PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS PORTUGUESAS PUXAM PELA NOSSA ECONOMIA Nº 152 › Mensal › Maio 2015 › 2.20# (IVA incluído) Tawfiq Bin Fawzan Al-Rabiah Ministro do Comércio e Indústria da Arábia Saudita João Franco Presidente dos Portos de Sines e Algarve Ricardo Lobo Administrador do Grupo RLobo Avaliação imobiliária é uma mais-valia para o País Jorge Ferreira Mendes e Jorge Pedro Ferreira Mendes, administradores da Mencovaz, empresa com sede no Taguspark, em Porto Salvo, sublinham a enorme importância para a sustentabilidade da economia e do sector imobiliário da avaliação imobiliária, onde a sua empresa distingue-se no concorrencial mercado português Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1 › HEAD Ficha Técnica Editorial Propriedade Economipress – Edição de Publicações e Marketing, Lda. Sócios com mais de 10% do capital social › Jorge Manuel Alegria Contribuinte 506 047 415 Director › Jorge Gonçalves Alegria Conselho Editorial: › Bracinha Vieira › Frederico Nascimento › Joanaz de Melo › João Bárbara › João Fermisson › Lemos Ferreira › Mónica Martins › Olímpio Lourenço › Rui Pestana › Vitória Soares Redacção › Manuel Gonçalves › Valdemar Bonacho › Jorge Alegria Fotografia › Rui Rocha Reis Grafismo & Paginação › António Afonso Departamento Comercial › Valdemar Bonacho (Director) Direccção Administrativa e Financeira › Ana Leal Alegria (Directora) Serviços Externos › António Emanuel Morada Avenida 5 de Outubro, nº11 – 1º Dto. 2900-311 Setúbal Telefone 26 554 65 53 Fax 26 554 65 58 Site www.paiseconomico.eu e-mail [email protected] Delegação no Brasil Jean Valério Av. Romualdo Galvão, 773 - Tirol - Ed. 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Do Brasil veio o Vice-Presidente (Michel Temer) e o Governador de Goiás (Marconi Perillo), de Marrocos veio o Primeiro-Ministro (Abdelilah Benkiran), de França veio o Primeiro-Ministro (Manuel Valls) e da Arábia Saudita veio o Ministro do Comércio e Indústria (Tawfiq Bin Saad Al Rabiah). Com todas as personalidades foram celebrados acordos para desenvolver as relações económicas e empresariais e, em vários casos, também foram assinados memorandos nos domínios educacional, científico e tecnológico, além do turismo e saúde. Curiosamente, ou talvez não, apenas uma dessas personalidades internacionais (o primeiro-ministro francês) não veio de fora do continente europeu. Provavelmente aconteceu por mera circunstância, mas reflecte a necessidade de Portugal diversificar e ampliar o seu espaço internacional à escala global, pois se é certo que a Europa continua, e continuará, é preciso sublinhá-lo, a constituir o principal espaço de relacionamento económico do nosso país, também é certo que, cada vez mais, Portugal tem de se afirmar em cada vez mais geografias internacionais, muitas delas bastante distantes entre si. No fundo, se há cerca de quinhentos anos fomos percursores da moderna internacionalização à escala global, a economia portuguesa precisa hoje de assumir esse legado de forma completa e partir em busca do seu espaço em cada uma das geografias do mundo, com a certeza de que se não lutarmos pelo nosso espaço, se não formos capazes de competir e de vencer no mercado global, outros ocupação a posição que poderia ou deveria caber ao nosso país. Portugal está numa posição muito qualificada para ocupar um espaço incomensuravelmente superior ao que presente ocupa na economia brasileira, mas precisa que as nossas empresas e os nossos decisores económicos e políticos sejam muito mais activos do que têm sido. E é preciso encontrar de forma mais acentuada interlocutores que no mercado brasileiro possam ajudar as nossas empresas a desempenharem um papel que deve ser positivo para o desenvolvimento da economia brasileira. No mundo árabe, são as nossas empresas que deverão ter uma atitude de maior proactividade, darem a conhecer as suas valências, produtos e serviços, no fundo, a mostrarem o melhor que possuem, e que em grande parte ainda é bastante desconhecido na região. Porque potencialidades, oportunidades e necessidades, existem muitas por lá. JORGE GONÇALVES ALEGRIA Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3 Índice Grande Entrevista Jorge Ferreira Mendes, Administrador da Mencovaz, não têm dúvidas em sublinhar que a empresa que dirige desde o principal edifício do Taguspark é uma das principais empresas de avaliação imobiliária que existe em Portugal. Profundo conhecedor do mercado desde 1972, fundou a Mencovaz em 2008, e fruto do know how e da experiência acumulada ao longo de mais de quatro décadas de empenho numa profissão altamente exigente, tem merecido o reconhecimento do mercado nacional e de alguns dos principais players portugueses, incluindo das principais instituições financeiras do país. pág. 26 a 31 Ainda nesta edição… 24 25 25 32 33 38 42 44 48 50 50 50 Grande Plano Aicep Global Parques tem nova administração Reinaldo Teixeira e Luís Lima compraram a Preditur Inaugurado o Ericeira Business Vice-Presidente do Brasil esteve em Lisboa Governador quer empresas portuguesas em Goiás Cafés Negrita uma história de sucesso no café Inovazul dá acesso à Internet a populações remotas Vinhos do Dão com mais promoção Vila Galé inaugurou hotel em Évora Vivafit investe no Bahrain e na Polónia Armando Cunha ganha obra em Cabo Verde Vista Alegre cresce no Brasil e melhora resultados 4 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 A vinda a Portugal do Ministro do Comércio e Indústria da Arábia Saudita, Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah, constituiu um momento importante numa etapa de desenvolvimento e crescimento das relações económicas e empresariais entre os dois países, apostados em passar para um patamar diferente de relacionamento, visto que as potencialidades das duas economias configuram todas as possibilidades de se aprofundarem as trocas comerciais e de investimento entre Portugal e a Arábia Saudita. Nesta edição, além do resumo das principais conclusões da reunião da 2ª Comissão Mista, destaque também para a entrevista de Osama Amin, CEO da empresa do Príncipe Turki Bin Saad Al-Saud, bem como de Rodrigo Ryder, Presidente da CCILS. pág. 06 a 23 Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 5 › GRANDE PLANO Vice Primeiro-Ministro português e Ministro do Comércio e Indústria saudita querem ligações aéreas directas entre os dois países e selaram acordo para evitar a dupla tributação Portugal e Arábia Saudita querem ficar mais próximos No final da reunião da 2ª Comissão Mista entre responsáveis governamentais e sectoriais de Portugal e da Arábia Saudita, que se realizou em Lisboa, foram assinados um conjunto de acordos entre os dois países, sendo de realçar o acordo que estabelece o fim da dupla tributação no comércio entre os dois países, bem como o protocolo para o estabelecimento no futuro de uma linha aérea directa entre Lisboa e Riade, condição considerada fundamental para incrementar o relacionamento económico e turístico entre Portugal e a Arábia Saudita. Paulo Portas, Vice Primeiro-Ministro português, e Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah, Ministro do Comércio e Indústria saudita, chefiaram as delegações dos respectivos países, tendo mostrado nas declarações finais um forte optimismo quanto à existência de condições para incrementar de forma substancial o relacionamento luso-saudita, não apenas na área económica e empresarial, mas também nos sectores do turismo, cooperação científica e no ensino superior, bem como na saúde mo período do ano passado. No entanto, é preciso sublinhar a evolução muito positiva das exportações portuguesas de serviços, que passaram de apenas 14,6 milhões de euros em 2013 para um valor de 62,7 milhões de euros em 2014, um acréscimo de 330,2%. O total exportado no ano pas- sado pelas empresas portuguesas para o mercado saudita foi de 175,5 milhões de euros, um aumento de 5,6% face a 2013. De referir que o principal sector exportador português foram os minérios e minerais, com uma quota de 31% do total das exportações portuguesas. De referir, ainda, que em 2013 eram 365 o número de empresas portuguesas que exportaram para a Arábia Saudita. No que respeita às importações portuguesas de bens da Arábia Saudita, registaram um crescimento em 2014 (785,4 milhões de euros) face a 2013 (695,3 milhões de e nas áreas culturais. | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELO GABINETE DO VPM, DA EMBAIXADA DA ARÁBIA SAUDITA EM PORTUGAL, TEXTO › JORGE ALEGRIA U BEM COMO PELA CORTESIA DA COMUNIDADE ISLÂMICA DE LISBOA ma delegação interministerial saudita composta por cerca de trinta membros e chefiada pelo Ministro do Comércio e Indústria Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah, esteve no início da Abril em Portugal para participar na reunião da 2ª Comissão Mista entre os dois países, e cuja delegação portuguesa foi liderada pelo Vice Primeiro-Ministro Paulo Portas. Esta reunião surgiu na sequência do primeiro encontro formal que decorreu a 2 de Abril do ano passado em Riade, e que foi então considerado um passo fundamental para o incremento das relações económicas e empresariais entre Portugal e a Arábia Saudita. Depois do encontro que reuniu as duas delegações no Palácio Foz em Lisboa, registou-se a assinatura de diversos acordos, o mais importante sem dúvida o que 6 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 acaba com a dupla tributação nas relações comerciais entre empresas dos dois países, acordo que foi assinado por Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah pelo lado saudita, e por Paulo Núncio, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, pela parte portuguesa. Este acordo protege também os investimentos que os empresários de cada país estabeleçam no outro, elemento de confiança e considerado de importância fulcral para o desenvolvimento de negócios e investimentos entre Portugal e a Arábia Saudita. Aliás, nesta matéria, Paulo Portas na ocasião do seu discurso lembrou que a Arábia Saudita é uma das vinte maiores economias mundiais, sendo mesmo o maior produtor mundial de petróleo, «pelo que constitui uma economia com forte capacidade de investimento no exterior, assim como possui um mercado interno em forte crescimento, situação propícia para o aumento das exportações portuguesas para aquele mercado», lembrou o Vice Primeiro-Ministro. Exportações portuguesas diminuíram em 2014 No entanto, se verificarmos a evolução recente das exportações portuguesas de bens para a Arábia Saudita, elas atingiram um pico máximo em 2013, quando atingiram os 151,6 milhões de euros, mas diminuíram para apenas 112,7 milhões de euros em 2014. Já nos dois primeiros meses do corrente ano, as exportações nacionais para o mercado saudita, atingiram os 17,1 milhões de euros, uma queda de 17,1% face aos 24,2 milhões de euros exportados no mes- Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 7 › GRANDE PLANO euros), liderados pela importação de petróleo. Já a importação de serviços do mercado saudita por empresas portuguesas atingiram no ano passado o valor de 121,6 milhões de euros. Ou seja, em 2014, a Arábia Saudita exportou para Portugal um total de bens e serviços na ordem dos 907 milhões de euros. É ainda de mencionar que a Arábia Saudita constitui o 13º fornecedor da economia portuguesa, enquanto Portugal é apenas o 44º fornecedor do Reino liderado pelo Rei Salman Al-Saud. 8 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 É preciso ligação aérea directa Reconhecendo esse défice da participação portuguesa no comércio internacional da economia interna saudita, que nesta 2ª Comissão Mista Luso-Saudita que decorreu em Lisboa, foi assinado um memorando tendente a iniciar um processo que leve à implementação de uma ligação aérea directa entre Lisboa e Riade, considerada por Paulo Portas e Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah, como elemento fundamental para o incremento dos negócios, das trocas comerciais, bem como do intercâmbio turístico, cultural, educacional, científico e tecnológico entre os dois países. Por outro lado, a questão não tenha sido referida nas declarações finais da reunião luso-saudita, a PAÍS €CONÓMICO sabe que está também a ser debatida a possibilidade de ser futuramente implementada uma linha marítima directa entre um porto português (provavelmente Setúbal ou Sines) e um porto saudita (Jeddah ou Damman), permitindo um reforço substancial da capacidade das trocas comerciais entre os dois produtos, nomeadamente na área dos minérios e minerais, materiais de construção, produtos industriais e também a breve prazo pelo forte incremento da exportação de produtos agrícolas e agro-alimentares portugueses para o mercado saudita. Ainda no sentido do reforço das relações empresariais entre os dois países, foi igualmente assinado no Palácio Foz um acordo de cooperação entre a CIP – Confederação da Indústria Portuguesa, e a sua congénere saudita da CSC, que permitirá o aprofundamento do diálogo entre as confederações empresariais portuguesas e sauditas visando o incremento das relações comerciais e empresariais. Aliás, depois da assinatura do acordo, os signa- tários bem como alguns membros da delegação saudita reuniram-se na sede da CIP, onde estabeleceram um diálogo frutuoso entre os agentes empresariais presentes. Aicep vai fazer roadshow em Riade Por outro lado, Paulo Portas anunciou igualmente que a Aicep Portugal Global (esteve representada na reunião pelo seu presidente, Miguel Frasquilho) vai estar representada junto da embaixada portuguesa em Riade, e que promoverá ainda no presente ano um roadshow empresarial português na Arábia Saudita. O Vice Primeiro-Ministro anunciou ainda que o governo da Arábia Saudita estará representado na Semana da Economia Azul, que Portugal promoverá durante o próximo mês de Junho. Aliás, a PAÍS €CONÓMICO já tinha anunciado que a ministra portuguesa da Agricultura, Assunção Cristas, tinha convidado o seu homólogo saudita para estar presente nesse evento, por ocasião da sua visita a Riade a 20 e 21 de Outubro do ano passado. O número dois do governo português discursando ao lado do ministro saudita, sublinhou que o processo de consultas políticas entre os dois países continuará ao nível dos ministérios dos negócios estrangeirismo de ambos os países, adiantando ainda que em Setembro deste ano uma delegação cultural saudita deverá visitar Portugal. Paulo Portas mostrou-se também convicto de que Portugal possui todas as condições ao nível das suas instituições de ensino superior para acolher num futuro a breve prazo um grande número de estudantes sauditas, pois a Arábia Saudita envia todos os anos para o exterior um assinalável número de estudantes com bolsas atribuídas pela Fundação Abdulaziz (o anterior rei saudita), e «Portugal é um candidato óbvio a receber muitos desses estudantes», enfatizou Paulo Portas. Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah, Ministro do Comércio e Indústria da Arábia Saudita sublinhou a reunião da 2ª Comissão Mista permitiu reforçar claramente a vontade de desenvolver as relações entre os O então Príncipe Salman Al-Saud (hoje Rei) a inaugurar a Rua da Mesquita, em Lisboa, no ano de 2001 dois países, sobretudo com uma vontade inequívoca de aumentar as trocas comerciais entre a Arábia Saudita e Portugal. O responsável governamental saudita sublinhou também o seu desejo de ver mais empresas portuguesas a apostar no mercado saudita, um mercado em forte crescimento e desenvolvimento, bem como referiu a esperança que mais empresas sauditas também apostem em Portugal. O ministro referiu ainda que o acordo que estabelece o fim da dupla tributação entre os dois países, é uma excelente notícia para o incremento do relacionamento comercial e empresarial entre a Arábia Saudita e Portugal. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 9 › GRANDE PLANO Empresários sauditas dialogaram com empresários portugueses na sede da CGD Empresas portuguesas querem ir para a Arábia Saudita Numa realização conjunta da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do Business Council da Câmara de Comércio e Indústria Luso Saudita (CCILS), cerca de trinta empresas portuguesas tiveram a oportunidade de se apresentarem e manifestarem perante altos representantes de dois dos maiores conglomerados empresariais da Arábia Saudita, o propósito de ganharem futuramente uma posição no mercado saudita, o maior e mais rico país do Médio Oriente. Sectores da construção e obras públicas, engenharia, agro-industrial, mobiliário, entre outros, querem aproveitar o potencial de um país em grande crescimento e que possui reservas financeiras quase ilimitadas para suportar financeiramente o seu crescimento. A TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA CGD bdulaziz M. Al-Babtain, Director-Geral do Grupo Nadec, e Osama Amin, CEO da H.R.H. Prince Turki Bin Saad Al-Saud Trade Co., foram os empresários sauditas que se reuniram com cerca de trinta empresários portugueses na sede da CGD, na sequência da vinda a Portugal do Ministro do Comércio e Indústria da Arábia Saudita. Provindos de sectores empresariais ligados às obras públicas e construção civil, engenharia e arquitectura, mobiliário, agricultura e agro-indústria, entre algumas outras, os empresários portugueses intervieram para manifestarem o seu forte interesse em abordarem o mercado da Arábia Saudita, sublinhando a sua abertura e interesse para formar parcerias com empresas sauditas, nomeadamente as representadas pelos dois conglomerados empresariais sauditas presentes na CGD. Luís Rego, responsável do Departamento Internacional da CGD, sublinhou o esforço e a abertura da sua instituição para apoiar a internacionalização das empresas portuguesas para o mercado saudita, sublinhando a parceria que a instituição realizou com a CCILS para identificar potencialidades e oportunidades no mercado da Arábia Saudita, e que possam interessar às empresas portuguesas. Abdulaziz M. Al-Babtain, Director-Geral do Grupo Nadec, um 10 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 dos maiores conglomerados sauditas no sector agro-industrial, salientou o forte interesse da Nadec em fomentar relacionamentos mutuamente vantajosos com empresas portuguesas que actuem no sector agro-industrial, sublinhando que «entrar sozinho no mercado saudita poderá não ser muito fácil, apesar das muitas oportunidades que lá existem, sendo bastante pertinente encontrar bons parceiros para ter sucesso no nosso país. A Nadec estará naturalmente disponível para dialogar e formar boas parcerias com empresas portuguesas no mercado da Arábia Saudita». No mesmo sentido se referiu Osama Amin, CEO da H.R.H. Prince Turki Bin Saad Al-Saud Trade Co.,, referindo-se à pertinência das empresas portugueses se deslocarem directamente à Arábia Saudita para conhecerem o mercado e os potenciais interlocutores locais, sublinhando que a empresa que estava ali a representar já tinha no passado estabelecido relações com empresas portuguesas para lhes possibilitar a sua entrada no mercado saudita, e que no presente e no futuro continuava com essa mesma disponibilidade para apoiar a presença de empresas portuguesas «num mercado com imensas potencialidades e oportunidades, mas onde é preciso ter as melhores vias de encaminhamento para concretizar negócios com sucesso». ‹ MARIA JOÃO TOMÁS, PHD ISCTE-IUL Portugal e a Arábia Saudita Tem-se visto uma clara aposta de Portugal nos mercados do Médio Oriente e Norte de África, uma tendência que começou ainda no tempo de Luís Amado à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros do XVII e XVIII Governo Constitucional, com a abertura de missões diplomáticas bilaterais, e agora com Paulo Portas e Rui Manchete que têm investido na realização de protocolos e medidas concretas de aproximação. A Arábia Saudita é um dos mercados árabes mais atrativos. O maior exportador de petróleo do mundo, é uma economia emergente e está a construir diversas infraestruturas para modernizar o reino, como uma rede de caminho-de-ferro, metro e aeroportos nas principais cidades de província, aos quais se junta a edificação de cidades universitárias, industriais, desportivas e de saúde. Apostando no investimento estrangeiro e no sector privado, em 2000, foi criada a Lei do Investimento Estrangeiro que oferece vantagens financeiras, como a facilidade de transações monetárias, baixos impostos e taxas governamentais. Apesar das companhias americanas, britânicas, espanholas, francesas, e até espanholas já estarem a laborar no reino, algumas companhias portuguesas já estão instaladas, sendo de esperar que o número aumente nos próximos anos. O sector dos serviços e dos recursos humanos também está em franco crescimento, já que a Arábia Saudita está a precisar de importar quadros altamente qualificados para fazer face aos desafios a que se propôs. Embora o nível de escolaridade no reino tenha aumentado de 10% para 80% desde a sua fundação, em 1932, e se terem construído mais de vinte e oito universidades, criado um programa nacional de escolaridade pública e uma rede nacional de escolas e infantários, o reino ainda não tem profissionais para satisfazer todas as suas necessidades. De Portugal, têm emigrado engenheiros, arquitetos, médicos, enfermeiros e até treinadores desportivos, já que há uma grande preocupação com o bem-estar da população, patente no aumento da esperança média de vida que já ultrapassa os 75 anos e já acompanha a tendência europeia. Para fazer face a esta escassez de recursos humanos qualificados, o reino continua a apostar na formação qualificada dos seus jovens, celebrando protocolos académicos com as melhores universidades do mundo, estando previsto que, até ao fim do ano, estejam contempladas também universidades portuguesas. O programa de bolsas de estudo que o rei Abdullah bin Abdulaziz implementou, SACM, é suportado diretamente pelo governo e, para além das propinas pagas na totalidade, e antecipadamente, subsidia ainda a estadia para o aluno e sua família, seguro de saúde, viagens a casa com regularidade, e garante ainda estágio e emprego numa das muitas empresas estatais. Das grandes apostas de Portugal para o mercado saudita, para além das rochas ornamentais, móveis, cortiça e até calçado e vestuário, destaca-se o mercado agroalimentar, com a exportação de hortícolas e frutas, já que o reino é altamente deficitário na sua produção devido à sua grande extensão de deserto, falta de água e clima compatível. Acresce-se ainda a exportação de carne de frango e borrego com abate halal, certificado pelo Instituto Halal de Portugal, tutelado pela FIP, Fundação Islâmica de Palmela, mostrando como este organismo é reconhecido por um dos mercados mais exigentes do mundo neste sector. Esta tardia descoberta dos nossos vizinhos do Sul e Este do Mediterrâneo, atrasou-nos face a Espanha ou a França que há muito beneficiam de laços económicos, políticos com estes países, o que não se justifica face à longa tradição e património comum que temos com o mundo árabe e islâmico. Falta-nos uma fundação como a Casa Árabe de Madrid, ou o Institut du Monde Árabe em Paris para, através da diplomacia cultural, incrementar os contactos institucionais bilaterais. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 11 › GRANDE PLANO Osama Amin, CEO da H.R.H. Prince Turki Bin Saad Al-Saud Trade Co. Mercado da Arábia Saudita é muito grande Osama Amin é o CEO da H.R.H. Prince Turki Bin Saad Al-Saud Trade Co., um dos maiores conglomerados empresariais da Arábia Saudita, presente em vários sectores de actividade económica e empresarial. Há alguns anos que serve de ponte para a entrada de empresas portuguesas no mercado saudita, mas aproveitando agora a vinda a Portugal no início de Abril do Ministro do Comércio e Indústria do reino liderado pelo Rei Salman Bin Al-Saud, o responsável da empresa do Príncipe Turki Bin Saad Al-Saud, esteve em Portugal a convite do Business Council, onde teve a oportunidade de reunir com várias empresas portuguesas e participar num seminário empresarial na Caixa Geral de Depósitos, onde testemunhou o forte interesse de grandes, médias e pequenas empresas portuguesas, de diferentes sectores de actividade, pelo mercado saudita. Osama Amin, em entrevista exclusiva à PAÍS €CONÓMICO, sublinha que «existem bastantes oportunidades em Portugal e muitas necessidades na Arábia Saudita», e sublinha a grande importância para o reforço das relações entre os dois países o estabelecimento de uma rota marítima directa assim como uma ligação aérea directa entre Lisboa e Riade. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA H.R.H. PRINCE TURKI BIN SAAD AL-SAUD TRADE CO. Esteve recentemente em Portugal ao mesmo tempo da visita ao nosso país do Ministro do Comércio e Indústria da Arábia Saudita. Perante o que viu como avalia a importância da visita ministerial saudita para o reforço das relações económicas e empresariais entre os dois países? Tem uma grande importância tendo em conta a necessidade das entidades e empresários de ambos os países se encontrarem. Existem bastantes oportunidades em Portugal e muitas necessidades na Arábia Saudita. Por exemplo, o acordo de não dupla tributação foi assinado, conhecemos algumas empresas portuguesas num encontro que seguramente vai permitir iniciar a rota marítima de transporte directo para Dammam ou Jeddah e a abertura de um voo directo Lisboa-Riade. Estes dois factores são cruciais para o desenrolar e estreitar as relações entre empresários. Em Portugal contactou diversos empresários portugueses provenientes de sectores e diferentes actividades económicas. Que impressão ficou a respeito do interesse e das expectativas desse conjunto de empresas portuguesas a respeito do potencial e das oportunidades existentes no mercado da Arábia Saudita? Foi um encontro que correu muito bem, o Business Council e a Caixa Geral de Depósitos souberam reunir um grupo de empresas portuguesas que corresponde às necessidades que temos na Arábia Saudita. 12 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 Mas precisamos que seja feito um “follow up” e sei que em breve virá uma missão do Business Council à Arábia Saudita onde espero que possamos fechar alguns negócios e que entendam as potencialidades que existem. E é muito importante termos este tipo de empresas, pois as empresas portuguesas são normalmente de pequena e média dimensão, mas o mercado é muito grande, por isso é preciso compreender bem todos os factores antes de arriscar. Por isso existe o Business Council e nós somos seus parceiros. Arábia Saudita tem necessidades em vários sectores Quais são os sectores mais interessantes e promissores na Arábia Saudita para as empresas portuguesas? São vários, mas as maiores necessidades estão no sector da construção civil e obras públicas, agro-alimentar, novas tecnologias e serviços técnicos especializados, mas neste momento de grande crescimento que assistimos na Arábia Saudita todos são bem-vindos e todos podemos trabalhar em conjunto para o bem das nossas empresas. Estamos já a preparar esse dossier em conjunto com o Business Council e o seu parceiro financeiro a Caixa Geral de Depósitos. A empresa que lidera pode arranjar um conjunto de outros par- Como define o papel e apoio do Business Council da Câmara de ceiros sauditas, incluindo na área financeira, que possam cons- Comércio e Indústria Luso Saudita enquanto entidade parceira tituir importantes elementos de apoio para as empresas portu- da sua empresa para ajudar as empresas portuguesas e saudi- guesas no mercado do seu país? tas a realizarem negócios mutuamente vantajosos? É fundamental para todos, é a corda que qualquer empresa necessita. As pessoas do Business Council são os únicos que conhecem ambos os países, são bastante activos e fizeram a aposta da forma mais correcta. Estamos muito envolvidos com eles em todos os passos pois sabemos que todos sairão a ganhar desta forma. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 13 › GRANDE PLANO Rodrigo Ryder, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Saudita e do Business Council, deixa o alerta Empresas portugueses devem ser bem acompanhados no mercado saudita A Câmara de Comércio e Indústria Luso Saudita (CCILS) é a mais nova das câmaras de comércio fundadas em Portugal e pretende apoiar o desenvolvimento das relações empresariais, comerciais, industriais e turísticas entre Portugal e o Reino da Arábia Saudita. Rodrigo Ryder é o Presidente da CCILS e do Business Council, o organismo criado pela Câmara para operacionalizar a relação empresarial privada entre os dois países. Em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, o responsável da nova câmara de comércio destacou os resultados positivos da recente visita do ministro saudita do comércio e indústria a Portugal, acreditando que uma nova etapa se abriu no relacionamento entre Portugal e a Arábia saudita. O empresário sublinha que existem muitas oportunidades no mercado saudita, bem como estão a ser desenvolvidos intensos contactos para aumentar o investimento saudita no nosso país. Sublinha que as empresas portuguesas precisam de um acompanhamento muito forte na sua entrada no imenso e competitivo mercado saudita, e «é esse o papel desempenhado pela CCILS e o Business Council, em parceria com o nossos parceiros sauditas, pois erros de avaliação e passos mal dados na Arábia saudita poderão ser muito difíceis para o sucesso naquele mercado, um mercado onde se a entrada for feita de forma correcta, tem tudo para as empresas terem sucesso e grandes vantagens empresariais e económicas», enfatizou Rodrigo Ryder. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › ARQUIVO Como avalia os resultados da recente visita do Ministro do Comércio e Indústria da Arábia Saudita a Portugal? Com grande optimismo e sentido de dever cumprido. Portugal e o Reino da Arábia Saudita estão a passar por uma fase de grande aproximação, resultado de um trabalho que tem sido desenvolvido pelas autoridades de ambos os países com um grande sentido prático e uma vontade de efectivamente reequilibrar a balança comercial entre ambos. Por isso temos um grande caminho pela frente mas muito foi 14 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 feito, tanto pelo estado saudita, como pelo lado português. As portas estão abertas, agora compete aos empresários fazerem o seu caminho em ambos os mercados. As relações comerciais entre os dois países continuam bastante desequilibradas, em desfavor de Portugal. O que será preciso fazer para que haja um caminho de maior equilíbrio no relacionamento comercial entre os dois países? Pode-se resumir a uma pequena chalaça: Ir, vir, ir, ou seja, os empresários portugueses tem de ir visitar o Reino e descobrir que muitas das barreiras são psicológicas e fruto de desconhecimento, e os empresários sauditas tem de vir a Portugal e perceber as nossas capacidades e conhecimentos técnicos que lhes são tão necessários. Claro que só isso não é suficiente para conhecerem a verdade os empresários portugueses tem de abrir as mentalidades, quebrar clichés e serem muito bem acompanhados, pois sendo um mercado tão diferente a Arábia Saudita pode ser mal abordada e isso levar a erros estratégicos que conduzam ao fracasso quando existe res mais promissores para as empresas sector da construção civil e obras públicas, o sector agrícola com o sector alimentar, empresas de TI’s, empresas de serviços com grande know how e onde os portugueses são muito bons e reconhecidos internacionalmente nos mais variados sectores e eu coloco sempre um vector muito importante como um dos pilares, que é o investimento em Portugal, aqui também existe uma grande transversalidade. nacionais no mercado saudita? É possível que Portugal possa vir a cons- Sim esse é o pilar da CCILS. Nós nascemos com projectos e clientes e não o contrário. Quando abordamos empresas portuguesas estamos a fazer “procurement” para o que temos em carteira. Temos um entendimento mais por pilares e não por sectores pois existe uma grande transversalidade nas oportunidades e esses pilares são essencialmente cinco: o tituir a breve prazo um destino com im- tudo para o sucesso. O mesmo em reverso está a ser dito aos empresários sauditas. Arábia Saudita é um país de grandes oportunidades A CCILS tem tomado iniciativas para identificar oportunidades empresariais no mercado da Arábia Saudita para as empresas portuguesas? Quais os secto- portância nos investimentos de empresas sauditas no exterior? Sim estamos a trabalhar arduamente para isso e temos diversas iniciativas a decorrer neste momento no Reino da Arábia Saudita para fomentar isso mesmo. Já temos alguns investimentos em fase final, mas muitos mais se perspectivam. Neste sentido temos de ser bastante cautelosos pois temos de respeitar as escalas de ambos os países. Qual é o papel primordial da CCILS no que respeita ao apoio às empresas portuguesas no acesso e crescimento do mercado da Arábia Saudita? A CCILS tem como missão primordial fomentar, orientar e acompanhar as empresas nossas associadas no Reino da Arábia Saudita e isso implica “procurement” local, “lobbying” e aconselhamento pessoal a cada um dos nossos associados com uma abordagem muito directa e pragmática. Temos sempre em paralelo os canais próprios formais que uma entidade como o Business Council tem, mas também trabalhamos em igual medida com canais privados que complementam a oferta do mercado. O mercado é imenso e as ofertas também! ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 15 › GRANDE PLANO Luís Câncio Martins, Administrador da JL Câncio Martins Queremos continuar a participar na construção do país A JL Câncio Martins foi fundada em 1963 pelo Professor José Luís Câncio Martins, pai do nosso entrevistado, Luís Câncio Martins. Sucessor do fundador e actual administrador da empresa com sede em Algés, Luís Câncio Martins mostra algum pessimismo com a evolução da situação da construção de infraestruturas em Portugal. «Por isso, desde há muitos anos, tivemos de nos internacionalizarmos e começarmos a elaborar projectos lá fora. Hoje, essa situação é ainda mais premente», reconhece o administrador da empresa, referindo que as principais apostas externas da JL Câncio Martins se centram na América Latina e no Médio Oriente, sendo de sublinhar a participação da empresa na concepção de várias pontes para a Arábia Saudita, país que o gestor considera muito importante e que deseja por lá continuar e crescer. Mas não descurar voltar a dar maior atenção ao A país e alguns mercados europeus. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS E CEDIDAS PELA JL CÂNCIO MARTINS história da JL Câncio Martins é polvilhada pela concepção e a realização de muitos projectos de obras, com particular realce para obras em pontes e em obras marítimas. Algumas pontes no litoral alentejano, como em Odelouca e em Odemira tiveram em 1970 o cunho desta empresa então liderada por José Luís Câncio Martins. Mas também noutras partes do país, como Évora, Lisboa ou Aveiro, receberam o cunho desta empresa com obras de pontes que ajudaram a uma melhor circulação do trânsito nas suas zonas de implantação. Já neste século, realce em Portugal para concepção da Ponte Salgueiro Maia, em Santarém, vários viadutos e pontes da A2 entre Lisboa e o Algarve, ou da A8 entre Lisboa e Leiria, foram marcadas pela pena do desenho dos técnicos da empresa com sede em Algés. Luís Câncio Martins adianta ainda como ponte emblemática a Ponte Internacional do Guadiana, entre a cidade espanhola de Aiamonte e a portuguesa Vila Real de Santo António, bem como sublinha a 16 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 enorme importância da participação da sua empresa na designada Ponte da Amizade, que liga Macau à ilha de Taipa. Mas, se é verdade que durante muitos anos a JL Câncio Martins marcou uma posição muito forte na concepção de algumas das mais importantes pontes que se construíram em Portugal, e mesmo em alguns projectos que nunca viram a luz do dia, como o projecto da terceira ponte sobre o Tejo, ou a concepção de uma outra terceira travessia do Tejo em túnel entre a Trafaria na margem sul e Algés na margem norte do estuário, também é certo que no presente, fruto da grande travagem decorrida na construção de obras públicas em Portugal, a empresa tem tido pouco trabalho. Luís Câncio Martins até refere o caso da paragem da obra do Túnel do Marão, «uma obra que não fomos nós que a concebemos, mas que parou quando já estava construído em 80% da sua dimensão. Isso foi incompreensível e certamente apresentou custos mais elevados com o retomar da obra, o que já ocorreu e ainda bem», sublinha o admi- nistrador da empresa, que refere que a JL Câncio Martins esteve sim envolvida em algumas obras de arte da designada auto-estrada Transmontana, que liga Vila Real a Bragança e cujo tráfego foi afectado pela não concretização do Túnel do Marão na sua ligação ao Porto. Mas, com o decréscimo acentuado de novos projectos de infraestruturas em Portugal nos últimos anos, começaram consequentemente a minguar os projectos de concepção de pontes rodoviárias ou de pontes ferroviárias, bem como de projectos em áreas marítimas, áreas onde a JL Câncio Martins esteve bastante activa nas zonas portuárias de Aveiro e de Sines, neste caso com um projecto variante para a primeira fase do Terminal de Contentores (Terminal XXI). Perante este cenário de escassez de projectos em Portugal, «quês e mantém», sublinha Luís Câncio Martins, a empresa teve de se virar já desde há vários anos para o exterior. A internacionalização é fundamental para a sustentabilidade da engenharia portu- guesa. A concepção da ponte que liga Macau à Ilha de Taipa constituiu um projecto marcante e uma amostra internacional da maior valia para realçar a capacidade da JL Câncio Martins em participar em projectos de elevada exigência e que era capaz de corresponder com elevada qualidade e consistência. Então, há cerca de dez anos, surgiu a oportunidade da empresa participar num primeiro projecto na Arábia Saudita, «um mercado que há 10 anos era bastante mais difícil do que é hoje, mas que constituiu um grande desafio para a empresa e toda a nossa estrutura técnica e comercial. Felizmente, nesse primeiro projecto respondemos de forma exemplar, e não foi surpreendente que depois, principalmente no período entre 2008 e 2011 tenham sido erigidas diversas obras, particularmente na área das pontes rodoviárias, que foram concebidas pela JL Câncio Martins e em muitos casos acompanhadas pelos nossos técnicos». Actualmente, o mercado saudita detém muitas oportunidades construtivas e «a JL Câncio Martins espera continuar muito activa naquele mercado, tanto pelas nossas iniciativas bem como pelo apoio da Câmara de Comércio e Indústria Luso Saudita, que certamente nos apoiará a abrir portas e possibilidades para estarmos no mercado das infraestruturas na Arábia Saudita», sublinha o empresário. Aliás, toda a região do Médio Oriente interessa à empresa, sendo que a empresa já participou na concepção de uma ponte na auto-estrada que liga Aman a Zarqa, na Jordânia. «Toda essa região nos interessa pois assiste-se a um forte interesse construtivo em muitos países da região, sendo que muitos deles, principalmente na zona do Golfo, possuem dos recursos necessários para sustentar os seus ambiciosos planos de desenvolvimento infraestrutural em diversas áreas das suas economias e sociedades», aponta Luís Câncio Martins. Outra área do globo com particular interesse para a empresa portuguesa é a América Latina. O gestor refere que a empresa já participou em obras no Brasil e no Peru, existindo para breve a participação de uma obra no Panamá. «A América Latina é uma mercado com bom potencial e bastantes oportunidades, pelo que a Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 17 › GRANDE PLANO › EMPRESARIADO Raul Maia, Administrador da Sport Design Especialistas na construção de equipamentos desportivos Localizada em Vila Verde, junto a Terrugem, no concelho de Sintra, a Sport Design surgiu em 2005, mas foi mais recentemente pela mão de Raul Maia, um antigo oficial do exército português, que a empresa especializada na produção de equipamentos desportivos atingiu patamares mais significativos de organização e desenvolvimento. O administrador da empresa realça a capacidade de inovação e desenvolvimento da equipa, bem como «a excepcional qualidade dos nossos equipamentos que cada vez mais estão empresa está sempre atenta às possibilidades de poder participar em projectos para os quais temos capacidades e know how internacionalmente comprovados. A engenharia portuguesa é bastante apre- 18 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 ciada por aquelas paragens, mas a concorrência também é grande, aliás como em qualquer outra parte do mundo, mas acreditamos e estamos confiantes de que a JL Câncio Martins possui possibilidades de marcar uma presença interessante naquele continente», sublinha Luís Câncio Martins. Quanto ao continente africano, e apesar da empresa já ter perscrutado diversos mercados, nomeadamente os mercados angolano, moçambicano e argelino, «mas a verdade é que não temos conseguido obter alguma coisa nesse continente. Mas continuaremos interessados em verificar eventuais oportunidades que possam surgir e em que possamos estar presentes com participação de relevo», prometeu o gestor. Voltando a Portugal, Luís Câncio Martins mostra alguma esperança que se venham a concretizar alguns dos projectos ferroviários e portuários que se anunciam, «pois são áreas em que o país manifestamente ainda denota algumas carências, pelo que julgo ser necessário completar com obras novas algumas deficiências que existem nas nossas malhas ferroviária e portuária. Caso assim aconteça, é óbvio que a JL Câncio Martins espera estar presente em alguns desses projectos, pois não temos a mais pequena dúvida de que detemos as competências ao melhor que existe neste país nas áreas onde intervimos. Continuamos a ser uma pequena empresa, mas somos muito especializados e flexíveis, capazes de responder aos desafios e complexidades dos projectos que se nos apresentem. O País pode continuar a contar connosco, tal como contou nestes últimos 52 anos da existência da JL Câncio Martins», finaliza o seu principal responsável. ‹ presentes nos pavilhões e nos recintos desportivos portugueses». A aposta futura passará também pela exportação. T TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA SPORT DESIGN oda a espécie de equipamentos desportivos utilizados em pavilhão ou em recintos desportivos ao ar livre são produzidos pela Sport Design. Ainda recentemente, seis pavilhões do concelho de Paredes (distrito do Porto) receberam um vasto conjunto de equipamentos produzidos na unidade industrial da empresa em Vila Verde (Sintra). Raul Maia recebeu a PAÍS €CONÓMICO e depois de uma visita guiada pela unidade industrial, apresentou-nos a técnica Manuela Barbosa, especialista na concepção e design dos equipamentos produzidos pela Sport Design. Segundo o administrador desta empresa, o facto da Sport Design estar dotada de recursos humanos altamente qualificados no sec- tor da concepção e design «diz muito da importância que prestamos à inovação, desenvolvimento e segurança dos equipamentos que aqui produzimos». Os equipamentos produzidos na Sport Design abrangem balizas (tanto de futebol como de futsal e andebol, de râguebi, tendo sido fornecidas as que o Belenenses utiliza), carros e tabelas de basquetebol, cabines para os suplentes das equipas, além de variados equipamentos necessários à prática desportiva. Por exemplo, para a prática do fitness, actividade cada vez mais desenvolvida nas sociedades modernas. Por outro lado, conforme adiantou Raul Maia, «temos know how para produzir mobiliário urbano de diversa ordem, embora ainda não tenhamos essa componente desenvolvida pela empresa. Poderemos vir a entrar também nessa vertente produtiva, embora a nossa prioridade actual continue centrada na produção de equipamentos desportivos. Para nós a segurança das pessoas é uma grande prioridade e estamos a trabalhar intensamente para desenvolver os nossos equipamentos com altos padrões de qualidade e segurança assinalável». No que respeita ao futuro, além da possibilidade da entrada na produção generalizada de equipamentos urbanos, a Sport Design pretende também apostar na exportação dos seus produtos «pois temos a perfeita convicção de que poderemos concorrer em qualquer parte do mundo, pois a nossa qualidade está à altura do que melhor se faz a nível internacional», finalizou Raul Maia. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 19 › GRANDE PLANO Ricardo Lobo, Administrador do Grupo RLobo, empresa líder em Portugal na área da tramitação de vistos consulares Vamos ampliar os serviços que prestamos aos clientes O Grupo RLobo foi fundado em 2009, fruto da visão e empenho de Ricardo Lobo, fundador e presidente do grupo. Com uma assinalável experiência de 15 anos na área da obtenção de vistos consulares, o empresário decidiu há seis anos dar um passo em frente com a constituição da Vistos Lobo, empresa especializada em fornecer serviços de excelência aos seus clientes, permitindo-lhes de forma mais segura, célere e económica, obterem um indispensável visto para viajarem. Entretanto, a empresa cresceu, abriu uma filial na cidade do Porto, e depois ultrapassou as fronteiras do país, abrindo uma delegação em Luanda, ao mesmo tempo que assegurava parcerias em Madrid e Paris, de modo a prestar um serviço qualificado a todos os que necessitavam de obter um visto para vários mercados que a Vistos Lobo assegura, nomeadamente Angola e Moçambique. Mais tarde, o Grupo RLobo criou também a empresa LoboExpress e a Lobo Seguros, com as quais complementa os serviços da Vistos Lobo e confere um serviço global e qualificado a cada cliente. No futuro a curto e médio prazo, nesta entrevista à PAÍS €CONÓMICO Ricardo Lobo sublinha que o grupo pretende desenvolver novos negócios, nomeadamente através de uma empresa que possa prestar serviços de consultoria «como por exemplo mudar de operador de electricidade ou de gás, entre outros serviços em que possamos ajudar as pessoas a fazerem durante o dia o que tem de fazer libertando-as de tarefas necessárias mas que lhes poderiam absorver muito tempo e retirar-lhes do desempenho das suas funções profissionais ou empresariais», refere Ricardo Lobo, que adianta que a Vistos Lobo pretende igualmente reforçar a sua E lógica internacional, tanto em África como na Europa. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA VISTOS LOBO m 2009, depois de praticamente uma dezena de anos a trabalhar na área a obtenção de vistos consulares, Ricardo Lobo considerou que estava na altura de constituir a sua própria empresa de modo a conferir um estatuto empresarial mais sólido à sua actividade e conseguir dessa forma uma organização capaz de prestar ainda melhores serviços aos seus clientes e abarcar um conjunto de actividades complementares e indispensáveis a quem pretende obter um visto para viajar para outro país. Constituiu na altura a Vistos Lobo, empresa especializada na obtenção de vistos consulares, e que, reconhece Ricardo 20 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 Lobo, «fruto do extraordinário desenvolvimento das relações económicas e empresariais entre Portugal e Angola, nos permitiu trabalhar afincadamente e de forma muito profissional para conseguirmos marcar uma posição ímpar no quadro das empresas que em Portugal actuam nesta área empresarial da obtenção de vistos de viajem para os nossos clientes». Quem são geralmente esses clientes, questionámos? Ricardo Lobo sublinha que embora a Vistos Lobo trabalhe naturalmente com clientes individuais, «o grosso dos nossos clientes são as agências e alguns clientes empresariais. No que respeita às agências de viagem, os nossos principais clientes são, respectivamente, a GeoStar, Bestravel, Go4Travel, Travelstore, Viagens El Corte Inglés e o Grupo Airmet», sublinhou o empresário. Fruto da estratégia assumida e do caminho empreendido, nestes seis anos de actividade crescente no nosso país, a Vistos Lobo é presentemente e de forma indiscutível, a empresa líder em Portugal no trabalho da obtenção de vistos consulares. Ricardo Lobo sublinha a importância de «termos formado uma equipa altamente qualificada e competente, capacitada para prestar o melhor serviço na nossa área que existe em Portugal. Neste ponto, devo sublinhar que não só mudámos as nossas Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 21 › GRANDE PLANO instalações em Lisboa, com a mudança para a rua Alfredo da Silva, bem como abrimos uma delegação na cidade do Porto, pois cada vez mais nos faziam pedidos de obtenção de vistos junto do consulado de Angola na Invicta, e por isso decidimos avançar com esse investimento. Aliás, desde o recente dia 29 de Abril que temos novas instalações no Porto, agora na rua Oliveira Monteiro, uma localização no centro da cidade e que dispõe de todas as condições de acolhimento dos clientes e para a prestar de um serviço altamente qualificado, como é, aliás, apanágio da Vistos Lobo», enfatiza o empresário. Crescer em África Mas, se a empresa cresceu e se modernizou em Portugal para atingir o já referido estatuto de liderança do sector, entendeu também dar passos na direcção da internacionalização, tendo criado também uma delegação em Luanda, capital de Angola, bem como «criámos parcerias para também estarmos representados e com uma posição nas cidades de Madrid e de Paris, pois cada vez mais existem cidadãos e empresários desses países que pretendem se relacionar economicamente com 22 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 países como Angola e Moçambique, e será mais fácil trabalharem com a Vistos Lobo para obterem vistos para viajarem para estes países de língua portuguesa», explica Ricardo Lobo. Mas, como foi referido, a abertura de uma delegação em Luanda constituiu um passo considerado da maior importância na consolidação e crescimento da actividade da Vistos Lobo. «Como é reconhecido, nesta última década as relações económicas e empresariais entre Portugal e Angola registaram um crescimento muito forte, não sendo por acaso que no presente estão praticamente 200 mil portugueses naquele país africano, além de que mais de nove mil empresas portuguesas exportam para Angola, e muitas pessoas ligadas a essas empresas têm de se deslocar ao país para concretizar esses negócios. Então, devido ao forte crescimento anual do relacionamento bilateral, a decisão da abertura de uma delegação em Luanda constituiu um passo normal e racional para podermos estar mais próximos dos nossos clientes angolanos e portugueses, e assim podermos prestar-lhes um melhor e mais eficaz serviço», acentuou Ricardo Lobo. Apesar das recentes dificuldades financeiras existentes em Angola, fruto da baixa do preço do petróleo, Ricardo Lobo continua optimista não apenas quanto ao relacionamento entre os dois países, como ao próprio desenvolvimento interno da economia e da sociedade angolana. Salienta que a empresa tem trabalhado muito com clientes angolanos e portugueses, mas nos últimos anos também tem sido procurada pela comunidade chinesa em Angola, pois a presença de empresas e trabalhadores chineses em Angola é bastante forte, e «como o nosso know how é conhecido e reconhecido, fomos procurados por empresas chinesas para prestarmos serviços a elas próprias e aos seus trabalhadores. Pretendemos naturalmente reforçar os serviços prestados em Angola à comunidade chinesa que ali trabalha, o que permitirá à Vistos Lobo atingir também uma posição de forte liderança no nosso sector em Angola», refere Ricardo Lobo. e as próprias empresas precisam de obter um visto de forma muito rápida. Por isso o Grupo RLobo criou a LoboExpress, que entrega o visto a quem dele precisa de forma célere em qualquer lugar da região da Grande Lisboa, «um serviço que tem sido muito importante e útil em diversas ocasiões para muitos dos nossos clientes. Estamos preparados para corresponder a qualquer solicitação nesta região, de modo a que qualquer pessoa que requisite um visto por intermédio da Vistos Lobo possa ter esse documento entregue de forma urgente e possa em consequência obter o documento para poder seguir viagem para o seu destino», adiante Ricardo Lobo. De forma a complementar os serviços prestados a quem necessita de obter um visto para viajar, o Grupo RLobo criou também a Seguros Lobo, onde através de uma parceria firmada com a conhecida corretora PAS, o grupo assegura por essa via um serviço qualificado na mediação de todo o tipo de seguros, assegurando as melhores soluções e em condições econó- micas vantajosas que permita a quem viaja que o faça com a maior tranquilidade e segurança possíveis. A par do aprofundamento do processo de internacionalização que deverá acontecer até ao final do corrente ano, nomeadamente em Espanha, França, Moçambique e São Tomé e Príncipe, o Grupo RLobo também vai apostar brevemente num novo leque de serviços aos clientes, sobretudo na resolução de situações do dia-a-dia, «como seja, por exemplo, e até está neste momento muito em voga, de que muitas pessoas precisam de mudar de operador fornecedor de electricidade e de gás, ou, a outro nível, pessoas que precisam de requisitar serviços de limpeza, de notariado ou de qualquer outro tipo de serviços, que muitas vezes obrigam a quem deles precisa a perder horas, ou mesmo dias, da sua actividade profissional ou empresarial, para resolvê-los, e que a partir de agora poderão obtê-los com todo o rigor e profissionalismo por parte do Grupo RLobo, e de forma muito qualificada e competitiva», finaliza Ricardo Lobo. ‹ Chegar mais rápido aos clientes Mas, obter um visto é muitas vezes muito mais de um simples trabalho burocrático. A vida moderna decorre a um ritmo muito elevado, e muitas vezes as pessoas Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 23 › NOTÍCIAS › A ABRIR Subindo na Pirâmide A nova Comissão Executiva da aicep Global Parques. Ao centro o Presidente, Francisco Mendes Palma, à esquerda o Administrador Paulo Mateus Calado e à direita o Administrador, Silvino Malho Rodrigues. Aicep Global Parques tem nova administração e já participou em Badajoz no “Fórum Extremadura em clave logística” Daniel Traça É o novo Diretor da Nova School Business and Economics (Nova SBE), sendo assim o primeiro aluno da escola a tornar-se seu diretor. O novo responsável prometeu «trabalhar com a qualidade e determinação que nos são reconhecidas para transformar o projeto do novo Campus num elemento de transformação da economia e da sociedade portuguesas». ‹ António Calçada de Sá O CEO da Repsol Portuguesa participou num seminário da AESE Business School, e defendeu que «a estratégia da empresa está no coração das pessoas que a compõem». O responsável da petrolífera espanhola em Portugal salientou a estratégia assente na formulação de Portos portuguesas são importantes para a Plataforma Logística de Badajoz Em Março deste ano foi eleita a nova administração da Aicep Global Parques, cuja administração executiva é liderada por Francisco Mendes Palma, sendo ainda composta pelos administradores Paulo Calado e Silvino Rodrigues. O novo presidente do organismo português que gere a ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines e o BlueBiz – Parque Empresarial da Península de Setúbal, assim como um pólo empresarial em Albarraque (Sintra), representou a Aicep Global Parques em Badajoz no âmbito do “Fórum Extremadura em clave logística». A realização deste fórum precedeu a assinatura de um acordo celebrado pela Plataforma Logística de Badajoz e os portos portugueses de Sines, Setúbal e Lisboa, tendo como objectivo darem um forte impulso ao transporte intermodal e ao comércio no sudoeste da União Europeia. Francisco Mendes Palma, presidente executivo da Aicep Global Parques, aproveitou a sua intervenção no fórum em Badajoz para sublinhar o papel que as zonas de acolhimento empresarial e logístico têm para o alargamento do hinterland dos portos, nomeadamente a ZILS em Sines e o BlueBiz em Setúbal, zonas que incentivam e promovem actividades complementares aos portos de Sines e de Setúbal. «E essencial uma articulação conjunta e contínua para que estejamos aptos a disponibilizar condições competitivas de acesso aos mercados, com serviços de qualidade, adiantando os planos de negócio dos investidores que nos escolhem», referiu o presidente do organismo português. ‹ missões internas na empresa e do sentido de cumprimento das mesmas. ‹ Caetano Costa Macedo É o novo Business Manager da Mind Source, empresa especializada em consultoria de Projetos de base tecnológica, considerada uma das 10 melhores empresas para trabalhar em Portugal. O novo responsável fará a gestão de talentos e a relação com clientes nas áreas da Distribuição e Logística, Indústria, Retalho e Utilities. ‹ 24 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 Ferreira do Alentejo é o concelho com maior investimento No âmbito do PRODER, eixo 3, até ao final de 2013, foi no concelho de Ferreira do Alentejo, que se registou a maior taxa de investimento. A informação foi obtida com base numa parceria estabelecida com a ESDIME – Agência para o Desenvolvimento Local no Alentejo Sudoeste, que apurou que o investimento registado no concelho de Ferreira do Alentejo atingiu os 24,4% do total registado no âmbito do PRODER, seguindo-se o concelho de Aljustrel com uma quota de 23,8%. Em Ferreira do Alentejo destacou-se a criação e desenvolvimento de microempresas, mas também se fixaram seis projectos de turismo rural, respectivamente, na Herdade das Sesmarias em Alfundão; Monte da Azinheira Grande e o Agroturismo Hortopalmeiras em Figueira dos Cavaleiros; Herdade da Chaminé, Casa de Campo Retrato da Memória e Monte Chalaça em Ferreira do Alentejo, representando a criação de 114 camas no concelho. ‹ PAULO PORTAS Garvetur e a Formal compraram uma das mais antigas marcas do setor imobiliário português Preditur adquirida para voltar a crescer A Preditur, uma das mais reconhecidas marcas do setor imobiliário a operar no mercado de Lisboa foi adquirida pelo consórcio formado pelas mediadoras Garvetur e Formal, propriedades respectivamente de Reinaldo Teixeira e Luís Lima. A nova imagem da marca e o reforço da equipa de consultores imobiliários vai ser apresentada em breve, e o objectivo dos atuais proprietários com a aquisição da Preditur, é o de criar uma boutique de propriedades na área da consultoria em investimento, compra, venda e arrendamento e conferir ao mercado maior dimensão ao trabalhar o país de Norte a Sul, já que a Garvetur está sedeada no Algarve, enquanto a Formal tem a sede no Porto. Por sua vez, com sede em Lisboa, a Preditur permitirá uma abordagem mais extensiva a praticamente todo o território nacional, fazendo uma forte aposta na promoção do mercado imobiliário português além-fronteiras. Para Reinaldo Teixeira, administrador da Garvetur, «através das respetivas marcas, este consórcio passa a abranger todo o país, e vai dedicar-se estrategicamente à captação dos nichos de investidores estrangeiros da gama média alta e luxo, oriundos dos vários mercados tradicionais e emergentes, interessados no setor imobiliário de Portugal e nos vários produtos da carteira das três empresas, do investimento ao arrendamento habitacional, passando pelo mercado de espaços comerciais e escritórios». ‹ Ericeira Business Factory inaugurado No passado dia 28 de Abril foi inaugurado o Ericeira Business Factory, uma nova incubadora como espaço para a localização de negócios relacionados com o mar. Situada na antiga Escola Primária da Ericeira, a incubadora disponibilizará a todos os empreendedores um conjunto de serviços de apoio bem como formação e mentoria. Prevê-se que nos últimos meses do corrente ano seja também inaugurado uma nova incubadora empresarial em Mafra. ‹ O Vice Primeiro-Ministro continua num ritmo frenético para ajudar o País a aumentar as suas exportações e conseguir captar mais investimento. Em Lisboa, recebeu todos os líderes internacionais que vieram a Portugal, com eles estabelecendo acordos e protocolos que visam aumentar a presença das empresas portuguesas. Em Nova Iorque, não só mostrou alguns dos produtos e serviços que o país dispõe como apresentou Portugal com um país que é novamente bom para investir. ‹ NUNO AMADO O Presidente do Millennium bcp começa a mostrar resultados consistentes na sua liderança do maior banco privado português, tanto numa clara melhoria de resultados referentes a 2014, bem como na performance alcançada no primeiro trimestre do corrente ano. E os resultados do Millennium Bank na Polónia são também muito positivos. Agora falta a fusão com o BPI. Vai acontecer? ‹ ANTONIO VIÑAL O advogado galego que comanda o escritório Antonio Viñal & Co. Abogados em Lisboa e em Kuala Lumpur na Malásia, está a desempenhar um papel muito importante na promoção do nosso país (e da sua Espanha, naturalmente) naquele que é um dos mais importantes países do sudeste asiático, mostrando que Portugal possui condições para o desenvolvimento de negócios e realização de investimentos de excelente nível. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 25 › GRANDE ENTREVISTA Jorge Ferreira Mendes, Administrador da MENCOVAZ «Somos um símbolo de excelência na área da Avaliação Imobiliária» Jorge Ferreira Mendes é considerado um dos mais experientes e qualificados peritos avaliadores imobiliários portugueses, e é ele quem gere hoje os destinos da MENCOVAZ, no mercado desde 2008, uma empresa especialista em avaliações imobiliárias de todo o tipo, estudos do mercado imobiliário e viabilidade económico-financeira de investimentos imobiliários. Em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, Jorge Ferreira Mendes assegura que a MENCOVAZ quer manter uma posição relevante nas áreas que domina e que todos os dias trabalha para conseguir manter o grau de excelência necessário ao sucesso da sua atividade. «Temos uma rede de peritos–avaliadores certificados, e qualificados (PQ´S 1 e 2) que se estende de Valença à Ilha do Corvo (R. A. Açores). Contamos na nossa estrutura empresarial com mais de 200 colaboradores, entre peritos avaliadores imobiliários, peritos qualificados e técnicos especializados, e o nosso percurso pessoal de mais de duas décadas tem-se pautado por elevados padrões de qualidade, experiência, profissionalismo, rigor, ética, independência, competência, imparcialidade, compromisso, isenção e objetividade. É em obediência rigorosa a estas regras comportamentais que a MENCOVAZ tem traçado o seu percurso», sublinhou Jorge Ferreira Mendes, Administrador de uma empresa certificada pela CMVM e pelo Sistema de Gestão de Qualidade, pela norma ISO 9001:2008 no âmbito da avaliação e consultoria imobiliária, e J da Certificação Energética de Edifícios, com Certificação emitida pela APCER. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS orge Ferreira Mendes é perito avaliador imobiliário desde 1972 e é ele quem hoje gere os destinos da Mencovaz, empresa criada em 2008 e que já se assume como uma das empresas de referência nas áreas da avaliação imobiliária de todo o tipo, estudos do mercado imobiliário e da viabilidade económico-financeira de projetos de investimento imobiliário e da Certificação Energética de Edifícios, alguns de elevada complexidade. «A criação da Mencovaz resultou do 26 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 agrupamento de três empresas com mais de duas décadas de experiência no mercado da avaliação imobiliária. Assumiu-se de imediato no mercado, dada a série de bons contactos que tínhamos com clientes potenciais nestes ramos, que nos conheciam profissionalmente de longa data, como eram os casos dos Bancos Fonsecas & Burnay, Milleniumbcp, o BII e o BES. Desde 2012 que a empresa é detida pela Família Ferreira Mendes, e aqui quero destacar a ajuda que me é dada pelo meu filho Jorge Pedro Ferreira Mendes (que, com outros que connosco colaboram na Back Office da Empresa, constituem os meu braço direito e esquerdo) e que, entre outras tarefas, tem à sua responsabilidade exclusiva a área da Certificação Energética e toda a área de apoio técnico á obtenção de documentação necessária obter junto das entidades licenciadoras para legalização dos imóveis (como são os casos dos Alvarás de Licenças de Utilização e de Habitação, das FTH-Ficha Técnica de Ha- Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 27 › GRANDE ENTREVISTA bitação) e o sector de fiscalização de obras que é outra área forte e de grande futuro previsível para a Mencovaz», destacou Jorge Ferreira Mendes, que querendo fixar-se nas razões que levaram ao aparecimento da Mencovaz na ribalta da avaliação imobiliária, adiantar-nos-ia alguns elementos muito interessantes. «A determinada altura da minha vida (1978), apareceu a empresa que era a representante para Portugal das marcas Audi/Volskwagen – a Sociedade Comercial Guerin – que me pediu que avaliasse todo o seu património imobiliário desde Valença até Faro, e sobretudo em Lisboa onde possuía edifícios e terrenos grandiosos e valiosíssimos no Rossio, nos Restauradores no Chiado, em Pedrouços e em Cascais. Parte da zona da Baixa (Restauradores e Rossio) e Pedrouços era praticamente pertença da Guerin, que tinha nessa altura dos melhores imóveis da zona da grande Lisboa, nomeadamente a Gandarinha em Cascais e a Quinta do Barril na Ericeira. Perante este pedido da Guerin e vendo que sozinho não conseguia levar por diante esta incumbência, decidi chamar três colegas para constituirmos uma poule de avaliadores e levarmos esta tarefa por diante. Com a conclusão dessa tarefa essa poule extinguiu-se, mas desse trabalho conjunto e intenso ficou o gosto pelo acto de avaliar- (“…esta Alquimia em que se transformam Construções e terrenos de todo o tipo urbano ou rústico em Euros…”), que me levou muito mais tarde a entrar na criação de 2 Empresas de avaliação – A Consulaval (em 2006) e a Mencovaz (em 2008), sendo agora eu que, como gerente único desta, conduzo os destinos da empresa», recorda Jorge Ferreira Mendes, que assegura que a avaliação imobiliária que se fazia há vinte/trinta anos atrás, nada tem a ver com a que se faz hoje. «É como passar de um Citroen de dois cavalos para um Rolls Royce», exemplifica. Jorge Ferreira Mendes lembra que, outrora, as avaliações eram feitas basicamente com recurso, apenas, ao método comparativo de mercado, um dos 3 métodos clás- 28 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 sicos de avaliação «Mediam-se as plantas de todos os pisos a régua e esquadro, com contas feitas à mão, porque na altura não existia no desenho técnico o formato dwg - AutoCAD, e essa tarefa consumia-nos dias e noites. Também não havia cálculo informático nem bases de dados, nem os estudos de mercado como há hoje, que tanto ajudam e simplificam a nossa vida», sublinha o administrador da Mencovaz, para incidir depois o seu diálogo numa viagem que realizou a Londres, viagem que viria de certo modo a alterar o modo como até então desenvolvia as suas avaliações. “Avaliação Imobiliária – Os 5 métodos” «Em Londres conheci uma pessoa que guardava consigo uma verdadeira relíquia. Tratava-se de um livro “ Property Valuation- The 5 Methods”-“Avaliação Imobiliária – Os Cinco Métodos”. Na altura (1988) só conhecia, praticamente o método comparativo do mercado. Foi um encontro que me marcou pela positiva, porque esse livro falava de cinco métodos de avaliação imobiliária e eu só conhecia o método comparativo de mercado, que a vida depois me ensinou que para o desempenho cabal da minha atividade era muito insuficiente», reconheceu Jorge Ferreira Mendes, que lembraria em seguida um novo marco importante no sector da avaliação imobiliária. «Em 1991 foi fundada a APAE – Associação Portuguesa de Peritos Avaliadores de Engenharia, a que pertenço desde a sua fundação, como membro efectivo.” Há cerca de um ano, a Mencovaz foi convidada a integrar a Direcção da ASAVAL - “Associação Profissional das Sociedades de Avaliação“, afiliada para Portugal da TEGOVA – The European Group of Valuer’s Associations, associação que reúne todas as empresas de avaliação e suas associações, com sede em Londres, e que edita o “Blue Book”, com as “European Valuation Standards”, que contém todas as normas e procedimentos europeus associados ao acto de avaliar imóveis de todo o tipo, natureza ou dimensão e que vigora em 26 países e congrega 46 associações do tipo da Asaval nesses países, onde têm lugar encontros anuais, para troca de novas experiências e de conhecimento. “As avaliações de todo o tipo referidas, vão desde um simples apartamento, a condomínios de fracções autónomas de moradias, lares, residências assistidas, clínicas, complexos turísticos de lazer, com golfes, hotéis e apartamentos turísticos, pedreiras, postos de abastecimento de combustíveis, hospitais e edifícios pú- Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 29 › GRANDE ENTREVISTA blicos, armazéns e fábricas, herdades e quintas de produção de vinho, montado, de sobro, produção de azeite ou terrenos rústicos com plantações agroflorestais, terrenos com potencialidade construtiva, etc, e isto para todo País Continental e R. Autónomas.” Jorge Ferreira Mendes não tem dificuldades em assumir que a decisão que tomou em chamar a si o futuro da Mencovaz, «foi uma decisão pensada e amadurecida para um homem que já está neste ramo desde 1972 – há 43 anos», referiu, sem esconder que «continuo a gostar muito do que faço, embora já esteja a preparar o meu filho Jorge Pedro para um dia me substituir e dar continuidade ao projeto Mencovaz». A importância da formação no seio da Mencovaz As pessoas que, diariamente, colaboram com a Mencovaz, são peritos avaliadores e consultores de avaliação de reconhecido mérito, que actuam de acordo com as normas internacionais de avaliação em vigor, nomeadamente, as normas TEGOVA (“Blue Book”), IVS e Basileia III, os avisos nº5/2006 e 2007 e a carta circular nº11/2013/DSP do Banco de Portugal. Para o efeito, a Mencovaz ministra aos seus colaboradores cursos de formação contínua, incluindo matemática financeira “discounted cash-flow”, análises dinâmicas de fluxos de rendimentos futuros e análises de sensibilidade, recorrendo também à estatística matemática e à inferência estatística. «Assiste-nos a preocupação da formação e da actualização permanente dos nossos membros e colaboradores, com vista a uma elevada qualidade e rigor do acto de avaliar. Este é um aspeto que nunca descurámos, porque sabemos como é importante o grau de evolução na formação de um perito de mediação. Só deste modo saberemos desempenhar cabalmente e dentro dos padrões mais atuais uma atividade que obedece a muito rigor, muita isenção, padrões elevados de ética, compromisso e objetividade, e que é rigidamente fiscalizada pela CMVM, pelo Banco de Portugal e pelo ISP. E será também com esta postura que a Mencovaz alcançará o grau de Excelência porque luta todos os dias», salientou Jorge Ferreira Mendes. Ter clientes de grande prestígio O Administrador da Mencovaz diz-se muito honrado com o crescimento sustentável que a sua empresa tem tido ao longo da sua existência, e lembrou que esse crescimento só tem sido possível pela confiança pública que os clientes nela depositam. «Temos como clientes algumas das principais instituições financeiras nacionais, Fundos de Investimento Imobiliário, promotores imobiliários e proprietários de imóveis institucionais ou privados, e 30 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 esta presença honra-nos bastante e dá-nos ânimo para prosseguir e evoluir cada vez mais», enfatizou o fundador da Mencovaz, que não tem dúvida de que, hoje em dia, a avaliação imobiliária influencia uma grande parte das decisões financeiras nas chamadas economias modernas. «Dentro de um contexto global, as crises financeiras passadas e recentes provam que os perigos de colapso financeiro são reais, não se descurando o seu contágio a outros mercados e a outras economias», alertou Jorge Ferreira Mendes. Nesta entrevista com a PAÍS €CONÓMICO o administrador da Mencovaz mostrou-se otimista quanto às oportunidades que poderão advir da Reabilitação Urbana, em termos da avaliação dos imóveis e consultoria de apoio técnico e administrativo ao dono da obra e investidores. A Mencovaz presta já este tipo de assessoria e consultoria imobiliária em regime de parceria técnica com investidores estrangeiros. «A Reabilitação Urbana parece estar a florescer, com exemplos vivos em cidades como o Porto e Lisboa. O que se passa actualmente a este nível, na Baixa do Porto – principalmente nesta cidade – é a meu ver um bom exemplo daquilo que este sector pode proporcionar. Na verdade, o que se passou e está passar a este nível na Baixa do Porto prova que a zona deixou de ser apenas para uso de escritórios de empresas, verdadeiros desertos nocturnos para dar lugar também ao comércio e a zonas de habitação preferenciais, sobretudo dirigida para a habitação jovem. E o exemplo do Porto pode estender-se a Lisboa (veja-se o caso da “Parque Expo”, onde nasceu uma cidade nova habitada, maioritariamente, por jovens e outras grandes cidades, e isso é positivo até para o nosso sector. Mas há que esperar para ver como as coisas vão evoluir», disse a finalizar Jorge Ferreira Mendes, que um dia teve Gondarém (Vila Nova de Cerveira) como berço e que nos arredores de Lisboa, ergueu a Mencovaz e está a fazer dela das grandes referências nacionais no ramo da avaliação imobiliária. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 31 › LUSOFONIA › Brasil Marconi Perillo veio a Lisboa para captar mais investidores portugueses para o Centro Oeste brasileiro Goiás é o celeiro do Brasil Realmente, o estado de Goiás, localizado no Centro Oeste brasileiro, cuja capital, Goiânia, dista menos de 200 quilómetros de Brasília, a capital federal brasileira, é um dos mais importantes na produção alimentar e agro-alimentar no Brasil, mas já é muito mais do que isso, apresentando-se como uma economia diversificada, onde os sectores da indústria e dos serviços cresceram imenso nesta última década. Marconi Perillo, Governador de Goiás, esteve em Lisboa a convite do Vice Primeiro-Ministro Paulo Portas, O Vice-Presidente do Brasil visitou Portugal Cimeira Luso-Brasileira ainda no primeiro semestre O Vice-Presidente do Brasil, Michel Temer, esteve em Abril em visita oficial a Portugal, tendo realizado reuniões com o português Cavaco Silva, o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, e o Vice Primeiro-Ministro Paulo Portas, além da presença num seminário empresarial que juntou várias dezenas de empresários dos dois países de língua portuguesa. Na reunião que manteve com Paulo Portas foram discutidas diversas questões das relações bilaterais, assim como temas do relacionamento entre a União Europeia e o Mercosul. Michel Temer aproveitou a sua vinda a Lisboa para entregar uma carta da presidente brasileira Dilma Rousseff convidado o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho para se deslocar ainda no primeiro semestre do corrente ano a Brasília, de modo a realizar a XII Cimeira Luso-brasileira. Estando em Lisboa numa ocasião em que ocorria os 15 anos do Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre Portugal e o Brasil, ambos os responsáveis governamentais português e brasileiro manifestaram o interesse e disponibilidade para aprofundarem o relacionamento sobretudo nos setores da ciência, ensino 32 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 superior, tecnologia e inovação, energia, ambiente, saúde, agro-alimentar e indústrias culturais. No decorrer das reuniões realizadas em Lisboa, Michel Temer e Paulo Portas assistiram à assinatura de acordos entre os dois países, nomeadamente o memorando de entendimento entre o Ministério da Economia português e a Secretaria dos Portos brasileiro sobre Cooperação nas Áreas de Portos Marítimos e Logística, ao memorando de Entendimento entre a Aicep Portugal Global e a Apex Brasil, assim como no domínio da saúde com um protocolo entre o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein. Portugal apresentou também uma proposta de memorando de entendimento entre o Ministério do Ambiente, ordenamento do Território e Energia e o Ministério de Minas e Energia no domínio das Energia e dos Recursos Geológicos. No ano passado, as relações comerciais entre os dois países voltaram a crescer, com Portugal a exportar para o Brasil cerca de 1,1 biliões de dólares, e importando deste país cerca de um bilião de dólares. ‹ e depois falou a empresários portugueses num seminário organizado pela Fundação AIP. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › ARQUIVO estado brasileiro de Goiás é considerado geralmente o “celeiro do Brasil”, onde a produção agrícola e mineral são das mais elevadas em toda a federação brasileira. Marconi Perillo veio recentemente a Lisboa a convite de Paulo Portas, e destacou que o seu estado é dos que mais crescem em todo o território brasileiro, mas apresenta hoje uma economia mais diversificada e não apenas centrada nos setores primários da economia. O governador recordou que em 15 anos o PIB de Goiás passou de 17 biliões de reais para 140 biliões de reais (2014), onde as exportações assumem um papel preponderante, tendo atingido no ano passado cerca de 7 biliões de dólares. No entanto, Marconi Perillo reconheceu que as trocas comerciais entre Goiás e Portugal ainda são muito baixas, mas salientou que exis- tem potencial para crescerem exponencialmente. Em declarações exclusivas à PAÍS €CONÓMICO, Marconi Perillo recordou que a introdução de um voo direto e diário entre Brasília e Lisboa permitiu que muitos mais brasileiros em geral e cidadãos de Goiás em particular visitassem Portugal, com repercussões diretas num maior conhecimento da realidade portuguesa bem como do seu potencial económico, cultural, turístico e científico. O governador salientou que a economia do seu estado é muito forte no sector agro-alimentar, mas nesta última década tem progredido bastante nas áreas da indústria e dos serviços, além de registar igualmente um assinalável desenvolvimento nas áreas das infraestruturas de transporte e de energia. Em todos estes sectores, salientou Marconi Perillo, «existem fortes potencialidades e grandes oportunidades que podem e devem ser aproveitas pelas empresas portuguesas. Temos a firme convicção de que o Centro Oeste brasileiro em geral, e Goiás em particular, podem constituir excelentes oportunidades para a internacionalização das empresas portuguesas, particularmente nas áreas das infraestruturas e da energia. Temos muitos projectos de investimento nessas áreas, e sabemos que existem muitas empresas portuguesas com capacidade e experiência para poderem ter sucesso no nosso estado», salientou o governador de Goiás. Particularmente na zona de Anápolis, a cerca de 170 quilómetros de Brasília, onde se cruzam as linhas ferroviárias Norte-Sul e Este-Oeste, o potencial para a cooperação empresarial possui imenso potencial. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 33 › PORTOS João Franco, Presidente do Conselho de Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) Porto de Sines é um dos mais competitivos a nível internacional Até ao final do presente ano, o Terminal de Contentores do Porto de Sines crescerá para uma capacidade de 2.5 milhões de TEUS. Mesmo assim, com o aumento do tráfego mundial de contentores, dentro de dois ou três anos já estará esgotado. João Franco, Presidente do Conselho de Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), refere em entrevista à País€conómico que será preciso continuar a crescer na carga contentorizada em Sines, e há que construir novas infraestruturas nessa área. Falta saber em que moldes jurídicos. O líder da administração portuária sineense assegura também que em 2019 estará finalmente construída a nova linha ferroviária que ligará o porto de Sines ao interior da Península Ibérica, «aumentando fortemente a competitividade do nosso porto no contexto económico ibérico». João Franco anuncia também nesta entrevista que existem duas empresas interessadas para se instalarem na zona logística dentro da zona portuária. TEXTO › JORGE ALEGRIA O Terminal de Contentores (mais conhecido por Terminal XXI) ganhou no ano passado mais um espaço e já este ano a PSA decidiu um novo investimento, cuja obra deverá estar pronta até ao final deste ano. Como avalia a evolução deste terminal tanto do ponto de vista infraestrutural como ao nível dos resultados alcançados? Espero que me deixe falar também dos outros terminais (risos), mas realmente o Terminal XXI é o mais mediático do nosso porto. O Porto de Sines possui cinco terminais, embora seja verdade que o designado Terminal XXI é o que mais é referenciado publicamente, e de facto é também o que mais tem crescido percentualmente nos últimos anos. Em 2014, este terminal registou um sucesso assinalável porque ultrapassou pela primeira vez a fasquia do milhão de TEUS, mais concretamente, atingiu a marca de 1.227 milhões de 34 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS TEUS. De referir que no ano anterior ultrapassámos os 900 mil TEUS, mas ficou-se bastante distante da marca atingida no ano passado. O Terminal de Contentores movimenta cerca de 38% do total das mercadorias movimentadas em Sines, pelo que constitui um terminal que absorveu importantes investimentos por parte da PSA e que se concluíram já em Janeiro do corrente ano, que vão permitir aumentar a capacidade do terminal para 1.7 milhões de TEUS. Como o investimento adicional de 40 milhões de euros já decidido pela PSA e que estará concluído até ao final do presente ano, o Terminal XXI passará a dispor de uma capacidade global para movimentar 2.5 milhões de TEUS. Este aumento em curso representará, sem dúvida, um ganho muito significativo, não apenas para o próprio terminal, mas também para o porto de Sines e para o país, visto que existe mercado para corresponder a este investimento e consequente aumento da capacidade portuária instalada. Mas, dentro de dois ou três anos, mesmo este aumento do terminal estará já esgotado, pelo que teremos de avaliar soluções para o crescimento dos contentores no porto de Sines. Existem já conversas entre a APS, a PSA e o Governo português, para poder existir novos investimentos futuros nesse segmento portuário em Sines? Obviamente que estamos muito atentos a essa situação. É de salientar que o actual investimento na área dos contentores é da responsabilidade da PSA. Este último que se construirá este ano será de 40 milhões de euros e criará 150 postos de trabalho. Realmente temos de perspectivar o futuro. Certamente que dentro de um ano, ano e meio, terá de se tomar uma decisão a respeito do futuro desenvolvimento dos contentores no porto de Sines. Nessa altura terá de ser tomada uma decisão se esse desenvolvimento acontecerá pela expansão Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 35 › PORTOS feita pela própria PSA para sul do actual cais, e para isso poderá ser necessário uma solução de prorrogação do prazo da concessão actualmente em vigor, ou se prevalecerá a lógica das decisões tomadas em matérias de prorrogação de concessões pelo Tribunal de Contas, e que têm sido contrárias a esse mesmo prolongamento. Se a situação não se alterar, talvez haja a necessidade de se abrir um novo concurso público para a construção de um novo cais de contentores no porto de Sines. Poderá ser o tal Terminal Vasco da Gama de que já se fala há alguns anos? Em Sines muitas coisas se chamam Vasco da Gama, portanto, esse futuro terminal também poderá ter esse nome, ou não. Não existe nenhuma decisão tomada nessa matéria. Contentores precisam de continuar a crescer Se houver necessidade de se abrir um novo concurso público para a construção de um novo terminal poderá concorrer (e ganhar) um outro operador que não a PSA? Em teoria, obviamente que sim. Na prática, tenho algumas dúvidas que isso venha a acontecer, pois dificilmente um grande operador mundial de terminais portuários pode concorrer com a PSA, que é o maior operador mundial de terminais portuários. Repito, na teoria isso pode acontecer, mas na prática tenho as maiores dúvidas que venha a acontecer, pois considero que num porto com a dimensão internacional como o de Sines, só um grande operador mundial poderá estabelecer-se aqui, com uma forte ligação aos armadores. E como já cá está a PSA, não será fácil vir um segundo. Vamos ver o que o futuro nos reservará. Para que continue a existir crescimento dos contentores em Sines, é necessário implementar novas rotas, além de mais empresas a fazerem transportar mercadorias por Sines. Esse é um trabalho que tem dado resultados? Naturalmente que a existência de novas rotas e, consequentemente, a chegada de mais carga é positivo para o porto. Mas, 36 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 é justo dizê-lo que não é à administração portuária a quem compete encontrar essas novas rotas, mas é evidente que tentamos criar as melhores condições e ajudamos para que isso aconteça. São os agentes económicos, aqueles que arriscam, que investem, que criam postos de trabalho e pagam impostos, que trabalham para abrir novas rotas e fazer crescer a carga no nosso porto. Qual é a importância dos restantes terminais existentes no porto de Sines? O terminal que movimenta mais mercadorias em Sines é o Terminal de Granéis Líquidos, representando quase 50% do total da tonelagem movimentada no porto. Basicamente, o terminal serve para importar o crude que chega de navio, seguindo depois por pipeline para a refinaria de Sines onde é refinado, e volta depois também por pipeline ao terminal entrando de seguida no navio para ir para outras partes do território nacional ou para a exportação. Como sabe, no ano passado, devido a uma paragem mais prolongada do que a inicialmente previsto da refinaria de Sines, registou-se uma diminuição da produção da própria refinaria e consequentemente da carga global movimentada no respectivo terminal. Outro importante terminal que temos é o que se designa por Multipurpouse e que recebe basicamente carvão com destino à central termoeléctrica do Pego (vai por comboio) e da própria central da EDP em Sines, sendo esta abastecida a partir do terminal por uma passadeira rolante fechada para não causar qualquer impacto ambiental na atmosfera. O Terminal Multipurpouse representa cerca de 14% do movimento do porto de Sines. Um quarto terminal de grande importância é o Terminal Petroquímico, que apesar de representar apenas 1,4% do movimento portuário, é deveras importante devido à sua ligação à unidade industrial da Repsol. Finalmente, ainda em Sines, é de destacar o Terminal de Gás Natural Liquefeito, que apesar de também não representar uma quota muito elevada do movimento portuário, é uma infraestrutura estratégica para Portugal, visto que nos permite abastecer cerca de 50% do consumo de gás natural no país. Essa questão é muito pertinente, porque está neste momento em debate a possibilidade dos terminais de gás natural liquefeito na Península Ibérica poderem constituir um elemento fundamental para aumentar a autonomia estratégica em termos energéticos da Europa Ocidental face à actua dependência do gás natural vindo do leste europeu. Qual poderá ser nessa matéria o papel do terminal de Sines? A esse propósito, é de referir que há alguns anos a REN construiu um terceiro depósito receptor de gás aqui em Sines, pelo que existe uma forte capacidade de armazenamento de gás natural. É evidente que os terminais da Península Ibérica, caso também sejam construídas novas ligações através dos Pirenéus, poderão constituir um activo estratégico muito importante no futuro em termos de autonomia energética da Europa Ocidental. Quanto ao porto de Faro está a receber alguns investimentos para tornar o porto mais competitivo e melhorar as condições logísticas e de funcionamento. Gostaria de referir a extrema importância deste porto para assegurar as exportações de cimento da cimenteira de Loulé, uma unidade de grande importância económica para o Algarve e que assegura cerca de 200 postos de trabalho. No que respeita ao Terminal de Cruzeiros de Portimão, também constitui uma unidade de grande importância económica para a região, estando a ser estudadas as soluções para melhorar a sua capacidade de poder receber navios de cruzeiros de maior dimensão do que aqueles que pode ser na actualidade. Nova linha ferroviária será uma realidade em 2019 Para as mercadorias que chegam a Sines poderem seguir mais rapidamente e em condições mais competitivas para o hinterland natural do porto, que no fundo vai até à região da capital espanhola, são precisas melhores ligações ferro- Terminais do Algarve são acarinhados pela APS viárias do que as que existem presen- Antes de falarmos das ligações ferroviá- fala na construção de uma nova ligação rias a partir do porto de Sines, gostaria ferroviária a partir de Sines, mas os anos ainda que abordasse a importância es- passam e nada acontece. Até quando? tratégica dos portos do Algarve – Faro e Pode parecer para quem está de fora de que está tudo na mesma desde há vários Portimão – para a APS? temente. Desde há vários anos que se anos, mas realmente não está. A APS tem desenvolvido um grande esforço de convencimento do governo português, o que felizmente foi conseguido, e depois este a própria Comissão Europeia, no sentido de garantir a importância da prossecução do investimento na ferrovia e consequentemente da obtenção dos financiamentos da União Europeia para suportar os custos da construção de uma nova e moderna via ferroviária a partir de Sines. Essa decisão a nível europeia está tomada, e vamos com certeza ter uma nova ligação ferroviária a Espanha, e daqui certamente para o restante espaço europeu. A futura linha deverá estar construída até 2019 e permitirá reduzir em cerca de 200 quilómetros o actual percurso até ao nosso hinterland em Espanha, além de possibilitar, e esta é uma questão competitiva fundamental, de passar dos actuais comboios com 450 metros de comprimento para comboios com 700 metros e comprimento. É uma diferença que fará toda a diferença em termos de custo e competitividade. Neste ponto, se me permite, gostaria ainda de sublinhar que cerca de 20% das mercadorias que chegam a Sines seguem para o resto do país e para Espanha, e dessas mercadorias que saem daqui apenas 3% seguem por via rodoviária, ou seja, 97% seguem através da ferrovia. Desejamos que esta proporção continue no futuro e com certeza de que a nova linha ferroviária ajudar nessa matéria. Concerteza de que ajudará como ajudará a atrair novas empresas para Sines. Perspectiva-se alguma novidade a breve prazo? A APS possui uma zona logística no interior da área portuária, zona para onde estamos em conversações com dois potenciais investidores interessados em lá se instalarem. De que sectores de actividade são essas empresas? São da área do frio, que constitui um segmento que está a crescer bastante na área dos contentores refrigerados em Sines. Existem também perspectivas de receber novas empresas para as áreas de aptidão industrial em redor de Sines e que são geridas pela Aicep? Sem dúvida que sim. São zonas com capacidade de recepção industrial e comercial quase ilimitada e aliás posso adiantar-lhe que temos mantido conversações com a administração da Aicep Global Parques no sentido de avaliarmos a possibilidade de reduzirmos os preços de instalação e uso dessas zonas, justamente de forma a adequar os valores ao mercado da actualidade e assim termos condições mais competitivas para receber novas empresas. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 37 › EMPRESARIADO Carlos Pina, Administrador de Cafés Negrita, SA < «Um compromisso com a qualidade que já tem mais de noventa anos» Carlos Pina, administrador de Café Negrita, SA já trabalha nesta empresa há quase 67 anos, e é a pessoa que mais de perto acompanhou o crescimento desta que é considerada uma das torrefacções mais antigas do país. De facto, com os seus 91 anos de vida, a Cafés Negrita, SA é uma das grandes referências nesta área de atividade, que para além de trabalhar com as marcas próprias “Negrita” e “Carioca”, está sobretudo vocacionada para o fabrico e empacotamento de blends para outras marcas. Em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, Carlos Pina não escondeu a preocupação pelo facto da sua empresa ter tido em 2014 uma quebra no seu crescimento de cerca de 20%, mas nem por isso deixa de acreditar no futuro. «Estou habituado a crises como esta que constituem ciclos na vida das empresas mas, aqui na Negrita estamos preparados as enfrentar», referiu Carlos Pina, que instantes antes de ter concedido esta entrevista M recebera mais uma distinção: o galardão “PME Líder 2014”. TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS omentos antes de ser entrevistado para a P€, Carlos Pina não escondia a sua satisfação por os Cafés Negrita acabar de receber o galardão de “PME Líder 2014”. «Não foi a primeira vez que nos distinguiram com este prémio, começa até a ser para nós um hábito, mas sabe bem porque é o reconhecimento do bom trabalho que continuamos a realizar em prol do setor», comentou Carlos Pina, administrador desta empresa familiar, nascida em 1924 no centro de Lisboa na forma de sociedade limitada, que durante anos foi armazém de mercearias, torrefação de cafés, cevada, chicória, amendoim e armazém de especiarias. «Tornámo-nos sociedade anónima em 1995», lembra o nosso entrevistado, que embora em breve complete 89 primave- 38 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 ras, não deixa, contudo, de patentear uma lucidez e uma vitalidade invejáveis. Referindo-se concretamente aos 67 anos que conhece do percurso dos Cafés Negrita, Carlos Pina não esconde que não tem sido nada fácil. «Houve de facto um período de crescimento, mas no momento atual eu diria que estamos a passar por momento de alguma estagnação, para não dizer que estamos um bocadinho abaixo daquilo que seriam os nossos desejos. Porque estamos localizados no centro da cidade de Lisboa e muito limitados em espaço, não nos podemos expandir, e irmos para outro lado com a minha idade é quase impensável. O melhor neste momento é deixar as coisas como estão», referiu Carlos Pina, que tem a trabalhar consigo, preparando-se para ser sua continuadora, sua filha Helena Pina, engenheira do Ambiente e de quem teceria comentários muito elogiosos. «É o meu braço direito, a pessoa a quem deposito fundadas esperanças na continuação dos negócios dos Cafés Negrita. Já está muito por dentro de todos estes meandros, é muito dedicada e muito trabalhadora e, não tenho dúvidas, é a gestora ideal para dar continuidade a um negócio que não é fácil de administrar», não hesitou a responder Carlos Pina. Como qualquer empresa que quer ser competitiva e ter uma forte presença no mercado, a Cafés Negrita passou ao longo da sua história por alguns ciclos evolutivos, e um deles foi a substituição da lenha pelo gás natural nas torras, isto nos anos 90. De facto, inicialmente as torras faziam-se a lenha, em torradores de bola e em má- Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 39 › EMPRESARIADO quinas de ar quente Probat, prática que mais tarde foi substituída pelo gás natural. «Este foi um período em que nos tivemos de adaptar às novas realidades. Não fazia sentido continuarmos a trabalhar a lenha, porque era um trabalha mais sujo e menos ecológico. Na altura a Companhia do Gás teve de construir um ramal próprio para nós, já que o ramal que aqui existia não tinha capacidade para nos fornecer o gás natural que necessitávamos para as nossas operações de torrefação. Este foi na altura um investimento digno de registo», recorda Carlos Pina. Das maiores torrefações do país A Cafés Negrita é considerada uma das mais antigas torrefações do país, e manter durante mais de nove décadas uma empresa com estas características mereceu da parte de Carlos Pina o seguinte comentário. «Manter a empresa viva através dos tempos não foi nada fácil. Implicou muito esforço, muita dedicação, termos de relegar para plano secundário muitas coisas da nossa vida privada e significou também muita coragem», sublinhou o nosso entrevistado, que adiantaria um exemplo curioso para ajudar melhor a definir o que acabara de dizer. «Sabe, isto é como a carroça: atrela-se o burro e ele tem de andar…», revelou Carlos Pina, administrador desta empresa, cujo capital é detido na sua totalidade por familiares e que emprega cerca de vinte pessoas. Para além de passar a utilizar o gás natural nas operações de torra, a Cafés Negrita tem feito ao longo dos seus mais de noventa anos de vida, outros investimentos decisivos para o futuro da empresa. Para além de um queimador de fumos que foi instalado para a limpeza dos efluentes gasosos, a Cafés Negrita implementou também o sistema de armazenamento de cafés torrados em silos, com gestão e execução de blends computorizados, e, em 2008 deu entrada em funcionamento 40 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 um novo software na área da produção e ligação ao sistema de gestão comercial/ faturação, e foram garantidos todos os requisitos para o cumprimento da rastreabilização. Carlos Pina é pai de duas filhas, e uma delas, Helena Pina, é desde há alguns anos o seu braço direito e o garante da continuidade de uma boa gestão no seio da Cafés Negrita. «A minha filha Helena Pina é engenheira de formação na área do Ambiente, trabalhou na Caixa Geral de Depósitos e adaptou-se rapidamente e na perfeição a toda a orgânica da empresa. O seu espírito inovador e a sua veia empreendedora dão-me a certeza de que a continuidade da empresa está garantida», vislumbrou Carlos Pina. Marcas “Negrita“ e “Carioca” Referir que a Cafés Negrita trabalha com marcas próprias – “Negrita” (esta durante toda a existência da empresa) e “Carioca” (desde 1993) – e está sobretudo vocacionada para o fabrico e empacotamento de blends para outras marcas, dando-lhes a garantia de qualidade que o seu passado e o moderno equipamento que dispõe lhe conferem. Carlos Pina considerou um «salto qualificativo muito grande» o que foi dado pela sua empresa aquando da introdução do sistema de armazenamento de cafés torrados em silos, com gestão e execução de blends computorizados. «Com este sistema computorizámos os blends, temos os silos independentes para cada realidade e o empacotamento também é automático. Já no seu tempo, e estamos a falar de uma dezena ou duas de anos, este já foi um investimento considerável para a época. Mas a minha política é viver, dar o suficiente aos meus trabalhadores para viverem e o resto é investido no desenvolvimento da empresa, Tem sido sempre assim ao longo da minha vida…», sublinhou o proprietário de Cafés Negrita. Carlos Pina reconhece que o crescimento da sua empresa tem sido sustentável ao longo de todos estes anos. E comenta. «A Cafés Negrita não necessita de crédito bancário, fazemos tudo ao ritmo daquilo que vamos ganhando e sempre debaixo de uma boa gestão, uma gestão equilibrada. Somos uma empresa com grande idoneidade. Não fazia sentido que ao fim de noventa anos ainda estivéssemos a precisar de dinheiro, significaria que não tinha valido a pena tanto tempo e tanto esforço», reforçou o administrador de Cafés Negrita. Como dissemos, a Cafés Negrita é detentora de duas marcas muito prestigiadas: “Negrita” e “Carioca“ e, segundo nos confiou Carlos Pina «não precisamos de mais marcas». «O que estamos a fazer são blends para clientes. Aproveitando o facto de termos a linha toda montada, o cliente fornece a embalagem e nós fazemos os blends que eles querem, obedecendo aos lotes que nós dispomos. Temos cinco lotes com marca pobre e para além disto temos mais meia ou uma dúzia de clientes que fazem aqui as suas blends», esclareceu Carlos Pina, que apesar dos seus 89 anos, continua a ser o grande cérebro e o grande impulsionador de Cafés Negrita. ‹ Teixeira Duarte melhorou resultados em 2014 A Teixeira Duarte registou em 2014 um lucro de 70,28 milhões de euros, uma melhoria de 9,9% face aos 63,9 milhões obtidos no ano anterior. De referir que o volume de negócios da empresa aumentou 6,2% para 1,67 mil milhões de euros. O grupo português sublinhou em comunicado enviado à CMVM que “a quebra de 26,1% registada em Portugal foi compensada pelo incremento de 13,8% nos outros mercados, os quais passaram a representar 86,9% do total do volume de negócios do grupo Teixeira Duarte”. Olhando para o desempenho do grupo nas diversas geografias onde está presente, o grupo Teixeira Duarte informou que “o volume de negócios da construção subiu no Brasil, em Moçambique e na Venezuela e desceu em Portugal e Angola, sendo que globalmente registou uma diminuição de 2,7% face a 2013”. Já na área das concessões e serviços, o volume de negócios cresceu 24,1% face ao período homólogo, e no imobiliário subiu 44% face a 2013. O EBITDA da construtora subiu 12,1% para 239,7 milhões de euros, enquanto a margem de EBITDA passou de 13,5% em 2013 para 14,3% no ano passado. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 41 › EMPRESARIADO Paulo Fonseca, Administrador da Inovazul Tecnologia ajuda a interligar populações distantes A Inovazul – Consultadoria e suporte em TIC, é uma das maiores especialistas nacionais em integradores de rede. Paulo Fonseca, Administrador da Inovazul, salienta as soluções desenvolvidas pela empresa com sede em Alfragide (Amadora) para fazer aceder populações do interior do país, distantes das sedes dos seus concelhos à rede de Internet. Isso aconteceu primeiro no concelho do Alandroal, e mais recentemente no concelho de Palmela. A Inovazul é também um dos mais importantes parceiros da EDP.ON para a manutenção de software no canal corporativo da distribuidora eléctrica portuguesa. A TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA INOVAZUL integração de sistemas dos seus clientes, constitui a actividade principal desenvolvida pela Inovazul, empresa localizada em Alfragide e que é liderada pelo empresário Paulo Fonseca. Abrangendo sobretudo o universo de PME’s e micro empresas, a Inovazul destaca-se essencialmente pela sua estrutura ágil e flexível, «mas sempre disponíveis em qualquer momento e em qualquer lugar para servir e responder a quaisquer dificuldades e necessidades dos nossos clientes», sublinha Paulo Fonseca. Uma área em que a empresa se tem especializado prende-se com o desenvolvimento de soluções que permitem levar o acesso à Internet por parte de populações distantes das sedes dos seus respectivos concelhos, introduzindo soluções via wireless a partir da sede concelhia e que permite receber o sinal da web em boas condições por populações situadas a distâncias até 35 quilómetros. Foi assim em 2005 no concelho alentejano do Alandroal, que abrangeu onze freguesias, bem como mais recentemente foi implementado na freguesia de Águas de Moura, concelho de Palmela, e que constituiu a freguesia mais distantes deste concelho. «Desse modo, conseguimos que essas populações tenham acesso aos meios modernos de comunicação, com valores perfeitamen- 42 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 te acessíveis e de qualidade». Decorrente da implementação deste sistema, a Inovazul foi requisitada pela Tecnilab para proceder à gestão da monotorização e automatismos em diversos sistemas de gestão de abastecimento de água em Portugal. «É um projecto muito interessante e que nos permite desenvolver o nosso know how e aplicá-lo em áreas de grande relevância social e económica», sublinha Paulo Fonseca. No futuro a breve prazo, a Inovazul espera poder vir a estar envolvida num processo de análise do tráfego em “zonas quentes” (mais percorridas por pessoas) dentro de seis centros comerciais que uma empresa de origem francesa poderá adquirir em Portugal, adianta o responsável da tecnológica nacional. Olhando para além-fronteiras, a Inovazul espera igualmente poder vir no futuro a trabalhar no projecto em São Tomé e Príncipe, uma iniciativa da empresa nacional de comunicações daquele país africano de língua portuguesa referente a equipar 22 escolas do país com soluções wireless, mas cujo financiamento está dependente do apoio financeiro da União Europeia. ‹ DR. HÉLDER FLOR Como uma medicina milenar pode aumentar a produtividade da sua empresa Saiba o que a Acupuntura, Moxibustão, Massagem TuiNa, Ventosaterapia e a Fitoterapia podem fazer pela sua empresa. Aumentar o nível de produtividade das empresas é uma meta almejada por praticamente todos os empresários. Através do aumento da produtividade consegue-se reduzir o tempo gasto para executar um serviço, aumentar a qualidade dos produtos elaborados, mantendo os níveis de qualidade associados à empresa. Isto tudo sem o acréscimo de mão-de-obra e sem o aumento dos recursos necessários. No entanto, para aumentar a produtividade da empresa é necessário descobrir onde o trabalho está a ser mal feito, é necessário investir em formação, é necessário criar um bom ambiente de trabalho, interagir com clientes, manter os canais de comunicação internos abertos, repensar estratégias e, acima de tudo, estimular os colaboradores. Estes, além de seres humanos, são o veículo que lhe vai permitir aumentar os seus ganhos. Se for um líder ameaçador e odiado estará a convidar o seu colaborador a produzir menos, a dar menos de si, a faltar com frequência. Isto é meio caminho andado para ele se demitir ou fazer com que você o despeça porque acha que não é o trabalhador ideal para a sua empresa. Se demonstrar preocupação e procurar estimulá-lo, ele vestirá a “camisola da empresa” e produzirá mais e melhor para si. Será a Medicina Tradicional Chinesa uma ferramenta útil para a sua empresa? Conseguirá a Medicina Tradicional Chinesa ajudá-lo a aumentar os níveis de produtividade da sua empresa? Para além da criação de ambientes de trabalho confortáveis e agradáveis, é necessário manter o trabalhador livre de descontentamento, de stress e de doenças ocupacionais. De acordo com o inquérito europeu sobre condições de trabalho (realizado periodicamente pela Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho), admite-se que o stress esteja na origem de grande parte do absentismo por doença em Portugal. As perturbações músculo-esqueléticas e o stress são as duas maiores queixas dos trabalhadores portugueses. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que engloba várias técnicas, entre elas a Acupuntura, tem vindo a impor-se como uma poderosa aliada na manutenção das condições de trabalho, de saúde e na satisfação dos trabalhadores. É eficaz no tratamento e na prevenção das lesões por esforço repetitivo e no combate ao stress e suas diversas manifestações (e.g. fadiga, dores de cabeça, problemas cardiovasculares, depressão, perturbações de ansiedade, entre outros). Através das suas técnicas, a MTC promove a analgesia da dor, a libertação de serotonina e de endorfinas, a eliminação de contraturas musculares, a promoção da circulação sanguínea local, o aumento da mobilidade e lubrificação articular, entre outros. Ao aumentar a qualidade de vida do trabalhador, este sentir-se-á mais seguro, mais confiante, mais empenhado, menos stressado. Tal facto, reflectir-se-á na sua empresa: aumento da motivação pessoal está directamente correlacionado ao aumento dos níveis de criatividade, eficácia, eficiência, rentabilidade e, consequentemente, da produtividade com maiores lucros associados para a empresa. Um trabalhador livre de dor e de stress, é a melhor ferramenta para uma empresa crescer. A Medicina Chinesa pode ajudar a sua empresa a crescer. Para mais informações contacte-nos: Clínicas Helder Flor - Medicina Chinesa e Osteopatia www.clinicashelderflor.pt Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 43 › AGRO-INDÚSTRIA Arlindo Cunha, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão «Produtores dos vinhos do Dão estão a desenvolver um trabalho de excelência» Depois de se ter formado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto e obter uma pós-graduação em Economia Agrária pela Universidade de Reading, Reino Unido, Arlindo Cunha teve uma passagem muito marcante na vida política: foi secretário de Estado da Agricultura entre 1986 e 1990 e ministro da Agricultura entre 1990 e 1994, ambas as vezes em governos chefiados por Cavaco Silva. Foi também colaborador da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e agora é professor associado convidado da Universidade Católica Portuguesa. Mas Arlindo Cunha, natural de Tábua, é ainda viticultor na Região Demarcada do Dão e já vai no seu segundo mandato como presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão. Em entrevista que concedeu à PAÍS €CONÓMICO, Arlindo Cunha diz que aceitou este cargo com espírito de missão e que a CVR do Dão tudo tem feito para dignificar os Vinhos da Região do Dão em Portugal e nos mercados internacionais. «E não devemos esquecer o trabalho de excelência que está a ser desenvolvido pelos produtores de vinhos da Região do Dão», sublinhou Arlindo Cunha. «O TEXTO › VALDEMAR BONACHO meu aparecimento como presidente da CVR do Dão tem as suas razões de ser. Eu sempre estive ligado à terra e até andei na política por ser reconhecido como um especialista em questões de Política Agrícola e desde 1997 (há quase vinte anos) que sou produtor de vinho do Dão na terra onde sou natural: Tábua. Com a legislação que foi aprovada em 2004 as Comissões Vitivinícolas tiveram um período para se adaptar a essa nova legislação e, nesse contexto, passaram a ser eleitas por produtores e não nomeadas pelo governo. Eu e a minha Direção fomos dos primeiros a ser eleitos pelos produtores, e isso foi visto por mim como uma prova de confiança que aceitei como mais um desafio, que encaro com muito gosto», 44 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS esclareceu Arlindo Cunha, presidente da CVR do Dão. Como é que a CVR do Dão encara os novos desafios? Arlindo Cunha predispôs-se a explicar-nos. «A CVR do Dão, tal com as outras Comissões Vitivinícolas, é uma entidade certificadora e a sua principal função é certificar os vinhos e também promover os vinhos do Dão e organizar o setor e os produtores que podem vender vinho com o rótulo do Dão. Houve um período de alguma dificuldade no final dos anos 80, princípio dos anos 90, quando surgiram no mercado novas regiões que antes não produziam vinho. Estou a falar especialmente do Alentejo, que teve um período de adaptação e que hoje está a responder muito bem, tem vinhos de facto muito bons, diferentes dos que são produzidos noutras regiões. Nós, enquanto Comissão Vitivinícola representamos os produtores e sentimos da parte deles muita confiança em relação ao presente e futuro». CVR do Dão forte aliada dos produtores Arlindo Cunha não hesitou em afirma que para si esta tem sido uma experiência muito saudável. «Tem sido uma experiência muito interessante, mas acho que ainda temos muito trabalho a desenvolver aqui no Dão. E estamos conscientes desse trabalho. Temos procurado simplificar os procedimentos da certificação para que os nossos agentes económicos tenham menores custos para poderem certificar os seus vinhos e tenham respostas mais Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 45 › AGRO-INDÚSTRIA › RESTAURAÇÃO excelência. E houve também uma aposta muito grande em novas adegas com a implementação de novas tecnologias. Hoje em dia temos vinhos do Dão que deslumbram sobretudo pela sua complexidade e elegância, e isto a crítica reconhece», enfatizou Arlindo Cunha. O presidente da CVR do Dão aproveitou para lembrar que o Enoturismo é um produto importante nas grandes regiões vinhateiras. «O vinho é sempre um forte atrativo turístico e sobretudo nas regiões históricas como é o caso da região do Dão, que foi demarcada em 1908, o Enoturismo tem enorme importância. Nós queremos tirar partido dessa história e é por isso que temos agora em fase final de implementação a Rota dos Vinhos do Dão que será inaugurada a 27 de Abril», vincou Arlindo Cunha. céleres e mais rápidas. Queremos também melhorar as respostas em termos administrativos, procuramos facilitar-lhes a vida para eles tratarem de tudo ou quase tudo através do seu computador, e para isso criámos uma plataforma informática através da qual os produtores podem tratar de todos os assuntos que tenham a ver com a CVR do Dão, pedir selos, pedir a certificação, pedir análises, etc. Portanto, procurámos por um lado racionalizar os nossos meios aqui, simplificar os procedimentos, reduzir custos e também investir bastante na promoção dos vinhos do Dão, quer em Portugal quer no estrangeiro», sublinhou o presidente da CVR do Dão, que aproveitaria o ensejo para salientar que «cerca de um terço do vinho do Dão é exportado, e é um bocadinho nesse contexto que nós temos de fazer promoção dos nossos vinhos». Arlindo Cunha reconhece que os vinhos do Dão estão em ascendência, embora não esconda que eles viveram alguns períodos difíceis por volta dos anos 80. «Eu penso que em determinada altura o Dão não tinha concorrência na produção de vinhos maduros tintos e, como tal, não trabalhou como devia a vertente da qualidade. 46 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 Quando começou a surgir concorrência de novas regiões (como os casos do Alentejo e do Douro) o Dão ressentiu-se dessa concorrência, acordou, e voltou a produzir em excelente qualidade», recordou Arlindo Cunha. Crítica reconhece qualidade dos vinhos do Dão. A propósito, o presidente da CVR do Dão lembrou também que houve um determinado tempo em que vinhos do Dão eram vistos como um certo cepticismo, situação que hoje já não acontece. «Reconhecemos que existe hoje uma boa aceitação por parte da crítica especializada em relação aos vinhos do Dão, e que não foi sempre assim. Hoje em dia há um consenso total e isso foi conseguido porque os produtores investiram muito na viticultura (como se sabe sem voas vinhas não há bons vinhos) e hoje em dia os vinhos do Dão são o resultado de novas vinhas que foram plantadas a partir de finais dos anos 80 e início dos anos 90, também alguma vinha velhas ainda, houve um investimento forte nas vinhas e o cenário melhorou consideravelmente. O trabalho desenvolvido pelos produtores da região do Dão tem sido de Boa presença no mercado externo O presidente da CVR do Dão diz que cada vez mais os vinhos provenientes do Dão têm mercados externos interessados na sua aquisição. «Os nossos principais mercados coincidem bastante com os mercados dos vinhos portugueses em geral. O nosso principal mercado nesta altura é o da diáspora portuguesa espalhada pelo mundo, mas estamos também a surgir com força em mercados emergentes onde não há diáspora. Por exemplo, estamos a crescer com muita força no mercado da China e da Polónia, mas os nossos principais mercados continuam a ser os EUA, o Canadá, o Brasil, a África do Sul, Angola. E depois a União Europeia, com a Alemanha, França, Bélgica e Holanda». Nesta entrevista Arlindo Cunha voltaria a focar a sua atenção na Rota doa Vinhos do Dão como fator de atracão turística para a Região do Dão. «Hoje em dia a Região Centro em termos de turismo é uma região muito grande, vai desde Fátima até à Serra da Estrela e, portanto, nós queremos que esses turistas que cada vez em maior quantidade anda a circular pela Região Centro vão às adegas, possam provar os vinhos e comprá-los. ‹ Marisa Cerqueira, Gerente do Restaurante Teng A verdadeira gastronomia chinesa em Lisboa Marisa Cerqueira licenciou-se em línguas, mas pouco depois quis experimentar a aprendizagem de mandarim e partiu para a China. Aí conheceu o homem com quem casou e depois tomaram a decisão de virem para Portugal. O que fazer constituiu a questão que ambos colocaram. Decidiram então concretizar um projecto ambicioso de criar um restaurante de gastronomia chinesa em Lisboa, que consagrasse o verdadeiro ambiente de um restaurante chinês bem como a assunção de uma gastronomia autêntica do país asiático. E, se assim o pensaram, melhor o executaram. O Restaurante Teng, localizado na Rua do Açúcar, ali para os lados de Xabregas, na zona oriental de Lisboa, é O um verdadeiro ícone da cultura arquitectónica e gastronómica da China em Portugal. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELO RESTAURANTE TENG Restaurante Teng comemora amanhã (9 de Maio) um ano de actividade. Localizado na Rua do Açúcar, na zona de Xabregas, em Lisboa, o restaurante é propriedade da portuguesa Marisa Cerqueira e do chinês Binlu, o casal que depois de vir para Portugal decidiu realizar este ambicioso investimento na criação de “verdadeiro templo” da genuína gastronomia chinesa na capital portuguesa. Em primeiro lugar, informa-nos Marisa Cerqueira, «na cozinha todos são chineses, exceptuando o copeiro, pois desde o início deste projecto pretendemos apresentar aos nossos clientes um leque gastronómico genuinamente chinês, onde vários dos produtos utilizados são importados da própria China. A gastronomia que servimos, para além da sua autenticidade, é também de elevada qualidade, não somente pela forma forma como é confeccionada, assim como pelo elevado valor das matérias- -primas e condimentos empregues nos pratos que criarmos e servimos aos nossos clientes», sublinha a empresária. Num investimento global de cerca de meio milhão de euros, o Restaurante Teng permite ao cliente respirar numa verdadeira atmosfera da restauração chinesa típica. Não falta inclusivamente uma sala privada, que tem sido utilizada por famílias chinesas que reservam essa parte do restaurante, mas também por entidades portuguesas em ocasiões em que recebem os seus parceiros chineses em Portugal. Nas áreas comuns, o requinte e o bom gosto da decoração é assinalável, não faltando numa área do Teng a possibilidade do cliente ter uma visibilidade para o Tejo enquanto degusta a refeição. De referir que várias empresas portuguesas que nos últimos anos têm recebido capitais chineses no âmbito de processos de privatização, como são a REN, EDP e Fidelidade (adquirida pela Fosun), tem escolhido o Restaurante Teng para almoços e jantares de carácter empresarial. Aliás, no rés-de-chão do edifício (o restaurante funciona no primeiro andar) os empresários dispõe de um salão capacitado para a realização de eventos, tanto de carácter empresarial como social, o que qual tem sido regularmente utilizado por famílias, sobretudo de origem chinesa. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 47 › TURISMO Antes de abrir o seu primeiro hotel no Douro em finais de Maio Vila Galé chegou a Évora O dia 25 de Abril é conhecido como o Dia da Liberdade. Mas, é também o dia de aniversário de Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé, data que foi aproveitada pela terceira vez para o aniversariante inaugurar uma nova unidade hoteleira do segundo maior grupo do setor em Portugal. No passado dia 25 de Abril, abriu portas o Vila Galé Évora, a décima nona unidade em Portugal, antecedendo já a abertura do vigésimo hotel Vila Galé no nosso país, o que acontecerá no próximo dia 30 de Maio, em plena região do Douro, num investimento de 2,5 milhões de euros. Na capital do Alentejo, o grupo investiu 15 milhões de euros e criou 45 postos de trabalho, um contributo inestimável para a consolidação e desenvolvimento do turismo em Évora e no próprio Alentejo, «um destino fantástico, de grande potencial, mas que precisa A naturalmente de ser desenvolvido», sublinhou Jorge Rebelo de Almeida. TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELO GRUPO VILA GALÉ o chegar à principal entrada de Évora, encontra-se logo imponente o Hotel Vila Galé Évora, um quatro estrelas superior e que é a mais recente unidade do segundo maior grupo hoteleiro português. É a décima nona unidade do grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida, que já no dia 30 de Maio, inaugurará a sua vigésima unidade 48 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 em Portugal, o Vila Galé Douro, a que se juntam naturalmente as sete unidades que o grupo mantém no Brasil, a última das quais foi inaugurada em Dezembro último na cidade do Rio de Janeiro. O Vila Galé Évora constituiu um investimento de 15 milhões de euros e criou 45 postos de trabalho, na sua maioria oriundos da própria região. A unidade possui 185 quartos além dos restaurantes Inevitável, com serviço à la carte ao jantar, e Versátil, onde encontrará um serviço de buffet no pequeno-almoço e nas duas principais refeições do dia. É de salientar também a excelência do SPA Satsanga, que detém uma piscina interior aquecida, ginásio, sauna, jacuzzi e 6 salas para tratamentos e massagens. No exterior, o hotel possui uma esplêndida piscina com um bar de apoio, sendo envolvida por amplos e agradáveis espaços ajardinado. Com o objectivo de absorver uma importante fatia do segmento de negócios que caracteriza o turismo empresarial da cidade de Évora, a nova unidade do grupo Vila Galé possui igualmente um Centro de Convenções constituído por 4 salas, todas com luz natural, totalmente equipadas e com condições para a realização de reuniões, conferências e outros tipos de eventos. No evento da inauguração, Jorge Rebelo de Almeida sublinhou o seu «grande prazer em fazer coisas, em investir e depois inaugurar unidades hoteleiras como esta que estamos a abrir hoje em Évora, e que é a nossa segunda unidade no Alentejo, depois de termos inaugurado há vários anos o Vila Galé Clube de Campo, em Beja». O líder do segundo maior grupo hoteleiro nacional, que tinha a escutá-lo o líder do maior grupo nacional (Dionísio Pestana), bem como o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, o presidente da Região de Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, e o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, sublinhou também que «o Alentejo é um destino fabuloso, e deve procurar o seu próprio caminho», lembrando que a cidade de Évora, considerada Património Cultural da Humanidade, e com uma forte actividade cultural, deve apostar cada vez mais na animação e desenvolvimento de uma simbiose entre a cultura e o turismo. Antes, já o presidente da Região de Turismo do Alentejo tinha referido que o «Alentejo é a região que mais cresce a nível nacional, e com a inauguração do Vila Galé Évora, a região ganha mais força e mais capacidade de se promover no país e a nível internacional». Aliás, o presidente da Câmara de Évora, sublinhou a importância, já sublinhada pelo presidente do grupo Vila Galé, de se promover a simbiose entre a cultura e o turismo, «devido ao centro histórico único que Évora possui», adiantando ainda que a cidade precisa de incrementar ainda mais a organização de eventos e de «reganhar o prestígio que tinha em épocas anteriores». Adolfo Mesquita Nunes, agradeceu ao grupo Vila Galé por ter acreditado em Portugal e aqui continuasse a fazer investimentos no sector turístico, como são casos paradigmáticos este «novo hotel em Évora, e a próxima abertura do Vila Galé Douro», enfatizou o responsável pelo turismo português. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 49 › A FECHAR Cimeira Luso-Marroquina em Lisboa amplia relações económicas bilaterais Criação de Observatório do Investimento A principal medida decidida na 12ª Cimeira Luso-Marroquina, que decorreu em Abril na capital portuguesa, cujas delegações foram lideradas pelos respectivos primeiros-ministros, decidiu a criação de um Observatório do Investimento, onde serão estudadas formas de aprofundar as relações económicas e comerciais entre os dois países. De realçar que entre os países africanos, Marrocos já é o 2º destino das exportações portuguesas e o 4º destino considerando os países fora da União Europeia. O próprio primeiro-ministro marroquino expressou no final da cimeira que «existe margem para aprofundar as relações entre os dois países», sublinhando que «é tempo de recuperar o tempo perdido. As portas estão abertas». O primeiro-Ministro português, Pedro Passos Coelho, além de realçar a criação do Observatório do Investimento, adiantou que estão a ser estudadas ligações na área da energia. Esperando também o reforço no relacionamento turístico entre os dois países, o chefe do governo português sublinhou esperar que as exportações portuguesas para Marrocos possam passar dos actuais 600 milhões de euros para atingir no futuro os mil milhões de euros. ‹ Vivafit chega ao Bahrain e à Polónia O CEO da Vivafit, Pedro Ruiz, assinou em meados de Abril dois contratos referentes à abertura de três ginásios no Bahrain. Num investimento somado de meio milhão de euros, o acordo foi estabelecido com o empresário local Salah Mustafa, líder da sociedade Bahraini, detida em parte por um dos sócios do Vivafit Dubai. A chegada ao Bahrain reforça a presença da marca portuguesa no Golfo Arábico, depois de já ter chegado aos Emirados Árabes Unidos e Omã, estando também prevista para breve a abertura do primeiro ginásio da Vivafit na Arábia Saudita. Já no final de Abril, a Vivafit assinou o acordo com o primeiro Master Franchising Europeu, o que aconteceu na Polónia. O acordo contempla um investimento de cerca de dois milhões de euros para a construção de 22 ginásios até 2018. ‹ Armando Cunha ganha obra em Cabo Verde A construtora portuguesa Armando Cunha vai executar nos próximos 24 meses, as obras de ampliação da placa de estacionamento do aeroporto da Cidade da Praia, orçadas em 2,26 milhões de euros. Segundo Fernandes Pimenta, responsável pela Área Internacional da Armando Cunha, referiu que «esta obra é importantíssima para nós, porque vem na sequência dos vários aeroportos em que já intervimos em Cabo Verde. A Armando Cunha fez, de raiz, o aeroporto internacional de São Vicente – concepção, financiamento e construção, entre 2005 e 2008 – e a ampliação do aeródromo do Maio». Com a nova placa de estacionamento, a capacidade de estacionamento de aviões no aeroporto passará dos actuais cinco para nove. ‹ 50 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015 Vista Alegre Atlantis cresce no Brasil A Vista Alegre Atlantis fechou as contas no ano passado com um volume de vendas no Brasil em linha com o ano anterior, registando mesmo um crescimento de 3% face a 2013. A marca portuguesa registou uma faturação no Brasil de 3,14 milhões de euros. Estas vendas resultaram sobretudo de peças de porcelana, que gerou uma faturação de 2,7 milhões de euros. A empresa também vende no mercado brasileiro peças de forno, faiança e objetos de cristal. O Brasil constituiu o sexto principal mercado internacional da Vista Alegre Atlantis, depois dos mercados espanhol, alemão, holandês, francês e inglês. No Brasil a empresa abriu em Dezembro último uma loja em São Paulo, e pretende durante este ano uma plataforma de comércio electrónico para o mercado brasileiro. ‹ Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 51 › HEAD 52 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015