ESTUDO DE ADSORÇÃO PARA PURIFICAÇÃO E SEPARAÇÃO DE MISTURAS NA INDÚSTRIA PETROLÍFERA Curitiba Fevereiro, 2007 Luciano Robassa Guelfi, graduação Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera Luciano R. Guelfi1, Agnes P. Scheer2 1 Universidade Federal do Paraná, Engenharia Química, PRH-24, Curitiba - PR, CEP 80220-240 2 Universidade Federal do Paraná, Engenharia Química. [email protected], [email protected] Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera ii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................2 LISTA DE TABELAS ..............................................................................................3 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................5 2. A ADSORÇÃO ..............................................................................................7 2.1 ADSORÇÃO FÍSICA E ADSORÇÃO QUÍMICA ..................................8 2.1.1 Adsorção Física......................................................................................8 2.1.2 Adsorção Química..................................................................................9 2.2 2.3 2.3.1 Processos Cíclicos................................................................................15 2.3.2 Processos Contínuos.............................................................................16 2.4 3. 4. 5. 6. 7. ISOTERMAS DE ADSORÇÃO ..............................................................10 PROCESSOS .............................................................................................14 ADSORVENTES ......................................................................................19 2.4.1 Carvão Ativado ....................................................................................19 2.4.2 Zeólita..................................................................................................20 CRAQUEAMENTO CATLÍTICO FLUIDIZADO...............................20 ZEÓLITAS...................................................................................................23 OBJETIVO ..................................................................................................25 DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO .......................................................25 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................27 7.1. MISTURA ÁGUA-CORANTE ...............................................................27 7.2. MISTURA DE HIDROCARBONETOS .................................................30 8. CONCLUSÕES ...........................................................................................32 9. SUGESTÕES ...............................................................................................32 10. ESTÁGIO SUPERVISIONADO INTEGRADO ...................................33 11. VISITA A SIX..............................................................................................35 12. EVENTOS ....................................................................................................36 12.1. SEMINÁRIOS PRH-24 ........................................................................36 12.2. 6° ENCONTRO BRASILEIRO DE ADSORÇÃO .............................37 12.3. 14° EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPR .................37 12.4. REUNIÃO ANUAL DE AVALIÇÃO.................................................37 12.5. 16° CONEEQ.........................................................................................38 12.6. 2006 AICHE ANNUAL MEETING ....................................................39 REFERÊNCIAS......................................................................................................40 LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ISOTERMAS PELA IUPAC........................11 FIGURA 2.2 PROCESSO CÍCLICO...........................................................................16 FIGURA 2.3 PROCESSO HYPERSORPTION...........................................................17 FIGURA 2.4 - PROCESSO EM LEITO MÓVEL SIMULADO ..................................18 FIGURA 3.1 UNIDADE DE FCC...............................................................................22 FIGURA 4.1 ZEÓLITA FAUJASITE .........................................................................24 FIGURA 6.1 CATALISADOR ...................................................................................25 FIGURA 6.2 BANHO FINITO ...................................................................................26 FIGURA 6.3 AMPOLA DE VIDRO ...........................................................................26 FIGURA 7.1 SOLUÇÃO DE AZUL DE METILENO ................................................28 FIGURA 7.2 ABSORBÂNCIA DE SOLUÇÕES A 3% E 50%...................................28 FIGURA 7.3 ABSORBÂNCIA DE SOLUÇÕES A 3% ..............................................29 FIGURA 7.4 ISOTERMA DE ADSORÇÃO...............................................................31 FIGURA 11.1 ÁREA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL - SIX..............................36 FIGURA 12.1 APRESENTAÇÃO POSTER RAA SUL..............................................38 FIGURA 12.2 APRESENTAÇÃO POSTER 16° CONEEQ ........................................39 LISTA DE TABELAS TABELA 2.1 DIFERENÇAS ENTRE ADSORÇÃO FÍSICA E QUIMISSORÇÃO....10 TABELA 2.2 PROCESSOS CÍCLICOS DE ADSORÇÃO .........................................16 TABELA 7.1 CONCENTRAÇÕES DE N-HEXANO .................................................30 TABELA 7.2 CONCENTRAÇÕES DE N-HEXANO .................................................30 Luciano Robassa Guelfi, graduação Abstract On this work it was studied the adsorption capacity of deactivated zeolites used as catalyst on Fluid Catalytic Cracking process of streams from the petroleum fractioning. The tests were taken with a water – organic dye (methylene blue) mixture and a hydrocarbons mixture (n-hexane and cyclohexane). The experiments were made using a mixed finite bath, after the treating for the activation of the zeolite. It was observed the separation of the organic dye from the water and of the preferential adsorption of the n-hexane from the mixture. It was also noted that the deactivated zeolite had a contamination, which was dessorved into the fluid phase. Resumo Neste trabalho foi estudada a capacidade de adsorção de zeólitas desativadas que foram usadas como catalisadores em processos de Craqueamento Catlítico Fluidizado de correntes oriundas do fracionamento de petróleo. Os testes foram feitos para misturas de água com um corante orgânico (azul de metileno) e de hidrocarbonetos (n-hexano e ciclohexano). Os experimentos foram realizados em sistema de banho finito com agitação, após tratamento para ativação da zeólita. Foi observada a separação do corante orgânico da água e a adsorção preferencial do n-hexano da mistura. Verificou-se ainda que a zeólita desativada possuía contaminação, que acabava se dessorvendo na fase fluida. Palavras-chave: adsorção, separação, hidrocarbonetos, zeólitas, fase líquida Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 4 Luciano Robassa Guelfi, graduação 1. INTRODUÇÃO O petróleo não é importante somente por gerar a energia necessária para mover máquinas ou outras formas. Os produtos do petróleo também são muito importantes em outras indústrias, como as de polímeros, de lubrificantes, de fertilizantes e até na farmacêutica. Porém, diferentemente de quando usado como combustível, em que o importante não é a pureza do produto, mas sim a qualidade da mistura, nestas indústrias se faz necessária a alta pureza dos derivados do petróleo usados por elas. Essa transformação dos produtos do refino do petróleo para produtos que podem ser usados nessas outras indústrias normalmente é feita por um ramo da indústria do petróleo conhecido como petroquímica. As petroquímicas são dividas em três gerações de produção. As de primeira geração geram os chamados petroquímicos básicos, entre os quais podemos citar as olefinas (como etileno, propileno) e os aromáticos (benzeno, tolueno entre outros). As de segunda geração são aquelas que convertem os petroquímicos básicos em petroquímicos finais, como o polietileno, o polipropileno e outros . Por último, as de terceira geração transformam os petroquímicos finais em bens de consumo. Um dos pontos críticos do processamento do petróleo é o grande consumo de energia requerido nos processos. Em refinarias isso ocorre devido as grandes vazões processadas por dia. Já as petroquímicas de primeira geração muitas vezes processam uma vazão menor que a de uma refinaria, mas por outro lado, os seus processos requerem muita energia pois nos processos é preciso de alta pressão e temperaturas criogênicas para conseguir a pureza necessária. Como exemplo pode-se citar o fracionamento do etileno, o principal produto de petroquímicas de primeira geração, que, quando é feito em colunas de destilação, é necessário mais de 150 estágios de equilíbrio, uma alta razão de refluxo, uma pressão de quase 20 atm e temperaturas entre -30°C e –6°C. Para manter essas condições são necessários compressores movidos a vapor (tanto para os ciclos de Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 5 Luciano Robassa Guelfi, graduação refrigeração quanto para manter a pressão do processo) e grandes quantidades de água de resfriamento para os sistemas de refrigeração. Como um processo alternativo a destilação nesses casos está crescendo a utilização da adsorção. O fenômeno de adsorção é caracterizado pela habilidade de sólidos porosos reterem, através de interações físicas ou químicas, as moléculas de um componente de uma mistura, separando assim os componentes dessa mistura. Para o exemplo da petroquímica acima, já foram feitos estudos tanto da adsorção do etileno puro sobre silicalite com temperaturas entre 30°C e 50°C e pressão de 100 kPa (PENG et al. 2004), como da adsorção da mistura de etileno-etano sobre zeólita 4A e resinas de sílica gel com AgNO3 com temperaturas 25°C e pressão de 1 atm. A adsorção é frequentemente usada na remoção de contaminantes que estão em baixa concentração na solução de líquidos ou gases, sendo muito empregada em remoção de poluentes, recuperação de solventes ou de produtos de alto valor agregado. Mas também existem aplicações na separação de compostos, como a separação do p-xileno dos demais xilenos (PUPIM, 2005). Na literatura científica são encontrados vários trabalhos sobre a adsorção de hidrocarbonetos. Além dos dois trabalhos já descritos acima, ainda pode-se citar: - Determinação de curvas de ruptura da adsorção de hidrocarbonetos C5 e C6 com diferentes graus de ramificação sobre silicalite e a comparação das curvas experimentais com as curvas teóricas obtidas por modelos que utilizam as isotermas de adsorção (JOLIMAITRE et al, 2002). - Cavalcante Jr. et al (2003) estudou a adsorção de parafinas (C7 a C10) sobre zeólita Y desaluminada utilizando o método “Zero Length Column” (ZLC). Com os resultados ele pode determinar a difusividade dos hidrocarbonetos sobre a zeólita e as energias de adsorção. - Takahashi e Yang (2002) provaram que zeólita Y utilizando como cátion metálico a prata consegue uma seletividade maior que as Na-Y, Pd-Y e a H-USY. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 6 Luciano Robassa Guelfi, graduação 2. A ADSORÇÃO Adsorção é uma operação de transferência de massa do tipo sólido fluido na qual se explora a habilidade de certos sólidos em concentrar na sua superfície determinadas substâncias existentes em soluções liquidas ou gasosas, o que permite separá-las dos demais componentes dessas soluções (GOMIDE, 1987). Este fenômeno depende muito do sólido que será usado como adsorvente. Um bom adsorvente deve ter uma área específica alta (como, por exemplo, sílica gel que pode ter de 340 m2/g a 800 m2/g (RUTHVEN, 1984)) e isso só pode ser encontrado em sólidos altamente porosos. O número de moléculas que podem acumular sobre a superfície depende de vários fatores. Uma vez que, em geral, o processo é reversível, uma baixa concentração no fluido cobrirá a superfície do adsorvente apenas até o ponto em que a pressão exercida pela fase adsorvida é igual à que reina no fluido. Assegurada uma concentração suficiente no fluido, as forças de adsorção física podem continuar a ter influência até se terem acumulado sobre a superfície várias camadas de moléculas, talvez cinco ou seis. Se a superfície existir em poros estreitos, nesse caso o número máximo de camadas pode estar restringido pelas dimensões do próprio poro (COULSON et al, 1982). Como vantagens sobre outras operações de separação, a adsorção apresenta um baixo consumo de energia, a possibilidade de separação de misturas com azeotropia, a não necessidade de uso de outros componentes para ajudar a separação, entre outros (SCHEER, 2002). Outro fator que tem ajudado a desenvolver e tornar a adsorção um processo mais, segundo Basta et al (1994), é a demanda por novas tecnologias mais econômicas para controle de impacto ambiental. A adsorção também é uma das principais etapas na catálise heterogênea, pois é através da formação de novas estruturas, resultantes da adsorção das moléculas do meio sobre o catalisador, que ocorrem as modificações nos mecanismos de reação que levam a reações de menores energias de ativação. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 7 Luciano Robassa Guelfi, graduação 2.1 ADSORÇÃO FÍSICA E ADSORÇÃO QUÍMICA Dentro do fenômeno da adsorção podemos distinguir duas diferentes classes de interação entre as moléculas do meio fluido e as do sólido, baseandose na natureza das forças que as unem: 2.1.1 Adsorção Física Também conhecida como fisissorção. Neste tipo de adsorção a interação entre as moléculas do meio e do sólido é fraca, com ligações do tipo intermoleculares, baseadas em forças de Van der Wals e/ou de interações eletrostáticas, como as de dipolo. Normalmente, a adsorção física ocorre a baixas temperaturas, rapidamente e é reversível (RUTHVEN, 1984). Ela é invariavelmente exotérmica, e o que pode ser provado pela termodinâmica. A molécula no meio possui movimentos de rotação, translação e vibração, porém, quando ela é adsorvida, ela acaba ficando “presa” no sólido, fazendo com que o movimento de translação dela seja limitado a somente o movimento da molécula sobre o sólido e também perde liberdade de rotação, diminuindo assim o grau de desorganização de meio. Esta medida é dada pela entropia, e, com isso, podemos dizer que: ∆S < 0 (1) Segundo a termodinâmica, para um processo ser espontâneo, é necessário que a diferença entre a energia livre de Gibbs do estado final e a do estado energia seja negativa, ou seja: ∆G < 0 (2) A energia livre é definida da seguinte forma: ∆G = ∆H − T ⋅ ∆S Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera (3) 8 Luciano Robassa Guelfi, graduação Para que a inequação (2) seja verdadeira, é preciso que a variação da entalpia seja negativa: ∆H < 0 (4) Com isso, provamos termodinamicamente que o processo é exotérmico (RUTHVEN, 1984). Também podemos provar no âmbito molecular. Para que uma situação seja estável energeticamente, é necessário que o estado anterior seja mais energético. A partir do momento que a molécula é atraída pela superfície, formando uma ligação intermolecular, ela tem que liberar a energia que ela possuía quando estava no meio, mostrando mais uma vez que o processo é exotérmico. Segundo Gomide (1987) essa energia liberada é baixa, indo de 1 kcal/mol a 10 kcal/mol. As moléculas podem ser adsorvidas sobre moléculas do fluido que já estão sobre o sólido, podendo ter varias camadas de moléculas. Este tipo de adsorção é o que ocorre em operações de transferência de massa. 2.1.2 Adsorção Química A adsorção química, quimissorção ou adsorção ativa ocorre quando há uma interação química entre a molécula do meio e a do sólido. Neste caso, as forças de ligação são de natureza covalente ou até iônica. Ocorre uma ligação química entre a molécula do meio e a do sólido, o que altera a estrutura eletrônica da molécula quimissorvida, tornando-a extremamente reativa (FOGLER, 1999). Ao contrário da adsorção física, as temperaturas deste processo são altas, porém é necessário que a reação seja conduzida numa faixa de temperatura na qual a quimissorção dos reagentes é apreciável (FOGLER, 1999). Este tipo de adsorção pode ser irreversível. As entalpias são na ordem das entalpias de reação e podem ser até endotérmicas, quando ocorre a dissociação da molécula e completa mobilidade bidimensional, causando aumento do grau de liberdade e valores positivos para entropia e entalpia (SCHEER, 2002). Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 9 Luciano Robassa Guelfi, graduação A quimissorção é importante em processos catalíticos, como o Craqueamento Catalítico Fluidizado (FCC), o qual será explicado mais a frente. A Tabela 2.1 mostra as principais diferenças entre a adsorção física e a quimissorção. TABELA 2.1 DIFERENÇAS ENTRE ADSORÇÃO FÍSICA E QUIMISSORÇÃO ADSORÇÃO FÍSICA QUIMISSORÇÃO Baixo calor de adsorção Calor de adsorção na ordem de entalpias de reação Não específica Altamente específica Mono ou multicamadas Somente monocamada As moléculas adsorvidas não sofrem dissociação Pode ocorrer dissociação das moléculas Ocorre a baixas temperaturas Ocorre a altas temperaturas Não precisa de ativação, é rápida e reversível Precisa de ativação e pode ser irreversível Não a transferência de elétrons, mas pode Há a transferência de elétrons, levando a ocorrer polarização do adsorvato formação de ligação química FONTE: RUTHVEN, 1984 2.2 ISOTERMAS DE ADSORÇÃO Como a adsorção é uma operação que trabalha com transferência de massa, precisamos saber qual será o limite dessa adsorção, dada por dados de equilíbrio de transferência de massa. Esses dados normalmente são relacionados nas isotermas de adsorção. Isotermas de adsorção relacionam a quantidade de material adsorvido em relação pressão parcial (no caso de um gás) ou a concentração (no caso de um líquido). Segundo a IUPAC, existem seis tipos de isotermas. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 10 Luciano Robassa Guelfi, graduação FIGURA 2.1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ISOTERMAS PELA IUPAC FONTE: SCHEER, 2002 A isoterma do tipo I representa a adsorção em monocamada de materiais microporosos. A do tipo II mostra como seria a adsorção sobre um material não poroso. Quando as moléculas do meio têm uma força coesiva muito forte, isotermas do tipo III e V são esperadas para matérias não porosos e porosos, respectivamente. A isoterma do tipo IV representa uma isoterma com histerese. Já a isoterma do tipo VI mostra uma adsorção com formação de multicamada (SCHEER, 2002). Entre os vários modelos existentes, o mais simples é o modelo da isoterma de Langmuir (que representa isotermas do tipo I e II). O modelo de Langmuir foi desenvolvido para representar a quimissorção. As considerações por ele feitas são: a) As moléculas são adsorvidas em um numero fixo e bem definido de sítios: b) Cada sítio só pode ter uma molécula; c) Todos os sítios são energeticamente equivalentes; d) Não há interação entre uma molécula adsorvida e suas vizinhas (RUTHVEN, 1984). Com isso, podemos considerar a taxa de moléculas adsorvidas como: Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 11 Luciano Robassa Guelfi, graduação k a ⋅ c ⋅ (1 − Θ) (5) e a taxa de moléculas dessorvidas como: kd ⋅ Θ Θ≡ q qs (6) (7) onde: c = concentração; k a e k d = constantes de adsorção e dessorção respectivamente; Θ = fração de preenchimento; q e q s = concentração de adsorvato no adsorvente e concentração de adsorvato na monocamada respectivamente. definindo: K≡ ka kd (8) como o sistema está em equilíbrio, o numero de moléculas adsorvidas é igual ao número de moléculas dessorvidas, ou seja: k a ⋅ c ⋅ (1 − Θ) = k d ⋅ Θ (9) Rearranjando (9) e usando a definição (8) temos: Θ = K ⋅c 1− Θ (10) usando a definição (7), rearranjando e simplificando temos: q K ⋅c = qs 1 + K ⋅ c (11) escrito normalmente como: 1 1 1 1 = + ⋅ q qs K ⋅ qs c Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera (12) 12 Luciano Robassa Guelfi, graduação A equação (12) é a equação linearizada da isoterma de Langmuir (RUTHVEN, 1984). Freundlich desenvolveu um modelo empírico em que a adsorção só depende da concentração e de uma constante, que pode representar uma isoterma linear: 1 (13) q = K ⋅cn onde: K = constante de Freundlich referente a capacidade da adsorção; n = expoente de Freundlich referente a eficiência do processo de adsorção (STACHIW et al, 2006). Outro modelo de isoterma muito usado é o desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller (BET), usado para modelos de isotermas de multicamadas e para extrair dados de capacidade da monocamada. Como um tratamento da adsorção em multicamadas teria uma solução muito complicada (uma vez que não iremos considerar só as interações entre as moléculas do meio e as da superfície, mas também as interações entre as moléculas do adsorvato), foram feitas algumas simplificações que resultam no modelo BET: a) Cada molécula de uma camada é um possível “sítio” para outra de uma camada adjacente; b) As moléculas da segunda camada e das subseqüentes têm um comportamento de liquido saturado enquanto as moléculas da primeira camada possuem um comportamento diferente (isso ocorre pelo fato de que, a partir da segunda camada, as moléculas estarem em contato com outras moléculas, e não com a superfície do adsorvente, como ocorre na primeira camada); Com essas simplificações, o modelo BET é: K ⋅ ( p ps ) q = q s (1 − p p s ) ⋅ (1 − p p s + K ⋅ p p s ) (14) onde: Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 13 Luciano Robassa Guelfi, graduação p = pressão parcial; p s = pressão de vapor do líquido saturado. O modelo BET representa muito bem isotermas do tipo II, porém em uma faixa muito pequena de p p s (RUTHVEN, 1984). 2.3 PROCESSOS A habilidade de sólidos porosos reterem moléculas de vapor, depois as liberando foi observada e estudada no século XVIII por Scheele e Fontana, porém a utilização prática desse fenômeno é mais recente (RUTHVEN, 1984). Pode-se dizer que uma das aplicações mais vitais da adsorção foi durante a Primeira Guerra Mundial, quando foram criadas as máscaras de gás (a princípio utilizando sílica gel e depois carvão ativado). Outro importante papel foi durante a Segunda Guerra Mundial, pois foi a utilização da sílica gel que mantinha a penicilina seca e prevenia que a umidade enferrujasse os equipamentos militares (WIKIPEDIA, acesso em: 08 fevereiro 2007). Já as primeiras aplicações industriais da adsorção aconteceram durantes as Guerras, na década de 1920, servindo para a remoção de álcool e benzeno de correntes gasosas (desenvolvido pela Bayer AG, Alemanha) e para a recuperação de etano e hidrocarbonetos pesados do gás natural (desenvolvido pela Union Carbide Co., EUA) (PUPIM, 2005). Provavelmente, a utilização mais comum seja o uso de colunas com material hidrofílico (como a sílica gel) para retirar traços de umidade de correntes. Além desses, há processos semelhantes, como a retirada de compostos sulfurados (H2S e mercaptans) de correntes de gás natural e de poluentes orgânicos da água (RUTHVEN, 1984). Como os materiais adsorvidos nestes casos estão em baixa concentração, não têm valor agregado e normalmente não são recuperados, estes processos são chamados de purificação (SCHEER, 2002). Os processos que utilizam a adsorção para a separação de uma mistura em diferentes correntes são ainda mais recentes e datam da década de 1950, como o processo Arosorb para recuperação de hidrocarbonetos. Esses processos tiveram um grande desenvolvimento durante a década de 1970, por causa da alta Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 14 Luciano Robassa Guelfi, graduação nos preços do petróleo, causando um aumento no preço da energia, fazendo com que algumas aplicações da destilação se tornassem inviáveis (RUTHVEN, 1984). Os processos adsortivos atuais podem ser divididos em duas classes: processos cíclicos e processos contínuos. 2.3.1 Processos Cíclicos São processos em que o leito é saturado e regenerado de maneira cíclica. Normalmente são processos em leito fixo formado por dois ou mais leitos, pois enquanto um dos leitos está em operação o outro está em regeneração (mais comumente são usados três leitos, sendo que o terceiro está “esfriando” para entrar em operação), para manter a operação continua. Os processos cíclicos são classificados pelos métodos de regeneração, que podem ser de 4 formas básicas: - Thermal Swing Adsorption (TSA) - passando uma corrente inerte a alta temperatura (pois, como a adsorção é exotérmica, a dessorção é endotérmica); - Pressure Swing Adsoprption (PSA): reduzindo a pressão sobre o leito (para que a pressão parcial sobre o sólido seja maior que a da corrente, fazendo com que as moléculas sejam dessorvidas); - Purga Inerte: passando uma corrente de gás inerte sem conter o material adsorvido (para que a pressão parcial na corrente seja baixa e as moléculas sejam dessorvidas). Recomendado para sistemas onde as moléculas do adsorvato estão ligadas fracamente ao sólido - Purga de Deslocamento: passando uma corrente com um material adsorvente que compita com o material já adsorvido (RUTHVEN, 1984). Além dos quatro métodos, existem os processos combinados, como por exemplo um TSA com purga inerte para facilitar a recuperação (SCHEER, 2002). Na Tabela 2.2 estão alguns exemplos de processos cíclicos de adsorção, com os seus respectivos métodos de regeneração e na Figura 2.1 está esquematizado um processo cíclico. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 15 Luciano Robassa Guelfi, graduação TABELA 2.2 PROCESSOS CÍCLICOS DE ADSORÇÃO MÉTODO DE PROCESSO FASE Secagem de correntes de gás Gás TSA ou PSA Secagem de solventes Líquido TSA Recuperação de solvente Gás Purga Inerte Recuperação de H2 Gás PSA Separação de ar Gás PSA Separação de Hidrocarbonetos lineares Tratamento de Água Gás REGENERAÇÃO Purga de deslocamento ou Líquido PSA Purga Inerte FONTE: RUTHVEN, 1984 FIGURA 2.2 PROCESSO CÍCLICO FONTE: SCHEER, 2002 2.3.2 Processos Contínuos Os processos contínuos podem ser subdividos ainda em processos em contracorrente verdadeiro e processos de leito móvel simulado. Num processo em contracorrente verdadeiro, o processo de transferência de massa é maximizado pelo contato em contracorrente entre o fluido e o sólido, melhorando, assim, a eficiência do processo. Esse tipo de processo é recomendado quando a separação é difícil, ou por ter uma baixa seletividade ou pela transferência de massa ser lenta (RUTHVEN, 1984, SCHEER, 2002). Um dos primeiros processos em contracorrente foi o Hypersorption, desenvolvido pela Union Oil Co. e implantando pela Dow Chemical Co. em 1947. Este processo era Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 16 Luciano Robassa Guelfi, graduação usado para separar o etileno de metano e hidrogênio. Na Figura 2.2 (a) está um esquema do processo Hypersorption e na (b) está um desenho de uma coluna Hypersorption. FIGURA 2.3 PROCESSO HYPERSORPTION Hidrogenio CH4 Água Des H2O Ads CH4 Hidrogenio CH4 Ads C2 e C3 Alimentação Des CH4 Ads C2 e C3 Etileno (93%) Stripping Vapor Gás para elevar o adsorvente (a) FONTE: RUTHVEN, 1984 (b) A alimentação entra no meio da coluna. A seção a cima dela é conhecida como seção de adsorção, onde o C2 e o C3 são adsorvidos. O adsorvente com os adsorvatos desce então para seção de retificação, onde adsorve o C2 e C3 recirculante para que ocorra a dessorção do CH4. Esse catalisador rico em C2 e C3 vai para seção de stripping, para que ocorra a dessorção com vapor. Essa corrente vai para um condensador para separar a água dos hidrocarbonetos. Parte dos hidrocarbonetos retornam para a coluna para dessorver o CH4 na seção de retificação, a outra parte deixa o processo. Depois de regenerado o catalisador é levado para um ciclone no topo da coluna por transporte pneumático e retorna para coluna na seção de resfriamento. Lá ele dessorve a água que adsorveu no Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 17 Luciano Robassa Guelfi, graduação stripping adsorvendo CH4 e desce para a seção de adsorção recomeçando o ciclo. O hidrogênio e o CH4 são retirados logo acima da seção de retificação e no topo, junto com a água que foi injetada em forma de vapor no fundo da coluna. (RUTHVEN, 1984). Para que o processo funcione, é necessário um complexo arranjo mecânico para assegurar a vazão do adsorvente na coluna, assim como o aquecimento e resfriamento desse. Outro ponto que dificulta a operação é o transporte pneumático do catalisador, que requer mais um complexo sistema de controle (RUTHVEN, 1984). Os processos contínuos ainda têm outras complicações, atrito entre as partículas sólidas, escoamento não uniforme da fase fluida e sólida, arraste de materiais,contaminação entre as seções do equipamento devido a estrutura porosa do adsorvente e limitação do tamanho das partículas para evitar excessiva perda de carga (SCHEER, 2002). A teoria do leito móvel simulado foi desenvolvida para contornar os problemas existentes no processo em contracorrente. Esse processo consiste em alternar o ponto onde a corrente é alimentada e o ponto onde é retirada (em uma série de leitos ou em uma coluna), simulando o movimento em contracorrente (SCHEER, 2002). A Figura 2.3 mostra um esquema de um leito fixo simulado. FIGURA 2.4 - PROCESSO EM LEITO MÓVEL SIMULADO FONTE: SCHEER, 2002 Entre os sistemas de leito móvel simulado podem ser citados os processos Sorbex, desenvolvidos pela UOP, em que o leito móvel é simulado em uma única coluna utilizando uma válvula rotativa, que alterna os pontos de alimentação, de entrada do dessorvente e de retirada dos produtos, e os processos desenvolvidos pela Toray, que consistem em séries de colunas recheadas em que as entradas e saídas são controladas por válvulas on/off (SCHEER, 2002). Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 18 Luciano Robassa Guelfi, graduação 2.4 ADSORVENTES A adsorção é um fenômeno comum de todas as superfícies (como a adsorção de moléculas de um gás pelas paredes do tubo em que este está escoando formando o característico perfil de velocidades). Mas no caso da operação unitária, precisa-se melhorar essa superfície, para que uma pequena massa de material possa realizar uma adsorção significativa. Esse tipo de material é o adsorvente. A principal característica dos adsorventes é a chamada superfície específica, que mostra a superfície total da partícula por unidade de massa dessa. Quanto maior essa superfície, melhor será a capacidade da partícula adsorver moléculas. Os três principais adsorventes são: carvão ativado, sílica-gel e zeólitas, mas também temos outros menos usuais, como alumina ativada e resinas poliméricas (SCHEER, 2002). Em artigos mais recentes são apresentados materiais reaproveitados que até então eram descartados como opções de adsorventes, como o xisto retortado (STACHIW et al, 2006), bagaço de cana-de-açúcar (BRANDÃO et al, 2006) ou couro residual proveniente do curtimento (SMANIOTTO et al, 2006). 2.4.1 Carvão Ativado O carvão ativado foi um dos primeiros adsorventes utilizados (COULSON, 1982). Normalmente é feito a partir da decomposição térmica de materiais carbonáceos seguido da ativação utilizando vapor ou de dióxido de carbono a altas temperatura (entre 700°C e 1100°C). A ativação é muito importante pois é ela que vai determinar o tamanho dos poros e a área específica, podendo ultrapassar valores de 1000 m2/g para esta última . Esse adsorvente é basicamente hidrofóbico e altamente organofílico (isso por causa de sua superfície não polar). Muito utilizado para purificação de água, recuperação de vapores de gasolina em automóveis e descoloração de açúcar (RUTHVEN, 1984). Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 19 Luciano Robassa Guelfi, graduação 2.4.2 Zeólita Zeólitas são alumino-silicatos, naturais ou sintéticos. Por sua utilização não estar limitada somente a adsorção, mas também é elemento fundamental na catalise de diversos processos, ela será tratada em um tópico a parte. 3. CRAQUEAMENTO CATLÍTICO FLUIDIZADO O objetivo do processo de Craqueamento Catlítico Fluidizado (FCC) é de transformar o gasóleo proveniente do fundo da fracionadora atmosférica e do topo e da seção intermediária da fracionadora a vácuo das refinarias em produtos mais nobres (principalmente gasolina e GLP) através de reações de craqueamento. Porém, a alimentação sempre varia, podendo, às vezes, ser alimentado os resíduos de vácuo ou de atmosférico direto no FCC. Sadeghbeigi (2000) inclusive ironiza este fato, alegando que “normalmente a única condição constante no FCC é a continua troca da qualidade da alimentação”. A qualidade da alimentação nas unidades de FCC é uma das principais variáveis determinante da qualidade dos produtos e da formação de coque sobre o catalisador, pois, dependendo dessa qualidade, é necessário mudar a severidade da reação, acarretando numa maior ou menor formação de coque e a necessidade de um aumento ou diminuição da queima deste no regenaredor. O processo FCC é principal unidade de conversão de uma refinaria. Atualmente, existem aproximadamente 350 unidades espalhadas pelo mundo, processando mais de 13 milhões de barris por dia. Elas são responsáveis por aproximadamente 45% da gasolina produzida no mundo (SADEGHBEIGI, 2000). A maioria dessas unidades foram desenvolvidas ou modificadas pelas 6 maiores detentoras dessa tecnologia, que são: - ABB Lummus Global; - Exxon Research and Engineering; - KBR (Kellogg Brown & Root) Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 20 Luciano Robassa Guelfi, graduação - Shell Oil Company - SWEC (Stone & Webster Engineering Company) - UOP (Universal Oil Product) Cada uma das companias desenvolveu ou melhorou projetos que hoje são patenteados por elas, porém, as operações necessárias para que ocorram as reações de craqueamento e a separação dos produtos são sempre as mesmas, mudando apenas características para melhoramento dessas. Essas operações foram separadas em seções, e estas que: - Preaquecimento da carga: A carga é preaquecida por outras correntes da refinaria. No final desta seção a carga ainda sofre um aquecimento num forno, para regulagem da temperatura. Porém é importante ressaltar que a energia térmica necessária para as reações não provém da carga da unidade. - Riser e Striper: O riser é a seção onde ocorrem as reações. O catalisador quente vindo do regenerador encontra com a carga fria na base de um tubo chamado de riser. Neste ponto a carga é vaporizada e fluidiza o catalisador. As reações ocorrem em cerca de três segundos e então, no final do riser, o catalisador é separado do fluido, por causa da diminuição da velocidade dos gases decorrente do aumento do diâmetro no final do riser. Os produtos seguem então para os ciclones, no topo da câmara plena, onde os finos do catalisador são separados. Depois disso, os gases seguem para o fracionamento. O catalisador coberto de coque segue para o striper, onde passa em contra corrente com vapor, usado para retirar o resto de produtos de reação que possam ter ficado sobre a superfície do catalisador. Após, o catalisador segue para o regenerador. - Regenerador: Nele ocorre a queima incompleta (formação de CO) do coque depositado sobre o catalisador com a injeção de ar quente sobre ele. O calor liberado para queima é o necessário para aquecer o catalisador, evaporar a carga e fluidizar, portanto, a maior parte da energia necessária no processo provém daí. Além de fornecer calor para o FCC, o CO gerado Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 21 Luciano Robassa Guelfi, graduação é ainda queimado em caldeiras para formar vapor. Em unidades mais modernas, ocorre a queima completa do coque no regenerador. Após essas seções, ainda há a seção de fracionamento, onde os produtos de reação são separados dos óleos mais pesados e da borra e a seção para tratamento dos gases, de onde saem os produtos do FCC. A Figura 3.1 mostra um esquema de uma unidade de FCC (modelo Exxon’s flexicracker) FIGURA 3.1 UNIDADE DE FCC FONTE: SADEGHBEIGI, 2000 Pela descrição das seções de reação e de regeneração de uma unidade FCC, percebe-se então que o catalisador não é somente essencial para que ocorra a reação, pois é de sua queima que vem energia necessária para a unidade. Portanto é preciso que ele sempre mantenha uma atividade constante, porém ele acaba desativando por causa de impurezas que vem junto com a carga (como vanádio) e também acaba se perdendo muitos finos nas saídas do regenerador e do riser. Por isso é preciso que seja sempre adicionado catalisador novo (virgem) no processo. Essa mistura de catalisador novo e catalisador usado que circula é dado o nome de catalisador de equilíbrio, ou E-cat. No Brasil, as empresas que Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 22 Luciano Robassa Guelfi, graduação fornecem os catalisadores para as refinarias também são responsável por destinar um fim para os E-cat’s, que são utilizados em construção civil. Nas primeiras unidades de FCC, na década de 1940, eram utilizados como catalisadores argila. Um pouco depois começaram a usar materiais sintéticos a base de alumino-silicatos, pois eram mais estáveis e tinham uma faixa melhor de produtos. A partir da década de 1950, passou-se a usar materiais com uma porcentagem maior de alumina, pois eram ainda mais estáveis. Porém a estrutura desses catalisadores era amorfa. Mas o grande salto nas unidades de FCC foi somente a partir da década de 1960, quando se passou a usar zeólitas como catalisador. As zeólitas aumentaram significativamente a atividade e a seletividade das unidades, isso porque elas são 1.000 vezes mais ativas que os alumino-silicatos amorfos (SADEGHBEIGI, 2000). 4. ZEÓLITAS Zeólitas são alumino-silicatos, normalmente com cátions do grupo I ou II A (mais comumente sódio). São estruturas cristalinas formadas por SiO4 e AlO4 ligados pelo átomo de oxigênio. Como o silício e o alumínio oxidados tem valência +4 e +3 respectivamente e o oxigênio tem valência -2, o tetraedro de alumina tem carga -1. Por esse motivo é necessário o íon Na+ para balancear (SADEGHBEIGI, 2000). O caráter ácido da zeólita é o que a confere a boa atividade e seletividade dela. O cristal tem sítios ácidos de Bronsted e de Lewis (SADEGHBEIGI, 2000). Os sítios ácidos de Lewis são os sítios ativos do catalisador, onde ocorrem as reações do FCC. Já os sítios de Bronsted são importantes por conferir atividade aos sítios de Lewis. Em processos de FCC o cátion Na+ é substituído pelo cátion H+, o que aumenta a sua atividade. Outra característica importante da zeólita é a sua distribuição de poros. Como é uma estrutura cristalina formada por tetraedros, a os seus poros são uniformes, do tamanho da câmara formada pela junção dos tetraedros, podendo assim dizer que a sua distribuição de poros é nula (RUTHVEN, 1984). Essa Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 23 Luciano Robassa Guelfi, graduação característica a distingui dos outros adsorventes pois a adsorção ocorre dentro do cristal, limitando o acesso pelo tamanho do poro (SCHEER, 2002). Outra característica interessante das zeólitas é que elas podem ser tanto hidrofílicas como hidrofóbicas, dependendo da razão Si/Al. As zeólitas com alto grau de sílica são mais hidrofóbicas, enquanto que as com valores mais próximos de 1 são hidrofílicas. A transição ocorre entre valores de Si/Al entre 8 e 10. A Figura 4.1 mostra a estrutura de uma zeólita tipo faujasita. Elas são as mais utilizadas em processos de FCC no tipo X (Si/Al 1 a 1,5) ou tipo Y (Si/Al 1,5 a 3) (RUTHVEN, 1984, SADEGHBEIGI, 2000). Em cada vértice se encontra um átomo de Si ou de Al, enquanto que as linhas seriam os átomos de oxigênio FIGURA 4.1 ZEÓLITA FAUJASITE FONTE: International Zeolite Association (acesso em: 08 fevereiro 2007) Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 24 Luciano Robassa Guelfi, graduação 5. OBJETIVO As zeólitas podem ser usadas tanto como catalisadores quanto como adsorventes e que, depois de desativadas em reatores de FCC, essas zeólitas são destinadas a construção civil. Procurando um fim mais nobre para esse material, este trabalho tem como objetivo testar E-cat’s exauridos oriundos de reatores de FCC como adsorventes para separação de hidrocarbonetos e para tratamento de água, levantando as isotermas de adsorção, as capacidades adsortivas do material e analisando se há algum risco ambiental em utilizar esses catalisadores para estes fins. 6. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO O catalisador de FCC foi cedido pela Refinaria Presidente Getúlio Vargas, REPAR (Araucária, PR). Antes de ser utilizado foi feito o tratamento térmico do catalisador em uma mufla a 600°C durante 24 horas e depois em uma estufa, para esfriar e evitar que umedecesse. A Figura 6.1 mostra o catalisador antes (a) e depois de ser calcinado na mufla (b). FIGURA 6.1 CATALISADOR a b Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 25 Luciano Robassa Guelfi, graduação A adsorção foi feita em banho finito, constituído por uma ampola de vidro com agitador em banho maria, para manter a temperatura e agitação constante. As Figuras 6.2 e 6.3 mostram o banho finito e a ampola de vidro respectivamente. FIGURA 6.2 BANHO FINITO FIGURA 6.3 AMPOLA DE VIDRO Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 26 Luciano Robassa Guelfi, graduação As misturas foram preparadas, colocadas na ampola de vidro e levadas ao banho para o aquecimento até 30°C. Quando atingia essa temperatura era acrescentado o catalisador calcinado e deixado agitar por 1 hora. Depois deste tempo a solução resultante era separada do catalisador por filtragem e centrifugação (para os hidrocarbonetos foi feita só a centrifugação pois o vácuo necessário para filtração fazia com que a mistura evaporasse no filtro). Essas soluções eram então pesadas e levadas para análise de concentração no Laboratório de Análises de Combustíveis Automotivos da Universidade Federal do Paraná (LACAUT). As misturas feitas foram de 0,03 e 0,5 em massa de azul de metileno em água e de 0,1 a 0,9 em mol de ciclohexano em n-hexano. O n-hexano utilizado foi da marca VETEC grau P.A., pureza 95% e o ciclohexano foi da marca Biotec grau P.A. pureza 99%. Tanto para as misturas de água com corante como as de hidrocarbonetos foram feitos pelo menos 1 teste com o catalisador não calcinado. Todos os experimentos foram feitos em triplicata. 7. RESULTADOS E DISCUSSÕES 7.1. MISTURA ÁGUA-CORANTE Para esta mistura foram feitas concentrações de 0,03 e 0,5 em massa de azul de metileno em água. Para a concentração de 0,03 foram feitos testes com o catalisador calcinado e o não calcinado. Para todas as misturas foi utilizado aproximadamente 1,0 g de catalisador A Figura 7.1 mostra a solução a 0,5 em massa de azul de metileno antes (a) e depois (b) da adsorção sobre o catalisador. O tom azulado e a turbidez da água na Figura 7.1 (b) é devido o catalisador em suspensão na água. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 27 Luciano Robassa Guelfi, graduação FIGURA 7.1 SOLUÇÃO DE AZUL DE METILENO (a) (b) As Figuras 7.2 e 7.3 mostram os resultados das análises de absorbância UV/Vis. FIGURA 7.2 ABSORBÂNCIA DE SOLUÇÕES A 3% E 50% 0,2 Absorbância 0,16 0,12 Padrão solução 50% solução 3% 0,08 0,04 0 600 620 640 660 680 700 Comprimento de onda (nm) Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 28 Luciano Robassa Guelfi, graduação FIGURA 7.3 ABSORBÂNCIA DE SOLUÇÕES A 3% 1 Absorbância 0,8 0,6 Padrão Não calcinado Calcinado 0,4 0,2 0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de Onda (nm) A curva azul da Figura 7.2 é a resposta característica do azul de metileno a absorbância UV/Vis. Como pode ser observado nas outras curvas da solução, mesmo com uma concentração maior, o catalisador calcinado foi capaz de adsorver todo o corante presente na solução, o que já tinha sido percebido visualmente na Figura 7.1. Já analisando a Figura 7.3 percebe-se que para esta concentração tanto o catalisador calcinado como o não calcinado conseguiram adsorver o corante, fato caracterizado pela ausência de um pico na faixa entre 600 e 700 nm. Porém podese observar que há alguns picos na faixa entre 200 e 400 nm, que não existem na solução padrão. Isso pode caracterizar a dessorção de um composto ainda desconhecido, que provavelmente é formado por ligações duplas ou anéis aromáticos. Também é possível observar que a concentração desses contaminantes é maior na solução em que foi usado o catalisador não-calcinado que naquela em que foi usado o catalisador calcinado. Segundo Stachiw et al (2006) o azul de metileno pode indicar a capacidade de adsorção do adsorvente para moléculas de tamanho semelhante, caracterizando a adsorção em mesoporos que são indicados para adsorção em fase líquida. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 29 Luciano Robassa Guelfi, graduação 7.2. MISTURA DE HIDROCARBONETOS As misturas de hidrocarbonetos foram de 0,1 a 0,9 em concentração molar de ciclohexano, variando em 0,1 em cada experimento. A quantidade de catalisador utilizado em cada mistura também foi de 1,0 g. Na Tabela 7.1 estão um comparativo entre as concentrações iniciais (corrigidas a partir das purezas) e finais de n-hexano nas misturas. TABELA 7.1 CONCENTRAÇÕES DE N-HEXANO CONCENTRAÇÃO INICIAL 0,900 0,792 0,691 0,590 0,490 0,390 0,292 0,194 0,098 CONCENTRAÇÃO FINAL 0,835 0,727 0,610 0,498 0,401 0,341 0,245 0,139 0,067 Também foi comparada a capacidade de adsorção entre o catalisador calcinado e o não calcinado para a concentração de 0,5. TABELA 7.2 CONCENTRAÇÕES DE N-HEXANO FINAL CONCENTRAÇÃO INICIAL CAT CALCINADO 0,490 0,401 FINAL CAT NÃO CALCINADO 0,413 Pelos resultados, observou-se que ocorreu a adsorção preferencial do nhexano, porém foi muito pequena. Essa baixa adsorção deve ser estudada em relação à afinidade com o adsorvente e o tempo suficiente de contato. Considerando que somente o n-hexano é adsorvido, pode-se montar a isoterma de adsorção da mistura, mostrada pela Figura 7.4 Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 30 Luciano Robassa Guelfi, graduação FIGURA 7.4 ISOTERMA DE ADSORÇÃO 0,04 massa adsorvida (mol/g) 0,035 0,03 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 Concentração Pela curva da isoterma, observa-se que pode ter ocorrido uma adsorção em multicamadas, do tipo IV pela classificação da IUPAC. Este tipo de isoterma é comum em materiais mesoporosos (SCHEER, 2002) e pode ser ajustada pelo modelo de BET. Em trabalhos de Newalkar et al (1999) sobre a adsorção de hidrocarbonetos em alumina, também se pode observar a adsorção em multicamadas para n-hexano. Em relação a capacidade máxima de adsorção, Lee et al. (2004), fazendo a adsorção de n-hexano em fase gasosa em catalisador de FCC virgem, chegou a valores menores que os encontrados neste trabalho, porém na adsorção de gases os microporos tem mais influência, limitando a adsorção a monocamada. E também, o catalisador usado no trabalho atual pode ter sofrido alteração na estrutura de poros por causa da severidade do processo de regeneração, aumentando a quantidade de mesoporos. Porém é importante ressaltar também que não foi encontrado na literatura trabalhos sobre a adsorção deste tipo de mistura sobre zeólitas. Com isso, não foi possível saber se houve somente a adsorção do n-hexano ou se ambos os hidrocarbonetos foram adsorvidos. A consideração que só o n-hexano foi adsorvido foi tomada pois, como os diâmetro das moléculas (5,1 Å para o nEstudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 31 Luciano Robassa Guelfi, graduação hexano e 6,9 Å para o ciclohexano) são menores que o tamanho do poro de uma zeólita com 12 oxigênios no anel (7,4Å), acredita-se que ambas poderiam entrar no poro, mas a linearidade do n-hexano faz com que seu transporte por difusão seja facilitado, explicando a sua adsorção ao invés da do ciclohexano. Esta facilidade de difusão de moléculas lineares é explicada em diversos trabalhos da literatura científica. Pelos resultados estarem baseados em considerações, não foi feito o ajuste do modelo. 8. CONCLUSÕES Pelos resultados pode-se perceber que o catalisador ainda mantém a sua atividade como adsorvente para a separação de um corante orgânico da água e para adsorver moléculas orgânicas em uma mistura dessas. Porém, como não há mais estudos na área, ainda não foi possível saber como ocorreu a adsorção desta última mistura e, com isso, não se pode concluir se a adsorção foi só do n-hexano e nem se o comportamento da adsorção é aquele caracterizado pela isoterma da Figura 7.4. Pela espectrofotometria percebeu-se que há algum contaminante no catalisador, que não pode ser identificado na cromatografia gasosa por ser pesado, o que era de se esperar, uma vez que o catalisador foi usado para promover reações de craqueamento de produtos da destilação a vácuo, que possuem alto ponto de ebulição. 9. SUGESTÕES A partir dos resultados adquiridos e das conclusões feitas durante este trabalho são sugeridos alguns passos para o prosseguimento desta pesquisa. A calcinação do catalisador foi feita por sugestão de outros pesquisadores, portanto foi assumido um tempo de 24 horas e a temperatura de 600°C. Porém este tempo e temperatura podem ser excessivos ou não. O ideal Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 32 Luciano Robassa Guelfi, graduação seria testar a capacidade de adsorção de catalisadores com diferentes tempos de calcinação e temperaturas. Como já citado, a capacidade de adsorção para a mistura água-corante não foi atingida. Para isso seria preciso alterar a massa de catalisador mantendo a mesma mistura e observar em que ponto a saturação do sólido é atingida. Através da cromatografia gasosa não foi possível identificar o contaminante. Seria preciso realizar ensaios diferentes para poder identificá-lo. Este estudo é de grande importância pois, se o catalisador for usado para tratamento de águas residuais, é preciso saber se o contaminante é poluente. Outro estudo importante seria o tempo de contato entre o catalisador e as misturas pois, para a mistura água-corante pode ter sido excessiva, porém, por outro lado, o da mistura de hidrocarbonetos pode ter sido muito curto. Como o catalisador foi cedido pela Petrobras já foi utilizado em uma unidade de FCC, ele passou por tratamentos antes de ser utilizado e foi exposto a altas temperaturas e condições diversas de operação. Isto pode alterar a estrutura do catalisador (como por exemplo fechando ou alterando os poros) e os íons que compõem a zeólita. Um estudo da estrutura e dos íons do cristal seria de grande importância para podermos limitar o tipo de moléculas que podem ser adsorvidas por este material. 10. ESTÁGIO SUPERVISIONADO INTEGRADO Durante o período de 18 de julho de 2005 a 17 de janeiro de 2006 o bolsista realizou o Estágio Supervisionado Integrado, matéria obrigatória do currículo do curso de Engenharia Química da Universidade Federal do Paraná e do programa PRH-24. O estágio foi realizado na Petroquímica União S.A. (PQU), localizada no Pólo Petroquímico de Capuava, em Santo André, SP. A PQU começou a ser construída em 1969, sendo finalizada em 1972 com o nome de Petroquímica União Ltda, tornando-se a primeira central petroquímica do País. 2 anos após a sua conclusão, por decreto do Governo Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 33 Luciano Robassa Guelfi, graduação Federal, o controle dela foi assumido pela Petrobrás Química S.A. (Petroquisa). Em 1994 ela passou por processo de privatização, sendo a última central petroquímica a passar para o controle privado. Atualmente a sua produção é de 500.000 toneladas de etileno por ano, porém ela está em processo de ampliação e irá aumentar sua produção para 700.000 toneladas de etileno por ano, com previsão de chegar a 1.000.000 toneladas até 2010. Além do etileno, são produtos da PQU o propileno, os butilenos, butadieno, benzeno, xilenos, tolueno, gasolina e outros. O processo principal da PQU é a transformação da nafta petroquímica, adquirida de refinarias da Petrobras (principalmente da REPLAN e da REVAP) em etileno em fornos de craqueamento térmico. Além desse processo, há também processos para hidrogenação de gasolina, reforma catalítica, produção de resinas, produção de polímeros e outros processos que buscam refinar os produtos petroquímicos. Para conseguir alcançar a meta de ampliação, está sendo implantada uma unidade para o processamento de gás de refinaria, gás rico em olefinas. Esta é uma unidade inédita no Brasil seu projeto básico foi feito em parceria com o Cenpes – Petrobras. Durante o estágio o bolsista conheceu as unidades de produção de olefinas e algumas unidades de produção de aromáticos, porém seus trabalhos foram concentrados em estudos para apoiar o projeto básico da Unidade de Processamento de Gás de Refinaria ou de capacidade de ampliação das unidades atuais. Entre as atividades, podem ser citadas o cálculo da evaporação de vasos de fluidos refrigerantes durante a parada para dimensionamento de válvulas de controle de pressão, simulação de colunas de destilação para a nova produção, elaboração da lista de linha da nova unidade e o balanço de produção de hidrogênio de diversas unidades. Além disso, o bolsista também pode entrar em contato com fornecedores brasileiros e estrangeiros, como fornecedores de internos de torres e de adsorventes e fazer cursos de capacitação fornecidos aos funcionários da PQU. Com todas as atividades desenvolvidas foi possível: aprender as diversas etapas de um projeto básico, assim como as diferenças entre a engenharia básica Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 34 Luciano Robassa Guelfi, graduação e a de detalhamento em uma indústria; conhecer uma central petroquímica e as características de empresas do setor; conviver no dia a dia com os diversos afazeres de uma indústria, entre os funcionários, compartilhando das responsabilidades. 11. VISITA A SIX No dia 26 de outubro de 2006 foi feita uma visita do PRH-24 a Unidade de Negócio da Industrialização de Xisto (UN–SIX), no município de São Mateus do Sul, PR. O xisto é uma rocha sedimentar que contém querogênio, um complexo orgânico que se decompõe termicamente e produz óleo e gás. O Brasil tem uma das maiores reservas de xisto do mundo, sendo que a maior delas está localizada na Formação Irati, que na região de São Mateus do Sul está mais superficial. O xisto é minerado a céu aberto e depois é transportado para um britador, que o reduz a pedras de até 8 centímetros. Em seguida, o mineral é levado continuamente por uma correia a um reator cilíndrico vertical - conhecido também como retorta, para ser aquecido a uma temperatura de aproximadamente 500ºC. A partir daí, o mineral libera matéria orgânica em forma de óleo e gás. Em seguida, o xisto passa por outra etapa, desta vez de resfriamento, que resulta na condensação dos vapores de óleo na forma de gotículas, que são transportadas para fora da retorta pelos gases. Essas gotículas, coletadas, constituem o óleo pesado. Após a retirada do óleo pesado, os gases de xisto passam por outro processo de limpeza para a obtenção do óleo leve. O restante é encaminhado para a unidade de tratamento de gases, onde são produzidos gás combustível e gás liquefeito (GLP), e onde também é feita a recuperação do enxofre. Com a retirada do óleo e gás da rocha, o que sobrou é levado para as cavas da mina para ser recoberto por uma camada de argila e solo vegetal, o que permite a utilização da área para a criação de animais, plantio e urbanização (PETROBRAS, acesso em 08 fevereiro 2007) Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 35 Luciano Robassa Guelfi, graduação Durante a visita foi feito um tour pelas áreas de mineração, de recuperação ambiental (uma antiga cava totalmente reflorestada) e industrial. FIGURA 11.1 ÁREA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL - SIX 12. EVENTOS Durante o período do programa, o bolsista participou de diversos eventos nos quais ele foi ou para apresentar trabalhos, para tomar conhecimento do desenvolvimento de pesquisas semelhantes a sua ou para conhecer o mercado de Petróleo e Gás. 12.1. SEMINÁRIOS PRH-24 Durante o primeiro semestre do programa, eram apresentados seminários dos trabalhos de outros bolsistas, para que todos os alunos e orientadores estivessem a par das pesquisas de todos. A partir da metade de 2005, os ciclos de seminários começaram a apresentar as empresas de Petróleo e Gás, mostrando onde os bolsistas podiam trabalhar, novas linhas de pesquisa e características do mercado. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 36 Luciano Robassa Guelfi, graduação 12.2. 6° ENCONTRO BRASILEIRO DE ADSORÇÃO O 6° Encontro Brasileiro de Adsorção ocorreu entre os dias 14 e 16 de agosto de 2006 na cidade de Maringá, PR, organizado por professores e pesquisadores de diversas instituições brasileiras. O evento é um fórum de discussões, no qual os pesquisadores discutem suas atividades e resultados de pesquisas desenvolvidas em suas universidades, indústrias ou centros de pesquisa. Entre as diversas palestras apresentadas, tiveram as do Prof. Douglas M. Ruthven, da University of Maine, autor de livros e de diversos artigos sobre adsorção e a do Prof. Randall Q. Snurr, da Northwestern University de Michigan. Neste evento o bolsista pode conhecer diversos trabalhos no ramo da adsorção, incluindo o trabalho do bolsista de Doutorado Rosalvo Stachiw, que também está reaproveitando catalisadores de FCC como adsorvente. 12.3. 14° EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPR O Evento de Iniciação Cientifica da UFPR é onde são apresentados os trabalhos de iniciação científica dos alunos da Universidade Federal do Paraná e ocorre anualmente. O 14° EVINCI ocorreu entre 04 e 06 de outubro de 2006. No evento todos os alunos inscritos devem apresentar seu trabalho no formato de painel e apresentação oral para serem avaliados por uma banca de professores da área. 12.4. REUNIÃO ANUAL DE AVALIÇÃO Nos dias 06 e 07 de novembro de 2006 foi realizado no Estação Embratel Convention Center, em Curitiba, PR, a Reunião Anual de Avaliação dos PRH Sul. Este evento foi organizado pelos PRHs 24 e 10. Durante o evento foram apresentados trabalhos de graduação, mestrado e doutorado de pelo menos um bolsista de cada programa do Sul do Brasil e Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 37 Luciano Robassa Guelfi, graduação foram feitas palestras apresentando os PRHs que estavam participando do evento. Também tiveram duas palestras: a primeiro com o Eng. Edson J. J. Souza, da SIX (Petrobras) e a segunda com o Prof. Arlindo Philippi Jr., da USP. Além da participação nas palestras e apresentações dos trabalhos e dos PRHs da região Sul, o bolsista também expôs o seu trabalho em forma de pôster. FIGURA 12.1 APRESENTAÇÃO POSTER RAA SUL 12.5. 16° CONEEQ O Congresso Nacional dos Estudantes de Engenharia Química (CONEEQ) é um evento anual que tem o objetivo de estimular o intercambio cientifico e cultural entre todos os estudantes de engenharia química, engenharia ambiental, engenharia de bioprocessos e química industrial do país. Durante o congresso ocorrem mini-cursos e palestras, que levam aos participantes o que há de mais novo e atual no cenário da engenharia química, e a mostra de Iniciação Científica, que estimula a pesquisa e produção acadêmica dos estudantes. O 16° CONEEQ ocorreu em Curitiba, durante os dias de 20 e 27 de janeiro de 2007. No evento o bolsista apresentou o seu trabalho em forma de pôster e foi classificado para uma das 30 apresentações orais do trabalho. Ele Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 38 Luciano Robassa Guelfi, graduação também participou do curso “Extração e Refino de Petróleo e Gestão Industrial”, ministrado pelo Eng°. Msc. Ney Machado, da Gerente de Planejamento e Controladoria da UN–REPAR. FIGURA 12.2 APRESENTAÇÃO POSTER 16° CONEEQ 12.6. 2006 AICHE ANNUAL MEETING O AICHE Annual Meeting acontece anualmente em uma cidade Americana e é organizado pela American Institute of Chemical Engineers. O 2006 AICHE Annual Meeting ocorreu em San Francisco, Califórnia, entre os dias 12 e 17 de novembro. O bolsista mandou trabalho para este evento e foi aceito para apresentação de painel. O trabalho não pode ser apresentado lá, mas o resumo foi publicado no CD-ROM do evento e pode ser visto também no site http://aiche.confex.com/aiche/2006/techprogram/P74257.HTM. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 39 Luciano Robassa Guelfi, graduação REFERÊNCIAS BASTA, N.; ONDREY, G.; MOORE, S. Adsorption holds its own: new sorbents and processes are breathing new life into a venerable unit operation. Chemical Engineering, novembro 1994 p. 39 – 43. BRANDÃO, P. C.; SOUZA, T. C.; FERREIRA, C. A.; HORI, C. E.; ROMANIELO, L. L. Avaliação do uso do bagaço de cana como adsorvente de derivados do petróleo contaminantes de efluentes In.: Encontro Brasileiro de Adsorção, 6°, 2006, Maringá. Anais do 6° Encontro Brasileiro de Adsorção, agosto 2006 p. 22 CAVALCANTE JR, C. L.; SILVA, N. M.; SOUZA-AGUIAR, E. F. SOBRINHO, E. V. Difusion of parafins in dealuminated Y mesoporous molecular sieve, Adsorption, 2003 n. 9 p. 205-212 COULSON, J.M.; RICHARDSON, J. F. Tecnologia Química. 3a ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, v. 3, p 573 – 576, 606 – 610. FOGLER, H. S. Elementos de engenharia das reações químicas 3 ed. 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Desenvolvimento de um sistema para simulação e otimização do processo de adsorção para avaliação da separação de misturas líquidas. Campinas, 2002, p 1 – 64. Tese (doutorado) – Faculdade de Engenharia Química, UNICAMP. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 41 Luciano Robassa Guelfi, graduação SMANIOTTO, A.; BATISTELLA, L.; PERUZZOLO, M.; DALLAGO, R. .M; Couro residual como adsorvente para a remoção de corantes de efluentes têxteis . In.: Encontro Brasileiro de Adsorção, 6°, 2006, Maringá. Anais do 6° Encontro Brasileiro de Adsorção, agosto 2006 p. 21 STACHIW,R.; NEVES JR., F.; ASSIS, L. M. Potencialidade do emprego de catalisadores exauridos de craqueamento catalítico fluido no tratamento de águas residuárias In.: Congresso Brasileiro ICTR, 3°, 2006, São Pedro. III Congresso Brasileiro ICTR Livro de Resumos, Agosto 2006. STACHIW, R.; CENTENO, T. M.; NEVES JR., F.; ASSIS, L. M. Estudo da capacidade adsortiva de compostos orgânicos em xisto. In.: Encontro Brasileiro de Adsorção, 6°, 2006, Maringá. Anais do 6° Encontro Brasileiro de Adsorção, agosto 2006. p. 155 TAKAHASHI, A.; YANG, R. T.; New adsorbents for purification: selective removal of aromatics, AIChE Journal, julho 2002, v. 48 n. 7 p. 1457-1468 WIKIPEDIA. Silica gel. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/ Silica_gel> Acesso em: 08 fevereiro 2007. Estudo de Adsorção Para Purificação e Separação de Misturas na Indústria Petrolífera 42