INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/ SOEBRAS Adriana Carboni Biehl ORTODONTIA LINGUAL Porto Alegre, 2012 ADRIANA CARBONI BIEHL ORTODONTIA LINGUAL Monografia apresentada à FUNORTE/ SOEBRAS Núcleo Porto Alegre como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Sousa Ruela Porto Alegre, 2012 Biehl, Adriana Carboni Ortodontia Lingual / Porto Alegre, 2012. 67 f. Monografia (Especialização em Ortodontia) – Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE/ S0EBRAS . Orientador Prof. Dr. Ronaldo de Sousa Ruela. 1.Tratamento Ortodôntico 2. Ortodontia Estética I.Título FUNORTE- NÚCLEO PORTO ALEGRE Adriana Carboni Biehl Ortodontia Lingual Monografia apresentada ao programa de pós-graduação do Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE/ SOEBRAS Núcleo Porto Alegre, como parte dos requisitos a obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Sousa Ruela DATA DA APROVAÇÃO: 09/10/12 MEMBROS DA BANCA: PROF. ALCIR ROSOLEN (MESTRE) INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FUNORTE PROFA. GISELA GRIPPA FURTADO (ESPECIALISTA) INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FUNORTE PROFA. MAYÁ BORGES DE MEDEIROS (MESTRE) INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FUNORTE Porto Alegre- 2012 Dedico este trabalho de conclusão de curso aos meus amores que são a minha família e meu amado Theo. Vocês me acompanham nesta jornada com muito amor e incentivo, sendo meus amigos e exemplos de vida. Por isso, dedico cada linha deste trabalho a vocês. AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os meus queridos colegas e professores, que fizeram parte deste meu caminho de aprendizado e que me fez ainda mais apaixonada por esta profissão que tanto me orgulha. Cada um com as suas peculiaridades acrescentaram tanto para o meu conhecimento e alegria nos dias que passamos juntos nestes três anos de convivência. Com certeza levo na bagagem, além conhecimento adquirido, muitos amigos que ficarão para sempre. do “O essencial é invisível aos olhos...“. Saint Exupéry RESUMO A cada geração e a cada década, o conceito de estética se torna mais essencial ao ser humano e aos seus anseios. Atualmente, com a globalização, a busca pela beleza, pela estética e rejuvenescimento vem sendo alvo de uma busca incessante por profissionais de diversas áreas. Na odontologia não é diferente, já que, a harmonia da face é percebida pelo sorriso, e a ortodontia é uma das áreas responsáveis por tornar o sorriso mais agradável. Hoje o aparelho ortodôntico mais estético é o aparelho lingual, com a colocação dos braquetes na face lingual dos dentes. Essa técnica surgiu no final da década de setenta, e, portanto, muita coisa se modificou em trinta anos. Atualmente, as empresas investem cada vez mais neste setor, ocorrendo assim uma evolução na qualidade dos fios, nos braquetes e na técnica em si. Por se tratar de um tipo de Ortodontia na qual é preservada a estética bucal e também facial do paciente, esta se torna indispensável para o profissional como uma opção de tratamento. Este trabalho tem como objetivo realizar uma recente revisão de literatura sobre o tratamento Ortodôntico Lingual. Palavras chave: Ortodontia lingual. Braquetes linguais. Ortodontia Estética. ABSTRACT Every generation and every decade, the concept of aesthetics becomes more essential to human beings and their expectations. Currently, the process of globalization, the search for beauty, the aesthetic and rejuvenation has been the target of a relentless search for professionals in different areas. In dentistry could not be different, after all, the harmony of the face is perceived by the smile, orthodontics and is one of the areas responsible for making the smile more enjoyable. Today more aesthetic braces is lingual braces, with the placement of the brackets on the lingual surface of teeth. This technique has emerged in the late 70s, and so much has changed in 30 years. Currently, companies are increasingly investing in this sector, thus leading an evolution in the quality of the wires in the brackets and the technique itself. Because it is a type of Orthodontics which is preserved in the oral aesthetics and also the patient's face, it becomes essential for the professional as a treatment option. This work aims to conduct a review of recent literature on the Lingual orthodontic treatment. Keywords: Orthodontics. Lingual Orthodontics. Lingual brackets. Aesthetic LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 Aparatologia lingual de Kurz 14 Figura 02 A Primeira geração do aparelho Ormco 20 Figura 02 B Sétima geração do aparelho Ormco 20 Figura 03 A 21 Figura 04 Braquete lingual da sétima geração da Ormco em vista lateral Braquete lingual da sétima geração da Ormco em vista frontal com bite plane Oclusão com bite plane Figura 05 A Braquete do pré-molar Stb da Ormco 23 Figura 05 B Braquete da Ormco montado na arcada superior 23 Figura 05 C Braquete da Ormco montado na arcada superior 23 Figura 05 D Braquete de incisivo inferior STb da Ormco 23 Figura 06 Braquete In-Ovation L (GAC) autoligante interativo 24 Figura 07 Base anatômica In-Ovation L (GAC) 24 Figura 08 A Modelo inicial digitalizado 27 Figura 08 B Setup virtual do Sistema Orapix 27 Figura 09 Imagem em detalhe escaneada da superfície lingual 27 Figura 10 27 Figura 13 Braquetes dispostos em conjunto para a técnica do arco reto Vista frontal do modelo de gesso setup simulando a correção da maloclusão mostrando como ficará o caso ao final do tratamento Vista lateral direita do modelo de gesso setup simulando a correção da maloclusão mostrando como ficará o caso ao final do tratamento Setup sendo escaneado para o sistema Incognito Figura 14 Acessórios customizados cópia da superfície lingual 29 Figura 15 Vista oclusal do arco superior com os braquetes individualizadosde última geração confeccionados em ouro Em detalhe os braquetes dos incisivos inferiores 29 Aparência do arco lingual (verde) e do arco vestibular (azul) na arcada inferior 31 Figura 03 B Figura 11 Figura 12 Figura 16 Figura 17 21 21 28 28 29 29 31 Figura 21 Aparência do arco lingual (amarelo) e do arco vestibular (azul) na arcada superior Traçado de linhas de orientação BBS para o posicionamento dos braquetes Confecção do guia individual com pistola de cola quente diretamente no setup Guia de colagem individual identificado Figura 22 Guia de colagem individual identificado 43 Figura 23 Detalhe do guia pronto para colagem indireta 43 Figura 18 Figura 19 A,B,C Figura 20 39 42 42 LISTA DE TABELAS Tabela 01 Aparelho pré-fabricado X individualizado Tabela 02 Altura dos braquetes In-Ovation anteriores superiores (mm) Altura dos braquetes In-Ovation anteriores inferiores Aparelho Lingual X Labial Tabela 03 Tabela 04 26 L para os dentes 40 L para os dentes 40 48 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 2 PROPOSIÇÃO 13 3 REVISÃO DA LITERATURA 14 3.1 Histórico 14 3.2 Diagnóstico e Indicações da Técnica Lingual 17 3.3 Aparatologia Lingual 20 3.3.1 Braquetes 20 3.3.2 Tecnologias digitais 25 3.3.3 Arcos Linguais 31 3.4 Sistemas de Colagem 32 3.4.1 Técnicas que necessitam setup 35 3.4.1.1 Class System 35 3.4.1.2 Class System Modificado 35 3.4.1.3 MPB System 36 3.1.4.4 HIRO System 36 3.4.2 Sistemas que não utilizam setup 37 3.4.2.1 Sistema T.A.R.G. 37 3.4.2.2 B.E.S.T System 38 3.4.2.3 Sistema BBS 38 3.4.2.4 SLOT Machine 40 3.4.3 Sistemas que utilizam setup virtual 41 3.4.3.1 Incógnito Bracket system 41 3.5 Moldeiras de transferência 41 3.6 Colagem indireta do Aparelho 43 3.7 Características da Técnica Ortodôntica Lingual 43 4 DISCUSSÃO 49 5 CONCLUSÃO 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63 11 1. INTRODUÇÃO Por muito tempo, o tratamento ortodôntico foi mais associado a crianças e adolescentes, sendo considerado raro e até contraindicado para adultos. Atualmente, são comuns pacientes adultos utilizando aparelhos ortodônticos. Por motivos estéticos e sociais, os adultos estão buscando a correção do seu sorriso, porém, muitos pacientes recusam-se a utilizar aparelhos ortodônticos que possam ser visíveis ao falar e ao sorrir. A técnica lingual oferece a opção mais estética de tratamento ortodôntico já que os braquetes não ficam visíveis e não ocorre a protuberância labial. A história da ortodontia lingual remonta a meados da década de 70 quando ortodontistas dos Estados Unidos (Craven Kurz) e do Japão (Kinya Fujita), atendendo a um apelo estético de um seleto público de pacientes, desenvolveram, na mesma época, o aparelho ortodôntico lingual. Neste, os braquetes são colados nas superfícies palatinas ou linguais dos dentes não sendo percebidos durante as atividades normais. Entusiasmados com a grande demanda de pacientes que buscavam uma “ortodontia invisível” e satisfeitos com os resultados iniciais alcançados com a nova técnica, muitos ortodontistas se lançaram a tratar usando a filosofia lingual. Porém, por não haver o treinamento necessário disponível dessa nova técnica e pela introdução prematura dos braquetes linguais (que não estavam completamente desenvolvidos) problemas começaram a surgir, o que levou a um descrédito da técnica. Assim, muitos profissionais, erroneamente, acreditaram que a técnica lingual era menos efetiva que a labial por se depararem com problemas na colagem e controle dos arcos do aparelho lingual. Dessa forma, a rápida ascensão das pesquisas em ortodontia lingual conheceu seu declínio. Em contrapartida, as companhias lançavam aparelhos de braquetes labiais menores (com melhor contorno e acabamento) e braquetes estéticos de policarbonato ou cerâmica (com mesma cor do dente) como alternativa aos aparelhos metálicos. Nesse contexto, estava, 12 pelo menos parcialmente, solucionado o apelo estético dos pacientes para a época e estagnado o avanço da técnica nos EUA. Contudo, mesmo diante dessas frustrações iniciais, a técnica lingual continuou a ser desenvolvida na Europa e em países asiáticos e, a partir dos anos noventa ela adquiriu novamente credibilidade. Com profissionais mais cautelosos, empresas começaram a investir novamente em pesquisas e a técnica sofreu modificações difundindo-se assim pelo resto do mundo. Hoje, o aparelho ortodôntico lingual tem se mostrado efetivo, sendo possível alinhar os dentes e corrigir as más-oclusões. Com as novas versões de braquetes, cujas bases são menos espessas e os contornos são mais suaves, melhorou-se o conforto do paciente. Porém, apesar destas modificações, os braquetes linguais ainda causam algum desconforto inicial, que vai depender do grau de sensibilidade e da motivação do paciente. A conseqüência dessas inúmeras modificações e melhorias, que aconteceram tanto para o profissional quanto para o paciente, é que o tratamento ortodôntico com a técnica lingual tem crescido, sendo uma interessante solução para aqueles pacientes que evitam o tratamento ortodôntico devido a problemas estéticos. Como parte deste processo, o objetivo deste trabalho será discutir e orientar o profissional na área da ortodontia, em relação a conceitos e técnicas da ortodontia lingual quando comparadas convencional com fulcro em uma revisão de literatura. à ortodontia 13 2. PROPOSIÇÃO A proposta desse estudo foi realizar uma revisão de literatura a respeito da Ortodontia Lingual em relação a seu histórico, suas indicações e contraindicações assim como técnica e materiais utilizados, elucidando vantagens e desvantagens em comparativo com a mecânica tradicional vestibular. 14 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 HISTÓRICO A ortodontia lingual foi criada na década de 70, quando motivado pela solicitação de uma modelo da Playboy club que queria alinhar seus dentes de uma forma “invisível” para que não interferisse na sua carreira profissional , o Dr. Craven Kurz, decidiu improvisar e utilizar braquetes convencionais edgewise, usados para serem colados na superfície vestibular , colando-os nas superfícies linguais dos dentes (Fig. 01). Com os resultados positivos alcançados, o Dr. Kurz decidiu desenvolver a nova técnica sendo apoiado pela empresa Ormco (uma das maiores fabricantes de braquetes dos Estados Unidos) (KAIRALLA et al., 2010; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). FIG. 01: Aparatologia lingual de Kurz, C. Lingual Orthodontics Curse of Syllabus. Boston 1996. FONTE: LEMOINE, 2004 Assim, a partir de 1976, o Dr. Kurz juntamente com a Ormco desenvolveram a primeira geração de braquetes linguais e, nessa mesma época o apresentou perante a oficina de patente nos Estados Unidos (ILARIA, 2008). 15 Em 1978 foram realizados estudos que mensuravam a superfície lingual dos dentes objetivando reduzir o tamanho das bases dos braquetes para facilitar a colagem lingual. Também a forma do arco lingual foi estudada topograficamente para que fossem estabelecidas angulações e torques. Dessa forma o aparelho inicial foi manufaturado em 1979 com recursos apropriados de função e conforto ao paciente (PRIETO, 2006). Em 1979, o Dr Fujita da Universidade de Kanagawa no Japão publicou um artigo descrevendo o arco lingual no formato de cogumelo ou mushroom (KAIRALLA et al., 2011) e também os braquetes com encaixe por oclusal (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). Porém, o estímulo do Dr. Fujita não era o fator estético, mas sim desenvolver uma ortodontia que evitasse traumatismos em praticantes de lutas marciais no Japão que eram muito comuns naquela época (CREPALDI et al., 2011). Este trabalho destacava a dificuldade de adaptação com a pronúncia na primeira semana, e desvantagens como o tempo longo de cadeira, irritação da língua e dificuldade de higienização. Porém, observava que nenhum paciente o descartava como melhor opção estética devido a esses inconvenientes (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). Para ganhar credibilidade no novo braquete, a Ormco formou em 1980 a Lingual Task Force, que consistia em um grupo de profissionais especialistas encarregados em ajudar a desenvolver o desenho do novo braquete e criar uma mecanoterapia para a superfície lingual (KAIRALLA et al., 2011; PRIETO, 2006) com todos concordando que a técnica não seria comercializada neste momento (DAMIAN, 2006). A intenção da Task Force e da Ormco era desenvolver o sistema lingual, melhorá-lo e divulgar a nova técnica, bem como orientar outros profissionais interessados nela (KAIRALLA et al., 2011). Em setembro de 1981 aconteceu o primeiro seminário de Ortodontia Lingual, sendo sediado pela Ormco e contando com a presença de 38 avaliadores especialistas. Ocorreu que em menos de um ano, janeiro de 1982, foi aumentado para 45 o número de especialistas que aplicavam a técnica com 520 casos em tratamento e, em setembro de 1982, 2.865 pacientes 16 estavam em tratamento com a técnica lingual (PRIETO, 2006). Essa “febre” pela ortodontia lingual nos EUA com a crescente expectativa por essa alternativa estética induziu os pesquisadores a desenvolverem precocemente o aparelho lingual para o uso em alta escala sem que as pesquisas estivessem finalizadas. Assim, os ortodontistas começaram a fazer uso da técnica sem que os critérios mecânicos e de controle estivessem completamente definidos. (ETO, 2008; ETO e TINAMO, 2007; MONINI et al., 2008). Observa-se que essa precipitação na divulgação da técnica lingual ocorreu devido à necessidade de muitos autores em aumentar o número de pacientes em seus consultórios e manterem-se atualizados em novas técnicas, além do marketing em oferecer um tratamento ortodôntico estético e invisível (KAIRALLA et al., 2011; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). Ocorreu que dificuldades com a técnica lingual começaram a surgir, pois a técnica era experimental, “tentativa e erro” e muitos ortodontistas americanos perderam o controle de seus tratamentos (KAIRALLA et al., 2010; DAMIAN 2006). A inevitável conclusão, alcançada pela maioria dos ortodontistas que iniciou a mecânica lingual, foi que dentes não podiam ser alinhados com aparelhos linguais. Todavia, esta foi uma conclusão prematura baseada apenas em aparelhos disponíveis naquele momento. Estes aparelhos linguais eram modificações dos aparelhos vestibulares mais sofisticados existentes – aparelhos que fazem o tratamento ortodôntico vestibular muito eficiente e preciso. Porém, o ambiente lingual era diferente. O que funciona bem no aspecto labial não necessariamente funciona bem no ambiente lingual. O que era necessário para o aparelho lingual não era simplesmente uma adaptação da tecnologia vestibular existente, mas sim um novo design radical para desenvolver uma solução sob medida para as exigências especiais da Ortodontia Lingual, um sistema que faria o tratamento da face lingual eficiente e preciso como o tratamento da face vestibular (CREEKMORE, 1989). 17 Assim, por volta do ano 1982 a ortodontia Lingual alcançou seu apogeu e logo começou a diminuir lentamente. Também a aparição dos braquetes transparentes / cerâmicos contribuiu para que a ortodontia lingual alcançasse seu nível mais baixo de interessados (LEMOINE, 2004). A ortodontia Lingual ficou desacreditada, principalmente nos EUA, devido aos insucessos recorrentes e também ao despreparo dos profissionais que nela atuavam, porém, em outras partes do mundo como no Japão e Europa, a técnica continuou sendo estudada e desenvolvida por um número de profissionais mais cautelosos e criteriosos (KAIRALLA et al., 2011). Assim, a partir dos anos 90 do século passado, ela obteve novamente credibilidade, inseriu-se no resto do mundo com grandes empresas investindo mais em pesquisas (KAIRALLA et al., 2010). As dificuldades causadas pelos braquetes cerâmicos, como por exemplo, fratura do esmalte, das haletas dos braquetes e controle de torque, entre outros, também começaram a ser notadas. Dessa forma, o uso dos braquetes linguais lentamente começou a ressurgir (LEMOINE, 2004). Assim, muitas modificações foram feitas, tanto em máquinas para facilitar a técnica quanto nas peças do aparelho (braquetes). Desse modo, atualmente, a técnica pode ser indicada para os diferentes tipos de más oclusões, inclusive para casos que envolvam cirurgia ortognática (KAIRALLA et al., 2010). 3.2 DIAGNÓSTICO E INDICAÇÕES DA TÉCNICA LINGUAL De acordo com Sada-Garralda (2005), para fazer o diagnóstico, é necessário, bem como em qualquer técnica de Ortodontia convencional (vestibular), obter o máximo de informações através de história clínica, raios-x, modelos e fotos. Não é necessário ter qualquer registro específico para esta técnica. A Ortodontia Lingual é muito bem indicada para casos de protrusão, expansão e aumento da dimensão vertical, mas pode ser utilizada em quase todos os casos (PRIETO, 2006). Também Echarri (2003) confirma 18 que todos os casos podem ser tratados com a Ortodontia Lingual, porém, ressalta que existem casos mais favoráveis e menos favoráveis à utilização desta técnica. A saber: CASOS FAVORÁVEIS: Casos de apinhamentos leves e mordida profunda anteriores; Superfícies linguais íntegras, grandes e uniformes; Ausência de doenças gengivais; Colaboração do paciente Paciente classe I esquelética; Paciente mesofacial ou braquifacial moderado. CASOS DESFAVORÁVEIS: Padrão facial dolicofacial; Quando ancoragem máxima é fundamental; Superfícies linguais curtas ou mutiladas; Presença de coroas e restaurações múltiplas; Ausência ou pouca colaboração do paciente Para indicá-la deve-se atentar para a altura existente entre a gengiva e a borda oclusal dos dentes do paciente, já que é necessário uma margem para a colagem dos braquetes. Assim, pacientes que possuam pouca altura na coroa clínica lingual de seus dentes tem uma contra-indicação parcial devido a dificuldade de colagem do aparelho e também à higiene ser muito mais complicada. Também é necessário fazer um exame detalhado em toda a superfície lingual dos dentes, averiguando quais que possam ocasionar problemas de adesão para os braquetes. Coroas de porcelana ou metálicas precisam ser substituídas para executar a técnica lingual (SADA-GARRALDA, 2005). Crepaldi et al., (2011), salientam que o tratamento ortodôntico lingual é indicado para pessoas cuja estética é o fator de maior preocupação, reforçando que a técnica pode ser aplicada em casos com e sem extrações. Também afirma que a Ortodontia Lingual é indicada para pacientes que tenham boa saúde periodontal, casos com mordida 19 profunda, pacientes que possuem boa abertura bucal e praticantes de esportes (protegendo-os de cortes em tecidos moles no caso de traumatismos). Não existem limitações ao tratamento multidisciplinar. Pode ser usada em casos onde serão colocados implantes, bem como para abrir espaços ou para utilização como ancoragem. Pode ser usada em casos onde há discrepância esquelética com necessidade de cirurgia ortognática. Também é possível tracionar caninos retidos até mesmo em pacientes adultos. Qualquer tipo de má oclusão é tratável com este sistema, tanto mordidas abertas quanto profundas, casos de levantamentos, etc (SADA GARRALDA, 2005). Como contra-indicações para a técnica pode-se citar pacientes com baixo nível de tolerância, presença de coroas múltiplas, pontes e grandes restaurações. Também pacientes com abertura de boca limitada, padrão dolicocefálico, discrepância dento-alveolar e presença de anquilose (CREPALDI et al., 2011). Para obter-se sucesso com a terapia lingual há que se considerar o auxílio de um especialista em motricidade orofacial, principalmente nas primeiras consultas. Outro fator importante é a comunicação, prévia à instalação da aparatologia, aos pacientes do potencial de restrição do conforto oral, articulação de palavras, mastigação e higiene oral independente do sistema de braquetes a serem utilizados (ARAÚJO et al., 2009). Echarri (2003) complementa que durante a pronúncia de determinadas letras, em especial o “r”, “s” e o “t”, e durante a mastigação e deglutição existe grande possibilidade de ocorrerem lesões na língua, porém, esses problemas, em média, são superados em três semanas. Assim, o diagnóstico e plano de tratamento de cada caso não difere em relação à técnica que será utilizada, portanto, não se faz necessário planos de tratamento especiais para trabalhar-se com a técnica lingual (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). É interessante ressaltar que semelhante às técnicas tradicionais, é indispensável, além da capacitação profissional, um diagnóstico diferencial e um plano mecânico de tratamento compatível 20 com os objetivos, expectativas e grau de cooperação do paciente, o que fará do tratamento ortodôntico um sucesso, com satisfação do profissional e do paciente (CREPALDI et al., 2011). 3.3 APARATOLOGIA LINGUAL 3.3.1 Braquetes O primeiro modelo de aparelho lingual foi desenvolvido por Craven Kurz no início dos anos 70. Este aparelho era composto por braquetes plásticos que através de desgastes foram transformados e colados nas faces linguais dos dentes anteriores, sendo mantidos braquetes metálicos na lingual dos dentes posteriores. Em 1979 a Ormco iniciou a produção em massa de braquetes para a superfície lingual (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). Em 1976, surgiu a primeira geração dos braquetes de Kurz que já era composta pelo plano de mordida. Sua evolução consistiu em fazê-los menores, agregar ganchos e corrigir as propriedades mecânicas dos mesmos (Fig. 02 A e B) (CREPALDI et al., 2011; DAMIAN, 2006). Fig. 02 A) 1° Geração do Aparelho Ormco Fig. 02 B) 7° geração do Aparelho Ormco FONTE: LEMOINE,2004 Os braquetes desenvolvidos por Kurz e produzidos pela companhia Ormco estão na sua 7ª. Geração (Fig. 03 A e B) e chegaram ao seu estágio atual no ano de 1990. Foram eleitos e estudados pelo Dr. Fillion em 1998, por possuir as seguintes vantagens: os braquetes da região 21 anterior superior apresentam um batente anterior que permite a correção da mordida profunda (bite plane) (Fig.04), também ganchos gengivais que permitem a colocação de elásticos e a espessura do braquete que permite a correção de rotações (KAIRALLA et al., 2011). Fig. 03 A) Braquete lingual da 7° geração da Ormco em vista lateral Fig. 03 B) Braquete lingual da 7° geração da Ormco em vista frontal com bite plane. FONTE: KAIRALA et al., 2011 Fig. 04: Oclusão com bite plane FONTE: LEMOINE, 2004. Para Ilaria (2008) os braquetes linguais podem ser classificados em função de sua ranhura em horizontais ou verticais. Ranhura horizontal: Neste desenho de ranhura encontramos, por exemplo, os braquetes da Ormco em qualquer uma de suas gerações. Apresentam um plano de mordida nos braquetes dos incisivos e caninos 22 superiores com o intuito de diminuir a descolagem dos braquetes quando ocorrer a oclusão com os incisivos inferiores. Ranhura Vertical: Neste caso temos, entre outros, os braquetes de inserção desenhados pela Dentaurum. Peças linguais com variadas dimensões vêm sendo testadas e, embora todas induzam mudanças significativas na cavidade bucal e nas suas funções, é consenso que quanto menor for o dispositivo, menos alterações serão provocadas por eles (ARAÚJO et al., 2009). Além da diminuição do tamanho dos braquetes, ressalta-se que alguns também são autoligados. Estes possuem a característica de prender o fio ortodôntico no slot do braquete por meio de aletas ou clips, o que evita o uso de amarrilhos metálicos ou ligaduras elásticas. Dessa forma o deslize do fio fica facilitado e o atrito entre eles é diminuído, o que gera maior rapidez ao tratamento (KAIRALLA et al., 2010). Os braquetes autoligados podem melhorar o desempenho do tratamento ortodôntico lingual devido a sua melhor qualidade. Devido à baixa fricção as forças para a movimentação dentária são menores e mais previsíveis, causando uma força recíproca menor levando a um melhor controle da ancoragem. Entre os principais benefícios dos braquetes autoligados estão a melhora na eficácia clínica e a economia de tempo, já que a substituição do arco é mais rápida e mais fácil (KAIRALLA et al., 2011). Em 2005 a Forestadent desenvolveu os braquetes autoligados 2D com objetivo de disponibilizar uma abordagem lingual de baixo custo e descomplicar muitos fatores do tratamento lingual convencional, mas ainda assim, alcançar excelentes resultados. Os braquetes linguais 2D foram introduzidos na década de 80 e eram inicialmente denominados braquetes de Philippe sendo inicialmente idealizados para serem usados como contenção (MORO et al., 2012). Em 2004, foi desenvolvido o braquete STB-Ormco (Scuzzo Takemoto Brackets) também baseado no princípio de força leve e deslize (Fig.05). É um braquete de menor tamanho e mais fino, que proporciona maior conforto para a língua, facilitando a pronúncia e a mastigação. Os 23 lados do braquete possuem um formato que permitem a colocação de amarrilhos para segurar o fio de nivelamento sem que esse entre no fundo da canaleta, fazendo com que os dentes se movam mais rápido, pois proporciona menos atrito, por meio de fios leves e baixa fricção (KAIRALLA et al., 2011) O braquete STB possui slot de inserção de vestibular a lingual para evitar o uso de ligaduras duplas. A particularidade deste braquete é que possui um offset incluído para evitar fazer o offset canino no arco, sendo o primeiro a permitir o arco reto lingual (LEMOINE, 2004). A B C D Figura 05: A) Braquete do pré-molar STb da Ormco; B e C) Braquete da Ormco montado na arcada superior D) Braquete de Incisivo Superior STb da Ormco FONTE: LEMOINE, 2004. A empresa GAC, recentemente introduziu no mercado o braquete In-Ovation-L (Fig.06 e 07), que tem como características seu tamanho reduzido, que proporciona conforto ao paciente, otimiza a adequação da higiene bucal e da irritação gengival, além de minimizar a dificuldade transitória com a fala. Este braquete considera os diferentes tamanhos e morfologias dos dentes, podendo ser colocado na porção mais profunda da fossa lingual ficando melhor adaptado aos contornos anatômicos, pois a base bifurcada tem um desenho em forma de garfo que permite que o pad 24 seja perfeitamente adaptado à superfície lingual (KAIRALLA et al.,2011). Fig. 06 – Braquete In-Ovation L (GAC) autoligante interativo. Fig. 07: Base anatômica In-Ovation L (GAC). FONTE: NAVARRO et al., 2006. FONTE: BACCI, 2011 O braquete Stealth tem seu tamanho reduzido, o que diminui a interferência na fala e aumenta a comodidade do paciente, além de também ter a vantagem de ser autoligado (LEMOINE, 2004). Ling, 2005 ressalta que o braquete Stealth produzido pela American Orthodontics combina elementos de outros sistemas ortodônticos, tais como slots verticais e horizontais que permitem a utilização de arcos Edgewise ou outros arcos auxiliares. Assim, constata-se a clara evolução em relação aos braquetes linguais, com as empresas cada vez mais se preocupando com o conforto do paciente e em facilitar o trabalho do profissional, fazendo surgir muitos desenhos de braquetes no mercado ortodôntico. Alguns braquetes passaram a ter haletas para a fixação do arco de forma a minimizar o atrito de ligaduras elásticas e dos amarrilhos de aço, aderindo assim ao sistema de braquetes autoligados. Esses permitem um maior deslize do fio e facilitam o contato e a manutenção deste com o braquete por meio da haleta ou clipe de fechamento, contribuindo para a eficiência do tratamento ortodôntico lingual (KAIRALLA et al., 2011). 25 3.3.2 Tecnologias Digitais Através da incessante busca pelo aperfeiçoamento da Ortodontia Lingual, com o intuito de proporcionar ao paciente um tratamento mais estético e confortável, surge em 2003 um novo conceito de braquetes linguais confeccionados por computador. Nesta nova geração de braquetes as bases são individualizadas, bem como a posição de colagem e os fios utilizados no tratamento. A vantagem dar-se-a no sentido de induzir menos problemas e um período menor de adaptação. Além disso, permite a colagem indireta e recolagem direta quando necessário (ARAÚJO et al., 2009). Nesse método, para cada dente, é confeccionado um braquete específico através de um software no computador que se adaptará perfeitamente à superfície dental. Assim, faz-se a moldagem e obtenção dos modelos de estudo e encaminha-se para um laboratório que, através de um scanner de alta resolução, examina o modelo sob várias perspectivas. Com isso, será obtida uma representação completa tridimensional computadorizada da boca do paciente (ARAÚJO et al., 2009). Fillion (2011) destaca a precisão do posicionamento fornecido pela tecnologia CAD/CAM que traz o benefício de um alinhamento mais rápido e também a possibilidade de usar arcos sem nenhuma dobra. A tendência dos braquetes individualizados é ter um perfil duas vezes menor do que os pré-fabricados já que as bases se adaptam diretamente à morfologia dos dentes. Dessa forma, é diminuído o grau de desconforto do paciente pela menor restrição do espaço da língua, menos mudanças na articulação de palavras e menos dificuldade de mastigação do que os pré-fabricados. Porém, apesar de suas vantagens, os braquetes linguais também induzem desconforto, estando este diretamente relacionado à adaptação individual de cada paciente (ARAÚJO et al., 2009). A seguir tabela de estudo comparativa entre aparelhos préfabricados linguais e aparelhos individualizados (Tabela 01). 26 Tabela 1: Aparelho Pré-Fabricado X Individualizado FONTE: ARAÚJO et al., 2009. Gimenez (2011) ressalta que a evolução das novas tecnologias em escaneamento de imagem e em programas digitais permitiu o advento de sistemas baseados em um setup digital ideal como referência para o posicionamento dos braquetes, tendo uma precisão incomparável, pois eliminam etapas laboratoriais e, consequentemente, as possibilidades de erros das mesmas. Entre esses sistemas podemos citar o Sistema Orapix®, o Sistema Incógnito e o Sistema Lingualjet. SISTEMA ORAPIX : O sistema Orapix® foi fruto de uma parceria entre uma empresa da Coréia do Sul e o Dr. Fillion. Seu grande avanço tecnológico é permitir que se trabalhe com a técnica do arco reto em Ortodontia Lingual com qualquer tipo de braquetes e com precisão no posicionamento. Dessa forma, é feito um escaneamento dos modelos da má oclusão (sistema CAD/CAM) com captação da imagem pelo programa 3TXer. Com os dados do planejamento ortodôntico será construído um setup numérico virtual ideal (Fig. 08 A e B, 09 e 10). Nesse sistema, é de responsabilidade do ortodontista moldar o paciente e enviar os modelos vazados em gesso especial para um centro Orapix ® juntamente com o preenchimento de fichas de planejamento detalhadas (onde deve ser descrito abordagem, estratégias, tipo de braquetes, sequência de fios, tipo de ancoragem). O planejamento é fundamental para o direcionamento do setup, que por sua vez é o que permitirá a individualização e a excelência dos resultados. Ao receber o caso montado, realiza-se a colagem indireta e inicia-se a mecânica. Com esse sistema temos a finalização agilizada significativamente e tudo o que foi planejado no setup será obtido como resultado clínico (GIMENEZ, 2011). 27 Fig.8 A) Modelo inicial digitalizado. Fig.8 B) setup virtual do Sistema Orapix FONTE: GIMENEZ, 2011. Fig. 9 – Imagem escaneada em detalhe da superfície dental. Fig. 10 – Braquetes dispostos em conjunto para a técnica do arco reto. FONTE: ARAÚJO, 2009 FONTE: GIMENEZ, 2011 SISTEMA INCÓGNITO: é atualmente distribuído pela 3M e também se baseia em um setup que, porém, diferente do apresentado anteriormente, é realizado de forma convencional e com grande controle de qualidade (Fig. 11 e 12). Posteriormente faz-se o escaneamento do setup e um 28 programa específico captura a imagem copiando a face lingual sobre a qual são delineados os acessórios (Fig. 13 e 14). Esses braquetes são fabricados com liga metálica que contém ouro necessitando do mesmo processo de fundição das peças protéticas (Fig. 15 e 16). A vantagem do ouro na liga é que por ser um metal nobre permite uma baixa fricção, um fácil deslize dos fios e um polimento associado a esse deslize, o que teoricamente gera um sistema biomecânico favorável. Porém, por tratarse de um sistema que prima pela compensação das diferenças anatômicas da face lingual, baseada em dobras compensatórias, não existe a possibilidade de se trabalhar com arcos retos. Cabe ao ortodontista moldar o paciente com silicona e enviar a moldagem e o planejamento detalhado para a empresa. Posteriormente, receberá o aparelho customizado pronto para a colagem juntamente com a sequência de fios. Esse é um dos sistemas mais difundidos internacionalmente (GIMENEZ, 2011). Fig. 11 – Vista frontal do modelo de gesso setup simulando a correção da maloclusão mostrando como ficará o caso ao final do tratamento. Fig. 12 – Vista lateral direita do modelo de gesso setup simulando a correção da maloclusão mostrando como ficará o caso ao final do tratamento. FONTE: ARAÚJO et al. , 2009 FONTE: ARAÚJO et al. , 2009. 29 Fig. 13 – Setup sendo escaneado para o sistema Incógnito. FONTE: GIMENEZ, 2011. Fig. 14 – Acessórios customizados: cópia da superfície lingual. FONTE: GIMENEZ, 2011. Fig. 15 – Vista oclusal do arco superior com os braquetes individualizados de última geração confeccionados em ouro. Fig. 16 – Em detalhe os braquetes dos Incisivos Inferiores. FONTE: ARAÚJO et al. , 2009. FONTE: ARAÚJO et al. , 2009. FONTE: ARAÚJO et al. , 2009. 30 SISTEMA LINGUALJET: foi viabilizado pela associação dos Drs. Gualano e Baron à mesma empresa coreana que faz o sistema Orapix. Representa um intermediário entre ambos os sistemas descritos anteriormente, mesclando as suas características principais. À semelhança do sistema Orapix® é obtido um setup numérico virtual ideal e a disposição dos acessórios permitindo a utilização de arcos retos para a mecânica ortodôntica, com o ortodontista tendo acesso à conferência do setup (GIMENEZ, 2011). Fillion (2011) destaca que a possibilidade de checar e modificar o setup virtual e o posicionamento dos braquetes é um privilégio para o ortodontista que irá deter melhor controle e poderá ser seu próprio técnico. Em relação ao sistema Incognito®, as características em comum são a utilização de acessórios metálicos customizados e a utilização de liga de ouro para a confecção desses. O processo de envio é o mesmo, sendo também necessário que o ortodontista envie os modelos do paciente juntamente com o planejamento detalhado e sequencial, e receba, posteriormente, o aparelho customizado pronto para colagem juntamente da sequência de fios retos (GIMENEZ, 2011). A colagem dos braquetes pode ser direta, pois suas bases são perfeitamente adaptadas aos dentes e possui uma área bastante extensa, facilitando assim as possíveis recolagens (VIEIRA et al., 2009). Assim, constata-se que atualmente as empresas fabricantes de artigos de ortodontia mais importantes do mundo fabricam braquetes linguais. Empresas que possuem o mercado mundial presentes na maioria dos países e em todos os continentes como Ormco, Dentaurum, GAC e American Orthodontics têm incursionado com êxito no desenvolvimento do aparelho especificações lingual. Braquetes diferentes, com autoligantes diferentes ou não, desenhos, pequenos ou com com desenvolvimento de planos de mordida, desenhados de forma standard ou fabricados especialmente com as características individuais do paciente, 31 estão no mercado para que os ortodontistas os elejam e possam obter os melhores resultados (ILARIA, 2008). 3.3.3 Arcos Linguais De acordo com Fujita, os arcos utilizados no aparelho lingual possuem a forma de cogumelo devido à necessidade de compensar a diferença de espessura vestíbulo-lingual entre o canino e o pré-molar. Os arcos são pré-formados com distâncias variadas entre in-sets, e são em sua maioria de níquel titânio ou TMA (ETO e TINANO, 2007; ETO, 2008). Sevillano e Galarza, (2007) destacam a importância do desenvolvimento e aplicação de arcos linguais resilientes para o progresso da ortodontia lingual. Os arcos também apresentam uma dobra próxima de 90° entre o canino e o primeiro pré-molar, podendo apresentar também um degrau menor entre o segundo pré-molar e o primeiro molar (Fig. 17 e 18) (MONINI et al., 2008). Fig. 17 - Aparência do arco lingual (verde) e do arco vestibular (azul) na arcada inferior. Fig. 18 – Aparência do arco lingual (amarelo) e do arco vestibular (azul) na arcada superior. FONTE: MONINI et al. , 2008. FONTE: MONINI et al. , 2008. Outra característica importante é a possibilidade de expansão se não for realizada uma suficiente constrição no arco na região dos dentes 32 anteriores, resultando em uma curvatura maior que a curvatura anterior que tem como resultante a expansão da arcada. A dobra de 90 ° pode atuar como um “stop” impedindo o deslizamento do arco à medida que vai se dando o alinhamento providenciando uma força extra expansiva quando da incorporação de fio no arco (MONINI et al., 2008). Em relação à sequência de arcos Gandini Jr. e Gandini (2002) propõe que normalmente inicia-se os tratamentos com um arco de níquel e titânio (NiTi) de calibre 0,016 polegadas que permanecerá na boca por volta de dois a cinco meses. O próximo par de arcos pode ser o 0,016” redondo de aço inoxidável. Essa seria uma sequência de fios bem convencional, porém pode-se optar por um fio 0,016”X0,016” de aço inoxidável ou ainda 0,016”X0,022” de TMA, ou ainda optar-se por permanecer na liga de níquel e titânio com um calibre de 0,017”X0,025”. Nesses fios há uma proporção carga / deflexão semelhantes com uma pequena variação em relação à flexibilidade. Ressalta-se que ao final dessa etapa não devem existir apinhamentos e giroversões. A vantagem do aço sobre a liga de níquel titânio é a possibilidade de moldar a forma do arco de acordo com o paciente. Após o trabalho dos fios anteriores inicia-se o par de arcos 0,017”X0,022” de aço que ainda possui relativa flexibilidade completando assim o nivelamento. Espaços podem começar a ser fechados nessa fase, bem como o uso de elásticos intermaxilares. Arcos ideais são feitos com fio 0,017”X0,025” onde torques e nivelamento final serão finalmente atingidos. O fechamento final de espaços normalmente é feito com esse fio assim como o complemento do relacionamento inter-maxilar. Para finalização e intercuspidação pode-se retornar ao par de arcos 0,016” aço redondo com dobras compensatórias ou com segmentação de arcos e colocação de elásticos verticais por vestibular. 3.4 SISTEMAS DE COLAGEM A precisão na instalação dos aparelhos fixos é um fator essencial para que se logre sucesso em qualquer tipo de tratamento ortodôntico, 33 visto que aos braquetes foram incorporados os objetivos do tratamento. Assim, em ortodontia lingual, tem papel de destaque a fase laboratorial, já que é responsável por promover uma solução para os problemas de variabilidade da anatomia lingual, dos erros de posição dos braquetes, efetuar as sobrecorreções e para resolver as deficiências mecânicas dos aparelhos pré-fabricados (BACCI, 2009; GALVÃO et al., 2006). Ao contrário da técnica ortodôntica clássica, torna-se difícil o posicionamento direto dos braquetes linguais pela dificuldade de visualização. Por isso, é necessário posicionar os braquetes linguais no modelo de maloclusão no laboratório, o que permitirá a transferência de todos os braquetes à boca através da confecção de uma fôrma de transferência (FILLION, 2000). Além disso, Monini et al., (2008) adverte que pequenas alterações de posição dos braquetes podem ocasionar grandes mudanças indesejáveis. Peças coladas na mesma altura por vestibular e lingual podem alterar a posição do dente em três planos do espaço. Pequenas alterações cérvicooclusais na face lingual alteram diretamente o torque dos braquetes. Galvão et al., (2006) complementam que em função da variabilidade da superfície lingual aliada à dificuldade visual, é inviável a colagem direta, pois essa comprometeria a qualidade da finalização do caso devido às grandes variações de posicionamento, torque e altura dos dentes. Ressalta ainda, que o paciente submetido à mecânica lingual é um paciente com maior grau de exigência a detalhes, já que permite acompanhar melhor a evolução e o progresso do tratamento. O trabalho laboratorial em Ortodontia Lingual envolve um processo dividido em duas fases: preparo dos braquetes e confecção dos dispositivos de transferência, para então seguir a realização da colagem indireta no paciente (BACCI, 2009). Para as técnicas que necessitam setup, o primeiro passo para a montagem é uma moldagem com material adequado (de preferência à base de silicone de duas fases) e a obtenção de um modelo de gesso sem bolhas. A partir da moldagem, o modelo será duplicado sendo que um servirá para a confecção do setup e o outro para a transferência dos braquetes (GALVÃO et al., 2006). Para a construção 34 do setup, deve-se realizar uma montagem dos modelos do paciente em relação cêntrica. Posteriormente, reproduz-se uma relação oclusal o mais ajustada possível de acordo com a cêntrica sempre observando as informações de torque, inclinação e in-out de cada peça dentária (ILARIA, 2008). Galvão et al., (2006) observa que a forma de execução da montagem do setup pode ser feita de acordo com a preferência do operador, porém a oclusão final deve ser a oclusão ideal que o profissional objetiva com o final do tratamento. Também salienta que é um tipo de montagem bastante sofisticada, que permite uma individualização do caso, com o posicionamento dos dentes da maneira ideal, levando em conta discrepâncias anatômicas da superfície lingual dos dentes. Percebe-se que desde o surgimento da Ortodontia Lingual na década de 70, inúmeros métodos laboratoriais foram desenvolvidos e sugeridos por diversos autores com o intuito de aperfeiçoamento da mecânica lingual. Dentre as técnicas para cimentação indireta existem várias alternativas, desde uma das mais simples (por exemplo, a técnica de Hiro), até técnicas que introduzem a robótica (ILARIA, 2008). Bacci (2009) sugere que esses métodos derivam essencialmente do sistema CLASS proposto pela “Lingual máquinas como a Slot Machine, Task Force”, TARG e MBP e mas também instrumentos posicionadores como o Lingual Bracket Jig foram introduzidos com a proposta de auxiliar esse trabalho. Vieira et al., (2009) ressaltam que atualmente existem inúmeras técnicas de colagem indireta e muitas ainda em estudo, porém destacam cinco sistemas de colagem indireta agrupando-os de acordo com o setup em : Técnicas em que são necessárias confecções de setup: C.L.A.S.S System, Hiro System, M.B.P Técnicas que não exigem setup: T.A.R.G Técnicas cujo setup é virtual: INCOGNITO Todos esses sistemas de cimentação indireta oferecem vantagens e dificuldades. Alguns destes sistemas não são universais e devem ser 35 modificados para poderem ser utilizados com diferentes tipos de braquetes linguais (ILARIA, 2008). 3.4.1 Técnicas que necessitam setup 3.4.1.1 CLASS System (Custom Labial / Lingual Appliances Setup Service) Este sistema de montagem individualizada de braquetes Linguais e Vestibulares foi sugerido pela Task Force em 1984 (VIEIRA et al., 2009) e é caracterizado pela combinação do setup do modelo do paciente com a máquina posicionadora de braquetes TARG. Assim, realiza-se o setup do modelo obtido, observando todas as características ideais de torque, angulação e posicionamento dentário que se deseja ao final do tratamento. A seguir realiza-se a limpeza dos dentes do modelo setup removendo qualquer resíduo de cera e isolando-o com resina acrílica. Após, os modelos serão trabalhados na máquina posicionadora com o objetivo de instalar, da forma mais adequada possível, braquetes e tubos. Tanto a TARG quanto a Slot Machine utilizam valores pré-determinados de torque e angulação. O próximo passo é a confecção de um arco ideal em fio de aço 17X25, que também será utilizado no final do tratamento como arco ideal. Os braquetes devem ser presos sobre esse arco através de elásticos e, em seguida, coloca-se resina fotopolimerizável nas bases para posicioná-los no modelo de setup. Após, fotopolimeriza-se a resina e avalia-se se o pad de resina não tem excessos nem faltas. A próxima etapa é iniciar a transferência de todo esse conjunto (braquetes e tubos) para o modelo de má oclusão, o que será realizado através de guias de transferência, comumente feitos de resina acrílica. Assim, uma vez todos os acessórios estando no modelo inicial estar-se-á prontos para começar o processo de confecção das moldeiras de transferência para a colagem na boca do paciente (GALVÃO et al., 2006; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). 3.4.1.2 CLASS System Modificado 36 Esse sistema se assemelha ao descrito anteriormente pela igual necessidade de confecção de setup, mas difere pelo não uso da TARG machine e por não fazer a transferência dos braquetes do modelo final para o inicial. Em resumo, a técnica consiste na construção de um modelo setup e na confecção de um arco ideal de finalização. Sobre este modelo as peças serão presas, por meio de elásticos, com posterior colagem no modelo de oclusão final e moldagem de transferência semelhante ao CLASS system (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). 3.4.1.3 MBP System (Mushroom Braquete Positioner) Este é um equipamento que foi desenvolvido por Kyung no ano de 2002 e consiste em um posicionador de braquetes em “forma de cogumelo” que permite determinar com exatidão a inclinação, altura e a angulação dos braquetes (VIEIRA et al., 2009). Segundo Galvão et al., (2006) o M.B.P. consiste em um posicionador de modelo de setup. Nesta técnica, após a execução do setup, os modelos são isolados e colocados no posicionador. Após, deve-se escolher o arco que melhor se adapta ao contorno interno do modelo, dentre um conjunto de arcos de vários tamanhos, e procede-se à fixação deste arco no braço fixo do MBP. Com o uso de ligaduras elásticas, os braquetes são presos ao arco e fixos ao modelo com resina fotopolimerizável (o suficiente para promover o contato com toda a superfície do dente). Por fim, fotopolimeriza-se a resina. 3.4.1.4 HIRO System Esse é o sistema proposto originalmente pelo Dr. Toshiaki Hiro e posteriormente aperfeiçoado pelos doutores Kyoto Takemoto e Giuseppe Scuzzo. Consiste em um sistema que utiliza o setup associado a uma máquina denominada Ray Set que tem a função de facilitar a fase laboratorial buscando aproximar-se do verdadeiro Straight-Wire. A Ray Set tem o papel de individualizar os dentes e virtualmente isolá-los do 37 arco, posicionando-os no centro de um sistema de controle em 3° dimensão onde serão determinadas dobras de primeira, segunda e terceira ordens. A comparação dos valores pré e pós setup permite ao clínico prever os efeitos das prescrições dos braquetes e fazer ajustes quando necessários. Assim, a Ray-set avalia a quantidade de movimento ortodôntico no modelo de setup, conferindo a angulação do longo eixo coroa-raiz comparando ao modelo inicial (VIEIRA et al., 2009). 3.4.2 Sistemas que não utilizam setup 3.4.2.1 Sistema T.A.R.G (Torque Angulation Reference Guide) O sistema de Guia de Referência de Torque e Angulação foi desenvolvido em conjunto pela Ormco e pela Task Force em 1981, sendo um instrumento de precisão para o posicionamento de braquetes linguais diretamente sobre o modelo original. Sua metodologia consiste na realização de um setup virtual, não sendo necessário assim, cortar os dentes e montá-los em cera utilizando apenas o modelo de maloclusão. O trabalho do técnico laboratorial será registrar apenas as medidas de torque, angulação e altura. Porém, como a distância entre o fundo do slot do braquete até a superfície vestibular muda de acordo com a altura de colagem do braquete e com o tipo de dente, um grande número de dobras de primeira ordem são necessárias para um correto alinhamento com o TARG. Isto ocorre visto que esse não leva em conta a espessura vestíbulolingual dos dentes (VIEIRA et al., 2009). Gandini Jr. e Gandini (2002) citaram algumas vantagens e desvantagens do método “TARG machine”: 1 - O “set-up” não é obrigatório e por consequência menor tempo é despendido na montagem. 2 – Não se faz necessário a transferência dos braquetes do modelo em oclusão normal para o modelo inicial, diminuindo a chance de erro. 38 3 – Será necessário menor tempo clínico, já que será possível colarmos um conjunto de acessórios ao mesmo tempo. Desvantagens do método “TARG machine” 1 – Existe uma menor precisão na colocação das peças porque as mesmas são posicionadas no modelo de má oclusão do paciente. 2 – Maiores gastos pela necessidade da compra da TARG ou para enviar para um laboratório. 3 - Não permite obter um diagrama relativo à oclusão ideal. 3.4.2.2 B.E.S.T System (Bond Equal Specific Thickness) O Sistema T.A.R.G sofreu adaptações pelo Dr. Didier Fillion entre os anos de 1989-1991, sendo incluído a A.M.E (Apareil de Mesure Del Epaisseurs ou Medidor de Espessuras Dentais), constituindo o chamado T.A.R.G Unit 2. O A.M.E é um calibrador modificado para sustentar o braquete. Um programa informatizado que realiza o desenho dos arcos dentais também foi inventado pelo Dr. Fillion, e foi chamado de D.A.L.I. Dessa forma, foi denominado B.E.S.T System a união do D.A.L.I com a T.A.R.G Unit 2 (VIEIRA et al., 2009). Crepaldi et al., (2011) observam que essa adaptação do aparelho T.A.R.G consistiu em acoplar um paquímetro eletrônico que facilita o posicionamento do braquete. Assim, ocorreu uma evolução do método T.A.R.G já que, quando do seu desenvolvimento, a TARG permitia o controle do torque, da angulação e da altura dos acessórios. E, após a modificação, passou a permitir também o controle da espessura da resina na base das peças conectadas, resultando assim em um controle triplo na colagem (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). 3.4.2.3 Sistema BBS O sistema Bacci Bonding System (BBS) foi publicado em 2009 e consiste na colagem indireta de braquetes linguais autoligáveis de base anatômica. A grande vantagem oferecida por este sistema é simplificar as 39 fases laboratoriais posicionando as peças diretamente no modelo de má oclusão não necessitando de equipamentos especiais e nem de modelos setup. A determinação do posicionamento de braquetes pelo método BBS é facilitada por referências traçadas no modelo de maloclusão do paciente (Fig. 19 A, B, C) conforme as tabelas para alturas dos braquetes linguais de base anatômica In-Ovation L (tabelas 02 e 03). O sistema utiliza moldeiras de transferência em cola quente para a transferência dos braquetes (BACCI, 2009; BACCI, 2011). Fig.19- A, B, C - Traçado de linhas de orientação BBS para o posicionamento dos braquetes FONTE: BACCI, 2009 40 Tabela 02: Altura dos braquetes In-Ovation L para os dentes anteriores superiores (em milímetros). FONTE: BACCI,2009 Tabela 03: Altura dos braquetes In-Ovation L para os dentes anteriores inferiores (em milímetros). FONTE: BACCI, 2009. 3.4.2.4 SLOT MACHINE É um equipamento que foi desenhado por Creekmore (1989) para o posicionamento de seus próprios braquetes linguais Conceal, cujo slot é 41 vertical, possuindo acessórios que medem a altura e espessura vestibulolingual. Em 1998 foi adaptada pelo Dr. Echarri para ser usada também com braquetes cujo slot é horizontal. É um equipamento interessante porque permite um exato posicionamento dos braquetes diminuindo o número de dobras de compensação nos arcos, reduzindo assim, as chances de recidivas (ETO, 2008). 3.4.3 Sistemas que utilizam setup virtual 3.4.3.1 INCOGNITO Bracket System Como já descrito individualizados, anteriormente personalizados e é um sistema fabricados por de um braquetes método computadorizado. Os princípios em que se baseia são: uma base grande do braquete para melhorar a adesão e braquetes de pequena dimensão que induzem menor efeito de alavanca durante a mastigação. O trabalho do ortodontista será moldar o paciente e enviar ao laboratório uma ficha detalhada de planejamento. Em posse desses dados, será construído um setup digital virtual ideal sob o qual será desenhada a aparatologia lingual (VIEIRA et al., 2009). 3.5 MOLDEIRAS DE TRANSFERÊNCIA São dispositivos que fazem transferência dos braquetes linguais para a boca do paciente. Podem ser confeccionadas com os seguintes materiais: • - Moldeira de Silicona: A pasta leve e a pesada devem ser aplicadas sobre o modelo com os braquetes. A moldeira deve ser então cortada em três segmentos, na região de caninos. Após, cada segmento estará pronto para a transferência dos braquetes (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008). • - Moldeira Termoplástica : Confeccionada em duas camadas de 1,5 mm: a primeira é feita de um material borrachóide (bioplast) que será coberta por uma placa mais dura e transparente (biocril). Em semelhança 42 à anterior, essa moldeira também deve ser recortada em três segmentos e posteriormente levada à boca do paciente (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; ETO e TINANO, 2007; ETO, 2008). • - Moldeiras de Transferências Unitárias: É uma moldeira construída individualmente sobre cada braquete com resina acrílica fotopolimerizável, o que permite a individualização da colagem e a reposição precisa dos braquetes que soltarem. Essa representa sua maior vantagem (GALVÃO et al., 2006; ETO e TINANO 2007; ETO, 2008). • -Moldeiras de Transferência com Cola Quente: Deve ser confeccionado um guia individual com a pistola de cola quente aquecida por 5 a 10 minutos. Então será aplicada sobre a superfície dentária, em quantidade suficiente para formar um capuz. Com o dedo molhado em água fria molda-se o material intencionando reter o braquete. Após alguns segundos ocorre o endurecimento e o modelo deve ser submerso em água fria por 30 minutos para soltar os braquetes. Depois de pronto, deve-se marcar o guia com o número do dente correspondente permitindo assim sua identificação (Fig. 20, 21, 22, 23) (GALVÃO et al., 2006). Bacci (2009) salienta como vantagens desse tipo de moldeira a facilidade de manipulação, a estabilidade dimensional, características como ser inodora, insípida e de baixo custo bem como a simplicidade de remoção com ausência de resíduos. Fig. 20- Confecção do guia individual com pistola de cola quente diretamente no setup. FONTE: GALVÃO et al, 2006 Fig. 21- Guia de colagem individual identificado. FONTE: GALVÃO et al, 2006 43 Fig. 22- Guia de colagem individual identificado. Fig. 23- Detalhe do guia pronto para colagem indireta. FONTE: GALVÃO et al., 2006. FONTE: GALVÃO et al., 2006. 3.6 COLAGEM INDIRETA DO APARELHO Os braquetes serão assentados na boca do paciente através da colagem indireta. Porém, previamente a este procedimento é necessário aumentar a retenção tanto dos braquetes quanto do esmalte dos dentes. Para isso utiliza-se um jato de óxido de alumínio. Para que ocorra uma adesão otimizada, o sistema “Sondhi Indirect Bonding” da empresa Unitek é utilizado. Neste, um líquido ”A” será aplicado na base do braquete (que estão presos na moldeira de transferência) e outro líquido “B” será aplicado nos dentes. A adesão acontecerá quando do contato desses dois líquidos, devendo a moldeira ser pressionada durante 05 minutos. Após, a moldeira deve ser removida por um movimento horizontal ao nível dos braquetes (ETO e TINANO, 2007; ETO, 2008). 3.7 CARACTERÍSTICAS DA TÉCNICA ORTODÔNTICA LINGUAL Na sociedade moderna, cada vez mais a estética tem papel de destaque na vida das pessoas, tornando-se fator imprescindível para elevar a autoestima. Nesse aspecto, a ortodontia lingual surge como opção estética às pessoas que veem no braquete vestibular um empecilho para obtenção de um sorriso harmonioso, apresentando a possibilidade de colagem pelo lado interno dos dentes. Dessa forma, pode-se seguramente afirmar que a Ortodontia Lingual é um método de tratamento ortodôntico 44 completamente invisível que satisfaz uma demanda de pacientes mais exigentes, sendo essa sua principal vantagem (ETO, 2008). O efeito imediato que se observa após a instalação do aparelho lingual é a abertura da mordida que resulta da oclusão dos incisivos inferiores com o plano de mordida dos incisivos superiores. Essa abertura causa a rotação da mandíbula para baixo e para trás, induzindo uma tendência à classe II (mesmo paciente classe I pode alterar essa relação para classe II). Também observa-se que a desoclusão posterior remove dois fatores primários de ancoragem que são a oclusão dentária e a força da musculatura, o que facilita a correção da mordida profunda, da mordida cruzada e a verticalização de molares ( MONINI et al., 2008). Prieto (2006) ressalta que a oclusão é reestabelecida em aproximadamente 90 dias, através da extrusão dos molares e intrusão dos incisivos. Também que o plano de mordida provoca o relaxamento dos músculos elevadores da mandíbula gerando uma diminuição da sobrecarga sobre a articulação têmporo-mandibular. Em relação ao padrão de resposta às forças ortodônticas aplicadas no braquete lingual em comparação com o convencional, percebe-se um padrão de movimento diferenciado. Forças intrusivas aplicadas em um braquete lingual tendem a intruir os incisivos com menor inclinação relacionando ao mesmo tipo de força vestibular. Esse resultado é explicado pela maior proximidade do braquete lingual com o centro de resistência do dente, o que gera momentos menores resultando em menor inclinação. Porém, essa proximidade também transmite forças mais intensas ao ligamento periodontal e em conjunto com a menor distância interbraquetes resulta em maior chance de reabsorção radicular e áreas de hialinização. Em média a distância interbraquete do aparelho convencional quando comparada ao aparelho lingual é de 1.47:1. Sendo a rigidez do fio inversamente proporcional ao cubo do comprimento, concluise que a diminuição da distância interbraquete aumenta a intensidade da força aplicada no dente alcançando uma diferença de mais de três vezes 45 para fios iguais colocados por lingual e por vestibular (MONINI et al., 2008). À essa maior proximidade com o centro de resistência dentário, também é atribuído o movimento mais rápido em comparativo com a mecânica vestibular (ILARIA, 2008; GIMENEZ, 2011). Usualmente a etapa de nivelamento é bastante rápida, porém a etapa de finalização vai depender da preparação inicial do caso como um adequado setup e colagem adequada dos braquetes (ILARIA, 2008). Na técnica lingual o controle de ancoragem é mais difícil de ser conseguido. Dessa forma a incorporação do segundo molar no arco, o uso de barra transpalatina, a utilização da técnica mista (colagem de braquetes vestibulares nos dentes posteriores) e colocar uma curvatura lingual no arco de fechamento são soluções praticamente obrigatórias para casos em que serão realizadas extrações na técnica lingual. Nestes casos também percebe-se que como as forças de retração localizam-se por lingual do centro de resistência, os molares tendem a girar com a mesial para vestibular (sentido inverso do que ocorre por vestibular) (MONINI et al., 2008). A Ortodontia Lingual é considerada tecnicamente mais difícil, mas muitas vezes pode possuir vantagens ou ser equivalente em relação à Ortodontia Convencional. Ressalta-se que não existe comprovação de que a mecânica vestibular seja mais efetiva do que a lingual (KAIRALLA et al., 2011). Lemoine (2004) cita como vantagens da técnica Lingual: 1. Expansão da arcada, exercendo uma força de direção linguovestibular; 2. Abertura da mordida, sendo possível tratar casos de mordida profunda aproximadamente 04 a 06 meses mais rápido do que com a técnica vestibular; 3. Facilitação do movimento dos molares, pois ao desocluir os dentes posteriores será mais fácil a distalização dos molares; 46 4. Permite o tratamento, quando indicado, de uma só arcada, já que em pacientes adultos são limitadas as possibilidades de tratamento; 5. Os braquetes linguais permitem a visualização da superfície vestibular sem obstáculos. Isso é uma facilidade para finalização e também evita o “fator surpresa” que às vezes é encontrado ao remover o aparelho; 6. Diminuição do número de lesões relacionada à prática de esportes, diminuição de traumas e interferência dos lábios; 7. É, sem dúvidas, a melhor opção estética de terapia ortodôntica fixa. Fillion (2000) afirma que atualmente a Ortodontia Lingual é a melhor opção para o tratamento do paciente adulto devido aos seguintes fatores: Invisibilidade; Como na técnica tradicional as forças são mantidas em permanente controle de seus movimentos nos três planos do espaço; Abertura imediata da oclusão, que gera a correção rápida de mordidas profundas e cruzadas anteriores e também permite suprimir as contrações musculares excessivas ocasionadas por certas maloclusões; A desoclusão posterior permite a correção rápida dos problemas transversais (atresias, mordidas cruzadas) e a modificação da forma dos arcos; É uma técnica que responde a todos os tratamentos que venham a se unir ao tratamento ortodôntico como periodontal, protético, cirúrgico e os relacionados às disfunções têmporo-mandibulares. Para Echarri (2003), as principais vantagens são a otimização da estética pela invisibilidade do aparelho; preservação da estrutura dentária pela colagem na superfície lingual; em casos de inflamação gengival, esta não fica esteticamente visível; o contorno labial é mantido; é uma opção estética para pacientes que não aceitam a técnica vestibular; em alguns casos proporciona melhores condições biomecânicas, como em mordidas 47 profundas, expansão e protrusão; facilita a visualização estética dental e facial (ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008). Todos os aparelhos intraorais utilizados pelos ortodontistas produzem modificações nas funções. Eles se comportam como um corpo estranho dentro de um sistema já constituído e, dessa forma, vão requerer adaptação do paciente (VILLANUEVA et al., 2007). Segundo Sada-Garralda (2005) esse processo de adaptação do paciente durará aproximadamente duas semanas, onde poderão ocorrer lesões na língua, sensibilidade nos dentes, dor ao mastigar e dificuldade na fala. Neste último aspecto nota-se que são os braquetes superiores que mais influenciam, pois estão na zona de apoio da língua durante a pronúncia das palavras com “r” e “s”. Em alguns casos essa dificuldade não dura mais de uma ou duas semanas, porém há casos onde o paciente demora meses para falar normalmente. Villanueva et al., (2007) citam que em avaliações subjetivas realizadas em pacientes portadores de aparelho fixo lingual, encontrou-se que a alteração da fala ocorre na quase totalidade dos casos, que esta diminui com o tempo e que normalmente está relacionada a irritação nas bordas laterais da língua. Também notaram que as alterações produzidas pelo aparelho superior em comparação com o aparelho inferior são similares segundo a percepção dos pacientes. Também Fillion (2011), ressalta que todos os aparelhos ortodônticos promovem certo desconforto, mas que com o aparelho lingual um período maior de adaptação é necessário. Ressalta ainda que esses problemas diminuem relativamente com a espessura dos braquetes, devendo-se selecionar braquetes menores possíveis para reduzir o desconforto. Em estudo comparativo entre braquetes linguais e vestibulares verificou-se que em ambas as técnicas os pacientes sentiram desconforto inicial, sendo que o aparelho labial causou maior desconforto nas bochechas e lábios e o lingual maior desconforto na língua. Lesões na língua e dificuldades na fala foram maiores na técnica lingual, não sendo observadas diferenças significativas em relação ao conforto oral, 48 mastigação e dificuldades de higienização (tabela 04) (ARAÚJO et al., 2009). TABELA 04: APARELHO LINGUAL x LABIAL. FONTE: ARAÚJO et al. , 2009. FONTE: ARAÚJO et al., 2009. A higienização dos aparelhos linguais também é dificultada, sendo necessário, além da escova dental, usar um irrigador para alcançar os lugares mais difíceis. Para isso, pode ser empregada a clorexidina. Também é recomendada realização regular de profilaxias para assegurar uma boa saúde periodontal (SADA-GARRALDA, 2005). Assim, em relação às desvantagens, Echarri (2003) cita os seguintes fatores como: tempo de tratamento maior; necessidade de uso de instrumentais específicos; conhecimento a respeito de colagem indireta; maior dificuldade de controle das rotações dentárias; necessidade de controle da rotação mandibular e alto custo do tratamento (ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008). Em relação ao alto custo da técnica, Fillion (2011) ressalta que está relacionado ao maior tempo de cadeira com o paciente, que é duas a três vezes maior do que o tempo com a ortodontia convencional. Por fim, a técnica ortodôntica lingual é uma técnica que está em processo evolutivo e o profissional pode não estar apto o suficiente para desenvolver a mecânica, não conseguindo por este motivo uma finalização satisfatória (CREPALDI et al., 2011). 49 4. DISCUSSÃO A técnica lingual remonta da década de 70 quando o Dr. Craven Kurz, da Califórnia, com o intuito de obter um tratamento estético e quase invisível, modificou braquetes vestibulares e os colou na superfície lingual dos dentes na arcada inferior e obteve resultados encorajadores (VIEIRA et al., 2009; MONINI et al., 2008; KAIRALLA et al., 2011; ILARIA, 2008; ETO, 2008; LEMOINE, 2004; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; KAIRALLA, . et al., 2010; PRIETO, 2006; LING, 2005; ETO e TINAMO, 2007; CREPALDI et al. , 2011). Concomitantemente também ouve o desenvolvimento da técnica lingual no Japão, através do Dr. Kinya Fujita, (MONINI et al., 2008; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; KAIRALLA et al., 2011; ARAÚJO et al., 2009) que a desenvolveu no intuito de evitar traumatismos provenientes de lutas marciais (ETO e TINAMO, 2007; CREPALDI et al. , 2011). O Dr. Fujita foi o primeiro a publicar um artigo que descrevia a forma de cogumelo dos arcos linguais (ETO, 2008; ILARIA, 2008; LEMOINE, 2004; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; KAIRALLA et al., 2011; PRIETO, 2006; CREPALDI et al. , 2011 ). Ocorreu que quando a técnica começou a ser utilizada houve um grande número de fracassos porque os aparelhos linguais foram introduzidos no mercado prematuramente não estando completamente desenvolvidos e por não haver treinamento disponível desta nova técnica (CREEKMORE, 1989; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; ETO, 2008; ETO e TINAMO, 2007) com muitos profissionais despreparados a utilizando apenas pelo “marketing” que essa lhes oferecia (CREPALDI et al. , 2011; KAIRALLA et al., 2011; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002 ). Isso trouxe o descrédito da técnica que ficou estagnada nos Estados Unidos, fazendo com que muitos ortodontistas americanos abandonassem a ortodontia lingual (KAIRALLA et al., 2010; CREPALDI et al. , 2011). Todavia, a técnica lingual continuou sendo desenvolvida na Europa e em países asiáticos, adquirindo novamente credibilidade somente nos anos noventa do século passado. A partir de então, difundiu-se no resto 50 do mundo e as empresas começaram a investir mais nas pesquisas (KAIRALLA et al., 2010; ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008; ETO e TINAMO, 2007; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002 ). Atualmente existe cada vez mais preocupação pela aparência externa e pelo cumprimento dos cânones estéticos imperantes (VILANUEVA et al., 2007). A técnica lingual oferece a opção mais estética de tratamento ortodôntico, pois os braquetes ficam invisíveis colados na superfície lingual dos dentes e os lábios não ficam protuberantes (ARAÚJO et al., 2009; PRIETO, 2006). Ling (2005) ressalta que mesmo o uso de aparelhos vestibulares estéticos causa certo constrangimento para adultos, e Fillion (2000) ressalta que a invisibilidade do aparelho lingual permite tratar pacientes que resistem ao uso de aparelhos vestibulares. Entre as indicações para o uso da mecânica ortodôntica lingual estão a mordida profunda e cruzada (MONINI et al., 2008; FILLION, 2000), pacientes praticantes de esportes com intuito de evitar traumatismos nos lábios (PRIETO, 2006; CREPALDI et al., 2011), pacientes que se preocupam principalmente com o fator estético e que não se submeteriam ao tratamento convencional (FILLION, 2000; CREPALDI et al., 2011; ECHARRI, 2003; CREEKMORE, 1989; PRIETO, 2006; DAMIAN, 2006; SEVILLANO e GALARZA, 2007) sendo a ortodontia lingual a opção mais estética de tratamento ortodôntico (ARAÚJO et al., 2009; ECHARRI, 2003). Segundo Echarri (2003), a ortodontia lingual é indicada para pessoas com boa saúde bucal, mordida profunda e boa abertura de boca (CREPALDI et al., 2011). De acordo com Sada-Garralda ( 2005) cuidados devem ser tomados em pessoas com pouca altura na coroa clínica lingual de seus dentes, porque além da dificuldade de colagem do aparelho lingual, vai ser mais complicado a limpeza. Ilaria (2008) concorda que a técnica lingual não deve ser indicada para paciente com dentes muito pequenos e salienta que em arcadas muito diastemadas haverá maior dificuldade de trabalho e de ocultar os braquetes por lingual. Prieto (2006) destaca o cuidado que deve ser tomado quando do uso do aparelho lingual em relação à abertura 51 da mordida quando esta não é desejada. Damian (2006) destaca que para casos de mordida aberta anterior não é aconselhável o uso da ortodontia lingual já que essa ainda irá induzir uma situação de classe II. Para Ilaria, (2008) esta técnica não têm contraindicações importantes, podendo ser realizada em casos convencionais e em casos complexos que necessitem tratamentos multidisciplinares. Também Fillion, (2000) afirma que esta técnica responde a todos os tipos de tratamento que venham a se unir com o tratamento ortodôntico. Para Araújo et al., (2009), não existem razões para se contraindicar o aparelho lingual para nenhum paciente. Fillion (2000) afirma que a ortodontia lingual pode ser empregada com sucesso em qualquer tipo de maloclusão e em qualquer superfície dentária seja ela esmalte, metal ou porcelana. Já Sada- Garralda (2005) concorda que qualquer tipo de maloclusão é tratável com este sistema, porém, sugere a troca de coroas metálicas e de porcelana por coroas de resina antes de iniciar o tratamento. Também para Echarri (2003), Eto e Tinamo (2007) e Gandini Jr. et al., 2008, todos os casos podem ser tratados com a ortodontia lingual. Já para Prieto (2006), quase todos os casos podem ser tratados com a ortodontia lingual, existindo casos mais e menos favoráveis. Assim, de acordo com a maioria dos autores a técnica lingual pode ser empregada em quase todos os casos (DAMIAN, 2006; FILLION, 2000; SADA-GARRALDA, 2005; ECHARRI, 2003; ETO e TINAMO, 2007; GANDINI Jr. et al., 2008; ARAÚJO et al., 2009). Porém, ficando contra-indicada para pacientes com distúrbios na ATM, coroas clínicas curtas e problemas periodontais (DAMIAN, 2006) e bem indicada para casos de mordida profunda (DAMIAN, 2006; CREEKMORE, 1989; MONINI et al., 2008; FILLION, 2000; PRIETO, 2006; ECHARRI, 2003). Kairalla et al., (2011) e Sada-Garralda (2005) destacam que a ortodontia lingual é uma técnica que pode ser mais eficiente do que a convencional em determinados casos. Em concordância, Prieto (2006) propõe que para correção da maloclusão de Classe II segunda divisão é 52 possível obter um tratamento com maior rapidez e qualidade se for utilizada a técnica lingual. Também afirma que em casos de mordida cruzada anterior e em casos de Classe III também se obteve bons resultados devido à característica expansiva do aparelho lingual. Ilaria (2008) também ressalta a expansão transversal da arcada como característica. Monini et al., (2008) explica que a característica expansiva do arco lingual se dá pela insuficiente constrição do arco nos dentes anteriores. O arco lingual em forma de cogumelo também é citado por Ilaria (2008). Outra característica da Ortodontia Lingual é o plano de mordida dos braquetes dos incisivos superiores, cujo efeito imediato após a instalação é a abertura da mordida (MONINI et al., 2008; PRIETO, 2006), com Fillion (2000) e Prieto (2006) concordando que além de provocar a abertura da mordida e redirecionar forças da oclusão prevenindo descolagens, o plano de mordida mandíbula, provoca o diminuindo relaxamento a dos sobrecarga músculos das elevadores articulações da têmporo- mandibulares, que é o resultado de certas maloclusões.Também Monini et al.,(2008) destacam a desoclusão posterior gerada pelo plano de mordida, como um facilitador da correção da mordida profunda e cruzada e acrescenta a maior facilidade na verticalização dos molares. Fillion (2000) e Prieto (2006) concordam que a desoclusão posterior permite rapidez na correção dos problemas transversais e alterações na forma dos arcos. A técnica ortodôntica lingual gera melhores condições biomecânicas em casos que necessitam expansão, correção de mordida profunda e correção de protrusão (ECHARRI, 2003; PRIETO, 2006). Deve-se levar em consideração que a proximidade do braquete com o centro de resistência do dente permite uma maior rapidez no movimento dentário (MONINI et al., 2008; ILARIA, 2008; GIMENEZ, 2011), porém com maior transmissão de força gerando maior risco de reabsorção radicular (MONINI et al., 2008). Em relação à ancoragem, o AEB seria impossível (DAMIAN, 2006), com Monini et al., (2008) ressaltando o cuidado necessário, e Gandini Jr. e 53 Gandini (2002), relatando uma maior perda de ancoragem quando comparada à técnica vestibular. Há a necessidade de utilização de fios menos rígidos, pela menor distância inter-braquetes, e também, para que o arco apresente maior flexibilidade, portanto, possibilidade de encaixe nos braquetes (CREEKMORE, 1989; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; MONINI et al., 2008). Porém, fios mais resilientes dificultam o tratamento quando da necessidade de uso de elásticos intermaxilares ou extrações. Assim, inclinação de prés-molares em áreas de extração e perda de controle de torque são mais frequentes na técnica lingual (MONINI et al., 2008). O aparelho ortodôntico lingual tem mostrado ser efetivo como o tradicional, sendo capaz de alinhar os dentes e corrigir as más-oclusões (CREEKMORE, 1989). Também Ilaria (2008) destaca que com os avanços na técnica e a evolução dos materiais obtiveram-se resultados similares aos das técnicas convencionais. Eto e Tinamo (2007) destacam os resultados satisfatórios alcançados à semelhança da ortodontia vestibular e Kairalla et al., (2011) destacam que não existe estudo na literatura que tenha comprovado que o tratamento com aparelho lingual seja menos preciso do que com o aparelho vestibular. Em 1979, foi fabricado o primeiro protótipo de aparelho lingual com a técnica de edgewise pela empresa Ormco (VIEIRA et al., 2009; ILARIA, 2008; ETO, 2008) já com o plano de mordida incorporado aos braquetes dos incisivos superiores (DAMIAN, 2006; CREPALDI et al., 2011). Os braquetes desenvolvidos por Kurz e produzidos pela Ormco chegaram a sua 7ª. Geração em 1990 (ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008; DAMIAN, 2006; KAIRALLA et al., 2011) e continuam sendo amplamente utilizados no mundo (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; CREPALDI et al., 2011). Os braquetes da região anterior superior apresentam um batente anterior que permite a correção da mordida profunda. Todos os braquetes apresentam ganchos que facilitam as amarrias (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002;). Kairalla et al., (2011) cita como vantagens do braquete 7° geração da Ormco a presença do levante de mordida (bite plane), a 54 presença dos ganchos gengivais que facilitam a mecânica e a espessura do braquete que permite a correção das rotações. Já Damian (2006) destaca que os ganchos linguais facilitam as amarrias, porém, podem promover hiperplasia gengival. Atualmente, empresas líderes no mercado ortodôntico avançaram nas pesquisas e desenvolveram diversos tipos de braquetes para serem usados na técnica lingual (KAIRALLA et al., 2011; ILARIA, 2008). Com relação ao desenho dos braquetes constata-se evolução com as peças diminuindo o seu tamanho e tornando-se menos desconfortáveis (KAIRALLA et al., 2010; ARAÚJO et al., 2009). As empresas se preocuparam com o conforto do paciente e em facilitar o trabalho do profissional, fazendo surgir muitos desenhos de braquetes no mercado ortodôntico (KAIRALLA et al. 2011). Para Ling (2005), o design dos braquetes de Kurz não sofreu mudanças significativas desde seu lançamento em 1990. Segundo Echarri (2003) dentre os braquetes do mercado, cada um com suas peculiaridades, destaca-se o braquete de Fujita e o braquete Conceal, projetado pelo Dr. Thomas Creekmore produzido pela 3M Unitek. Os braquetes citados como sendo autoligantes são: passivos 2D e 3D da Forestadent e interativos Evolution da Adenta e o In-ovation L e L mtm da GAC (BACCI, 2011). Kairalla et al., (2010) salientam que os braquetes autoligados causam menos atrito o que ajuda na rapidez do tratamento. Para Kairalla et al., (2011) o grande benefício dos braquetes autoligados é a melhor qualidade do tratamento pelo mais adequado controle de ancoragem. Ressalta ainda a eficácia clínica e a economia de tempo despendido na consulta. Já para Fillion (2011) o desenho do braquete autoligado para a técnica lingual é bastante complicado porque o braquete precisa ser menor e o fio precisa encaixar no slot para que seja possível o fechamento do “clip” o que torna o processo mais dificultoso. Entre os diferentes tipos de braquetes linguais existentes podemos citar: braquetes de Fujita (SEVILLANO e GALLARZA, 2007; CREPALDI et al., 2011), braquete Conceal (SEVILLANO e GALLARZA, 2007; 55 CREEKMORE, 1989; CREPALDI et al., 2011 ), braquete Stealth (SEVILLANO e GALLARZA, 2007; LEMOINE, 2004; LING, 2005), braquete Evolution NM (SEVILLANO e GALLARZA, 2007), braquete de Kurz (7°geração) (SEVILLANO e GALLARZA, 2007; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; CREPALDI et al., 2011; KAIRALLA et al., 2011; ILARIA, 2008; LEMOINE, 2004; DAMIAN, 2006), braquete de Scuzzo-Takemoto (SEVILLANO e GALLARZA, 2007; KAIRALLA et al., 2011; LEMOINE, 2004), braquete de Wiechman (SEVILLANO e GALLARZA, 2007), braquete 2D Forestadent (MORO et al., 2012), braquete Quick-Lock (CREPALDI et al., 2011), braquete de Philippe (CREPALDI et al., 2011), braquete InOvation-L (KAIRALLA et al., 2011; BACCI, 2011; NAVARRO et al., 2006), braquete de Rosevear (CREPALDI et al., 2011). Para Lemoine (2004) os braquetes mais utilizados são os braquetes de Kurz 7° geração, fabricados pela Ormco, que estão disponíveis com slot 0.018” e 0.022”. Crepaldi et al (2011) citam a evolução dos braquetes e destacam alguns com colagem direta como o braquete Quick-Lock e o braquete de Philippe. Em 2003 surgiu a nova geração de braquetes individualizados por computador que têm a característica de obterem melhor adaptação na peça dentária e, por consequência, mais conforto ao paciente (ARAÚJO et al., 2009). Segundo Gimenez (2011) a evolução das novas tecnologias em escaneamento de imagem e em programas digitais permitiu a inserção de sistemas baseados em um setup digital ideal como referência para o posicionamento e confecção dos braquetes. A precisão desse sistema é incomparável, pois elimina etapas laboratoriais e, consequentemente, as possibilidades de erros das mesmas. Temos como exemplo de sistemas digitais o Sistema Ibraces ou Incognito, o Sistema Orapix e o Sistema LingualJet . Fillion (2011) também ressalta a precisão no posicionamento dos braquetes através da tecnologia CAD/CAM que por consequência permitirá um alinhamento mais rápido e a utilização de arcos linguais sem 56 dobras. Destaca ainda que os sistemas digitais se tornarão a principal ferramenta da ortodontia em um futuro breve. Na ortodontia lingual o posicionamento direto dos braquetes é praticamente inviável devido às diferenças de espessura, irregularidades de forma da superfície lingual e dificuldade de visualização (MONINI et al., 2008; KAIRALLA et al., 2011; SILVA Jr. et al., 2009). Assim, a fase laboratorial é imprescindível para a montagem de braquetes, pois é responsável por promover uma solução para os problemas das variações anatômicas linguais, dos erros do posicionamento de braquetes, efetuar as sobrecorreções e para suprir as deficiências mecânicas dos aparelhos pré-fabricados (BACCI, 2009; FILLION, 2000; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). Uma colagem precisa é de fundamental importância para que os objetivos do tratamento sejam atingidos (SILVA Jr. et al., 2009; GALVÃO et al., 2006). A colagem indireta permite melhor precisão de colagem (DAMIAN, 2006; ARAÚJO et al., 2009) tornando o tratamento mais confortável e eficiente (ARAÚJO et al., 2009). Fillion (2000) complementa que a qualidade da colagem determina o alinhamento final, sendo difícil a colagem direta de forma suficientemente precisa. Já para Ilaria (2008) e Kairalla (2010) pode-se realizar a colagem da aparatologia lingual direta ou indiretamente, mas também recomendam a colagem indireta. Galvão et al. (2006), Ilaria (2008) e Damian (2006) afirmam que a colagem necessariamente precisa ser indireta e Vieira et al. (2009) salienta que a colagem deve ser feita quase que exclusivamente de forma indireta. Como vantagens da técnica indireta temos um melhor posicionamento das peças e a possibilidade de delegar tarefas ao pessoal auxiliar. Como desvantagens temos os custos e o tempo gasto no laboratório (SILVA Jr. et al., 2009). Damian (2006) ressalta como vantagem a precisão de colagem e a facilidade de recolagem caso seja necessário através das moldeiras de transferência. Ilaria (2008) salienta que existem muitos sistemas de colagem, cada um apresentando vantagens e desvantagens, sendo que para alguns 57 existe a necessidade de adaptação para que possam ser usados com tipos variados de braquetes. Também Crepaldi et al., (2011) enumera diferentes técnicas de colagem indireta e reforça que o profissional pode escolher a técnica que melhor se adaptar, tiver melhor habilidade e for mais acessível em seu local de trabalho. Assim, em função da importância do posicionamento dos braquetes e da necessidade de colagem indireta, pela dificuldade de trabalho e visualização das faces linguais, vários métodos de montagem do aparelho foram desenvolvidos (GALVÃO et al 2006). Entre as inúmeras técnicas de colagem indireta podemos citar: Sistema TARG (GALVÃO et al., 2006; ILARIA, 2008; VIEIRA et al., 2009; ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008; KAIRALLA et al., 2011; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; CREPALDI et al., 2011), Sistema CLASS (GALVÃO et al., 2006; ILARIA, 2008; VIEIRA et al., 2009; ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008; KAIRALLA et al., 2011; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; CREPALDI et al., 2011), o BEST System (GALVÃO et al., 2006; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002),), TOP System (GALVÃO et al., 2006), sistema CRS (GALVÃO et al., 2006), o MBP System (GALVÃO et al., 2006; VIEIRA et al., 2009; ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008; CREPALDI et al., 2011), sistema HIRO (ILARIA, 2008; VIEIRA et al., 2009; KAIRALLA et al., 2011), Slot Machine (ILARIA, 2008; ETO e TINAMO, 2007; ETO, 2008; KAIRALLA et al., 2011; CREPALDI et al., 2011; CREEKMORE, 1989), Sistema KISS (ILARIA, 2008), sistema Linguset (ILARIA, 2008; KAIRALLA et al., 2011), sistema Incognito (VIEIRA et al., 2009), sistema Ray Set (KAIRALLA et al., 2011), Smart Jig (KAIRALLA et al., 2011). Todos os sistemas de colagem indireta são viáveis, variando entre si de acordo com precisão, dificuldade e preço. Dessa forma, cabe ao profissional escolher qual sistema se aproxima dos objetivos e condições de tratamento (VIEIRA et al., 2009). O aparelho lingual apresenta como maior vantagem não interferir negativamente na face, sendo a opção mais estética disponível (ARAÚJO et al., 2009; CREEKMORE, 1989; ECHARRI, 2003; KAIRALLA et al., 2010; 58 SADA-GARRALDA, 2005; KAIRALLA et al., 2011; DAMIAN, 2006; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; LEMOINE, 2005). É uma opção para aqueles pacientes que não se tratariam com a técnica vestibular por motivos estéticos (ECHARRI, 2003; CREEKMORE, 1989; PRIETO, 2006; FILLION, 2000; KAIRALLA et al., 2010; SADA-GARRALDA, 2005; SEVILLANO e GALARZA, 2007). Outro fator interessante é o entusiasmo do paciente por estar utilizando um aparelho estético que também pode ser considerado uma vantagem (DAMIAN, 2006) bem como o aumento do prestígio do profissional que executa a técnica como uma ferramenta de requinte ao consultório (PRIETO, 2006). É um tratamento que preserva a estrutura do esmalte vestibular (ECHARRI, 2003; CREEKMORE, 1989; PRIETO, 2006; SEVILLANO e GALARZA, 2007; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002), também a inflamação gengival, se presente, ocorrerá por lingual não afetando a estética do paciente (ECHARRI, 2003; CREEKMORE, 1989). É uma técnica que protege os lábios durante a prática de esportes (PRIETO, 2006; LEMOINE, 2005), que não altera o contorno labial (ECHARRI, 2003; CREEKMORE, 1989; PRIETO, 2006; SEVILLANO e GALARZA, 2007) e que fornece com precisão a visualização da posição dentária durante o tratamento (CREEKMORE, 1989; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; DAMIAN, 2006; LEMOINE, 2005). As desvantagens estariam relacionadas à irritação da língua (ARAÚJO et al., 2009; KAIRALLA et al., 2010; SADA-GARRALDA, 2005), dificuldade de alimentação (ARAÚJO et al., 2009; DAMIAN, 2006; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002), restrição do conforto oral (ARAÚJO et al., 2009; KAIRALLA et al., 2011; SEVILLANO e GALARZA, 2007), restrição da fala (ARAÚJO et al., 2009; KAIRALLA et al., 2010; DAMIAN, 2006; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; SEVILLANO e GALARZA, 2007) ainda, o maior tempo de cadeira (GANDINI Jr. e GANDINI, 2002; CREEKMORE, 1989; DAMIAN, 2006) , custo elevado do tratamento (ECHARRI, 2003; KAIRALLA et al., 2011; DAMIAN, 2006; CREEKMORE, 1989) e a maior dificuldade de higiene (ARAÚJO et al., 2009; KAIRALLA et al., 2010; 59 SADA-GARRALDA, 2005; SEVILLANO e GALARZA, 2007). Com Fillion (2011) destacando que os custos do tratamento estão relacionados ao maior tempo de cadeira com o paciente que será em torno de duas a três vezes maior do que com a ortodontia convencional. Em relação às dificuldades técnicas apresenta-se como desvantagens: a menor distância interbraquetes aliada à variabilidade das faces linguais, que pode dificultar a adaptação dos braquetes (MONINI et al., 2008; ILARIA, 2008; KAIRALLA et al.,2011; DAMIAN, 2006; PRIETO, 2006; CREEKMORE, 1989; SILVA Jr. et al., 2009; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002). A mecânica é considerada mais difícil quando comparada à técnica vestibular (KAIRALLA et al., 2011), sendo necessário um treinamento direcionado da técnica (DAMIAN, 2006; SEVILLANO e GALARZA, 2007). Também o uso de instrumental específico (SEVILLANO e GALARZA, 2007; PRIETO, 2006; ECHARRI, 2003) e de uma maior preocupação com o controle das rotações dentárias e mandibular são considerados pontos negativos da técnica (ECHARRI, 2003). Outro fator que também pode ser considerado uma desvantagem é a necessidade de colagem indireta, sendo necessários procedimentos laboratoriais (DAMIAN, 2006; ECHARRI, 2003; SILVA Jr. et al., 2009; GANDINI Jr. e GANDINI, 2002) devido à dificuldade de acesso e visibilidade (PRIETO, 2006). Em relação ao período de adaptação, Kairalla et al., (2010) e Kairalla et al., (2011) salientam que o desconforto é inicial e absolutamente contornável, em semelhança à técnica vestibular. Para Sada-Garralda (2005) o período de adaptação dura, aproximadamente, 02 semanas. Já para Ilaria (2008) o período adaptativo é de 48 horas. Para Fillion (2011), todos aparelhos ortodônticos promovem algum desconforto, porém com o aparelho lingual um período de adaptação da fala, caracterizado pela irritação da língua é necessário. Também ressalta que os problemas podem ser diminuídos com a espessura dos braquetes. Assim, a ortodontia lingual é uma técnica que requer estudo profundo de suas características e conhecimento das diferenças mecânicas dos movimentos dentários para que se atinja um correto direcionamento 60 do tratamento (SEVILLANO e GALLARZA, 2007). A técnica lingual também exige mais conhecimento sobre questões biomecânicas e maior habilidade do ortodontista (MONINI et al., 2008; KAIRALLA et al., 2011), sendo de fundamental importância informar ao paciente previamente à instalação do aparelho, as dificuldades que irão aparecer referentes a pronúncia de determinas letras , durante mastigação e deglutição e a possibilidade de irritação na língua (ECHARRI, 2003). Por fim, muitas pesquisas precisam ser feitas para aprimorar a técnica lingual, mas muito já se avançou (KAIRALLA et al., 2010) sendo um instrumento valioso para o ortodontista que busca um segmento mais exigente da população (MONINI et al., 2008). 61 5. CONCLUSÃO Com base nessa revisão de literatura conclui-se que: 1. A Ortodontia Lingual surgiu na década de 70, porém teve seu avanço estagnado por certo período de tempo, ganhando novamente credibilidade na década de 90, quando a estética firmase como fator indispensável para aumentar a autoestima na sociedade moderna. 2. A sua principal vantagem é ser extremamente estética com relação à técnica labial, favorecendo pacientes que necessitem de discrição em seu tratamento, além de proteger praticantes de esportes evitando acidentes causados por possíveis impactos contra os braquetes. Entre as desvantagens temos o alto custo da técnica, a necessidade de capacitação do profissional por tratar-se de uma mecânica mais difícil e a adaptação do paciente devido à restrição do conforto oral. 3. A Ortodontia Lingual pode ser utilizada em diferentes tipos de más oclusões, podendo ser considerada equivalente à mecânica tradicional. Encontra ótimas indicações em casos de mordida profunda superior e nas expansões da arcada. Não existem evidências concretas de que a técnica lingual seja menos efetiva do que a técnica convencional. 4. Muitas modificações foram feitas na técnica e nos materiais utilizados, notando-se uma evidente evolução. Empresas têm investido cada vez mais nas pesquisas, buscando facilitar o trabalho do profissional, diminuindo e melhorando o contorno das peças dentárias proporcionando maior conforto ao paciente. 5. A Ortodontia Lingual vem evoluindo a cada dia e podemos perceber que o sucesso com a mesma é algo que pode ser alcançado se o profissional estiver apto para aplicá-la. Muitos trabalhos de pesquisa precisam ser feitos para melhorar a parte clínica e laboratorial, mas muito já se avançou. Porém, o interesse 62 pela técnica deve vir acompanhado de prudência e formação técnico-científica por parte do ortodontista para que não se cometa os mesmos erros do passado. 63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, A.M.; SILVA, F.O. ; URSI, W.J.; WERNECK, E.C. 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