônio para a melhor solução da iteração é calculado por 49 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas Δτ ijbs = 1 / C bs , Eq. 4.8 sendo C bs o comprimento do circuito da melhor solução da iteração (no caso do problema do caixeiro viajante), ou o melhor valor da função objetivo (no corrente trabalho). DORIGO e STÜLZLE (2004) sugeriram valores dos parâmetros para os diferentes tipos de extensões de ACO. Para o ACS os parâmetros são ajustados segundo suas recomendações, os quais estão mostrados na Tabela 4.2, onde m é o número de formigas. Os demais parâmetros são aqueles explanados a partir das Eq. 4.4, Eq. 4.5 e Eq. 4.7. Os valores dos parâmetros para outras variantes de ACO encontram-se no Apêndice A. Tabela 4.2 - Parâmetros para o ACS. m α β q0 ξ ρ 5 1 2 0,9 0,1 0,1 4.2 Aplicações da Técnica de Otimização de Colônia de Formigas Originalmente, o algoritmo de colônia de formigas foi desenvolvido para resolver o problema do caixeiro viajante, e tem evoluído aperfeiçoando-se com base na sua característica principal, o feromônio. Em paralelo à sua evolução como algoritmo, as aplicações que utilizam o ACO também vêm crescendo em diversos campos que exigem a solução de problemas complexos de otimização. O ACO tem se mostrado um algoritmo potencial, versátil e aplicável em pesquisa operacional e aplicações científicas e tecnológicas. A seguir alguns exemplos de aplicações envolvendo o ACO em diferentes áreas: • k-cardinality tree problem, o qual é considerado um problema de otimização combinatória muito difícil (BLUM e BLESA, 2005); Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 50 • problemas de sequenciamento de produção (GAJPAL et al., 2006); • otimização de estruturas treliçadas (SERRA e VENINI, 2006); • problema da mochila multidimensional (KONG et al., 2008); • rotas de coleta de lixo (KARADIMAS et al., 2007); • testes com funções multimodais e não convexas para encontrar o mínimo global (TOKSARI, 2008); • análise do limite plástico de estruturas (KAVEH e JAHANSHAHI, 2008). Estas e outras importantes aplicações têm potencializado o algoritmo ACO, mas o mesmo ainda tem sido pouco usado em problemas de otimização de estruturas de materiais compostos laminados. 4.3 Ant Colony System (ACS) Aplicado a Materiais Compostos Laminados As características e vantagens do ACS, descritas na Subseção 4.1.2.1, determinaram sua escolha para a investigação do presente trabalho, qual seja, a aplicação a problemas de otimização de materiais compostos laminados. Segundo DORIGO e STÜLZLE (2004) o ACS possibilita resolver problemas de otimização com variáveis discretas, com tempo computacional menor em relação às outras variantes, com atualizações locais e globais de feromônio para evitar estagnação em mínimos locais. Além disso, é uma das variantes que evoluiu positivamente em relação ao primeiro ACO. A obtenção da melhor sequência de empilhamento de um laminado composto é um problema de otimização combinatória cuja solução via ACO está representada na Figura 4.4. Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 51 Figura 4.4 - Representação de ACO aplicado a material composto laminado. A otimização de estruturas e componentes de materiais compostos laminados geralmente recai em problemas de minimização do peso ou do custo e maximização da rigidez, ou da carga de flambagem, além de possíveis conjugações multiobjetivos como: peso e custo, peso e flambagem, etc. As restrições normalmente são os critérios de falha e as características geométricas do laminado. A Tabela 4.3 apresenta uma correlação do ACS com problemas de otimização de materiais compostos laminados. 52 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas Tabela 4.3 - Representação do ACO aplicado a materiais compostos laminados. Características do problema Mapeamento do problema Conjunto componentes C dos C = {c ,c ,...,c } 1 2 nc Conjunto soluções X das Aplicação em laminados Possibilidades de ângulos de orientação da lâmina, por exemplo: C = {02 , ± 15, ±30,±45,±60,±75,902 } x= ( c ,...,c ) ,( c ,...,c ) ..., ( c ,...,c ) ,... i j j h i h Todas as soluções candidatas para n lâminas Subconjunto S de X S⊆X Soluções candidatas para n lâminas Restrições Ω Ω - Simetria e balancemento do laminado; - Máximo número de lâminas contíguas com a mesma orientação; - Falha da primeira lâmina; - Carga máxima de flambagem Conjunto das x ∈ X soluções factíveis X Sequências de empilhamento factíveis, isto é, que respeitem as restrições Solução ótima s* s* ∈ X Sequência ótima de empilhamento Função objetivo f(x) - Peso (a ser minimizado); - Custo (a ser minimizado); - Carga de flambagem (a ser maximizada); - Resistência (a ser maximizada). Inicialmente, os caminhos de k formigas são gerados aleatoriamente. Cada formiga constrói uma solução factível aplicando repetidamente a regra estocástica (regra de transição de estado) dada pela Eq. 4.4. Enquanto está construindo a solução, a formiga também modifica a quantidade de feromônio nas arestas visitadas aplicando a regra de atualização de feromônio local. As formigas movem-se através de um espaço de busca multidimensional onde a dimensão do espaço de busca é igual ao número de lâminas multiplicadas pelas quantidades que podem variar em cada lâmina. Se todas as lâminas forem de um mesmo material, o espaço será igual ao número de lâminas. Quando houver possibilidade de escolha de mais de um material, além da orientação, a dimensão do espaço será duas vezes o número de lâminas. A cada iteração, cada formiga seleciona um caminho (empilhamento) o qual muda de acordo com a sua própria 53 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas experiência e também com a experiência das outras formigas da colônia. No fim do caminho, o percurso ou o empilhamento, é avaliado usando a função de avaliação, e cada formiga deposita feromônio nas arestas (posição de uma dada lâmina) que tenha sido visitada (BLOOMFIELD et al., 2009). Na construção da solução, via representação por grafo, a função feromônio tem valores para cada par de elementos ou para cada par de elementos localizado no espaço de solução. Uma sequência utilizando todos, ou alguns, destes elementos, é a solução final para o problema. Os elementos são caracterizados baseados na natureza do problema (ABACHIZADEH e TAHANI, 2009). A execução do algoritmo ACS aqui implementado é baseada nos três procedimentos descritos na Subseção 4.1.2.1. O valor inicial do feromônio τ 0 é informado no início do algoritmo. Sua quantidade, para o caso de laminados, foi obtida baseada na Eq. 4.6. Tal equação tem uma relação com a quantidade de nós, que no presente caso é dada pela quantidade de orientação dos ângulos das fibras multiplicados pela quantidade de material das lâminas. Como as aplicações de materiais compostos em estruturas buscam frequentemente a redução de peso, o valor relativo a esta variável também tem importância na quantidade de feromônio. Assim, o valor do feromônio inicial τ 0 é adotado como τ0 = 1 , NW Eq. 4.9 onde N é o número de nós, o qual é obtido pela quantidade de orientações dos ângulos multiplicada pela quantidade de materiais da lâmina, e W o peso inicial do laminado, obtido com uma sequência aleatória do laminado. A informação (ou matriz) heurística ηij tem uma relação com o problema a ser resolvido com o ACO. Para o caso dos laminados que são formados de lâminas que podem ter espessuras diferentes e formados com materiais também diferentes, a informação heurística ou matriz heurística proposta no presente trabalho é dada por 54 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas ηij = 1 ej ρ j Eq. 4.10 onde e j é a espessura da lâmina e ρ j a densidade do material da lâmina. Os demais parâmetros para o ACS estão detalhados na Tabela 4.2, sugeridos por DORIGO e STÜLZLE (2004). O ACO é baseado em um grafo G( N , A ) , definindo N como o conjunto dos componentes, ou seja, os ângulos das orientações das fibras, e A como a combinação entre estes componentes, que resultará na sequência de empilhamento dos ângulos. Uma representação esquemática do grafo mostrando todas as possibilidades para um laminado de 4 lâminas e 3 opções de orientações para as lâminas pode ser visualizada na Figura 4.5. τ ij Figura 4.5 - Representação esquemática do grafo para um laminado de 4 lâminas e 3 opções de orientações (0°, 45° ou 90°). Para um laminado nas mesmas condições anteriores e cuja sequência de empilhamento é [0, 45, 90, 45] o respectivo grafo está representado na Figura 4.6. 55 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas + τ 0 τ ij + τ 0 τ ij τ0 + τ ij Figura 4.6 - Exemplo do grafo para um laminado [0, 45, 90,45]. O grafo G( N , A ) da Figura 4.6 é formado pelo conjunto de nós N = {{0, 45, 90}1, {0, 45, 90}2, {0, 45, 90}3, {0, 45, 90}4}, onde os índices 1, 2, 3 e 4 indica o número da lâmina e pelo conjunto das arestas destes compontes A = {(0, 45), (45, 90), (90, 45)}, resultante da sequência de empilhamento das lâminas do laminado. A matriz de feromônio, τ ij , é atualizada partindo de um valor inicial τ 0 igual para todas as opções, e à medida que a formiga encontra uma lâmina melhor, o nível de feromônio é atualizado. Para o exemplo em questão, se a sequência de empilhamento construída θ i = [0, 45, 90, 45] for uma boa solução, um valor adicional de feromônio é somado nas ligações selecionadas, conforme está representado na Figura 4.6. No caso de material composto híbrido as possíveis soluções das orientações dos ângulos e materiais da sequência de empilhamento têm a sua complexidade com a adição de diferentes materiais. Para um laminado de 4 lâminas com 3 possíveis orientações [0°, 45°, 90°] e dois materiais, mat1 e mat2 , o grafo da sequência de empilhamento [ 45mat1 , 0mat 2 , 0mat1 , 90mat 2 ] está representado na Figura 4.7. Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 56 Figura 4.7 – Exemplo de grafo para um laminado híbrido [ 45mat1 , 0mat 2 , 0mat1 , 90mat 2 ]. De forma resumida, o pseudocódigo do ACO aplicado aos materiais compostos laminados, considerando somente as orientações como variáveis, está apresentado na Figura 4.8. Neste pseudocódigo f representa a função a ser minimizada, m o número de formigas, θ i o ângulo de orientação da lâmina i , NI o número total de iterações, n o número total de lâminas, % comentário, f * a melhor solução obtida, f min a melhor solução da iteração, l as soluções obtidas pelas formigas durante a busca. Uma rotina de busca local foi desenvolvida, a qual é solicitada, caso o problema a resolver utiliza-a. Esta se resume em construir uma nova solução a partir de uma boa solução encontrada pelas formigas em uma dada iteração, f min , via perturbação do ângulo da sequência de empilhamento. O seu pseudocódigo está representado na Figura 4.9, onde f BL é a solução construída com a busca local. No Apêndice B é também apresentado um fluxograma do ACO implementado. Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas Figura 4.8 - Pseudocódigo do ACO aplicado a material composto laminado. 57 Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 58 Figura 4.9 - Pseudocódigo para a busca local. 4.4 ACO Associado ao Método dos Elementos Finitos (ABAQUS) O método dos elementos finitos (MEF) é uma técnica de cálculo computacional utilizada frequentemente para resolver problemas de engenharia. Esta técnica se baseia em obter uma solução aproximada para as equações diferencias governantes do problema, como descrito em HUTTON (2004). O MEF pode ser dividido em três etapas básicas, a primeira etapa é a de pré-processamento, que consiste na modelagem do problema. A segunda fase é a de solução, em que as equações que representam o problema são resolvidas, e a última fase é a de pós processamento, em que as soluções obtidas são avaliadas e analisadas. O avanço do método de elementos finitos permitiu o seu uso como estratégia na otimização do projeto de estruturas de material composto, em combinação com algoritmos de otimização, como avalia ACEVES et al. (2008). Vários softwares comerciais possibilitam a resolução de problemas com a utilização de materiais compostos, dentre eles o ABAQUS. O mesmo realiza o cálculo estrutural do laminado em função de diversos parâmetros como o tipo de material, tipo de elemento e as condições de contorno (ABAQUS, 2008). Para o processamento de compostos laminados com geometrias complexas, ou que não tenham uma solução analítica prática, criou-se uma macro no ABAQUS, denominada Matlab_Vib.py, cujo objetivo é a integração com o ACO, desenvolvido em Matlab. O ACO gera a sequência de empilhamento e grava no diretório de trabalho um arquivo denominado empilhamento.txt com as características do laminado como: ângulo, material, número de lâminas. No ABAQUS, modela-se a Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas 59 estrutura do composto laminado, definindo suas dimensões, condições de contorno, a malha para o cálculo de elementos finitos, e as propriedades do material. O arquivo do ABAQUS com essas informações recebe a extensão .cae. Em seguida, no ABAQUS, a macro é executada. Os dados do arquivo empilhamento.txt são lidos, o composto laminado é montado e o cálculo por elementos finitos é executado. Após este cálculo é gerado o arquivo resultados.txt com as informações necessárias para calcular o valor correspondente da função objetivo e das restrições para a iteração corrente, e o mesmo é gravado no diretório de trabalho. O ACO, em Matlab, lê o arquivo resultados.txt e processa os passos do algoritmo correspondentes àquela iteração. A execução termina quando o número máximo de iterações é alcançado. O fluxograma que representa este processo se encontra na Figura 4.10. Capítulo 4 Algoritmo de Colônia de Formigas Figura 4.10 - Fluxograma da integração do ACO, desenvolvido em Matlab, com o ABAQUS. 60 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão 61 5 RESULTADOS NUMÉRICOS E DISCUSSÃO Neste capítulo são apresentados os resultados de diversos testes numéricos realizados com o algoritmo de colônia de formigas na otimização de placas laminadas retangulares. Foram solucionados problemas de maximização da resistência, minimização de custo e minimização do peso, nos quais a resposta estrutural é dada pela Teoria Clássica dos Laminados (TCL). Os resultados obtidos são comparados com soluções encontradas na literatura. Testes também foram realizados para um problema de maximização da frequência fundamental de placas. Nestes últimos, além da TCL, também foi utilizado o programa comercial de elementos finitos ABAQUS para efetuar o cálculo estrutural. 5.1 Caso 1 - Maximização do Fator Crítico de Carga O problema solucionado nesta seção também foi investigado por vários pesquisadores, entre eles KOGISO et al. (1994a) através da otimização via algoritmos genéticos (AG), e AYMERICH e SERRA (2008) e WANG et al. (2009) utilizando ACO. Ele consiste em encontrar a sequência de empilhamento ótima que maximize o fator de carga crítica, que corresponde ao menor valor entre o fator crítico da carga de flambagem e o fator crítico de falha por deformação para uma placa retangular simplesmente apoiada, submetida a carregamentos compressivos. As orientações possíveis para as lâminas são 0°, +45°, -45° e 90°. Considerou-se como restrição o número máximo de lâminas adjacentes com a mesma orientação igual a quatro, e o laminado simétrico e balanceado. Para respeitar a condição de simetria, opera-se somente com a metade das lâminas do laminado, a outra metade possuindo orientações simétricas. Para o balanceamento considera-se sempre empilhamento feito por duas lâminas contíguas, cujas orientações possuem sinais opostos (por exemplo, +45° e -45°, designadas por ±45). Note que para os ângulos de 0° e 90°, seus respectivos pares negativos são iguais. Portanto, o número de variáveis (orientações dos pares de lâminas) será igual ao número total de lâminas dividido por 4. A restrição de número máximo de lâminas 62 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão contíguas foi levada em conta durante a construção da solução, rejeitando-se uma solução infactível. O problema de otimização é então formulado como Obter: Maximizar: Sujeito a: θ k , θ k ∈ {02 , ± 45, 902 } , k = 1 a n , λc = min( λcb ,λcf ) - Máximo número de lâminas adjacentes com a mesma Eq. 5.1 orientação = 4 - Laminado simétrico e balanceado onde θ k representa as orientações de um par de lâminas contíguas, n é o número total de pares de lâminas, λc é o menor valor entre λcb e λcf , sendo λcb o fator crítico da carga de flambagem dado pela Eq. 3.48, λcf o fator crítico de falha dado pela Eq. 5.2. O fator crítico de falha por deformação, λcf , é expresso como ⎡ ⎛ εu ε 2u γ 12u 1 , , ⎜ Fs ε1k Fs ε 2k Fs γ 12k ⎝ λcf = min ⎢ min ⎜ k ⎢ ⎣ ⎞⎤ ⎟⎥ ⎟⎥ ⎠⎦ Eq. 5.2 onde ε iu , i = 1,2 e γ 12u são as deformações de falha, ε ik , i = 1,2 e γ 12k são as deformações normais e cisalhante, respectivamente nas direções principais do material da k -ésima lâmina e Fs o fator de segurança. Para o cálculo do fator crítico de falha λcf foi considerado os valores das deformações máximas de falha levandose em conta um fator de segurança Fs de 1,5. O material das lâminas é grafite/epóxi, cujas propriedades são apresentadas na Tabela 5.1. 63 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.1 - Propriedades da lâmina de grafite/epóxi. Propriedades elásticas do material Deformações admissíveis E1 (GPa) E2 (GPa) G12 (GPa) υ12 ε1u ε 2u γ 12u 127,59 13,03 6,41 0,30 0,008 0,029 0,015 O laminado é composto por um total de 48 lâminas onde cada lâmina tem uma espessura e = 0,127 mm. A placa laminada possui comprimento a = 0,508 m e largura b = 0,127 m e está sujeita a um carregamento biaxial compressivo N x e N y , conforme representado na Figura 3.8. Três casos de carregamento foram considerados, sendo o valor de N y dado em função de N x , conforme apresentado na Tabela 5.2. Tabela 5.2 - Cargas aplicadas no laminado. Carregamento 1 Nx 2 Ny Nx 3 Ny Nx Ny (N/m) (N/m) (N/m) (N/m) (N/m) (N/m) 175 N x /8 175 N x /4 175 N x /2 Uma análise preliminar foi realizada para o carregamento 2, fixando em 3500 o número de avaliações da função objetivo. Os parâmetros utilizados no ACO desta análise são aqueles mostrados na Tabela 4.2. Os resultados das melhores sequências de empilhamento e fatores de carga encontrados são comparados com aqueles obtidos por AYMERICH e SERRA (2008) e estão relatados na Tabela 5.3. A melhor sequência de empilhamento não foi a mesma obtida por AYMERICH e SERRA (2008), mas apresentam valores muito próximos para os fatores críticos de flambagem e para os fatores críticos de falha por deformação. 64 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.3 - Caso 1: Comparação de resultados entre ACO (presente trabalho) x ACO de AYMERICH e SERRA (2008)* para o carregamento 2. Sequência de empilhamento Referências Fator de carga λcb λcf [±452, 902, ±453, 02, ±45, 04, ±45, 02]s AYMERICH e SERRA (2008) 12743,45 12678,78 [±45, 902, ±454, (02, ±45, 02)2]s AYMERICH e SERRA (2008) 12725,26 12678,78 [902, ±455, (02, ±45, 02)2]s AYMERICH e SERRA (2008) 12674,85 12678,78 [±453, 904, ±452, 02, ±45, 04]s Presente trabalho 12459,75 12690,69 [902, ±454, (02, ±45)3, 02]s Presente trabalho 12418,12 12690,69 [±452, 902, ±452, 02, ±452, 02, ±45, 04]s Presente trabalho 12634,43 12690,69 * problema baseado no trabalho de KOGISO et al. (1994a) usando AG. Para medir o desempenho e a qualidade do algoritmo ACO implementado foram realizados testes para os três carregamentos. Os indicadores de desempenho e do custo computacional do processo de busca estão baseados em solucionar o problema um determinado número de vezes, por exemplo, executá-lo 100 vezes e em seguida obter: o “preço”; a “solução ótima prática”; a “confiabilidade prática” e o “preço normalizado” para um número fixo de avaliações da função objetivo (AYMERICH e SERRA, 2008). O conceito de “solução ótima prática” é definido como uma fração específica da solução ótima global de modo a avaliar a qualidade de um projeto. A “confiabilidade prática” é definida como a probabilidade de alcançar um ótimo prático, isto é, a relação entre o número de execuções em que foi encontrado um ótimo prático e o número total de execuções. Por exemplo, se o algoritmo foi executado 100 vezes, e em 80 delas obteve-se um ótimo prático, a confiabilidade prática é de 0,80 (WANG et al., 2009). O “preço normalizado” é a média do número de avaliações da função objetivo para alcançar um ótimo prático, chamado também de “preço”, dividido pela confiabilidade prática (KOGISO et al., (1994b), WANG et al., (2009)). 65 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Para a definição de uma solução ótima prática foi considerada uma variação de 0,1% da solução ótima global (AYMERICH e SERRA, 2008). As soluções ótimas práticas obtidas por KOGISO et al. (1994a) e utilizadas como padrão estão apresentadas na Tabela 5.4, Tabela 5.5 e Tabela 5.6 para os carregamentos 1, 2 e 3, respectivamente. Tabela 5.4 - Ótimos práticos para o carregamento 1 (KOGISO et al., 1994a). Sequência de empilhamento Fator de carga Flambagem λcb Falha λcf [±455, 04, ±45, 04, 902, 02]s 14659,58 13518,66 [±455, 04, 902, 04, ±45, 02]s 14610,85 13518,66 [±452, 902, ±45, (±45, 04)2, ±45, 02]s 14421,31 13518,66 [±454, 02, ±45, 04, ±45, 04, 902]s 14284,15 13518,66 [±454, 02, ±45, 04, 902, 04, ±45]s 14251,66 13518,66 Tabela 5.5 - Ótimos práticos para o carregamento 2 (KOGISO et al., 1994a). Sequência de empilhamento Fator de carga Flambagem λcb Falha λcf [±452, 902, ±453, 02, ±45, 04, ±45, 02]s 12743,45 12678,78 [±45, 902, ±454, (02, ±45, 02)2]s 12725,26 12678,78 [902, ±455, (02, ±45, 02)2]s 12674,85 12678,78 66 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.6 - Ótimos práticos para o carregamento 3 (KOGISO et al.,1994a). Sequência de empilhamento Fator de carga Flambagem λcb Falha λcf [902, ±452, (902, ±45)2, ±455]s 9998,20 10398,14 [902, ±452, (902, ±45)2, ±454, 902]s 9997,61 10187,94 [(902, ±452)2, (902, ±45)2, ±452]s 9997,61 10187,94 [(902, ±45)2, ±452, (±45, 902, ±45)2]s 9994,84 10187,94 [±45, 904, ±452, 902, ±454, 902, ±45]s 9994,84 10187,94 [(±45, 902)2, 902, ±454, 902, ±452]s 9994,84 10187,94 [904, ±457, 902, ±452]s 9994,69 10398,14 [904, ±456, (±45, 902)2]s 9994,11 10187,94 [(902, ±45)2, ±453, (902, ±45)2, ±45]s 9994,11 10187,94 [±45, 904, (±452, 902, ±45)2, ±45]s 9994,11 10187,94 [904, ±457, 904, ±45]s 9990,61 10187,94 [±45, 904, ±453, 904, ±454]s 9990,61 10187,94 [902, ±453, 904, ±45, 902, ±454]s 9990,61 10187,94 De forma similar ao realizado por AYMERICH e SERRA (2008), os parâmetros de influência de feromônio α e a taxa de controle de evaporação local de feromônio ξ foram examinados para identificar quais os melhores valores para um custo computacional menor possível e uma convergência para uma boa solução. Assim o algoritmo ACO foi executado 100 vezes para diferentes pares de α e ξ para cada um dos três carregamentos. Para α foram atribuídos os valores: 0,5; 0,75 e 1,0. A taxa de controle de evaporação ξ recebeu os valores: 0,1; 0,5 e 0,75. O critério de parada foi de 1000 avaliações da função objetivo, de modo a determinar o “preço”, cujo desempenho seja atingido com uma “confiabilidade prática” mínima de 0,85, ou seja uma probabilidade de 85% de alcançar um ótimo prático. A média dos melhores valores alcançados, correspondentes aos menores preços e que superam uma “confiabilidade prática” de 0,85 considerando os três carregamentos foi α = 0,82 e ξ = 0,35. Em seguida, com valores fixos dos parâmetros, foi realizada a análise de desempenho. O preço, o preço normalizado e a confiabilidade prática foram obtidos também com 100 execuções do ACO com 1000 avaliações em cada execução 67 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão adotando os seguintes valores dos parâmetros: m = 5; α = 0,82; ξ = 0,35; β = 2; q0 = 0,90 e ρ = 0,1. KOGISO et al. (1994a) realizaram testes semelhantes com um AG e AYMERICH e SERRA (2008) e WANG et al. (2009) realizaram também esses testes com um ACO. AYMERICH e SERRA (2008) consideraram os parâmetros m = 1, α = 0,95, ρ = 0,91. WANG et al. (2009) desenvolveram algoritmos de colônia de formigas denominados MCLACAW1 e MCLACA, sem busca local e com busca local respectivamente. Os parâmetros do ACO utilizados por estes pesquisadores foram: m = 10; α = 0,5; q0 = 0,8; ξ = 0,8; ρ = 0,6. A Tabela 5.7 apresenta os valores adotados neste teste. Tabela 5.7 – Parâmetros adotados nos testes do caso 1 com ACO. Parâmetros ACO (presente trabalho) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) ACO (WANG et al., 2009) m 5 1 10 α 0,82 0,95 0,5 ξ 0,35 - 0,8 β 2 - - q0 0,90 - 0,8 ρ 0,1 0,91 0,6 Os resultados comparativos do desempenho dos algoritmos sem a utilização de uma busca local são apresentados na Tabela 5.8. Os valores para o preço do ACO do presente trabalho apresentam números próximos ou melhores, entretanto, neste caso sem busca local, a confiabilidade prática é inferior aos valores encontrados nas outras referências. A Tabela 5.9 apresenta os testes realizados com a utilização da rotina de busca local e observa-se que ocorre uma melhora na confiabilidade prática e no preço, porém, para o carregamento 2, o algoritmo apresenta um desempenho pior que os demais. 68 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.8 - Comparação do desempenho sem busca local do ACO x AG. 294 199 157 206 Confiabilidade prática 0,84 0,99 0,52 0,98 Preço normalizado 350 201 301 210 2 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACAW1 (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) 975 697 625 416 0,78 0,92 0,53 0,11 1250 758 1179 4157 3 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACAW1 (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) 674 487 474 466 0,81 0,71 0,36 0,34 832 686 1316 1374 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACAW1 (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) * média ponderada pela confiabilidade prática. 639 452 418 284 0,81 0,87 0,47 0,48 789 518 889 596 Carregamento Algoritmo Preço 1 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACAW1 (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) Média ponderada* Tabela 5.9 - Comparação do desempenho com busca local do ACO x AG. 154 125 148 141 Confiabilidade prática 0,80 0,93 1 0,99 Preço normalizado 193 134 148 142 2 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACA (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) 352 291 502 531 0,81 0,56 0,96 0,21 435 519 523 2586 3 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACA (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) 994 785 445 375 0,45 0,87 0,83 0,78 2209 902 536 481 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACA (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) * média ponderada pela confiabilidade prática. 416 407 358 275 0,69 0,79 0,93 0,66 605 518 385 416 Carregamento Algoritmo Preço 1 GA (KOGISO et al., 1994a) ACO (AYMERICH e SERRA, 2008) MCLACA (WANG et al., 2009) ACO (presente trabalho) Média ponderada 69 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Na análise de busca pelos melhores parâmetros, tomou-se como base o trabalho de AYMERICH e SERRA (2008), assim variou-se somente α e ξ . No entanto o ACS (variante do ACO utilizada no presente trabalho) utiliza os parâmetros ( m, α , ξ , β , q0 , ρ ), e somente a combinação de dois deles foram utilizados para a análise do desempenho. Acredita-se que para a obtenção de valores melhores para os parâmetros é necessário processar a combinação e variação de todos eles. Por exemplo, variar o número de formigas de 1 a 10 com intervalos unitários, e para os demais parâmetros iniciando em 0,1 até 1,0, com intervalos decimais. Desta forma poderia se obter uma melhor correlação e influência de cada parâmetro no problema a ser resolvido. 5.2 Caso 2 - Minimização do Peso com Restrição na Carga de Flambagem para Laminado Híbrido O problema de minimização do peso de uma placa composta laminada formada por dois tipos de materiais e submetida a uma carga compressiva biaxial foi formulado e solucionado via AG por GIRARD (2006). As possibilidades para as orientações das lâminas são 0°, +45, -45 e 90°. As restrições são: um valor limite mínimo para o fator crítico de flambagem, que depende do número de lâminas do laminado, e o laminado deve ser simétrico e balanceado. As características e propriedades dos dois materiais são apresentadas na Tabela 5.10. Além da sequência ótima de empilhamento é necessária também a determinação dos materiais. Note que o carbono/epóxi apresenta uma rigidez maior que o vidro-epoxi. Tabela 5.10 - Propriedades das lâminas. Material Carbono-Epoxi (C-E) Vidro-Epoxi (V-E) E1 (GPa) E2 (GPa) G12 (GPa) υ12 e (mm) ρ (Kg/m3) 138,0 9,0 7,1 0,30 0,127 1605 43,4 8,9 4,55 0,27 0,127 1993 70 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Os valores para λ min , fator crítico mínimo de flambagem sob carga compressiva biaxial no laminado correspondente ao seu número total de lâminas, NL , são mostrados na Tabela 5.11. A placa possui comprimento a = 0,9144 m e largura b = 0,762 m. Tabela 5.11 - Valores mínimos para o fator crítico de flambagem e cargas aplicadas no laminado. Número de lâminas Flambagem Carregamento NL λ min 36 90 175 175 40 125 175 175 48 225 175 175 52 275 175 175 N x (N/m) N y (N/m) O problema de otimização é escrito como Obter: {θ k } ,mat k , θ k ∈ {02 , ± 45, 902 } , mat k = {C − E,V − E} , k = 1 a n Minimizar: W Sujeito a: - λ cb ≥ λ min Eq. 5.3 - Laminado simétrico e balanceado onde mat k é o material correspondente a cada par de lâminas k , podendo ser de carbono/epóxi (C-E) ou de vidro/epóxi (V-E), W é o peso do laminado, λ min é o menor valor admissível para o fator crítico de flambagem e λ cb o fator crítico de flambagem, este último definido como a relação entre a carga crítica de flambagem e carga aplicada, conforme a Eq. 3.48. Para o cálculo do peso total em Newton do laminado foi considerado o mesmo valor de aceleração da gravidade utilizado por GIRARD (2006), g = 9,9 m/s2. A condição de simetria e balanceamento é tratada da mesma forma que no caso 1. 71 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Para a restrição sobre o fator crítico de flambagem, λ cb , a função de avaliação f ( x ) é penalizada. A penalização e a função de avaliação foram adaptadas do trabalho de GIRARD (2006), e são dadas por ⎧⎪ f ( x ) − Δb g( x ) se g( x ) ≥ 0 F( x ) = ⎨ ⎪⎩ f ( x ) + Δp g( x ) se g( x ) < 0 ⎛ λ ( x)⎞ g( x ) = ⎜ cb ⎟ −1 ⎝ λmin ⎠ Δb = 0,000001 Δp = 1 Eq. 5.4 onde Δb é um valor de bonificação e Δp um valor de penalização e g( x ) a restrição. A função a minimizar f ( x ) , que no presente caso é o peso W , é penalizada ou bonificada em função da restrição g( x ) . Se a mesma for menor ou igual a zero recebe uma bonificação Δb e caso contrário, uma penalização Δp . Note que a restrição é satisfeita para g( x ) > 0 . Os parâmetros utilizados para o ACO são aqueles relacionados na Tabela 4.2. Os resultados para a minimização do peso estão apresentados na Tabela 5.12, e são comparados com aqueles obtidos por GIRARD (2006) em 50 execuções independentes. Para cada caso foram feitas 100 execuções independentes, mantendo o padrão adotado no presente trabalho. O valor n f representa a média do número total de avaliações da função objetivo para encontrar a melhor solução e DP o respectivo desvio padrão. As sequências de empilhamento (orientação e material) encontradas pelo ACO são idênticas àquelas obtidas por GIRARD (2006). Os correspondentes valores de peso e λcb apresentam pequenas diferenças, provavelmente devido a erros numéricos de arredondamento. Os números de avaliações para o ACO obter cada um dos quatros laminados ótimos foram um pouco inferior àqueles necessários através do AG. Como esperado, todas as lâminas são de carbono-epoxi, pois este é mais rígido e mais leve que o vidro-epoxi. 72 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.12 - Caso 2: Comparação ACO (presente trabalho) x AG (GIRARD, 2006). Sequência de Material NL λ min Método empilhamento (C-E-V-E) Peso (N) λ cb n f (DP) 36 90 AG [±459]s 36/0 50,63 95,64 14320 40 125 AG [±4510]s 40/0 56,26 131,20 18115 48 225 AG [±4512]s 48/0 67,51 226,71 27180 52 275 AG [±4513]s 52/0 73,14 288,24 27160 36 90 ACO [±459]s 36/0 50,62 95,69 14314 (340) 40 125 ACO [±4510]s 40/0 56,24 131,23 15439 (204) 48 225 ACO [±4512]s 48/0 67,49 226,82 26517 (201) 52 275 ACO [±4513]s 52/0 73,12 288,39 27051 (150) 5.3 Caso 3 - Minimização do Custo com Restrição na Carga de Flambagem e no Peso para Laminado Híbrido A minimização do custo de uma placa composta laminada, simétrica e balanceada, formada por dois tipos de materiais e submetida à carga compressiva biaxial foi também formulada e solucionada via AG por GIRARD (2006). As possibilidades para as orientações das lâminas são as mesmas do caso 2: 0°, +45°, -45° e 90°. As restrições são: máximo peso de 85 N e um limite mínimo para λcb , similar ao caso 2. Os materiais utilizados no laminado são o carbono/epóxi (C-E), com um custo de oito unidades monetárias por quilograma (8 U/Kg) e o vidro/epóxi (V-E), que tem um custo de uma unidade monetária por quilograma (1 U/Kg). As características e propriedades dos dois materiais são as mesmas apresentadas na Tabela 5.10. São solucionados 3 casos, com os seguintes números totais de lâminas: 48, 52 e 60. Os valores para λ min e para a carga compressiva biaxial aplicada aos 73 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão laminados são mostrados na Tabela 5.13. A placa possui comprimento a = 0,9144 m e largura b = 0,762 m. Tabela 5.13 - Valor mínimo para o fator crítico de flambagem e cargas aplicadas no laminado. Número de lâminas Flambagem Carregamento NL λ min 48 150 175 175 52 250 175 175 60 375 175 175 N x (N/m) N y (N/m) O problema de otimização é então escrito como Obter: {θ k } ,mat k , θ k ∈{02 , ± 45, 902 } , mat k = {C − E,V − E} , k = 1 a n Minimizar: Custo do material do laminado Sujeito a: - λ cb ≥ λ min Eq. 5.5 - W ≤ Wmax = 85 N - Laminado simétrico e balanceado Similar ao caso 2, as restrições sobre λcb e W foram levadas em conta através da penalização da função de avaliação f ( x ) . As penalizações consideradas e a função de avaliação foram adaptadas de GIRARD (2006) e são dadas por 74 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão se g min = 0 ⎧⎪ f ( x ) − Δb g soma F( x ) = ⎨ se g min ≠ 0 ⎪⎩ f ( x ) + Δp g min g min = min ( 0; g1 ( x ) ; g 2 ( x ) ) g soma = g1 ( x ) + g 2 ( x ) g1 ( x ) = λcb − 1 + Δg λmin g2 ( x ) = 1 − Eq. 5.6 W ( x) + Δg Wmax Δb = 0,000001 Δp = 1 Δg = 0, 01 onde f ( x ) é função a minimizar, ou seja, no presente caso o custo, g1 é a restrição para λcb , g 2 a restrição para W , Δb um fator de bonificação, Δp um fator de penalização, Δg um fator de relaxamento sobre as restrições e F(x) a função penalizada. Note que a violação das restrições, já considerando a relaxação, se dá quando g1 < 0 e/ou g 2 < 0 . A condição g min = 0 corresponde à satisfação de ambas as restrições, assim a função é bonificada, do contrário é penalizada. O ACO foi utilizado sem a rotina de busca local. Os resultados dos testes desta seção bem como os ângulos obtidos por GIRARD (2006) estão apresentados na Tabela 5.14. Nas sequências de empilhamento os ângulos que estão sublinhados correspondem às lâminas de material vidro/epóxi (V-E) e os demais às de carbono/epóxi (C-E). O valor n f representa o número total médio de avaliações da função objetivo necessário para o algoritmo encontrar a melhor solução e DP o desvio padrão, obtidos com 100 execuções distintas do ACO e NL o número total de lâminas. Os resultados de GIRARD (2006) são para 50 execuções. 75 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.14 - Caso 3: Comparação ACO (presente trabalho) x AG (GIRARD, 2006). NL λ min Método Sequência de empilhamento Material (C-E-V-E) Custo (U) Peso (N) λ cb n f (DP) 48 150 AG [±453, ±459]s 12/36 19,99 79,73 165,56 23945 52 250 AG [±456, ±457]s 24/28 32,21 82,64 259,47 27345 60 375 AG [±4515]s 60/0 68,19 84,39 442,79 24894 48 150 ACO [±453, 904 , ±457]s 12/36 19,98 79,73 190,23 52 250 ACO [902, ±455, 902 , ±455, 02]s 24/28 32,21 82,63 283,09 60 375 ACO [±4515]s 60/0 68,17 84,36 443,02 23744 (1080) 25581 (1225) 25039 (935) Da análise das sequências de empilhamento obtidas nota-se que, tanto para o ACO como para o AG, as melhores configurações do laminado são obtidas com as lâminas de carbono/epóxi nas superfícies externas. Esta configuração possibilita satisfazer as restrições de flambagem, pois assim apresenta uma rigidez à flexão maior e com peso menor. Apesar dos resultados para as orientações dos ângulos apresentarem uma pequena diferença entre os dois métodos, a sequência de materiais e os correspondentes custos obtidos, atingiram resultados semelhantes. Para o laminado de 60 lâminas as sequências de empilhamento obtidas pelo ACO e pelo AG são idênticas. Já para os laminados com 48 e 52 lâminas, as sequências de empilhamento obtidas com o ACO não apresentaram todos os ângulos a ±45° e os fatores críticos de flambagem foram também um pouco superiores. Os números de avaliações da função objetivo n f foram também próximos para os dois métodos, sendo que em dois dos três casos o n f para o ACO foi um pouco inferior. 5.4 Caso 4 - Maximização da Frequência Fundamental de Placas Retangulares Os problemas solucionados nesta seção são para placas retangulares simplesmente apoiadas de diferentes relações comprimento/largura ( a / b ) onde procura-se a sequência de empilhamento que maximize a frequência fundamental. 76 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Utilizando a Teoria Clássica dos Laminados a frequência fundamental ω para uma dada placa retangular simplesmente apoiada com um dada relação a / b pode ser obtida através da Eq. 3.47. As orientações das lâminas podem variar de -90° a 90°, com incrementos de 15°, e o laminado deve ser balanceado e simétrico. Assim, similarmente ao utilizado nos problemas precedentes, considera-se pares de lâminas, onde elas possuem o mesmo valor absoluto do ângulo de orientação mas sinais opostos e opera-se somente com a metade do número de lâminas do laminado, a outra metade possuindo sequência de empilhamento simétrica. O problema de otimização é formulado como θ k , θ k ∈ {02 , ± 15, ± 30, ± 45, ± 60 , ± 75, 902 } , k = 1 a n , Maximizar: ω (frequência fundamental) Obter: Sujeito a: Eq. 5.7 Laminado simétrico e balanceado onde θ k representam as orientações de duas lâminas contíguas, n o número de pares de lâminas correspondente à metade do laminado devido à condição de simetria e ω a frequência fundamental a maximizar. As características geométricas do laminado são apresentadas na Tabela 5.15. A relação comprimento/largura ( a / b ) varia de 0,2 a 2, com incremento de 0,2. O laminado possui 8 lâminas de espessura 0,25 mm cada. As propriedades do material, o grafite/epóxi T300/5208 são informadas na Tabela 5.16. Tabela 5.15 - Características da placa de laminado. Número de lâminas Comprimento/Largura Largura NL a/b b (m) 8 0,2 a 2,0 0,25 77 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.16 - Propriedades do grafite/epóxi. Propriedades elásticas do material Densidade E1 (GPa) E2 (GPa) G12 (GPa) 181 10,3 7,17 υ12 ρ (Kg/m3) 0,28 1600 Os parâmetros do ACO adotados são aqueles apresentados na Tabela 4.2. As sequências de empilhamento obtidas e respectivas frequências são apresentadas na Tabela 5.17. Os resultados são comparados com aqueles obtidos por ABACHIZADEH e TAHANI (2009), os quais também utilizaram um algoritmo de otimização baseado em ACO. O número médio de avaliações n f correspondente a 100 execuções e o desvio padrão (DP) para alcançar a melhor solução via ACO são também relatados. Nestes casos a melhor solução é a solução ótima do problema pois ABACHIZADEH e TAHANI (2009) apresenta também os mesmos resultados obtidos por enumeração de todas as possíveis soluções. Tabela 5.17 - Caso 4: Sequência ótima de empilhamento de placa retangular. ACO – ABACHIZADEH e TAHANI (2009) ACO – Presente trabalho a/b Sequência de empilhamento ω (rad/s) Sequência de empilhamento ω (rad/s) n f (DP) 0,2 [04]s 24390 [04]s 24389,88 13,5 (1,7) 0,4 [04]s 6170 [04]s 6170,01 8,8 (2,6) 0,6 [±152]s 2801 [±152]s 2801,00 11,8 (1,0) 0,8 [±302]s 1797 [±302]s 1797,21 18,0 (3,5) 1,0 [±452]s 1413 [±452]s 1413,00 13,0 (3,5) 1,2 [±452]s 1189 [±452]s 1189,11 14,5 (1,7) 1,4 [±602]s 1078 [±602]s 1077,86 16,0 (1,2) 1,6 [±752]s 1016 [±752]s 1016,42 16,5 (0,6) 1,8 [904]s 1003 [904]s 1002,46 13,0 (4,6) 2,0 [904]s 996 [904]s 996,32 7,5 (0,6) Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão 78 As sequências de empilhamento encontradas são idênticas àquelas obtidas por ABACHIZADEH e TAHANI (2009) e as frequências apresentam pequenos desvios, provavelmente devidos a arrendondamentos. Os números de avaliações médios necessários são baixos, bem menores que o número de soluções possíveis, que em cada um dos casos é igual a 49 (72). Na Seção 4.4 foi apresentada a macro do programa ABAQUS, a qual foi associada ao ACO, desenvolvido em Matlab. Ela possibilita a otimização via ACO e cálculo estrutural por elementos finitos. Assim, para efeitos de teste, realizaram-se as otimizações das placas apresentadas inicialmente nesta seção, mas com o cálculo da frequência realizado através do ABAQUS. Na modelagem das placas via elementos finitos utilizou-se elementos do tipo casca, de 8 nós e 6 graus de liberdade por nó: elemento SR8 do ABAQUS, definido como elemento de casca semi-espessa, a qual adota a teoria de Mindlin, com a utilização do princípio variacional de Hu-Washizu (ABAQUS, 2008). A formulação do elemento é baseada em deformações assumidas com subintegração e estabilização de modos espúrios. Para solução do problema de autovalores e autovetores, resultante do problema de vibração livre, foi selecionado o método de Lanczos (ABAQUS, 2008). As sequências de empilhamento encontradas foram idênticas àquelas encontradas via ACO/TCL e estão apresentadas na Tabela 5.18, juntamente com os correspondentes valores de frequências fundamentais. Na coluna da extremidade direita desta tabela é mostrada a diferença percentual entre as frequências obtidas analiticamente (TCL) e numericamente (ABAQUS). Nota-se que esta diferença é bastante pequena. Os modos de vibração correspondentes às frequências ótimas se encontram no Apêndice C, onde também podem ser visualizadas as malhas utilizadas. 79 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.18 - Caso 4: Sequência ótima de empilhamento de placa retangular obtida via ACO/ABAQUS. Erro percentual (Analítico/ABAQUS) ABAQUS a / h a / b Sequência de empilhamento ω (rad/s) % 25 0,2 [04]s 24150,68 0,98 50 0,4 [04]s 6138,48 0,51 75 0,6 [±152]s 2791,31 1,03 100 0,8 [±302]s 1745,66 2,87 125 1,0 [±452]s 1385,25 3,56 150 1,2 [±452]s 1148,88 3,40 175 1,4 [±602]s 1053,94 2,45 200 1,6 [±752]s 1010,02 0,84 225 1,8 [904]s 1001,29 0,12 250 2,0 [904]s 995,19 0,11 5.5 Maximização da Frequência Fundamental de Placas Quadradas e Retangulares com um Furo Central Os problemas apresentados nesta seção têm seu foco em placas quadradas e retangulares com furo central, caracterizando estruturas cuja resposta estrutural não possui solução analítica. Assim, faz-se uso do cálculo por elementos finitos associado à otimização por algoritmo de colônia de formigas. Para tal utiliza-se a interface entre o ACO, desenvolvido em Matlab e o ABAQUS, como descrito na Seção 4.4 e cujos testes iniciais estão mostrados na Seção 5.4. A formulação do problema de otimização para os casos solucionados nesta seção é a mesma da Eq. 5.7, alterando a geometria da placa, a qual possui um furo central. As propriedades do material são as mesmas apresentadas na Tabela 5.16. A espessura de cada lâmina é de 0,25 mm e o laminado possui um total de 8 lâminas. As dimensões de comprimento e largura são especificadas para cada placa definidas nas subseções seguintes. Os parâmetros do ACO são os mesmos Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão 80 utilizados nos problemas da seção anterior (ver Tabela 4.2). O tipo de elemento finito e o método de solução do problema de autovalores e autovetores são os mesmos da Seção 5.4. 5.5.1 Caso 5 - Placa Quadrada com Furo Central A estrutura a ser estudada é uma placa quadrada, com arestas de 0,25 m e com um furo central de diâmetro D (Figura 5.1), o qual foi variado de 0 a 0,08 m, com incrementos de 0,02 m. Figura 5.1 - Placa quadrada com furo de diâmetro D . A Tabela 5.19 apresenta os resultados obtidos para este problema. Devido à simetria do problema e a geometria utilizada é esperado que a solução ótima encontre resultados com as orientações à ±45º para todas as lâminas, portanto os resultados obtidos são coerentes. 81 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.19 - Caso 5: Sequência de empilhamento ótima da placa quadrada com furo com ACO/ABAQUS. D (m) Sequência de empilhamento ω (rad/s) n f (DP) 0,00 [±452]s 1362,76 13,3 (1,0) 0,02 [±452]s 1350,26 12,3 (1,0) 0,04 [±452]s 1409,70 9,0 (0,8) 0,06 [±452]s 1632,75 10,5 (0,6) 0,08 [±452]s 2138,23 14,8 (0,5) A malha da placa quadrada com furo de diâmetro D = 0,08 m está ilustrada na Figura 5.2. O modo de vibração resultante com a melhor sequência de empilhamento está representado na Figura 5.3. Os demais modos de vibração para os diferentes valores do diâmetro D se encontram no Apêndice C. Nota-se novamente que o número de avaliações para se obter a melhor solução foi bem inferior ao número total de possíveis soluções (49). Figura 5.2 - Malha da placa quadrada com furo de diâmetro D = 0,08 m. Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão 82 Figura 5.3 - Primeiro modo de vibração da placa quadrada com furo de diâmetro D = 0,08 m. 5.5.2 Caso 6 - Placa Retangular com Furo Central Considera-se uma placa retangular com comprimento a = 0,50 m e largura b = 0,25 m com furos de diâmetro D , no centro da placa, variando de 0 a 0,08 m, a cada incremento de 0,02 m. Inicialmente foram realizados testes somente com o ABAQUS, sem otimização, com o objetivo de observar o comportamento das respostas das frequências para cada alteração nos diâmetros dos furos. Os resultados são apresentados na Tabela 5.20, onde os valores correspondentes às frequências fundamentais, foram obtidos com a modelagem de todas as lâminas orientadas a ±45, ou seja, [±452]s, e no segundo teste todas as lâminas orientadas a 90: [904]s. 83 Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão Tabela 5.20 - Sequência de empilhamento da placa retangular com furo com ABAQUS. D (m) Sequência de empilhamento ω (rad/s) Sequência de empilhamento ω (rad/s) 0,00 [±452]s 793,94 [904]s 995,19 0,02 [±452]s 783,89 [904]s 961,45 0,04 [±452]s 780,12 [904]s 913,14 0,06 [±452]s 806,89 [904]s 902,08 0,08 [±452]s 868,08 [904]s 926,82 A frequência natural foi maximizada via ACO. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 5.21. Tabela 5.21 - Caso 6: Sequência ótima de empilhamento da placa retangular com furo (ACO/ABAQUS). D (m) Sequência de empilhamento ω (rad/s) n f (DP) 0,00 [904]s 995,19 13,3 (1,0) 0,02 [904]s 961,45 13,0 (0,8) 0,04 [±75, 902]s 916,28 12,5 (0,6) 0,06 [±75, 902]s 913,95 10,5 (0,6) 0,08 [±75, 902]s 942,79 15,0 (0,8) Observando-se os valores obtidos para as frequências na Tabela 5.20 e Tabela 5.21, conclui-se que os mesmos são coerentes. O modo fundamental de vibração para a placa retangular com furo de diâmetro D = 0,06 m e com a configuração ótima de empilhamento está representado na Figura 5.4. Os modos fundamentais para as outras placas com diferentes diâmetros D do furo estão ilustrados no Apêndice C. Para os diâmetros D = 0 e D = 0,02, as melhores configurações são todas as lâminas a 90°. Já para diâmetros D = 0,04, D = 0,06, D = 0,08, os valores de frequências ótimas são superiores aqueles inicialmente testados (Tabela 5.20) e Capítulo 5 Resultados Numéricos e Discussão 84 apresentam lâminas com diferentes orientações. O número de avaliações n f para se obter as melhores soluções também foi relativamente baixo. Figura 5.4 - Primeiro modo de vibração da placa retangular com furo de diâmetro D = 0,06 m. Capítulo 6 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 6 85 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Devido ao crescimento da aplicação dos materiais compostos laminados em diferentes setores industriais, eles vêm requerendo cada vez mais estudos para melhorar seu desempenho. A otimização das estruturas formadas por estes materiais necessitam acompanhar tal crescimento, daí a implementação de diversas técnicas que estudem e viabilizem projetos desta natureza. O algoritmo de colônia de formigas proposto neste trabalho e a interface com o programa de elementos finitos ABAQUS vem contribuir com este objetivo. A aplicação prática do ACO aos compostos laminados realizados em diversos testes como a maximização da resistência, a minimização do custo, a minimização do peso e a maximização da frequência fundamental comprovou ser uma técnica competitiva com outras existentes na literatura. O desenvolvimento do presente ACO iniciou com a formulação das características do algoritmo de colônia de formigas, sua origem, os diferentes tipos existentes de algoritmos, a escolha pelo ACS, sua formulação matemática e como aplicá-lo aos materiais compostos laminados. A partir daí foi desenvolvida e implementada uma rotina ACO, considerando variáveis discretas, representadas pela sequência dos ângulos de orientação das lâminas e diferentes materiais. Esta rotina, criada em MATLAB, foi testada em diversos problemas de otimização formulados para os compostos laminados. Seus resultados foram apresentados, comparados com soluções disponíveis na literatura e comentados. O algoritmo executado com os parâmetros sugeridos por DORIGO e STÜTZLE (2004) se mostrou eficiente na solução dos problemas propostos. A partir dos diversos testes realizados com o ACO para placas retangulares com soluções analíticas, iniciou-se o estudo da otimização de materiais compostos laminados com geometrias mais complexas, ou sem solução analítica. Para estes últimos problemas criou-se uma rotina ou macro no ABAQUS, interfaceando-o com o ACO, o que possibilitou a otimização via algoritmo de colônia de formigas de placas onde o cálculo estrutural é feito pelo método de elementos finitos. Os testes foram realizados para a maximização da frequência fundamental. Primeiramente com o ACO e a TCL, para certificar-se dos valores calculados, depois a modelagem e cálculo no ABAQUS, efetuando-se a comparação e validação de resultados. Na Capítulo 6 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 86 sequência utilizou-se o ACO, desenvolvido em Matlab, conectado ao ABAQUS para a otimização de placas com geometrias complexas, mais precisamente placas quadradas e retangulares com um furo central. Os resultados dos diversos testes comprovaram a possibilidade do cálculo e a otimização via ACO de estruturas de materiais compostos laminados com geometria relativamente complexa. Testes numéricos foram realizados com dois parâmetros do ACO diferentes daqueles sugeridos por DORIGO e STÜTZLE (2004) para avaliar o seu desempenho através do preço, e da confiabilidade prática. Os valores médios obtidos para o preço e para a confiabilidade prática foram próximos aos obtidos na literatura. Entretanto, para um dos testes do caso 1, o desempenho foi pior que os resultados apresentados por outros métodos. Existe assim a necessidade de realizar testes de desempenho com uma quantidade maior de parâmetros do ACO, bem como uma maior combinação de valores melhores para os parâmetros. Como sugestões para a continuidade do presente trabalho pode-se citar: • Implementação de operações para acrescentar e eliminar lâminas, possibilitando assim a resolução de problemas de otimização de peso com número variável de lâminas; • Otimização de problemas envolvendo funções multiobjetivos, como por exemplo minimização de peso e custo simultaneamente; • Aplicação do ACO na otimização de estruturas do tipo casca e estruturas com geometrias mais complexas que as placas retangulares com e sem furo; • Realização de um estudo mais detalhado dos diversos parâmetros do ACO; • Realização de testes com outras variantes de ACO; • Desenvolvimento de otimização considerando variáveis contínuas (ACOR) e discretas possibilitando assim ampliar o elenco de problemas de otimização de estruturas de materiais compostos laminados a serem resolvidos. 87 Referências PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO PERÍODO (Março 2008 – Fevereiro 2010) KOIDE, R. M.; FRANÇA, G. Z.; LUERSEN, M. A. 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Apêndice A Principais Algoritmos de Colônia de Formigas 95 APÊNDICE A – PRINCIPAIS ALGORITMOS DE COLÔNIA DE FORMIGAS Tipos Autores Data Construção da Solução A formiga k constrói a solução aplicando Evaporação : Feromônio Parâmetros τ ρ = [ 0 ,1] k ij ← (1− ρ )τ ijk a regra de probabilidade abaixo: AS Ant System Marco Dorigo 1992 Dorigo, 1992, Maniezzo & 1996 ⎧ k [τ ij ]α [ηij ]β , j ∈ N ik ⎪ pij = j=⎨ Σl ∈ Ν ik [τ il ]α [ηil ]β ⎪ k ⎩0, j ∉ N i A informação heurística é dada por Colorni ηij = 1 dij Elitist System Ant Dorigo 1992 Dorigo, 1991, Maniezzo Colorni & 1996 ∑ Δτijk são k =1 A taxa de feromônio é dada por k k ⎪⎧1/ C , arc(i, j ) ∈ Τ ⎪⎫ Δτijk = ⎨ ⎬ ⎪⎩0, outro ⎭⎪ m é o número de formigas. Idem AS Evaporação Idem AS, com o m τ ij ← τ ij ∑ Δτijk + eΔτbsij ; Δτijk - Idem k =1 AS; e a taxa de feromônio é dado por C bs = comprimento de T bs Esta variante pode ser sem busca local – ou com busca local. parâmetros α é o parâmetro que influência o que feromônio. determinam β é o parâmetro que influência a relativa da trilha de informação heurística. feromônio. feromônio dado por bs bs ⎪⎧1/ C , arc(i, j ) ∈ Τ ⎪⎫ Δτbs ⎬ ij = ⎨ ⎪⎩0, outro ⎭⎪ os a influência C k = comprimento de T k – É o primeiro algoritmo ACO. α , β e m m Ν = vizinhança de k k i EAS Depósito: τ ij ← τ ij Características e vantagens e Parâmetro = Reforço adicional de feromônio às melhores soluções. Apêndice A Principais Algoritmos de Colônia de Formigas Tipos Autores Data 96 Construção da Solução Idem AS ASRANK Rank Based Bullnheimer, 1997, Hartl & Strauss 1999 Feromônio Parâmetros Evaporação – Idem AS Características e vantagens A cada iteração somente é permitido adicionar w −1 τ ij ← τ ij + ∑ ( w − r ) Δτijr + wΔτbsij feromônio à melhor formiga da iteração. r =1 Ant System Δτijr = 1/ C r , onde r é o melhor da iteração. Δτbs = 1/ C bs , e bs é a melhor de ij todas as soluções. Idem AS Idem AS com [ τ min, τ max ] dados por: a é um parâmetro. MMAS Stültze & Hoos 1996, τ min = τ max a ; τ max = MAX-MIN Ant System Stültze 1999 Δτbest = 1/ C best ij Δτ best ij = 1/ C b) Intervalo definido de feromônio; 1 ρ C bs 2000 ib C ib = melhor da iteração. a) Exploração do melhor circuito; c) τ ij - inicia em τ max ; Com ρ = 0,02 o algoritmo apresenta d) Reinicializar após a estagnação ou se não houver melhora em determinado número de iterações. bons e) A exploração de soluções é maior; resultados. f) Prova da convergência (com GBAS e ACObs, τ min (θ); g) Baixa taxa de evaporação; h) Uma das melhores variantes do AS, seguido do ACS e ASRANK. Apêndice A Principais Algoritmos de Colônia de Formigas Tipos Autores 97 Data Construção da Solução Feromônio A construção das soluções realiza-se Atualização local de feromônio dado por q0 = 0 ,90 τ ij ← (1− ξ)τ ij + ξτ 0 q ξ é um parâmetro de evaporação local variável aplicando a regra pseudoaleatória dado por { ACS Ant Colony Dorigo, & 1997 Gambardella } ⎧arg max [τ ] [η ]β , il il ⎪ l∈ Νik ⎪ ⎪ j = ⎨J , ⎪ ⎪ k ⎪⎩ J ( pij ) q ≤ q0 , Atualização a opção (Evaporação e c) Existe a remoção de feromônio para aumentar a busca de novas ξ = 0,1 alternativas e evitar a estagnação; em função da global entre 0 < ρ < 1 inicial é dado por τ0 = probabilidade p , semelhante ao AS k ij A informação heurística é dada por ηij = longo do melhor trecho O feromônio τ ij ← (1− ρ)τ ij + ρΔτbsij ∀(i, j ) ∈ T bs bs Δτbs ij = 1/ C η 1 nC nn a h) Retornam soluções de melhor qualidade heurística [0,1] ANT-Q (semelhante ACS) Gambardella & 1995 Dorigo Dorigo, Gambardella & 1996 γ é um parâmetro para curtos tempos computacionais; = parâmetro Idem ACS, com τ 0 = γ max , j ∈ N ik ⎡⎣τ ij ⎤⎦ e) Regra de escolha pseudoaleatória g) Explora locais não visitados; é ρ Idem ACS d) Valor de q0 = 0 ,90 alto f) Busca muito agressiva; informação 1 . dij b) A evaporação e depósito de feromônio são alterados somente ao [0,1] ρ é um parâmetro de evaporação aleatória uma Depósito) q0 = parâmetro J Global é Características e vantagens a) Explora a experiência acumulada; randômica entre 0 < ξ < 1 q > q0 q = variável randômica [0,1] System Parâmetros i) Prova da convergência (com GBAS e ACObs, τ min (θ). A diferença entre o ACS e o ANT-Q é a quantidade inicial de feromônio, o termo τ 0 . Apêndice A Principais Algoritmos de Colônia de Formigas Tipos Autores Data Construção da Solução pijk = ANTS Approximate Maniezzo 98 ζτ ij + (1− ζ)ηij Σ k l ∈ Νi ζτ il + (1 − ζ )ηil Feromônio 1999 ⎧ ⎛ ⎫ C k − LB ⎞ k 1 ϑ − ⎪ ⎜ ⎟ , arc(i, j ) ∈ T ⎪ k Δτij = ⎨ ⎝ Lavg − LB ⎠ ⎬ ⎪ ⎪ ⎩0 ⎭ Tree Características e vantagens a) Usa limite inferior (LB); b) Nova regra a construção da k =1 Nondetermini stic 0 < ζ <1 m τ ij ← τ ij + ∑ Δτijk , j ∈ σ N ik Parâmetros Search ϑ seleção; c) Modificação do depósito de feromônio; d) Explora a idéia da programação matemática. m τ ij ← (1− ρ)τ ij + ρ ∑ Δτijk k =1 Soluções factíveis Srx Blum, Roli & Hyper-cube 2001 Dorigo v ∈ Rn , combinações vetores binários x ∈ B convexas n AS Blum, Dorigo 2004 v = ∑ γi xi , x ∈ Bn dos ⎧ 1/ C k ⎫ , arc(i, j ) ⎪ ⎪ m ⎪ ⎪ Δτijk = ⎨ ∑ (1/ C k ) ⎬ h = 1 ⎪ ⎪ ⎪⎩0, ⎭⎪ a) Baseado matemática na para programação problemas otimização combinatória; b) Vetores binários; c) A quantidade de feromônio é forçado a ficar no intervalo [0,1]. γi ∈ [0,1], ∑ γi = 1 ; e τ = (τ1, ..., τn ) de Apêndice A Principais Algoritmos de Colônia de Formigas Tipos Autores 99 Data Construção da Solução pl = Feromônio A wl k ∑w r r =1 A probabilidade é escolhida com a função Gaussiana dada por ACOR Ant Colony Optimization 2006 k 1 l =1 σ li 2π i l =1 Marco Dorigo for Continuous k G ( x ) = ∑ wl g ( x ) = ∑ wl i onde Domains ⏐sei − sli⏐ e =1 k − 1 k σ li = ξ∑ ξ >0 | ω |=| μi | | σ i |= k de feromônio é ( − x −μil e 2σ li 2 ) 2 ξ >0 Características e vantagens a) Desenvolvido para variável armazenada como uma solução no contínua; arquivo T e cada solução Se , para um b) A melhor solução é atualizada no problema n - dimensional do ACOR procedimento de busca local. Armazena em T as n variáveis e os Krzysztof Socha, informação Parâmetros valores da função objetivo f ( Se ) . Apêndice B Fluxograma do Algoritmo ACO Aplicado aos Materiais Compostos Laminados 100 APÊNDICE B – FLUXOGRAMA DO ALGORITMO ACO APLICADO AOS MATERIAIS COMPOSTOS LAMINADOS Apêndice C Modos de Vibração Fundamental de Placas Apresentadas nas Seções 5.4 e 5.5 101 APÊNDICE C – MODOS DE VIBRAÇÃO FUNDAMENTAL DE PLACAS APRESENTADAS NAS SEÇÕES 5.4 E 5.5 Modos de vibração para a placa retangular com ABAQUS e ACO/ABAQUS (a/b) 0,2 0,8 1,4 2,0 ABAQUS ACO e ABAQUS Apêndice C Modos de Vibração Fundamental de Placas Apresentadas nas Seções 5.4 e 5.5 Modos de vibração para a placa quadrada com furo de diâmetro D Resultados D = 0,02 m θ k = [±452]s ωmax = 1350,26 (rad/s) D = 0,04 m θ k = [±452]s ωmax = 1409,70 (rad/s) D = 0,06 m θ k = [±452]s ωmax = 1632,75 (rad/s) D = 0,08 m θ k = [±452]s ωmax = 2138,23 (rad/s) ACO e ABAQUS 102 Apêndice C Modos de Vibração Fundamental de Placas Apresentadas nas Seções 5.4 e 5.5 103 Modos de vibração para placa retangular com furo de diâmetro D com ABAQUS D (m) 0,02 0,04 0,06 0,08 Lâminas com orientações a ±45° Lâminas com orientações a 90° Apêndice C Modos de Vibração Fundamental de Placas Apresentadas nas Seções 5.4 e 5.5 Modos de vibração para a placa retangular com furo de diâmetro D Resultados a = 0,50 m b = 0,25 m D = 0,02 m θ k = [904]s ωmax = 961,45 (rad/s) a = 0,50 m b = 0,25 m D = 0,04 m θ k = [±75, 902]s ωmax = 916,28 (rad/s) a = 0,50 m b = 0,25 m D = 0,06 m θ k = [±75, 902]s ωmax = 913,95 (rad/s) a = 0,50 m b = 0,25 m D = 0,08 m θ k = [±75, 902]s ωmax = 942,79 (rad/s) ACO e ABAQUS 104 Anexo A Teoria dos Grafos 105 ANEXO A – TEORIA DOS GRAFOS A. INTRODUÇÃO Este anexo apresenta de forma resumida a teoria dos grafos e as formulações sobre probabilidade estocástica. Estas teorias foram aplicadas no desenvolvimento do algoritmo de colônia de formigas. A teoria dos grafos estuda objetos combinatórios, onde os grafos são bons modelos para muitos problemas em vários ramos da matemática, da informática, da engenharia e da indústria, segundo FEOFILOFF et al. (2009). A.1 Definição A palavra grafo é originária do inglês graph. O grafo G é uma estrutura matemática constituída pelos conjuntos V , e E . Onde V é o conjunto finito e não vazio de n vértices ou nós, e E é o conjunto de m arestas, e as arestas são pares formados pelos vértices de V . A Figura A.1 representa graficamente os vértices a, b, c , as arestas {a,a} , {a,b} , {b,c} e o laço {a,a} . Figura A.1 - Exemplo de grafo. Anexo A Teoria dos Grafos 106 A.2 Representação do Grafo A Equação A.1 apresenta a formulação para o grafo, cuja representação é G (V ,E ) ou G = (V ,E ) Eq. A.1 onde G é o grafo, V é o conjunto dos vértices e E é o conjunto das arestas. A.3 Exemplo do Grafo A formulação de um exemplo de grafo é dada como G (V ,E ) ou G = (V ,E ) V = {a,b,c} Eq. A.2 E = {{a,a} ,{a,b} ,{b,c}} Laço (loop) = {a,a} onde a , b , c são os vértices de V , e os pares {a,a} , {a,b} , {b,c} são as arestas de E . O par com o mesmo vértice forma um laço {a,a} . A.4 Algumas Definições e Características dos Grafos A teoria dos grafos é extensa e suas variações recebem nomes específicos. Alguns destes grafos são explicados e denominados como seguem. A.4.1 Grafo Simples Os grafos simples não têm o laço nem múltiplas arestas. A.4.2 Peso do Grafo É a atribuição de um número real a uma aresta que representa um determinado peso a esta aresta. Anexo A Teoria dos Grafos A.4.3 107 Grafo Direcionado Grafo direcionado ocorre quando cada aresta tem uma direção atribuída, ou seja, considera a direção das ligações dos vértices, como na Figura A.2. Figura A.2 - Exemplo de grafo direcionado. A.4.4 Circuito Euleriano O circuito Euleriano é um circuito onde todas as arestas são usadas somente uma vez. Ou o ciclo que possui todas as arestas do grafo exatamente uma vez. A.4.5 Grafo Euleriano O grafo Euleriano é o grafo contendo um circuito Euleriano. A Figura A.3 apresenta um grafo Euleriano, exemplificado para as pontes de Königsberg. Figura A.3 - Exemplo de grafo Euleriano (As pontes de Königsberg). Anexo A Teoria dos Grafos A.4.6 108 Ciclo Hamiltoniano O ciclo Hamiltoniano é o circuito que tenha todos os vértices, passando através de cada ponto apenas uma vez. Ou seja, cada vértice só aparece uma vez no ciclo. A.4.7 Grafo Hamiltoniano O grafo Hamiltoniano é o grafo que contém um ciclo Hamiltoniano. O problema do caixeiro viajante, cujo circuito é hamiltoniano, pode ser formulado com a estrutura da teoria dos grafos como G (V ,E ) V = {c1 ,c2 ,c3 ,...cn } ,n = 1, 2 ,...n Eq. A.3 E = {( c1 ,c2 ) ,( c1 ,c3 ) ,( c1 ,c4 ) ,...( c1 ,cn )} onde cn são as cidades e n é o número de cidades e os pares ( c1 ,cn ) representam a distância entre as cidades. A.4.8 Grafo Bipartido O grafo bipartido ocorre quando seu conjunto de vértices V pode ser particionado em subconjuntos V 1 e V 2 , tais que toda aresta de G une um vértice de V 1 e outro de V 2 , como exemplificado na Figura A.4. Figura A.4 - Exemplo de grafo bipartido. Anexo A Teoria dos Grafos A.4.9 109 Grafo Valorado O grafo valorado ocorre quando existe uma ou mais funções relacionando V e/ou E com um conjunto de números. A.5 Grafo Aleatório Defini-se G( n ) a coleção de todos os grafos do conjunto de vértices V = {1,...,n} . G( n ) = 2 N , Eq. A.4 ⎛n⎞ N =⎜ ⎟ ⎝2⎠ onde n é o número de vértices e N a combinação dos pares formados pelos vértices. E segundo FEOFILOFF et al. (2009), quase todo grafo tem uma determinada propriedade P( n ) se a Eq. A.5 for verdadeira. lim n →∞ P( n ) =1 G( n ) Eq. A.5 O conjunto G( n ) é baseado na introdução de uma medida de probabilidade nesse conjunto. Seja p um número no intervalo (0,1) e escolha cada elemento de V , independentemente, com probabilidade p. Se A é o conjunto dos pares escolhidos, então (V , A ) é um grafo aleatório em G( n ) . A probabilidade de que o grafo G (V , A ) assim construído seja idêntico a um determinado elemento de G( n ) que tenha m arestas é de p m (1 − p ) N −m . Num grafo aleatório as arestas são dispostas ao acaso entre os diferentes pares possíveis de vértices, com certa probabilidade p. Anexo A Teoria dos Grafos 110 A.6 Teorias de Probabilidade Estocástica Um resumo das fórmulas da teoria de probabilidade está formulada nas Eq. A.6, Eq. A.7 e Eq. A.8, baseadas nas informações de VARES e SIDORAVICIUS (2004). A.6.1 Probabilidade Condicional A probabilidade condicional P ( A\ B ) de A dado B é dada pela Eq. A.6. A é o subconjunto de um espaço amostral. Os conjuntos em A são chamados eventos aleatórios (VARES e SIDORAVICIUS, 2004). P ( A\ B ) = P ( A ∩ B) P ( B) Eq. A.6 onde o espaço de probabilidade é dado por ( Ω, A, P ) e B ∈ A com P ( B ) > 0 e Ω é um conjunto não vazio. A.6.2 Fórmula da Probabilidade Total A formulação para a probabilidade total de B dado A está representada por n P ( B ) = ∑ P ( B / Ai ) P ( Ai ) Eq. A.7 i =1 A.6.3 Fórmula de Bayes A fórmula de Bayes relaciona as probabilidades de A e B com as respectivas probabilidades condicionadas mútuas e é definida como Anexo A Teoria dos Grafos 111 P ( Ai | B ) = onde P ( B) > 0 , Ai ∑ P ( Ai ) P ( B | Ai ) P ( Ai ) P ( B | Ai ) j =1 n representam as hipóteses de ocorrência, Eq. A.8 P ( Ai ) sua probabilidade a priori e P ( Ai | B ) a probabilidade a posteriori, dada à ocorrência de B. 112 Glossário GLOSSÁRIO Daemon Termo originário da linguagem computacional. É uma rotina ou programa criado para uma tarefa padrão, com fins específicos, a ser executado sempre que solicitado. Feromônio Substância química usada pelos animais para se comunicarem. Tratando-se de formigas, é a substância química produzida pelas mesmas. Estas formam trilhas marcadas com o feromônio. Grafo O grafo G é uma estrutura matemática constituída pelos conjuntos C e L, onde C é um conjunto finito e não vazio de n vértices ou nós e L é um conjunto de m arestas, e as arestas são pares formados pelos vértices de C. Um grafo é representado por G(C,L) ou G=(C,L). Heurística Algoritmos exploratórios não exatos. Heurística vem do grego heuriskein, que significa descobrir. Meta-heurística Método heurístico, usualmente sofisticado, para resolver problemas de otimização. Metas-heurísticas são geralmente aplicadas a problemas que não se conhece um algoritmo eficiente para solucioná-los. Exemplos de metas-heurísticas em otimização são: algoritmos genéticos, simulated annealing, busca tabu e colônia de formigas. Otimização combinatória Ramo da otimização que aborda problemas de otimização em conjuntos finitos. Otimização estocástica Ramo da otimização que trata os problemas por processo de busca randômica controlada por critérios probabilísticos. 113 Glossário Otimização determinística Ramo da otimização baseada em cálculo. Requerem na maioria dos casos a primeira derivada da função objetivo em relação às variáveis de projeto. Stigmergy Estimergia. Do grego stigma que significa marca, carimbo ou selo e ergon que significa trabalho. Forma indireta de comunicação observada em insetos. Esta comunicação indireta está relacionada com o meio ambiente e com a interação dos seres no meio de convívio, levando a cooperação e auto-organização entre eles.