CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Pós-avaliação e qualidade dos EIA: A opinião dos consultores Pedro Bettencourt Coutinho, Nuno Silva [email protected] ÍNDICE CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes 1. Introdução 2. Metodologia 3. Apresentação e discussão de resultados 4. Notas finais 2 / 16 1. INTRODUÇÃO CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes • Com a publicação do Decreto-lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, a “pós-avaliação” tornou-se uma realidade consagrada formalmente na Avaliação de Impacte Ambiental de projectos, materializada essencialmente na Avaliação da conformidade do projecto de execução com a Declaração de Impacte Ambiental e na monitorização. • A última revisão, operada pelo Decreto-lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro, veio introduzir apenas alterações pontuais à secção em causa, não alterando a sua essência. • Decorridos 10 anos desde a sua criação, e após 271 projectos pós-avaliados1, pretendeu-se averiguar em que medida os resultados e conhecimentos adquiridos no âmbito da fase de pós-avaliação foram capazes de influenciar a qualidade e grau de profundidade técnica dos estudos de impacte ambiental (EIA), bem como de contribuir positivamente para os processos e metodologias de previsão de impactes. 1) Ocorrências na base de dados on-line da Agência Portuguesa do Ambiente (http://www.apambiente.pt/: Outubro de 2010) 3 / 16 2. Metodologia CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes • Questionário informal para recolha de opinião de um conjunto de profissionais de avaliação de impactes ambientais, com ênfase no ramo da consultoria. • Foram enviados por via electrónica 27 inquéritos, o que representa cerca de 30 a 40% dos membros individuais ou membros profissionais referenciados na APAI. • Pedia-se ao entrevistado que classificasse o seu grau de concordância em relação às afirmações constantes no questionário, usando a escala qualitativa de cinco níveis, variando entre “discordo” e “concordo plenamente”. • O questionário terminava com duas questões de resposta livre, que visavam obter a opinião do entrevistado sobre: • Os principais constrangimentos que a pós-avaliação de projectos coloca aos EIA • O que poderia ser melhorado no processo de pós-avaliação e quais as suas principais sugestões/expectativas para uma nova geração de pós-avaliação. 4 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes • Dos 27 questionários enviados foram recebidas 18 contribuições, o que resultou numa taxa de resposta de cerca de 66%. Caracterização profissional dos inquiridos • A Engenharia do Ambiente representa cerca de 32% dos entrevistados. Com contribuições individuais na ordem dos 16% encontram-se a Biologia, a Arquitectura Paisagista e um conjunto diverso de outras especialidades como sejam a Economia e a Engenharia Civil. Área de formação Engenharia do Ambiente Arquitectura paisagista 16% 32% Geologia 10% • Em termos de experiência em AIA a média da amostra é de 12 anos. O n.º de anos de experiência acumulados ascende a 221. Biologia 16% 16% Geografia e Planeamento 10% • 72% dos entrevistados tem mais de 10 anos de experiência em avaliação, o que é ilustrativo do conhecimento de causa do painel face às questões colocadas, dado que a grande maioria acompanhou desde o início a implementação da pós-avaliação. Outros (Eng. Civil, Economia, etc.) 5 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Contribuição para a qualidade geral dos EIA e para o aprofundamento técnico dos estudos • 88% das respostas recebidas concordam que a pós-avaliação contribuiu para a qualidade geral dos estudos. • A maior parte dos inquiridos concordou ou concordou plenamente que a pós-avaliação contribuiu, de uma forma global, para o aprofundamento técnico dos estudos e para melhoria das metodologias de previsão de impactes, em especial por via do fornecimento de dados de base sobre o desempenho ambiental dos projectos e sobre a resposta do ambiente onde se inserem. N.º de respostas 2.3. Contribuiu para o aprofundamento técnico dosestudose para melhorar as metodologiasde previsão de impactes Como? 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 2.3.1. Forneceu dados de base sobre o desempenho ambiental dos projectos e a resposta do ambiente onde se inserem 2.3.2. Permitiu às equipas desenvolver/ aperfeiçoar metodologias específicas de avaliação (modelos, índices, etc.) 1 – Discordo 2 – Concordo 3 – Não 4 – Concordo 5 – Concordo parcialmente concordo plenamente nem discordo 6 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Contribuição para centrar os EIA nas questões mais importantes para a tomada de decisão • As opiniões variaram bastante, como se pode constatar no gráfico abaixo. • Assinala-se o número de respostas discordantes ou neutras, ainda assim superada pela soma das concordantes. 7 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Contribuição para sensibilizar as equipas projectistas e clientes para os aspectos ambientais dos seus projectos e para a importância do processo de AIA em geral • De uma forma geral as respostas foram positivas e concordantes. N.º de respostas • Verifica-se que o reconhecimento da importância das questões ambientais em geral foi o aspecto que obteve um maior consenso, com 73% de respostas “concordo” ou “concordo plenamente”. 2.5. Contribuiu para sensibilizar asequipasprojectistase clientespara osaspectos ambientaisdosseusprojectose para a importância do processo de AIA em geral Como? 2.5.1. Importância da definição de alternativas de projecto 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 2.5.2. Definição de soluções de projecto que minimizem à partida determinados impactes ambientais 2.5.3. Sensibilização para os prazos, por vezes alargados, necessários à conclusão dos estudos 1 – Discordo 2 – Concordo 3 – Não 4 – Concordo 5 – Concordo parcialmente concordo plenamente nem discordo 2.5.4. Reconhecimento da importância das questões ambientais em geral (acompanhamento ambiental em obra, sistemas de gestão ambiental, etc.) •A sensibilização para os prazos, por vezes alargados, necessários à conclusão dos estudos foi o aspecto que reuniu mais discordância. 8 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Contribuição para a racionalização das medidas ambientais propostas nos EIA • As respostas foram consistentemente concordantes com a questão. • De acordo com a opinião dos inquiridos, terá sido essencialmente por via da proposta, nos EIA, de um conjunto mais limitado de medidas mas mais objectivo e dirigido ao âmbito específico da avaliação. • O aumento do grau de pormenorização e exequibilidade das medidas foi outro dos aspectos apontados com mais frequência nesta questão. N.º de respostas 2.7. Contribuiu para racionalizar a quantidade de medidasambientaispropostas nosEIA, bem como melhorar o seu grau de operacionalidade/exequibilidade Como? 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 2.7.1. Propondo um conjunto mais limitado de medidas mas mais objectivo e dirigido ao âmbito específico da avaliação 2.7.2. Aumentando o grau de pormenorização e exequibilidade das medidas 1 – Discordo 2 – Concordo parcialmente 3 – Não 4 – Concordo 5 – Concordo concordo plenamente nem discordo 2.7.3. Apostando mais na monitorização e acompanhamento posterior dos projectos 9 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Contribuição para o aumento do grau de conhecimento dos consultores/comissões de avaliação em relação ao efectivo impacte dos projectos • Um dos objectivos da pós-avaliação, em particular decorrente da monitorização, seria o aumento do grau de conhecimento dos consultores/comissões de avaliação em relação ao efectivo impacte dos projectos, melhorando assim a sua capacidade de previsão/avaliação. N.º de respostas • Os aspectos aferidores sugeridos mereceram maioritariamente a discordância dos inquiridos, gorando assim as expectativas quanto ao cumprimento do referido objectivo. 2.8. Contribuiu para que osconsultores/ comissõesde avaliação ficassem com uma melhor noção do efectivo impacte dosprojectos, melhorando assim a sua capacidade de previsão/ avaliação Como? 8 7 6 5 4 3 2 1 0 2.8.1. Diminuindo a extensão/ complexidade dos pedidos de elementos adicionais nos EIA 2.8.2. Diminuindo o pedido de Estudos Complementares na fase de RECAPE 2.8.3. Melhorando os prazos de elaboração dos EIAe de emissão da DIA 1 – Discordo 2 – Concordo 3 – Não 4 – Concordo 5 – Concordo parcialmente concordo nem plenamente discordo 10 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Principais constrangimentos que a pós-avaliação coloca aos EIA •Período alargado de tempo que pode passar entre o EIA/DIA e a pós-avaliação implica por vezes alterações nos factores ambientais e a necessidade de actualizações de informação de base •O processo é pouco dinâmico e flexível face ao desenvolvimento dos projectos e dos processos administrativos que decorrem em paralelo (sobretudo em licenciamentos de âmbito municipal, como sejam projecto imobiliários, por exemplo) • Falta de definição do que deve apenas ser avaliado em fase de RECAPE, o que leva a que a fase de EIA seja ainda demasiado complexa, investindo-se tempo e esforço com o desenvolvimento de estudos e projectos que depois pouca aplicabilidade posterior têm • Certos programas de monitorização aprovados em DIA revelam-se por vezes pouco adequados, pecando em muitas circunstâncias por excesso ou por serem inconsequentes para a avaliação do projecto 11 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Propostas de melhoria do actual processo de pós-avaliação e expectativas para o futuro (I) • De entre as várias e diversas sugestões dos inquiridos, uma medida já há muito aguardada mereceu um amplo consenso: • A disponibilização pública dos resultados da monitorização ambiental dos projectos sujeitos a pós-avaliação, de modo a que os promotores, consultores, entidades e público em geral pudessem ter uma noção mais objectiva das consequências/impactes resultantes da implementação de determinado projecto ou conjuntos de projectos. • Esta medida foi considerada fundamental para a melhoria dos EIA, contribuindo para uma mais precisa definição do seu âmbito e do que é de facto relevante ou não, para além de permitir suportar uma avaliação de impactes mais fundamentada. 12 / 16 3. Resultados CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes Propostas de melhoria do actual processo de pós-avaliação e expectativas para o futuro (II) • Uma definição mais clara das duas fases de avaliação e de quais os aspectos que devem ser abordados nas duas fases. • Melhorar o sistema actual de acompanhamento da obra por todas as entidades intervenientes no processo, tornando-o mais expedito e eficaz. • Desburocratizar/simplificar a produção de relatórios de acompanhamento de obras e de monitorização, permitindo que possam ser atempadamente úteis. • Monitorização conjunta/integrada de projectos, através, por exemplo, de parcerias entre promotores e a própria Administração. • Alargamento do âmbito da pós-avaliação, sobretudo da monitorização, muito centrada em poucos factores ambientais, a aspectos sociais e de sustentabilidade (consumos de água, de energia, de materiais, emissões de GEE, responsabilidade social, etc.). • Reforçar as acções de auditoria já previstas na lei, uma vez que actualmente apresentam ainda uma expressão residual, não permitindo validar convenientemente a informação patente no RECAPE, nem os resultados da monitorização. 13 / 16 4. Notas Finais CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes A maior parte dos inquiridos reconheceu que a pós-avaliação contribuiu, de uma forma global, para: •Incrementar a qualidade e aprofundamento técnico dos EIA; •Sensibilizar as equipas projectistas e clientes para os aspectos ambientais dos seus projectos e para a importância do processo de AIA em geral, bem como para melhorar a interacção entre consultores ambientais, projectistas e donos de obra; •Racionalizar da quantidade de medidas ambientais propostas nos EIA, bem como a melhorar do seu grau de objectividade e exequibilidade; •Tornar a gestão ambiental um aspecto activo e decisivo na implementação de projectos sujeitos a AIA. 14 / 16 4. Notas Finais CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes A maior parte dos inquiridos reconheceu que a pós-avaliação não contribuiu ou contribuiu apenas de forma parcial para: •Aumentar o grau de conhecimento dos consultores/comissões de avaliação em relação ao efectivo impacte dos projectos, melhorando assim também a sua capacidade de previsão/avaliação; •Centrar os EIA nas questões mais importantes para a tomada de decisão. 15 / 16 4. Notas Finais CNAI’10 | 4ª Conferência Nacional de Avaliação de Impactes A grande medida unanimemente a salientar é a disponibilização pública dos resultados da monitorização ambiental dos projectos. Esta medida foi considerada fundamental para a melhoria futura dos EIA. Como conclusão final podemos assim dizer que a fase de pós-avaliação é reconhecidamente uma etapa muito importante no ciclo de AIA, mas que actualmente este potencial só é em parte aproveitado. Há portanto muito a fazer neste âmbito… 16 / 16