Dispositivos Eletrônicos Aula 09: Princípio de funcionamento de transistores bipolares (1/2) 1 Plano da Aula • Importância dos transistores • Revisão sobre diodos • Análise do diodo curto em polarização direta • Análise do diodo em polarização reversa • “Efeito” transistor • Construção de um “bom” transistor 2 Importância dos transistores • O objetivo: Controle da corrente em um par de terminais, através de outro par de terminais: I = f (V1 ) Uma fonte de corrente controlada em tensão pode agir como um amplificador de tensão! Ganho de tensão: AV = Vout = − KR L Vin Se KRL>1, o sinal (tensão) é amplificado!! 3 Importância dos transistores • No princípio, havia os eletromecânicos (lentos e “bouncing”): relés com • Observe que neste caso só há o controle liga-desliga, o circuito externo é quem definirá o valor da corrente, não o relé. Controle Carga Leia um pouco: http://pt.wikipedia.org/wiki/Relé 4 Importância dos transistores • Para controlar o valor da corrente, havia as válvulas termiônicas, mas estas demandavam muito espaço e potência... • O CRT de sua antiga TV é uma válvula (intensidade do feixe controlável). • O ENIAC foi construído com mais de 17.000 Leia um pouco: http://pt.wikipedia.org/wiki/Válvula_termiônica válvulas, e consumia 150kW!! http://pt.wikipedia.org/wiki/Tubo_de_raios_catódicos http://pt.wikipedia.org/wiki/ENIAC • Já pensou se o seu microprocessador fosse implementado com válvulas... • E aí vieram o Shockley e seus colegas... 5 Revisão sobre diodos Diodo curto sob polarização direta: No ponto 2: elétrons saem do diodo e lacunas “entram” no diodo No ponto 1: elétrons entram no diodo e lacunas “saem” do diodo (se recombinam na interface com o metal) 6 Revisão sobre diodos Diodo polarizado reversamente: A polarização inversa aumenta o campo elétrico na região de depleção Os elétrons no lado P (minoritários) que chegam na “borda” da região de depleção são acelerados pelo campo, e cruzam a região, chegando ao lado n Num diodo, os elétrons no lado P são minoritários, o que limita a corrente reversa. Mas e se conseguíssemos “injetar” elétrons até a fronteira da região de depleção do lado P? Foi esta a ideia: controlar a injeção de elétrons no lado P 7 Da junção PN ao transistor bipolar Os elétrons que atravessam a junção B-E difundem até a junção B-C, onde são acelerados pelo campo na região de depleção e atravessam a junção B-C (os elétrons são “coletados” pela região N à direita, chamada Coletor). 8 O transistor bipolar Transistor NPN: Para que o transistor funcione corretamente, é imprescindível que a base seja fina, para que os elétrons injetados do emissor na base cheguem ao coletor sem se recombinar. Do contrário, para haver corrente de Coletor precisaríamos de um fluxo de “lacunas assasinas” vindas do Coletor, o que não seria possível (lacunas são excassas no Coletor N). 9 O transistor bipolar Transistor NPN: A partir da tensão Base-Emissor, controlamos a injeção de elétrons na base (vindos do emissor), que por sua vez ao chegarem no coletor, constituem a corrente de coletor. Eis o tão sonhado controle!!! 10 O transistor bipolar VCE=VBE+VCB • podemos ter 4 possibilidades para as 2 junções: • B-E diretamente, B-C inversamente : Região ativa direta • B-E diretamente, B-C diretamente : Região de saturação • B-E inversamente, B-C inversamente: Região de corte • B-E inversamente, B-C diretamente : Região ativa inversa 11 O transistor bipolar O transistor NPN na região ativa direta: VBE > 0, VCB > 0 Dependendo da relação entre o comprimento de difusão dos elétrons na base (Ln) e a largura de base (WB), há uma parte dos elétrons que chega na base e se recombina. A corrente de base é formada pelas lacunas que cruzam a junção B-E e as lacunas que se recombinam com os elétrons na 12 Base. O transistor bipolar Desprezando a recombinação: IE IB IC 13 O transistor bipolar IE IB IC IC DnB N EWE =β ≈ IB D pE N BWB Para aumentar o ganho de corrente direto em emissor –comum (=IC/IB): • Base fina (WB pequeno) • NE>>NB Mostre que o ganho de corrente emissor-comum (β) de um transistor bipolar Si, para o qual: NE=1018, NB=1017, DnB/DpE=3, WB=0.2µm e WE=1µm é de 150. 14 O transistor bipolar Resumo das correntes para a região ativa direta (VBE > 0, VCB > 0) VBE I C = I S exp VT 1 VBE I B = I S exp β VT VBE 1 VBE β +1 IE = I S exp = ⋅ I S exp VT VT β αF β αF é o ganho de corrente αF = base-comum (= IC/IE < 1) . β +1 IE, IB e IC proporcionais à área do emissor!! 15 O transistor bipolar Com base nas equações do slide anterior, veja alguns exemplos de modelos simplificados não-lineares equivalentes (transistor NPN na região ativa direta): I C = I S exp IE = 1 αF VBE VT ⋅ I S exp VBE VT I C = I S exp IE = 1 αF ⋅ I S exp I C = I S exp VBE VT VBE = αF IE VT IB = 1 β VBE VT I S exp VBE VT 16 O transistor bipolar Visualização das correntes (dados experimentais do BF494): IB BF494 1V 60 mV / década ⇒ η ≈ 1 β I C = I S exp IB = 1 β VBE VT I S exp VBE VT Para determinar o β do transistor, basta dividir um valor de corrente de coletor pelo respectivo valor de corrente de base. Neste transistor, perceba que β ≈ 100! 17 O transistor bipolar O transistor PNP na região ativa direta: VBE > 0, VCB > 0 IB IE IC Este transistor é o “dual” do transistor NPN: a análise pode ser feita trocando-se elétrons por lacunas e vice-versa. Observe que neste transistor a corrente “coletada” é de lacunas, cuja mobilidade é menor que a dos 18 elétrons. O transistor bipolar Visualização do sentido das correntes: Se IS=2⋅10-15A e β=100, mostre que IB=100µA, IC=10mA e IE=10.1mA em cada circuito, caso a junção B-E seja polarizada com 0,7574V (adote VT=0,0259V, e suponha que a junção B-C está reversamente polarizada com 1V). 19 Resumo dos pontos importantes • Transistor bipolar: dispositivo em estado sólido que pode dar ganho de potência (ativo) • O efeito transistor é o controle da corrente de coletor através da tensão de controle aplicada na junção base-emissor • Como qualquer outro dispositivo, sua construção física determina seu desempenho • As aplicações são inúmeras (veremos a seguir) 20 Cronograma de atividades • Não pense que você vai aprender revisando os slides: LEIA O LIVRO! Sugere-se o seguinte cronograma: Atividade Duração Razavi: Capítulo 4 até 4.4.2 (incluso) 60 minutos Revisão dos slides 45 minutos Resolução analítica das questões (5 minutos/questão) 35 minutos Simulação das questões (5 minutos/questão) 35 minutos Total: 2h55min de atividades. Se você levar muito mais tempo do que esta previsão, converse com o professor. 21 Exercícios: trazer antes da próxima aula As questões são individuais, use a tabela de valores! 22 Exercícios pra trazer na próxima aula Supondo IS=ISX e β=BETA, determine os valores de corrente na base e no coletor, se: (a) VA = 0,4 V V I C = I S exp BE (b) VA = 0,7 V VT IB = 1 β I S exp VBE VT 23 Exercícios pra trazer na próxima aula Supondo IS=ISX e β=BETA, determine os valores de tensão na base e no coletor, e o valor de VBC (tensão base-coletor). I C = I S exp IB = 1 β VBE VT I S exp VBE VT Raciocínio: O problema dá a corrente de base. Dispondo do valor de β, você encontra a corrente de coletor. Dispondo da corrente de coletor, você encontra a tensão base-emissor. Ainda, dispondo da corrente de coletor, você determina a tensão no coletor. 24 Exercícios pra trazer na próxima aula Supondo IS=ISX e β=BETA, determine os valores de tensão no emissor e no coletor, e o valor de VBC (tensão base-coletor). I C = I S exp IB = 1 β VBE VT I S exp VBE VT 25 Exercícios pra trazer na próxima aula A configuração mostrada ao lado, com a associação de dois transistores NPN, é chamada de transistor Darlington (ou par Darlington). Ela pode ser utilizada quando se precisa de um grande valor de β. 26 Exercícios pra trazer na próxima aula Supondo IS=ISX e β=BETA em ambos os transistores do par Darlington abaixo, determine os valores de corrente nos pontos B, C, D, E e F indicados abaixo. Calcule ainda os valores de tensão nos pontos A , B e F. Qual o valor do ganho de corrente do par Darlington, ou seja, qual a razão entra a corrente no ponto F e aquela no ponto A? I C = I S exp IB = 1 β VBE VT I S exp VBE VT Raciocínio: O problema dá a corrente no ponto A. Dispondo do valor de β, você encontra a corrente no ponto D. Em seguida, com Kirchoff, você determina a corrente no ponto B. Dispondo do valor de β, você encontra a corrente no ponto E, e assim por diante. 27 Exercícios pra trazer na próxima aula Supondo IS=ISX e β=BETA tanto para o transistor NPN quanto para o transistor PNP abaixo, determine com precisão os valores de tensão nos pontos A e B. 28 Exercícios pra trazer na próxima aula Supondo IS=ISX e β=BETA para o transistor NPN, e IS=2·ISX e β=1,1·BETA para o transistor PNP abaixo, determine com precisão os valores de tensão nos pontos A, B e C. 29